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Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo
nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o
agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado,
esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa,
sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só
Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade
que por ele passou indiferente" (Rokitansky, 1876).
Durante séculos, o mérito conatural dos indivíduos nos seus próprios corpos e as competências físicas
deparou diversas maneiras de expressão. Os gregos estimulavam as competições atléticas, e apregoavam
a beleza do corpo nas suas esculturas. Vários dos grandes mestres do Renascimento retrataram os
contornos humanos em suas artes. Verdadeiramente, alguns destes artistas eram exímios anatomistas
porque o desassossego com as minúcias demandava que o fossem. Michelangelo foi um artista
extraordinário que deteve a pompa dos contornos humanos com as esculturas, como por exemplo, David,
esculpido em um único bloco sólido de mármore de carrara branco, e em pinturas como as da Capela
Sistina.
A veneração de Shakespeare pelas estruturas anatômicas do corpo humano é deparada em declarações de
seus escritos:
“Que obra-prima é um ser humano! Como é nobre pela razão! Infinito em
competência! Como é expressivo e admirável na forma e no movimento! Nas
ações assemelha-se a um anjo! Na percepção assemelha-se a um deus! A
maravilha do mundo! O modelo de perfeição entre os animais!” (Hamlet 2.2.
315-319).
A anatomia pode ser dividida em três fases principais: a primeira fase cabe à antiguidade, aos precursores.
A segunda fase sucedeu com o declínio do Império Romano, que afetou as ciências, as artes, e também a
anatomia. A terceira fase é a restauração, datada do Renascimento das ciências na Itália. O começo da
anatomia, geralmente, retrocede para as primícias da existência humana, e diz respeito à pré-história. A
anatomia teve princípio com a singela análise de animais debilitados, dos sacrifícios, do embalsamento de
cadáveres, dos ferimentos extensos de paredes, alcançando as cavidades, e exibindo os seus órgãos.
Primeiramente foram anotações destacadas, realizadas sem qualquer propósito de conhecer os órgãos.
O Período Pré-Científico
As ações de descarnar os animais em seguida da morte, proveram abundantes e preciosas lições de
anatomia para os habitantes pré-históricos. Eles compreendiam quais as partes de um animal que seriam
capazes de serem utilizadas como alimento, como vestimentas, ou como utensílios. Incontestavelmente,
os habitantes pré-históricos conheciam que os músculos trabalhavam na locomoção, e que também,
oportunizavam a essencial fonte de alimento. A pele dos mamíferos agregada a seus anexos prestava como
abrigo protetor para a sua pele precária de pelos. Os habitantes pré-históricos utilizavam os ossos dos
animais dos quais se nutriam para adaptar uma diversidade de utensílios e de armas. Os habitantes pré-
históricos compreendiam que os seus próprios ossos poderiam despedaçar em acidentes, e que a cura
imprópria procederia em inépcia eterna. Apresentavam a sabedoria que se um animal estivesse
machucado, sangraria, e aquele prejuízo descomunal de sangue ocasionaria a sua morte. De modo óbvio,
os habitantes pré-históricos notaram as dessemelhanças anatômicas entre os sexos, conquanto não
conseguissem compreender os papéis elementares da reprodução. A percepção que esses indivíduos
traziam era do tipo prático-básico, uma percepção imprescindível para a sobrevivência.
Figura-se agora, qual poderia ter sido um dos primitivos utensílios dos habitantes pré-históricos, para
observar o sistema nervoso central. Os habitantes pré-históricos, quiçá, elaboraram um porrete com uma
extremidade distal esférica e uma extremidade proximal cilíndrica para empunhá-lo e erguê-lo. Ao abaixá-
lo com energia sobre o cume da cabeça de algum desafeiçoado, abria-lhe o crânio mais como arma do que
como um utensílio cirúrgico. Presumivelmente, emaram muitos séculos antes que os utensílios mais
apropriados, como o trepano, fossem elaborados para abrir os crânios com efeitos mais ilustres, curativo,
para comodidade, e sobrevivência dos indivíduos. Contudo, a anatomia tão somente ostentou um estilo de
ciência, quando ela se congregou a necessidade médica, ou seja, a arte de curar.
O Período Científico
A Mesopotâmia e o Egito
A Mesopotâmia era o nome concedido à longa e acanhada cunha de terra entre o rio Tigre e o rio Eufrates,
que nos dias de hoje é ampla parte do Iraque. Primeiramente, muitas averiguações sobre o corpo humano
concebiam um ensaio para referir as forças fundamentais da vida. Por exemplo, os indivíduos almejavam
indagar qual órgão do corpo humano formava a alma. Alguns documentos cuneiformes da Mesopotâmia
Antiga referiam os órgãos do corpo humano que, segundo se conjecturava, convinham para este papel. O
fígado, que foi exaustivamente observado em animais sacrificados, era o “guardião da alma e dos
sentimentos que nos fazem homens”. Esta era uma pressuposição coesa por custas do seu tamanho e de
sua inerente agregação com o sangue, que era acatado indispensável para a vida.
Imagina-se que os egípcios apresentassem sabedoria da anatomia em face das cirurgias cumpridas, e que
tranquilamente remontam aproximadamente há 5000 anos. Foram revelados diversos trabalhos
registrados sobre a anatomia no Egito Antigo, porém nenhum dos trabalhos entusiasmou as culturas que
os advieram. Menés, médico do rei durante a primeira dinastia egípcia aproximadamente de 3400 a. C.,
até mesmos antes das pirâmides existirem, registrou o que é acatado o primeiro manual de anatomia. Entre
os egípcios um dos postos mais relevantes era o de “Abridor de Crânio do Faraó”. Este era o trepanador,
que, podia abrir o crânio do rei, com o propósito de libertar Aam, acatado o monstro devorador que regia
a aniquilamento da alma do morto, condenado pelo tribunal de Osíris, ali preso, ou com maior constância,
com o desejo de liberar o próprio espírito do rei.
Os procedimentos egípcios de embalsamento poderiam ter colaborado imensamente para a ciência da
anatomia se houvessem documentos. Claramente, contudo os embalsamentos, não eram bem vistos pela
população, em geral, do Egito Antigo. Na prática, os embalsamadores eram repetidamente caçados, até
mesmo apedrejados, e mortos. Embalsamar era uma arte simbólica mais arrolada com a religião do que
com a ciência.
Os embalsamentos são ponderados o procedimento mais antigo para a manutenção de cadáveres. Na
verdade é uma maneira antiquada de desidratação sucedida de um tratamento químico, com a utilização
de substâncias das quais não se tem informação primorosa. O procedimento mais utilizado pelos egípcios
durante diversos milênios não foi bem registrado em nenhum dos papiros deparados até o tempo presente.
No papiro Rhind, depara-se a menção de algumas substâncias utilizadas no procedimento de mumificação,
contendo: água de Elefantine, soda de Eleityaspolis, e leite da cidade de Kim. O médico e biógrafo alemão
Sudhiff soube praticar com todo triunfo o procedimento dos egípcios, aplicando procedimentos originais
em cadáveres destinados à anatomia.
No procedimento original, o embalsamador adota, em primeiro lugar, um fragmento de ferro em formato
de gancho, e com o fragmento de ferro afasta-se o contento do crânio, o encéfalo e as meninges, por meio
das cavidades nasais; limpam-se o remanescente do crânio com uma solução de soda cáustica, recebendo,
após, essências balsâmicas. Este procedimento nem sempre era aplicado, pois algumas múmias foram
deparadas com encéfalo. A seguir, realiza-se um corte, no tronco, na região lombar esquerda, enquanto
no períneo era efetuada uma incisão circular em torno do ânus. Por meio das incisões circulares enfiavam
a mão que através do fragmento de ferro, removiam todas as vísceras, exceto o coração. O coração
raramente era extraído por se crer que o coração era a sede da alma. A cavidade torácica era
atenciosamente limpa e tratada com a mais genuína das mirras socada em pilão, e toda a sorte de
especiarias, exceto o incenso. As vísceras eram atentamente banhadas e mergulhadas em vasos,
abrangendo vinho de palmeiras, e outras substâncias dedicadas aos deuses. Em algumas situações, as
vísceras, de tal modo tratadas eram outra vez postas no interior do corpo. Em outras, as vísceras eram
maceradas em solução de soda, e o material injetado por meio do ânus. As demais cavidades corporais
eram completadas com terra, areia, algodão, ou tecido, sendo esses materiais embebidos com essências
balsâmica.
Completada a evisceração e o enchimento das cavidades, os cadáveres eram submergidos durante 70 dias
em uma solução de soda, ou outra mistura de sais minerais, e, em seguida de removidos dessa solução,
postos para secar ao ar livre. Os egípcios parecem ter usado o procedimento de desidratação pelo calor,
pois algumas múmias descobertas exibiam queimaduras.
A China e o Japão
Na China Antiga, a preocupação pelo corpo humano era especialmente, filosófica. Pensamentos sobre a
anatomia estavam fundamentados em pressupostos em lugar de dissecações ou análises diretas. O chinês
reverenciava o corpo humano, e abominava sua extirpação. Uma visível exceção era a prática de apertar
os pés das meninas, e das mulheres jovens, como tentativa de deixá-los mais suntuosos. A sabedoria dos
órgãos internos acontecia simplesmente por meio de feridas, ou de lesões, e tão somente em tempos
contemporâneos foram consentidas dissecações de cadáveres nas escolas médicas chinesas.
O Imperador Xen Nung (2737 a. C.) é acatado como sendo o criador da medicina chinesa. Ao Imperador se
adjudica o Pentsao, O Grande Herbário; e o Imperador Huang-Ti (2697 a. C.) se abona a autoria do Neiching,
O Cânon da Medicina. Estes livros foram registrados a goma-laca, em tiras de bambu. O ideograma
designativo de “médico” era como o hieróglifo egípcio, uma lanceta, na parte superior, e um copo de aparar
sangue de sangria, na parte inferior. No Neiching está registrado: “todo o sangue do corpo se depara sob
a influência do coração: o sangue dimana em círculo contínuo, e nunca para”. Isto foi registrado 4300 anos
antes que William Harvey desvendasse o feitio da circulação do sangue. No Neiching a fisiologia é exótica.
O coração é o rei; os pulmões são os seus ministros executivos; o fígado o seu general; a vesícula biliar, o
seu procurador-geral; o baço, que monitora os cinco paladares, além dos “três lugares queimantes”, que
eram o tórax, o abdome, e a pelve, responsáveis pelo sistema de esgoto do corpo. A avaliação do pulso era
muito apreciada.
Em “Os Espelhos de Ouro da Medicina”, enciclopédia de 40 volumes, elaborada sobre saberes do
Imperador Quien Lung (1644 d. C.), os séculos de informações médicas foram arrolados; nessa obra se
produziram apontamentos de ampla quantidade de procedimentos de tratamento, de modo inclusivo, a
massagem e a acupuntura. A acupuntura, visto que ela sugeria na ação de inserirem agulhas para dentro
de 365 pontos explicitados do corpo humano, adequou à antiga medicina chinesa, a sua inusitada sabedoria
de anatomia, assim como as suas medidas antropométricas, cuja precisão não pode ser apurada
atualmente.
O crescimento da anatomia no Japão foi entusiasmado intensamente pelos chineses e pelos holandeses.
Os registros mais remotos de relevância anatômica no Japão datam de depois do século VI. Os monges
budistas japoneses instruídos na China eram norteados conforme a filosofia chinesa, de tal modo, as
persuasões chinesas concernentes ao corpo humano tornaram-se predominantes no Japão. Por volta do
século XVIII, às inspirações ocidentais, principalmente a holandesa eram tais, que os japoneses buscaram
constituir qual variante da anatomia estaria apropriada. Em 1774, uma obra de cinco volumes designada
de Kaitai Shinsho, “Um Novo Livro de Anatomia” publicada pelo médico japonês Genpaku Sugita,
reconheceu inteiramente as apreciações holandesas do corpo humano, e apontou o começo da era
moderna na anatomia, e na medicina para a população japonesa.
O Período Grego
Foi na Grécia Antiga que a anatomia, primeiramente, granjeou maior anuência como ciência. Até então a
medicina era uma arte sagrada ligada a magia, a astrologia, e a religião. Os atenienses tinham ampla cautela
com os seus falecidos, e de certa feita condenaram a morte um dos seus generais bem-sucedidos, porque
após uma batalha, a caça ao oponente, o fez deslembrar os falecidos que permaneceram para trás sem
sepultamento. Era dever religioso entre os gregos e os romanos acobertar com terra qualquer osso humano
achado porventura. Tão somente os injustiçados e os suicidas poderiam permanecer sem sepultamento.
