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CONTEÚDO 2 – BREVE HISTÓRIA DA ANATOMIA

Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo
nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o
agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado,
esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa,
sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só
Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade
que por ele passou indiferente" (Rokitansky, 1876).
Durante séculos, o mérito conatural dos indivíduos nos seus próprios corpos e as competências físicas
deparou diversas maneiras de expressão. Os gregos estimulavam as competições atléticas, e apregoavam
a beleza do corpo nas suas esculturas. Vários dos grandes mestres do Renascimento retrataram os
contornos humanos em suas artes. Verdadeiramente, alguns destes artistas eram exímios anatomistas
porque o desassossego com as minúcias demandava que o fossem. Michelangelo foi um artista
extraordinário que deteve a pompa dos contornos humanos com as esculturas, como por exemplo, David,
esculpido em um único bloco sólido de mármore de carrara branco, e em pinturas como as da Capela
Sistina.
A veneração de Shakespeare pelas estruturas anatômicas do corpo humano é deparada em declarações de
seus escritos:
“Que obra-prima é um ser humano! Como é nobre pela razão! Infinito em
competência! Como é expressivo e admirável na forma e no movimento! Nas
ações assemelha-se a um anjo! Na percepção assemelha-se a um deus! A
maravilha do mundo! O modelo de perfeição entre os animais!” (Hamlet 2.2.
315-319).

A anatomia pode ser dividida em três fases principais: a primeira fase cabe à antiguidade, aos precursores.
A segunda fase sucedeu com o declínio do Império Romano, que afetou as ciências, as artes, e também a
anatomia. A terceira fase é a restauração, datada do Renascimento das ciências na Itália. O começo da
anatomia, geralmente, retrocede para as primícias da existência humana, e diz respeito à pré-história. A
anatomia teve princípio com a singela análise de animais debilitados, dos sacrifícios, do embalsamento de
cadáveres, dos ferimentos extensos de paredes, alcançando as cavidades, e exibindo os seus órgãos.
Primeiramente foram anotações destacadas, realizadas sem qualquer propósito de conhecer os órgãos.
O Período Pré-Científico
As ações de descarnar os animais em seguida da morte, proveram abundantes e preciosas lições de
anatomia para os habitantes pré-históricos. Eles compreendiam quais as partes de um animal que seriam
capazes de serem utilizadas como alimento, como vestimentas, ou como utensílios. Incontestavelmente,
os habitantes pré-históricos conheciam que os músculos trabalhavam na locomoção, e que também,
oportunizavam a essencial fonte de alimento. A pele dos mamíferos agregada a seus anexos prestava como
abrigo protetor para a sua pele precária de pelos. Os habitantes pré-históricos utilizavam os ossos dos
animais dos quais se nutriam para adaptar uma diversidade de utensílios e de armas. Os habitantes pré-
históricos compreendiam que os seus próprios ossos poderiam despedaçar em acidentes, e que a cura
imprópria procederia em inépcia eterna. Apresentavam a sabedoria que se um animal estivesse
machucado, sangraria, e aquele prejuízo descomunal de sangue ocasionaria a sua morte. De modo óbvio,
os habitantes pré-históricos notaram as dessemelhanças anatômicas entre os sexos, conquanto não
conseguissem compreender os papéis elementares da reprodução. A percepção que esses indivíduos
traziam era do tipo prático-básico, uma percepção imprescindível para a sobrevivência.
Figura-se agora, qual poderia ter sido um dos primitivos utensílios dos habitantes pré-históricos, para
observar o sistema nervoso central. Os habitantes pré-históricos, quiçá, elaboraram um porrete com uma
extremidade distal esférica e uma extremidade proximal cilíndrica para empunhá-lo e erguê-lo. Ao abaixá-
lo com energia sobre o cume da cabeça de algum desafeiçoado, abria-lhe o crânio mais como arma do que
como um utensílio cirúrgico. Presumivelmente, emaram muitos séculos antes que os utensílios mais
apropriados, como o trepano, fossem elaborados para abrir os crânios com efeitos mais ilustres, curativo,
para comodidade, e sobrevivência dos indivíduos. Contudo, a anatomia tão somente ostentou um estilo de
ciência, quando ela se congregou a necessidade médica, ou seja, a arte de curar.
O Período Científico
A Mesopotâmia e o Egito
A Mesopotâmia era o nome concedido à longa e acanhada cunha de terra entre o rio Tigre e o rio Eufrates,
que nos dias de hoje é ampla parte do Iraque. Primeiramente, muitas averiguações sobre o corpo humano
concebiam um ensaio para referir as forças fundamentais da vida. Por exemplo, os indivíduos almejavam
indagar qual órgão do corpo humano formava a alma. Alguns documentos cuneiformes da Mesopotâmia
Antiga referiam os órgãos do corpo humano que, segundo se conjecturava, convinham para este papel. O
fígado, que foi exaustivamente observado em animais sacrificados, era o “guardião da alma e dos
sentimentos que nos fazem homens”. Esta era uma pressuposição coesa por custas do seu tamanho e de
sua inerente agregação com o sangue, que era acatado indispensável para a vida.
Imagina-se que os egípcios apresentassem sabedoria da anatomia em face das cirurgias cumpridas, e que
tranquilamente remontam aproximadamente há 5000 anos. Foram revelados diversos trabalhos
registrados sobre a anatomia no Egito Antigo, porém nenhum dos trabalhos entusiasmou as culturas que
os advieram. Menés, médico do rei durante a primeira dinastia egípcia aproximadamente de 3400 a. C.,
até mesmos antes das pirâmides existirem, registrou o que é acatado o primeiro manual de anatomia. Entre
os egípcios um dos postos mais relevantes era o de “Abridor de Crânio do Faraó”. Este era o trepanador,
que, podia abrir o crânio do rei, com o propósito de libertar Aam, acatado o monstro devorador que regia
a aniquilamento da alma do morto, condenado pelo tribunal de Osíris, ali preso, ou com maior constância,
com o desejo de liberar o próprio espírito do rei.
Os procedimentos egípcios de embalsamento poderiam ter colaborado imensamente para a ciência da
anatomia se houvessem documentos. Claramente, contudo os embalsamentos, não eram bem vistos pela
população, em geral, do Egito Antigo. Na prática, os embalsamadores eram repetidamente caçados, até
mesmo apedrejados, e mortos. Embalsamar era uma arte simbólica mais arrolada com a religião do que
com a ciência.
Os embalsamentos são ponderados o procedimento mais antigo para a manutenção de cadáveres. Na
verdade é uma maneira antiquada de desidratação sucedida de um tratamento químico, com a utilização
de substâncias das quais não se tem informação primorosa. O procedimento mais utilizado pelos egípcios
durante diversos milênios não foi bem registrado em nenhum dos papiros deparados até o tempo presente.
No papiro Rhind, depara-se a menção de algumas substâncias utilizadas no procedimento de mumificação,
contendo: água de Elefantine, soda de Eleityaspolis, e leite da cidade de Kim. O médico e biógrafo alemão
Sudhiff soube praticar com todo triunfo o procedimento dos egípcios, aplicando procedimentos originais
em cadáveres destinados à anatomia.
No procedimento original, o embalsamador adota, em primeiro lugar, um fragmento de ferro em formato
de gancho, e com o fragmento de ferro afasta-se o contento do crânio, o encéfalo e as meninges, por meio
das cavidades nasais; limpam-se o remanescente do crânio com uma solução de soda cáustica, recebendo,
após, essências balsâmicas. Este procedimento nem sempre era aplicado, pois algumas múmias foram
deparadas com encéfalo. A seguir, realiza-se um corte, no tronco, na região lombar esquerda, enquanto
no períneo era efetuada uma incisão circular em torno do ânus. Por meio das incisões circulares enfiavam
a mão que através do fragmento de ferro, removiam todas as vísceras, exceto o coração. O coração
raramente era extraído por se crer que o coração era a sede da alma. A cavidade torácica era
atenciosamente limpa e tratada com a mais genuína das mirras socada em pilão, e toda a sorte de
especiarias, exceto o incenso. As vísceras eram atentamente banhadas e mergulhadas em vasos,
abrangendo vinho de palmeiras, e outras substâncias dedicadas aos deuses. Em algumas situações, as
vísceras, de tal modo tratadas eram outra vez postas no interior do corpo. Em outras, as vísceras eram
maceradas em solução de soda, e o material injetado por meio do ânus. As demais cavidades corporais
eram completadas com terra, areia, algodão, ou tecido, sendo esses materiais embebidos com essências
balsâmica.
Completada a evisceração e o enchimento das cavidades, os cadáveres eram submergidos durante 70 dias
em uma solução de soda, ou outra mistura de sais minerais, e, em seguida de removidos dessa solução,
postos para secar ao ar livre. Os egípcios parecem ter usado o procedimento de desidratação pelo calor,
pois algumas múmias descobertas exibiam queimaduras.
A China e o Japão
Na China Antiga, a preocupação pelo corpo humano era especialmente, filosófica. Pensamentos sobre a
anatomia estavam fundamentados em pressupostos em lugar de dissecações ou análises diretas. O chinês
reverenciava o corpo humano, e abominava sua extirpação. Uma visível exceção era a prática de apertar
os pés das meninas, e das mulheres jovens, como tentativa de deixá-los mais suntuosos. A sabedoria dos
órgãos internos acontecia simplesmente por meio de feridas, ou de lesões, e tão somente em tempos
contemporâneos foram consentidas dissecações de cadáveres nas escolas médicas chinesas.
O Imperador Xen Nung (2737 a. C.) é acatado como sendo o criador da medicina chinesa. Ao Imperador se
adjudica o Pentsao, O Grande Herbário; e o Imperador Huang-Ti (2697 a. C.) se abona a autoria do Neiching,
O Cânon da Medicina. Estes livros foram registrados a goma-laca, em tiras de bambu. O ideograma
designativo de “médico” era como o hieróglifo egípcio, uma lanceta, na parte superior, e um copo de aparar
sangue de sangria, na parte inferior. No Neiching está registrado: “todo o sangue do corpo se depara sob
a influência do coração: o sangue dimana em círculo contínuo, e nunca para”. Isto foi registrado 4300 anos
antes que William Harvey desvendasse o feitio da circulação do sangue. No Neiching a fisiologia é exótica.
O coração é o rei; os pulmões são os seus ministros executivos; o fígado o seu general; a vesícula biliar, o
seu procurador-geral; o baço, que monitora os cinco paladares, além dos “três lugares queimantes”, que
eram o tórax, o abdome, e a pelve, responsáveis pelo sistema de esgoto do corpo. A avaliação do pulso era
muito apreciada.
Em “Os Espelhos de Ouro da Medicina”, enciclopédia de 40 volumes, elaborada sobre saberes do
Imperador Quien Lung (1644 d. C.), os séculos de informações médicas foram arrolados; nessa obra se
produziram apontamentos de ampla quantidade de procedimentos de tratamento, de modo inclusivo, a
massagem e a acupuntura. A acupuntura, visto que ela sugeria na ação de inserirem agulhas para dentro
de 365 pontos explicitados do corpo humano, adequou à antiga medicina chinesa, a sua inusitada sabedoria
de anatomia, assim como as suas medidas antropométricas, cuja precisão não pode ser apurada
atualmente.
O crescimento da anatomia no Japão foi entusiasmado intensamente pelos chineses e pelos holandeses.
Os registros mais remotos de relevância anatômica no Japão datam de depois do século VI. Os monges
budistas japoneses instruídos na China eram norteados conforme a filosofia chinesa, de tal modo, as
persuasões chinesas concernentes ao corpo humano tornaram-se predominantes no Japão. Por volta do
século XVIII, às inspirações ocidentais, principalmente a holandesa eram tais, que os japoneses buscaram
constituir qual variante da anatomia estaria apropriada. Em 1774, uma obra de cinco volumes designada
de Kaitai Shinsho, “Um Novo Livro de Anatomia” publicada pelo médico japonês Genpaku Sugita,
reconheceu inteiramente as apreciações holandesas do corpo humano, e apontou o começo da era
moderna na anatomia, e na medicina para a população japonesa.
O Período Grego
Foi na Grécia Antiga que a anatomia, primeiramente, granjeou maior anuência como ciência. Até então a
medicina era uma arte sagrada ligada a magia, a astrologia, e a religião. Os atenienses tinham ampla cautela
com os seus falecidos, e de certa feita condenaram a morte um dos seus generais bem-sucedidos, porque
após uma batalha, a caça ao oponente, o fez deslembrar os falecidos que permaneceram para trás sem
sepultamento. Era dever religioso entre os gregos e os romanos acobertar com terra qualquer osso humano
achado porventura. Tão somente os injustiçados e os suicidas poderiam permanecer sem sepultamento.
Deste jeito, o desenvolvimento da anatomia foi arrastado, e a cada passo atravancado em face ao objeto
da ciência, o cadáver rodeado de inúmeras crendices e superstições. Entre os gregos existia a fé de que as
almas dos falecidos haviam de perambular pelas margens do rio Estige ou rio Styx, o rio da imortalidade até
que seus corpos tivessem sido sepultados. Entre os hebreus creram-se que o contato com um falecido
ficava o indivíduo pecaminoso por sete dias, coibindo até seu acesso no templo.
Segundo Galeno foi Alcméon de Cróton (535 a. C.?) discípulo de Pitágoras quem registrou a primeira obra
de anatomia. Porém, é sabido que os raros homens que a história aceita desses tempos, tão somente esses
indivíduos realizaram a dissecção dos cadáveres de animais, e por isso pouco colaboraram para a anatomia
humana. Para Alcméon, o ser humano é um ser pneumático, cujas fontes de vida são quatro órgãos: o
cérebro, o coração, o umbigo, e os genitais. Em dissecções de animais, Alcméon encontrou os nervos
ópticos e as tubas auditivas, assegurando que as cabras respiravam pelas orelhas. Reconheceu o encéfalo
como a sede da vida intelectiva do ser humano, e como receptor da visão e da audição, o cérebro é o centro
da vida e da inteligência, e não o coração e o diafragma como se conjecturava anteriormente. Alcméon cria
que o espermatozoide era parte do cérebro do homem desde os 14 anos de idade.
Nesse período a medicina era entusiasmada por um ensinamento sugerido por Pitágoras, e prosseguida
por Anaxágoras, Empédocles, Demócrito e Aristóteles. Surge agora a imagem fabulosa de Hipócrates de
Cós (460-370 a. C.), acatado o Pai da Medicina; no campo da anatomia nada executou de relevante.
Confere-se a Hipócrates uma ampla coleção de trabalhos médicos, cuja autoria é muito contestável. Os
desiguais tipos de crânio, as modificações das suturas são marcadas para Hipócrates. Concretizou a
classificação das raças humanas por meio das propriedades físicas e a influência dos distintos tipos de meio
ambiente sobre as diferenças físicas. Possivelmente foi o predecessor do estudo da anatomia
constitucional. Expôs o pericárdio como uma capa lisa, abrangendo o coração, e contendo líquido parecido
à urina. Na coleção Hipocrática existem registros sobre o coração, no qual são descritos os átrios, como
também as valvas atrioventriculares. Concebe o cérebro como o mensageiro do pensamento. Hipócrates
foi o primeiro a constituir uma correlação entre o cérebro e a doença sagrada, a epilepsia.
Aristóteles (384-322 a. C.) um discípulo de Platão, era escritor exímio, filósofo, e zoologista. Era também
professor conceituado, contratado pelo Rei Filipe da Macedônia para ensinar seu filho, Alexandre, que
posteriormente ficou conhecido como Alexandre, o grande. Aristóteles é o primeiro a usar a palavra
“Anatomé”, termo Grego, que significa cortar ou dissecar. Aristóteles não dissecou cadáveres humanos,
pensava que os apontamentos em animais eram correspondentes nos homens, à analogia Aristotélica.
Refere às meninges, e afirma que o cérebro apresenta cavidades. Designou a aorta, e distinguiu as artérias
das veias. Aristóteles escreveu o primeiro relato conhecido de embriologia, em que expôs o
desenvolvimento do coração em um embrião de galinha. Aristóteles é reconhecido como o fundador da
anatomia comparada. Apesar de suas admiráveis concretizações, Aristóteles propagou algumas teorias
equivocadas concernentes à anatomia. Por exemplo, o princípio dos humores instituía os limites do seu
pensamento. Platão tinha exposto o cérebro como o “assento do sentimento e do pensamento”, porém
Aristóteles divergiu. Ele estabeleceu a sede da inteligência no coração, e interpretou que o papel do
cérebro que era banhado por um líquido, apenas seria resfriar o sangue bombeado pelo coração,
conservado assim, a temperatura corpórea.
O Período Alexandrino
No ano de 334 a. C. assinala o começo do Período Alexandrino na História da Grécia. Alexandre Magno
fundou a cidade de Alexandria aproximadamente entre os anos de 331-323 a. C. Além de uma ampla
biblioteca, existia também, uma escola de medicina em Alexandria. O estudo da anatomia prosperou
porque eram consentidas as dissecções de cadáveres e vivissecções. Infelizmente, as contribuições
sapientes e o desenvolvimento científico de Alexandria não persistiram. A destruição da maioria dos
registros ocorreu quando a ampla biblioteca foi incendiada pelos romanos ao invadirem a cidade em 30 a.
C.
Herófilo da Macedônia
Em 300 a. C., aproximadamente Ptolomeu I permitiu a efetuação de dissecção de cadáveres a Herófilo
(335-280 a. C.). Esta concessão dura aproximadamente 30 a 40 anos. Herófilo pode ser acatado o Pai da
Anatomia, o maior anatomista grego antes de Galeno, e a sua determinação por dissecções levaram o nome
de “devorador de cadáveres”, crê-se que ele dissecou mais de 100 cadáveres. Expôs descrições fantásticas
do crânio e dos olhos. Duas obras extraordinárias de Herófilo são designadas de “Sobre a Anatomia” e “Dos
Olhos”.
Erasístrato de Chio
Erasístrato (304-250 a. C.) preocupava-se mais pelas funções do corpo humano do que pela estrutura, e
muitas vezes, é chamado de “Pai da Fisiologia”. Aperfeiçoou as informações sobre o cérebro e o cerebelo,
o qual ponderou estes órgãos como a sede da alma. Distinguiu a substância cerebral, e não a dura-máter
como a origem dos nervos cranianos. Determinou o cérebro e o cerebelo como órgãos parenquimatosos.
Erasístrato referiu os ventrículos encefálicos. Junto com Herófilo estabeleceram que o número de giros
esta relacionado com a inteligência humana.
Todavia, o brilhantismo das descobertas anatomopatológicas de Herófilo e Erasístrato caiu em desgraças.
A desconfiança de que escravos e condenados a morte tinham sido dissecados vivos, após a autorização
de Ptolomeu. Relata uma passagem em Machado de Assis – “Contos Alexandrinos”, a história de dois
filósofos: Stroibus e Pítias.
“Tinham sido escalpelados cerca de cinquenta réus, quando chegou à vez de
Stroibus e Pítias. Vieram buscá-los; eles supuseram que era para a morte
judiciária, e encomendaram-se aos deuses. De caminho, furtaram uns figos, e
explicaram o caso alegando que era um impulso da fome; adiante, porém,
subtraíram uma flauta, e essa outra ação não a puderam explicar
satisfatoriamente. Todavia, a astúcia do larápio é infinita, e Stroibus, para
justificar a ação, tentou extrair algumas notas do instrumento, enchendo de
compaixão as pessoas que os viam passar, e não ignoravam a sorte que iam
ter. A notícia desses dois novos delitos foi narrada por Herófilo, e abalou a
todos os seus discípulos.”

Os anatomistas desejavam saber se nervo do furto habitava na palma das mãos. Pelo que se diz, Herófilo
dissecou primeiro Stroibus, e a seguir Pítias durante oito dias.
O Império Romano
Em muitos enfoques, o Império Romano conteve os progressos científicos, e as bases para a Idade do
Obscurantismo. A abordagem científica supriu a teoria pela prática durante esse período. Foram efetuadas
algumas dissecções de cadáveres humanos, tendendo mais estabelecer o motivo da morte em casos
criminais. A medicina não era preventiva, porém restringia-se, quase sem exceção, ao tratamento de
soldados lesados em combates. Nos últimos tempos da história romana, as leis eram colocadas atestando
o prestígio da igreja na prática médica. Conforme as leis romanas, por exemplo, nenhuma gestante morta
poderia ser sepultada sem a retirada do feto do útero de maneira que pudesse ser batizado.
Cornelius Celsius
A maior parte do que se sabe, hoje em dia, sobre a escola médica da Alexandria fundamenta-se nos
registros do enciclopedista romano Celsius (30 a. C.- 30 d. C.). Ele reuniu estes dados em um trabalho de
oito volumes: “Dere medicina”. Entretanto, Celsius teve crédito tão somente restrito em sua própria época,
possivelmente devido da utilização do latim em lugar do grego.
Claudius Galeno
Galeno (130-201 d. C.) nasceu em Pérgamo, cidade grega da Ásia menor, médico de Marcus Aurelius
Antoninus e Imperador de Roma. Foi médico da Escola de Esgrima, e exerceu a medicina em Roma. As
descrições de Galeno esporadicamente se adaptam aos órgãos humanos, as suas descrições foram
efetuados em macacos, bois, e porcos. Quanto não haveria realizado Galeno se lhe fosse possibilitada a
dissecção de cadáveres humanos, uma vez que ele viveu em um período, onde milhares de coitados eram
sacrificados pela excentricidade selvagem da população romana, especialmente pelos seus imperadores,
mas que não consentiam a anatomia servir-se de um cadáver. As essenciais efetivações de Galeno
deparam-se no campo do sistema nervoso. Os nervos medulares foram divididos segundo as regiões, e os
nervos cranianos em número de nove pares: o nervo óptico, o nervo oculomotor, o nervo troclear, o nervo
trigêmeo, o nervo palatino, o nervo acústico, o nervo facial, o nervo auditivo, e o nervo hipoglosso. Já
conhecia o infundíbulo da hipófise, que cria comunicar-se com a cavidade nasal. Galeno descreve o esterno
com sete peças, tanto como as costelas com as quais se articula. Realizou diversas trepanações do esterno,
em especial de um homem jovem com presumível mediastinite séptica. Parece ter sido o primeiro a realizar
uma ressecção do pericárdio. Descreveu a cartilagem tireóidea com o nome de “O Chondros thyreoides”,
semelhante ao escudo cretense. Jamais, o renome de um homem trinfou de forma tão extensa em uma
ciência como a de Galeno na medicina. Suas inspirações alongam-se pelos próximos 13 séculos através da
Idade Média até o século XVI, sendo que as obras de Galeno estabelecem o fundamento das informações
anatômicas.
Concepções de corpo na tradição judaico-cristã
O homem é imagem e semelhança de Deus, sendo por Ele modelado como composto de argila do solo e
do sopro divino. No Cristianismo, principalmente nas obras teológicas de Paulo de Tarso, Justino (110-167),
Tertulliano (155-240), Irineu (140-200), o homem é definido como um composto de corpo, alma, e o
espírito. Segundo Irineu, por exemplo, quando o homem se torna o corpo espiritual, ele atinge o estado de
sua plena efetivação:
A natureza corpórea foi modelada segundo a imagem de Deus. Se
prescindirmos da substância material, ou seja, da obra modelada por Deus, e
levarmos em consideração somente o espírito, então não falaríamos mais de
um homem espiritual, mas do espírito em si. Os elementos que compõem o
homem perfeito são três: corpo, alma espírito. (IRINEU apud MASSIMI, 2005).

A Idade Média
Esse período prolongou quase 1000 anos até Constantinopla ser conquistada pelos turcos em 1453. A
dissecção de cadáveres foi completamente impedida durante a Idade Média, e a violação de cadáver era
ponderada uma atitude criminosa, comumente castigada com a condenação à fogueira enlaçada a uma
estaca. Caso acontecessem mortes incompreensíveis, os exames por inspeção e palpação eram benquistos.
