Sie sind auf Seite 1von 30

CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ESTUDO EM EAD

Começaremos o primeiro capítulo abordando o avanço da introdução das tecnologias


no ensino, nas últimas décadas, principalmente, no que se refere ao desenvolvimento de con-
ceitos e sua relação com a necessidade de promover a compreensão do que é educação a dis-
tância, tentando da melhor maneira possível esclarecer e discutir não apenas a importância
dessa modalidade, mas, sobretudo, aliá-la à compreensão do que em si mesmo representa em
sua relação com os processos de aprender! Atentos a esta observação, antes de falarmos sobre
educação a distância, aproveitamos a ocasião para diferenciar educar, ensinar e instruir; in-
formação e conhecimento; ensino-aprendizagem e transmissão, normalmente confundidos.

Esperamos que você elabore com clareza o que cada um dos termos significa, pois
é fundamental fazer estas distinções para que possamos compreender bem o que aqui va-
mos abordar. Afinal, reportar-se ao uso de computadores, tanto em se tratando das mo-
dalidades presenciais e a distância educação, ensino e instrução, e dos processos informa-
ção, conhecimento, ensino-aprendizagem e transmissão, é lembrar que computador são
máquinas, excelentes ferramentas auxiliares na solução de problemas e enfrentamento
de dificuldades existentes na promoção de mudanças desejadas na qualidade de ensino,
mas desde que utilizados adequadamente. E é somente vistos dessa forma, que trazem uma
enorme contribuição para a prática pedagógica. Sozinhas, estas máquinas nada fazem,
sem a ajuda de um bom ‘professor’ ou de outro ‘mediador’, uma vez que o computador
é ‘meio’, e não ‘fim’. Sentiu curiosidade por essas distinções? Então, prossigamos!

Quando se trata do desenvolvimento de uma determinada área de conhecimen-


tos e de um determinado conteúdo, mediante uma modalidade (aspecto, configuração,
modo, maneira etc.) diversa, que as formas de educação podem ter, diferente da forma tra-
dicional, levando em conta as inovações constantes que têm ocasionado repercussões de-
finitivas no progresso científico e tecnológico, existe um pontos de partida primordial para
se começar a discutir. Falamos sobre buscar conhecer quais tendências e concepções teó-
rico-pedagógicas estão subjacentes às propostas de seus idealizadores, daqueles que es-
tão envolvidos no seu desenvolvimento, planejamento, implantação e implementação e
aos métodos e procedimentos utilizados. Mas é importante que, antes de fazermos essa
abordagem, comecemos por entender o que é educação, o que é ensino, o que é instrução e
o que é treinamento, para auxiliar você no domínio de algumas expressões e processos.

Diferenças existentes entre educação, ensino, instrução e treinamento como


referência de orientação inicial para e estudo da modalidade da educação a distância

A introdução do computador no ambiente escolar é hoje uma ne-


cessidade para a realização de uma pedagogia inovada e renovadora, des-
de que sustentada no e Concepções e Métodos de Estudo em EAD A Faculdade!

Não deve ser desconhecido para você que educar vem de dois termos latinos (não se
sabe com certeza qual é o termo efetivamente adequado, mas ambos são intimamente ligados):
• Educĕre (derivado do latim ducĕre, que se pronuncia [dúcere] e significa
‘liderar’, ‘ conduzir’, ‘desenhar’; ‘levar’, ‘transportar’, ‘comandar’, ‘fazer pensar’...);
pronuncia-se [edúcere], e nós falamos educere. É que é verbo composto do pre-
fixo ex (fora), ‘para fora’, referindo-se a promover o surgimento de ‘dentro para
fora’ das potencialidades (capacidades, competências etc.) que o indivíduo possui;

Educare (derivado da palavra latina educere e que nos falamos educare), que
significa literalmente ‘levar para fora’, ‘conduzir para fora’, ‘elaborar’, ‘abrir’, ‘tra-
zer para fora’, decidindo, num sentido externo, levar (alguma coisa interna) o in-
divíduo de uma situação em que ele se encontra para outra que se deseja alcançar.

De certo modo, se você prestar atenção, somos provocados à reflexões na direção


tanto do educere - o ‘tirar de dentro’ – quando do educare - o ato de ‘conduzir para fora’. Va-
mos dar uma pensada melhor sobre isto? Uma das provocações possíveis à reflexão, no que
se refere ao educere, é a de que tudo se dá como se já existisse um ‘dom’, algo pronto e aca-
bado a surgir de repente, como se estivesse no interior de uma caixinha de surpresa que se
abre e o revela (o que inspirou o inatismo de muitos pensadores, a exemplo de Rousseau, e a
escolas do mundo inteiro, como no Brasil aconteceu com o Escolanovismo); outra ideia que
nos põe inquietude reflexiva é a de que este ‘tirar para fora’ trata-se de fazer com que algo
tenha que ser ‘extraído’, ‘arrancado’, ‘sacado’, um tanto a fórceps (instrumento semelhante
a uma tenaz ou instrumento cirúrgico, bastante utilizado algum tempo atrás para auxiliar
em partos difíceis, ou o conhecido boticão usado pelo cirurgião-dentista), implicando neces-
sariamente no estar motivado em uma paixão, no prazer do conhecimento inclinado para a
dimensão complexa do que representa viver e manter a vida numa determinada sociedade.

Em todas as sociedades existe uma cultura, entendida como padrões de compor-


tamentos, rituais e artefatos em suas atitudes mais externas, e valores e crenças em seu
aspecto mais profundo; é necessário definir padrões pelos quais suas instituições, grandes
ou pequenas, desenvolvidas ou não, evoluídas ou não, sejam governadas. Em um ponto, na
evolução da sociedade (cada sociedade tem certos momentos que a marcam, para manter
seus rumos ou para estes mudarem), as necessidades de acompanhamento das transfor-
mações surgem como surgem as necessidades de alguma forma de responder para satisfa-
zê-las. Isto levanta o papel do professor e de outras personagens. Já quanto ao educare, um
verbo que subentende ‘conduzir’, ‘levar’, ‘puxar’, tanto oferece a ideia da necessidade de um
agente como guia, alguém que está sempre presente, quanto pode ser interpretado como a
exigência de uma ‘ferramenta’ para ‘treinar’ para o conhecimento quanto para ‘transmiti-
-lo mecanicamente’; educare sugere ainda a necessidade de um ‘mediador’ a ensejar condi-
ções para o educando ser capaz de criar movimento, modificar fatos, encontrar caminhos,
construir utilidades, a mudar no sentido de uma mais aprimorada transformação interior.

O termo ‘educação’ que foi dicionarizado em português no século XVII, é de ori-


gem latina - educatio, sendo sinônimo de ação de criar ou de nutrir, de cultura e cul-
tivo, designando um ato ou um processo e um efeito e, ao mesmo tempo, o ato ou proces-
so de educar ou educar-se e também o conhecimento e desenvolvimento resultantes
desse ato ou processo. Por sua vez, a palavra educação na língua portuguesa tem uma co-
notação não encontrada na palavra education do inglês. Enquanto que em português po-
demos encontrar educação associada ao sentido de boas maneiras, sobretudo no adje-
tivo ‘educado’, já em inglês educated refere-se unicamente ao grau de instrução formal.

Ensinar é uma palavra que vem do latim popular insignīre, que de-
riva do latim vulgar signare (n + signare a ‘marca’, ‘selo’, ‘designação’). O in-
signare quer dizer lá nesta sua origem ‘marcar com um aspecto caracterís-
tico’, ‘indicar’, ‘pôr marcas ou sinais’, ‘designar’ e ‘mostrar’ coisas a alguém,
‘distinguir’, ‘assinalar’... E isto pode ser feito a qualquer coisa, a qualquer pessoa, até a si próprio.

Ao estudarmos a implantação de novas tecnologias de suporte à educação e o uso


do computador como uma ferramenta para o desenvolvimento de software educativo e em
auxílio ao ensino-aprendizado precisamos lembrar-nos dos mediadores semióticos, isto é, me-
diadores baseados em ‘signos’, pois a relação do estudante com o computador se dá através
da interface do programa (elo de comunicação entre o computador e o usuário), para Lévy
(1993), “a superfície de contato, de tradução, de articulação entre dois espaços, duas espécies,
duas ordens de realidade diferentes”. Quase tudo na interface tem o potencial de ser ‘signo’.

Mesmo o tipo de software educacional proposto age como mediador, pois mo-
difica a postura do estudante diante do processo de aprendizagem, exigindo dele que re-
lacione um significado relevante a cada signo que for criado. Pode-se com isso dizer que a
aprendizagem deixa de ter um caráter espontaneísta, passando a ser regulada por aque-
les ‘signos’. Por estas justificações que fizemos (e outras que você poderá já saber ou pes-
quisar), precisamos identificar e definir significados e competências para ambos os ter-
mos, educação e ensino, é que recorremos às suas origens e não mais usá-los de forma
legitimamente igual, buscando, sim, ver qual a adequação de um processo ao outro. As
próprias etimologias das palavras educar (educere - o ‘tirar ou trazer de dentro’), e educa-
re – (‘o ato de abrir ou conduzir para fora) e de ensinar apontam para distinções evidentes:

• A educação é estratégia básica de formação humana para preparar o indiví-


duo para o mundo; pode ser considerada um processo pelo qual uma socie-
dade passa - e avança - de uma geração para outra, mediante a elaboração
e socialização de conhecimentos, desenvolvimento de habilidades e va-
lores, formação da personalidade dos indivíduos e ‘inculcação’ de valores
morais e éticos julgados necessários à manutenção da vida em sociedade;

• Ensinar já é uma prática social, um método singular de conteú-


do específico para ‘incutir’ nos domínios da ‘educação’. Ensi-
nar também é caracterizável como um trabalho que utiliza mui-
to o ‘signo’ e os ‘sinais’, um dos meios pelos quais a educação é
muitas vezes alcançada (se for). É o que os professores fazem ‘ensi-
nando’ conteúdos e também traços de personalidade, atitudes, mo-
dos de auto apresentação e motivação etc.; intimamente para o obje-
tivo que a sociedade - e mais especificamente a cultura social aspira.