Deste jeito, o desenvolvimento da anatomia foi arrastado, e a cada passo atravancado em face ao objeto
da ciência, o cadáver rodeado de inúmeras crendices e superstições. Entre os gregos existia a fé de que as
almas dos falecidos haviam de perambular pelas margens do rio Estige ou rio Styx, o rio da imortalidade até
que seus corpos tivessem sido sepultados. Entre os hebreus creram-se que o contato com um falecido
ficava o indivíduo pecaminoso por sete dias, coibindo até seu acesso no templo.
Segundo Galeno foi Alcméon de Cróton (535 a. C.?) discípulo de Pitágoras quem registrou a primeira obra
de anatomia. Porém, é sabido que os raros homens que a história aceita desses tempos, tão somente esses
indivíduos realizaram a dissecção dos cadáveres de animais, e por isso pouco colaboraram para a anatomia
humana. Para Alcméon, o ser humano é um ser pneumático, cujas fontes de vida são quatro órgãos: o
cérebro, o coração, o umbigo, e os genitais. Em dissecções de animais, Alcméon encontrou os nervos
ópticos e as tubas auditivas, assegurando que as cabras respiravam pelas orelhas. Reconheceu o encéfalo
como a sede da vida intelectiva do ser humano, e como receptor da visão e da audição, o cérebro é o centro
da vida e da inteligência, e não o coração e o diafragma como se conjecturava anteriormente. Alcméon cria
que o espermatozoide era parte do cérebro do homem desde os 14 anos de idade.
Nesse período a medicina era entusiasmada por um ensinamento sugerido por Pitágoras, e prosseguida
por Anaxágoras, Empédocles, Demócrito e Aristóteles. Surge agora a imagem fabulosa de Hipócrates de
Cós (460-370 a. C.), acatado o Pai da Medicina; no campo da anatomia nada executou de relevante.
Confere-se a Hipócrates uma ampla coleção de trabalhos médicos, cuja autoria é muito contestável. Os
desiguais tipos de crânio, as modificações das suturas são marcadas para Hipócrates. Concretizou a
classificação das raças humanas por meio das propriedades físicas e a influência dos distintos tipos de meio
ambiente sobre as diferenças físicas. Possivelmente foi o predecessor do estudo da anatomia
constitucional. Expôs o pericárdio como uma capa lisa, abrangendo o coração, e contendo líquido parecido
à urina. Na coleção Hipocrática existem registros sobre o coração, no qual são descritos os átrios, como
também as valvas atrioventriculares. Concebe o cérebro como o mensageiro do pensamento. Hipócrates
foi o primeiro a constituir uma correlação entre o cérebro e a doença sagrada, a epilepsia.
Aristóteles (384-322 a. C.) um discípulo de Platão, era escritor exímio, filósofo, e zoologista. Era também
professor conceituado, contratado pelo Rei Filipe da Macedônia para ensinar seu filho, Alexandre, que
posteriormente ficou conhecido como Alexandre, o grande. Aristóteles é o primeiro a usar a palavra
“Anatomé”, termo Grego, que significa cortar ou dissecar. Aristóteles não dissecou cadáveres humanos,
pensava que os apontamentos em animais eram correspondentes nos homens, à analogia Aristotélica.
Refere às meninges, e afirma que o cérebro apresenta cavidades. Designou a aorta, e distinguiu as artérias
das veias. Aristóteles escreveu o primeiro relato conhecido de embriologia, em que expôs o
desenvolvimento do coração em um embrião de galinha. Aristóteles é reconhecido como o fundador da
anatomia comparada. Apesar de suas admiráveis concretizações, Aristóteles propagou algumas teorias
equivocadas concernentes à anatomia. Por exemplo, o princípio dos humores instituía os limites do seu
pensamento. Platão tinha exposto o cérebro como o “assento do sentimento e do pensamento”, porém
Aristóteles divergiu. Ele estabeleceu a sede da inteligência no coração, e interpretou que o papel do
cérebro que era banhado por um líquido, apenas seria resfriar o sangue bombeado pelo coração,
conservado assim, a temperatura corpórea.
O Período Alexandrino
No ano de 334 a. C. assinala o começo do Período Alexandrino na História da Grécia. Alexandre Magno
fundou a cidade de Alexandria aproximadamente entre os anos de 331-323 a. C. Além de uma ampla
biblioteca, existia também, uma escola de medicina em Alexandria. O estudo da anatomia prosperou
porque eram consentidas as dissecções de cadáveres e vivissecções. Infelizmente, as contribuições
sapientes e o desenvolvimento científico de Alexandria não persistiram. A destruição da maioria dos
registros ocorreu quando a ampla biblioteca foi incendiada pelos romanos ao invadirem a cidade em 30 a.
C.
Herófilo da Macedônia
Em 300 a. C., aproximadamente Ptolomeu I permitiu a efetuação de dissecção de cadáveres a Herófilo
(335-280 a. C.). Esta concessão dura aproximadamente 30 a 40 anos. Herófilo pode ser acatado o Pai da
Anatomia, o maior anatomista grego antes de Galeno, e a sua determinação por dissecções levaram o nome
de “devorador de cadáveres”, crê-se que ele dissecou mais de 100 cadáveres. Expôs descrições fantásticas
do crânio e dos olhos. Duas obras extraordinárias de Herófilo são designadas de “Sobre a Anatomia” e “Dos
Olhos”.
Erasístrato de Chio
Erasístrato (304-250 a. C.) preocupava-se mais pelas funções do corpo humano do que pela estrutura, e
muitas vezes, é chamado de “Pai da Fisiologia”. Aperfeiçoou as informações sobre o cérebro e o cerebelo,
o qual ponderou estes órgãos como a sede da alma. Distinguiu a substância cerebral, e não a dura-máter
como a origem dos nervos cranianos. Determinou o cérebro e o cerebelo como órgãos parenquimatosos.
Erasístrato referiu os ventrículos encefálicos. Junto com Herófilo estabeleceram que o número de giros
esta relacionado com a inteligência humana.
Todavia, o brilhantismo das descobertas anatomopatológicas de Herófilo e Erasístrato caiu em desgraças.
A desconfiança de que escravos e condenados a morte tinham sido dissecados vivos, após a autorização
de Ptolomeu. Relata uma passagem em Machado de Assis – “Contos Alexandrinos”, a história de dois
filósofos: Stroibus e Pítias.
“Tinham sido escalpelados cerca de cinquenta réus, quando chegou à vez de
Stroibus e Pítias. Vieram buscá-los; eles supuseram que era para a morte
judiciária, e encomendaram-se aos deuses. De caminho, furtaram uns figos, e
explicaram o caso alegando que era um impulso da fome; adiante, porém,
subtraíram uma flauta, e essa outra ação não a puderam explicar
satisfatoriamente. Todavia, a astúcia do larápio é infinita, e Stroibus, para
justificar a ação, tentou extrair algumas notas do instrumento, enchendo de
compaixão as pessoas que os viam passar, e não ignoravam a sorte que iam
ter. A notícia desses dois novos delitos foi narrada por Herófilo, e abalou a
todos os seus discípulos.”
Os anatomistas desejavam saber se nervo do furto habitava na palma das mãos. Pelo que se diz, Herófilo
dissecou primeiro Stroibus, e a seguir Pítias durante oito dias.
O Império Romano
Em muitos enfoques, o Império Romano conteve os progressos científicos, e as bases para a Idade do
Obscurantismo. A abordagem científica supriu a teoria pela prática durante esse período. Foram efetuadas
algumas dissecções de cadáveres humanos, tendendo mais estabelecer o motivo da morte em casos
criminais. A medicina não era preventiva, porém restringia-se, quase sem exceção, ao tratamento de
soldados lesados em combates. Nos últimos tempos da história romana, as leis eram colocadas atestando
o prestígio da igreja na prática médica. Conforme as leis romanas, por exemplo, nenhuma gestante morta
poderia ser sepultada sem a retirada do feto do útero de maneira que pudesse ser batizado.
Cornelius Celsius
A maior parte do que se sabe, hoje em dia, sobre a escola médica da Alexandria fundamenta-se nos
registros do enciclopedista romano Celsius (30 a. C.- 30 d. C.). Ele reuniu estes dados em um trabalho de
oito volumes: “Dere medicina”. Entretanto, Celsius teve crédito tão somente restrito em sua própria época,
possivelmente devido da utilização do latim em lugar do grego.
Claudius Galeno
Galeno (130-201 d. C.) nasceu em Pérgamo, cidade grega da Ásia menor, médico de Marcus Aurelius
Antoninus e Imperador de Roma. Foi médico da Escola de Esgrima, e exerceu a medicina em Roma. As
descrições de Galeno esporadicamente se adaptam aos órgãos humanos, as suas descrições foram
efetuados em macacos, bois, e porcos. Quanto não haveria realizado Galeno se lhe fosse possibilitada a
dissecção de cadáveres humanos, uma vez que ele viveu em um período, onde milhares de coitados eram
sacrificados pela excentricidade selvagem da população romana, especialmente pelos seus imperadores,
mas que não consentiam a anatomia servir-se de um cadáver. As essenciais efetivações de Galeno
deparam-se no campo do sistema nervoso. Os nervos medulares foram divididos segundo as regiões, e os
nervos cranianos em número de nove pares: o nervo óptico, o nervo oculomotor, o nervo troclear, o nervo
trigêmeo, o nervo palatino, o nervo acústico, o nervo facial, o nervo auditivo, e o nervo hipoglosso. Já
conhecia o infundíbulo da hipófise, que cria comunicar-se com a cavidade nasal. Galeno descreve o esterno
com sete peças, tanto como as costelas com as quais se articula. Realizou diversas trepanações do esterno,
em especial de um homem jovem com presumível mediastinite séptica. Parece ter sido o primeiro a realizar
uma ressecção do pericárdio. Descreveu a cartilagem tireóidea com o nome de “O Chondros thyreoides”,
semelhante ao escudo cretense. Jamais, o renome de um homem trinfou de forma tão extensa em uma
ciência como a de Galeno na medicina. Suas inspirações alongam-se pelos próximos 13 séculos através da
Idade Média até o século XVI, sendo que as obras de Galeno estabelecem o fundamento das informações
anatômicas.
Concepções de corpo na tradição judaico-cristã
O homem é imagem e semelhança de Deus, sendo por Ele modelado como composto de argila do solo e
do sopro divino. No Cristianismo, principalmente nas obras teológicas de Paulo de Tarso, Justino (110-167),
Tertulliano (155-240), Irineu (140-200), o homem é definido como um composto de corpo, alma, e o
espírito. Segundo Irineu, por exemplo, quando o homem se torna o corpo espiritual, ele atinge o estado de
sua plena efetivação:
A natureza corpórea foi modelada segundo a imagem de Deus. Se
prescindirmos da substância material, ou seja, da obra modelada por Deus, e
levarmos em consideração somente o espírito, então não falaríamos mais de
um homem espiritual, mas do espírito em si. Os elementos que compõem o
homem perfeito são três: corpo, alma espírito. (IRINEU apud MASSIMI, 2005).
A Idade Média
Esse período prolongou quase 1000 anos até Constantinopla ser conquistada pelos turcos em 1453. A
dissecção de cadáveres foi completamente impedida durante a Idade Média, e a violação de cadáver era
ponderada uma atitude criminosa, comumente castigada com a condenação à fogueira enlaçada a uma
estaca. Caso acontecessem mortes incompreensíveis, os exames por inspeção e palpação eram benquistos.
Durante a peste negra no século XVI, contudo, foram efetivadas algumas dissecções na expectativa de
estabelecer o motivo desta aterrorizante doença. Durante as Cruzadas Religiosas, os soldados cozinhavam
os ossos de seus parceiros mortos, de tal modo, que os soldados pudessem retornar para as suas moradias,
e ter um enterro digno. Contudo, até mesmo esta ação foi ponderada uma profanação, e duramente
censurada pela Igreja. Um disparate da Idade Média já que os camponeses eram menos respeitados, e
tinham menos direitos enquanto viventes do que quando falecidos.
