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uando ministramos aulas de física também. É importante a percepção das
Magali Fonseca de Castro Lima procuramos enfatizar os fenôme- grandezas tempo e posição e a variação
E-mail: magalilima@if.ufrj.br nos, os conceitos associados e ten- de uma grandeza em função da outra. Ex-
tamos apresentar os assuntos de maneira perimentos em cinemática que permitem
Vitorvani Soares descontraída, utilizando exemplos presen- quantificar a velocidade ou a aceleração
E-mail: vsoares@if.ufrj.br tes no cotidiano. Na proposta que apre- dos móveis são, em geral, relativamente
sentamos neste artigo utilizamos como caros. Materiais de laboratório necessários
Instituto de Física, Universidade ferramenta pedagógica, além dos exem- para realização de experimentos que pos-
Federal do Rio de Janeiro, Rio de plos, outra prática comum entre os alu- sibilitam medir algumas grandezas cine-
Janeiro, RJ, Brasil nos: o jogo. Jogando máticas - tais como
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os alunos sentem-se à O estudo da cinemática deve trilhos de ar, centelha-
vontade e este estado proporcionar ao aluno dores e fita termo
pode contribuir para o identificar e entender a sensível - nem sempre
aprendizado fluir. evolução dos movimentos que são fornecidos nas
O jogo é uma fer- ele realiza e que os outros escolas de Ensino Mé-
ramenta pedagógica seres ou objetos realizam dio.
que motiva e estimula também Podemos tam-
o raciocínio lógico, bém fazer apresenta-
podendo ser utilizado para levantar ques- ções que mostrem móveis em movimento
tionamentos e trabalhar ideias relaciona- uniforme ou em movimento uniforme-
das a situações cotidianas. Johan Huizin- mente variado, mas dificilmente podere-
ga, antigo reitor da Universidade de Ley- mos determinar a velocidade ou a acelera-
den, defende no seu texto clássico Homo ção desses móveis. Para contornarmos
Ludens que o jogo corresponde a uma das estes problemas, propomos um jogo no
noções mais primitivas e profundamente qual, ao longo de uma partida, esses con-
enraizadas em toda a realidade humana. ceitos podem ser discutidos e até mesmo
O jogo, segundo Huizinga, é mais pri- mensurados para um móvel que se des-
mitivo do que a cultura, pois faz parte loca sobre um tabuleiro. Utilizamos os as-
daquelas coisas em comum que o homem pectos observados no jogo para, gradati-
partilha com os animais [1]. Rizzo [2] vamente, fazer uma conexão entre o
também enfatiza a função emotiva do jo- movimento das peças no tabuleiro e a
go e nos revela o seu papel de elo entre o abstração de uma equação que descreva
prazer e o aprender. esse movimento.
Ela nos lembra ainda O jogo é uma ferramenta O ensino de ciên-
que o jogo estimula a pedagógica que motiva e cias através de jogos
construção de esque- estimula o raciocínio lógico, é uma estratégia que
mas de raciocínio podendo ser utilizado para vem sendo bastante
através de sua ati- levantar questionamentos e aplicada. No Departa-
vação, e isto permite trabalhar idéias relacionadas a mento de Educação do
ao profissional melhor situações cotidianas Instituto de Biociên-
definir a sua atuação cias da Unesp, por
A utilização de jogos como instrumento peda- como educador e promotor do desen- exemplo, foram desenvolvidos jogos didá-
gógico no ensino das ciências vem sendo bas-
volvimento da aprendizagem do aluno. ticos para o ensino de biologia [3]. No
tante aplicada atualmente. Este trabalho apre-
senta uma estratégia envolvendo o jogo e a
O estudo da cinemática deve pro- CINTED-UFRGS, foi desenvolvido um
cinemática que pode ser empregada pelos pro- porcionar ao aluno identificar e entender software educativo composto por um
fessores para atrair os seus alunos para o apren- a evolução dos movimentos que ele realiza jogo que aborda o tema radioatividade.
dizado. e que os outros seres ou objetos realizam Este jogo, intitulado “Urânio 235”,