• Educação e ensino, ambos, têm uma atividade intencional que é realizada


com o objetivo de provocar a ‘aprendizagem’, e não se consegue entender
ambos sem a antecedência de alguma ideia do que é aprender. A ‘educação’ é
algoqueosalunoscomeçamaterapartirdomomentoemquesão‘ensinados’.

A confusão é frequente quanto à distinção entre ‘educação’ e ‘ensino’, pois o termo


educação é comumente usado por pessoas falantes para nomear uma série de coisas. O ter-
mo ensino é comumente usado para nomear o conjunto de atividades que alguém intencio-
nalmente se compromete de orientar alguém a aprender alguma coisa. O ensino eficaz, em
conjunto com o estudo eficaz, leva a aprender algo intencional e sob orientação. Um exemplo
de ensino é um pai mostrando ao filho como remover um anzol da boca de um peixe, que
apresenta lesão mínima; neste caso, cabe aos professores ‘ensinarem’, custodiarem e a trans-
mitirem o que receberam e guardaram de informações e conteúdos a respeito destes animais
(no ensino tradicional e transmissionista), sendo exigida fidelidade e legitimidade a essa
transmissão. Seu papel principal é o de transmissores e de exigência de fidelidade à mesma.

De outro modo, não precisa ser um mero transmissor, um repetidor. Ele pode mui-
tas vezes esclarecer, aprofundar, interpretar, ampliar e muitas outras coisas as informações,
e ao mesmo tempo ensinar a recebê-las nas melhores condições possíveis e mediante um en-
sinar mais apropriado para que os alunos as processem também da melhor forma possível,
tornando-as suas próprias, constituindo o que realmente se chama de bom ensino e de uma
boa aprendizagem. Claramente, o professor deve conhecer muito bem as informações e con-
teúdos a ensinar para que promova uma mudança mais profunda na maneira de ver, perce-
ber, apropriar-se e analisar estas informações e conteúdos. É cada um cumprindo seu papel.

O professor surge, porque ele tem que ‘transmitir’, socializar, ensinar informações,
conteúdos e também conhecimentos, necessários para a sociedade, país, cidade, vila, aldeia
etc., tendo que manter a continuidade do processo, além do alcance da família nuclear até os
indivíduos. Atribuo de imediato a imagem de um mamífero de corpo musculoso, longo, cabeça
e pescoço cobertos por uma juba (no caso do macho), com uma cauda comprida e um rugido for-
te, e animal tido como o rei das selvas. A palavra ‘leão’ é ‘significante’ do conceito deste grande
mamífero carnívoro que habita regiões ao sul do Saara, na África, e a noroeste da Índia, na Ásia.

A aprendizagem vem de ‘aprender’ a Apprehendere (palavra do latim clássico, que


significa ‘agarrar’, ‘segurar’, ‘agarrar-se’), numa combinação do latim ad (perto, próximo, para
perto) e da palavra latina prehendere (apanhar, capturar, toma posse de...). ‘Aprendizagem’,
pois, em seu sentido mais amplo, pode ser definida como um processo de mudança progres-
siva da ‘ignorância’ ao ‘conhecimento’, da impossibilidade à competência, da indiferença para
a compreensão, implicando em conhecimentos e técnicas didáticas para apropriar, processar,
compreender e aplicar logo uma informação que foi ‘ensinada’ ou um conhecimento que foi
‘elaborado’, para uma adequação às exigências que os contextos em que vivemos nos pedem.
A aprendizagem autêntica implica a incorporação de novas informações ou conheci-
mentos na estrutura do aluno, a transformação destes em outros novos, e, sobretudo, o domí-
nio destes para sua possível aplicação nas mais diversas situações de vida (desenvolvimento),
ao mesmo tempo em que se deixa de lado o que se tinha previamente, já não é mais coeren-
te com novas necessidades. Aliada à ‘educação’, a aprendizagem caminha para tornar o co-
nhecimento desejado por uma sociedade acessível, e para a aquisição de ‘saberes’ necessários
para o momento, uma nova ‘conduta’, uma nova ‘moral’, uma nova ‘ética’, refletindo uma troca
permanente no ‘comportamento’ do indivíduo que elabora e socializa conhecimentos ou ha-
bilidades através da experiência (‘saber aprender’). No que se refere ao ‘ensino’, é necessário
dispor de capacidades cognitivas para construir os novos conhecimen tos, contando com as
aprendizagens anteriores conseguidas, utilizando determinadas técnicas básicas tais como:
técnicas de compreensão (vocabulário), conceptuais (organizar, selecionar etc.), repetitivas
(recitar, copiar etc.) e exploratórias (experimentação) para que os alunos em suas atividades
de executar várias operações cognitivas possam desenvolver suas mentes mais facilmente.

Em grande parte da mesma maneira, ‘educação’, ‘instrução’ e ‘ensino’ seguem


juntos nas mesmas pretensões: podem ser definidos como meios pelos quais se sistema-
tizam as situações, condições materiais de tarefas e as oportunidades para que os alunos
aprendam, ou seja, adquiram novas formas ou diferentes de pensar, sentir e fazer, dese-
jadas por uma sociedade. Os três processos podem ser definidos como resultado de estudo,
formação, experiência e observação. Estes processos, igualmente, podem ser analisados a
partir de diferentes perspectivas, de forma que existem diferentes teorias de aprendiza-
gem para os explicarem. Temos, assim, muitas questões para pensar, como se pode per-
ceber. Mas, gostaríamos de perguntar agora: Que ‘respostas’ elas instigam você a dar?

Pense nisso, e se preferir, compartilhe com os colegas, as trocas são sempre produ-
tivas. Além disso, temos ainda duas outras palavras para ‘decifrar’: treinar e instruir! Vai sair
muita “fumacinha” da sua cabeça, mas isto é muito bom, só faz você superar-se a si mesmo(a)
em termos de conhecimentos. Seguindo em frente, partindo do que já se tornou claro para
nós quanto à relação entre ‘ensinar’ e ‘signo’, colocamos um novo impasse a respeito do ato de
‘ensinar’: poder-se-á dizer que alguém que ‘fornece’ ou ‘transmite’ qualquer tipo de conteúdos
a outro alguém (conteúdos estes que poderão ser bastante variados, abarcando desde compe-
tências e destrezas físicas a conhecimentos teoréticos ou mesmo regras de comportamento
social) estaria a ensinar? Se isso acontece, então, como ficarão as palavras ‘educar’ e ‘instruir’?
Você mesmo já deve ter notado que existe uma grande confusão entre estas três palavras, ‘edu-
car’, ‘ensinar’, ‘instruir’ e mesmo ‘formar’ (tem origem no latim formare a dar o ser e a forma,
constituir; compor; organizar, estabelecer...), tal como atesta a definição das mesmas encon-
tradas em muitos dicionários e literaturas diversas. Nestas fontes pode-se encontrar ‘educar’
para definir a palavra ‘ensinar’, ‘ensinar’ para definir a palavra ‘instruir’ e ainda, para definir a
palavra ‘instruir’ pode ser usado a palavra ‘educar’ ou ‘formar’. Nestas operações estão incluí-
dos: receptividade a a pessoa olha, vê, lê e identifica, uma vez que é feito um processo de reten-
ção pela ‘memória’ que é importante para pôr em ação o que está armazenado ou precisa ser
recuperado e, finalmente, uma reflexão, ou seja, a pessoa observa, classifica, ordena, compara,
relaciona, analisa e interpreta e critica o que ele viu, observou, leu, percebeu, analisou etc.
Não esqueçamos de que etimologicamente, instruir (assim como ‘construir’), vem do
latim (in + struere), com o sentido de “edificar”, “construir dentro de”. Struere/ In/struere significa
então “amontoar em”, surgindo como ‘instruir’ em português no século XVI. Em francês, instruire
entrou no vocabulário no séc. XII, na forma enstruire, cujo final sofreu a influência de construire

Como a palavra instruir chegou ao latim com uma raiz indo-européia, significan-
do “semear”, “lançar grãos ao solo”, “estender”, originaram-se, também, outras palavras,
como construir, que originalmente significava “semear coletivamente”. Porém, o termo ‘ins-
truir’, considerado um dos mais antigos para indicar o processo pedagógico, que surgiu im-
pregnado do belo significado original de ‘semear’, como um ato bastante vinculado às leis
da natureza, acabou evoluindo, lamentavelmente, na modernidade e na contemporaneidade
para “treinamento” (‘treinar’ é proveniente do latim trahëre e significa ‘trazer’, ‘levar a fa-
zer algo’ etc.), como um instrumento necessário e suficiente à alteração do comportamento
das pessoas sustentado ‘em atividades mecânicas e repetitivas’, para suprir, por exemplo, no
caso das empresas, com as competências que o indivíduo necessita para o funcionamento
da mesma. O modelo instrucional assenta no pressuposto que o ensino é uma simples trans-
missão de conteúdos, utilizando para tal um conjunto de metodologias e técnicas mais ou
menos eficazes, sendo o aluno visto como um mero receptor de mensagens. A ‘instrução’
apresenta-se como uma sequência de operações previamente definidas, das mais simples
para as mais complexas. Vale acrescentar que instruere ressurgiu em ‘construir’, significan-
do ‘semear coletivamente’. Esta é a palavra que nos últimos tempos tem sintetizado e veicu-
lado as posições pedagógicas mais avançadas, como o construtivismo e construcionismo,
juntamente com o sociointeracionismo, que não conseguiu escapar inteiro desta tendência.