A Contribuição do Islame
Os povos da língua árabe deram intensas colaborações à história da anatomia da uma maneira mais
incomum. Foi o mundo islâmico que preservou ampla parte da cultura ocidental dos escombros do Império
Romano, da exploração da Igreja Cristã, e das perseguições da Idade Média. Com a ampliação do Islame
pelo Oriente Médio e Norte da África durante o século VIII, foram trazidos de volta os documentos
remanescentes de Alexandria para os países árabes onde foram traduzidos do grego para o árabe. Quando
a Idade do Obscurantismo imperava a Europa, a Igreja Cristã buscou reprimir qualquer declaração cultural
ou informação profana que não fossem aceitos pelos dogmas cristãos. A exploração do corpo humano foi
acatada herege, e a Igreja proibiu as escritas sobre anatomia. Tão somente no século XIII as traduções
árabes voltaram à Europa e, por seu lado, foram traduzidas para o latim. Dessa maneira, os médicos árabes,
cujas habilidades são hoje redescobertos, tinham introduzido mudanças sábias nas ideias galênicas. Entre
eles, o persa Avicena (980-1037) tinha bons conhecimentos sobre o bulbo ocular, e dizia que a cegueira
não era por causa do cristalino, contudo pelo nervo óptico. Descreveu o hímen, como sendo um
aglomerado de vasos de sangue e delgados ligamentos. Outro médico, alquimista e filósofo persa, Rhazes
(850-923) diretor do hospital de Bagdá, também tinha conhecimento do bulbo do olho. Já, Ibn al-Nafis
descreveu caprichosamente a circulação pulmonar. Em sua explicação do Cânon de Avicena, Ibn al-Nafis
descreve: “depois que o sangue foi refinado no ventrículo direito, é necessário que o sangue passe para a
cavidade esquerda, onde se compõem os espíritos vitais. Nesse nível, a substância do coração, é
especialmente sólida, e não há nenhuma passagem visível nem passagem invisível adequada de possibilitar
a circulação desse sangue como cria Galeno. Não obstante, a substância é espessa, e não existem poros
permeáveis. Por conseguinte, o sangue, após de ter sido refinado, deve basicamente passar para a ‘veia
arterial’ – a ‘artéria pulmonar’, ir de tal modo até os pulmões, difundir-se na sua substância, e lá se misturar
com o ar para que sua parte mais perspicaz seja purificada, e possa passar para ‘artéria venosa’ – a ‘veia
pulmonar’ para atingir a cavidade esquerda do coração, tornando competente a constituir os espíritos
vitais”. Por fim, Avenzahar é acatado o pioneiro da plástica de períneo. Todos eles foram extraordinários
médicos para o período, contudo poucos colaboraram para a anatomia.
O Renascimento
O período conhecido como Renascimento foi caracterizado pela vida nova das ciências. O Renascimento
foi inserido nas amplas universidades europeias situadas em Bolonha, Salerno, Pádua, Montpellier, e Paris.
Tão somente no Renascimento seriam consentidos, ainda que com certa precaução e decência, os
procedimentos de invasão do corpo por meio de estudos de cadáveres. No desenvolver desta que, por
certo, representou uma contestação em relação ao seu tempo, em 1482 o Papa Sisto IV consentiu a
dissecção de cadáveres, a qual foi aprovada, em 1525, pelo Papa Clemente VII, demolindo os danos
religiosos que atalhavam o desenvolvimento da ciência médica. A primeira dissecção de cadáveres
realizada nestas universidades foi obra do cirurgião William de Saliceto (1215-1280) da Universidade de
Bolonha. O estudo da anatomia espalhou-se velozmente para as outras universidades, e pelo ano de 1300,
as dissecções de cadáveres tinham se tornado uma parte complementar do currículo médico. Entretanto,
o ensinamento Galênico de que a anatomia humana era o bastante conhecida permanecia. O ensino da
anatomia humana com demonstração dos órgãos executadas em cadáveres pelo próprio professor,
principiou-se em Bolonha, em 1315, com Mondino de’ Luzzi, que é designado o restaurador da anatomia.
Os professores de anatomia pronunciavam as suas aulas de cátedras um pouco distante do local do
cadáver. A frase: “eu não devo tocá-lo com uma vara de 10 pés” possivelmente originou-se durante esse
período em menção ao odor de um cadáver em deterioração.
Entre os primeiros livros de anatomia a serem impressos estava o de Jacopo Berengario de Carpi (1470-
1530) professor de cirurgia em Bolonha e Paris durante 25 anos, antecedendo a Vesalius. Conta à história
ter Berengario de Carpi dissecado mais de 100 cadáveres. Ele descreveu diversas estruturas anatômicas,
como por exemplo, o apêndice vermiforme, o timo, a membrana do tímpano, a comunicação do seio
esfenoidal com o meato nasal superior, e a laringe. Descreve a medula espinal, terminando no adulto ao
nível de L2.
Por causa da acelerada putrefação de um cadáver não embalsamado, os livros de anatomia do começo do
Renascimento eram arranjados de maneira que a partes mais perecíveis do corpo fossem descritas
primeiramente. As dissecções iniciavam pela cavidade abdominal, a seguir, o tórax, a cabeça, e por fim os
membros superiores e inferiores. Uma dissecção durava, em média quatro dias.
Com o aumento pelo mérito na anatomia durante o Renascimento, a aquisição de cadáveres para a
dissecção se tornou um problema grave. Estudantes médicos cometiam repetidamente a invasão de
sepulturas para saqueá-los, até que um decreto oficial foi expedido, possibilitando utilizar os corpos de
criminosos executados com espécimes.
O estudo da anatomia prosperava em Paris, com Jacobus Dubois, Sylvius (1478-1555). Sylvius foi professor
de anatomia e cirurgia no Colégio da França. Foi o primeiro a dar uma apropriada descrição dos músculos,
que receberam nomes conforme a sua forma e a sua situação. Sylvius falava impecavelmente o latim, o
grego, e o hebraico. Deve-se a Sylvius uma reconsideração da nomenclatura dúbia, tendo passado do árabe
para o grego. Manteve os equívocos de Galeno contra Vesalius seu discípulo. Chegou a garantir que um
equívoco de Galeno estava fora de contestação. Dizia que a espécie humana estava se alterando, e
sofrendo uma “degenerescência”, como por exemplo, o encurtamento do esterno, quando escreveu que
ele apresentava sete partes, conforme Galeno.
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni
Uma das mais apreciadas imagens plásticas do Renascimento, pintada na Capela Sistina por Michelangelo
(1475-1564) entre 1508 e 1512, em “A Criação do Homem” encontra-se a imagem das mãos aproximadas,
como sendo as de “Adão” e de “Deus”. Ao analisar estas pinturas que integram o teto da capela erguida
por Sisto IV, Marco Bussagli vê que seu pintor, também apresentava informações da musculatura de
antebraços, sendo que na pintura do membro superior de “Deus” assinalam-se os seguintes músculos: o
músculo palmar longo, o músculo extensor longo do polegar, o músculo extensor curto do polegar, e o
músculo abdutor longo do polegar. Em relação ao membro superior esquerdo do “Homem” é possível o
reconhecimento das seguintes estruturas anatômicas: o músculo flexor ulnar do carpo, o músculo
braquiorradial, e o músculo palmar longo.
Leonardo da Vinci
Em seu tratado de anatomia nunca acabado, projetado para ser escrito em cooperação com o jovem
professor de anatomia Marcantonio Della Torre (1481-1512), Leonardo da Vinci (1452-1519) assumiu que
ajudou a dissecar 30 cadáveres junto a escolas de medicina.
A escrita invertida é uma característica das observações do canhoto da Vinci, em seus desenhos. No
desenho de da Vinci, intitulado o “Coito”, os vasos de sangue também surgem, assim como um canal que,
saindo da medula espinal do homem atinge ao testículo. O ducto que deixa a medula espinal, e que chega
ao pênis trata-se de um incremento inexistente que se deve à pérfida atribuição da medula espinal de uma
virtude generativa, isto é, da Vinci fundamentado em Galeno, cria que a parte ativa, a reprodutiva, e densa
do espermatozoide produzido na medula espinal, seriam o responsável pela nova vida a ser gerada no
ventre feminino.
Outra obra a ser considerada do ponto de vista anatômica e fisiológica é o “Embrião no útero”, de da Vinci
que, ainda que, o processo de placentação seja de uma vaca, pode tratar-se de uma falha, ou puramente,
uma imagem de da Vinci pôr o homem no centro da natureza típica do antropocentrismo, tônico no
Renascimento. Ele ponderou o homem como o centro do universo, distendendo a figura humana em duas
formas geométricas, uma em relação ao quadrado, e a outra em relação ao círculo, sendo que a unidade
melodiosa seria dada pelo conjunto. Seu ponto de partida foram os escritos do arquiteto e do engenheiro
militar Marco Vitrúvio, o qual constituíra no século I antes de Cristo a doutrina que relacionava a
proporcionalidade da soberba arquitetura com as do homem de boa conformação. De tal modo,
reassumindo aos estudos remotos, e checando as proporções humanas com as das construções, da Vinci
determinava que o centro do corpo humano, era a sínfise púbica, e não o umbigo.
Andreas Vesalius
Andreas Vesalius (1514-1564), de Bruxelas, médico flamengo, Flandres, região da Bélgica e França, e
professor de Anatomia em Pádua, Itália. Vesalius foi o responsável por uma revolução, ao fundar a moderna
ciência da Anatomia, publicando sua extraordinária obra intitulada “De Humani Corporis Fabrica Libri
Septem”, em 1543, e ilustrada por um artista, Johannes Calcar. Vesalius acompanhou as doutrinas de
Galeno, abreviados no seu pensamento “dissecar e observar”, que levou Vesalius, a derrubar a Anatomia
Galênica, fundamentada em dissecção de animais. Vesalius padronizou a terminologia anatômica, realizou
contribuições em osteologia e miologia, e renunciou, em cardiologia, o conhecimento de Galeno do septo
pérvio, ou seja, intercomunicante. A revolução contra Galeno, e a sua Anatomia gerou ondas de críticas.
Vesalius foi extremamente censurado pelos seus mais proeminentes concorrentes Sylvius seu mestre, e
Bartolomeu Eustáquio. Vesalius viveu num período em que o pensamento e a inovação eram graves,
quando muitos tiveram que pagar com a vida a liberdade intelectual. Não resta dúvida que Vesalius foi o
primeiro pensador anatômico que ousou criticar Galeno, e soube rescindir a cega adoração a Galeno,
contestando seus equívocos. Estes fatos levaram Vesalius à Espanha, onde foi indicado como médico do
Imperador Carlos V.
Conta à história que Vesalius caiu em infortúnio perante a corte e o clero. O Imperador Carlos V, utilizando
a sua reputação foi capaz de subtrair Vesalius das suplicias da Inquisição, fazendo com que o mesmo fizesse
uma andança à Terra Santa. O crime praticado por Vesalius era irredimível. Estava ele ocupado em dissecar
um cadáver humano de um nobre cavaleiro da corte do rei ferido em duelo, quando um de seus assistentes
testemunhou o coração bater. Segundo consta, o assistente amparando-se sobre o cadáver fez o sangue
venoso refluir para os átrios. Contudo, na realidade, é que o renome europeu que receberia em virtude de
seus trabalhos de anatomia, assim como a devoção de Carlos V, e posteriormente, de Felipe II, que
conquistara com suas vocações de médico, valeram a Vesalius, a cobiça e a aversão de diversos
contemporâneos, e para explicitar Sylvius, seu mestre, que o chamou de “Vesano” – “o Louco”. Aos 50
anos de idade, em 1564, Vesalius retorna à Itália após uma andança a Jerusalém, sofreu um naufrágio em
Zante, ilha nas costas da Grécia, onde faleceu de fome e fadiga depois de errar solitário durante três dias
após ter sido lançado na ilha.
Tal a relevância das práticas e das informações indicadas por Vesalius que, no século seguinte, seus estudos
ganharam visibilidade em telas, como por exemplo, “Lição de Anatomia do Dr. Tulp” pintada por
Rembrandt em 1632, onde aos pés do cadáver surge um livro de anatomia de sua autoria, evidenciando
uma dissecção dos músculos flexores dos dedos, enquanto realiza o movimento explicativo com a sua mão
esquerda. Na realidade, esta aula com sete alunos anatomistas é de demonstração, não acontecendo cá
uma dissecção anatômica, e que a tela abrange dois erros anatômicos: o comprimento do membro superior
esquerdo é bem maior que o membro superior direito, e os músculos flexores superficiais do antebraço
estão surgindo incorretamente do epicôndilo lateral, ao invés do epicôndilo medial, o que indica o
insciência de Rembrandt sobre anatomia. Além disso, Dr. Tulp não era cirurgião nem anatomista, porém
um médico preocupado em distinguir as sequelas dos incômodos nos diversos órgãos do corpo humano.
Entretanto, o legado do Renascimento, o ensino como demonstração sugere a relevância da anatomia no
ensino médico.
Após muitos séculos de marasmos profundos, decadência e omissão das ciências, diversos anatomistas
surgiram, deixando seus legados em nome da história da anatomia e da medicina. O sucessor de Vesalius,
em Pádua, foi Matteo Realdo Colombo (1516-1559), que viu a concomitância entre a sístole e a expansão
arterial; e a diástole com a contração arterial. Confirmou a ausência de poros no septo interatrial e no septo
interventricular, assim como a teoria de Servet, no livro De Re Anatomica, publicado em 1559, pouco
depois de sua morte.