24 Brincar para construir o conhecimento Física na Escola, v. 11, n. 1, 2010


apresenta conteúdos de química do pro-
grama do Ensino Médio [4].
O Centro Multidisciplinar para o
Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos
(CMDMC), do Instituto de Química da
Unesp, também desenvolveu recentemen-
te o software Chemical Sudoku, uma adap-
tação do jogo sudoku, que estimula o ra-
ciocínio e apresenta conceitos da tabela pe-
riódica de maneira lúdica e interativa. [5]
Vale lembrar ainda que esta estratégia
recebeu a atenção de toda uma edição do
Journal of Chemical Education, recente-
mente [6].
A nossa proposta é um jogo para que
essas medidas sejam feitas para um móvel
que se desloca sobre um tabuleiro onde
cada casa é uma unidade de deslocamento
e que, em cada jogada, um dado determina
quantas unidades de tempo estão se pas-
sando. Fazemos, então, uma comparação
da situação simulada pelo jogo, que é con-
Figura 1 - Esta figura representa um tabuleiro de um dos jogos, empregado nas atividades
creto, com a situação proposta por um
com alunos, no Colégio Futuro VIP.
problema de cinemática.
Nossa experiência nos indica que ati-
vidades lúdicas, como a proposta desse Quem obtiver a maior soma começa a alunos devem construir gráficos represen-
trabalho, estimulam a curiosidade dos jogar, e assim sucessivamente. tando a casa alcançada (“posição”) em
alunos e se mostram úteis quando são 2. O menor valor apresentado pelos função do acúmulo de valores obtidos pelo
apresentadas antes do desenvolvimento dados indica o fator de multiplicação (FM) dado (“instantes de tempo”) verificando
teórico. Nas seções seguintes apresen- e o maior valor apresentado pelos dados que se trata de uma função do primeiro
taremos as instruções para a produção e indica por qual casa o jogador começa. Se grau.
a aplicação do jogo e na última seção apre- os dois dados apresentarem o mesmo va-
sentamos nossas considerações finais. lor o jogador deve lançar os dados nova- Jogo e cinemática
mente até obter valores distintos. Durante a brincadeira é importante
Construção do tabuleiro e regras 3. A cada cinco jogadas o fator de que o professor questione o que está deter-
do jogo multiplicação deve ser definido novamente minando a posição do jogador a cada jo-
A construção do tabuleiro é muito através do lançamento de um dado. gada. Salientar que um dos parâmetros é
simples. Basta construir uma trilha e divi- 4. Os jogadores determinado a cada
di-la em aproximadamente 200 casas. É lançam um dado e jogada (o que simbo-
Nossa experiência nos indica
interessante que nessa trilha haja curvas multiplicam o valor liza o passar do tem-
que atividades lúdicas, como a
para que possamos aproveitá-las para obtido pelo FM, deter- po) e o outro parâme-
proposta desse trabalho,
falar do caráter vetorial da velocidade e minando assim tro se mantém cons-
estimulam a curiosidade dos
sobre a aceleração centrípeta, mesmo sem quantas casas vão tante durante cinco
alunos e se mostram úteis
mensurá-la. É necessário ainda comprar pular. jogadas. É interessante
quando são apresentadas antes
ou confeccionar dois dados e alguns 5. Vence quem mostrar que o produ-
do desenvolvimento teórico
“pinos” (um para cada jogador), para se alcançar ou ultrapas- to desses dois fatores
locomoverem sobre a trilha. sar o final da trilha. determina o deslo -
6. Ao longo da partida cada jogador camento do jogador. Depois que os alunos
Regras do jogo deverá completar uma tabela como a se mostrarem familiarizados com a dinâ-
1. Para decidir quem começa a jogar, mostrada na Tabela 1. mica do jogo o professor pode começar a
os jogadores devem lançar os dois dados. 7. Após jogar e completar a tabela os fazer paralelos com o movimento unifor-
me.
Tabela 1. Tabela básica para o jogo. O fator de multiplicação determina
quantas casas o jogador deve andar para
Casa inicial: cada unidade sorteada pelo dado. Logo FM
Jogada Fator de Valor obtido Acúmulo de Número de Casa alcançada é o número de casas por unidade sorteada
multiplicação através do valores obtidos casas que e, por isso, pode ser associado à variação
dado pelo dado andou de posição com o passar do tempo de um
a
corpo qualquer, basta imaginarmos que
1 os valores sorteados pelo dado determi-
2a nam o passar do tempo.
O aluno pode perceber também que a
3a casa alcançada depende da posição ocu-
4a pada pelo “pino” antes da jogada e do