O instrucionismo, na sua essência, lembra a conhecida aplicação educacional desen-


volvida por Skinner sobre o comportamentalismo, em que o aprendiz recebe uma ‘instrução’,
sendo logo em seguida questionado sobre seu conteúdo e, também imediatamente, recebe o fee-
d-back e contando com a teoria do reforço. Visa fundamentalmente a memorização de conceitos.
Para este autor, o comportamento pode ser modelado através da administração de reforços po-
sitivos e negativos, o que implica também numa relação causal entre ‘causa’ (estímulo) e ‘efeito’
(resposta), e da ‘instrução programada’, em que as ‘máquinas de ensinar’ representam uma for-
ma de resolver os impasses que surgem em decorrência das dificuldades de atender cada aluno.
O acompanhamento pode ser feito pela própria máquina, especialmente nas formas de avalia-
ção, sendo entendidas por Skinner como parte essencial da aprendizagem, como se fosse um
professor particular, no sentido de haver constante intercâmbio entre o programa e o estudante.
Para saber mais da influência da cibernética em Skinner, é que é importante estudar e conhecer
as teorias de aprendizagens, como o behaviorismo ou escola comportamentalista de Skinner.

Diferentemente, falar de ‘educação’ implica pensar em um processo de mudança inter-


na, como abordamos antes, no educando, que tem potencialmente condições para tal; por sua
vez, a ‘instrução’ tende à ‘transmissão’ de conhecimentos, é um processo mecanicista baseado
em princípios da física clássica, que se realiza de fora para dentro, como algo despejado em um
recipiente, não mudando, necessariamente o ‘instruído’, que às vezes é um mestre ou um dou-
tor, mas nem sempre ‘educado’. Podemos aqui introduzir algo bastante importante, já anun-
ciado anteriormente, no início deste caderno, quando observamos que você ficasse atento(a) à
necessária distinção entre ‘educar’, ‘ensinar’, ‘instruir’ e treinar; ‘informação’ e ‘conhecimen-
to’; ‘ensino-aprendizagem’ e ‘transmissão’. Ora, você está tendo a consciência do tremendo re-
demoinho em que acabamos de cair? Mas, vamos tentar pôr “os pontos nos is”. De uma coisa se
tranquilize: nem todas as ações que consistem em ‘transmitir’ um conteúdo (seja ele teórico,
ou um comportamento social ou mesmo uma agilidade ou habilidade corporal) se tratam de
ensino, tal como não são instrução, e muito menos educação. Por isso, antes de começarmos
a falar em aplicativos da informática para o ensino nas escolas da Educação Básica e falar da
introdução do computador no ambiente escolar, é que optamos por tentar clarificar, e de uma
vez por todas, os diferentes sentidos destas três palavras, como estamos fazendo com você.

Por que é importante distinguir dado, informação, conhecimento e co-


municação para a abordagem de Educação a Distância?

Essa chamada de atenção se mostra genial, porque não apenas vai nos exi-
gir explicações sobre o que é comunicação, como ainda vai nos ajudar a entender
também a diferença entre dado, informação e conhecimento, entre transmissão e
ensino-aprendizagem. Quer ver por quê?

Eis a questão importante a ressaltar: Não tem como deixar de notar as im-
plicações disto e aproveitar a ocasião para diferenciarmos comunicação, infor-
mação e conhecimento, normalmente confundidos. Esperamos que você entenda
o quanto é fundamental ter bem clara esta distinção. Passemos agora a outras
diferenciações, igualmente importantes.

Dados: A palavra dados vem do latim, e toma a forma de referência (sin-


gular) ou dados (a forma plural de datum), sendo um particípio passado do latim
dare adar, portanto significado ‘algo dado’, isto é, algo que está disponível, que
foi oferecido. Então é possível entender que os ‘dados’ constituem-se no material
ainda bruto, ainda não interpretado, ‘burilado’, naquilo que foi disponibilizado ou
oferecido.

Os dados podem consistir em: números, palavras ou imagens, medições e observações


de um conjunto de variáveis, enfim, são registros que identificam alguma coisa de objetos, ani-
mais, dos seres em geral. Por exemplo: é o caso da tão comentada exploração do ‘pré-sal’ (conjunto
de rochas localizadas nas porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro, uma camada
formada há 150 milhões de anos, com potencial para a geração e acúmulo de petróleo); pensan-
do em exportação, o melhor seria fazer a extração de óleo leve (de melhor qualidade e que pro-
duz petróleo mais fino) nos campos do pré-sal, pois este material transformado tem muito mais
valor agregado. O mesmo deve ser feito com os dados, ‘agregar’ valor através de sua interpreta-
ção, pois embora os dados representem a realidade, não carregam significados em si mesmos.

Assim é que, os dados referem-se a uma recolha de informações organizadas, nor-


malmente o resultado da experiência ou observação de outras informações dentro de um
sistema de computador, ou um conjunto de instalações. Os dados podem consistir em nú-
meros, palavras ou imagens, as medições e observações de um conjunto de variáveis; in-
formações, registro que identifica alguma coisa tanto objeto ou animal. Os dados e sig-
nos (e seus significados) sempre dependem, portanto, do repertório de quem os vê, sendo
apropriados de acordo com a cultura, o contexto, a passagem do tempo e mesmo a pers-
pectiva pessoal. Em informática, dados brutos (texto, figuras, som gravado, animação
etc.) designam os ‘dados’ ou ‘valores’ recolhidos e estocados, tal qual foram adquiridos,
sem que tenham sido submetidos ao menor tratamento. O processo de conversão de da-
dos enquanto entidades matemáticas e quantidades físicas vai constituir os símbolos, que,
na verdade é o que representam estes dados, sendo parte essencial do processo de pensar.

Os dados são armazenados no computador e processados por ele. Den-


tro do computador, por exemplo, trechos de um texto que você lê podem ser liga-
dos virtualmente a outros trechos (links), por meio de contiguidade física ou por
“ponteiros”, isto é, endereços da unidade de armazenamento sendo utilizada,
formando assim estruturas de dados. Ponteiros podem fazer a ligação de um ponto
de um texto a uma representação quantificada de uma figura, de um som, etc..

• Símbolos: O termo símbolo tem origem no grego sýmbolon, designando


um tipo de signo em que o significante (realidade concreta) representa
algo abstrato (religiões, nações, quantidades de tempo ou matéria, etc.)
por força de convenção, semelhança ou contiguidade semântica. As le-
tras são símbolos quantificados, já que o alfabeto, sendo um conjunto
finito, por si só pode constituir uma base numérica; outro exemplo é o
caso do uso da @ (arroba), um símbolo tipográfico, abreviação da pala-
vra inglesa at, que significa “em” ou “a”, no sentido de endereço ou lo-
calização, atualmente amplamente usada na informática para indicar a
localização de endereços de correio eletrônico, de forma que o seu ende-
reço, o meu, o de seu amigo ou sua amiga (mariseborba@hotmail.com,
indica o utilizador fulano de tal no domínio servidor.com, no caso cita-
do, o Hotmail).

O símbolo sempre algo que representa outra coisa (para alguém), sendo um elemen-
to essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo cotidiano e pelas
mais variadas vertentes do saber humano. Mas, é importante você saber que, embora existam
símbolos que são reconhecidos internacionalmente, existem aqueles que só são compreen-
didos dentro de um determinado grupo ou contexto (político, econômico, religioso, cultural
etc.). Ainda lembramos que a representação específica para cada símbolo pode surgir tanto
como resultado de um processo natural, como pode ser convencionada de modo que o re-
ceptor (você, outra pessoa ou um grupo específico, como por exemplo, o de uma comunidade
do Orkut) consiga fazer a interpretação do seu significado implícito. E não só isto, também é
preciso atribuir ao símbolo determinada conotação, ou seja, uma relação subjetiva, cultural,
política ou emocional, que vá além do significado estrito ou literal de uma palavra, frase ou
conceito. Não esqueça: os símbolos são então ‘transmitidos’ e ‘reinterpretadas’ pelo receptor.
• Informação: O termo informação vem do latim informatĭo, -ōnis a,
com acepção de ‘ato’ ou ‘efeito de informar (-se)’, da ‘ação de formar’, de ‘fazer’,
‘idealizar’; por sua vez, informar (īnfōrmāre) provém do latim īnfōrmō (in + fōr-
mō –are), significando dar forma a, delinear, conceber ideia, modelar, aparência, formar,
criar, mas também, representar, apresentar, dispor, educar, instruir etc. Lembramos que
‘dados’ são uma representação simbólica, ou seja, se dão por meio de ‘símbolos’, podendo
ser quantificados ou quantificáveis.

A informação é constituída de fatos conhecidos ou dados completos e acabada, co-


municados, acerca de alguém ou de alguma coisa, consistindo no significado associado
aos dados. Daí surgiu a conotação de ‘formar uma ideia de algo’, que passou depois a ‘des-
crever’ e mais tarde se generalizou em ‘contar algo a alguém sobre alguma coisa’. Generi-
camente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de restrição, comu-
nicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, significado, estímulo, padrão,
percepção e representação de conhecimento. No exemplo anterior, no caso da exploração do
‘pré-sal’ para sua exportação, dizer que a extração de grandes reservatórios de óleo de me-
lhor qualidade e que produz petróleo mais fino a partir desta camada tem muito mais valor
agregado, é uma informação, associando um valor (dado e mais caro) ao produto. Mas a in-
formação pode-se caracterizar pelas banalidades do nosso dia-a-dia. Ex.: A capital de Flo-
rianópolis é Santa Catarina; A Copa do Mundo de Futebol será no Brasil, em 2014. Temos
aqui fatos e dados conhecidos, como que concluídos, sobre um acontecimento, que passam
a ter um significado próprio. Da mesma forma, quando ouvimos rádio ou lemos um texto em
um site da internet, trata-se de informação; no caso da internet, o que recebemos do com-
putador, que nos disponibiliza um conjunto de números, caracteres, imagens ou outros dis-
positivos armazenados e tratados lá, ou transmitidos (saída) para outro computador, é in-
formação resultante do processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma
que representa uma modificação (quantitativa ou qualitativa) em quem ou no que a recebe.