Realdo Colombo, por sua vez foi sucedido por Gabriele Fallopius (1523-1562) para quem Vesalius era “um
médico esplêndido e professor divino”. Fallopius, conhecido pela sua versatilidade, um “scholar” no sentido
dos anglo-saxônicos, era ponderado um professor diversificado de anatomia e maravilhado pelas
abundantes colaborações realizadas a quase todos os sistemas e aparelhos do corpo humano. Foi professor
de anatomia em Pisa e Pádua, onde acumulou as cadeiras de anatomia e cirurgia. Diversas colaborações
relevantes para a anatomia foram descritas por Fallopius: a tuba uterina, o clitóris, o hímen, o ligamento
redondo do útero, a vagina, a placenta, órgãos da audição e do equilíbrio, o ligamento inguinal, a papila
ileal. Conta à história que Fallopius, em Pisa, realizou pesquisas sobre a medicação de venenos em
criminosos condenados.
Fallopius, por sua vez teve como contemporâneo, Miguel Servet (1509-1555), nascido na Espanha, estudou
medicina, em Paris. Junto à Vesalius, à Servet, também foi atribuída à descoberta da circulação pulmonar.
Condenou impetuosamente os mandamentos cristãos, atacando os católicos e os protestantes, exaltando
uma religião naturalista. De tal modo, Servet obteve uma soberba reputação de herege, sendo duramente
perseguido. Aos 42 anos de idade foi queimado vivo, em 1555, por determinação do arcebispo de Viena,
João Calvino.
Fallopius era habitual que tivesse seduzido discípulos excelentes, entre os quais, um dos mais brilhantes
anatomistas de todos os tempos: Girolamo Fabrizio, ab Acquapendente (1533-1619), cidade onde nascera
na região de Piemonte. Fabrizio, médico e cirurgião excepcional, de rara habilidade, que cuidou dos mais
ricos personagens da república vienense, recusando-se sempre a aceitar qualquer pagamento em dinheiro,
porém foi alvo de diversos presentes. Fabrizio concentrou todo o conhecimento de Fallopius, e chegou a
ultrapassá-lo. Ele recebeu a condecoração máxima, Professor Supraordinarius, da Universidade de Pádua,
e se diferenciou, também, por realizar jus ao mais alto salário pago, “em peças de ouro”, a um professor
de Anatomia.
Os séculos XVII, XVIII e XIX
Durante os séculos XVII e XVIII, a anatomia alcançou uma aprovação incomparável. Em alguns enfoques,
adotou também uma qualidade um pouco teatral. Anfiteatros magníficos eram construídos em diversas
partes da Europa para demonstrações públicas de dissecções. Ingressos eram vendidos a preços
descomunais, e as dissecções eram realizadas por anatomistas graciosamente vestidos, e que também
eram majestosos discursadores. Os cadáveres eram geralmente, de prisioneiros executados, e as
exposições eram marcadas durante o inverno devido da natureza perecível dos cadáveres.
William Harvey (1578-1657) médico inglês instituiu um marco histórico com a publicação do seu trabalho
intitulado “Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus”, ao prover os embasamentos
da circulação do sangue. De forma irônica, nas críticas e nas discussões que se seguiram, a palavra
latina circulator era usada, pelos oponentes, difamador, com o significado de charlatão. Demonstrou de
maneira definitiva, por meio de observação direta da circulação de animais de laboratório, que o sangue
oriundo do ventrículo direito seguia pela artéria pulmonar em direção aos pulmões, e retornava ao coração
por meio das veias pulmonares. Suas observações sepultaram terminantemente a teoria da presença de
poros interventriculares. Contudo, Harvey ignorava a fisiologia da circulação pulmonar: a dissipação de
CO2 e absorção de O2.
A invenção do microscópio óptico composto, por Hans (pai), e Zacharias (filho) Janssen, ocorreu na
Holanda, em 1590, foi utilizado por Robert Hooke, e por Anton van Leeuwenhoek. Este inventou o
fotomicroscópio simples, na Holanda, em 1673, que lhe possibilitou, com uma lente, realizar
extraordinárias descobertas sobre micro-organismos. Hooke, na Inglaterra, e Leeuwenhoek, na Holanda,
utilizando simples microscópios, fizeram fantásticas contribuições em Biologia e Zoologia. Na Itália, o
médico Marcello Malpighi (1628-1694), anatomista, botânico, e dono de uma individualidade
plurifacetada. Malpighi era considerado também, microanatomista e morfologista. Graças à esmiuçada
utilização do microscópio composto, Malpighi comprovou com a sua descoberta dos capilares, em
anastomoses de arteríolas e vênulas, a previsão realizada por completo, de tal modo, o conhecimento da
“circulação do sangue”. Portanto, tão somente com o progresso da tecnologia munida pelo microscópio
foi admissível provar a ideia revolucionária de Harvey.
No século XVIII as técnicas de conservação de cadáveres conheceram relevante desenvolvimento devido
especialmente aos seguintes investigadores: Guilhermo Hunter (1718-1783), que usava o álcool como meio
de fixação e conservação. Pierrento Dionis aplicava o ácido tânico para se impedir o desenvolvimento de
fungos. Francois Chaussier (1742-1828) aplicou o biocloreto de mercúrio para impedir a putrefação e
melhorar a mumificação. Johann Jacob Ritter (1714-1784) usou o arsênico. Karl Wilhelm Sheele (1742-
1786) um farmacêutico sueco, que descobriu a glicerina. Na ocasião, Sheele a batizou de “o doce princípio
das gorduras”. Coube ao anatomista italiano Carlo Giacomini (1840-1898), o primeiro uso da glicerina para
preservar cadáveres, cuja técnica ganhou o seu nome. Posteriormente, August Wilhem V. Hoffmann (1818-
1892) químico alemão, descobriu e passou a usar o formol como substância para a conservação de
cadáveres.
A fundamental colaboração científica do século XIX foi à formulação da teoria celular. Pode-se até discutir
que esta teoria teria sido a descoberta mais relevante na história da biologia e da medicina porque todas
as funções do corpo humano foram enfim explicadas como consequência da função celular.
Dentre os nomes relevantes da anatomia do século XIX destacaram-se William Sharpey (1802-1880) e
Henry Gray (1827-1861), os dois reconhecidos por suas colaborações tanto na organização de algumas das
edições do Quain’s Anatomy quanto na publicação do Gray’s Anatomy, obras dedicadas ao progresso do
conhecimento da anatomia humana por parte de médicos cirurgiões, cujas atividades foram excitadas pela
chegada da anestesia.
Os séculos XX e XXI
As contribuições para a ciência anatômica durante o século XX não foram tão magníficas quanto o eram no
período em que pouco se sabia sobre a estrutura do corpo humano. O estudo da anatomia se aperfeiçoa
cada vez mais por meio das especializações, e as pesquisas se tornaram mais minudenciadas e mais
complexas.
Infelizmente, um ponto negativo ocorreu no período da 2ª Grande Guerra Mundial, período em que as
polêmicas bioéticas, abrangendo as experiências com seres humanos tomavam corpo com o processo de
Nuremberg, anatomistas alemães foram denunciados de utilizar corpos de vítimas do holocausto para as
pesquisas anatômicas, de tal modo como foram realizadas diversas acusações da presença da suástica
nazista nas páginas de alguns atlas anatômicos do período.
Após especificar alguns dos enfoques históricos, sociais, e culturais que possibilitaram a exaltação da
anatomia humana como esfera de conhecimento organizado nos padrões constituídos pela ciência
moderna. No âmbito brasileiro, e mais especificamente paulista, foi instituída e sustentada uma escola de
anatomia ilusoriamente clássica, orientada por ritos e tributos ao seu fundador, o anatomista italiano
Alfonso Bovero.
A proposta de ensino e pesquisa estabelecida por Bovero manifestou-se inovadora na conjuntura brasileira.
Contudo, uma visão mais esmiuçada acerca de suas propostas e vantagens sugere que o seu padrão de
ensino/pesquisa fora parecido ao explorado por Mondino, no século XIV, e Vesalius, no século XVI,
contemplados os “reformadores” da anatomia e que, ao dar preferência à prática da dissecção, e a
utilização de compêndios e de livros textos, instauraram uma metodologia clássica de ensino e pesquisa
que individualiza a disciplina de anatomia humana.
Quanto ao enfoque nas técnicas de preparação de peças anatômicas, com o tempo, elas foram se
modificando. Diversas formas de conservação das peças anatômicas com o uso substâncias que evitam a
proliferação de micro-organismos foram utilizadas. As mais habituais são: o formaldeído, a glicerina, o
álcool etílico, e o fenol. O formaldeído é o fixador e conservante mais usado, por ser barato e adentrar
velozmente nos tecidos, mas está sendo desconsiderada pelo seu cheiro enjoativo e a deterioração das
peças anatômicas. A partir de 1977 uma nova técnica de preparação de peças anatômicas foi elaborada.
Essa descoberta foi realizada pelo médico e professor da universidade de Heidelberg na Alemanha, Gunther
Von Hagens, o qual se intitula “Vesalius do século XXI”, que inventou e desenvolveu o processo batizado
por Gunther de plastinação, que incide numa maneira moderna de mumificação, fazendo com que os
cadáveres tenham uma elevada resistência.
Assim, a plastinação, é outro aspecto que envolve polêmicas bioéticas, onde os "espécimes" inodoros,
secos, e quase eternos estão sendo vastamente utilizados como modelos de anatomia em exposições e
faculdades de medicina. Milhões de desconhecedores já testemunharam corpos dissecados em uma das
“fantásticas” exposições de anatomia pelo mundo, e um novo mercado on-line de "espécimes" humanos
plastinados está aumentando.
Por fim, a anatomia humana sempre será uma ciência relevante. Não tão somente aperfeiçoa nosso
entendimento individual do funcionamento do corpo humano, entretanto, também é fundamental no
diagnóstico clínico e no tratamento das doenças. A anatomia humana já não está mais restringida à
observação e a descrição das estruturas isoladamente, porém se ampliou para compreender as
complexidades de como o corpo humano age como um todo integrado. A ciência da anatomia é dinâmica,
e permanecerá ativa porque os dois aspectos do corpo humano, a estrutura e a função, são inseparáveis.
O termo Anatomia, etimologicamente, tem origem Grega (anatomé): Ana (distributivo, em partes)
e Tomé (corte, por exemplo, tomos de um Tratado) ou Temnein (cortar). A agregação das palavras significa
dissecação, ou dissecção. Dissecação procede do termo latino dissecare (dis: em partes; secare: cortar,
incisar) e corresponde ao termo anatomia. O termo dissecação é utilizado para designar a técnica mais
corriqueira e habitual usada no estudo de anatomia. Dissecação expressa exposição ordenado dos
órgãos do corpo por meio de incisões apropriadas, em ordem natural, separando-os de forma mais ou
menos tradicional, para estudá-los em particular, com a intenção de pôr relação de dependência entre
forma e função. Esse estudo é obtido no cadáver de indivíduo adulto ponderado normal e deve abranger
elementos relativos aos fatores gerais de variação, como por exemplo, a idade, o sexo, o grupo étnico, e o
tipo constitucional, assim como às modificações morfológicas decorrentes da passagem do corpo do estado
de vivo ao de cadáver. Deste modo, em vista da relatividade dos conhecimentos que se pode adquirir pela
dissecação do cadáver, que é um meio e não a finalidade da anatomia, os métodos de observação têm sido
aprimorados e deles a anatomia tem-se amparado para impetrar dados no próprio indivíduo vivo.
A anatomia propaga as bases da forma e da estrutura do corpo humano sadio e de seus órgãos. A forma
descreve a morfologia externa do indivíduo, de seus membros, e de seus órgãos. A estrutura obedece à
organização interna dos órgãos e de seus componentes nos níveis macroscópico, microscópico,
submicroscópico, e molecular; o termo estrutura inclui a função. A anatomia estabelece, ao lado com a
fisiologia e a bioquímica, a base para a profilaxia, o diagnóstico, a terapia, e a reabilitação de patologias.
Além disso, abrange o estudo de embriologia ou anatomia do desenvolvimento. A embriologia é a história
do desenvolvimento do indivíduo (ontogênese), envolve o estudo da fecundação e da transformação do
ovo (embriogênese), a origem e o desenvolvimento dos tecidos (histogênese), e a origem e
desenvolvimento dos órgãos (organogênese). O estudo da anatomia (forma) não pode ser desvinculado do
estudo da fisiologia (função). O ramo da anatomia que pauta a estrutura com suas funções é denominado
de anatomia funcional ou anatomia dos sistemas construtivos (ou, ainda, mesoscópica). Ruffini (1925)
descreveu este conceito de postura mais completa quando constituiu que “a forma é a imagem plástica da
função” ou, conforme ordenou Fernel, quando proferiu que “a anatomia está para a fisiologia assim como
a geografia está para a história”. Consequentemente, a anatomia é um conjunto de informações
fundamentais no estudo da medicina, como assevera Andreas Vesalius, em seu
tratado De Humani Corporis Fabrica (1543): “A anatomia deve ser considerada como o fundamento sólido
de toda a arte da medicina, sendo a sua preliminar essencial”.