Física na Escola, v. 11, n. 1, 2010 Brincar para construir o conhecimento 25


participaram desse trabalho apresentaram
um rendimento melhor do que outras,
nem que um outro professor vai ficar tão
à vontade quanto nós ficamos utilizando
esse jogo como ferramenta pedagógica,
mas vimos os olhos de alguns alunos bri-
lhando quando eles, através do jogo, con-
seguiram concretizar uma situação, inter-
pretá-la e discuti-la. Aprender brincando
não é a única forma de aprendizado, talvez
nem seja a mais eficiente, mas é uma das
formas prazerosas tanto para o educando
quanto para o educador.
Através do jogo conseguimos concei-
tuar posição, deslocamento, velocidade,
aceleração, salientar o caráter vetorial da
velocidade, mostrar técnicas para a cons-
Figura 2 - Gráficos da posição vs. instante de tempo e da velocidade vs. tempo para uma trução de gráficos e chamar atenção para
das partidas realizadas pelos alunos. a interpretação deles. Acreditamos que o
aperfeiçoamento desta técnica possa ren-
quanto ele se locomoveu. Da mesma for- dade em função do tempo para comparar der muitos bons frutos.
ma, a função horária de posição de um o comportamento da velocidade em cada
móvel, apresentada para eles na forma um dos gráficos. Referências
S = So + Vt, onde Vt é o produto de dois É interessante observar também que, [1] J. Huizinga, Homo ludens: A Study of
parâmetros que foram concretizados no se o professor tiver um computador e um the Play Element in Culture (Beacon
jogo, é a forma matemática de escrever projetor disponíveis, ele pode levar para Press, Londres, 1950).
que a posição do móvel é determinada pela sala de aula um tabuleiro, escolher dois [2] G. Rizzo, Jogos Inteligentes: A Cons-
posição inicial do móvel e pelo desloca- alunos para jogar perante todos os colegas trução do Raciocínio na Escola Natural
mento realizado por ele, em um determi- e construir a tabela de valores junto com (Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2001),
nado intervalo de tempo. os alunos e projetá-la para que toda a tur- 3ª ed.
[3] http://www.unesp.br/prograd/
Podemos aproveitar as tabelas com- ma a visualize. Eventualmente, também
PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf,
pletadas ao longo das jogadas para cons- pode ser utilizado um programa para como consultado em 02/06/2009.
truirmos diferentes gráficos como, por construção dos gráficos ao longo da par- [4] http://www.cinted.ufrgs.br/renote/
exemplo, o gráfico da posição alcançada tida. Desta forma, toda a turma vai inte- maio2005/artigos/a39
em função do tempo transcorrido (acú- ragir na brincadeira e, possivelmente, softwareradioatividade_revisado.pdf,
mulo de valores sorteados no dado). É im- aprender brincando. como consultado em 02/06/2009.
portante fazer este gráfico com pelo me- [5] http://www.universia.com.br/
nos dez posições alcançadas de modo que Considerações finais noticia/materia_dentrodo
campus_imprimir.jsp?not=39214
possa ser possível observar a mudança da Aplicamos o jogo em turmas do 9°
quando consultado em 02/06/2009.
inclinação da curva com a mudança do ano do ensino fundamental e da 1ª série [6] Mary E. Saecker, J. Chem. Educ. 84 84,
FM (velocidade do móvel). Sugerimos do Ensino Médio do Colégio Futuro Vip. 577 (2007).
também a confecção do gráfico da veloci- Não podemos afirmar que as turmas que
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Qualidade no ensino de física: perspectivas e desafios no século XXI

Refletir cientificamente sobre a qualidade no ensino de física – tema central do


XIX SNEF, a ser realizado em Manaus – significa reconhecer o contínuo desafio
para não regredir nos avanços já conquistados e continuar constituindo no-
vas perspectivas para sempre superar, com discernimento crítico, os estágios
evolutivos contemporâneos – sejam no âmbito da educação, da ciência ou da
política – que se apresentam no processo de desenvolvimento desse conhecimento
humano em todos os níveis educacionais.
Para saber mais, acesse

http://www.sbfisica.org.br/~snef/xix/

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