Chamamos aqui a atenção de vocês para o seguinte: muitas vezes se exalta aqueles
alunos que dominam uma boa dose de informações, por exemplo, aquele que sabe tudo sobre
o filme O AVATAR; estes alunos são geralmente destacados, mas é pelo seu desempenho de
bons ‘memorizadores’, como enciclopédias ambulantes. Mas a sua informação não é trans-
formada, não é reelaborada. O computador, por sua vez, que é uma máquina, só trata ‘dados’
sendo incapaz de associar significados aos mesmos e até de compreendê-los. É por isso que
nem sempre o que buscamos com as ferramentas de busca corresponde ao que queremos sa-
ber. O computador não faz uma elaboração a partir desses dados, nós é que teremos que fa-
zer. Por isso, é válido nos referirmos a essa máquina como ‘armazenador e processador de
dados’ e inadequado chamá-la de ‘armazenador e processador de informações’. Os ‘dados’,
uma vez que podem ser totalmente descritos através de representações formais, estruturais,
obviamente podem tanto ser armazenados em um computador como processados por ele.

• Comunicação: é um processo mais dinâmico que a explicação da comu-


nicação instrumental e técnica comumente dada e apresentada na lite-
ratura, que enfoca apenas a condição física deste processo. Comunicar
é interagir e compartilhar informações, saberes e conhecimentos, con-
sistindo também no intercâmbio entre os indivíduos, de mensagens, de
sentimentos, opiniões, ou qualquer outro tipo de informação mediante
a fala, a escrita ou outro tipo de signos e sinais. Para o autor Luhmann
(2006), a comunicação - e não a ação, como é apregoado em muitas teo-
rias - é a unidade elementar que constitui os sistemas sociais, funda-
mental para todos os feitos significativos da sociedade humana. O autor
concebe que não existe informação fora da comunicação, nem existe
participação fora da comunicação; tampouco há compreensão fora da
comunicação (2005). Educar para a comunicação é educar para pensar
de maneira crítica e descobrir-se a si mesmo. Colocar alunos a traba-
lhar em um diário ou em um blog pessoal para fazer perguntas sobre
si mesmas e ao mundo, também é importante na formação de cidadãos
autônomos para expressar ideias. É uma educação para a democracia.
Tratando-se da palavra comunicação, você deve sempre buscar um
procedimento teórico mais criterioso, que reconheça e problematize a
complexidade dos fenômenos de comunicação e a natureza de suas di-
ferenciações, evitando, com isso, toda espécie de reducionismo‘, ou seja,
simplismo, empobrecimento do termo.

• Conhecimento: A etimologia do termo “conhecimento” provém do latim


cognoscere = cognore =’conhecer’ ou ‘aprender’ + mento =atum ou ‘ato’.
Significa ‘ter noção’, ‘aprender com a mente’; ‘discernir’; ‘reconhecer’,
‘saber’ (sapere, de sabor) sobre algo (matéria) ou alguém (pessoa).

O ‘conhecimento’ é o que se produz mediante a relação bastante estreita (íntima,


mútua) entre um indivíduo e a informação ou dados, que são por ele acessados e incorporados,
mas não só isso: tudo se dá juntamente com o significado que é atribuído a esta informação e a
estes dados mais a compreensão que resulta dessas relações todas que acontecem, o que se pode
dar tanto pelo processo de elaboração do indivíduo quanto de indivíduos entre si. Não se trata,
portanto, de uma transmissão mecânica como a que acontece nos ‘vasos comunicantes’, ou no
derramamento de um líquido num recipiente por um funil. Trata-se de algo bem mais complexo,
implicado à apropriação de informação ou dado, e consequente transformação, reelaboração e
criação a partir destes. O conhecimento não depende, assim, apenas de uma interpretação pes-
soal, como acontece com a informação; conhecer requer explicação/elucidação da realidade e é
um processo que decorre de um árduo esforço de ‘investigação’ para trazer à mente o que ainda
não está compreendido. Alcançar o conhecimento então não significa compreender a realidade
apenas retendo informações, como é o que fazem muitos autores de livros que escrevem suas
obras contando coisas de suas viagens, registrando informações sobre lugares e pessoas etc.

Só há conhecimento se o indivíduo utilizar-se das informações e/ou dados acessados,


reelaborando-os de modo que já não sejam mais os mesmos de início, nus e crus, como se diz,
pois ele foi capaz de fazer relações próprias, elaborar novas informações e dados, de criar coi-
sas novas, enfim, tem um material ricamente trabalhado para desvendar o novo e avançar. Es-
tas palavras ‘ensinar’, ‘educar’ e ‘instruir’ (acrescentando o ‘formar’), mediante os sentidos que
carregam, mostram que no processo pedagógico-educacional elas podem duplicar o mundo,
se estiverem determinadas com seus avanços no tempo, a criar nele espaços para todos, con-
gregando numa vida de respeito, dignidade e harmonia, por ter uma função social, altruísta,
comunitária, focalizando, enfaticamente, a finalidade e os objetivos do processo pedagógico.
Do jeito que está, a ‘instrução’ pode até separar, tornando o ‘instruído’ individualista, pois
um ensino que ‘instrui’ no sentido de ‘treinar’ somente amontoa conhecimentos, cria cabeças
enciclopédicas, promove competidores passivos, com baixa criatividade. Treinar e adestrar,
eliminando a necessidade da compreensão, significam criar automatismos e se constituem
em atos mais adequados para os animais, não para seres humanos. Questionemo-nos: Na
condição de professores, estamos ‘instruindo’, ‘adestrando’, ‘formando’, ‘educando’ ou ‘ensi-
nando’ nossos alunos? E enquanto alunos, estamos nos ‘instruindo’, ‘adestrando, formando
‘educando’, ou ‘sendo ensinados’? Estas indagações são fundamentais em todos os ambientes
didáticos, e deve ser levada em conta quando se trata de ensino de uma atividade eminente-
mente prática como, por exemplo, para se obter sucesso na utilização da informática na edu-
cação e na capacitação de professores para trabalharem com a nova realidade educacional.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS, ALGUMAS DEFINIÇÕES CLÁSSICAS E REGULA-
MENTAÇÕES ESPECÍFICAS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.
Agora, podemos dizer que os conceitos trabalhados, anteriormente, - espe-
rando que tenham sido bem compreendidos por vocês -, valem tanto para a educa-
ção presencial (analisando o modelo tradicional) quanto para a educação a distân-
cia. Mas, podemos fazer diferenciação entre ambas, resumindo da seguinte forma:

• Educação presencial: É uma forma de ensinar que necessita a


presença física de alunos e professores, em que os alunos se des-
locam até a instituição. A interação entre aluno e professor, con-
siderando a relação tempo-espaço, é diferente, exigindo concep-
ções de ensino e metodologias adequadas à modalidade presencial.

O modelo tradicional de educação presencial trata o conhecimento como um con-


teúdo, como informações, coisas e fatos, ‘a serem transmitidos’ ao aluno. O aluno, se-
gundo esta visão, vai para a escola para receber uma ‘educação’. Dizer que ele apren-
derá significa que saberá dizer ou mostrar (devolver, como se fosse um recipiente onde
foram depositados os conteúdo, como informações, coisas e fatos que lhes foram trans-
mitidos). Segundo este modelo, prevalece a transmissão de informações, sendo a apren-
dizagem entendida como a recepção de informações e seu armazenamento na memória.

• A educação a distância é uma forma de ensino em que a pre-


sença física simultânea de alunos e professores não exige lo-
cal nem tempo determinado para os estudos, e que se desenvol-
ve, sobretudo através da autoaprendizagem. A mediação entre
professor, aluno e conhecimento dá-se por meio de estudo autônomo,
com utilização de recursos didáticos sistematicamente organizados,
desde o século passado, cada vez mais sustentados em tecnologias.

Ficou claro para você? Caso tenha restado alguma dúvida, sugerimos que releia o que foi
apresentado e anote o que pode ter lhe ficado como interrogação. É importante este registro, cada
vez que você encontrar alguma dificuldade no estudo que fazemos! Pensamos, todavia, que ana-
lisando melhor as características da educação a distância, estas dúvidas, caso tenham havido,
se dissiparão. É que faremos a seguir abordando algumas características fundamentais da EaD.

Vejamos um esquema simples de comparação entre as características da EP e da EaD:

Modalidade Presencial (EP) - Predominância de atividades presenciais; - Geralmente,


o local para os encontros de estudo é o mesmo; - A participação do professor é fundamental na
‘condução’ do ritmo de aprendizagem; - O material pedagógico requer a intervenção do professor.

Modalidade a Distância (EaD) - Predominância de atividades a distância; - Es-


tudo em casa, no trabalho, em bibliotecas, núcleos pedagógicos com o tutor etc.; - O alu-
no determina seu ritmo de aprendizagem; - O material pedagógico tem caráter auto
instrucional, auto informacional e de autoaprendizagem, que é o se busca com a EaD

Ficou mais fácil entender a diferença, não é mesmo? Passemos en-


tão a pensar mais sobre as características peculiares da educação à distância:

• O estudo autônomo ou independente: É o ato do aluno estudar por si


próprio, utilizando materiais que favoreçam a sua autoaprendizagem,
autoinstrução e até mesmo sua auto avaliação, com recursos ‘media-
dores’ exercidos por instrumentais de fundo pedagógico, adequados à
modalidade a distância. Este tipo de estudo desenvolve no estudante a
capacidade de aprender por si mesmo, de buscar por si próprio a solução
dos problemas relacionados com seus estudos e de planejar e organizar
ele mesmo o seu aprendizado. Desse modo, o aluno que estuda a distân-
cia planeja seu tempo e suas atividades, escolhe o local e o horário para
estudar e buscam, com antecipação, as fontes de consulta adequadas às
suas necessidades, interesses e condições individuais, de aprendizagem
e inclusão, de vida e de trabalho, físicas, intelectuais, sociais, sobretudo.

• Dinâmica do aprendizado a distância: O aluno precisa contar mais


consigo mesmo e com sua autodisciplina, acompanhando seu próprio
aprendizado e conhecendo melhor suas necessidades nessa modalida-
de. Ele tem que exercitar o trabalho colaborativo e cooperativo, signi-
ficativo e partilhado, vivendo a solidariedade mútua que existe entre
colegas, entre professor e aluno, entre aluno e tutor, entre professores,
entre tutores, entre professores e tutores, entre todos os envolvidos.