De acordo com a tradição esse estudo é efetivado no cadáver conservado por líquido fixadores
(embalsamado2), empregando-se o método da dissecação, o qual consente assumir a maior soma de
noções dos órgãos, as suas conexões e as suas relações recíprocas. É o método básico no estudo
anatomotopográfico.
A dissecação do cadáver pode ser facilitada quando se aplica a injeção de substância de contraste coloridas
no interior das artérias, das veias, e dos vasos linfáticos. A dissecação tende prover informações diretas da
anatomia do indivíduo vivo; contudo, está balizada por mudanças post-mortem dos tecidos e dos órgãos,
emprego de líquidos fixadores ou casuais patologias que o organismo tenha padecido durante a vida. De
tal modo, os dados anatômicos adquiridos pelo estudo do cadáver devem ser afrontados e aperfeiçoados
com aqueles alcançados no indivíduo vivo por intermédio de métodos próprios, como a anatomia
radiológica e a anatomia ultrassonográfica.
Uma autópsia, ou seja, observar com os próprios olhos, é um exame post-mortem do corpo e dissecação
de seus órgãos internos para comprovar ou determinar a razão da morte. Uma autópsia pode expor a
existência de doenças não detectáveis em vida, determinar a extensão de lesões e esclarecer como essas
lesões, possivelmente, cooperaram para a morte do indivíduo. A autópsia dá suporte aos testes
diagnósticos de precisão, decreta os efeitos favoráveis e desfavoráveis dos medicamentos, expõe os efeitos
das influências ambientais sobre o corpo, provê mais elementos sobre uma patologia, ampara no acúmulo
de dados estatísticos e informa os alunos das áreas da saúde. Além do mais, uma autópsia manifesta
condições que podem comprometer a descendência ou os irmãos, como por exemplo, os defeitos cardíaco
congênitos. Uma autópsia pode ser requerida legalmente, como no desenrolar de uma investigação
criminal, ou para decidir contestações, entre beneficiários e companhias de seguro, sobre a razão da morte.
As modificações post-mortem, como o nome recomenda, existem mudanças morfológicas que acontecem
após a morte do indivíduo. Essas mudanças são observáveis e devem ser apontadas para quem vise estudar
anatomia no cadáver.
A morte pode ser definida como “a interrupção constante de todas as funções vitais, a perda dos reflexos
do tronco do encéfalo e dos reflexos medulares e a planificação dos eletroencefalogramas por pelo menos,
24 horas”. Trilha-se um período de rigor mortis3, a seguir, outro de relaxamento total e, enfim, o de
putrefação, que é a decomposição de matéria animal, principalmente protídeos, agregada com produtos
malcheirosos e tóxicos, como as ptomaínas4, os mercaptans5 e o ácido sulfídrico, ocasionados por certas
espécies de fungos e bactérias.
A simples condição gerada pela morte seja a morte natural, acidental ou patológica mostra modificações
no corpo em geral, e na morfologia de órgãos e demais estruturas anatômicas, em relação ao que é dito
normal no indivíduo vivo.
Um exemplo de diferença morfológica devida à morte é a que há no comprimento do intestino. Este é
muito mais curto no indivíduo vivo do que aquele que se depara em estado de relaxamento total no
cadáver.
Outrora, o comprimento do intestino era dado pela mensuração no cadáver, ou seja, quatro a cinco metros,
até que foi possível medi-lo pelo acesso de uma sonda endoscópica no indivíduo vivo, ou seja, três metros,
por exemplo, cuja finalidade é diagnóstica.
Divisão da anatomia
O(s) estudo(s) da anatomia
Além dos aproveitamentos na Medicina, e das diversas formas de estudo da Anatomia, há uma leitura
anatômica nas várias áreas da atividade humana.
Anatomia macroscópica
Refere as estruturas com dimensões maiores do que um milímetro, isto é, as estruturas que podem ser
identificadas a olho nu ou com auxílio de uma lupa.
Anatomia microscópica e molecular
Parte além das estruturas analisadas a olho nu, que permite uma subdivisão mais detalhada do corpo.
Visualiza estruturas com dimensões menores do que um milímetro. A anatomia microscópica divide-se em
citologia, estudo da estrutura e da função da célula, e histologia estudo dos tecidos e anatomia
microscópica dos órgãos. Com o apoio da alta resolução do microscópio eletrônico observa-se a estrutura
fina de características celulares e subcelulares, isto é, a ultraestrutura. A anatomia molecular descreve a
estrutura molecular das células e dos órgãos.
Anatomia artística
A anatomia artística, que se presta ao estudo das proporções dos segmentos naturais do corpo humano, à
configuração exterior, relacionando-a principalmente com ossos e músculos, estática e dinamicamente,
para finalidades de escultura e pintura.
Anatomia comparativa
A anatomia comparativa, que compara e inclui os planos estruturais de diferentes representantes do reino
animal e busca regras relacionadas à forma. Outra função da anatomia comparativa é o confronto entre
seres humanos e outros animais, com o intuito de encontrar formas homólogas, ou seja, iguais entre as
espécies, e as heterólogas, ou seja, diferentes entre as espécies.
Anatomia do desenvolvimento ou embriologia
Aborda do crescimento e a diferenciação do organismo desde o ovo celular até o nascimento. Quando
empregada à história da vida de um indivíduo é chamada ontogenia. É impossível perceber-se com nitidez
todas as estruturas deparadas no corpo adulto sem alguma noção de embriologia. Visto que embriões
humanos, particularmente os que estão nos estágios mais iniciais, são de difícil aquisição para estudo,
grande parte dos conhecimentos tem sido obtido em animais, isto é, por meio da embriologia comparativa.
Anatomia nepiológica ou nepioanatomia: nepio ou nípio (G) e infans (L), que significa “o que não fala”.
É o estudo da anatomia da primeira infância. Constitui uma ligação entre o estudo de embriologia e o da
anatomia de crianças, de adolescentes e de adultos jovens.
Anatomia do adulto
Estuda a estrutura do corpo humano após o seu completo desenvolvimento. É subdividida em masculina
(entre 25 e 60 anos de idade) e feminina (entre 21 e 50 anos idade), em virtude das características
peculiares a morfologia de atletas e de certos trabalhadores, como por exemplo, operários, estivadores,
joalheiros e pedreiros. Lambertini (1936) apontou em desportistas o hipermorfismo de grupo musculares
específicos conforme as solicitações físicas compreendidas na sua atividade específica, como por exemplo,
corredores, lançadores de peso, nadadores e lutadores.
Anatomia gerontológica
É o estudo da morfofisiologia do indivíduo idoso (acima de 60 anos de idade). Não deve ser confundida a
anatomia gerontológica, que corresponde ao estudo do idoso normal com a geriátrica, pois esta estuda o
idoso doente, e faz parte, portanto, da anatomia patológica.
Anatomia radiológica
A anatomia radiológica, que estuda os órgãos, quer no vivo, quer no cadáver, por meio de dos raios X,
procedendo em uma exposição diferencial no filme. Substâncias radiopacas como bário podem ser
ingeridas ou injetadas no corpo humano para determinar contrastes maiores. A angiografia incide em
realizar uma radiografia depois de injetar um contraste no sistema cardiovascular. Na angiocardiografia o
coração e os vasos de sangue são radiografados. A cinerradiografia possibilita o estudo de certos sistemas
do corpo humano por meio da utilização de películas radiográficas em movimento. A técnica da Tomografia
Computadorizada Axial (TCA) tem elevado bastante à versatilidade dos raios X. Usa um computador para
mostrar uma imagem em corte similar ao que se poderia adquirir apenas mediante de um verdadeiro corte
através do corpo humano. A Imagem por Ressonância Magnética (IRM), também chamada de ressonância
nuclear magnética, fornece uma nova técnica para diagnosticar patologias e acompanhar a resposta de
uma patologia a um tratamento medicamentoso. Uma IRM é criada rapidamente quando os átomos de
hidrogênio dos tecidos, submetidos a um forte campo magnético respondem a uma vibração de ondas de
raio. A IRM tem a vantagem de não ser invasiva, isto é, nenhuma substância química é inserida no corpo
humano, e é melhor que uma TCA por observar os tecidos moles, tais como a substância cinzenta e a
substância branca do sistema nervoso. A figura 6 demonstra uma tomografia computadorizada da região
de abdome.
Anatomia clínica (aplicada)
Ressalta o enfoque da estrutura e função do corpo humano fundamentais na prática da medicina,
odontologia e das ciências de saúde pertinentes. Reúne as condutas da topografia e dos sistemas ao estudo
da anatomia e destaca a aplicação clínica.
Anatomia topográfica (regional)
É o estudo das relações gerais dos órgãos que compõem cada região do corpo humano. Neste estudo deve-
se ponderar a localização de órgão ou estruturas anatômicas no organismo de forma genérica, isto é, a sua
circunstância no corpo ou holotopia, como por exemplo, o coração está no tórax; a relação precisa de cada
órgão com seus vizinhos próximos ou sintopia, como por exemplo, o coração está no tórax, entre os dois
pulmões, distalmente ao diafragma cérvico-torácico, proximalmente ao diafragma tóraco-abdominal,
dorsalmente ao esterno, ventralmente à coluna torácica, numa topografia denominada mediastino médio,
muito utilizada na radiologia ou outros exames por imagem; a relação especial de cada órgão com o
esqueleto ou esqueletopia, como por exemplo, o coração está localizado posteriormente ao esterno e
anteriormente à coluna vertebral; a relação mútua das partes de um mesmo órgão ou idiotopia, como por
exemplo, o ventrículo esquerdo está anterior e inferiormente ao átrio esquerdo; e, ainda, a relação mútua
dos diversos tecidos de um mesmo órgão ou histiotopia, muito utilizada na medicina legal ou forense.
Anatomia de superfície
A anatomia de superfície é a anatomia do indivíduo e limita a superfície do corpo humano. A experiência
adquirida durante o estudo anatômico é aplicado aos métodos clássicos do exame clínico. A anatomia de
superfície proporciona uma formidável importância nos cursos de investigação clínica. Os métodos
clássicos de investigação clínica abrangem a inspeção, eficaz para a percepção de mudanças patológicas
externas que insinuem a patologia do cliente ou até aceitem um “diagnóstico visual”; a palpação, isto é, a
percepção pelo tato e consente a avaliação de alterações estruturais ou volumétricas, especialmente de
órgãos internos, e da sensibilidade (à dor) de alguma região que indicam processos patológicos; a
percussão, ou seja, golpes leves e desferidos pelos dedos sobre a superfície do corpo provocam uma
sonoridade na projeção dos órgãos internos. O som gerado difere, dependendo da consistência (conteúdo
aéreo ou líquido) dos tecidos postos abaixo da pele, e provê dados para a avaliação da posição e da projeção
dos órgãos; a ausculta, normalmente é realizada com o auxílio de um estetoscópio, e permite a percepção
de sons originados pela respiração e pelos batimentos cardíacos e os movimentos intestinais; as provas
funcionais adicionais são, notadamente, executadas durante o exame do aparelho locomotor e do sistema
nervoso.
Anatomia constitucional
A anatomia constitucional ou biotipologia, parte da medicina constitucional, é o estudo dos tipos
individuais de construção do corpo humano (biótipo). Constituição significa a constituição morfológica, ou
seja, a arquitetura morfológica individual do corpo. A constituição do corpo humano é determinada por
fatores morfológicos e psicológicos. A adequação resultante contenta a um tipo especial de caráter físico
ou hábito funcional do corpo humano, que está sujeito de propriedades genéticas (celulares e humorais),
assim como de fatores do meio ambiente.
Divisão de acordo com Kretschemer.
Leptossomático7: o crescimento longitudinal normal do corpo é acompanhado por um crescimento menor
na largura. A musculatura é pouco desenvolvida e não faz grande relevo na superfície corporal. O tecido
adiposo é diminuído, a cabeça manifesta-se com uma forma delgada, com as bochechas contraídas e os
olhos fundos. O pescoço semelha alongado. O tórax é delgado e os ombros semelham caídos e os membros
são delgados, com relevos ósseos bem aparentes e os ventres musculares achatados. Os indivíduos são
altos e magros. A forma extrema do tipo leptossômico é o astênico, sendo que o tecido adiposo e a
musculatura são largamente diminuídos.
Atlético8: o esqueleto e a musculatura são bem desenvolvidos. Os relevos musculares despontam
claramente na superfície corporal. O crânio é alto e expressivo. O tórax é abaulado lateral e anteriormente.
