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IïALIA,1922

0 fascismo italiano foi o primeiro movimento político na Europa a se valer do temor


ao comunismo após a Revolução Russa de 1917, bem como da decepção sofrida por
muitos veteranos de guerra com os resultados do primeiro conflito mundial. Embora
depois de 1918 a ltália fosse um turbilhão de problemas econômicos e sociais e de
ideologias rivais, o surgimento e o sucesso do fascismo teriam sido impensáveis sem o
papel representado por um homem: Benito Mussolini.

lïlUSSÍlLll{l R0]úPE CÍ}Íïl 0 MARXISMÍ!

A biografia de Mussolini reuniu numa só pessoa os elementos contraditórios da so-


ciedade italiana que formataram o movimento fascista após 1919. Nascido na família
pobre de um ferreiro e batizado pelo pai radical em homenagem ao mexicano Benito
Juârez, que executou um imperador, o jovem Mussolinitornou-se um mestre radical, in-
submisso, e jornalista marxista. A habilidade de Mussolini com a retórica o transformou
em um dos primeiros mestres propagandistas do século XX. Ele evoluiu da imprensa
escrita para o rádio e depois para o cinema, usando com sucesso cada forma de mídia
como um instrumento sofisticado de persuasão e doutrinação'
Ainda assim, Mussolini era um personagem profundamente contraditório. Tendo co-
meçado sua carreira seguindo para a extrema esquerda da política italiana, Mussolini
deÍendia uma revolução comunista contra a monarquia parlamentarista e denunciava o
nacionalismo. Mas de repente, em 1914, ele rompeu com Seus camaradas da esquerda
e tornou-se o mais ardente defensor da entrada da ltália na Primeira Guerra Mundial.
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uilA ilÍlvA EsPÉctE DE Ì{ACt0Ì{ÂLtsÍrt0

0 rompimento de Mussolini com o marxismo não significou que tivesse abandonado


inteiramente sua herança esquerdista. Ele alegava que seu novo nacionalismo e o apoio
à entrada da ltália na Primeira Guerra Mundial criaria uma crise no sistema existente.
Sua tese era de que a ltália só seria capaz de travar uma grande guerra se adotasse mé-
todos socialistas de organização de massa. A militarização da sociedade ou a entrada na
guerra seriam a porta dos fundos para a revolução social.
Mussolini bem que poderia ter acreditado nisso, mas, a fim de financiar seu jornal dissi-
dente e seu embrionário partido político, ele dispunha-se a tomar dinheiro dos grandes fabri-
cantes italianos de armas, como a Fiat, e dos governos britânico e francês, que se sentiam
felizes em subornar qualquer um disposto a combater a Alemanha. Como muitos políticos
italianos, Mussolini era corrupto e cínico, mas, ao contrário deles, não era complacente. Na
verdade, estava preparado para usar os métodos mais radicais a fim de conquistar o poder.

Íl ilÍlvll PARTIDÍ! FASCISTA

Após servir na guerra, Mussolini reconheceu que muitos ex-soldados da linha de


frente ressentiam-se dos políticos italianos que os haviam levado à guerra para resul-
tar em tão pouco lucro. Utilizando seus próprios ferimentos de guerra (obtidos em um
acidente), Mussolini apresentou-se como porta-voz dos veteranos. Em março de 1919,
ele estabeleceu seu próprio movimento político, que combinava críticas radicais à elite
italiana com anticomunismo violento e nostalgia pela antiga grandeza romana. Musso-

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0 poeta e Íascista
Gabriele d'Annunzio
observa um desfile dos
. ïfl ÍascistasdeMussolini
-W da sacada da prefeitura
em Milã0, 1922.
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lini adotou o símbolo romano de autoridade, o feixe de varas, ou fasci, como o ícone de
seu novo partido, o fascista.
Enquanto Mussolini ocupava-se em estabelecer seu Partido Fascista, muitos dos
seus ex-camaradas no Partido Socialista ltaliano desviavam-se cada vez mais para a
esquerda, inspirados pelo exemplo soviético. lnflação e desordem econômica levaram
operários em muitas fábricas no norte da ltália a entrar em greve e ocupar'as instala-
ções, arrebatando o controle dos proprietários,