• O professor em EaD: O professor é um ‘mediador’, não um ‘auleiro’, bus-


cando formas de dinamizar as condições para o aluno aprender a distân-
cia, fugindo à transmissão do conhecimento; é aquele que domina sua
disciplina para que o aluno aprenda sem a sua intervenção direta, é um
estudioso e um pesquisador constante, considerada a acelerada gama de
informações disponíveis pelas tecnologias de comunicação para a pro-
moção do aprendizado a distância; é também um animador, um motiva-
dor e um comunicador, utilizando as ferramentas de comunicação a dis-
tância para orientar a aprendizagem do aluno, e ainda aquele que produz
material didático visando a autoaprendizagem apoiando o aluno, mo-
tivando-o, orientando e avaliando continuamente sua aprendizagem.

• Presença de tutor: Na EaD, é importante a participação do tutor, um pro-


fissional que atua como um mediador, orientador, motivador e avaliador
do aprendizado do aluno. Sua atuação pode-se dar a distância ou presen-
cialmente, individualmente e em grupos. A tutoria é um método bastan-
te produtivo e muito utilizado para efetivar uma interação pedagógica.

• Interatividade: “É mais do que um ato de troca, não se limitando apenas


à interação, mas à abertura para mais e mais comunicação, mais e
mais trocas, mais e mais participação, seja nas relações presenciais
ou virtuais”, num processo de construção individual e coletiva “onde
se pode encontrar e falar da complexidade das relações humanas em
diferentes dimensões” (Silva, 1999, p.155). Ainda, para SILVA (idem).
Na relação professor-aluno-conhecimento está presente a intera-
tividade, não como consequência da presença das novas tecnolo-
gias, mas como foco, como uma característica, um requisito, para a
construção do conhecimento. Interatividade significa que o profes-
sor não é mais o transmissor, nem o mero “facilitador”, pois o conhe-
cimento é apresentado, não apenas pelo viés do professor, mas por
um processo de significação individual e coletiva (Silva, 1999, p.155).

BREVE SÍNTESE HISTÓRICA DA EAD


Compreender a história da educação a distância é muito valioso na medida em que
este percurso nos mostra que houve mais de um caminho histórico para educação a distân-
cia e que a evolução da mes ma não tem sido fácil, com obstáculos e superações ao longo
dessa jornada. Tanto é que, muitos e mesmos problemas enfrentados na implementação
e aceitação de inovações educacionais, são ainda hoje enfrentados pela educação à distân-
cia. Ressaltamos que, embora ainda se fale da mesma como uma novidade, a EaD já começou
a algum tempo, tendo, na verdade, uma longa história, história esta que você já encontra
disponível em farta literatura e é abundante na internet. Seria uma perda de tempo fazermos
aqui um relato extenso. Vamos nos ater ao que consideramos mais marcante nessa trajetória.

Se você for pesquisar sobre este assunto, observará que sua origem está em antigas
experiências de tentativas de educação por correspondência, que datam do final do século
XVIII, podendo ser rastreadas de volta ao início dos anos 1700. A EaD ganha forte desenvol-
vimento a partir de meados do século XIX, desenvolvimento este relacionado com a introdu-
ção de dispositivos audiovisuais nas escolas no início de 1900, com base em tecnologias de
educação a distância mais avançadas, chegando ao século atual dispondo de vários tipos de
mídias, não somente as de material impresso, mas contando com as ferramentas online, que
possibilitam grande interação entre o aluno, o centro produtor de EaD, tutores e professores.

Convém destacar o papel influente que representaram para o desenvolvimento dessa


modalidade, nos seus primórdios, o rádio e a TV. Estudos realizados mostraram que o desem-
penho do aluno com a participação da televisão em sala de aula foi tão bem sucedido como o do
ensino face a face presencial tradicional, lembrando que a televisão não é um método de ensi-
no, mas um instrumento para a ‘transmissão’ de instruções, podemos afirmar com segurança
que apenas informa e educa, mas que não ensina. Se você recordar dos conceitos trabalhados
no início deste primeiro capítulo, entenderá muito bem o que se quer dizer ao afirmar isso,
quando abordamos a diferença entre educar, transmitir e ensinar! Por meados dos anos 1960,
grande parte do interesse em financiar a ‘educação’ via televisão diminuiu, com grande parte
da culpa colocada sobre a qualidade medíocre das programações de ‘instrução’ que eram na
maioria das vezes realizadas por um professor fazendo palestra, e à incapacidade da televisão
em satisfazer as várias condições necessárias para a aprendizagem do aluno. A década de 1970
assistiu uma atenção maior à tecnologia instrucional e a “sistemas” de abordagens para voltados
a projetos de instrução baseada em teorias da psicologia cognitiva e instrução individualizada.

Hoje é possível observar que muitos países, muitos mesmo, nos cinco continentes,
conseguem atender a milhões de estudantes por adotarem a educação a distância em todos
os níveis de ensino, em programas formais e não formais. Assim é que a educação a distân-
cia tem sido bastante usada para treinamento e aperfeiçoamento de professores em serviço,
bem como programas não formais de ensino têm sido amplamente utilizados para adultos
nas mais diversas áreas do conhecimento e nos mais variados campos profissionais, tanto
pela iniciativa privada como pela governamental. Se você for pesquisar, hoje em dia é cada
vez mais crescente o número de instituições e empresas que desenvolvem programas de ‘trei-
namento’ de recursos humanos, através da modalidade da educação a distância. As Univer-
sidades Européias, que se destacam na oferta de educação a distância já faz tempo, têm in-
corporado muito bem em seu desenvolvimento histórico as novas tecnologias de informática
e de telecomunicação. Temos evidenciado que a história mostra a educação não-tradicional
tentando misturar-se com a educação tradicional, enquanto se esforça para enfrentar o de-
safio de mudar constantemente as teorias de aprendizagem e evolução das tecnologias. Mas,
em resumo, a história da educação a distância mostra um campo que parece ainda estar em
um constante estado de evolução, que é apoiado pela teoria, com a premente necessidade de
pesquisas que possam responder a muitas perguntas não respondidas. Esta visão histórica
tem mostrado um fluxo de novas idéias e tecnologias equilibrado e ao mesmo tempo uma
resistência à mudança, o que muitas vezes coloca o desafio à tecnologia educacional de ofe-
recer mais do que prometeu. Cabe a cada um de nós que trabalhamos com esta modalida-
de buscar encontrar caminhos próprios, sobretudo, que a diferenciem da escola tradicional.

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

A evolução histórica da EaD no Brasil como no mundo, também foi e tem sido marcada
pelo surgimento e disseminação dos meios de comunicação. A utilização de novas e mais avan-
çadas tecnologias no Brasil, favoreceram com que o ensino a distância aparecesse nos anos ses-
senta. Com a fundação do Instituto Radiotécnico Monitor, a escola pioneira no Brasil em cursos
a distância, fundada em 1939, e depois com o Instituto Universal Brasileiro, fundado em 1941
(também um pioneiro no Brasil nesta modalidade, que oferece cursos profissionalizantes livres
de suplência e cursos oficiais supletivos de ensino fundamental e médio, os antigos 1º e 2º graus),
diversas experiências foram iniciadas e levadas adiante com mais sucesso que o esperado.
Ambas as instituições citadas, que foram talvez as grandes responsáveis pelo
que veio depois, ofereceram uma ampla gama de cursos, como o técnico em eletrôni-
ca, o secretariado, o técnico em contabilidade etc. Lembramos ainda dos cursos su-
pletivos, que tiveram grande aceitação da população que optou por essa formação.

Tivemos, além destas duas, outras mais e muitas experiências brasileiras, tanto gover-
namentais quanto privadas, que foram implicando ao passar dos anos em uma intensa mobili-
zação de grandes contingentes de recursos. Assim foi com o rádio, que surgiu como uma nova
possibilidade para a EaD no Brasil. A primeira rádio-escola é criada 1923, mediante a contribui-
ção de Edgar Roquette-Pinto (médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e en-
saísta brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras e considerado o pai da radiodifusão
no Brasil) e do francês Henrique Charles Morize (engenheiro industrial, geógrafo e engenheiro
civil, naturalizado brasileiro), que fundam a primeira emissora brasileira – a Rádio Sociedade
do Rio de Janeiro. Esta rádio mais tarde foi doada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC),
que tinha como titular o carioca e político brasileiro Gustavo Capanema Filho, se transforman-
do na Rádio MEC. E foi justamente Capanema que, na condição de ministro (o que mais tempo
ficou no cargo em toda a história do Brasil) durante a denominada ‘era Vargas’ (do Presidente
Getúlio Vargas), comunicou a Roquette-Pinto a incorporação da rádio ao temido órgão respon-
sável pela censura, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Este ato, só para informar
você que a censura na comunicação não é coisa nova no Brasil, deixou Roquette-Pinto muito
indignado, e foi o próprio que exigiu que se garantisse a autonomia da rádio, para que a mes-
ma mantivesse sua função educativa, com a qual surgiu. Roquette Pinto venceu esta disputa,
possibilitando que a rádio MEC mantenha até o hoje o mesmo ideário de seu propósito inicial.