A musculatura do ombro, fortemente desenvolvida, é associada a um ombro largo. Os membros
proporcionam comprimento médio com musculatura bem desenvolvida.
Eurissomático9: é caracterizado por um desenvolvimento pronunciado na largura do tronco. A grande
massa de tecido subcutâneo não consente a visualização da musculatura na superfície do corpo. A cabeça
é larga, o rosto semelha macio, o pescoço, compacto e curto. Em comparação com o tórax, os ombros são
estreitos. O tórax é largo. O tecido adiposo é elevado e determina um abaulamento no abdome. Os
membros são curtos.
Conceitos gerais de anatomia sistêmica e topográfica
Anatomia sistêmica
Para os estudantes que se principiam no estudo da Anatomia Humana, é justificável dar ideia da construção
do corpo dos animais, adicionando a espécie humana, comparando-a a construção de um edifício. Em
linhas gerais, seria a simples relação entre a Anatomia e a Arquitetura, saindo das “unidades” como as
menores partes e chegando, pela sua agregação progressiva ao todo, corpo e edifício, concomitantemente.
A comparação entre a construção de um animal e de um edifício inicia pelas suas unidades. As unidades de
um edifício são os tijolos e as de um animal, no caso o ser humano, são as unidades biológicas ou células –
microscópicas.
Tijolos semelhantes são arranjados de maneira a formar uma parede, e células semelhantes são arranjadas
de maneira a formar um tecido10. Cada tecido pode ser interpretado como um conjunto de células idênticas
para exercer a mesma função geral.
As paredes são arranjadas de maneira a compor uma sala ou um quarto, e os tecidos são agrupados de
maneira a compor um órgão. Cada órgão é interpretado como “um instrumento de função”, sendo
diferenciada pela origem, sede (situação), forma, estrutura, e pelas suas relações. Além do mais, o corpo
pode ser nomeado organismo, e a sua fábrica, sendo constituído de órgãos, são chamados de organização.
Os quartos são compostos de maneira a formar um apartamento, e os órgãos estão agrupados para
estabelecer um sistema.
Cada sistema é interpretado como um conjunto de órgãos que têm as mesmas origens e estrutura, cujas
funções especiais são unidas para a atuação de funções complexas. Os apartamentos são adjacentes ou
verticalmente superpostos para constituir um edifício, e os sistemas estão agrupados de maneira a formar
o corpo humano.
O corpo humano é assim interpretado como uma união de sistemas (orgânicos), podendo-se concluir, com
as devidas notas, que a vida básica é a somatória das funções dos sistemas integrados. Por conseguinte, a
anatomia sistêmica envolve o estudo indutivo macroscópico dos sistemas orgânicos analisados
separadamente, como por exemplo, o sistema muscular ou o sistema respiratório. Os sistemas
independentes são apontados conforme as suas funções; contudo, estes mesmos sistemas podem ser
unidos de acordo com outras características, como por exemplo, as ontogenéticas e as topográficas. Uma
vez que alguns órgãos ou estruturas orgânicas podem ocupar diversas funções, têm diferentes
probabilidades de divisão e relação com os sistemas. Portanto, podemos enumerar os seguintes sistemas,
do ponto de vista da anatomia sistêmica. O sistema esquelético, cujas funções consistem no suporte
interno e na estrutura flexível para movimentos do corpo, na produção de células de sangue, no
armazenamento de minerais e de gordura. Compreende o estudo dos ossos e das cartilagens. O sistema
articular apresenta como funções unir as peças ósseas do sistema esquelético e proporcionar locais que
ocorram movimentos. Apresenta como componentes as articulações e os seus ligamentos. O sistema
muscular está relacionado com o movimento do corpo, a produção de calor e a manutenção da postura.
Compreende o estudo dos músculos esqueléticos e cutâneos, os tendões, as aponeuroses, o retináculo e
as fáscias musculares. O sistema cardiovascular, cujas funções são o transporte de substâncias nutritivas
para as células do corpo e a remoção de resíduos metabólicos das células por meio do coração e dos vasos
de sangue. Além disso, os vasos linfáticos, o baço, o timo, os linfonodos e as tonsilas estão envolvidos na
ação imunológica, na absorção de gorduras e na drenagem de líquidos tissulares. O sistema respiratório
promove as trocas gasosas entre o meio externo e o sangue e a produção de som. É composto pelos
pulmões e as vias aéreas (faringe, laringe, traqueia e brônquios). O sistema digestório, entre suas funções
está à digestão e a absorção do material alimentar. Representado pelo canal alimentar (boca, faringe,
esôfago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus) e órgãos anexos (glândulas salivares, dentes,
língua, fígado, vesícula biliar e pâncreas). O sistema urinário tem como funções a filtração do sangue, a
manutenção do volume e a composição química do sangue, e a remoção de resíduos metabólicos do corpo.
Entre seus constituintes estão os rins, os ureteres, a bexiga urinária e a uretra. O sistema genital masculino
produz a célula sexual masculina, o espermatozoide e a transferência do sêmen para o sistema genital
feminino. Composto pela genitália externa (pênis e escroto) e a genitália interna (testículos, epidídimo,
ducto deferente, ducto ejaculatório, glândula seminal, glândulas bulbouretrais e próstata). O sistema
genital feminino é responsável pela produção da célula sexual feminina, o óvulo, contém o receptáculo
para o sêmen, o local de fertilização do óvulo, a implantação do zigoto, o desenvolvimento do embrião e
do feto, e a parturição. Composto pela genitália externa (vulva ou pudendo) e a genitália interna (ovários,
tubas uterinas, útero e vagina). O sistema nervoso apresenta como funções o controle e a regulação de
todos os demais sistemas do corpo. Seus componentes são o encéfalo, a medula espinal e os nervos. O
sistema tegumentar, cujas funções consistem no suporte externo e na proteção do corpo. Representado
pelo tegumento (pele) e seus anexos (unhas, pelos e glândulas) e a tela subcutânea. Os órgãos endócrinos
envolvidos na secreção de hormônios para a regulação química. Representado pelo conjunto de órgãos
sem ducto, isto é, órgãos de secreção interna. Os hormônios transportados pelo sangue atingem diversos
órgãos-alvo. Os órgãos sensoriais estão relacionados com a atividade sensorial. Seus componentes
permitem conexões aferentes dos órgãos dos sentidos especiais (do olho, da orelha e dos órgãos do paladar
e do olfato).
Os aparelhos são formados por grupos de dois ou mais sistemas com funções semelhantes. Assim, o
aparelho osteoarticular formado pelo sistema esquelético e sistema articular. O aparelho locomotor
constituído pelo sistema esquelético, sistema articular e sistema muscular. O aparelho da nutrição
composto pelo sistema respiratório, sistema digestório e sistema endócrino. O aparelho urogenital
compreende o sistema urinário e o sistema genital masculino. O aparelho reprodutor formado pelo sistema
genital masculino, sistema genital feminino e sistema tegumentar. O aparelho neuroendócrino constituído
pelo sistema nervoso e órgãos endócrinos. O aparelho cardiorrespiratório é constituído pelo sistema
cardiovascular e o sistema respiratório, enquanto que o aparelho gastropulmonar é formado pelos
sistemas digestório e respiratório. O aparelho mastigador composto pelos músculos, pela língua e pelos
dentes. Já o aparelho lacrimal compreende a glândula lacrimal, o saco conjuntival palpebral, a papila e os
canalículos lacrimais, o saco lacrimal e o ducto nasolacrimal. O aparelho neurossensorial é formado pelo
sistema nervoso e os órgãos dos sentidos.
É inadequado mencionar a Anatomia Sistêmica com os nomes de Anatomia Sistemática ou Descritiva, pois
a Topográfica também é Sistemática (no sentido de ser estudo ordenado, organizado) e também Descritiva.
Anatomia topográfica
Também é nomeada anatomia regional. Estuda a situação e as relações entre estruturas anatômicas de
todos os sistemas orgânicos existentes em uma determinada área do corpo. Apresenta caráter sintético
é de natureza aplicada. Busca prover uma noção do conjunto de todas as formações de cada região,
realçando suas relações com a clínica, à cirurgia e a patologia. Mune noções benéficas ao clínico na pesquisa
e na observação semiológica ou ao cirurgião na prática de uma intervenção cirúrgica. Devido ao seu modo
aplicativo, ela também é nomeada de anatomia aplicada ou anatomia médico-cirúrgica.
A anatomia regional é praticada conforme o critério regional-estratigráfico, isto é, limitada a cada região,
na qual vão sendo promovidos, separadamente, os planos constituintes, até a exibição e evidenciação das
constituições profundas. Esse método de dissecação também é nomeado de “planos em janelas”, pois cada
retalho é levantado dentro dos limites da região e permanece preso por um lado que simboliza a sua
dobradiça, podendo, então, ser recolocado no seu lugar.
Esplancnologia (vísceras11 em geral)
No passado, esplancnologia era definida como o estudo dos diversos sistemas orgânicos, com exceção do
aparelho locomotor. A Comissão Internacional de Nomenclatura, colegiada em 1967, removeu, dessa
opinião, o aparelho neurossensorial (de origem ectodérmica) e o sistema cardiovascular. De tal modo, hoje
em dia, a esplancnologia restringe-se basicamente ao estudo dos órgãos de origem endodérmica e
mesodérmica, como por exemplo, o sistema respiratório, o sistema digestório e o aparelho urogenital.
As vísceras contidas nas cavidades torácica, abdominal e pélvica podem ser agrupadas em dois grandes
grupos: as vísceras tubulares ou cavitárias, como por exemplo, o intestino e o estômago; e as vísceras
parenquimatosas ou maciças, como por exemplo, os ovários. Há as vísceras pseudoparenquimatosas, como
por exemplo, o fígado, os rins e os pulmões.
As vísceras tubulares ou cavitárias caracterizam-se por possuir uma luz tunelada, como por exemplo, os
ureteres, os intestinos e a uretra; ou uma grande cavidade em seu interior, como por exemplo, no
estômago e no útero.
As vísceras parenquimatosas e pseudoparenquimatosas, comumente são cobertas por uma lâmina de
tecido conjuntivo denso, a cápsula fibrosa, ou pela túnica suberosa que se prossegue com o estroma do
órgão. O estroma consiste de tecido conjuntivo que desenha o arcabouço de sustentação do tecido próprio
do órgão, o parênquima. O estroma apoia e mantém o formato dos órgãos.
O parênquima é o tecido funcional do órgão, como por exemplo, os hepatócitos, no fígado; os néfrons, no
rim; e o tecido linfoide, no timo. No sistema nervoso central, o estroma é formado pelas células da glia,
enquanto o parênquima é constituído pelos neurônios.
Os segmentos orgânicos consistem na secção ou região morfofuncional de um órgão que pode ser limitada
ou separada natural ou artificialmente do mesmo. A noção dos segmentos orgânicos é de veemência
anatomo cirúrgico. Cada segmento tem vascularizacão, inervação e estruturas próprias. Os segmentos mais
típicos são demarcados por septos ou tecido conjuntivo. Por exemplo, nos lobos pulmonares podem ser
observados os segmentos broncopulmonares. Já as artérias e os brônquios são segmentares, enquanto que
as veias intersegmentares. No fígado têm-se os nomeados segmentos hepáticos.
O pedículo corresponde ao conjunto de vasos sanguíneos, de nervos e de estruturas próprias que se
destinam a um órgão, como por exemplo, o pedículo hepático (artéria hepática própria, veia porta e ducto
colédoco); o pedículo pulmonar (artéria pulmonar, veia pulmonar e brônquio principal). Há o pedículo
muscular composto pelo conjunto de vasos sanguíneos e nervos que se designam ao ventre de um músculo
estriado esquelético.
O hilo corresponde a uma a´rea circunscrita da superfície de um órgão pela qual adentram ou surgem
estruturas próprias do seu pedículo, como por exemplo, o hilo pulmonar e o hilo do fígado (porta do fígado).
A víscera do tipo tubular ou cavitária corresponde a um órgão oco com parede multilaminada
(estratigráfica) e comumente incluso com uma membrana serosa, como por exemplo, a pleura, o pericárdio
e o peritônio. Em uma víscera tubular do tipo segmento de intestino delgado, apresentam-se, na sua
parede, as seguintes túnicas de dentro para fora: a túnica mucosa de camada mais interna, formada
basicamente por um epitélio que traz caracteri´sticas histológicas próprias, cujas func¸ões são de proteção,
de absorção e de secreção. Subjacente ao epitélio posiciona-se a membrana basal e a lâmina própria da
mucosa (muscularis mucosae). A túnica submucosa de tecido conjuntivo frouxo ou denso. Apresenta rede
de vasos sanguíneos e linfáticos, glândulas, nervos, gânglios e plexo nervoso submucoso, o plexo de
Meissner. A túnica muscular composta por músculo liso ou excepcionalmente estriado, como por exemplo,
no terço superior do esôfago, na faringe e na laringe. As fibras musculares lisas se arranjam em duas
camadas ou túnicas contínuas e concêntricas; uma interna circular e outra externa longitudinal. Essas
fibras, na verdade, apresentam disposição espiral ou helicoidal, com as longitudinais passando
gradualmente a circulares. De tal modo, as fibras longitudinais são espirais de passo12 longo, enquanto que
as fibras circulares são espirais de passo curto. A organização destas fibras, à analogia de uma rede ou
malha pantográfica, facilmente esclarece o ato que esta túnica muscular desempenha sobre o conteúdo e
o fluxo do intestino.