ES0UADRÍIES FASC|STAS C0ilTR0t AM IÌlouIETAçÃ0

Embora os grevistas fossem com frequência ex-soldados, o movimento de Mussolini


atraiu o tipo de veteranos que estavam contentes em acabar com essas greves pela
força. Em 1920, cerca de 50 mil adeptos dos camisas-pretas fascistas formaram es-
quadrões que atacaram grevistas e políticos e jornais de esquerda. 0s industriais, que
haviam apoiado a campanha pró-intervenção de Mussolini depois de 1914, ficaram
felizes em pagar a seus esquadrões para reprimir os sindicatos. Latifundiários também
ajudaram a organizar esquadrões fascistas para evitar a inquietação entre milhões de
camponeses italianos.
Mussolini retirou as partes radicais de seu programa em favor de uma cruzada antico-
munista. Embora os governos da ltália pós-1919 fossem considerados liberais, estavam
contentes em usar os esquadrões fascistas na sua tentativa de domar a inquietação da
classe trabalhadora. A polícia italiana raramente intervinha neste processo, enquanto os
fascistas com frequência intimidavam ou humilhavam seus adversários.

0s FAscrsTAs PERDEM A ELErçÃ0

Por toda a dinâmica e ativismo brutal dos seus adeptos, e o fato de que o governo em
Roma parecia complacente com osfascistas infratores da lei, o partido de Mussolinifoi
mal nas eleições. Apesar da introdução da representação proporcional, os fascistas não
conquistaram quaisquer assentos em 1920 e ganharam apenas 35 (7"/" da votação) em
maio de 1921, quando o premiê liberal Giolitti deu-lhes seu apoiotácito.
Mussolini reconhecia que os integrantes do parlamento davam certas vantagens a

seus adeptos, tais como imunidade de prisão por suas ações violentas mas também via
que não tinha chances de chegar ao poder por meio de eleições. Para isto, fazia-se ne-
cessário um aguçamento da crise interna da ltália. Até certo ponto, a esquerda radical
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fez o seu jogo em I92I, ao rachar o Partido Socialista e estabelecer um Partido Comu-
nista abertamente aliado ao regime de Lenin em Moscou.
Tamanha polarização da política italiana serviu bem a Mussolini. Apostando no te-
mor ao comunismo, deu rédeas soltas aos seus camisas-pretas, enquanto em Roma o
jogo melodioso das cadeiras parlamentares, cuja representação proporcional favoreceu
a eleição de uma hoste de pequenos grupos para o parlamento, viu outra coalizão gover-
namental fraca instalada em fevereiro de 1922.

MUSS0UÌil É SUsrSilillOO

lronicamente, tanto os liberais quanto aqueles à esquerda subestimaram a capacida-


de de Mussolini pelas mesmas razões. Seus discursos floreados e postura nas sacadas
fazia com que parecesse um bufão aos olhos dos seus rivais, que deixaram de notar o
quão eficazmente ele domava os homens rudes que formavam seus esquadrões fas-
cistas, sendo capaz de se tornar o seu Duce, ou líder incontestável. Mussolini foi um
intrigante hábil, um orador eficaz e um organizador paramililar sagaz.
Apesar do que parecia ser uma postura militante, Mussolini passou boa parte do final
do verão de 1922 em negociações estratégicas nos bastidores com a classe dominante
italiana, explorando os seus temores da esquerda. Em meados de outubro, estava con-
fiante de que a maioria da elite italiana o apoiaria como primeiro-ministro se ele tocasse
no assunto, e portanto anunciou uma insurreição armada que, se derrotada, abriria o
caminho para uma revolução de esquerda. Só quando teve confiança de que o exército
não se oporia à ação, Mussolini despachou um forte contingente de 40 milcamisas-pre-
tas para uma marcha sobre Roma no final do mês.