Essas experiências, que muitos chamam de 2ª geração (início do século XX), embriões
da EaD no Brasil, estenderam-se até a década de 50, década essa em que surgiu a televisão edu-
cativa (década de 1930 nos EUA e de 1960 no Brasil). Ambas as tecnologias – rádio e TV educa-
tiva - se destinaram, fundamentalmente, à ‘transmissão’ de aulas e, é claro, de conteúdos. Afi-
nal, era um começo! Mas, tanto lá, em que os alunos, quando necessitavam esclarecer dúvidas
e aprofundar algum assunto, serviam-se da ‘velha’ forma de comunicação por correspondên-
cia via correio -, usavam o telefone e, posteriormente, o fax, cá, nos nossos dias mais recentes,
do mesmo modo ainda se usa o telefone, a TV, mas, em especial, o computador e a internet. As
aulas, que eram ‘transmitidas’ por rádio, com algum material impresso, foram cada vez mais
cedendo espaço para a utilização de novas ferramentas comunicativas que promoveram e pro-
movem a ampliação e a diversificação dos programas, permitindo uma forma virtual de inte-
ração entre professores e alunos quase como a presencial. Se você pensar sobre isso, é como
quando você usa o MSN, o Orkut, um chat ou o Facebook, por exemplo, não se sente como se a
própria pessoa com quem se comunica está ali, presente, de alguma forma? Marcados por seu
contexto, de certo modo diferenciado ao que acontece nos dias atuais, os resultados advindos
com a EaD desses tempos passados não foram suficientemente capazes de gerar um processo
de aceitação governamental e social da mesma no Brasil. Hoje, você já observa outra realidade,
a educação a distância se expande, é bem mais aceita, sendo que o próprio governo brasileiro
viu-se obrigado a criar leis e a estabelecer normas para esta modalidade em nosso país. Assim
é que, quando alguém faz um curso de graduação a distância (ou de pós-graduação), como já é
bastante comum hoje em dia, tem garantidos os mesmos registros que teria se o fizesse na mo-
dalidade presencial. Destacamos que as formações podem ser oferecidas tanto na modalidade
presencial como na modalidade a distância, não implicando em alteração do tipo de curso.

É importante você saber que as modalidades em educação, em sua essência,


buscam diversificar a oferta e cada vez mais tentam atender um número maior de pessoas
com interesses, necessidades e outras condições diferenciadas. Com tanto avanço
tecnológico nas mídias comunicativas e de caráter educativo, e com as facilidades que
as mesmas proporcionaram para nossas vidas, tornou-se muito comum e aqueceram de
forma expressiva as discussões sobre a educação a distância. Esta modalidade represen-
tou, queiramos ou não, um grande passo para a democratização do conhecimento intelectual,
oportunizando o acesso de muitos brasileiros e de muitas brasileiras ao ensino universitário,
de forma menos complicada e com mais possibilidades de continuação do processo de forma-
ção, como podemos exemplificar, apenas a título de ilustração, o que aconteceu com o Centro
de Educação a Distância (CEAD), da Universidade do estado de Santa Catarina - UDESC, que
formou 14.000 professores em cinco anos, pela EAD (aproximadamente entre 2002 e 2011).
Temos muitos exemplos a dar quanto a isso, no mundo e no Brasil, basta você pesquisar so-
bre instituições que oferecem ensino a distância, devidamente credenciadas, e encontrará.

Podemos fechar nossa abordagem aqui, sobre a história da EaD no Brasil, dizendo que
temos visto uma crescente e mais forte valorização dos cursos a distância no mercado de tra-
balho, principalmente porque a população e as grandes empresas começaram a ter mais cré-
dito no aluno que se forma a distância, admitindo que este tem igual ou maior compromisso
nesta modalidade que na forma presencial, levando com mais seriedade seus estudos e o seu
lado profissional. Mas é imprescindível que seja efetivamente assegurado que esses cursos dis-
ponham de profissionais muito bem formados e qualificados, além de terem boa estruturação
de suas grades curriculares, contarem com bibliotecas, mais amplos canais de comunicação,
ambientes de aula virtual, entre outros recursos, para que possam atender da melhor forma
possível os interesses do público que muito precisa desta modalidade por não necessitar da
presença de forma integral com as melhores condições de oferecer formação de qualidade,
sem esquecermos que existem ainda cursos que só podem ser feitos de forma presencial, como
por exemplo, a Medicina, a Bioquímica, as Engenharias etc. Mas, quem sabe, por enquanto...
Feita esta abordagem, alertamos você! Não se contente apenas com o que aqui está registra-
do. Não temos a pretensão de esgotar a relação de experiências e trabalhos na modalidade
de EAD, que estão em desenvolvimento em nosso país, por isso mesmo é que sintetizamos,
com alguns e breves enfoques, a trajetória dessa histórica inovação educacional no Brasil.
REGULAMENTAÇÃO DA EAD NO BRASIL

Embora saibamos que no Brasil a educação na modalidade a distância teve um


percurso histórico marcado por um início tardio em relação a outros países, mas que foi
expressivo para os rumos da educação em nosso país, alcançando um vertiginoso cresci-
mento, em termos de demanda, tanto no ensino superior, quanto em outros níveis de en-
sino, é preciso admitir que o registro dessa trajetória em muito se perdeu considerando-se
o pouco reconhecimento dessa memória histórica quanto à nova concepção de educação.

É fato bastante documentado que na metade e final da década de 60 e no início da


década de 70, já se vivia um clima de deslumbramento e atração pelas possibilidades que
os avanços científico-tecnológicos introduziam com destaque à difusão integrada das
imagens e sons, mas não setinha nenhuma clareza sobre os caminhos que seriam traçados
com as novas as potencialidades proporcionadas pelos novos meios de comunicação, que
eram integradas à educação. Tanto isto é real, que a Associação Brasileira de Tecnologia
Educacional – ABT, criada em 1971 como Associação Brasileira de Teleducação, vai assumir
papel relevante como ponto de referência para educadores e instituições documentaram suas
formas de agir e adotarem recursos tecnológicos por meio de estratégias da comunicação e da
informação, para acompanharem a velocidade das mudanças tecnológicas visando a amplia-
ção das formas e a melhoria dos processos educacionais. Pois, já era inegável que a nova moda-
lidade, impregnada de alternativas tecnológicas, não apenas criava situações de vantagem em
relação ao ensino presencial convencional, mas detinha um poder maior de responder às exi-
gências do mundo do trabalho, em termos de qualificações, competências e habilidades, e de
ampliar as condições de acesso ao saber e posse de informações em curto prazo. Será mais tarde
que a EaD será reconhecida como uma importante alternativa de democratização da educação.

Assim é que, a partir de 20 de dezembro de 1996, com a promulgação da Lei nº 9.394,


que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação a Distância foi normatizada e
passou a ser considerada alternativa regular – e regulamentada - de prestação educacional aos
brasileiros. Esta Lei estabeleceu, em seu Art. 80, no Título VIII: Das Disposições Gerais, que a
educação a distância seria oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União;
e que caberia à União regulamentar requisito para realização de exames, para registro de di-
plomas relativos a cursos de educação à distância. Também se constituíram em bases legais da
Educação a Distância o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no Diário Oficial
da União - D.O.U), de 11/02/98), o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998 (publicado no D.O.U. de
28/04/98) e a Portaria Ministerial n.º 301, de 07 de abril de 1998 (publicada no D.O.U. de 09/04/98).

É interessante assinalar que no caput do Artigo 1º do Decreto nº 2.494 (que


regulamenta o Artigo 80 da Lei nº 9.394 e dá outras providências), já é adotado um
conceito de educação a distância, assim entendida: a) “uma forma de ensino que possi-
bilita a auto-aprendizagem”, b) “com a mediação de recursos didáticos sistematicamen-
te organizados”, c) “apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados iso-
ladamente ou combinados d) e veiculados pelos diversos meios de comunicação”. Este
mesmo Decreto ainda define no Parágrafo Único do Artigo 1º, o regime especial como “fle-
xibilidade de requisitos para admissão, horário e duração, sem prejuízo, quando for o caso,
dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas nacionalmente”. E também “os cursos a
distância que conferem certificado ou diploma de conclusão do ensino fundamental para
jovens e adultos, do ensino médio, da educação profissional e de graduação serão ofereci-
dos por instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim (...)”.

Uma Portaria do MEC de nº 2.253 e assinada em 18 de outubro de 2001 dispõe sobre


a oferta de disciplinas indicando a utilização do método não presencial em cursos presen-
ciais já reconhecidos. Cabe registrar que o fundamento legal invocado neste documento é o
Artigo 81 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – no. 9.394/96, que trata da organização de
cursos ou instituições experimentais, e não o Artigo 80 dessa mesma Lei, que dispõe sobre a
educação a distância, uma expressão não encontrada em qualquer ponto da referida Portaria.

Destacamos ainda:

DECRETOS:

- Decreto Nº. 5.622, de 19 de dezembro de 2005, regula-


menta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB).

- Decreto N.º 5.773, de 09 de maio de 2006, dispõe sobre o exercício das


funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação supe-
rior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino.

Decreto N.º 6.303, de 12 de dezembro de 2007, altera dispositivos dos De-


cretos nos 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e ba-
ses da educação nacional, e 5.773, de 09 de maio de 2006, que dispõe sobre o exer-
cício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação
superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino.

PORTARIAS:

- Portaria nº 01, de 10 de janeiro de 2007

- Portaria nº 02 (revogada), de 10 de janeiro de 2007

- Portaria nº 40, de 13 de dezembro de 2007

- Portaria nº 10, de 02 de julho de 2009

Em resumo, a possibilidade do estabelecimento de linhas de ação mais definidas na


modalidade de EaD hoje está colocada em projetos de Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
que determinam que a EaD seja utilizada com maior ênfase em programas destinados à edu-
cação de jovens e adultos, assegurando-se que os títulos obtidos não serão discriminados ou
restringidos, desde que expedidos por instituições habilitadas nos níveis e de acordo com a
modalidade de ensino a que se dirijam os programas. É a primeira vez, depois de mais de 25
anos de experiências, que se poderá ter leis específicas para o reconhecimento da EaD, não se
podendo ignorar que a EaD tem ainda um futuro imprevisível, uma vez que as transforma-
ções tecnológicas, os conhecimentos e mesmo os cursos demandam grandes e revolucioná-
rias mudanças nos processos e na história com uma velocidade de um mundo sem fronteiras.

Uma boa síntese: “As bases legais para a educação a distância foram estabelecidas
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996),
que foi regulamentada pelo Decreto nº 5.622, publicado no D.O.U. de 20/12/05 (que revogou
o Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto nº 2.561, de 27 de abril de 1998)
com normatização definida na Portaria Ministerial nº 4.361 , de 2004 (que revogou a Portaria
Ministerial nº 301, de 7 de abril de 1998 ). A Resolução nº 1 (de 3 de abril de 2001) do Conse-
lho Nacional de Educação estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto sensu .