Os piloros13 ou esfíncteres14 consistem em condensações localizadas, de fibras musculares da túnica
circular, em pontos ou segmentos determinados do tubo digesto´rio. Os piloros são dispositivos
relacionados com a abertura ou o fechamento de orifícios, como por exemplo, o orifício anal; ou de canais,
como por exemplo, o canal esofagogástrico (cárdia), o canal gastroduodenal (piloro) e o canal do íleo
terminal. A abertura do óstio pilórico relaciona-se com a diferenciação especial da musculatura
longitudinal, o músculo dilatador e o fechamento relaciona-se com a diferenciação da musculatura circular
ou oblíqua, o músculo do esfíncter.
A túnica serosa compreende a membrana que envolve a superfície externa, composta pelas vísceras,
formada por epitélio pavimentoso simples, o mesotélio, e tecido conjuntivo frouxo de sustentação.
Grande parte das vísceras da cavidade tora´cica, da cavidade abdominal e da cavidade pélvica
está relacionada, em maior ou menor extensão, com as serosas, como por exemplo, no pulmão (pleura),
no coração (pericárdio); no segmento infradiafragmático do tubo digestório, órgãos anexos do sistema
digestório e o aparelho urogenital (peritônio).
O peritônio, em especial, reveste internamente a cavidade abdominal, o peritônio parietal e cobre, em
maior ou menor extensão, as vísceras contidas na mesma, o peritônio visceral. A serosa peritoneal traz
reflexões que são conhecidas por mesos, omentos ou epiplons, pregas e ligamentos.
Os mesos são reflexões peritoneais que unem um órgão à parede abdominal. Os omentos são definidos
como reflexões que ligam um órgão ao outro. Os órgãos que estão unificados aos mesos e aos omentos
são nomeados como órgãos peritonizados, cuja superfície é coberta inteiramente pelo peritônio visceral.
Outros órgãos são parcialmente, cobertos pelo peritônio, como no caso dos oórgãos retroperitoneais,
localizados atrás do peritônio parietal, como por exemplo, os rins, o duodeno, o pâncreas, ou órgãos
subperitoneais pélvicos, situados inferiormente ao peritônio, como por exemplo, o útero e a bexiga
urinária. Têm alguns órgãos que não expõem qualquer relação com uma serosa. Como exemplos,
destacam-se o esôago, que é envolvido externamente por tecido conjuntivo, a túnica adventícia, e a parte
aboral do reto, coberta pela fáscia visceral da pelve. Na pelve, as superfícies desperitonizadas dos órgãos
são forradas pela fáscia visceral da pelve, com tecido conjuntivo denso em torno dos órgãos, que recebe
denominações especiais conforme o órgão. De tal modo, a fáscia visceral do útero é nomeada de
paramétrio, da bexiga, paracístio, da vagina, paracólpio e do reto, parapróctio.
Na mulher, o ovário é parcialmente peritonizado; sua superfície desperitonizada é coberta por um epitélio
e está volvida para o interior da cavidade peritoneal, sendo que neste caso em particular e único do corpo,
o ovário é classificado como órgão intraperitoneal15.
Ainda unificados aos órgãos classificam-se os ligamentos e as pregas peritoneais; cujas reflexões
peritoneais entre órgãos ou entre a parede e órgãos, que são denominados de ligamentos, como por
exemplo, o ligamento falciforme; ou pregas, como por exemplo, a prega umbilical medial.
O vocábulo prega é frequentemente empregado às reflexões peritoneais com uma margem livre. A maioria
dos ligamentos tem vasos sanguíneos e a maioria das pregas é erguida por vasos sanguíneos ou estruturas
subjacentes à mesma.
Homologia e analogia dos órgãos são critérios utilizados com a finalidade de instituir comparação entre
órgaõs equivalentes da mesma espécie ou de espécies diferentes, em anatomia comparada. De tal modo,
os órgãos homólogos16 são os órgãos que possuem o mesmo plano de construção. Por exemplo, os ossos
do antebraço, o rádio e a ulna são homólogos aos da perna, a fíbula e a tíbia; o membro superior do homem
é homólogo à asa da ave.
Os órgãos análogos são aqueles que apresentam correspondência de função. Por exemplo, os testículos e
os ovários; os pulmões dos mamíferos e as guelras dos peixes; as asas de inseto e de aves.
No organismo humano adulto têm formações e estruturas anatômicas agregadas aos órgãos, não-
funcionais, que assinalam os nomeados órgãos rudimentares e residuais. Os órgãos rudimentares ou
vestigiais são aqueles órgãos que não sofreram completo desenvolvimento. Por exemplo, aqueles anexos
ao testículo e às vias espermáticas (paradídimo) e aos genitais internos da mulher (epoóforo, paraóforo,
canal de Malpighi-Gartner e apêndices vesiculosos).
O paradídimo consiste de canalículos cegos bilaterais localizados acima da cabeça do epidídimo e à frente
do funículo espermático (vestígios dos canalículos do mesonefro).
O epoóforo (paraovário ou corpo de Rosenmüller) compreende o ducto coletor, aproximadamente paralelo
à tuba uterina, nomeado ducto longitudinal do epoóforo. Localiza-se no mesosalpinge (vestígio da parte
proximal do canal de Wolff).
O paraóforo consiste de corpúsculos arredondados ou alongados ou de dúctulos enovelados e
anastomosados entre si. Localiza-se na espessura do mesosalpinge, próximo do ângulo entre a tuba uterina
e o corpo do útero (vestígio da parte paragenital do canal de Wolff).
O canal de Malpighi-Gartner compreende a continuação caudal do canal longitudinal do epoóforo. Situa-
se ao longo da tuba uterina e da margem lateral do útero, entre os folhetos do ligamento largo.
Os apêndices vesiculosos (hida´tides de Morgagni) são formações císticas pediculadas, especialmente
encontradas presas em uma das fímbrias do infundíbulo da tuba uterina (vestígios da extremidade proximal
do fundo cego do ducto de Wolff).
Os órgãos residuais são aqueles órgãos com papel somente durante certa fase da vida. Por exemplo, o
ligamento redondo do fígado (primitivamente veia umbilical); o ligamento arterial (primitivamente ducto
arterial); os restos tímicos no adulto; o núcleo pulposo do disco intervertebral (resíduo da notocorda). A
placenta consiste no órgão de união entre a mãe e o feto; possui as partes uterinas (folhetos do endométrio
– decíduas) e a parte fetal (membranas fetais – córion e âmnio).
Terminologia anatômica
A palavra nomenclatura origina-se do la?tim [nomen (nome), plural nomina e calare (chamar)].
Nomenclatura, ou nomina, ou terminologia anatômica é o conjunto de palavras utilizadas para sugerir e
descrever as partes do corpo humano.
Sylvius é apontado o instituidor da terminologia anatômica. A partir do século XVI, surgiram palavras para
designar as diversas estruturas anatômicas. Contudo, não poucas vezes, as mesmas estruturas anatômicas
tinham nomes distintos, o que veio a ocasionar amplo equívoco, que se conjecturava eventualmente em
dúvidas conceituais.
Tem-se considerado que, em fins do século XIX, aproximadamente 50.000 nomes anatômicos estavam em
utilização para cerca de 5.000 estruturas do corpo humano. Em 1895, entretanto, uma lista em latim de
4.500 termos foi elaborada e aprovada em Basileia. Esse sistema ficou conhecido como Nomenclatura
Anatômica de Basileia ou, ainda, Nomes Anatômicos da Basileia. Infelizmente, ela não foi seguida
mundialmente, pois foi apenas utilizada por anatomistas de língua alemã, italianos, norte-americanos, e
latino-americanos. Este primeiro empenho internacional buscava dar uma base para a concordância
universal de utilização de termos relacionados com o corpo humano, tanto para a anatomia humana como
para as demais ciências da saúde. A adoção da mesma terminologia aboliria diferenças nacionais, que
estavam ocasionando derradeira confusão, pois a mesma estrutura era admitida por vários nomes.
Aumentando a confusão, vários termos anatômicos abrangiam o nome de um ou mais cientistas às vezes
do mesmo país, para homenagear quem tinha realizado a primeira descrição da estrutura, ou aquele que
primeiro trouxera atenção para ela, ou comprovara seu significado ou a tivesse entendido corretamente.
Previa-se que revisões subsequentes seriam necessárias e estas foram aplicadas, especialmente na
Inglaterra e na Alemanha. Apesar das excelentes versões, como por exemplo, a Birmingham Revision e
a Jenenser Nomina Anatomica, nenhuma foi universalmente admitida. Por sua vez, os anatomistas dos
Estados Unidos da América e do Japão haviam elaborado suas próprias listas, colaborando ainda mais para
a confusão. Em Paris, em 1955, foi feito um acordo internacional para um sistema latino de nomenclatura,
vastamente baseado na Nomenclatura Anatômica de Basileia, denominada Nomina Anatômica
Parisiense, cujo nome, em seguida, foi abreviado para Nomina Anatômica.
Entre os princípios seguidos no preparo da nova Nomina Anatômica, são merecedores de nota, que com
um número muito limitado de exceções, cada estrutura seja indicada por um único nome; que os nomes
na lista oficial sejam escritos em latim, porém cada país possua a liberdade de traduzir os nomes latinos
oficiais para o próprio vernáculo, para fins de ensino; que os termos sejam, em primeiro lugar, fáceis de
memorizar, porém de preferência possuam algum valor informativo ou descritivo; que os epônimos não
sejam aplicados. Na linguagem científica a palavra epônimo é utilizada para formar um termo ou expressão
a partir do nome de uma pessoa, como por exemplo, forame de Vesálio, o forame venoso. Em anatomia
convém evitar os epônimos. Sua utilização é quase sempre ocasional, nada informam sobre a estrutura
envolvida, e comumente faltam à verdade histórica porque, em muitos casos, a pessoa homenageada não
foi, de maneira alguma, a primeira a descrever a estrutura.
Em 1994, durante o XIV Federative International Congress of Anatomy, realizado em Lisboa, Portugal,
houve a discussão sobre diversos aspectos da preparação da lista da Terminologia Anatômica, que abrange
a Anatomia Sistêmica e a Topográfica, em latim e em inglês. A Terminologia Anatômica consiste no
vocabulário ou lista de termos anatômicos, palavras ou expressões para nomear as estruturas do corpo
humano.
Alguns desses termos anatômicos sa~o neologismos. O embasamento da denominação nominal das
estruturas anatômicas motivou-se na forma do órgão ou parte dele, como por exemplo, o processo
mastoide do temporal, que possui a forma da mama, a sela turca do esfenoide, o músculo deltoide, o
ligamento redondo do fígado; as suas conexões, como por exemplo, o ligamento acromioclavicular e o
músculo coracobraquial; a sua função, como por exemplo, o músculo extensor dos dedos, o músculo
supinador, e a glândula lacrimal; as relações principais, como por exemplo, o músculo articular do joelho;
além de sua função e da sua forma, como por exemplo, o músculo pronador quadrado.
A terminologia anato^mica e´ subdividida em geral e especial. A terminologia geral refere-se à
denominação das linhas, dos planos, e das regiões do corpo humano. A terminologia especial refere os
nomes dos distintos componentes do corpo humano distribuídos em grupos de osteologia, de artrologia,
de miologia, de esplancnologia, de angiologia, do sistema nervoso, dos órgãos endócrinos, dos o´rga~os
dos sentidos, ou estesiologia, e do tegumento comum.
A terminologia anatômica é um documento oficial que deve ser cumprido precisamente pelos professores
e alunos. As abreviaturas, ou seja, a simplificação de termos anatômicos referidos na terminologia
anatômica deve ser usada fluentemente na descrição anatômica, como por exemplo, a. – artéria; fasc. –
fascículo; lig. – ligamento; m. – músculo; n. – nervo; r. – ramo; v. – veia, gl. – glândula; aa. – artérias; ligg. –
ligamentos; mm. – músculos; nn. – nervos; rr. – ramos; e vv. – veias.