Durante a peste negra no século XVI, contudo, foram efetivadas algumas dissecções na expectativa de
estabelecer o motivo desta aterrorizante doença. Durante as Cruzadas Religiosas, os soldados cozinhavam
os ossos de seus parceiros mortos, de tal modo, que os soldados pudessem retornar para as suas moradias,
e ter um enterro digno. Contudo, até mesmo esta ação foi ponderada uma profanação, e duramente
censurada pela Igreja. Um disparate da Idade Média já que os camponeses eram menos respeitados, e
tinham menos direitos enquanto viventes do que quando falecidos.
A Contribuição do Islame
Os povos da língua árabe deram intensas colaborações à história da anatomia da uma maneira mais
incomum. Foi o mundo islâmico que preservou ampla parte da cultura ocidental dos escombros do Império
Romano, da exploração da Igreja Cristã, e das perseguições da Idade Média. Com a ampliação do Islame
pelo Oriente Médio e Norte da África durante o século VIII, foram trazidos de volta os documentos
remanescentes de Alexandria para os países árabes onde foram traduzidos do grego para o árabe. Quando
a Idade do Obscurantismo imperava a Europa, a Igreja Cristã buscou reprimir qualquer declaração cultural
ou informação profana que não fossem aceitos pelos dogmas cristãos. A exploração do corpo humano foi
acatada herege, e a Igreja proibiu as escritas sobre anatomia. Tão somente no século XIII as traduções
árabes voltaram à Europa e, por seu lado, foram traduzidas para o latim. Dessa maneira, os médicos árabes,
cujas habilidades são hoje redescobertos, tinham introduzido mudanças sábias nas ideias galênicas. Entre
eles, o persa Avicena (980-1037) tinha bons conhecimentos sobre o bulbo ocular, e dizia que a cegueira
não era por causa do cristalino, contudo pelo nervo óptico. Descreveu o hímen, como sendo um
aglomerado de vasos de sangue e delgados ligamentos. Outro médico, alquimista e filósofo persa, Rhazes
(850-923) diretor do hospital de Bagdá, também tinha conhecimento do bulbo do olho. Já, Ibn al-Nafis
descreveu caprichosamente a circulação pulmonar. Em sua explicação do Cânon de Avicena, Ibn al-Nafis
descreve: “depois que o sangue foi refinado no ventrículo direito, é necessário que o sangue passe para a
cavidade esquerda, onde se compõem os espíritos vitais. Nesse nível, a substância do coração, é
especialmente sólida, e não há nenhuma passagem visível nem passagem invisível adequada de possibilitar
a circulação desse sangue como cria Galeno. Não obstante, a substância é espessa, e não existem poros
permeáveis. Por conseguinte, o sangue, após de ter sido refinado, deve basicamente passar para a ‘veia
arterial’ – a ‘artéria pulmonar’, ir de tal modo até os pulmões, difundir-se na sua substância, e lá se misturar
com o ar para que sua parte mais perspicaz seja purificada, e possa passar para ‘artéria venosa’ – a ‘veia
pulmonar’ para atingir a cavidade esquerda do coração, tornando competente a constituir os espíritos
vitais”. Por fim, Avenzahar é acatado o pioneiro da plástica de períneo. Todos eles foram extraordinários
médicos para o período, contudo poucos colaboraram para a anatomia.
O Renascimento
O período conhecido como Renascimento foi caracterizado pela vida nova das ciências. O Renascimento
foi inserido nas amplas universidades europeias situadas em Bolonha, Salerno, Pádua, Montpellier, e Paris.
Tão somente no Renascimento seriam consentidos, ainda que com certa precaução e decência, os
procedimentos de invasão do corpo por meio de estudos de cadáveres. No desenvolver desta que, por
certo, representou uma contestação em relação ao seu tempo, em 1482 o Papa Sisto IV consentiu a
dissecção de cadáveres, a qual foi aprovada, em 1525, pelo Papa Clemente VII, demolindo os danos
religiosos que atalhavam o desenvolvimento da ciência médica. A primeira dissecção de cadáveres
realizada nestas universidades foi obra do cirurgião William de Saliceto (1215-1280) da Universidade de
Bolonha. O estudo da anatomia espalhou-se velozmente para as outras universidades, e pelo ano de 1300,
as dissecções de cadáveres tinham se tornado uma parte complementar do currículo médico. Entretanto,
o ensinamento Galênico de que a anatomia humana era o bastante conhecida permanecia. O ensino da
anatomia humana com demonstração dos órgãos executadas em cadáveres pelo próprio professor,
principiou-se em Bolonha, em 1315, com Mondino de’ Luzzi, que é designado o restaurador da anatomia.
Os professores de anatomia pronunciavam as suas aulas de cátedras um pouco distante do local do
cadáver. A frase: “eu não devo tocá-lo com uma vara de 10 pés” possivelmente originou-se durante esse
período em menção ao odor de um cadáver em deterioração.
Entre os primeiros livros de anatomia a serem impressos estava o de Jacopo Berengario de Carpi (1470-
1530) professor de cirurgia em Bolonha e Paris durante 25 anos, antecedendo a Vesalius. Conta à história
ter Berengario de Carpi dissecado mais de 100 cadáveres. Ele descreveu diversas estruturas anatômicas,
como por exemplo, o apêndice vermiforme, o timo, a membrana do tímpano, a comunicação do seio
esfenoidal com o meato nasal superior, e a laringe. Descreve a medula espinal, terminando no adulto ao
nível de L2.
Por causa da acelerada putrefação de um cadáver não embalsamado, os livros de anatomia do começo do
Renascimento eram arranjados de maneira que a partes mais perecíveis do corpo fossem descritas
primeiramente. As dissecções iniciavam pela cavidade abdominal, a seguir, o tórax, a cabeça, e por fim os
membros superiores e inferiores. Uma dissecção durava, em média quatro dias.
Com o aumento pelo mérito na anatomia durante o Renascimento, a aquisição de cadáveres para a
dissecção se tornou um problema grave. Estudantes médicos cometiam repetidamente a invasão de
sepulturas para saqueá-los, até que um decreto oficial foi expedido, possibilitando utilizar os corpos de
criminosos executados com espécimes.
O estudo da anatomia prosperava em Paris, com Jacobus Dubois, Sylvius (1478-1555). Sylvius foi professor
de anatomia e cirurgia no Colégio da França. Foi o primeiro a dar uma apropriada descrição dos músculos,
que receberam nomes conforme a sua forma e a sua situação. Sylvius falava impecavelmente o latim, o
grego, e o hebraico. Deve-se a Sylvius uma reconsideração da nomenclatura dúbia, tendo passado do árabe
para o grego. Manteve os equívocos de Galeno contra Vesalius seu discípulo. Chegou a garantir que um
equívoco de Galeno estava fora de contestação. Dizia que a espécie humana estava se alterando, e
sofrendo uma “degenerescência”, como por exemplo, o encurtamento do esterno, quando escreveu que
ele apresentava sete partes, conforme Galeno.
Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni
Uma das mais apreciadas imagens plásticas do Renascimento, pintada na Capela Sistina por Michelangelo
(1475-1564) entre 1508 e 1512, em “A Criação do Homem” encontra-se a imagem das mãos aproximadas,
como sendo as de “Adão” e de “Deus”. Ao analisar estas pinturas que integram o teto da capela erguida
por Sisto IV, Marco Bussagli vê que seu pintor, também apresentava informações da musculatura de
antebraços, sendo que na pintura do membro superior de “Deus” assinalam-se os seguintes músculos: o
músculo palmar longo, o músculo extensor longo do polegar, o músculo extensor curto do polegar, e o
músculo abdutor longo do polegar. Em relação ao membro superior esquerdo do “Homem” é possível o
reconhecimento das seguintes estruturas anatômicas: o músculo flexor ulnar do carpo, o músculo
braquiorradial, e o músculo palmar longo.
Leonardo da Vinci
Em seu tratado de anatomia nunca acabado, projetado para ser escrito em cooperação com o jovem
professor de anatomia Marcantonio Della Torre (1481-1512), Leonardo da Vinci (1452-1519) assumiu que
ajudou a dissecar 30 cadáveres junto a escolas de medicina.
A escrita invertida é uma característica das observações do canhoto da Vinci, em seus desenhos. No
desenho de da Vinci, intitulado o “Coito”, os vasos de sangue também surgem, assim como um canal que,
saindo da medula espinal do homem atinge ao testículo. O ducto que deixa a medula espinal, e que chega
ao pênis trata-se de um incremento inexistente que se deve à pérfida atribuição da medula espinal de uma
virtude generativa, isto é, da Vinci fundamentado em Galeno, cria que a parte ativa, a reprodutiva, e densa
do espermatozoide produzido na medula espinal, seriam o responsável pela nova vida a ser gerada no
ventre feminino.
Outra obra a ser considerada do ponto de vista anatômica e fisiológica é o “Embrião no útero”, de da Vinci
que, ainda que, o processo de placentação seja de uma vaca, pode tratar-se de uma falha, ou puramente,
uma imagem de da Vinci pôr o homem no centro da natureza típica do antropocentrismo, tônico no
Renascimento. Ele ponderou o homem como o centro do universo, distendendo a figura humana em duas
formas geométricas, uma em relação ao quadrado, e a outra em relação ao círculo, sendo que a unidade
melodiosa seria dada pelo conjunto. Seu ponto de partida foram os escritos do arquiteto e do engenheiro
militar Marco Vitrúvio, o qual constituíra no século I antes de Cristo a doutrina que relacionava a
proporcionalidade da soberba arquitetura com as do homem de boa conformação. De tal modo,
reassumindo aos estudos remotos, e checando as proporções humanas com as das construções, da Vinci
determinava que o centro do corpo humano, era a sínfise púbica, e não o umbigo.
Andreas Vesalius
Andreas Vesalius (1514-1564), de Bruxelas, médico flamengo, Flandres, região da Bélgica e França, e
professor de Anatomia em Pádua, Itália. Vesalius foi o responsável por uma revolução, ao fundar a moderna
ciência da Anatomia, publicando sua extraordinária obra intitulada “De Humani Corporis Fabrica Libri
Septem”, em 1543, e ilustrada por um artista, Johannes Calcar. Vesalius acompanhou as doutrinas de
Galeno, abreviados no seu pensamento “dissecar e observar”, que levou Vesalius, a derrubar a Anatomia
Galênica, fundamentada em dissecção de animais. Vesalius padronizou a terminologia anatômica, realizou
contribuições em osteologia e miologia, e renunciou, em cardiologia, o conhecimento de Galeno do septo
pérvio, ou seja, intercomunicante. A revolução contra Galeno, e a sua Anatomia gerou ondas de críticas.
Vesalius foi extremamente censurado pelos seus mais proeminentes concorrentes Sylvius seu mestre, e
Bartolomeu Eustáquio. Vesalius viveu num período em que o pensamento e a inovação eram graves,
quando muitos tiveram que pagar com a vida a liberdade intelectual. Não resta dúvida que Vesalius foi o
primeiro pensador anatômico que ousou criticar Galeno, e soube rescindir a cega adoração a Galeno,
contestando seus equívocos. Estes fatos levaram Vesalius à Espanha, onde foi indicado como médico do
Imperador Carlos V.
Conta à história que Vesalius caiu em infortúnio perante a corte e o clero. O Imperador Carlos V, utilizando
a sua reputação foi capaz de subtrair Vesalius das suplicias da Inquisição, fazendo com que o mesmo fizesse
uma andança à Terra Santa. O crime praticado por Vesalius era irredimível. Estava ele ocupado em dissecar
um cadáver humano de um nobre cavaleiro da corte do rei ferido em duelo, quando um de seus assistentes
testemunhou o coração bater. Segundo consta, o assistente amparando-se sobre o cadáver fez o sangue
venoso refluir para os átrios. Contudo, na realidade, é que o renome europeu que receberia em virtude de
seus trabalhos de anatomia, assim como a devoção de Carlos V, e posteriormente, de Felipe II, que
conquistara com suas vocações de médico, valeram a Vesalius, a cobiça e a aversão de diversos
contemporâneos, e para explicitar Sylvius, seu mestre, que o chamou de “Vesano” – “o Louco”. Aos 50
anos de idade, em 1564, Vesalius retorna à Itália após uma andança a Jerusalém, sofreu um naufrágio em
Zante, ilha nas costas da Grécia, onde faleceu de fome e fadiga depois de errar solitário durante três dias
após ter sido lançado na ilha.
Tal a relevância das práticas e das informações indicadas por Vesalius que, no século seguinte, seus estudos
ganharam visibilidade em telas, como por exemplo, “Lição de Anatomia do Dr. Tulp” pintada por
Rembrandt em 1632, onde aos pés do cadáver surge um livro de anatomia de sua autoria, evidenciando
uma dissecção dos músculos flexores dos dedos, enquanto realiza o movimento explicativo com a sua mão
esquerda. Na realidade, esta aula com sete alunos anatomistas é de demonstração, não acontecendo cá
uma dissecção anatômica, e que a tela abrange dois erros anatômicos: o comprimento do membro superior
esquerdo é bem maior que o membro superior direito, e os músculos flexores superficiais do antebraço
estão surgindo incorretamente do epicôndilo lateral, ao invés do epicôndilo medial, o que indica o
insciência de Rembrandt sobre anatomia. Além disso, Dr. Tulp não era cirurgião nem anatomista, porém
um médico preocupado em distinguir as sequelas dos incômodos nos diversos órgãos do corpo humano.
Entretanto, o legado do Renascimento, o ensino como demonstração sugere a relevância da anatomia no
ensino médico.
Após muitos séculos de marasmos profundos, decadência e omissão das ciências, diversos anatomistas
surgiram, deixando seus legados em nome da história da anatomia e da medicina. O sucessor de Vesalius,
em Pádua, foi Matteo Realdo Colombo (1516-1559), que viu a concomitância entre a sístole e a expansão
arterial; e a diástole com a contração arterial. Confirmou a ausência de poros no septo interatrial e no septo
interventricular, assim como a teoria de Servet, no livro De Re Anatomica, publicado em 1559, pouco
depois de sua morte.
Realdo Colombo, por sua vez foi sucedido por Gabriele Fallopius (1523-1562) para quem Vesalius era “um
médico esplêndido e professor divino”. Fallopius, conhecido pela sua versatilidade, um “scholar” no sentido
dos anglo-saxônicos, era ponderado um professor diversificado de anatomia e maravilhado pelas
abundantes colaborações realizadas a quase todos os sistemas e aparelhos do corpo humano. Foi professor
de anatomia em Pisa e Pádua, onde acumulou as cadeiras de anatomia e cirurgia. Diversas colaborações
relevantes para a anatomia foram descritas por Fallopius: a tuba uterina, o clitóris, o hímen, o ligamento
redondo do útero, a vagina, a placenta, órgãos da audição e do equilíbrio, o ligamento inguinal, a papila
ileal. Conta à história que Fallopius, em Pisa, realizou pesquisas sobre a medicação de venenos em
criminosos condenados.
Fallopius, por sua vez teve como contemporâneo, Miguel Servet (1509-1555), nascido na Espanha, estudou
medicina, em Paris. Junto à Vesalius, à Servet, também foi atribuída à descoberta da circulação pulmonar.
Condenou impetuosamente os mandamentos cristãos, atacando os católicos e os protestantes, exaltando
uma religião naturalista. De tal modo, Servet obteve uma soberba reputação de herege, sendo duramente
perseguido. Aos 42 anos de idade foi queimado vivo, em 1555, por determinação do arcebispo de Viena,
João Calvino.
Fallopius era habitual que tivesse seduzido discípulos excelentes, entre os quais, um dos mais brilhantes
anatomistas de todos os tempos: Girolamo Fabrizio, ab Acquapendente (1533-1619), cidade onde nascera
na região de Piemonte. Fabrizio, médico e cirurgião excepcional, de rara habilidade, que cuidou dos mais
ricos personagens da república vienense, recusando-se sempre a aceitar qualquer pagamento em dinheiro,
porém foi alvo de diversos presentes. Fabrizio concentrou todo o conhecimento de Fallopius, e chegou a
ultrapassá-lo. Ele recebeu a condecoração máxima, Professor Supraordinarius, da Universidade de Pádua,
e se diferenciou, também, por realizar jus ao mais alto salário pago, “em peças de ouro”, a um professor
de Anatomia.
Os séculos XVII, XVIII e XIX
Durante os séculos XVII e XVIII, a anatomia alcançou uma aprovação incomparável. Em alguns enfoques,
adotou também uma qualidade um pouco teatral. Anfiteatros magníficos eram construídos em diversas
partes da Europa para demonstrações públicas de dissecções. Ingressos eram vendidos a preços
descomunais, e as dissecções eram realizadas por anatomistas graciosamente vestidos, e que também
eram majestosos discursadores. Os cadáveres eram geralmente, de prisioneiros executados, e as
exposições eram marcadas durante o inverno devido da natureza perecível dos cadáveres.
William Harvey (1578-1657) médico inglês instituiu um marco histórico com a publicação do seu trabalho
intitulado “Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus”, ao prover os embasamentos
da circulação do sangue. De forma irônica, nas críticas e nas discussões que se seguiram, a palavra
latina circulator era usada, pelos oponentes, difamador, com o significado de charlatão. Demonstrou de
maneira definitiva, por meio de observação direta da circulação de animais de laboratório, que o sangue
oriundo do ventrículo direito seguia pela artéria pulmonar em direção aos pulmões, e retornava ao coração
por meio das veias pulmonares. Suas observações sepultaram terminantemente a teoria da presença de
poros interventriculares. Contudo, Harvey ignorava a fisiologia da circulação pulmonar: a dissipação de
CO2 e absorção de O2.
A invenção do microscópio óptico composto, por Hans (pai), e Zacharias (filho) Janssen, ocorreu na
Holanda, em 1590, foi utilizado por Robert Hooke, e por Anton van Leeuwenhoek. Este inventou o
fotomicroscópio simples, na Holanda, em 1673, que lhe possibilitou, com uma lente, realizar
extraordinárias descobertas sobre micro-organismos. Hooke, na Inglaterra, e Leeuwenhoek, na Holanda,
utilizando simples microscópios, fizeram fantásticas contribuições em Biologia e Zoologia. Na Itália, o
médico Marcello Malpighi (1628-1694), anatomista, botânico, e dono de uma individualidade
plurifacetada. Malpighi era considerado também, microanatomista e morfologista. Graças à esmiuçada
utilização do microscópio composto, Malpighi comprovou com a sua descoberta dos capilares, em
anastomoses de arteríolas e vênulas, a previsão realizada por completo, de tal modo, o conhecimento da
“circulação do sangue”. Portanto, tão somente com o progresso da tecnologia munida pelo microscópio
foi admissível provar a ideia revolucionária de Harvey.
No século XVIII as técnicas de conservação de cadáveres conheceram relevante desenvolvimento devido
especialmente aos seguintes investigadores: Guilhermo Hunter (1718-1783), que usava o álcool como meio
de fixação e conservação. Pierrento Dionis aplicava o ácido tânico para se impedir o desenvolvimento de
fungos. Francois Chaussier (1742-1828) aplicou o biocloreto de mercúrio para impedir a putrefação e
melhorar a mumificação. Johann Jacob Ritter (1714-1784) usou o arsênico. Karl Wilhelm Sheele (1742-
1786) um farmacêutico sueco, que descobriu a glicerina. Na ocasião, Sheele a batizou de “o doce princípio
das gorduras”. Coube ao anatomista italiano Carlo Giacomini (1840-1898), o primeiro uso da glicerina para
preservar cadáveres, cuja técnica ganhou o seu nome. Posteriormente, August Wilhem V. Hoffmann (1818-
1892) químico alemão, descobriu e passou a usar o formol como substância para a conservação de
cadáveres.
A fundamental colaboração científica do século XIX foi à formulação da teoria celular. Pode-se até discutir
que esta teoria teria sido a descoberta mais relevante na história da biologia e da medicina porque todas
as funções do corpo humano foram enfim explicadas como consequência da função celular.
Dentre os nomes relevantes da anatomia do século XIX destacaram-se William Sharpey (1802-1880) e
Henry Gray (1827-1861), os dois reconhecidos por suas colaborações tanto na organização de algumas das
edições do Quain’s Anatomy quanto na publicação do Gray’s Anatomy, obras dedicadas ao progresso do
conhecimento da anatomia humana por parte de médicos cirurgiões, cujas atividades foram excitadas pela
chegada da anestesia.
Os séculos XX e XXI
As contribuições para a ciência anatômica durante o século XX não foram tão magníficas quanto o eram no
período em que pouco se sabia sobre a estrutura do corpo humano. O estudo da anatomia se aperfeiçoa
cada vez mais por meio das especializações, e as pesquisas se tornaram mais minudenciadas e mais
complexas.
Infelizmente, um ponto negativo ocorreu no período da 2ª Grande Guerra Mundial, período em que as
polêmicas bioéticas, abrangendo as experiências com seres humanos tomavam corpo com o processo de
Nuremberg, anatomistas alemães foram denunciados de utilizar corpos de vítimas do holocausto para as
pesquisas anatômicas, de tal modo como foram realizadas diversas acusações da presença da suástica
nazista nas páginas de alguns atlas anatômicos do período.
Após especificar alguns dos enfoques históricos, sociais, e culturais que possibilitaram a exaltação da
anatomia humana como esfera de conhecimento organizado nos padrões constituídos pela ciência
moderna. No âmbito brasileiro, e mais especificamente paulista, foi instituída e sustentada uma escola de
anatomia ilusoriamente clássica, orientada por ritos e tributos ao seu fundador, o anatomista italiano
Alfonso Bovero.
A proposta de ensino e pesquisa estabelecida por Bovero manifestou-se inovadora na conjuntura brasileira.
Contudo, uma visão mais esmiuçada acerca de suas propostas e vantagens sugere que o seu padrão de
ensino/pesquisa fora parecido ao explorado por Mondino, no século XIV, e Vesalius, no século XVI,
contemplados os “reformadores” da anatomia e que, ao dar preferência à prática da dissecção, e a
utilização de compêndios e de livros textos, instauraram uma metodologia clássica de ensino e pesquisa
que individualiza a disciplina de anatomia humana.
Quanto ao enfoque nas técnicas de preparação de peças anatômicas, com o tempo, elas foram se
modificando. Diversas formas de conservação das peças anatômicas com o uso substâncias que evitam a
proliferação de micro-organismos foram utilizadas. As mais habituais são: o formaldeído, a glicerina, o
álcool etílico, e o fenol. O formaldeído é o fixador e conservante mais usado, por ser barato e adentrar
velozmente nos tecidos, mas está sendo desconsiderada pelo seu cheiro enjoativo e a deterioração das
peças anatômicas. A partir de 1977 uma nova técnica de preparação de peças anatômicas foi elaborada.
Essa descoberta foi realizada pelo médico e professor da universidade de Heidelberg na Alemanha, Gunther
Von Hagens, o qual se intitula “Vesalius do século XXI”, que inventou e desenvolveu o processo batizado
por Gunther de plastinação, que incide numa maneira moderna de mumificação, fazendo com que os
cadáveres tenham uma elevada resistência.
Assim, a plastinação, é outro aspecto que envolve polêmicas bioéticas, onde os "espécimes" inodoros,
secos, e quase eternos estão sendo vastamente utilizados como modelos de anatomia em exposições e
faculdades de medicina. Milhões de desconhecedores já testemunharam corpos dissecados em uma das
“fantásticas” exposições de anatomia pelo mundo, e um novo mercado on-line de "espécimes" humanos
plastinados está aumentando.
Por fim, a anatomia humana sempre será uma ciência relevante. Não tão somente aperfeiçoa nosso
entendimento individual do funcionamento do corpo humano, entretanto, também é fundamental no
diagnóstico clínico e no tratamento das doenças. A anatomia humana já não está mais restringida à
observação e a descrição das estruturas isoladamente, porém se ampliou para compreender as
complexidades de como o corpo humano age como um todo integrado. A ciência da anatomia é dinâmica,
e permanecerá ativa porque os dois aspectos do corpo humano, a estrutura e a função, são inseparáveis.