Confira as determinações para as áreas de graduação e pós-graduação no site


da Secretaria de Educação a Distância”. Fonte: SEED - Regulamentação da EAD no Bra-
sil (o conteúdo da página da SEED está em processo de remanejamento; devido à extin-
ção desta secretaria, seus programas e ações estarão vinculados a novas administrações):

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=289&I-
temid=356

Confira também o decreto de reestruturação:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7480.htm.

AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Quando pararmos para analisar e avaliar a nossa experiência como professores(as) em


sala de aula, na modalidade presencial, contataremos que será melhor aquela que nos empolgou,
nos surpreendeu, nos exigiu e fez pensar, nos envolveu ativamente, nos possibilitou o contato
com pessoas, experiências e ideias interessantes, enfim, que deixou uma marca relevante em
nossa vida profissional pelas contribuições significativas que nós tivemos. Imaginemos, então,
o que deve ser esperado, se quisermos inovação, avanços, mudanças radicais de práticas já obso-
letas como aquelas que exercemos na escola tradicional, atuando com a modalidade presencial?

Não podemos fugir deste questionamento, para falarmos de um autêntico ambiente


virtual de aprendizagem para que tenhamos, também, novos rumos para a Educação e o Ensi-
no a Distância que pensamos edificar. Ou, “tudo ficará igual”, e permanecerá a lógica da lei do
eterno retorno de todas as coisas e de todos os seres, expressado nas sábias palavras: “O que foi,
é o que há de ser; o que se fez, isso se tornará a fazer. Não há nada de novo debaixo do sol”. Salo-
mão dizia isto há 3.000 anos, pensamento registrado no livro de Eclesiastes (o livro de Eclesias-
tes faz parte dos livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia cristã e judaica).

É não apenas importante, mas determinantemente necessário que pensemos


e criemos um novo ambiente de ensino-aprendizagem, mesmo dentro de espaços
físicos ou na forma virtual, que atendam todas as dimensões que estão envolvidas no
legítimo processo pedagógico, que aliem de um modo muito dinâmico o tecnológico
e o humano, e que apoiem os professores inovadores e os alunos de nosso século, a que se
disponha de um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. Uma educa-
ção de efetiva qualidade e um ensino excelente, sabemos que requerem condições físi-
cas devidamente adequadas e um quadro de profissionais os melhores possíveis, mas antes
de tudo isto está a exigência de ambientes ricos de condições favoráveis à aprendizagem,
contando, é claro, com uma boa infraestrutura física (salas, tecnologias às mais diversas,
bibliotecas etc.), mas em primeiro lugar – e você há de concordar conosco - com pessoas
(coordenação, professores, tutores ...) que gostem do que façam,entendam do que têm
que fazer e que se preocupem em estar sempre em dia com as novidades que estão sem-
pre surgindo (em todos os sentidos, instrumentais, teóricas, didáticas, metodológicas etc.).

Ora, a aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de
encontro, de pesquisa e produção que as instituições podem propiciar aos seus professores
e alunos. No caso dos ambientes virtuais de aprendizagem, que daqui para frente denomi-
naremos AVAs, isso implica em organizar uma competente equipe interdisciplinar, com
profissionais da área técnica e pedagógica que saibam trabalhar juntos, cumpram prazos,
deem contribuições significativas e realmente não ‘façam de conta’, mas criem de fato e de
direito uma boa ‘interação’ entre todos os participantes, especialmente com os (as) estudan-
tes a distância; para tanto, é fundamental o estabelecimento de uma relação professor-alu-
no genuína com vínculos de verdadeira afetividade, interesse, emoção, ludicidade, elogios
sinceros, enfim, um interagir pleno nas relações como forma de incentivo para o prazer de
ensinar e de aprender. Quanto mais interação, com materiais mais elaborados, mais autoe-
xplicativos, com mais desdobramentos (chats, vídeos-conferências, telefonemas, e-mails,
blogs, links, textos de apoio, glossários, atividades para o pensar e outros recursos mais, im-
plicarão é claro em mais horas de atendimento, mas ganha-se em uma educação e ensino a
distância sonhados e desejados como empreendimentos totalmente reeditados, inovadores.

Em educação e ensino a distância, um dos grandes problemas tem sido o aperfei-


çoamento dos AVAs, ainda, em sua maioria, reduzidos a um espaço onde se procuram textos,
conteúdos, imagens, notícias, respostas etc. Mas é preciso mais, muito mais que isso do que
conteúdo é pesquisa, troca, produção conjunta. A aprendizagem nesse ambiente é motivada
por meio da comunicação de todas as formas possíveis, mas, primordialmente por uma in-
tensa mediação na socialização de informações, de conteúdos e de conceitos importantes,
no incentivo ao uso de todas as ferramentas de comunicação disponíveis, e da mais intensa
gama de trocas interativas entre aluno com o professor, com os colegas, com tutores, com to-
dos os recursos acessíveis, numa entusiasta perseguição ao conhecimento que a humanidade
já nos concedeu e aos modos de como é possível elaborar outros novos. Eis o maior desafio,
quem sabe: elaborar o novo e aplicá-lo à vida, que vai em frente sem pedir licença a ninguém!

Vamos agora falar mais especificamente sobre os AVAs, suas características,


suas diversas funcionalidades de auxílio ao processo de ensino-aprendizagem, enfim,
suas formas básicas de operar, as que conhecemos bem porque são ainda as que fazemos.

O melhor ambiente virtual de aprendizagem para a EAD é o que alcança os alu-


nos onde quer que estejam e no tempo em que lhes seja favorável. Algo como se ou-
viu do professor Dr. Armando Rocha- -Trindade, um dos pioneiros do ensino a distân-
cia e fundador da Universidade Aberta de Lisboa, em 1988 (ocupou o cargo de reitor até
sua aposentadoria, falecendo em 29.05.2009) em uma palestra proferida na UDESC,
em outubro de 2002: “Qualquer regime de aprendizagem em que existe um compo-
nente significativo de autoaprendizagem, sem estar sujeito nem a local nem a horário”.

Se, como esperamos ter deixado claro no Capítulo anterior que a Educação a Distân-
cia é uma modalidade educativa baseada fundamentalmente na não necessidade da presença
física e aplicação de tecnologias à aprendizagem, sem limitação de lugar, de tempo, ocupação
ou idade dos alunos, com professores, tutores e alunos podendo estar em diferentes contextos
de tempo, espaço ou em ambas as dimensões ao mesmo tempo, implicando em novos papéis
para todos eles e em novas atitudes e enfoques metodológicos, é assim preciso pensar um AVA:

• Ferramenta potencialmente enriquecida com recursos mediadores da In-


formática, que possibilitam a criação de espaços de aprendizagem, onde se
realizam atividades cooperativas, interativas e colaborativas, comparti-
lhando-se objetos, informações de interesse comum, operações e visões.

• A aprendizagem nesse ambiente é motivada por meio da constru-


ção de conceitos e da interação do aluno com o professor, com os co-
legas, com os recursos utilizados e com o objeto de conhecimento.

• A aprendizagem não decorre do ensino, mas da autoaprendiza-


gem (para o interesse de algumas empresas, da autoinstrução).

• Ocorre a ampliação de contatos do indivíduo com o mun-


do, em especial, através de seu contato com outras pes-
soas, reduzindo-se a questão da separação entre aluno e pro-
fessor, entre colegas, entre eles todos e o tutor ou tutora.

• Criação de ambientes ricos em possibilidades de aprendiza-


gem, nos quais pessoas interessadas e motivadas possam apren-
der sem precisar se tornar restritas a um processo de ensi-
no formal e deliberado (propositado, decidido, premeditado).
• Aprendizagem mais personalizada (com o aluno tendo maior contro-
le sobre o conteúdo estudado, sobre suas próprias ações e interações).

• Aprendizagem mediada por tecnologias como ‘ferramentas-meios’,


e não com ‘fim em si mesmas’, como se fez muito na escola tradicio-
nal, que preparem e disponibilizem momentos e contextos de ensi-
no e aprendizagem os mais variados, e que possibilitam a criação de
espaços vivos, dinâmicos e motivadores, onde se realizem atividades
cooperativas, interativas e colaborativas, compartilhando-se obje-
tos, informações de interesse comum, operações, visões, interpre-
tações feitas sobre algum assunto estudado etc. Um ambiente em
que se viva a solidariedade mútua que deve existir entre colegas, en-
tre professor e aluno, entre aluno e tutor, entre professores, entre tu-
tores, entre professores e tutores, entre todos os envolvidos, enfim.

A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NA MODALIDADE A DISTÂNCIA


Um ambiente adequadamente midiatizado e, sobretudo sabiamente media-
tizado, favorece intervenções fundamentais nas formas de comunicação, nos relacio-
namentos sociais, nos processos de ensino-aprendizagem e nas habilidades e compe-
tências dos alunos para lidar com instrumentos da sua cultura. Mas, para tornar esse
ambiente mediatizado, não basta equipar a escola com tecnologias e mídias de ponta.
É preciso, antes disso, discutir questões fundamentais como o que se entende por edu-
cação midiática, quais são seus pressupostos e quais são as novas relações com o saber.

Por esta razão, começaremos abordando algo bastante interessan-


te, que muito provavelmente já despertou sua atenção a partir do parágra-
fo anterior: Vamos buscar entender o que é mediatizar e o que é midiatizar, para
que você já inicie seu estudo com esta clareza, que é extremamente necessária.