Por fim, alguns termos anatômicos antiquados utilizados com significado novo. O epidídimo significava
testículo, posteriormente, passou a denominar as estruturas que estão coligadas aos testículos; o gânglio
linfático significava linfonodo, posteriormente, o termo gânglio passou a denominar exclusivamente as
formações nodulares coligadas ao sistema nervoso; o gânglio significava plexos nervosos, posteriormente,
passou a denominar as formações nodulares do sistema nervoso periférico; e a vulva significava útero,
posteriormente, passou a denominar a genitália externa feminina.
Terminologia
O vocábulo cadáver1 e´ derivado do acróstico latino “Caro Data Vermibus”, que expressa “carne dada aos
vermes”.
Embalsamado2: cadáver conservado pleno pela introdução de solução de formalina ou outras substâncias
fixadoras dentro dos seus vasos, das cavidades e das partes moles. Tanatopraxia (necropraxia): capítulo da
ciência mortuária que se lida do método de embalsamamento dos corpos humanos e da sua maquiagem
cosmética (necromaquiagem). Thánatos (G): morte; Práxis (G): maneira de proceder. Necroscopia:
dissecção do cadáver a fresco em anatomia patológica. Tanatoscopia: exame do cadáver em medicina
forense.
Rigor mortis3: é o endurecimento progressivo de um corpo morto, seguindo a depleção de ATP nas fibras
musculares. O rigor mortis começa nos músculos da mastigação e avança da cabeça para baixo, atingindo
por último os membros inferiores.
Ptomaínas4: nome de vários compostos químicos relacionados com o amoníaco.
Mercaptans5: são compostos que possuem um grupo funcional formado por enxofre e hidrogênio.
Tecido10: [texo (L): tecer; tissu (francês): textura].
Vi´scera11 [viscus (L): órgão interno; splanchnos (G): víscera].
Passo12: representa a distância entre os centros de duas espirais adjacentes, à semelhança do espaço.
Pyloros13(G): pyle: entrada; ouros: guardião (sentinela).
Esfincter14 (G): anel, fecho ou cinta apertada.
Intraperitoneal15: significa que está localizada dentro da cavidade peritoneal e não na espessura do
peritônio (parietal ou visceral).
Homólogo16: homos (G): mesmo; logos (G): comparação.
SISTEMA ARTICULAR
Articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes ossos do esqueleto. São divididas
nos seguintes grupos, de acordo com sua estrutura e mobilidade:
As articulações fibrosas incluem todas as articulações onde as superfícies dos ossos estão quase
em contato direto, como nas articulações entre os ossos do crânio (exceto a ATM). Há três tipos
principais de articulações fibrosas:
Suturas
Sindesmoses
Gonfoses
Suturas
Nas suturas as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos, que os mantêm íntima e
firmemente unidos. Conseqüentemente, as fibras de conexão são muito curtas preenchendo uma
pequena fenda entre os ossos. Este tipo de articulação é encontrado somente entre os ossos planos do
crânio. Na maturidade, as fibras da sutura começam a ser substituídas completamente, os de ambos os
lados da sutura tornam-se firmemente unidos/fundidos. Esta condição é chamada de sinostose.
Exemplo de Sutura Craniana Exemplo de Sinostose (Sacro)
Sindesmoses
Nestas suturas o tecido interposto é também o conjuntivo fibroso, mas não ocorre nos ossos do crânio.
Na verdade, a Nomenclatura Anatômica só registra dois exemplos: sindesmose tíbio-fibular e sindesmose
radio-ulnar.
Gonfoses
Também chamada de articulação em cavilha, é uma articulação fibrosa especializada à fixação dos dentes
nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas. O colágeno do periodonto une o cemento dentário com
o osso alveolar. Gonfoses - Dentes Primários e Permanentes
Nas articulações cartilaginosas, os ossos são unidos por cartilagem pelo fato de pequenos
movimentos serem possíveis nestas articulações, elas também são chamadas de anfiartroses. Existem
dois tipos de articulações cartilagíneas:
Sincondroses
Sínfises
Sincondroses
Os ossos de uma articulação do tipo sincondrose estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas
sincondroses são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do
tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez
primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes.
Sincondroses Cranianas:
Esfeno-etmoidal
Esfeno-petrosa
Intra-occipital anterior
Intra-occipital posterior ··
Sincondroses Pós-cranianas:
Epifisiodiafisárias
Epifisiocorporal
Intra-epifisária
Esternais
Manúbrio-esternal
Xifoesternal
Sacrais
Sínfises
As superfícies articulares dos ossos unidos por sínfises estão cobertas por uma camada de cartilagem
hialina. Entre os ossos da articulação, há um disco fibrocartilaginoso, sendo essa a característica distintiva
da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação
entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Durante o
desenvolvimento as duas metades da mandíbula estão unidas por uma sínfise mediana, mas essa
articulação torna-se completamente ossificada na idade adulta.
Sínfises:
Manúbrio-esternal
Intervertebrais
Sacrais
Púbica
Mentoniana
As articulações sinoviais incluem a maioria das articulações do corpo. As superfícies ósseas são
recobertas por cartilagem articular e unidas por ligamentos revestidos por membrana sinovial. A
articulação pode ser dividida completamente ou incompletamente por um disco ou menisco articular cuja
periferia se continua com a cápsula fibrosa, enquanto que suas faces livres são recobertas por membrana
sinovial.
O movimento das articulações depende, essencialmente da forma das superfícies que entram em contato
e dos meios de união que podem limita-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar
movimentos de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classifica-las funcionalmente.
Articulação Monoaxial - Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo
(1 grau de liberdade). As articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são
monoaxiais. Há duas variedades nas quais o movimento é uniaxial: gínglimo ou articulação em dobradiça
e trocóide ou articulação em pivô.
- Gínglimo ou Articulação em Dobradiça: as superfícies articulares permitem movimento em um só plano.
As articulações são mantidas por fortes ligamentos colaterais. Exemplos: Articulações interfalangeanas e
articulação úmero-ulnar.
- Trocóide ou Articulação em Pivô: Quando o movimento é exclusivamente de rotação. A articulação é
formada por um processo em forma de pivô rodando dentro de um anel ou um anel sobre um pivô.
Exemplos: Articulação rádio-ulnar proximal e atlanto-axial.
Articulação Biaxial - Quando uma articulação realiza movimentos em torno de dois eixos (2 graus
de liberdade). As articulações que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica
(articulação do punho) são biaxiais. Há duas variedades de articulaçõees biaxiais: articulações condilar e
selar.
- Articulação Condilar: Nesse tipo de articulação, uma superfície articular ovóide ou condilar é recebida
em uma cavidade elíptica de modo a permitir os movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e
circundução, ou seja, todos os movimentos articulares, menos rotação axial. Exemplo: Articulação do
pulso.
- Articulação Selar: Nestas articulações as faces ósseas são reciprocamente côncavo-convexas. Permitem
os mesmos movimentos das articulações condilares. Exemplo: Carpometacárpicas do polegar.
Articulação Triaxial - Quando uma articulação realiza movimentos em torno de três eixos (3 graus de
liberdade). As articulações que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a
rotação, são ditas triaxiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. Há uma
variedade onde o movimento é poliaxial, chamada articulação esferóide ou enartrose.
- Articulação Esferóide ou Enartrose: É uma forma de articulação na qual o osso distal é capaz de
movimentar-se em torno de vários eixos, que tem um centro comum. Exemplos: Articulações do quadril e
ombro.
Existe ainda um outro tipo de articulação chamada Articulação Plana, que permite apenas movimentos
deslizantes. Exemplos: Articulações dos corpos vertebrais e em algumas articulações do carpo e do tarso.
Ligamentos
Os ligamentos são constituídos por fibras colágenas dispostas paralelamente ou intimamente
entrelaçadas umas as outras. São maleáveis e flexíveis para permitir perfeita liberdade de movimento,
porém são muito fortes, resistentes e inelásticos (para não ceder facilmente à ação de forças).
Cápsula Articular
É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como um manguito. Apresenta-se com
duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna).
A membrana fibrosa (cápsula fibrosa) é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por
feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência.
Em muitas articulações sinoviais existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados
extra-capsulares ou acessórios e em algumas, como na articulação do joelho, aparecem também
ligamentos intra-articulares.
Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso,
impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados
normais.
A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular e forma um saco fechado
denominado cavidade sinovial. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da
produção de líquido sinovial. Discute-se que a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do
sangue, mas é certo que contém ácido hialurônico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função
lubrificadora.
Discos e Meniscos
Facilitam o deslizamento de tendões que passam através de túneis fibrosos e ósseos (retináculo dos
flexores de punho).
Bolsas Sinoviais (Bursas)
São fendas no tecido conjuntivo entre os músculos, tendões, ligamentos e ossos. São constituídas por
sacos fechados de revestimento sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de tendões sobre
proeminências ósseas ou ligamentosas.
Articulações Sinoviais
ATM
Coluna Vertebral
Ombro
Cotovelo
Punho
Quadril
Joelho
Tornozelo
SISTEMA MUSCULAR
Conceito de Músculos:
São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de
transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares,
cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de
transformar energia química em energia mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande
quantidade de sangue nas fibras musculares.
Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.
a) Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
b) Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as
articulações e participam da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.
c) Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos
(esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
d) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos
sangüíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e
gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do
sangue para o coração.
e) Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor
liberado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.
Grupos Musculares:
Quanto a Situação:
a) Superficiais ou Cutâneos: Estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo uma de suas
inserções na camada profunda da derme. Estão localizados na cabeça (crânio e face), pescoço e na mão
(região hipotenar).
Exemplo: Platisma.
Exemplo: Supinador.
Quanto à Forma:
a) Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os mais longos,
podendo passar duas ou mais articulações.
c) Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o que não exclui
força nem especialização.
b) Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das grandes
cavidades (tórax e abdome).
Exemplo: Diafragma.
Quanto à Função:
a) Agonistas: São os músculos principais que ativam um movimento específico do corpo, eles se contraem
ativamente para produzir um movimento desejado. Ex: Pegar uma chave sobre a mesa, agonistas são os
flexores dos dedos.
b) Antagonistas: Músculos que se opõem à ação dos agonistas, quando o agonista se contrai, o
antagonista relaxa progressivamente, produzindo um movimento suave. Ex: idem anterior, porém os
antagonistas são os extensores dos dedos.
c) Sinergistas: São aqueles que participam estabilizando as articulações para que não ocorram
movimentos indesejáveis durante a ação principal. Ex: idem anterior, os sinergistas são estabilizadores do
punho, cotovelo e ombro.
d) Fixadores: Estabilizam a origem do agonista de modo que ele possa agir mais eficientemente.
Estabilizam a parte proximal do membro quando move-se a parte distal.
Quanto à Nomenclatura:
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Ação: Extensor dos dedos.
b) Ação Associada à Forma: Pronador redondo e pronador quadrado.
c) Ação Associada à Localização: Flexor superficial dos dedos.
d) Forma: Músculo Deltóide (letra grega delta).
e) Localização: Tibial anterior.
f) Número de Origem: Bíceps femoral e tríceps braquial.
Tipos de Músculos:
a) Músculos Estriados Esqueléticos: Contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são
voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e
escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio óptico.
b) Músculos Lisos: Localizado nos vasos sangüíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade
abdômino-pélvica. Ação involuntária controlada pelo sistema nervoso autônomo.
a) Ventre Muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se contraem.
Constitui o corpo do músculo (porção carnosa).
b) Tendão é um elemento de tecido conjuntivo, ricos em fibras colágenas e que serve para fixação do
ventre, em ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Possuem aspecto morfológico de fitas
ou de cilindros.
c) Aponeurose é uma estrutura formada por tecido conjuntivo. Membrana que envolve grupos
musculares. Geralmente apresenta-se em forma de lâminas ou em leques.
d) Bainhas Tendíneas são estruturas que formam pontes ou túneis entre as superfícies ósseas sobre as
quais deslizam os tendões. Sua função é conter o tendão, permitindo-lhe um deslizamento fácil.
e) Bolsas Sinoviais são encontradas entre os músculos ou entre um músculo e um osso. São pequenas
bolsas forradas por uma membrana serosa que possibilitam o deslizamento muscular.
Topo da Página
Tipos de Contrações:
O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Contração Concêntrica: o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um tendão, reduzindo o
ângulo de uma articulação. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça.
b) Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do músculo durante a contração. Ex:
idem anterior, porém quando recolocamos o livro sobre mesa.
c) Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações enquanto outras são movidas. Gera
tensão muscular sem realizar movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos em
posição fixa. Ex: idem anterior, porém quando o livro é sustentado em abdução de 90°.
O tecido muscular consiste de células contráteis especializadas, ou fibras musculares, que são agrupadas
e dispostas de forma altamente organizada. Cada fibra de músculo esquelético apresenta dois tipos de
estruturas filiformes muito delgadas, chamadas miofilamentos grossos (miosina) e finos
(actina).