A MARCHA SOBRE RÍlilIA

Na noite de 27 para 28 de outubro de 1922, os camisas-pretas começaram o ocupar


prédios públicos cruciais, como agências de telégrafo, para dar-lhes o controle sobre as
comunicações na crise iminente. 0 primeiro-ministro italiano, Luigi Facta, pediu ao rei
Vítor Emanuel lll que declarasse um estado de emergência e posicionasse tropas para
impedir que Mussolini tomasse o poder. 0 rei aparentemente concordou, mas em mano-
bras de bastidores Mussolini convenceu os principais conselheiros do rei de que, uma
vez no cargo de primeiro-ministro, ele dispersaria seus esquadrões e buscaria "suaves"
políticas econômicas conservadoras. Em vez de arriscar um confronto, o rei ignorou o
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pedido de seu gabinete eleito para impor


a lei marcial e destituiu Facta, substi-
tuindo-o por Mussolini.
Para comemorar sua nomeação e dar
a impressão de que tomara o poder em
vez de ser agraciado com ele; Mussolini
ainda assim levou seus camisas-pretas
para desfilar triunfantemente em Roma.
Esta assim chamada "Marcha sobre
Roma" tornou-se uma lenda da propa-
ganda fascista. 0 próprio Mussolini via-
jou toda a noite de trem a partir de sua
base em Milão para receber os aplausos.
Um triunÍante retrato de Benito Mussolini, Íeito por Gerardo
Dottori, mostra o líder Íascista erguendo-se das colinas da ltália e
A designação de Mussolini como pri-
circundado pela força de seu esquadrão militar. meiro-ministro deu-lhe uma forma de
poder desconfortável e um tanto limita-
da porque ele ainda tinha que lidar com a maioria não fascista no Parlamento. Nos dois
anos seguintes, Mussolini encenou um golpe de estado em câmara lenta, repelindo as
restrições constitucionais acerca do seu poder, Foi só em 1924 que o uso da força tor-
nou-se inevitável e o controle único se tornaria a base do seu regime.

UilI REGIiIE TÍ|ÏÂLIÁRIÍI

O relacionamento desconfortável entre os fascistas paramilitares e o Parlamento


chegou a uma crise em 1924, quando um membro do Parlamento socialista, Giacomo
Matteotti, que enraiveceu os homens de Mussolini com uma crítica mordaz da corrupção
e postura deles, foi sequestrado e morto. A maior parte da oposição boicotou o Parla-
mento, exigindo a renúncia de Mussolini. Após meses de confusã0, Mussolini decidiu
abandonar qualquer simulacro de respeito à lei, agiu abertamente como um ditador e
aboliu os partidos de oposição em janeiro de 1925.
Agora Mussolini proclamou que seu regime era "totalitário". Não toleraria qualquer
oposição e cada italiano seria subordinado ao estado. Por toda a sua grandiloquência
acerca de transformar a ltália, enquanto no poder o regime de Mussolini tornou-se cada
vez mais conservador. Ele firmou os Acordos de Latrão com o papa, pondo fim a décadas
de discórdia entre a ltália e a lgreja católica. 0 próprio Mussolini casou-se no religioso
e celebraria seus quinze anos de matrimônio. Até mesmo pregou a maternidade como
o LlvRo DE ouRO DAS REVOLUçÕES | 159

uma virtude fascista "cada mulher é uma mãe por seu destino natural,' mas prin-
-
cipalmente porque queria produzir jovens
-,
mais homens para suas planejadas guerras
de conquista,
Mussolini queria mobilizar os recursos da ltália para criar uma grande potência mi-
litar que resgatasse o prestígio há muito tempo perdido do lmpério Romano na região
do Mediterrâneo. Contudo, Mussolini confundiu sua retórica sobre o poder italiano com
a realidade.