CONTEÚDO 3 – BASES GERAIS – PARTE 1


A Anatomia Humana é considerada a disciplina mais velha da Medicina, tanto que, primeiramente, ambas
se emaranhavam. Pelo menos no começo, em tempos imemoriais, era aceitável saber Anatomia ou, pelo
menos, ter alguns conhecimentos anatômicos para poder praticar a Medicina. Desde aquela ocasião
começou a ser válido o pensamento “Nulla Medicina sine Anatomia!”, ou seja, “Não há Medicina sem
Anatomia”.
“Ramo seco da Biologia”, “Ciência dos mortos”, “Ciência dos fósseis”, “A
Anatomia morreu!” Esses são os “versos” cantados aos quatro ventos por
aqueles que julgam – quase – desnecessário o estudo da Anatomia. Para
demonstrar este mal um caso pitoresco ocorreu no Brasil, quando um
laureado com prêmio Nobel foi convidado a fazer conferências científicas e
educacionais sobre “Atualização do Currículo Médico” o famoso professor,
com toda a autoridade que um ganhador de prêmio Nobel pode ter, brindou
a plateia com a seguinte mimosidade: “uma grande redução no currículo
poderia ser feita à custa da Anatomia, pois para conhecer a anatomia dos
homens, bastaria conhecer a anatomia do rato”. A grande vantagem que ele
antevia era que a dissecação de um mamífero pequeno poderia ser feita em
três dias, e não nos três anos necessários para dissecar o homem. Na discussão
que se seguiu, um dos participantes da plateia perguntou: “se o orador fosse
acometido por uma apendicite aguda, ele escolheria o cirurgião que tivesse
dissecado um rato, ou um que tivesse dissecado um cadáver1 humano?” O
orador fez uma longa pausa e honestamente confessou que ele escolheria o
cirurgião que tivesse estudado anatomia no homem. O professor que fizera a
pergunta retomou a palavra e parabenizou o orador pela sua excelente
escolha, acrescentando: “principalmente por que o rato não tem apêndice
vermiforme.” (Di Dio, 1998, p.28).

O termo Anatomia, etimologicamente, tem origem Grega (anatomé): Ana (distributivo, em partes)
e Tomé (corte, por exemplo, tomos de um Tratado) ou Temnein (cortar). A agregação das palavras significa
dissecação, ou dissecção. Dissecação procede do termo latino dissecare (dis: em partes; secare: cortar,
incisar) e corresponde ao termo anatomia. O termo dissecação é utilizado para designar a técnica mais
corriqueira e habitual usada no estudo de anatomia. Dissecação expressa exposição ordenado dos
órgãos do corpo por meio de incisões apropriadas, em ordem natural, separando-os de forma mais ou
menos tradicional, para estudá-los em particular, com a intenção de pôr relação de dependência entre
forma e função. Esse estudo é obtido no cadáver de indivíduo adulto ponderado normal e deve abranger
elementos relativos aos fatores gerais de variação, como por exemplo, a idade, o sexo, o grupo étnico, e o
tipo constitucional, assim como às modificações morfológicas decorrentes da passagem do corpo do estado
de vivo ao de cadáver. Deste modo, em vista da relatividade dos conhecimentos que se pode adquirir pela
dissecação do cadáver, que é um meio e não a finalidade da anatomia, os métodos de observação têm sido
aprimorados e deles a anatomia tem-se amparado para impetrar dados no próprio indivíduo vivo.
A anatomia propaga as bases da forma e da estrutura do corpo humano sadio e de seus órgãos. A forma
descreve a morfologia externa do indivíduo, de seus membros, e de seus órgãos. A estrutura obedece à
organização interna dos órgãos e de seus componentes nos níveis macroscópico, microscópico,
submicroscópico, e molecular; o termo estrutura inclui a função. A anatomia estabelece, ao lado com a
fisiologia e a bioquímica, a base para a profilaxia, o diagnóstico, a terapia, e a reabilitação de patologias.
Além disso, abrange o estudo de embriologia ou anatomia do desenvolvimento. A embriologia é a história
do desenvolvimento do indivíduo (ontogênese), envolve o estudo da fecundação e da transformação do
ovo (embriogênese), a origem e o desenvolvimento dos tecidos (histogênese), e a origem e
desenvolvimento dos órgãos (organogênese). O estudo da anatomia (forma) não pode ser desvinculado do
estudo da fisiologia (função). O ramo da anatomia que pauta a estrutura com suas funções é denominado
de anatomia funcional ou anatomia dos sistemas construtivos (ou, ainda, mesoscópica). Ruffini (1925)
descreveu este conceito de postura mais completa quando constituiu que “a forma é a imagem plástica da
função” ou, conforme ordenou Fernel, quando proferiu que “a anatomia está para a fisiologia assim como
a geografia está para a história”. Consequentemente, a anatomia é um conjunto de informações
fundamentais no estudo da medicina, como assevera Andreas Vesalius, em seu
tratado De Humani Corporis Fabrica (1543): “A anatomia deve ser considerada como o fundamento sólido
de toda a arte da medicina, sendo a sua preliminar essencial”.
De acordo com a tradição esse estudo é efetivado no cadáver conservado por líquido fixadores
(embalsamado2), empregando-se o método da dissecação, o qual consente assumir a maior soma de
noções dos órgãos, as suas conexões e as suas relações recíprocas. É o método básico no estudo
anatomotopográfico.
A dissecação do cadáver pode ser facilitada quando se aplica a injeção de substância de contraste coloridas
no interior das artérias, das veias, e dos vasos linfáticos. A dissecação tende prover informações diretas da
anatomia do indivíduo vivo; contudo, está balizada por mudanças post-mortem dos tecidos e dos órgãos,
emprego de líquidos fixadores ou casuais patologias que o organismo tenha padecido durante a vida. De
tal modo, os dados anatômicos adquiridos pelo estudo do cadáver devem ser afrontados e aperfeiçoados
com aqueles alcançados no indivíduo vivo por intermédio de métodos próprios, como a anatomia
radiológica e a anatomia ultrassonográfica.
Uma autópsia, ou seja, observar com os próprios olhos, é um exame post-mortem do corpo e dissecação
de seus órgãos internos para comprovar ou determinar a razão da morte. Uma autópsia pode expor a
existência de doenças não detectáveis em vida, determinar a extensão de lesões e esclarecer como essas
lesões, possivelmente, cooperaram para a morte do indivíduo. A autópsia dá suporte aos testes
diagnósticos de precisão, decreta os efeitos favoráveis e desfavoráveis dos medicamentos, expõe os efeitos
das influências ambientais sobre o corpo, provê mais elementos sobre uma patologia, ampara no acúmulo
de dados estatísticos e informa os alunos das áreas da saúde. Além do mais, uma autópsia manifesta
condições que podem comprometer a descendência ou os irmãos, como por exemplo, os defeitos cardíaco
congênitos. Uma autópsia pode ser requerida legalmente, como no desenrolar de uma investigação
criminal, ou para decidir contestações, entre beneficiários e companhias de seguro, sobre a razão da morte.
As modificações post-mortem, como o nome recomenda, existem mudanças morfológicas que acontecem
após a morte do indivíduo. Essas mudanças são observáveis e devem ser apontadas para quem vise estudar
anatomia no cadáver.
A morte pode ser definida como “a interrupção constante de todas as funções vitais, a perda dos reflexos
do tronco do encéfalo e dos reflexos medulares e a planificação dos eletroencefalogramas por pelo menos,
24 horas”. Trilha-se um período de rigor mortis3, a seguir, outro de relaxamento total e, enfim, o de
putrefação, que é a decomposição de matéria animal, principalmente protídeos, agregada com produtos
malcheirosos e tóxicos, como as ptomaínas4, os mercaptans5 e o ácido sulfídrico, ocasionados por certas
espécies de fungos e bactérias.
A simples condição gerada pela morte seja a morte natural, acidental ou patológica mostra modificações
no corpo em geral, e na morfologia de órgãos e demais estruturas anatômicas, em relação ao que é dito
normal no indivíduo vivo.
Um exemplo de diferença morfológica devida à morte é a que há no comprimento do intestino. Este é
muito mais curto no indivíduo vivo do que aquele que se depara em estado de relaxamento total no
cadáver.
Outrora, o comprimento do intestino era dado pela mensuração no cadáver, ou seja, quatro a cinco metros,
até que foi possível medi-lo pelo acesso de uma sonda endoscópica no indivíduo vivo, ou seja, três metros,
por exemplo, cuja finalidade é diagnóstica.
Divisão da anatomia
O(s) estudo(s) da anatomia
Além dos aproveitamentos na Medicina, e das diversas formas de estudo da Anatomia, há uma leitura
anatômica nas várias áreas da atividade humana.
Anatomia macroscópica
Refere as estruturas com dimensões maiores do que um milímetro, isto é, as estruturas que podem ser
identificadas a olho nu ou com auxílio de uma lupa.
Anatomia microscópica e molecular
Parte além das estruturas analisadas a olho nu, que permite uma subdivisão mais detalhada do corpo.
Visualiza estruturas com dimensões menores do que um milímetro. A anatomia microscópica divide-se em
citologia, estudo da estrutura e da função da célula, e histologia estudo dos tecidos e anatomia
microscópica dos órgãos. Com o apoio da alta resolução do microscópio eletrônico observa-se a estrutura
fina de características celulares e subcelulares, isto é, a ultraestrutura. A anatomia molecular descreve a
estrutura molecular das células e dos órgãos.
Anatomia artística
A anatomia artística, que se presta ao estudo das proporções dos segmentos naturais do corpo humano, à
configuração exterior, relacionando-a principalmente com ossos e músculos, estática e dinamicamente,
para finalidades de escultura e pintura.
Anatomia comparativa
A anatomia comparativa, que compara e inclui os planos estruturais de diferentes representantes do reino
animal e busca regras relacionadas à forma. Outra função da anatomia comparativa é o confronto entre
seres humanos e outros animais, com o intuito de encontrar formas homólogas, ou seja, iguais entre as
espécies, e as heterólogas, ou seja, diferentes entre as espécies.
Anatomia do desenvolvimento ou embriologia
Aborda do crescimento e a diferenciação do organismo desde o ovo celular até o nascimento. Quando
empregada à história da vida de um indivíduo é chamada ontogenia. É impossível perceber-se com nitidez
todas as estruturas deparadas no corpo adulto sem alguma noção de embriologia. Visto que embriões
humanos, particularmente os que estão nos estágios mais iniciais, são de difícil aquisição para estudo,
grande parte dos conhecimentos tem sido obtido em animais, isto é, por meio da embriologia comparativa.
Anatomia nepiológica ou nepioanatomia: nepio ou nípio (G) e infans (L), que significa “o que não fala”.
É o estudo da anatomia da primeira infância. Constitui uma ligação entre o estudo de embriologia e o da
anatomia de crianças, de adolescentes e de adultos jovens.
Anatomia do adulto
Estuda a estrutura do corpo humano após o seu completo desenvolvimento. É subdividida em masculina
(entre 25 e 60 anos de idade) e feminina (entre 21 e 50 anos idade), em virtude das características
peculiares a morfologia de atletas e de certos trabalhadores, como por exemplo, operários, estivadores,
joalheiros e pedreiros. Lambertini (1936) apontou em desportistas o hipermorfismo de grupo musculares
específicos conforme as solicitações físicas compreendidas na sua atividade específica, como por exemplo,
corredores, lançadores de peso, nadadores e lutadores.
Anatomia gerontológica
É o estudo da morfofisiologia do indivíduo idoso (acima de 60 anos de idade). Não deve ser confundida a
anatomia gerontológica, que corresponde ao estudo do idoso normal com a geriátrica, pois esta estuda o
idoso doente, e faz parte, portanto, da anatomia patológica.
Anatomia radiológica
A anatomia radiológica, que estuda os órgãos, quer no vivo, quer no cadáver, por meio de dos raios X,
procedendo em uma exposição diferencial no filme. Substâncias radiopacas como bário podem ser
ingeridas ou injetadas no corpo humano para determinar contrastes maiores. A angiografia incide em
realizar uma radiografia depois de injetar um contraste no sistema cardiovascular. Na angiocardiografia o
coração e os vasos de sangue são radiografados. A cinerradiografia possibilita o estudo de certos sistemas
do corpo humano por meio da utilização de películas radiográficas em movimento. A técnica da Tomografia
Computadorizada Axial (TCA) tem elevado bastante à versatilidade dos raios X. Usa um computador para
mostrar uma imagem em corte similar ao que se poderia adquirir apenas mediante de um verdadeiro corte
através do corpo humano. A Imagem por Ressonância Magnética (IRM), também chamada de ressonância
nuclear magnética, fornece uma nova técnica para diagnosticar patologias e acompanhar a resposta de
uma patologia a um tratamento medicamentoso. Uma IRM é criada rapidamente quando os átomos de
hidrogênio dos tecidos, submetidos a um forte campo magnético respondem a uma vibração de ondas de
raio. A IRM tem a vantagem de não ser invasiva, isto é, nenhuma substância química é inserida no corpo
humano, e é melhor que uma TCA por observar os tecidos moles, tais como a substância cinzenta e a
substância branca do sistema nervoso. A figura 6 demonstra uma tomografia computadorizada da região
de abdome.
Anatomia clínica (aplicada)
Ressalta o enfoque da estrutura e função do corpo humano fundamentais na prática da medicina,
odontologia e das ciências de saúde pertinentes. Reúne as condutas da topografia e dos sistemas ao estudo
da anatomia e destaca a aplicação clínica.
Anatomia topográfica (regional)
É o estudo das relações gerais dos órgãos que compõem cada região do corpo humano. Neste estudo deve-
se ponderar a localização de órgão ou estruturas anatômicas no organismo de forma genérica, isto é, a sua
circunstância no corpo ou holotopia, como por exemplo, o coração está no tórax; a relação precisa de cada
órgão com seus vizinhos próximos ou sintopia, como por exemplo, o coração está no tórax, entre os dois
pulmões, distalmente ao diafragma cérvico-torácico, proximalmente ao diafragma tóraco-abdominal,
dorsalmente ao esterno, ventralmente à coluna torácica, numa topografia denominada mediastino médio,
muito utilizada na radiologia ou outros exames por imagem; a relação especial de cada órgão com o
esqueleto ou esqueletopia, como por exemplo, o coração está localizado posteriormente ao esterno e
anteriormente à coluna vertebral; a relação mútua das partes de um mesmo órgão ou idiotopia, como por
exemplo, o ventrículo esquerdo está anterior e inferiormente ao átrio esquerdo; e, ainda, a relação mútua
dos diversos tecidos de um mesmo órgão ou histiotopia, muito utilizada na medicina legal ou forense.
Anatomia de superfície
A anatomia de superfície é a anatomia do indivíduo e limita a superfície do corpo humano. A experiência
adquirida durante o estudo anatômico é aplicado aos métodos clássicos do exame clínico. A anatomia de
superfície proporciona uma formidável importância nos cursos de investigação clínica. Os métodos
clássicos de investigação clínica abrangem a inspeção, eficaz para a percepção de mudanças patológicas
externas que insinuem a patologia do cliente ou até aceitem um “diagnóstico visual”; a palpação, isto é, a
percepção pelo tato e consente a avaliação de alterações estruturais ou volumétricas, especialmente de
órgãos internos, e da sensibilidade (à dor) de alguma região que indicam processos patológicos; a
percussão, ou seja, golpes leves e desferidos pelos dedos sobre a superfície do corpo provocam uma
sonoridade na projeção dos órgãos internos. O som gerado difere, dependendo da consistência (conteúdo
aéreo ou líquido) dos tecidos postos abaixo da pele, e provê dados para a avaliação da posição e da projeção
dos órgãos; a ausculta, normalmente é realizada com o auxílio de um estetoscópio, e permite a percepção
de sons originados pela respiração e pelos batimentos cardíacos e os movimentos intestinais; as provas
funcionais adicionais são, notadamente, executadas durante o exame do aparelho locomotor e do sistema
nervoso.
Anatomia constitucional
A anatomia constitucional ou biotipologia, parte da medicina constitucional, é o estudo dos tipos
individuais de construção do corpo humano (biótipo). Constituição significa a constituição morfológica, ou
seja, a arquitetura morfológica individual do corpo. A constituição do corpo humano é determinada por
fatores morfológicos e psicológicos. A adequação resultante contenta a um tipo especial de caráter físico
ou hábito funcional do corpo humano, que está sujeito de propriedades genéticas (celulares e humorais),
assim como de fatores do meio ambiente.
Divisão de acordo com Kretschemer.
Leptossomático7: o crescimento longitudinal normal do corpo é acompanhado por um crescimento menor
na largura. A musculatura é pouco desenvolvida e não faz grande relevo na superfície corporal. O tecido
adiposo é diminuído, a cabeça manifesta-se com uma forma delgada, com as bochechas contraídas e os
olhos fundos. O pescoço semelha alongado. O tórax é delgado e os ombros semelham caídos e os membros
são delgados, com relevos ósseos bem aparentes e os ventres musculares achatados. Os indivíduos são
altos e magros. A forma extrema do tipo leptossômico é o astênico, sendo que o tecido adiposo e a
musculatura são largamente diminuídos.
Atlético8: o esqueleto e a musculatura são bem desenvolvidos. Os relevos musculares despontam
claramente na superfície corporal. O crânio é alto e expressivo. O tórax é abaulado lateral e anteriormente.
A musculatura do ombro, fortemente desenvolvida, é associada a um ombro largo. Os membros
proporcionam comprimento médio com musculatura bem desenvolvida.
Eurissomático9: é caracterizado por um desenvolvimento pronunciado na largura do tronco. A grande
massa de tecido subcutâneo não consente a visualização da musculatura na superfície do corpo. A cabeça
é larga, o rosto semelha macio, o pescoço, compacto e curto. Em comparação com o tórax, os ombros são
estreitos. O tórax é largo. O tecido adiposo é elevado e determina um abaulamento no abdome. Os
membros são curtos.
Conceitos gerais de anatomia sistêmica e topográfica
Anatomia sistêmica
Para os estudantes que se principiam no estudo da Anatomia Humana, é justificável dar ideia da construção
do corpo dos animais, adicionando a espécie humana, comparando-a a construção de um edifício. Em
linhas gerais, seria a simples relação entre a Anatomia e a Arquitetura, saindo das “unidades” como as
menores partes e chegando, pela sua agregação progressiva ao todo, corpo e edifício, concomitantemente.
A comparação entre a construção de um animal e de um edifício inicia pelas suas unidades. As unidades de
um edifício são os tijolos e as de um animal, no caso o ser humano, são as unidades biológicas ou células –
microscópicas.
Tijolos semelhantes são arranjados de maneira a formar uma parede, e células semelhantes são arranjadas
de maneira a formar um tecido10. Cada tecido pode ser interpretado como um conjunto de células idênticas
para exercer a mesma função geral.
As paredes são arranjadas de maneira a compor uma sala ou um quarto, e os tecidos são agrupados de
maneira a compor um órgão. Cada órgão é interpretado como “um instrumento de função”, sendo
diferenciada pela origem, sede (situação), forma, estrutura, e pelas suas relações. Além do mais, o corpo
pode ser nomeado organismo, e a sua fábrica, sendo constituído de órgãos, são chamados de organização.
Os quartos são compostos de maneira a formar um apartamento, e os órgãos estão agrupados para
estabelecer um sistema.
Cada sistema é interpretado como um conjunto de órgãos que têm as mesmas origens e estrutura, cujas
funções especiais são unidas para a atuação de funções complexas. Os apartamentos são adjacentes ou
verticalmente superpostos para constituir um edifício, e os sistemas estão agrupados de maneira a formar
o corpo humano.
O corpo humano é assim interpretado como uma união de sistemas (orgânicos), podendo-se concluir, com
as devidas notas, que a vida básica é a somatória das funções dos sistemas integrados. Por conseguinte, a
anatomia sistêmica envolve o estudo indutivo macroscópico dos sistemas orgânicos analisados
separadamente, como por exemplo, o sistema muscular ou o sistema respiratório. Os sistemas
independentes são apontados conforme as suas funções; contudo, estes mesmos sistemas podem ser
unidos de acordo com outras características, como por exemplo, as ontogenéticas e as topográficas. Uma
vez que alguns órgãos ou estruturas orgânicas podem ocupar diversas funções, têm diferentes
probabilidades de divisão e relação com os sistemas. Portanto, podemos enumerar os seguintes sistemas,
do ponto de vista da anatomia sistêmica. O sistema esquelético, cujas funções consistem no suporte
interno e na estrutura flexível para movimentos do corpo, na produção de células de sangue, no
armazenamento de minerais e de gordura. Compreende o estudo dos ossos e das cartilagens. O sistema
articular apresenta como funções unir as peças ósseas do sistema esquelético e proporcionar locais que
ocorram movimentos. Apresenta como componentes as articulações e os seus ligamentos. O sistema
muscular está relacionado com o movimento do corpo, a produção de calor e a manutenção da postura.
Compreende o estudo dos músculos esqueléticos e cutâneos, os tendões, as aponeuroses, o retináculo e
as fáscias musculares. O sistema cardiovascular, cujas funções são o transporte de substâncias nutritivas
para as células do corpo e a remoção de resíduos metabólicos das células por meio do coração e dos vasos
de sangue. Além disso, os vasos linfáticos, o baço, o timo, os linfonodos e as tonsilas estão envolvidos na
ação imunológica, na absorção de gorduras e na drenagem de líquidos tissulares. O sistema respiratório
promove as trocas gasosas entre o meio externo e o sangue e a produção de som. É composto pelos
pulmões e as vias aéreas (faringe, laringe, traqueia e brônquios). O sistema digestório, entre suas funções
está à digestão e a absorção do material alimentar. Representado pelo canal alimentar (boca, faringe,
esôfago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus) e órgãos anexos (glândulas salivares, dentes,
língua, fígado, vesícula biliar e pâncreas). O sistema urinário tem como funções a filtração do sangue, a
manutenção do volume e a composição química do sangue, e a remoção de resíduos metabólicos do corpo.
Entre seus constituintes estão os rins, os ureteres, a bexiga urinária e a uretra. O sistema genital masculino
produz a célula sexual masculina, o espermatozoide e a transferência do sêmen para o sistema genital
feminino. Composto pela genitália externa (pênis e escroto) e a genitália interna (testículos, epidídimo,
ducto deferente, ducto ejaculatório, glândula seminal, glândulas bulbouretrais e próstata). O sistema
genital feminino é responsável pela produção da célula sexual feminina, o óvulo, contém o receptáculo
para o sêmen, o local de fertilização do óvulo, a implantação do zigoto, o desenvolvimento do embrião e
do feto, e a parturição. Composto pela genitália externa (vulva ou pudendo) e a genitália interna (ovários,
tubas uterinas, útero e vagina). O sistema nervoso apresenta como funções o controle e a regulação de
todos os demais sistemas do corpo. Seus componentes são o encéfalo, a medula espinal e os nervos. O
sistema tegumentar, cujas funções consistem no suporte externo e na proteção do corpo. Representado
pelo tegumento (pele) e seus anexos (unhas, pelos e glândulas) e a tela subcutânea. Os órgãos endócrinos
envolvidos na secreção de hormônios para a regulação química. Representado pelo conjunto de órgãos
sem ducto, isto é, órgãos de secreção interna. Os hormônios transportados pelo sangue atingem diversos
órgãos-alvo. Os órgãos sensoriais estão relacionados com a atividade sensorial. Seus componentes
permitem conexões aferentes dos órgãos dos sentidos especiais (do olho, da orelha e dos órgãos do paladar
e do olfato).