Se a educação é feita pela mediação dos pais ou dos professores, esperamos que esta
questão, um assunto muito debatido atualmente quando se tem dito que pais educam e profes-
sores ensinam, tenha ficado mais definida para você quando tratamos dos conceitos de educa-
ção e ensino! Aproveite este momento para sanar alguma dúvida que tenha ficado pendente, en-
quanto vamos tentar ajudar dizendo que se ambos, pais e professores educam, o ensinar (lá do
latim, ensignare, que significa colocar signos, marcar...) é uma tarefa destinada ainda aos pro-
fessores. Por que dizemos isto? Afinal, a que tem ficado a educação formal, presente no ensino
escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado? Quem é
o profissional que tem a responsabilidade de ‘transmitir’ fatos (embora indivíduos como meros
transmissores de conhecimentos já não tenham mais lugar nesta era denominada tecnológica),
de motivar o interesse pela informação e o conhecimento, de cultivar hábitos, ‘treinar’ habili-
dades, desenvolver competências e mobilizar o desejo de aprender na interação com o contexto,
que é o que dá significado ao que aprendemos? Certamente você sabe responder a estas questões.
Mas no nosso século, e aqui tratando de EaD, o ideal sonhado é se promovam ações
de apoio aos primeiros para que os pais incentivem a aprendizagem dos filhos desde o co-
meço da vida deles, por meio de boas práticas, convivendo com os professores num mesmo
espaço em que resida a compreensão de que ambos – pais e professores - não são seres ab-
solutamente distintos, que habitam espaços realmente diferentes e com visões e metas to-
talmente diferenciadas quanto ao que desejam para aqueles que estudam. É necessário que
estes, através de diálogos abertos e ajudas mútuas e esforços compartilhados, possam seguir
juntos, em rotas paralelas e não em rotas de colisão, tendo a clareza de que o que se pretende
é alunos bem preparados para a vida, respeitando suas possibilidades e ativando suas com-
petências e habilidades de modo a prepará-los da melhor forma possível para a convivência e
sobrevivência em sociedade. Delimitar regras de condutas, não é função da escola. Seu papel
é formar o cidadão, socializar e promover as condições para a elaboração de conhecimentos,
a formação de atitudes e valores que tornem o aluno solidário, crítico, ético e participativo.

Se o aluno chega à escola com noções e conceitos arraigados, às vezes decisi-


vos para algumas mudanças necessárias nos processos fundamentais para um ensi-
no-aprendizagem significativo, inovador e contemporâneo, é muito mais exigido um
esforço do professor neste sentido. Imaginemos no que se refere a EaD! Afirmamos:
pais e professores precisam assumir ambos os papéis, de educadores e ensinadores!

Feitas estas considerações importantes, falemos então da educa-


ção para as mídias e do ensino mais adequado para que os alunos as tenham
como importantes ferramentas que os ajudem na sua ‘formação’ para a vida!

Na vida, no cotidiano, em tudo que fazemos, para termos acesso de maneira signi-
ficativa à realidade “pura” do mundo real, em seu estado bruto, desprovido de sentido, só o
conseguimos desde que ‘mediados’ de alguma forma, o que ocorre por meio de nossos sis-
temas sígnicos (signos), simbólicos e representativos na avaliação inicial das propriedades
de qualquer coisa. De outro modo, vale acrescentar que o que chamamos ‘realidade’, dado,
informação, fato, não é ainda o ‘conceito’. Partimos de ‘dados’ e ‘informações’, que são um
emaranhado de códigos decifráveis ou não, e temos que conhecer o ‘símbolo’ para identifi-
car ‘dados’ e toda a ‘informação’. Falamos estas coisas para podermos inserir as tecnologias
e as mídias educacionais no seu devido lugar, com relação aos atos de educar e de ensinar.

Tanto o conhecimento como a informação consistem de declarações verdadeiras,


mas o conhecimento pode ser considerado uma informação com um propósito ou uma utili-
dade. Para transformar um ‘dado’, ‘informação’, ‘texto’, ‘discurso’, ‘fato’, ‘evento’ etc. e torná-lo
adequado a uma difusão através dos ‘meios’ de comunicação, ou mídias, é que denominamos
mediatização a possibilidade de fazer isto, termo este que tem um vasto leque de definições e
aplicações e que por isso mesmo se torna um assunto delicado, como ‘pisar em ovos’, abordá-lo!

Na origem da palavra mediatização, que resulta da substantização do verbo ‘mediati-


zar’ (que resultou da evolução do verbo ‘mediar’, originado a partir do latim ‘mediare’), está o
verdadeiro vocábulo-origem: o termo latino ‘mediu’, que exprime as idéias de ‘médio’, ‘posição
média’, ‘voz média’. Este significado - ´médio’ - foi evoluindo com o tempo para outros signi-
ficados como ‘o que está no meio’, ‘o que está entre dois’ etc., mas já distintos da origem. Para
nos socorrer mais aqui, apelamos à língua portuguesa, o que não fará nenhum mal a você: O
verbo ‘mediar’ é um verbo intransitivo (que define a ação do sujeito, por exemplo, ‘mediar’) se
significa ‘estar no meio’, ou pode ser verbo transitivo (que precisa de complemento para que a
ação expressa tenha sentido, por exemplo ‘Eu mediei’, significando ter que ‘intervir acerca de’).

Numa acepção mais ampla, ‘mediatizar,’ significa também:

• Tomar medidas que permitam melhorar as condições de organi-


zação de qualquer tipo de comunicação - e não só as que se ba-
seiam em suportes tecnológicos; pode-se viabilizar procedi-
mentos que criem condições mais favoráveis ou tirem o melhor
proveito possível da qualidade da comunicação, imediata ou posterior,
entre a entidade-origem dessa comunicação e os seus destinatários;

• Escolher, para um determinado contexto e ou uma situação de comu-


nicação, o modo mais eficaz de assegurá-los em sua originalidade, se-
lecionando a mídia mais adequada a esse propósito e, em função desta,
conceber e elaborar o discurso que constitui a forma de enfatizar o que é
essencial ou mais importante sobre o tema, assunto ou matéria a ensinar;

• Ser um processo de ‘’interações’ e ‘interatividades’ que se desenvolvem


no trabalho pedagógico, mediante a utilização de um objeto, fato ou
acontecimento ou série deles, que o professor insere entre si, seu aluno
e objeto de conhecimento, auxiliando a organizar a atividade realiza-
da com seu aluno e quanto aos elementos pertinentes ao ato mediático.

Sobre o caráter da mediação pedagógica e os reflexos desta concepção sobre o uso


das tecnologias, consideramos que você deve ter o quanto buscamos o tempo todo chamar sua
atenção para a necessidade de que o professor se coloque como um estudioso, um motivador da
aprendizagem e um pesquisador constante, com a disposição de ser não uma ‘ponte mecânica’,
mas uma ‘ponte-fonte’, firme e dinâmica entre o aluno e suas aprendizagens. É o que pode acon-
tecer na apresentação e aprofundamento de um conteúdo ou tema, ao orientar o aluno na coleta
e seleção de informações para este saber relacioná-las, organizá-las, manipulá-las, discuti-las
e debatê-las, com seus colegas e com outras pessoas até chegar a elaboração de conhecimentos.
AS FUNÇÕES/PAPÉIS DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Mais do que nunca, talvez, pensando nos professores, senti-
mos o quanto esta categoria precisa estar constantemente atualiza-
da para familiarizar-se com os avanços das tecnologias introduzidas no ensino.

O professor de EaD precisa ser:

• Um ‘mediador’ e não um ‘auleiro’, buscando todas as for-


mas possíveis dinamizar as condições para o aluno apren-
der a distância, fugindo à ‘transmissão’ do conhecimento;

• Um profissional competente, que domina sua dis-


ciplina para que o aluno aprenda também median-
te os seus conhecimentos, mesmo sem sua intervenção direta;

• Um estudioso e um pesquisador constante, considerada a facilida-


de de acesso à acelerada gama de informações disponibilizadas pelas
tecnologias de comunicação e mídias educativas para a promoção do
aprendizado a distância, até mesmo para ser um mediador presencial
quando for o caso, estabelecendo constantes contatos com seus alu-
nos para dirimir dúvidas e/ ou propiciar explicações complementares.

• Um animador, um motivador e um comunicador, utilizando as ferramen-


tas de comunicação a distância para orientar a aprendizagem do aluno;

• Um elaborador de material didático de qualidade, visan-


do a autoaprendizagem prestando apoio ao aluno, motivando-
-o, orientando-o e avaliando continuamente sua aprendizagem;

• Um entusiasta na busca por atualização constante em relação aos avan-


ços tecnológicos, ao enriquecimento teórico e inovações metodológicas.

No que se refere à presença do professor-tutor, na EaD, é importante que este seja


também um profissional que atue como um mediador, orientador, motivador e avaliador
do aprendizado do aluno. Sua participação pode-se dar a distância ou presencialmente, in-
dividualmente e em grupos. A tutoria representa uma forma de intervenção pedagógica
bastante produtiva e necessária para efetivar uma interação pedagógica. A modalidade de
tutoria pode dar-se de semipresencial (o aluno não está presente o ano todo, mas assiste ví-
deos, teleconferências e videoconferências), forma presencial: encontros presenciais nos
núcleos municipais, individualmente, em pequenos ou grande grupos; a distância: tele-
fone, fax, correspondência (carta), ambiente virtual de aprendizagem, teleconferências.
Além dessa condição necessária para a qual não se admite mais ‘desculpismos’, há que
se criar as bases para que os alunos possam entrar e contato com os eventos midiáticos, do mes-
mo modo como o faz com acontecimentos comuns à sua vida cotidiana. Se assim não for feito,
é duro, mas temos que dizer: A criança, mais que ‘educada’ também pela ‘mídia’, principalmen-
te pela televisão, é na verdade ‘moldada’ como bolo em forma, pois a TV e mesmo a internet são
de tal modo personificadas que operam como se estivessem ‘educando’ e ‘ensinando’ com o seu
poder altamente tecnológico e de longo alcance de transmitir informações às pessoas! Outra vez
alertamos: Uma coisa é o aluno aprender a informar-se e ter acesso a informações; outra é conhe-
cer os outros, o mundo e a si mesmo, sabendo do seu sentir, sendo dono do seu fantasiar, da sua
necessidade de entretenimento, da sua vontade, sem que o seja determinado pelo que está ven-
do, ouvindo e tocando na tela, como se ali lhe fosse mostrada a receita pronta e correta de como
viver, ser feliz ou infeliz, fazer isto ou aquilo, enfim, uma série de atitudes, comportamentos.

Das könnte Ihnen auch gefallen