A lTÁtN DECTARA GUERRA AÍlS ATIAltÍlS

Em 1935 ele invadiu a Etiópia, mas só foi bem-sucedido em derrotar os etíopes pre-
cariamente equipados ao usar táticas de terror como gás tóxico. Ao invés de aprender as
lições da medíocre preparação da ltália, Mussolini utilizou valiosos recursos italianos e
enviou 70 mil soldados para lutar na Espanha em 1936.
A megalomania visionária de Mussolini piorou quando seu aliado alemão, Hiiler,
conquistou vitórias fáceis sobre a Polônia, Países Baixos e França, fazendo Mussolini
concluir que os Aliados já estavam derrotados. Assim, ele declarou guerra à França e à
Grã-Bretanha em 10 de junho de 1940 para garantir sua parte no espólio. A lnglaterra,
contudo, continuou a luta e em breve a precariedade do poder militar italiano se revelou
no norte da África e por uma desastrosa invasão à Grécia. As tropas alemãs resgataram
as italianas a princípio, mas, quando Hitler invadiu a União Soviética e depois declarou
guerra aos Estados Unidos em 1941, o equilíbrio de poder mudou mais uma vez contra
os países do Eixo, e os exércitos italianos sofreram baixas terríveis.
Em casa, a popularidade de Mussolini decaía, e muitos fascistas, generais e o rei
começaram a buscar meios de escapar da catástrofe inevitável. A ditadura de Mussolini

Um grupo de soldados
do Erército Abissínio (na
Etiópia) canega escudos
reÍorçados e fuzis durante
a guena perdida para a
Itália, março de 1936.
160 | MARK ALr\4oND

reduzira a monarquia italiana a um papel decorativo, mas quando os Aliados invadiram I


a Sicília, o rei Vítor Emanuel rapidamente ordenou que o Exército italiano prendesse
Mussolini depois que até mesmo seus próprios camaradas fascistas voltaram-se contra
ele em 25 de julho de 1943.
I
I
MUSSÍITIilI E Íl FASCISM(I MÍIRREM
i

Uma ousada operação de paraquedistas alemães resgatou Mussolini da prisão, mas I


ele era um homem alquebrado. Reduzido a um fantoche dos nazistas, ele governava ago-
ra um regime fascista de fancaria chamado República Social ltaliana, no norte da ltália. I
Na realidade, aárea que ele cobria era a encolhida zona de ocupação nazista, que foi
diminuindo lentamente à medida que os Aliados avançavam do sul. Enquanto Mussolini
fantasiava acerca de conquistar suas metas radicais do início, seus camisas-pretas leais
remanescentes lutaram lado a lado com os alemães numa selvagem guerra civil contra
o número cada vez maior de guerrilheiros que emergiam dos comunistas na clandestini-
dade e de outros grupos de esquerda. Foi uma reprise muito mais brutal da quase guerra
civil entre os anos de 1919 e 1922, e desta vez a esquerda estava vencendo junto com
seus al iados anglo-americanos.
A derrota alemã decretou o fim de Mussolini, que foi entregue nas mãos da resistên-
cia e Íuzilado no final de abril de 1945. Outros fascistas importantes foram mortos junto
com ele e seus corpos expostos em Milão. 0 fascismo como um movimento político
organizado parecia morto também.
Hoje na ltália, um assim chamado partido pós-fascista, a Aliança Nacional, anda por
volta de 15% do eleitorado, sendo um de seus integrantes a neta de Mussolini, Alessan-
dra. Contudo, para ganhar respeitabilidade, a Aliança Nacional tem tido que descartar
as características mais reprováveis da opressã0, táticas brutais e ambições de Mussolini.
Até mesmo apoia a plena integração italiana com a União Europeia em vez de grande
posição de poder para a llália.
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