Os aparelhos são formados por grupos de dois ou mais sistemas com funções semelhantes. Assim, o
aparelho osteoarticular formado pelo sistema esquelético e sistema articular. O aparelho locomotor
constituído pelo sistema esquelético, sistema articular e sistema muscular. O aparelho da nutrição
composto pelo sistema respiratório, sistema digestório e sistema endócrino. O aparelho urogenital
compreende o sistema urinário e o sistema genital masculino. O aparelho reprodutor formado pelo sistema
genital masculino, sistema genital feminino e sistema tegumentar. O aparelho neuroendócrino constituído
pelo sistema nervoso e órgãos endócrinos. O aparelho cardiorrespiratório é constituído pelo sistema
cardiovascular e o sistema respiratório, enquanto que o aparelho gastropulmonar é formado pelos
sistemas digestório e respiratório. O aparelho mastigador composto pelos músculos, pela língua e pelos
dentes. Já o aparelho lacrimal compreende a glândula lacrimal, o saco conjuntival palpebral, a papila e os
canalículos lacrimais, o saco lacrimal e o ducto nasolacrimal. O aparelho neurossensorial é formado pelo
sistema nervoso e os órgãos dos sentidos.
É inadequado mencionar a Anatomia Sistêmica com os nomes de Anatomia Sistemática ou Descritiva, pois
a Topográfica também é Sistemática (no sentido de ser estudo ordenado, organizado) e também Descritiva.
Anatomia topográfica
Também é nomeada anatomia regional. Estuda a situação e as relações entre estruturas anatômicas de
todos os sistemas orgânicos existentes em uma determinada área do corpo. Apresenta caráter sintético
é de natureza aplicada. Busca prover uma noção do conjunto de todas as formações de cada região,
realçando suas relações com a clínica, à cirurgia e a patologia. Mune noções benéficas ao clínico na pesquisa
e na observação semiológica ou ao cirurgião na prática de uma intervenção cirúrgica. Devido ao seu modo
aplicativo, ela também é nomeada de anatomia aplicada ou anatomia médico-cirúrgica.
A anatomia regional é praticada conforme o critério regional-estratigráfico, isto é, limitada a cada região,
na qual vão sendo promovidos, separadamente, os planos constituintes, até a exibição e evidenciação das
constituições profundas. Esse método de dissecação também é nomeado de “planos em janelas”, pois cada
retalho é levantado dentro dos limites da região e permanece preso por um lado que simboliza a sua
dobradiça, podendo, então, ser recolocado no seu lugar.
Esplancnologia (vísceras11 em geral)
No passado, esplancnologia era definida como o estudo dos diversos sistemas orgânicos, com exceção do
aparelho locomotor. A Comissão Internacional de Nomenclatura, colegiada em 1967, removeu, dessa
opinião, o aparelho neurossensorial (de origem ectodérmica) e o sistema cardiovascular. De tal modo, hoje
em dia, a esplancnologia restringe-se basicamente ao estudo dos órgãos de origem endodérmica e
mesodérmica, como por exemplo, o sistema respiratório, o sistema digestório e o aparelho urogenital.
As vísceras contidas nas cavidades torácica, abdominal e pélvica podem ser agrupadas em dois grandes
grupos: as vísceras tubulares ou cavitárias, como por exemplo, o intestino e o estômago; e as vísceras
parenquimatosas ou maciças, como por exemplo, os ovários. Há as vísceras pseudoparenquimatosas, como
por exemplo, o fígado, os rins e os pulmões.
As vísceras tubulares ou cavitárias caracterizam-se por possuir uma luz tunelada, como por exemplo, os
ureteres, os intestinos e a uretra; ou uma grande cavidade em seu interior, como por exemplo, no
estômago e no útero.
As vísceras parenquimatosas e pseudoparenquimatosas, comumente são cobertas por uma lâmina de
tecido conjuntivo denso, a cápsula fibrosa, ou pela túnica suberosa que se prossegue com o estroma do
órgão. O estroma consiste de tecido conjuntivo que desenha o arcabouço de sustentação do tecido próprio
do órgão, o parênquima. O estroma apoia e mantém o formato dos órgãos.
O parênquima é o tecido funcional do órgão, como por exemplo, os hepatócitos, no fígado; os néfrons, no
rim; e o tecido linfoide, no timo. No sistema nervoso central, o estroma é formado pelas células da glia,
enquanto o parênquima é constituído pelos neurônios.
Os segmentos orgânicos consistem na secção ou região morfofuncional de um órgão que pode ser limitada
ou separada natural ou artificialmente do mesmo. A noção dos segmentos orgânicos é de veemência
anatomo cirúrgico. Cada segmento tem vascularizacão, inervação e estruturas próprias. Os segmentos mais
típicos são demarcados por septos ou tecido conjuntivo. Por exemplo, nos lobos pulmonares podem ser
observados os segmentos broncopulmonares. Já as artérias e os brônquios são segmentares, enquanto que
as veias intersegmentares. No fígado têm-se os nomeados segmentos hepáticos.
O pedículo corresponde ao conjunto de vasos sanguíneos, de nervos e de estruturas próprias que se
destinam a um órgão, como por exemplo, o pedículo hepático (artéria hepática própria, veia porta e ducto
colédoco); o pedículo pulmonar (artéria pulmonar, veia pulmonar e brônquio principal). Há o pedículo
muscular composto pelo conjunto de vasos sanguíneos e nervos que se designam ao ventre de um músculo
estriado esquelético.
O hilo corresponde a uma a´rea circunscrita da superfície de um órgão pela qual adentram ou surgem
estruturas próprias do seu pedículo, como por exemplo, o hilo pulmonar e o hilo do fígado (porta do fígado).
A víscera do tipo tubular ou cavitária corresponde a um órgão oco com parede multilaminada
(estratigráfica) e comumente incluso com uma membrana serosa, como por exemplo, a pleura, o pericárdio
e o peritônio. Em uma víscera tubular do tipo segmento de intestino delgado, apresentam-se, na sua
parede, as seguintes túnicas de dentro para fora: a túnica mucosa de camada mais interna, formada
basicamente por um epitélio que traz caracteri´sticas histológicas próprias, cujas func¸ões são de proteção,
de absorção e de secreção. Subjacente ao epitélio posiciona-se a membrana basal e a lâmina própria da
mucosa (muscularis mucosae). A túnica submucosa de tecido conjuntivo frouxo ou denso. Apresenta rede
de vasos sanguíneos e linfáticos, glândulas, nervos, gânglios e plexo nervoso submucoso, o plexo de
Meissner. A túnica muscular composta por músculo liso ou excepcionalmente estriado, como por exemplo,
no terço superior do esôfago, na faringe e na laringe. As fibras musculares lisas se arranjam em duas
camadas ou túnicas contínuas e concêntricas; uma interna circular e outra externa longitudinal. Essas
fibras, na verdade, apresentam disposição espiral ou helicoidal, com as longitudinais passando
gradualmente a circulares. De tal modo, as fibras longitudinais são espirais de passo12 longo, enquanto que
as fibras circulares são espirais de passo curto. A organização destas fibras, à analogia de uma rede ou
malha pantográfica, facilmente esclarece o ato que esta túnica muscular desempenha sobre o conteúdo e
o fluxo do intestino.
Os piloros13 ou esfíncteres14 consistem em condensações localizadas, de fibras musculares da túnica
circular, em pontos ou segmentos determinados do tubo digesto´rio. Os piloros são dispositivos
relacionados com a abertura ou o fechamento de orifícios, como por exemplo, o orifício anal; ou de canais,
como por exemplo, o canal esofagogástrico (cárdia), o canal gastroduodenal (piloro) e o canal do íleo
terminal. A abertura do óstio pilórico relaciona-se com a diferenciação especial da musculatura
longitudinal, o músculo dilatador e o fechamento relaciona-se com a diferenciação da musculatura circular
ou oblíqua, o músculo do esfíncter.
A túnica serosa compreende a membrana que envolve a superfície externa, composta pelas vísceras,
formada por epitélio pavimentoso simples, o mesotélio, e tecido conjuntivo frouxo de sustentação.
Grande parte das vísceras da cavidade tora´cica, da cavidade abdominal e da cavidade pélvica
está relacionada, em maior ou menor extensão, com as serosas, como por exemplo, no pulmão (pleura),
no coração (pericárdio); no segmento infradiafragmático do tubo digestório, órgãos anexos do sistema
digestório e o aparelho urogenital (peritônio).
O peritônio, em especial, reveste internamente a cavidade abdominal, o peritônio parietal e cobre, em
maior ou menor extensão, as vísceras contidas na mesma, o peritônio visceral. A serosa peritoneal traz
reflexões que são conhecidas por mesos, omentos ou epiplons, pregas e ligamentos.
Os mesos são reflexões peritoneais que unem um órgão à parede abdominal. Os omentos são definidos
como reflexões que ligam um órgão ao outro. Os órgãos que estão unificados aos mesos e aos omentos
são nomeados como órgãos peritonizados, cuja superfície é coberta inteiramente pelo peritônio visceral.
Outros órgãos são parcialmente, cobertos pelo peritônio, como no caso dos oórgãos retroperitoneais,
localizados atrás do peritônio parietal, como por exemplo, os rins, o duodeno, o pâncreas, ou órgãos
subperitoneais pélvicos, situados inferiormente ao peritônio, como por exemplo, o útero e a bexiga
urinária. Têm alguns órgãos que não expõem qualquer relação com uma serosa. Como exemplos,
destacam-se o esôago, que é envolvido externamente por tecido conjuntivo, a túnica adventícia, e a parte
aboral do reto, coberta pela fáscia visceral da pelve. Na pelve, as superfícies desperitonizadas dos órgãos
são forradas pela fáscia visceral da pelve, com tecido conjuntivo denso em torno dos órgãos, que recebe
denominações especiais conforme o órgão. De tal modo, a fáscia visceral do útero é nomeada de
paramétrio, da bexiga, paracístio, da vagina, paracólpio e do reto, parapróctio.
Na mulher, o ovário é parcialmente peritonizado; sua superfície desperitonizada é coberta por um epitélio
e está volvida para o interior da cavidade peritoneal, sendo que neste caso em particular e único do corpo,
o ovário é classificado como órgão intraperitoneal15.
Ainda unificados aos órgãos classificam-se os ligamentos e as pregas peritoneais; cujas reflexões
peritoneais entre órgãos ou entre a parede e órgãos, que são denominados de ligamentos, como por
exemplo, o ligamento falciforme; ou pregas, como por exemplo, a prega umbilical medial.
O vocábulo prega é frequentemente empregado às reflexões peritoneais com uma margem livre. A maioria
dos ligamentos tem vasos sanguíneos e a maioria das pregas é erguida por vasos sanguíneos ou estruturas
subjacentes à mesma.
Homologia e analogia dos órgãos são critérios utilizados com a finalidade de instituir comparação entre
órgaõs equivalentes da mesma espécie ou de espécies diferentes, em anatomia comparada. De tal modo,
os órgãos homólogos16 são os órgãos que possuem o mesmo plano de construção. Por exemplo, os ossos
do antebraço, o rádio e a ulna são homólogos aos da perna, a fíbula e a tíbia; o membro superior do homem
é homólogo à asa da ave.
Os órgãos análogos são aqueles que apresentam correspondência de função. Por exemplo, os testículos e
os ovários; os pulmões dos mamíferos e as guelras dos peixes; as asas de inseto e de aves.
No organismo humano adulto têm formações e estruturas anatômicas agregadas aos órgãos, não-
funcionais, que assinalam os nomeados órgãos rudimentares e residuais. Os órgãos rudimentares ou
vestigiais são aqueles órgãos que não sofreram completo desenvolvimento. Por exemplo, aqueles anexos
ao testículo e às vias espermáticas (paradídimo) e aos genitais internos da mulher (epoóforo, paraóforo,
canal de Malpighi-Gartner e apêndices vesiculosos).
O paradídimo consiste de canalículos cegos bilaterais localizados acima da cabeça do epidídimo e à frente
do funículo espermático (vestígios dos canalículos do mesonefro).
O epoóforo (paraovário ou corpo de Rosenmüller) compreende o ducto coletor, aproximadamente paralelo
à tuba uterina, nomeado ducto longitudinal do epoóforo. Localiza-se no mesosalpinge (vestígio da parte
proximal do canal de Wolff).
O paraóforo consiste de corpúsculos arredondados ou alongados ou de dúctulos enovelados e
anastomosados entre si. Localiza-se na espessura do mesosalpinge, próximo do ângulo entre a tuba uterina
e o corpo do útero (vestígio da parte paragenital do canal de Wolff).
O canal de Malpighi-Gartner compreende a continuação caudal do canal longitudinal do epoóforo. Situa-
se ao longo da tuba uterina e da margem lateral do útero, entre os folhetos do ligamento largo.
Os apêndices vesiculosos (hida´tides de Morgagni) são formações císticas pediculadas, especialmente
encontradas presas em uma das fímbrias do infundíbulo da tuba uterina (vestígios da extremidade proximal
do fundo cego do ducto de Wolff).
Os órgãos residuais são aqueles órgãos com papel somente durante certa fase da vida. Por exemplo, o
ligamento redondo do fígado (primitivamente veia umbilical); o ligamento arterial (primitivamente ducto
arterial); os restos tímicos no adulto; o núcleo pulposo do disco intervertebral (resíduo da notocorda). A
placenta consiste no órgão de união entre a mãe e o feto; possui as partes uterinas (folhetos do endométrio
– decíduas) e a parte fetal (membranas fetais – córion e âmnio).
Terminologia anatômica
A palavra nomenclatura origina-se do la?tim [nomen (nome), plural nomina e calare (chamar)].
Nomenclatura, ou nomina, ou terminologia anatômica é o conjunto de palavras utilizadas para sugerir e
descrever as partes do corpo humano.
Sylvius é apontado o instituidor da terminologia anatômica. A partir do século XVI, surgiram palavras para
designar as diversas estruturas anatômicas. Contudo, não poucas vezes, as mesmas estruturas anatômicas
tinham nomes distintos, o que veio a ocasionar amplo equívoco, que se conjecturava eventualmente em
dúvidas conceituais.
Tem-se considerado que, em fins do século XIX, aproximadamente 50.000 nomes anatômicos estavam em
utilização para cerca de 5.000 estruturas do corpo humano. Em 1895, entretanto, uma lista em latim de
4.500 termos foi elaborada e aprovada em Basileia. Esse sistema ficou conhecido como Nomenclatura
Anatômica de Basileia ou, ainda, Nomes Anatômicos da Basileia. Infelizmente, ela não foi seguida
mundialmente, pois foi apenas utilizada por anatomistas de língua alemã, italianos, norte-americanos, e
latino-americanos. Este primeiro empenho internacional buscava dar uma base para a concordância
universal de utilização de termos relacionados com o corpo humano, tanto para a anatomia humana como
para as demais ciências da saúde. A adoção da mesma terminologia aboliria diferenças nacionais, que
estavam ocasionando derradeira confusão, pois a mesma estrutura era admitida por vários nomes.
Aumentando a confusão, vários termos anatômicos abrangiam o nome de um ou mais cientistas às vezes
do mesmo país, para homenagear quem tinha realizado a primeira descrição da estrutura, ou aquele que
primeiro trouxera atenção para ela, ou comprovara seu significado ou a tivesse entendido corretamente.
Previa-se que revisões subsequentes seriam necessárias e estas foram aplicadas, especialmente na
Inglaterra e na Alemanha. Apesar das excelentes versões, como por exemplo, a Birmingham Revision e
a Jenenser Nomina Anatomica, nenhuma foi universalmente admitida. Por sua vez, os anatomistas dos
Estados Unidos da América e do Japão haviam elaborado suas próprias listas, colaborando ainda mais para
a confusão. Em Paris, em 1955, foi feito um acordo internacional para um sistema latino de nomenclatura,
vastamente baseado na Nomenclatura Anatômica de Basileia, denominada Nomina Anatômica
Parisiense, cujo nome, em seguida, foi abreviado para Nomina Anatômica.
Entre os princípios seguidos no preparo da nova Nomina Anatômica, são merecedores de nota, que com
um número muito limitado de exceções, cada estrutura seja indicada por um único nome; que os nomes
na lista oficial sejam escritos em latim, porém cada país possua a liberdade de traduzir os nomes latinos
oficiais para o próprio vernáculo, para fins de ensino; que os termos sejam, em primeiro lugar, fáceis de
memorizar, porém de preferência possuam algum valor informativo ou descritivo; que os epônimos não
sejam aplicados. Na linguagem científica a palavra epônimo é utilizada para formar um termo ou expressão
a partir do nome de uma pessoa, como por exemplo, forame de Vesálio, o forame venoso. Em anatomia
convém evitar os epônimos. Sua utilização é quase sempre ocasional, nada informam sobre a estrutura
envolvida, e comumente faltam à verdade histórica porque, em muitos casos, a pessoa homenageada não
foi, de maneira alguma, a primeira a descrever a estrutura.
Em 1994, durante o XIV Federative International Congress of Anatomy, realizado em Lisboa, Portugal,
houve a discussão sobre diversos aspectos da preparação da lista da Terminologia Anatômica, que abrange
a Anatomia Sistêmica e a Topográfica, em latim e em inglês. A Terminologia Anatômica consiste no
vocabulário ou lista de termos anatômicos, palavras ou expressões para nomear as estruturas do corpo
humano.
Alguns desses termos anatômicos sa~o neologismos. O embasamento da denominação nominal das
estruturas anatômicas motivou-se na forma do órgão ou parte dele, como por exemplo, o processo
mastoide do temporal, que possui a forma da mama, a sela turca do esfenoide, o músculo deltoide, o
ligamento redondo do fígado; as suas conexões, como por exemplo, o ligamento acromioclavicular e o
músculo coracobraquial; a sua função, como por exemplo, o músculo extensor dos dedos, o músculo
supinador, e a glândula lacrimal; as relações principais, como por exemplo, o músculo articular do joelho;
além de sua função e da sua forma, como por exemplo, o músculo pronador quadrado.
A terminologia anato^mica e´ subdividida em geral e especial. A terminologia geral refere-se à
denominação das linhas, dos planos, e das regiões do corpo humano. A terminologia especial refere os
nomes dos distintos componentes do corpo humano distribuídos em grupos de osteologia, de artrologia,
de miologia, de esplancnologia, de angiologia, do sistema nervoso, dos órgãos endócrinos, dos o´rga~os
dos sentidos, ou estesiologia, e do tegumento comum.
A terminologia anatômica é um documento oficial que deve ser cumprido precisamente pelos professores
e alunos. As abreviaturas, ou seja, a simplificação de termos anatômicos referidos na terminologia
anatômica deve ser usada fluentemente na descrição anatômica, como por exemplo, a. – artéria; fasc. –
fascículo; lig. – ligamento; m. – músculo; n. – nervo; r. – ramo; v. – veia, gl. – glândula; aa. – artérias; ligg. –
ligamentos; mm. – músculos; nn. – nervos; rr. – ramos; e vv. – veias.
Por fim, alguns termos anatômicos antiquados utilizados com significado novo. O epidídimo significava
testículo, posteriormente, passou a denominar as estruturas que estão coligadas aos testículos; o gânglio
linfático significava linfonodo, posteriormente, o termo gânglio passou a denominar exclusivamente as
formações nodulares coligadas ao sistema nervoso; o gânglio significava plexos nervosos, posteriormente,
passou a denominar as formações nodulares do sistema nervoso periférico; e a vulva significava útero,
posteriormente, passou a denominar a genitália externa feminina.
Terminologia
O vocábulo cadáver1 e´ derivado do acróstico latino “Caro Data Vermibus”, que expressa “carne dada aos
vermes”.
Embalsamado2: cadáver conservado pleno pela introdução de solução de formalina ou outras substâncias
fixadoras dentro dos seus vasos, das cavidades e das partes moles. Tanatopraxia (necropraxia): capítulo da
ciência mortuária que se lida do método de embalsamamento dos corpos humanos e da sua maquiagem
cosmética (necromaquiagem). Thánatos (G): morte; Práxis (G): maneira de proceder. Necroscopia:
dissecção do cadáver a fresco em anatomia patológica. Tanatoscopia: exame do cadáver em medicina
forense.
Rigor mortis3: é o endurecimento progressivo de um corpo morto, seguindo a depleção de ATP nas fibras
musculares. O rigor mortis começa nos músculos da mastigação e avança da cabeça para baixo, atingindo
por último os membros inferiores.
Ptomaínas4: nome de vários compostos químicos relacionados com o amoníaco.
Mercaptans5: são compostos que possuem um grupo funcional formado por enxofre e hidrogênio.
Tecido10: [texo (L): tecer; tissu (francês): textura].
Vi´scera11 [viscus (L): órgão interno; splanchnos (G): víscera].
Passo12: representa a distância entre os centros de duas espirais adjacentes, à semelhança do espaço.
Pyloros13(G): pyle: entrada; ouros: guardião (sentinela).
Esfincter14 (G): anel, fecho ou cinta apertada.
Intraperitoneal15: significa que está localizada dentro da cavidade peritoneal e não na espessura do
peritônio (parietal ou visceral).
Homólogo16: homos (G): mesmo; logos (G): comparação.

CONTEÚDO 4 – BASES GERAIS – PARTE 2


Conceito de normal em anatomia
Em meados de 1800, a anatomia comparativa floresceu como uma ciência, sendo empregada para elucidar
o aparecimento de variações anatômicas humanas. Apesar disso, as lições estudadas apontam que nós,
como seres humanos carregamos uma significante, porém nem sempre desejável bagagem elevada
relacionada ao desenvolvimento do nosso DNA a partir de algum período pré-histórico.
O problema da variação anatômica tem uma longa história e vários anatomistas apoiam-se na ideia
de Galeno que o corpo humano foi evidenciado da melhor maneira possível, meditando a perfeição de
DEUS, e que as variações anatômicas são a consequência do desenvolvimento imperfeito, ou não natural.
Qualquer variação anatômica na organização estrutural só pode ser para o pior, segue-se logicamente que
estes indivíduos estão fora do padrão anatômico representado pelo humano perfeito de DEUS, ou seja, o
homem sendo criado à Sua imagem.
Considerado o “Pai da Anatomia Humana”, o médico belga, Andreas Vesalius descreveu vários crânios que
alteraram entre si e deduziu que "só um era considerado natural." Andreas Vesalius também descreveu
uma “anomalia” extremamente rara, na verdade, "um dos mais exóticos de todas as aberrações do
esqueleto, o osso Vesalianum". Entretanto, muitos anatomistas, mencionam o osso Vesalianum típico
como “normal.” Esta definição é, provavelmente, uma visão muito limitada do problema da variabilidade.
Da obra de Galeno, a ideia do homem normal ou perfeito chegou até Andreas Vesalius e, afrontados com
o problema da variação anatômica humana. Andreas Vesalius definiu o que era perfeito, natural ou
normal. Andreas Vesalius utilizou os conceitos sempre, com mais frequência, com frequência, geralmente,
às vezes, raramente, muito raramente, e descreve a variação anatômica sem indagação quanto ao
significado. Andreas Vesalius descreveu que o sacro humano normalmente apresenta cinco vértebras,
porém seis vértebras sacrais não são de forma rara. Estudos realizados em cadáveres (631 caucasianos)
foram encontrados a região sacral formada por quatro vértebras em 1%, cinco vértebras em 77%, seis
vértebras em 21,7%, e sete vértebras em 0,2%. As intensas questões de variação anatômica foram tratadas
com cautela por Andreas Vesalius, pois a Inquisição ainda assombrava os cientistas, sendo considerados
como um indivíduo herege. Dessa maneira, isso influenciou de forma significativa no pensamento científico
após Vesalius.
Se o homem foi criado por DEUS, à Sua imagem, como a anatomia do homem pode ser variável? As
variações anatômicas, segundo Galeno e Andreas Vesalius devem ser naturais, a obra do Diabo.
Em termos médicos exprime-se de maneira geral, o indivíduo sadio. Em fisiologia, normal é a estrutura que
está mais bem preparada para exercer sua função.
Contudo, em anatomia tem-se que analisar os conceitos idealÍstico e estatístico. O conceito idealÍstico
compreende por normal o que é melhor e o mais bem-preparado para a execução de determinada função.
Denota o indivíduo dotado de extraordinário desenvolvimento morfofuncional (protótipo). O conceito
estatístico decide como normal o mais frequente, ou seja, o que acontece na maioria dos casos e serve de
base para a descrição anatômica. Ainda que o corpo exiba o mesmo padrão de construção, existem
diferenças constitucionais entre os indivíduos.
Como exemplo de normalidade e variação anatômica, a comprovação é fácil. Com a mão esquerda realize
um garrote em volta do seu braço direito e observe como as veias superficiais, no antebraço, ficam mais
aparentes e evidentes. Verifique o padrão de distribuição destas veias. Realize a mesma experiência
utilizando agora a mão direita como garrote. O padrão das veias superficiais no antebraço esquerdo não é
semelhante ao direito. De tal modo até em um mesmo indivíduo ocorrem variações anatômicas.
Variação anatômica
Variação anatômica é um pequeno ou ligeiro desvio da perspectiva morfológica normal de um órgão, ou
desvio de essência do plano geral de organização do indivíduo, que não altera a função. Dessa maneira, a
expressão “variação normal” é redundante, pois qualquer variação está dentro dos limites de normalidade.
As variações anatômicas podem ser internas ou externas. As variações anatômicas internas evidentemente
são aquelas que acontecem em órgãos internos, como por exemplo, uma artéria que pode se ramificar em
níveis diferentes em indivíduos diferentes. Já as variações anatômicas externas são observadas
externamente, como por exemplo, ao considerar dois indivíduos, um alto e outro baixo. Além disso, os
pequenos fatores de variação anatômica individuais, ou seja, próprios dos indivíduos, como por exemplo,
o tamanho exagerado de certo órgão, a duplicação de um ducto, a ausência de uma veia, a raiz dental
supranumerária.
As variações podem ser divididas em somáticas e germinativas. As somáticas ou somações acontecem no
corpo e não são hereditárias. As germinativas ou mutações acontecem nas células germinativas e são
hereditárias. As mutações podem gerar novas formas e, espontaneamente, tem cumprido papel
importante na evolução.
As variações anatômicas não procedem de pares isolados de genes e não são transmitidos isoladamente
por hereditariedade. A variabilidade é hereditariamente transmitida dependendo de fatores poliméricos
do genoma geral.
Fatores de variação anatômica
Sexo
O dimorfismo sexual é prontamente reconhecível. Além das características sexuais secundárias que se
desenvolve na puberdade, como por exemplo, nas mulheres, a presença de mamas, o pelo corporal
escasso, a implantação oval dos cabelos, a estatura menor, a pelve oval e a largura dos ombros
correspondentes à largura da pelve; e nos homens, o crescimento do pelo facial, a implantação dos cabelos
com “entradas”, a estatura maior, a pelve em forma de “copas de baralho” e os ombros mais largos do que
a pelve. Há diferenças devidas ao fator sexo também em órgãos não genitais.
Vale ressaltar que estruturas anatômicas, mesmo aquelas mais frequentes a ambos os sexos podem
proporcionar topografia diversa, como por exemplo, o ceco, mais comumente tem situação pélvica na
mulher do que no homem. A proeminência laríngea, antes denominada de pomo de Adão (homem,
em hebraico) e não de Eva (mulher, em hebraico) porque se acreditava que tivesse apenas no homem
(seria o sinal da “maçã que ficara engasgada na garganta” por ocasião do pecado original). Sabe-se hoje
que a proeminência laríngea é mais comum no homem, mas há homens (gordos) que não a têm e há
mulheres (magras) que a possuem. Há, além disso, outras características próprias do sexo, como por
exemplo, a disposição da tela subcutânea, usualmente muito mais abundante no sexo feminino,
arredondando a forma corpórea, abrandando um pouco os relevos e depressões na superfície da região,
alterando, assim, a morfologia externa do corpo. Durante a respiração, a expansão da cavidade torácica
do homem é especialmente longitudinal e a contração do diafragma prevalece sobre a de outros músculos
respiratórios, enquanto que na mulher prevalece a expansão da parte superior da cavidade torácica. Deve-
se ainda levar em conta as mudanças que a gestação causa à forma e à topografia de diversos órgãos.
Idade
Observam-se alterações anatômicas com o avançar da idade, portanto nos vários períodos ou fases da vida
intrauterina e da vida extrauterina. Na vida intrauterina, cada indivíduo vem de uma única célula, a célula
ovo ou zigoto. Esta procede da união de uma célula masculina, o espermatozoide (haploide), com uma
célula feminina, o óvulo (haploide). O zigoto forma-se e desenvolve-se no útero. A vida intrauterina,
portanto, corresponde aquela fase em que o desenvolvimento acontece no interior do útero materno. As
fases de vida intrauterina são: (a) ovo, duas semanas após a fecundação; (b) embrião, até o fim do segundo
mês; (c) feto, do terceiro ao nono mês. Na vida extrauterina os períodos principais são os seguintes: (a)
recém-nascido e período neonatal, primeira quinzena após o nascimento; (b) infância, entre os dois e cinco
anos de idade e a pequena puberdade dos seis aos dez anos de idade; (c) meninice, que inclui a segunda
infância; (d) pré-puberdade, dos dez anos de idade à puberdade; (e) puberdade, (início da maturidade
sexual), dos doze aos catorze anos de idade, muito variável nos seus limites e nos dois sexos; (f) pós-
puberdade, da puberdade até cerca de vinte e um anos de idade nas mulheres e vinte e cinco anos de idade
nos homens, passando por adolescente e jovem, sucessivamente; (g) virilidade, em que o indivíduo é
adulto, alcança a maturidade que perdura até a menopausa (castração fisiológica natural),
aproximadamente aos cinquenta anos de idade na mulher e aos sessenta anos de idade nos homens; (h)
velhice, até ao redor dos oitenta anos de idade, seguindo a senilidade.
Assim, a idade também implica na forma e na topografia dos órgãos; há verdadeiramente diferenças,
quando se compara a criança com o adolescente e com o adulto. Além dos órgãos de maior
desenvolvimento na infância, como por exemplo, o timo. Este órgão se desenvolve até que o indivíduo
alcance a maturidade sexual e, a seguir, se atrofia. O timo, pode eventualmente permanecer no adulto,
porém, em geral se apresenta sob a forma de nódulos perdidos na gordura retroesternal. Outros há que
exibem forma e topografia variadas em cada uma das grandes fases da vida; assim, a bexiga urinária é
piriforme, com grande eixo longitudinal na criança, e tem uma situação predominantemente abdominal; é
apenas com o evoluir da idade e com o progressivo aumento da cavidade pélvica, que a bexiga vai atingindo
a sua situação definitiva na pelve. A pele das crianças é mais fina do que a dos adultos. Os idosos têm as
características rugas faciais decorrentes do ressecamento geral da pele.
O fígado, muito volumoso no recém-nascido, preenche grande parte do abdome, alcançando, pela sua
margem anterior, quase no nível do umbigo; nos adultos, apenas excede o arco costal direito e cruza a
região epigástrica obliquamente ascendente, da direita para a esquerda, atravessando à maior ou menor
distância do processo xifoide, conforme o grau de abertura do ângulo infraesternal e, portanto, conforme
o tipo constitucional. Da mesma forma, a laringe e o ceco apresentam uma situação alta na criança e, com
o crescimento, vão sofrendo um gradual abaixamento, o que, aliás, acontece nas vísceras em geral.
As características anatômicas deparadas no esqueleto de uma criança se apresentam parcialmente sem
ossificação, apenas com cartilagens. A coluna vertebral é relativamente ereta. Enquanto que nos idosos
acontece uma diminuição das trabéculas do osso esponjoso e o aumento do risco de fraturas. A coluna
vertebral apresenta curvaturas pronunciadas, achatamento dos discos intervertebrais e desgaste nas faces
articulares com artrose dolorosa.
Os indivíduos idosos têm dentes permanentes (trinta e dois dentes) ou reabsorção das porções alveolares
da mandíbula e das maxilas que contêm as raízes, com modificações típicas da forma da boca e das
bochechas. Em crianças ocorrem os dentes decíduos (vinte dentes) ou ausência de dentes.
Durante a infância, o aspecto externo do homem e da mulher é semelhante, sobressaindo-se os genitais
externos como elemento diferenciador. A principal característica deste período é o crescimento. Após a
redução de massa corpórea inicial que se produz nos primeiros dias de vida, o lactente experimenta uma
elevação de massa corpórea bastante harmônica durante os primeiros meses, de forma que por volta do
quarto ou quinto mês pode ter dobrado sua massa corpórea ao nascimento. A partir dos seis meses de
idade, este ritmo reduz, de maneira que ao atingir um ano de idade, o comum é que triplique a massa
corpórea que tinha ao nascer. Da mesma maneira que a massa corpórea, a estatura também exprime um
crescimento significativo durante o primeiro ano de vida, de maneira que, ao atingir doze meses, o lactente,
frequentemente mede 50% a mais do que média ao nascimento. Este acréscimo é mais rápido e harmônico
durante os primeiros seis meses de vida.
O aumento de massa corpórea na meninice é mais estável e se estabelece em torno de 2 quilogramas a
2,5 quilogramas por ano. Esta forma de crescimento é responsável pela perda das formas arredondadas do
lactente. Já em relação ao aumento em estatura na meninice, entre um ou três anos de idade, ou seja,
durante a primeira fase deste período, o crescimento ainda é acelerado. Assim, no segundo ano de vida
pode apresentar um crescimento relevante em torno de doze centímetros, e dos dois aos três anos de vida
eleva em média entre oito ou nove centímetros. No período envolvido entre os três e cinco anos de idade,
a criança cresce de maneira bastante harmoniosa e sem acelerações repentinas, sendo que em termos
médios, a estatura eleva em torno de sete centímetros ao ano.
A elevação de massa corpórea do escolar, período que estende dos cinco anos de idade até o início da
adolescência, o aumento é estável e constante. Ocorre em média, o aumento de massa corpórea de 3
quilogramas ao ano. Com relação ao aumento em estatura do escolar, este crescimento é bastante
harmonioso, sendo em torno de cinco a seis centímetros ao ano.
Em relação ao perímetro do crânio é pertinente enfatizar que está associado ao aumento do tamanho do
encéfalo. Sabe-se que os ossos que formam o crânio não estão completamente fundidos entre si. Durante
os seis primeiros meses de vida, o perímetro do crânio pode elevar mais de um centímetro a cada mês. Ao
longo dos seis meses e vida seguintes cresce mais pausadamente, em torno de meio centímetro ao mês. A
partir de um ano de vida, o crescimento da cabeça é muito vagarosa e proporcional ao restante do corpo.
As proporções que preservam entre si e as outras partes do corpo são diferentes daquelas do que em
indivíduos adultos. No recém-nascido, a proporção cabeça/corpo é de 1/3; e no adulto é de 1/7.
A adolescência no homem é caracterizada pelo surgimento da motivação sexual, como causa da atração
por outros indivíduos. As principais alterações do corpo humano estão relacionadas com o aparecimento
de pelos acima do lábio superior, entre a cavidade oral e o nariz e posteriormente no restante da face; de
pelos nas axilas; de pelos no tórax; de pelos na região posterior do antebraço; de pelos na região púbica,
que assume primeiramente uma disposição de forma triangular com a base superior, e posteriormente à
disposição em forma de losango; e pelos nas pernas.
Ocorre também, a variação no tom da voz, que se torna mais grave; alongamento dos ossos em geral,
principalmente os dos membros superiores e dos membros inferiores; aumento da massa corpórea por
conta da massa muscular que se desenvolve especialmente na cintura escapular, o que produz um
aumento dos ombros e da região do tórax; aumento em estatura conhecida por estirão da puberdade.
Duplica-se a velocidade de crescimento anual em relação às fases anteriores, atingindo até dez centímetros
por ano. Além disso, a obtenção das proporções corporais próprias do adulto.
No sistema genital masculino, a pele do escroto fica escurecida pela pigmentação. O aumento do volume
dos testículos e do escroto, que habitua anteceder o aparecimento dos demais caracteres sexuais
secundários. Há a produção de espermatozoides e de testosterona pelos testículos. Nesta fase, a próstata
e a glândula seminal iniciam o seu crescimento, assim como, o aumento do comprimento e da espessura
do pênis. Além disso, o aparecimento de ereções do pênis e ejaculações involuntárias e espontâneas
durante o sono é comum.
Outros aspectos característicos da adolescência no homem envolvem as alterações no aspecto da pele do
rosto, que perde a suavidade que tinha na infância e experimenta um espessamento. As atividades
crescentes das glândulas sudoríferas secretam suor mais denso.
De forma idêntica, as glândulas sebáceas, geram maior produção de sebo, e consequentemente, surgem
às espinhas na face. Há o crescimento das extremidades distais dos membros superiores e dos membros
inferiores; e a ampliação do volume da cavidade torácica e o aumento da capacidade respiratória. O
indivíduo apresenta maior capacidade de raciocínio e de reflexão.
A adolescência na mulher, além de muitas características semelhantes às alterações na adolescência
masculina, como por exemplo, o aparecimento de pelos em algumas regiões do corpo e a abundância de
atividade das glândulas sebáceas e das glândulas sudoríferas. Modificações peculiares ao sexo feminino
envolve o crescimento das papilas mamárias, cuja pele, em decorrência da pigmentação escurece. Ao seu
redor forma-se a aréola da mama, também de cor escura. Há o crescimento progressivo de toda região do
tórax e a formação das mamas com o desenvolvimento das glândulas mamárias. Outra característica é o
aumento geral da massa corpórea, por conta da deposição de gordura na pelve, coxas e nádegas. Além
disso, o alargamento da pelve está relacionado como preparação para as futuras gestações e partos.
Nos órgãos genitais externos implicam que o monte do púbis se torna mais proeminente. Os lábios maiores
do pudendo desenvolvidos se definem e em decorrência da pigmentação, também adquirem uma
coloração escura. A parte que se cobrem de pelos ocultam a vulva. O aparecimento de pelos na região
púbica que se estendem progressivamente a toda área do monte do púbis assume a forma triangular. Na
comissura superior dos lábios menores do pudendo forma-se um capuz do qual emerge a glande do clitóris.
O aumento do tamanho do clitóris possibilita a capacidade erétil.
A genitália interna feminina, também passa por transformações. Nos ovários iniciam a desenvolver
múltiplos folículos e a produção de células germinativas maduras. O desenvolvimento do útero leva a
inversão entre o colo e o corpo, enquanto que as tubas uterinas assumem a capacidade de contração.
Ocorre a proliferação celular na vagina e inicia-se a produção de secreção vaginal que antecede a menarca.
O aparecimento da primeira menstruação se seguirá de menstruações periódicas que no início podem ser
irregulares.
As transformações do corpo humano, com a idade e relacionadas às mulheres, na menopausa, são
evidentes. A queda na produção de estrógenos e o predomínio relativo de hormônios masculinos perfazem
com que o corpo da mulher experimente certa masculinização. O surgimento brusco de sensações de
sufoco e de calores sem motivo aparente, principalmente durante a noite, com ruborização da pele,
tonturas, dores de cabeça, e sudorese intensa. Embora esses sintomas sejam benignos, costumam
provocar desconforto.
Nesta fase a pele perde a elasticidade e se torna mais seca, o que gera o aparecimento de rugas ou sulcos,
manchas cutâneas e quedas de cabelo. Há o aumento do volume e a perda da firmeza das mamas. Além
disso, as mulheres tendem a formas mais arredondadas do corpo.
Outros sinais e sintomas relacionados à menopausa são o surgimento de palpitações no coração,
tendências para o aumento da massa corpórea, e consequentemente maior propensão à arteriosclerose,
hipertensão arterial e diabetes.
Há certa perda de massa muscular, que é substituída por tecido adiposo. Isso faz com que as nádegas
tendam a oscilar e os quadris sejam menos proeminentes. O início de uma progressiva osteoporose é
característica nesta fase da vida de uma mulher. A osteoporose incide na redução da massa óssea e em
uma maior facilidade para acometer fraturas em razão da ausência de hormônios femininos que protegem
os ossos contra a redução de cálcio.
A inibição de estrógenos e, por conseguinte redução dos ciclos ovulatórios. O cessar definitivo da
menstruação é antecedido de uma fase, a pré-menopausa, que pode persistir alguns anos, durante a qual
as menstruações são irregulares, tanto na periodicidade como na quantidade da secreção. Isso se deve à
atividade irregular dos ovários nessa fase. Porém, antes de entrar terminantemente na menopausa, surgem
atrasos e irregularidades menstruais, períodos de amenorreia e secreções menstruais esporádicas.
Na menopausa ocorre a atrofia progressiva de todo o sistema genital feminino. As estruturas do pudendo
feminino, como por exemplo, dos lábios maiores do pudendo e dos lábios menores do pudendo perdem
em espessura. Os ovários sofrem redução no tamanho. A vagina e o útero perdem o volume e tendem
sobre a pelve, dificultando o papel dos músculos responsáveis pela retenção de urina. Isso pode gerar o
surgimento de incontinência urinária ou a perda de urina durante esforços. A vagina é afetada com a
redução da camada de células que forma a sua mucosa. A redução da secreção vaginal faz com que a vagina
se mostre seca. Isso pode gerar coceira na vulva, maior dificuldade para lubrificação e, por conseguinte,
desconforto durante o ato sexual e maior disposição para infecções genitais. As mulheres na menopausa
apresentam mudanças progressivas no desejo e na libido sexuais, que se tornam menos obrigatórios e mais
tranquilos.
Ainda na velhice, em decorrência da atrofia cerebral e redução dos neurônios, acontece à diminuição da
memória e da audição, pode acontecer uma degeneração da lente e da retina que reduz a faculdade de
acomodação e de acuidade visual, respectivamente. O sistema cardiovascular é acometido com a
diminuição da força contráctil do coração e do complexo estimulante que regula seu ritmo. Há maior
dificuldade para o retorno venoso ao coração. Ainda, as artérias são afetadas com a perda da elasticidade
e a diminuição do diâmetro. No sistema respiratório, acontece o estreitamento das ramificações dos
brônquios e a maior dificuldade de ventilação pulmonar. Atinge o sistema digestório com a redução da
capacidade das papilas gustativas, redução da produção de suco gástrico, de bile e de enzimas pancreáticas,
gerando digestões mais difíceis. Há uma lentidão dos movimentos peristálticos intestinais.
O aparelho urogenital dos idosos do sexo masculino é acometido com o aumento do volume da próstata,
gerando maiores dificuldades na micção. A progressiva dificuldade para ereção do pênis, que se torna mais
flácida e, por conseguinte, com menor capacidade para executar o ato sexual. Em ambos os sexos, a
degeneração dos rins e consequente redução da capacidade de filtração da urina. No sistema tegumentar
com o enfraquecimento da epiderme se torna mais propensa a formar feridas. As unhas também
enfraquecem e ficam mais frágeis e quebradiças. Os cabelos alteram sua coloração, que embranquecem e
tendem a cair. Além disso, na velhice existe redução dos pelos púbicos. Ocorre o aparecimento de áreas
degenerativas muito pigmentadas na pele. Há degeneração das fibras elásticas e de sustentação de
colágeno na derme.
Raça
A raça (grupo étnico) menciona-se em sentido amplo, a um grupo de indivíduos que obedecem a uma
divisão da espécie humana. Em sentido restrito, raça é um grupo de indivíduos que apresentam
características particulares em comum devido a uma descendência. Portanto, abrangem os grandes grupos
raciais (branco, negro e amarelo), e os seus graus de mestiçagem, responsáveis por diferenças morfológicas
externas e internas. Os humanos são os únicos membros vivos da família dos hominídeos. O homo
sapiens está incluído dentro desta família, à qual pertencem todas as variedades ou grupos étnicos de
humanos.
Assim, há diferenças raciais em órgãos em todos os sistemas, além das bem conhecidas características
morfológicas externas que diferenciam cada grupo racial. As características somáticas que apresentam
valor racial são a cor da pele, dos cabelos e dos olhos, o tipo de cabelo e de nariz.
O tipo caucasiano apresenta a pele rosada, estatura alta ou média, cabelo liso de coloração variável, lábios
finos e olhos com íris de diversas cores. O tipo negroide de pele escura, que pode ir do marrom ao negro,
estatura alta, cabelo crespo, cacheados e negros, lábios proeminentes e crânio alongado da frente para
trás. Os indivíduos mongoloides possuem pele amarela, são de baixa estatura, cabelo negro e bastante liso,
a face plana e achatada e o crânio é achatado no sentido anteroposterior.
Quanto ao volume e à forma do nariz depara grandes variações, sendo característica nos grandes grupos
raciais, como por exemplo, os brancos, em geral, apresentam nariz afilado, são leptorrinos; os negros
possuem-no achatado, são camerrinos; os amarelos são mesorrinos.
A reação da pele a uma lesão, ou incisão cirúrgica, ou ainda a queimadura é diferente em cada raça, mais
comumente em negros do que em caucasianos e nos xantodermas (G. xanthos, amarelo, e derma, pele, ou
seja, indivíduos de pele amarela), forma ao longo da incisão cutânea ou da ferida uma cicatriz exagerada,
denominada queloide, marcada por uma cicatriz que se desenvolve progressivamente, irregular e elevada,
devido à formação de quantidade excessiva de tecido colágeno no derma durante o reparo do tecido
conjuntivo.
A medula espinal, por exemplo, desce até ao nível da segunda vértebra lombar, com maior constância nos
negros do que nos caucasianos. O arco arterial palmar superficial também aponta variação étnica,
enquanto nos caucasianos e nos xantodermas predomina o tipo ulnar, no qual apenas a artéria ulnar forma
esse arco arterial, nos negros é mais habitual o tipo radioulnar, no qual o arco é formado pela artéria ulnar
e pelo ramo palmar da artéria radial.
O apêndice vermiforme é mais longo e mais largo e contém a parede mais espessa em negros do que em
caucasianos. Estas diferenças podem esclarecer porque a apendicite é mais comum nos caucasianos e
porque uma dor na fossa ilíaca direita, que simule uma apendicite, em negros, pode ser determinada por
um cálculo renal encravado na porção do ureter direito correspondente a essa localização.
A cartilagem da terceira pálpebra (plica semilunaris conjuctivae) é mais comum em negros (61,9%) do que
em outros grupos (mulatos 27,3%; japoneses 20%; e caucasianos 4,5%). Em fetos de negros e mulatos ela
é presente em 35,5% enquanto não foi vista em fetos de japoneses ou caucasianos.
Biótipo
Os tipos constitucionais ou biótipos são os longilíneos, os mediolíneos e os brevilíneos. Os mediolíneos, que
não devem ser denominados normolíneos, porque eles são tão normais quanto os dois outros tipos. As
propensões patológicas são diferentes nos tipos extremos. Os brevilíneos apresentam tendências a sofrer,
como por exemplo, de doenças cardiovasculares e as doenças renais, enquanto que os longilíneos são mais
suscetíveis a doenças respiratórias.
Caracteres morfológicos do tipo longilíneo
A característica fundamental é o baixo desenvolvimento do tronco em relação ao membro superior e o
membro inferior, que são proporcionalmente alongados. Os membros inferiores são relativamente mais
compridos que o tronco e assumem parte predominante na determinação da estatura individual. O
longilíneo é, portanto, um macroscélico (makros, grande; skeletos, pernas). Além disso, os membros
inferiores ultrapassam os membros superiores e estes, bastante compridos, em comparação com o tronco,
tem a raiz da mão abaixo do plano da dobra subglútea. As mãos são proporcionalmente maiores que os
pés, que são restringidos pela demasiada curvatura plantar. O tronco é pouco desenvolvido não apenas em
relação ao membro superior e o membro inferior, mas também em valor absoluto, comparando com o
valor médio do grupo, isto é, apresenta uma microsplancnia (mikros, pequeno; splagchna, entranhas).
Exibe uma predominância do tórax sobre o abdome e, neste, prepondera o segmento inferior sobre o
superior, tendo o umbigo em condição alta em relação a púbis. O tronco é claramente achatado no sentido
anteroposterior e, em decorrência, há predominância dos diâmetros transversos sobre os diâmetros
sagitais. A sua superfície anterior e a sua superfície posterior são extensas, enquanto que as laterais são
apertadas e muito convexas.
As costelas são muito oblíquas, avizinham-se das cristas ilíacas e se prosseguem com os arcos condrocostais
que ascendem em direção ao esterno, demarcando um ângulo infraesternal muito agudo. O esterno é
quase vertical, com exacerbada reentrância na parte inferior. A incisura jugular é baixa e o pescoço
visivelmente comprido. A superfície corpórea é proporcionalmente grande. A pele, em geral, é fina e
transparente, e o tecido subcutâneo, carente em gordura.
O esqueleto é frágil e de ossificação acelerada. O crânio é comumente apertado e alongado, dolicocrânio.
No tórax, existe grande amplitude dos espaços intercostais, e o seu orifício superior é estreito e inclinado
para frente e para baixo. A pelve é do tipo oval alongado, com predomínio do diâmetro sagital sobre o
diâmetro transverso máximo. A coluna vertebral é de curvaturas discretas, sendo mais enunciada a
convexidade dorsal.
Os músculos têm o ventre carnoso fino e comprido em relação aos tendões. No sistema digestório
sobressai-se a prematuridade da dentição, e os dentes se desenvolvem apertados, parecendo posicionar
de pequena extensão para se alojar na mandíbula e no maxilar, o que ocasiona o seu habitual
desalinhamento. A língua é relativamente pequena. O duodeno tem a parte superior ascendente ou
mesmo vertical, e a parte horizontal é muito baixa e pode carecer, oferecendo ao duodeno a forma em V.
O estômago é predominantemente do tipo em anzol, muito alongado, excedendo, com a sua parte mais
baixa, o plano tangente às cristas ilíacas, na atitude ereta. O jejuno e o íleo são relativamente pequenos, o
ceco tem situação ilíaca baixa ou mesmo pélvica e o colo transverso, comumente subumbilical. O fígado
tem a margem anterior baixa e grande área de contato com a parede anterior do abdome; a vesícula biliar
estabelece-se próxima da linha mediana e sua posição é quase vertical, mostrando-se radiograficamente
como uma imagem piriforme, próxima dos processos transversos das primeiras vértebras lombares.
O coração é proporcionalmente pequeno e alongado verticalmente, pouco distante do plano mediano,
configurado como uma considerável gota, quase no centro da cavidade torácica. O arco da aorta estende-
se quase sagitalmente, com uma curvatura acentuada de pequeno raio. A laringe é proeminente, ampla e
tem cordas vocais extensas. O pulmão, estreito e longo, exibe os lobos clássicos, na maioria dos casos. No
sistema urinário nota-se o predomínio da forma de ampola da pelve renal. Além das alterações
morfológicas são claras as de ordem dimensional. Assim, no longilíneo, o peso do baço, do coração, do
fígado, do pulmão, do pâncreas, do rim, da glândula suprarrenal, do ovário e do útero, é na maioria das
vezes menor do que a média; contudo, o peso da glândula tireoidea, do timo, da hipófise, do testículo, é
excessivo da média.
Caracteres morfológicos do tipo brevilíneo
Em oposição ao tipo antecedente, diferencia-se este pelo amplo desenvolvimento do tronco em relação
ao membro superior e o membros inferior e, mesmo, em valor absoluto (macrosplancnia). Tanto os
membros superiores como os membros inferiores são relativamente pequenos, com predominância
daqueles sobre estes, porém existe demasia dos pés sobre as mãos, dado o achatamento das arcadas
plantares. O tipo brevilíneo é, portanto, um braquiscélico (brachys, curto; skeletos, perna). O tronco tende
à forma cilíndrica, com boa amplitude nos diâmetros sagitais; manifesta uma predominância do abdome
sobre o tórax e, além disso, do segmento abdominal superior sobre o inferior, tendo o umbigo próximo a
púbis.
As superfícies laterais do tronco são espaçosas e observa-se a disposição das costelas à horizontal. Estas se
mantêm distantes das cristas ilíacas e convergem para o esterno, formando um ângulo infraesternal
obtuso. O esterno é vertical ou oblíquo para baixo e para frente e não manifesta reentrância na sua parte
inferior. A incisura jugular é alta e o pescoço visivelmente curto. A sua pele é comumente espessa e a
gordura subcutânea é vultosa.
O esqueleto é robusto e o processo de ossificação vagarosa. O crânio é comumente largo e curto,
braquicrânio. No tórax observa-se a abertura superior ampla e horizontal; os espaços intercostais são
apertados. No estreito superior da pelve prepondera o diâmetro transverso sobre o diâmetro sagital. As
curvas da coluna vertebral são bastante enunciadas.
Os músculos apresentam o ventre carnoso, largo e curto, relativamente aos tendões. No sistema digestório
a dentição é duradoura e os dentes estão afastados nas arcadas. O estômago é vasto e curto, comumente
configurado em chifre, e de situação alta. O duodeno tem a parte superior horizontal e a inferior larga,
oferecendo ao conjunto à conformação em letra U. O jejuno e o íleo são compridos, o ceco, de situação
ilíaca média ou alta e o colo transverso, em curva delicada, comumente supraumbilical. O fígado apresenta
a margem anterior alta e pequena zona de contato com a parede abdominal anterior. A vesícula biliar é
alta, afastada da linha mediana e aproxima-se à posição horizontal; radiograficamente se manifesta por
uma imagem arredondada, afastada da coluna vertebral e próxima à extremidade das últimas costelas.
O coração é grande, alargado, de maior diâmetro predisposto à horizontal. O arco da aorta é vasto e
organizado mais transversalmente. A laringe é pequena e de cordas vocais curtas; os pulmões apontam,
com grande constância, variações nos lobos. A pelve renal é comumente do tipo ramificado. O peso de
muitos órgãos, como por exemplo, do coração, do rim, do baço, do pulmão, do fígado, da glândula
suprarrenal, do útero e do ovário é a maior média, enquanto que a glândula tireoidea, o timo, o testículo
e a hipófise são de pesos relativos mais baixos.
Evolução
A evolução sempre aconteceu e continua a ocorrer em todas as espécies, abrangendo, naturalmente,
o Homo sapiens. Se o homem atual for confrontado com seus ancestrais, entre as alterações mais claras
no processo evolutivo, assinala-se que a capacidade do crânio e a sua estatura aumentaram, o arcabouço
ósseo ficou menos encorpado, as arcadas ósseas supraorbitárias ficaram menos proeminentes.
Ambiente
O ambiente em que se vive pode ser responsável, direta ou indiretamente por diferenças morfológicas e,
portanto, variações anatômicas, por meio do controle que pode gerar nos indivíduos.
Essas alterações são claras quando se confrontam indivíduos que residem na região equatorial, na região
tropical e na região polar.
Biorritmos
Consiste no evento cíclico de atividades biológicas, ou seja, a alternância periódica de situações diversas
em seres humanos e em outros animais. O exemplo característico é a fase menstrual cíclico das mulheres,
a partir da menarca, começo na puberdade do papel menstrual, o fluxo sanguíneo mensal, ou seja, de
quatro semanas, seguidos de endométrio descamado do útero não gravídico até a menopausa. Existem
modificações principais no sistema genital feminino, como por exemplo, no útero e nas mamas.
Outro exemplo é o da sucessão dos estados de vigília e de sono. Estes condicionam pequenas diferenças
morfológicas, consideráveis como variações, mais notáveis em alguns órgãos do que outros.
Uma variação biológica circadiana (L) circa, cerca ou aproximadamente; dies, dia é um ritmo periódico com
um ciclo de cerca 24 horas, empregado à repetição rítmica de determinados fenômenos, que acontecem
em seres vivos aproximadamente no mesmo tempo cada dia, como por exemplo, na glândula pineal de
animais.
Em torno das 19 horas, quando a luminosidade natural reduz, a retina envia uma mensagem para o
hipotálamo de que escureceu. A mensagem chega ao ''relógio biológico'', que fica na parte anterior do
hipotálamo. É o sinal para o relógio processar o botão de liga e desliga (apelidado de sleep switch,
interruptor do sono em inglês). O relógio comunica a glândula pineal para iniciar e liberar a produção do
hormônio melatonina, que facilita o começo do sono. Como a produção demora cerca de duas horas para
atingir a seu ápice, o melhor horário para ir para a cama é a partir das vinte e uma ou vinte e duas horas.
O botão também ativa outros mecanismos relacionados ao acúmulo de cansaço, avisando que chegou o
período de descansar O botão de liga e desliga do sono nada mais é do que um aglomerado de células
conhecidas como sonogênicas, que localizam na parte anterior do hipotálamo. Elas se conectam com
outras células que estão na parte posterior do hipotálamo, cuja função é contrária, ou seja, manter o corpo
desperto. Enviando uma mensagem química, avisam que é chegada a hora de dormir.
Gravidade
Gravitação é o fenômeno de atração entre corpos de grande massa. Os seres humanos estão subordinados
a ela, ainda que seu controle passe, em geral, despercebida. A força da gravidade se cumpre pelo peso que
o corpo deve suportar, como por exemplo, quando o corpo está na posição vertical, ortostática ou ereta
sobre as plantas dos pés, ou quando está deitada, em decúbito dorsal, sobre a região occipital, a região
posterior do tórax, as nádegas, as regiões posteriores da coxa, a região poplítea, a parte posterior da perna
e do calcanhar. A ausência de gravidade (weightlessness) que existe nos veículos espaciais produz em
astronautas, como já foi comprovado após viagens espaciais, alterações na arquitetura óssea, que estão
sujeitas da falta de estímulos.
Dessa maneira, se um paciente tiver que ficar aleitado por um período longo, as trabéculas ósseas do osso
calcâneo, que são predominantemente verticais, devido à postura ereta do corpo, passa a ser transversais,
porque o peso passa a ser conduzido em direção perpendicular.
Esportes
A prática de exercícios físicos gera variações anatômicas que são com facilidade observada. Existe, pois,
alterações morfológicas localizadas e difusas ou generalizadas. Elas podem ser elucidadas nos tenistas e
nos esgrimistas, que se vale de um só membro superior, nos quais é possível notar sua preferência pela
hipertrofia dos músculos dessa extremidade superior, gerando maior e mais clara assimetria bilateral. As
alterações difusas podem ser observadas nos que se destinam à natação, embora seja possível notar a
hipertrofia de determinados grupos musculares, como por exemplo, das cinturas escapulares, portanto, ao
nível dos ombros. Exercícios devidamente planejados podem apresentar alterações morfológicas em certos
grupos musculares ou um aumento generalizado da musculatura do indivíduo, como o da musculação para
obter “estrutura corpórea atlética”.
Trabalho
Os movimentos executados por trabalhadores, especialmente em profissões não sedentárias, são
responsáveis devido a sua repetição, por alterações morfológicas, mais comumente localizadas do que
generalizadas no corpo humano.
Anomalias
Fora da normal, inconsistência, irregularidade, ou anormal. Qualquer estrutura, função ou estado fora da
faixa normal de variação. O uso de conceito anomalia ocasiona uma ideia de patologia, algo curioso,
provavelmente para nunca mais ser visto outra vez, um verdadeiro “descuido da natureza”. Porém, a
anomalia pode ser definida como qualquer modificação morfológica que causa dano funcional ao indivíduo,
mas compatível com a vida. A maioria das anomalias é congênita. Contudo, algumas são adquiridas por
causa de doenças graves contraídas durante o desenvolvimento do indivíduo ou devido ao tipo ou à
natureza do trabalho desenvolvido pela pessoa (deformações somatofísicas). Como exemplos de
anomalias, cita-se: (a) anomalias do crânio: as craniossinostoses, que consiste no fechamento prematuro
das suturas cranianas, entre elas a escafocefalia, caracterizada pelo fechamento prematuro da sutura
sagital; (b) anomalias da face, entre elas a fissura labiopalatal ou lábio leporino, que consiste na fissura do
lábio superior semelhante com o de um coelho ou lebre; (c) as anomalias da coluna vertebral, entre elas a
hipercifose, a hiperlordose e a escoliose; (d) as anomalias do tórax, como por exemplo, o tórax em funil ou
“tórax de sapateiro” e o tórax em quilha ou tipo “peito de pombo” desenvolvido em pacientes portadores
de asma; (e) anomalias dos membros superiores, entre elas, a focomelia, que consiste no membro reduzido
do segmento distal e implantado no tronco e a sindactilia5; (f) anomalias dos membros inferiores, entre
elas, a polidactilia6; (g) as anomalias do sistema nervoso, entre elas, a microcefalia 7; as anomalias do
sistema tegumentar, entre elas, a polimastia8 e a ginecomastia9; (h) anomalias dos órgãos genitais, entre
elas, o hermafrodita10, a vagina dupla, e o pênis duplo.
Monstruosidade
Monstruosidade é uma modificação morfológica muito ampla, a ponto de causar intensas perturbações na
construção corpórea do indivíduo, sendo em geral incompatível com a vida. O capítulo da ciência que
estuda as monstruosidades é chamado teratologia.
Além de doenças e hábitos deletérios, como o tabagismo e o alcoolismo, que atingem a gestação e os fetos,
a própria medicina pode originar anomalias e monstruosidades. Exemplo típico de iatrogênese, ou seja,
monstruosidade gerada por agentes terapêuticos é o da talidomida. No final da década de 1950 e no início
da de 1960, na Europa, era receitada para aliviar as náuseas matutinas de mulheres gestantes,
especialmente as primigestas11, a talidomida.
Presentemente se utiliza a talidomida, com sucesso, para aliviar fortes dores agregadas com reações de
lepra aguda. Naturalmente, a talidomida não deve ser utilizada quando a gestação for possível.
Com o progresso atual da medicina, em especial das técnicas cirúrgicas, alguns tipos de deformações graves
podem ser corrigidos cirurgicamente, com sobrevida do(s) indivíduo(s), como, no caso dos xifópagos 12.
Outros exemplos de monstruosidades são a anencefalia13 e o ciclope14.
Divisão do corpo humano
O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à extremidade
superior do corpo. Encontra-se unida ao tronco por uma parte estreitada, o pescoço. A cabeça é dividida
em região facial que contém os olhos, o nariz e a boca, e uma região craniana, ou crânio, que acoberta e
apoia o encéfalo. Os nomes que identificam as regiões específicas da superfície da face estão
fundamentados nos órgãos associados, como por exemplo, a região orbital (olho); a região nasal (nariz); a
região oral (boca); a região auricular (orelha) ou ossos subjacentes, como por exemplo, a região frontal, a
região temporal, a região parietal, a região zigomática e a região occipital. A região posterior do pescoço
que coincide com a região cervical é denominada nuca. No pescoço encontram-se órgãos consideráveis
como a laringe, a glândula tireoide, as glândulas paratireoides, parte da traqueia e o esôfago.
O tronco abrange o tórax e o abdome com a referente cavidade torácica e cavidade abdominal separada
entre si por um septo muscular o diafragma. A região do corpo entre o pescoço e o abdome é
habitualmente reconhecida como tórax. A região mamária do tórax circula o mamilo, e nas mulheres
sexualmente maduras está expandida e é reconhecida por mama. Entre as regiões mamárias está à região
pré-esternal. A axila é também denominada de fossa axilar, e a área circunvizinha é a região axilar. Incide
na região de união entre o membro superior e o tronco. A região vertebral se distende ao longo do dorso
e segue a coluna vertebral. O abdome está encontrado debaixo do tórax. Centralizado na frente do
abdome, o umbigo é um evidente ponto de reparo. A cavidade abdominal estende-se inferiormente na
cavidade pélvica. Na pelve está a região púbica que é acobertada com pelos púbicos nos indivíduos
sexualmente maduros. O períneo é a região que inclui os órgãos genitais externos e o ânus. O centro do
lado dorsal do abdome é a região lombar. Incide na região do dorso entre o tórax e a pelve. A região sacral
está encontrada mais abaixo, no ponto onde a coluna vertebral finaliza. Os grandes músculos do quadril
constituem a nádega ou região glútea. Essa região é um local frequente de injeções para agulhas
hipodérmicas.
Dos membros, dois são superiores e dois inferiores. Cada membro tem uma raiz, pela qual está unida ao
tronco, e uma parte livre. Na transição entre o braço e o antebraço há o cotovelo; entre o antebraço e a
mão, o punho; entre a coxa e a perna, o joelho, e entre a perna e o pé, o tornozelo. O ombro também é
conhecido como região deltoidea. A fossa cubital, a parte aprofundada da região cubital anterior, é um
local relevante para injeções intravenosas ou a retirada de sangue. O braço é o segmento do membro
superior entre o ombro e o cotovelo, e o antebraço é o segmento do membro superior entre o cotovelo e
o punho. A mão apresenta três divisões principais, sendo elas o carpo, metacarpo e os cinco dedos. A frente
da mão é denominada de região palmar e a parte de trás da mão é denominada de região dorsal. A coxa é
o segmento do membro inferior entre o quadril e o joelho. Forma a região femoral. A virilha é a união entre
a coxa e a parede abdominal. O joelho apresenta duas faces. A face anterior é a região da patela, e a face
posterior do joelho é denominada fossa poplítea. A perna é o segmento do membro inferior entre o joelho
e o tornozelo. Apresenta a região crural posterior que corresponde à superfície posterior da perna que se
estende da fossa poplítea ao tornozelo. O pé tem três divisões principais, sendo elas o tarso, o metatarso
e os cinco dedos. O calcanhar é a parte de trás do pé, e a planta é denominada de região plantar. O dorso
do pé é a região dorsal. Ainda que os termos punho e tornozelo não estejam consignados na terminologia
anatômica, permaneceram aqui contidos em virtude da sua consagrada utilização no meio biomédico.
Posição anatômica
Nesta posição, o indivíduo é observado ereto (de pé ou em posição ereta ou ortostática), com os membros
superiores caídos naturalmente, próximos ao corpo, de cada lado do tronco, com o olhar fixo voltado
horizontalmente para frente e com a face, as palmas das mãos para frente com os dedos justapostos. Os
membros inferiores igualmente aos membros superiores permanecem unidos, com os pés paralelos, e as
pontas dos dedos do pé também voltados para frente.
Planos de delimitação do corpo humano
Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua superfície, os quais,
com suas intersecções, geram a constituição de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Apresenta-se
assim, para as faces desse sólido, os que se seguem planos correspondentes, sendo eles dois planos
verticais, um tangente ao ventre, plano ventral ou anterior; e outro ao dorso, plano dorsal ou posterior.
Estes e outros paralelos a eles também são denominados como planos frontais, por serem paralelos à
“fronte”. A denominação ventral e a denominação dorsal são destinadas ao tronco, enquanto que a
anterior e a posterior aos membros. Os dois planos verticais tangentes aos lados do corpo são designados
de plano lateral direito e plano lateral esquerdo. Os dois planos horizontais, um tangente à cabeça é
denominado plano cranial ou superior; e o outro à planta dos pés é denominado plano podálico (podos,
pé) ou ainda, inferior. O tronco separado é limitado inferiormente, pelo plano que incide pelo vértice do
cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta razão, este plano é
denominado caudal.
Planos de secção do corpo humano
O plano que separa o corpo humano em metade direita e metade esquerda é denominado plano mediano.
Todo corte do corpo produzido por planos paralelos ao plano mediano é uma secção sagital, ou seja, corte
sagital, e os planos de secção são também denominados de sagitais. O nome resulta do fato de que o plano
mediano incide pela sagitta (L. seta) do crânio fetal, figura constituinte pelos espaços suturais medianos,
de direção anterior e posterior. O termo plano mediossagital é um termo excessivo para indicar o plano
mediano. Parassagital, habitualmente utilizado por neuroanatomistas e neurologistas, também é
dispensável, porque qualquer plano paralelo e posicionado de qualquer lado do plano mediano é sagital
por definição.
Os planos de cortes que são paralelos ao plano ventral e o plano dorsal são referidos frontais. Os planos
frontais são planos verticais que incidem também da cabeça aos pés, porém que estão em ângulos retos
com o plano sagital. Mesmo que somente um deles incida perto pela sutura coronal do crânio, eles
admitem também a denominação de planos coronais. Todo corte é também designado frontal ou secção
frontal.
Os planos transversais ou horizontais também são planos de cortes que incisam transversalmente o corpo
humano em ângulos retos, com ambos os planos sagital e frontal. O corte é designado transversal ou
secção transversal.
Há várias secções transversais torácicas e abdominais. O plano supraesternal é plano transversal que passa
pelo ponto médio da incisura jugular do manúbrio do esterno; o plano torácico plano transversal que passa
pelo quarto espaço intercostal, sendo tangente à margem inferior da cartilagem costal da quarta costela,
junto do esterno; o plano esternoxifoide é o plano transversal que passa na união do processo xifoide com
o corpo do esterno; o plano transpilórico é plano transversal que passa pelo ponto médio da linha mediana
anterior que se estende da incisura jugular do esterno até a margem superior da sínfise púbica; o plano
subcostal que é o plano transversal que passa pela extremidade inferior da margem costal, situado,
aproximadamente, na décima costela; o plano umbilical ou transumbilical que é o plano transversal que
passa pelo umbigo, ao nível de L4; o plano supracristal que é o plano transversal que passa pelos pontos
mais craniais das cristas ilíacas, depara-se ao nível do processo espinhoso de L4; o plano intertubercular,
ou transtubercular que é o plano transversal que passa pelos tubérculos das cristas ilíacas ao nível de L5; e
o plano interespinal que é plano transversal que passa pelas espinhas ilíacas anterossuperiores da asa do
ílio.
A importância da tomografia computadorizada de raios X incide em exibir uma imagem ao longo de um
plano transversal parecido àquele que se poderia conseguir somente em um corte através do corpo
humano. Antes do desenvolvimento dessa técnica, o plano vertical da radiografia convencional ficava difícil,
ou mesmo impossível, avaliar a extensão das irregularidades do corpo humano.
Termos de direção
Os termos de direção são utilizados para encontrar as estruturas e as regiões do corpo humano,
concernentes à posição anatômica. O termo proximal é região dos membros mais próxima à raiz do
membro, como por exemplo, o joelho é proximal ao pé, enquanto que o termo distal é a região dos
membros mais distante da origem do mesmo, como por exemplo, a mão é distal ao cotovelo. O termo
anterior é aquele que esta a frente de uma região ou estrutura do corpo humano, como por exemplo, o
umbigo está no lado anterior do corpo. Já o termo posterior refere-se o dorso de uma região ou estrutura
do corpo humano, como por exemplo, os rins são órgãos posteriores em relação aos intestinos. O termo
superior é a região ou estrutura próxima, ou em direção à cabeça, como por exemplo, o tórax é superior
ao abdome. Já o termo inferior é a região ou estrutura do corpo humano localizado próximo ou em direção
aos pés, como por exemplo, as pernas são inferiores ao tronco. O termo medial é a região do corpo humano
ou estrutura mais próxima ao plano mediano, como por exemplo, o coração é medial em relação aos
pulmões. O termo lateral é a região ou estrutura do corpo humano mais afastado do plano mediano, como
por exemplo, as orelhas são laterais ao nariz. O termo interno e o termo externo são utilizados para
descrever a distância relativa de uma estrutura do centro de um órgão ou de uma cavidade, como por
exemplo, a artéria carótida interna é situada dentro da cavidade do crânio e a artéria carótida externa é
situada fora da cavidade do crânio. O termo ipsilateral, refere-se ao mesmo lado do corpo, como por
exemplo, a mão e o pé esquerdos são ipsilaterais. O termo contralateral refere-se aos lados opostos do
corpo, como por exemplo, o músculo bíceps do braço esquerdo e o músculo reto femoral da coxa direita
são contralaterais. O termo superficial é usado para a estrutura localizada mais próxima à superfície
corpórea, como por exemplo, a pele é superficial em relação aos ossos. O termo profundo é usado para a
estrutura localizada internamente ao corpo, longe da superfície, como por exemplo, o músculo masseter é
profundo em relação à pele. O termo mediano refere-se à estrutura localizada no plano mediano, como
por exemplo, o nariz. O termo mesial, é utilizado para os dentes, por estarem dispostos em arcadas, maxilar
e mandibular. São indicados como mesiais, e não mediais, ou seja, mais próximos do plano sagital mediano,
e distais, ou seja, mais afastados do plano sagital mediano.
Regiões do abdome e da pelve
Para tornar mais fácil a descrição da localização dos órgãos a cavidade abdominal é dividida em nove
regiões; inicialmente delineiam dois planos verticais que passam no meio das clavículas; em seguida dois
planos horizontais que passam logo abaixo do final do tórax e pela parte superior dos ossos do quadril,
mais precisamente nas cristas ilíacas. Essas regiões são descritas como umbilical, ou mesogástrica situada
certamente, ao redor do umbigo. Contém o jejuno, o íleo, as partes do duodeno, do colo, dos rins e dos
vasos principais do abdome. Lateralmente estão as regiões à direita e à esquerda da umbilical. A região
lateral direita contém o ceco, o colo ascendente, a flexura direita do colo, as partes do rim direito e o
intestino delgado, enquanto que a região lateral esquerda contém o colo descendente, as partes do rim
esquerdo e o intestino delgado. A região epigástrica (epi, acima de ou sobre; gástrica, estômago) mediana
e superiormente à umbilical. Como o nome aconselha, a maior parte do estômago está nessa região.
Também se encontra as partes do fígado, o pâncreas e o duodeno. A região hipocondríaca (hipo, abaixo de
ou sob; condríaca, a cartilagem) consistem nas regiões à direita e à esquerda da região epigástrica. O nome
indica que as regiões hipocondríacas estão localizadas abaixo das cartilagens das costelas. A região do
hipocôndrio direito contém a vesícula biliar, as partes do fígado e do rim direito; e a região do hipocôndrio
esquerdo contém o baço, a flexura esquerda do colo, as partes do rim esquerdo e do intestino delgado. A
região hipogástrica ou púbica é a região mediana imediatamente abaixo da região umbilical. Contém a
bexiga urinária, as partes do intestino e do colo sigmoide. As regiões inguinais ou ilíacas são as regiões de
cada lado da região hipogástrica. Essas áreas são assim denominadas porque sua margem inferior atinge o
ligamento inguinal, que forma a dobra da virilha. O nome “ilíaco” é derivado do osso ilíaco que forma o
limite lateral dessas regiões. A região inguinal direita contém o apêndice vermiforme, as partes do ceco e
do intestino delgado; e a região inguinal esquerda contém as partes do intestino delgado, do colo
descendente e do colo sigmoide.
Na clínica médica, é mais frequente dividir a cavidade abdominal e a cavidade pélvica em quatro quadrantes
por meio de dois planos que se cruzam; um plano imaginário horizontal que passa através do umbigo e um
plano vertical sagital mediano. Esses dois planos perpendiculares dividem as cavidades em quadrante
superior direito, quadrante inferior direito, quadrante superior esquerdo e quadrante inferior esquerdo.
Princípios gerais de construção do corpo humano
Antimeria
O plano mediano partilha o corpo humano em duas partes semelhantes, uma direita e outra esquerda.
Essas partes são chamadas antímeros. Esses antímeros são semelhantes morfofuncionalmente, por isso o
corpo humano é arquitetado conforme o princípio de simetria bilateral. Assim, por exemplo, as hemifaces
de um mesmo indivíduo não são iguais, as linhas que incidem pelas fendas palpebrais, bem como pelas
comissuras labiais, não são horizontais, mas sim oblíquas; além disso, a linha mediana da face não é
retilínea, mas convexa para um ou outro lado. Associando-se estes três elementos, observa-se que
comumente a linha mediana da face é convexa para a direita e coincide com um eixo ocular oblíquo para
cima e para a direita, e com um eixo bucal oblíquo para baixo e também para a direita; tudo isto sugere um
maior desenvolvimento da metade direita da face. O pavilhão da orelha é, comumente, maior e mais alto
à esquerda.
Além disso, existem diversas diferenças morfológicas externas nos indivíduos, como por exemplo, na altura
dos ombros, no tamanho das mamas, nos ovários, sendo que o direito frequentemente é maior que o
esquerdo e na altura dos testículos.
As papilas mamárias não estão situadas na mesma linha horizontal. O mesmo ocorre com os testículos e
com as mamas, cujo nível e volume são diferentes de um lado para outro. Têm as assimetrias funcionais,
como por exemplo, o dextrismo, que é o predomínio da utilização do membro superior direito na maioria
dos indivíduos. Contudo, nos canhotos, observa-se inversão desta assimetria.
Internamente, as diferenças são mais claras, como é o caso do coração que se apresenta mais
reposicionado para a esquerda, denominado situação levocárdica. Por outro lado, elas podem citar-se à
posição, como se observa nos rins, sendo o direito rotineiramente mais baixo do que o esquerdo, devido o
fígado que preenche quase completamente do lado direito, enquanto o baço está posto à esquerda da
linha mediana. Porém, os pulmões apresentam apenas assimetria quanto à forma e não em relação à
posição.
As assimetrias anormais, ou seja, patológicas, distinguem-se por proporcionarem um grau muito marcante
de assimetria. Estas, como as normais, também podem estar agregadas à posição ou à forma dos órgãos.
As assimetrias anormais de posição ou distopia são classificadas em duas categorias: a distopia por
transposição e a distopia por inversão.
A distopia por transposição caracteriza-se pela parada no deslocamento embrionário normal de um órgão.
Pode ser elucidada pela rotação normal da alça mesentérica ou intestinal do feto, no sentido anti-horário.
A parada na rotação desta alça pode fixar segmentos ou órgãos do tubo digestório, como por exemplo, o
ceco em posições diferentes do normal dentro da cavidade abdominal. No caso do ceco, este pode
posicionar-se no lado esquerdo do abdome, até mesmo na fossa ilíaca esquerda.
A distopia por inversão pode ser elucidada pela rotação da alça vitelina do feto no sentido inverso ao
normal, sentido horário. Pode ser parcial (parada da alça vitelina em qualquer ponto da sua rotação) ou
total. Na distopia por inversão total (máximo grau de distopia) todos os órgãos estão localizados em posição
invertida em relação ao normal. O exemplo extremo é dado pelo denominado situs viscerum inversus no
qual todos os órgãos do corpo são invertidos. As assimetrias anormais de forma ocorrem inversões
morfológicas de forma inversa do normal, como por exemplo, o pulmão esquerdo com três lobos e o
pulmão direito com dois lobos.
Metameria
Satisfaz à superposição longitudinal de segmentos semelhantes, referidos metâmeros. Assim como a
antimeria, a metameria é mais clara na fase embrionária. No adulto, os exemplos clássicos de metameria
são a coluna vertebral, onde existe a superposição de vértebras e a cavidade torácica, onde as costelas
estão superpostas longitudinalmente, permanecendo entre elas os espaços intercostais.
A metameria da pele não é visível, mas pode ser identificado pela pesquisa da distribuição das raízes
nervosas, em zonas cutâneas denominadas de dermátomos ou dermatômeros. Determina-se dermátomo
como o território cutâneo inervado por fibras nervosas de uma única raiz dorsal, cujo elemento que entra
na formação do tronco do nervo espinal. Os dermátomos seguem-se no tronco em faixas
aproximadamente circulares, dispostas na mesma ordem das raízes nervosas; nos membros, que estão
orientadas em faixas longitudinais, recebendo o nome da raiz que o inerva, como por exemplo, C4, T9 e L2.
As áreas cutâneas dos demátomos podem ser definidos experimental ou clinicamente pela pesquisa das
mudanças da sensibilidade zonas de Head. O estudo da topografia dos dermátomos é muito importante
para a localização de lesões radiculares ou medulares e, para tal, têm mapas nos quais eles são
demonstrados nas várias partes do corpo.
Paquimeria
É o princípio pelo qual o segmento do corpo do indivíduo representado pela cabeça, pescoço e tronco são
compostos esquematicamente por dois tubos, designados de Paquímeros. Há um paquímero anterior, que
inclui a maioria das vísceras, e por isso designado paquímero visceral; e um paquímero posterior, que
abrange a cavidade do crânio e o canal vertebral (localizado no interior da coluna vertebral). O paquímero
posterior abriga o sistema nervoso central, e por isso é também designado como paquímero neural.
Segmentação
O princípio da segmentação ou da estrutura segmentar na construção do corpo humano é verificada no
tipo de subdivisão dos órgãos de acordo com a distribuição dos seus vasos sanguíneos e dos vasos linfáticos,
nervos e, quando existir ductos, canais ou tubos relacionados com sua função, como por exemplo,
brônquios, ductos bilíferos e vias uriníferas.
Em anatomia e em cirurgia, o segmento de um território de um órgão que haja irrigação e drenagem
sanguínea independentes, separados dos demais ou separável e removível cirurgicamente e que seja
identificável morfologicamente. O segmento preenche o mesmo papel do órgão ao qual tem relação e
embora seja reconhecível pela repartição vascular sanguínea e, quando for o caso, pela repartição de seus
tubos, canais ou ductos, seus vasos linfáticos e nervos também se arranjam como satélites, seguindo a
angioarquitetura segmentar.
Como exemplos de segmentos anatomo-cirúrgicos distinguidos e classificados podem ser citados os
seguintes, os segmentos anatomo-cirúrgicos pulmonares, os segmentos anatomo-cirúrgicos renais, os
segmentos anatomo-cirúrgicos hepáticos, os segmentos anatomo-cirúrgicos esplênicos, os segmentos
anatomo-cirúrgicos gástricos, os segmentos anatomo-cirúrgicos cardíacos, os segmentos anatomo-
cirúrgicos pancreáticos e os segmentos anatomo-cirúrgicos suprarrenais.
O conhecimento da segmentação possibilita retirar somente a parte lesada ou patológica de um órgão. Por
exemplo, o fígado pode ser considerado como a soma de oito segmentos anatomo-cirúrgicos que
representam oito pequenos fígados. Em caso de processo patológico localizado no fígado, no qual seja
recomendada uma biópsia, está poderá ser realizada no segmento portal correspondente.
Estratimeria ou Estratificação
É o princípio segundo o qual o corpo humano é construído por camadas ou estratos, que se superpõem.
Como exemplo, a pele, na qual se caracteriza a camada superficial, a epiderme, e a camada profunda, a
derme; a tela subcutânea, com suas três camadas fundamentais, procedendo a seguir a fáscia muscular, os
músculos e os ossos. A estratificação acontece também em órgãos ocos, como por exemplo, no intestino.
As paredes desses órgãos são formadas por camadas superpostas. Um dente, por fora há o esmalte, no
meio a dentina e interiormente a polpa do dente. O coração, o pericárdio é a camada externa, o miocárdio
a média e endocárdio a camada que forra internamente o coração. A estratificação apresenta uma grande
relevância no estudo anatomotopográfico e na prática cirúrgica.
Polaridade
O princípio da polaridade possibilita reconhecer a presença de polos distintos na região cefálica e na região
caudal, ou seja, na cabeça e na extremidade inferior do tronco. De tal modo é que, na extremidade superior
do paquímero posterior se depara o polo cefálico, maior, mais desenvolvido, enquanto que na extremidade
inferior se depara o polo caudal, frágil. No polo cefálico está situado o encéfalo, e no polo caudal as
vértebras coccígeas, que simbolizam rastros da cauda.
Crinosidade
Ampliado o conceito de endocrinosidade complementado com as secreções exócrinas, pode-se fazer a
popularização deque as células que apresentam a propriedade da Crinosidade, ou seja, a secreção em
sentido irrestrito, constituindo-se mais um princípio de construção do corpo humano.
Minimalidade
O minimal é a unidade definida como a menor parte de um órgão que conceba a forma de um órgão íntegro
e, portanto, do seu papel, ou seja, minimal é a miniatura da estrutura macroscópica e do papel do órgão,
como por exemplo, os minimais do fígado. Os hepatônios, cada um obedecendo a um minimal com
elementos portobilioarterias que se encaminham para o hilo do fígado, e com a veia central que converge
com outras e se encaminha para as veias hepáticas para acabar na veia cava inferior.

CONTEÚDO 5 – SISTEMA ESQUELÉTICO


O aparelho locomotor, como qualquer outro aparelho, é formado de dois ou mais sistemas. De tal modo,
o aparelho locomotor é composto, em sentido restringido, por três sistemas fundamentais, o sistema
esquelético, o sistema articular, e o sistema muscular. Em sentido amplo, o aparelho locomotor é composto
por cinco sistemas, ou seja, pelos três citados agregando o sistema nervoso e o sistema cardiovascular.
O sistema esquelético é o conjunto de órgãos que compõe o esqueleto, ou seja, o arcabouço, a armação
do corpo. O esqueleto representa 20% da massa corpórea, ou seja, 14 quilogramas em um indivíduo de 70
quilogramas. O sistema esquelético é formado por um aglomerado de órgãos, os ossos, as cartilagens, os
ligamentos, e a medula óssea para exercerem uma função principal e diversas funções acessórias para
colaborar com outros sistemas em funções complexas. As funções do sistema esquelético são as seguintes:
1- Servir de arcabouço e suporte para as partes moles do corpo humano;
2- Possibilitar o movimento do corpo humano e de suas partes;
3- Proteger os órgãos vitais, como por exemplo, o encéfalo, a medula espinal, o coração, e os pulmões;
4- Armazenar minerais e íons;
5- Produzir células sanguíneas, ou seja, os ossos são órgãos hematocitopoiéticos;
6- Auto reabsorção;
7- Auto remodelamento;
8- Equilíbrio ácido-base;
9- Reserva de gordura.
Os ossos são peças duras e calcificadas, em número, coloração e formas variáveis, apresentam origem,
estrutura, e funções semelhantes. Os ossos são considerados órgãos, pois são formados por diversos tipos
de tecidos, entre eles, o tecido fibroso, o tecido cartilagíneo, o tecido ósseo, o tecido nervoso, e o tecido
vascular. Apresentam matéria orgânica (1/3), e matéria inorgânica (2/3). A matéria orgânica atribui
elasticidade aos ossos, enquanto que a matéria inorgânica atribui à rigidez e a força. A matéria orgânica é
composta por colágeno, proteínas e substância fundamental amorfa. Já a substância mineral abrange o
cálcio, o fósforo, e os sais inorgânicos, compostos por carbonato, flúor e magnésio.
Os ossos dos membros inferiores, da pelve, e da coluna vertebral suportam o corpo humano. Quase todos
os ossos proveem suporte para os músculos, e também apoio para os dentes. Um dado relevante é que a
substância mais dura do corpo humano não são os ossos, mas sim o esmalte dos dentes. Além disso, o
tecido ósseo equilibra o sangue contra alterações exageradas do pH, absorvendo ou liberando fosfato
alcalino e sais de carbono.
Pelo aspecto macroscópico, os ossos possuem dois tipos de substâncias ósseas, a substância compacta,
densa e sólida; e a substância esponjosa, como um retículo trabecular, cujos espaços são preenchidos pela
medula óssea. As duas substâncias podem coexistir, em quantidades diferentes, num mesmo osso.
A substância óssea esponjosa é mais leve, o que reduz o peso total de um osso, de tal modo que o osso se
movimente com maior facilidade quando tracionado pelo músculo estriado esquelético. As trabéculas
ósseas suportam e protegem a medula óssea vermelha. A substância óssea compacta forma-se de um
revestimento externo denso e rijo. Ela sempre reveste completamente todo osso e tende a variar de
espessura. Portanto, a substância óssea compacta prevalece na diáfise dos ossos longos e abrange uma
cavidade medular, que contém a medula óssea. A substância óssea esponjosa forma as epífises dos ossos
longos e dos ossos curtos, sendo revestidos por fina camada de substância óssea compacta. Os ossos planos
são compostos por duas camadas finas de substância óssea compacta, a lâmina externa e a lâmina interna,
e substância óssea esponjosa, que nos ossos do crânio recebe o nome díploe.
A medula óssea pode ser de dois tipos: a medula óssea vermelha ou rubra, e a medula óssea amarela ou
flava. A medula óssea vermelha produz as células de sangue, os eritrócitos, os leucócitos, e as plaquetas.
Presente nos ossos em formação do feto, e em alguns ossos adultos, como os da pelve, o esterno, e as
extremidades dos ossos e da coxa. A medula óssea amarela é constituída, principalmente de células
adiposas, que contêm triglicerídeos, e de algumas células sanguíneas. Os triglicerídeos contidos nas células
adiposas da medula óssea amarela são reservas de energia em potencial. Nas crianças e no recém-nascido
toda medula óssea é vermelha. Com o passar da idade, a maior parte da medula óssea vermelha
transforma-se em medula óssea amarela, de maneira que no adulto encontra-se medula óssea vermelha
tão somente em alguns ossos, como por exemplo, no esterno.
A extremidade de um osso longo é designada de epífises, enquanto a parte média é designada de diáfise.
Nos ossos dos adultos as epífises são “ósseas”; durante o crescimento ósseo, as epífises são constituídas
por um material cartilagíneo designado de placa de crescimento. O crescimento longitudinal dos ossos
acontece neste local por meio da formação de um novo tecido ósseo. Na diáfise ou corpo de um osso longo,
há no seu interior a cavidade medular, cujas funções são: a redução do peso do osso e permite a passagem
das artérias nutrícias. A parte larga da diáfise mais próxima da epífise é designada de metáfise. Depois da
sinostose, a diáfise e as suas extremidades aparecem como um osso contínuo.
O periósteo, uma fina membrana fibrosa que reveste externamente os ossos, exceto às superfícies
articulares que são revestidas por cartilagem do tipo hialina, onde o osso se torna contínuo com a cápsula
articular. O periósteo contém nervos, além de vasos de sangue que são relevantes para o suprimento de
nutrientes aos ossos, promovendo, assim, o crescimento ósseo em diâmetro e a reparação de fraturas.
Também serve de ponto de inserção para os tendões e os ligamentos. Já o endósteo é uma membrana que
reveste a cavidade medular.
Os ossos são classificados conforme sua forma geométrica aproximada em: longos, alongados, curtos,
planos, e irregulares. Existem, ainda, os ossos pneumáticos, os ossos sesamoides, e os ossos acessórios.
Os ossos longos são formados por uma diáfise e duas epífises. Apresentam o comprimento maior em
relação à largura e a espessura que são equivalentes. Os ossos alongados são achatados, sem epífises bem
definidas, e não têm cavidade medular. Nos ossos planos a largura e o comprimento predominam sobre a
espessura, enquanto nos ossos curtos as três dimensões são equivalentes. Os ossos planos proporcionam
proteção para o conteúdo interno e ampla superfície para a fixação muscular. Os ossos irregulares não
possuem formas geométricas bem definidas.
Os ossos pneumáticos são ocos, com cavidades cheias de ar e revestidas por mucosa, apresentando
pequeno peso em relação ao seu volume. Os ossos sesamoides se assemelham a sementes de gergelim,
localizados em regiões que alguns tendões cruzam epífises de ossos longos. Os ossos sesamoides se
desenvolvem dentro dos tendões e os protegem de desgaste exorbitante junto ao osso. Também alteram
o ângulo de inserção de um tendão. Os ossos acessórios são raros e sua sede, as suas dimensões, e o seu
número podem ser muito variáveis. Acontecem mais comumente na superfície externa do que na
superfície interna. Do ponto de vista da anatomia comparativa, alguns desses ossos correspondem aos que
se deparam normalmente em outros vertebrados e outros não apresentam essa correspondência. A estes
ossos acidentais dá-se o nome de ossos suturais ou wormianos, os quais acontecem muitas vezes na sutura
lambdoide, em crânios hidrocefálicos.
Os ossos longos são encontrados tão somente no esqueleto apendicular. As costelas são exemplos típicos
de ossos alongados. Os exemplos de ossos classificados como curtos são os ossos carpos e os ossos do
tarso, exceto o osso pisiforme que é um osso sesamoide, e o osso calcâneo que é um osso irregular. Alguns
exemplos de ossos planos são os ossos que formam a calvária e a escápula. As vertebras, os ossos da face,
os ossos da base do crânio são exemplos de ossos irregulares.
Os ossos pneumáticos compõem os seios da face, sendo eles: o frontal, o esfenoide, o etmoide, e a maxila.
Os ossos sesamoides estão presentes no desenvolvimento fetal, mas não são considerados partes do
esqueleto axial ou do esqueleto apendicular, exceto pelas patelas, que são os maiores ossos sesamoides.
Os outros ossos sesamoides mais frequentes estão situados nas plantas dos pés, na base do primeiro
metatarso. Nos membros superiores, os ossos sesamoides frequentemente encontrados nos tendões
próximos à superfície palmar e na base dos metacarpos. Como exemplos de ossos acessórios podem ser
mencionados ossos bregmático, o obélico, o ptérico, e o astérico.
A irrigação óssea é abundante. De particular relevância são os vasos metafisários e os vasos epifisários. As
artérias adentram nos ossos a partir do periósteo. As artérias periosteais acompanhadas por nervos
adentram na diáfise e irrigam o periósteo e a parte externa da substância compacta. Próximo ao centro da
diáfise, uma grande artéria nutrícia adentra no osso compacto por meio do forame nutrício. Ao adentrar
na cavidade medular, a artéria nutrícia se ramifica em ramo proximal e ramo distal, que irrigam a parte
interna da substância óssea compacta da diáfise, a substância óssea esponjosa, e a medula óssea. Na tíbia
há uma artéria nutrícia, enquanto que no fêmur existem diversas artérias nutrícias. As extremidades dos
ossos são irrigadas pelas artérias metafisárias e as artérias epifisárias. Tanto as artérias metafisárias como
as artérias nutrícias irrigam a medula óssea vermelha e as substâncias ósseas da metáfise. As artérias
epifisárias irrigam a medula óssea e as substâncias ósseas das epífises.
Uma ou duas veias nutrícias seguem a artéria nutrícia na diáfise. Abundantes veias epifisárias e veias
metafisárias saem das epífises com as suas relativas artérias. As veias periosteais saem do periósteo com
as suas relativas artérias.
Os nervos seguem as artérias que irrigam os ossos. O periósteo é rico em nervos sensitivos, responsáveis
pela sensação de dor. Portanto, as dores consequentes de uma fratura, de um tumor ósseo, ou de uma
biópsia da medula óssea vermelha por meio de uma agulha. Microscopicamente a medula óssea vermelha
é avaliada em situações, como por exemplo, nas leucemias, nos linfomas, e nas anemias aplásicas.
Apresentam-se dores à medida que a agulha adentra no periósteo. Assim que a agulha adentra e ultrapassa
o periósteo há poucas dores.
Os ossos apresentam acidentes ósseos ou detalhes ósseos: as proeminências, as fossas, as depressões, os
tubérculos, as eminências, os orifícios, os canais, as cavidades e os seios, para referir tão somente as
características mais frequentes, que compõem relevantes pontos de referência em anatomia, radiologia,
ortopedia, e antropologia física.
Do ponto de vista físico, os ossos são alavancas, rijas ou elásticas; na construção de cada osso combinam-
se a força, a elasticidade, e a leveza. Os ossos das mulheres são, em média, menores e mais leves do que
os dos homens da mesma idade e raça. Na prática forense, um fragmento de um osso é suficiente para
estabelecer a raça, a idade, e o sexo do indivíduo.
Existem 206 ossos no indivíduo adulto, médio e normal, excluindo-se os ossos sesamoides, porém
abrangendo os ossículos da audição. De uma maneira geral, os ossos medianos e bilaterais são simétricos.
O número de peças ósseas varia com a idade, existindo maior número no recém-nascido do que na idade
avançada. Por exemplo, no crânio de uma criança existem duas peças ósseas paramedianas ou hemifrontais
que, com a sinostose da sutra metópica, comporão o osso frontal, enquanto que na idade avançada, com
as sinostose de todas as suturas, torna o crânio uma esfera óssea. Exemplos de ossos medianos no adulto
são: o frontal, o occipital, a mandíbula, o hioide, as vértebras, e o esterno.
O esqueleto subdivide-se em partes axial e apendicular. O esqueleto axial inclui todos os ossos situados no
eixo central do corpo, ou próximo a este eixo. O esqueleto axila do adulto consiste em 80 ossos, e abrange
o crânio, a coluna vertebral, as costelas, e o esterno. O esqueleto apendicular compreende os ossos dos
membros superiores e os ossos dos membros inferiores. Unindo o esqueleto axial e o esqueleto
apendicular encontram-se a cintura escapular e a cintura pélvica.
O esqueleto da cabeça ou esqueleto cefálico abrange os ossos do crânio, e os ossos da face. Consiste,
portanto, em uma sequência de ossos que na sua maioria estão unidos entre si por articulações imóveis,
com exceção realizada tão somente para a mandíbula, que se articula com o osso temporal por articulação
sinovial, a articulação temporomandibular.
O crânio está composto de 22 ossos dividido em duas partes: o neurocrânio e o viscerocrânio ou ossos da
face. O neurocrânio envolve os ossos relacionados com a proteção dos órgãos do sistema nervoso central.
O neurocrânio é formado pelos seguintes ossos: frontal, temporal, etmoide, esfenoide, parietal, e occipital.
O viscerocrânio está relacionado com os órgãos dos sentidos, o paladar, a visão, e o olfato. Além disso, os
ossos do viscerocrânio ancoram os músculos da expressão facial. O viscerocrânio é formado pelos seguintes
ossos: maxilas, mandíbula, palatinos, vômer, nasais, zigomáticos, lacrimais, e conchas nasais inferiores.
Exceto a mandíbula, os demais ossos do viscerocrânio se articulam com as maxilas, que servem de
implantação dos dentes superiores.
O osso frontal é um osso plano, anterior, ímpar, mediano da calvária. O osso frontal articula-se com doze
ossos: o esfenoide, o etmoide, os parietais, os nasais, os maxilares, os lacrimais, e os zigomáticos.
O osso occipital, do latim, occiput, o dorso da cabeça. É um osso plano, inferior, posterior, mediano,
pertencente à base do crânio, perfurado por uma abertura ampla e oval, o forame magno, por meio do
qual a cavidade craniana comunica-se com o canal vertebral. O osso occipital articula-se com seis ossos: os
parietais, os temporais, o esfenoide, e C1.
O osso esfenoide, do grego, sphen, cunha. É um osso irregular, ímpar, mediano, e situa-se na base do crânio
anteriormente aos temporais e à parte basilar do osso occipital. O osso esfenoide articula-se com doze
ossos: o occipital, o frontal, o etmoide, o vômer, os temporais, os parietais, os zigomáticos, e os palatinos.
O osso etmoide, do grego, ethmos, peneira, eidos, semelhante. É um osso leve, esponjoso, irregular, ímpar,
inferior, e situa-se na base do crânio. O osso etmoide articula-se com treze ossos: o frontal, o esfenoide,
os nasais, os lacrimais, os maxilares, os palatinos, as conchas nasais inferiores, e o vômer.
O osso temporal é um osso irregular, par, e muito complexo. Possui três partes: a escamosa, a petrosa, e a
timpânica. A parte petrosa abrange o órgão vestibulococlear e cavidade timpânica que contém os três
ossículos da audição. O osso temporal articula-se com oito ossos: o frontal, o esfenoide, os parietais, o
occipital, os zigomáticos, e a mandíbula.
Os ossículos da audição estão situados na cavidade timpânica que é a parte central da orelha média. Os
nomes dos ossículos da audição são aqueles que melhor proclamam o formato de cada um deles: o
martelo, a bigorna, e o estribo; os quais estão dispostos nessa ordem, em sentido látero-medial, para a
transmissão de som.
O osso parietal é um osso plano, par, e compõe o tecto do crânio. O osso parietal articula-se com seis ossos:
o seu homônimo contralateral, o frontal, o occipital, os temporais, e o esfenoide.
O osso zigomático forma parte da parede lateral e assoalho da órbita. É um osso par e irregular.
A maxila é um osso plano e irregular, anterior, paramediana. Forma quatro cavidades: o tecto da cavidade
oral, o soalho e a parede lateral do nariz, o soalho da órbita e o seio maxilar. Possui os alvéolos dentários
para abrigar os dentes superiores.
O osso nasal é um pequeno osso retangular, que forma, com o nasal do lado oposto, o dorso do nariz. O
osso nasal articula-se com quatro ossos: o frontal, o etmoide, a maxila, e o nasal do lado oposto.
O osso lacrimal é um pequeno osso, aproximadamente, retangular, situado na parte medial da órbita. É o
menor e mais frágil osso da face. O osso lacrimal articula-se com quatro ossos: o frontal, o etmoide, a
maxila, e a concha nasal inferior.
O osso palatino é um osso irregular, localizado posteriormente à maxila. Forma a parte posterior do palato
duro, parte do soalho e parede lateral da cavidade nasal, e o soalho da órbita. O osso palatino articula-se
com oito ossos: as maxilas, as conchas nasais inferiores, o esfenoide, o etmoide, o vômer, e com o osso
contralateral.
O vômer é um osso ímpar, plano, de formato trapezoidal. Forma as partes posteriores e inferiores do septo
nasal. O vômer articula-se com seis ossos: o esfenoide, o etmoide, as maxilas, e os palatinos.
A concha nasal inferior é um pequeno osso com o formato de uma placa delgada e alongada, e com
margens curvas. Situa-se ao longo da parede lateral da cavidade nasal, separando o meato nasal médio e
o meato nasal inferior. É a única concha nasal independente, pois as outras conchas, a superior e a média
pertencem ao osso etmoide. A concha nasal inferior articula-se com sete ossos: o etmoide, os lacrimais, as
maxilas, e os palatinos.
A mandíbula é um osso ímpar, móvel da cabeça, o maior e mais forte da face, onde tem situação
anteroinferior. Apresenta o formato de uma ferradura e contêm os alvéolos dentários para abrigar os
dentes inferiores. A mandíbula articula-se com dois ossos: os temporais.
A cefalometria, ou mensuração da cabeça permite reconhecer crânios microcéfalos, mesocéfalos, e
macrocéfalos, ou seja, pequenos, médios, e grandes, concomitantemente. Quando as dimensões são
extrapoladas, estes tipos são ditos patológicos, como por exemplo, o crânio hidrocéfalo, que possui
descomunal hidrocefalia.
As principais variações do crânio do recém-nascido em relação ao adulto residem na falta dos seios
paranasais, como por exemplo, do osso esfenoide e do osso frontal. As margens dos ossos da calvária no
feto de termo estão espaçadas, mas unidas por suturas membranáceas, que possibilitam a diminuição de
volume da cabeça fetal, muito relevante para a passagem pela vagina e vulva, durante o parto.
Ao nível dos ângulos dos ossos, sem ocorrido, ainda, a ossificação, deparam-se as fontanelas do crânio, a
saber, as fontanelas medianas: a fontanela anterior e a fontanela posterior; e as fontanelas laterais: a
fontanela anterolateral ou esfenoidal e a fontanela posterolateral ou mastoidea. À medida que a
ossificação toma as áreas membranáceas, as fontanelas reduzem de dimensões até sumir. A última
fontanela a realizá-la é a fontanela anterior, que desaparece entre o 2º e o 3º ano de vida.
Nos indivíduos senis, a elasticidade do crânio reduz e as suturas somem, por sinostoses, após os 40 anos
de idade. Segue uma relação de algumas suturas e do início de sua calcificação. Por volta dos: 22 anos de
idade, a sutura sagital e a sutura esfenofrontal; 24 anos de idade, a sutura coronal; 26 anos de idade, a
sutura lambdóidea e a sutura occipitomastóidea; 30 anos de idade, a sutura parietomastóidea; e 37 anos
de idade, a sutura temporoparietal. O fechamento começa a acontecer vagarosamente, e vai sofrer um
surto na idade avançada. Tende a completarem-se após os 80 anos de idade.
Há desgaste e perda dos dentes, os canais diplóicos de cada osso, que eram independentes, passam a
continuar com os vizinhos, atravessando os espaços suturais, para compor uma só rede. Os ossos se
atrofiam, especialmente ao nível dos parietais. As fossetas granulares aumentam em profundidade, a parte
alveolar da maxila e a parte alveolar da mandíbula diminuem em virtude da queda dos dentes, e a
protuberância mentual aumenta.
O crânio da mulher é menor e mais leve em termos absolutos, mas, em relação ao resto do corpo é mais
volumoso e mais pesado do que o do homem. No crânio feminino as paredes são mais finas, a superfície é
mais lisa, as saliências e os processos originados pelas inserções musculares menos acentuadas. Na mulher,
a fronte é menos alta e mais estreita, contudo tende à verticalidade, enquanto a testa do homem tende à
obliquidade. A mandíbula masculina é mais encorpada e sólida. No crânio feminino, os seios frontais são
menores.
O esqueleto do pescoço é composto das vértebras cervicais e, do ponto de vista topográfico, do osso
hioide. O osso hioide é um osso ímpar, sesamoide, faz parte de um conjunto de estruturas anatômicas que,
une a base do crânio ao esqueleto do pescoço. Está localizado na parte anterossuperior do pescoço,
superiormente à laringe e póstero-inferiormente à mandíbula. Apresenta como função oferecer suporte
para a língua, fornecendo locais de fixação para os músculos da língua, do pescoço, e da faringe. É um osso
móvel, pois não está articulado com mais nenhum osso.
O esqueleto do tronco abrange o tórax, as vértebras lombares, as vértebras sacrais, as vértebras coccígeas;
e a pelve óssea. O tórax é a parte do corpo humano localizada no tronco, entre o pescoço e o abdome,
exatamente, entre a abertura superior do tórax e o diafragma, que a cavidade torácica e a cavidade
abdominal. A abertura torácica superior é limitada pela margem superior do manúbrio do esterno, pela I
costela de cada lado, pela T1. A abertura torácica inferior é maior do que a abertura torácica superior,
apresentando como limites a T12, a XII costela de cada lado, a margem inferior dos seis últimos pares de
cartilagens costais de cada lado, e a articulação xifo-esternal. A construção e a disposição do esqueleto do
tórax são arranjadas, de tal maneira que o volume da cavidade pode ser alterado conforme a necessidade.
O esterno é um osso alongado, plano, mediano, e ímpar, localizado medianamente na parede anterior do
tórax. É um relevante osso hematocitopoiético. O esterno articula-se com as clavículas e as cartilagens das
sete primeiras costelas. Possui três partes: o manúbrio do esterno, o corpo do esterno, e o processo xifoide.
A face posterior do esterno é ligeiramente côncava.
As costelas são em número de 12 pares. São ossos em formato de semiarcos, unindo as vértebras torácicas
ao esterno. As costelas são classificadas em: costelas verdadeiras, I – VII: articulam-se diretamente ao
esterno por intermédio das cartilagens costais; costelas falsas, VIII – X: articulam-se indiretamente com o
esterno, unindo-se suas cartilagens costais umas às outras; e por fim as costelas flutuantes, costelas XI e
XII: são curtas e livres, que protegem o fígado e o estômago.
Uma costela típica apresenta a cabeça, o colo e o corpo. Com exceção das costelas I, XI, e XII, as outras
podem ser consideradas costelas típicas, embora a VIII, IX, e X sejam mais curtas e cooperem para constituir
a margem costal. A primeira costela, sendo a costela mais curta entre as costelas verdadeiras. Descreve
arco fechado e restringe a abertura superior do tórax. É mais larga do que as outras costelas, é plana,
localizando-se sob a clavícula anteriormente, o que dificulta sua palpação. A artéria subclávia e a veia
subclávia sulcam na face posterior. Excepcionalmente, pode existir uma costela cervical e uma costela
lombar, as quais são costelas supranumerárias, geralmente, conectadas com a C7 e a L1,
concomitantemente. As cartilagens costais, formadas por cartilagem hialina, representam um
prolongamento das costelas. Entre os 40 e 50 anos de idade, essas cartilagens se calcificam, diminuindo
com isso a capacidade de elevar ou reduzir a cavidade torácica.
O formato do tórax depende da idade, do sexo, e do biótipo. O tórax do feto é mais desenvolvido
sagitalmente do que transversalmente, em virtude ao maior desenvolvimento do coração, do timo, e dos
órgãos abdominais do que dos pulmões. Aos 18 anos de idade, o tórax assume seu formato definitivo,
prosseguindo a crescer até 35 anos de idade no sexo masculino, e 25 anos de idade no sexo feminino. No
indivíduo senil, as costelas e as cartilagens costais perdem a flexibilidade, as articulações sofrem anquilose,
conduzindo o tórax a perder a elasticidade e a mobilidade. Com a ampliação da coluna vertebral, as costelas
ficam mais próximas umas das outras. O tórax masculino é mais largo do que o feminino, com a máxima
largura ao nível da VIII costela, com pequeno aperto inferior. O tórax feminino é mais curto e arredondado,
com maior aperto inferior do que o masculino. No indivíduo longilíneo, cujo crescimento é mais dinâmico
e que gera maior desenvolvimento em altura, o tórax é longo e estreito, enquanto que, no indivíduo
brevilíneo, cujo desenvolvimento transversal prevalece sobre o vertical, o tórax é mais curto e largo.
A coluna vertebral estende-se do crânio até a pelve. Ela é responsável por dois quintos da massa corporal
total. A coluna vertebral é constituída por tecido conjuntivo e por uma sequência de ossos, as vértebras,
que estão sobrepostas em forma de uma coluna. A coluna vertebral é formada por 24 vértebras livres e
independentes, o sacro, e o cóccix. Superiormente, se articula com o osso occipital; inferiormente, articula-
se com o osso do quadril. A coluna vertebral é dividida em cinco regiões: a cervical, a torácica, a lombar e
a sacral, e a coccígea. São sete vértebras cervicais, doze vértebras torácicas, cinco vértebras lombares,
cinco vértebras sacrais, e três a cinco vértebras coccígeas.
No embrião, a coluna vertebral apresenta o formato de “C” com concavidade anterior, e com o
desenvolvimento a curvatura altera gradativamente. À medida que o recém-nascido assume controle
sobre seu corpo o formato da coluna aos poucos se modifica. Na região torácica e na região sacral, a
curvatura original permanece, ou seja, com concavidade anterior; e na região cervical e na região lombar
a curvatura primitiva some e, aos poucos, surgem às curvaturas em sentido oposto. De tal modo, numa
vista lateral, a coluna possui diversas curvaturas consideradas fisiológicas. São elas: a lordose cervical,
convexa ventralmente; a cifose torácica, côncava ventralmente; a lordose lombar, convexa ventralmente;
e a cifose pélvica, côncava ventralmente. Quando uma destas curvaturas está acentuada, designa-se de
hipercifose, na região dorsal e na região pélvica; ou hiperlordose, na região cervical e na região
lombar. Numa vista anterior ou posterior, a coluna vertebral não possui nenhuma curvatura. Quando há
alguma curvatura neste plano, designa-se de escoliose.
A coluna vertebral possui as seguintes funções: protege a medula espinal e os nervos espinais; suporta o
peso do corpo; fornece um eixo parcialmente rígido e flexível para o corpo e um pivô para a cabeça;
desempenha um papel relevante na postura e na locomoção; serve de ponto de fixação para as costelas, a
cintura pélvica, e os músculos do dorso; oferece flexibilidade para o corpo, podendo flexionar-se para
frente, para trás e para os lados, e ainda girar sobre seu eixo maior.
As estruturas anatômicas encontradas em quase todas as vértebras, exceto em C1 e C2, e servem como
meio de diferenciação destas com os demais ossos do esqueleto. Todas as vértebras têm sete elementos
fundamentais: o corpo vertebral, o processo espinhoso, o processo transverso, os processos articulares, as
lâminas, os pedículos, e o forame vertebral. A C7 possui um processo espinhoso longo e proeminente.
As características regionais possibilitam a diferenciação das vértebras pertencentes a cada região. Diversos
são os elementos de diferenciação. As vértebras cervicais apresentam um corpo pequeno, exceto a C1 e a
C2. Geralmente possuem o processo espinhoso bífido e horizontalizado; e os seus processos transversos
têm os forames transversários que permitem a passagem da artéria vertebral. Nas vértebras torácicas o
processo espinhoso não é bifurcado, se apresenta descendente e pontiagudo. As vértebras torácicas se
articulam com as costelas, sendo que as superfícies articulares dessas vértebras são designadas de fóveas
e hemi-fóveas. As fóveas podem estar situadas no corpo vertebral, no pedículo, ou nos processos
transversos. O forame vertebral tem o formato circular. Nas vértebras lombares os corpos vertebrais são
maiores, pois suporta o peso de todo o corpo. O processo espinhoso é quadrilátero, além de estar disposto
em posição horizontal. Apresenta o forame vertebral em formato triangular e os processos mamilares.
Possui o processo transverso bem desenvolvido, designado de apêndice costiforme. Pode ser distinguido
também por não possuir forame no processo transverso, e nem a fóvea costal.
As vértebras consideradas atípicas são C1, ou atlas, e C2, ou áxis, ou epistrofeu. Gigante mitológico de força
cavalar, filho de Iápeto e Clímene, que após a derrota dos Titãs para os Deuses foi condenado, por Júpiter,
a amparar o mundo nos ombros e é esta imagem do Titã que está cometida por vários escultores.
Matrimoniou-se Hésperis e geraram sete filhas, as Atlântides. Ao negar hospitalidade a Perseu, este lhe
expôs a cabeça da górgona Medusa, e transformou-o em pedra. Designa-se a C1 que, por analogia, sustenta
a cabeça. Galeno chamava esta vértebra de protospondilo, do grego, protos, primeira; spondylos, espinha;
ou epistrofeu, do grego, epi, sobre, em cima; strofein, rodar. Nome que mais tarde designou,
equivocadamente, a C2, hoje em dia áxis. Foi tão somente no período de Vesalius que se passou a designar
atlas à C1.
Hipócrates chamava C2 à vértebra odonta, devido de seu processo, e Galeno designava-a
de dentiformis. Celso parece ter sido o primeiro a designar a C2 por este nome, pelo fato da C1 girar sobre
C2 como em um eixo. Até o período de Vesalius, tão somente o processo odontoide de C2 era designado
de áxis, por sua semelhança a um “pivô”. Pollux designou-a totalmente de áxis, e Vesalius confirmou este
nome para todo o osso.
A C1 apresenta como a principal distinção desta para as outras vértebras é de não ter corpo vertebral. Além
disso, esta vértebra possui outras estruturas: o arco anterior do atlas, que constitui aproximadamente, 1/5
do anel; o tubérculo anterior; a fóvea do dente, que se articula com o processo odontoide; o arco posterior
do atlas, que constitui aproximadamente 2/5 do anel; e o tubérculo posterior. A C2 apresenta um processo
ósseo forte designado de processo odontoide.
O sacro tem o formato de uma pirâmide quadrangular com a base voltada para cima e o ápice para baixo.
Articula-se superiormente com L5, e inferiormente com o cóccix. O sacro consiste na fusão de cinco
vértebras sacrais. O sacro é diferente conforme o sexo. Deste modo é que nas mulheres o sacro é mais
largo e curto do que nos homens e tem uma curva mais pronunciada, possivelmente relacionada com a
forma do restante da pelve óssea feminina, adequada para a gestação.
O cóccix consiste na fusão de três a cinco vértebras. Apresenta a base voltada para cima e o ápice para
baixo. Herófilo, e depois Vesalius, designaram assim, os últimos ossos da coluna vertebral por sua
semelhança, em conjunto, com o formato do bico do pássaro cuco. Jean Riolan dá outra explicação: declara
que na emissão de gases pelo ânus, o som “ecoa” no cóccix, o osso do “apito”. Curiosamente, devido do
costume do cuco fêmea em se apoderar dos ovos de outros pássaros e chocá-los como seus, os gregos
antigos utilizavam a palavra Kókkys como termo grosseiro às mulheres adúlteras. Os ossos da região sacral
e da região coccígea não possuem disco intervertebral entre si.
O membro superior dos seres humanos, ao passar da posição quadrúpede para a bípede, reduziu sua
função de locomoção, porém ganhou mobilidade e preensão. Os ossos dos membros superiores podem
ser divididos em três segmentos: o braço, o antebraço, e as mãos.
A cintura escapular é composta pela escápula e pela clavícula. A clavícula é um osso par que compõe parte
da cintura escapular. É um osso alongado, ou seja, embora comprido nem sempre apresente cavidade
medular. Portanto, não é um osso longo típico por não possuir todos os atributos indispensáveis para assim
ser comtemplada. A clavícula tem o formato curvado como um “S” itálico, localizada quase que
horizontalmente logo acima da I costela. Articula-se medialmente com o manúbrio do esterno e
lateralmente com o acrômio da escápula. A escápula é um osso par que compõe parte da cintura escapular.
É um osso plano e triangular. A escápula articula-se com dois ossos: o úmero e a clavícula.
O úmero é o maior e mais longo osso do membro superior, e localizado no braço. Articula-se superiormente
com a cavidade glenoide da escápula na articulação do ombro, e inferiormente, com o rádio, lateralmente,
e com a ulna medialmente, na articulação do cotovelo.
O rádio é o osso lateral do antebraço. É o mais curto dos dois ossos do antebraço. Articula-se
proximalmente com o úmero e a ulna, e distalmente com a ulna e os ossos do carpo, o escafoide e o
semilunar.
A ulna é o osso medial do antebraço. Articula-se proximalmente com o úmero e o rádio, e distalmente tão
somente com o rádio.
A mão se divide em: carpo, metacarpo, e os ossos dos dedos. O carpo é formado por oito ossos dispostos
em duas fileiras: proximal e distal. A fileira proximal de lateral para medial inclui: o escafoide, o semilunar,
o piramidal, e o pisiforme. A fileira distal de lateral para medial inclui: o trapézio, o trapezoide, o capitato,
e o hamato. O escafoide se articula como rádio, com o semilunar, com o capitato, com o trapézio, e com o
trapezoide. O semilunar se articula com o rádio, com o capitato, com o hamato, com o escafoide, e com o
piramidal. O piramidal se articula com a articulação radioulnar distal, separado por um disco articular; o
hamato; com o semilunar; e com pisiforme. O pisiforme é o menor dos ossos do carpo, que se articula com
o piramidal. O trapézio se articula com o navicular, com o trapezoide, com o I metacarpo, com o II
metacarpo. A sua face palmar possui o sulco para o tendão do músculo flexor radial do carpo. O trapezoide
se articula com o navicular, com o II metacarpo, com o capitato, e com o trapézio. O osso capitato é o maior
dos ossos do carpo, compondo um centro para os demais ossos do carpo. Possui uma cabeça, um colo, e
um corpo. O osso capitato se articula com o navicular, com o semilunar, com o trapezoide, com o hamato,
com o II metacarpo, com o III metacarpo, e com o IV metacarpo. O osso hamato, assim designado, pois na
sua face palmar há um processo em formato de “gancho”, o hâmulo do osso hamato. Articula-se com o
capitato, com o semilunar, com o piramidal, com o IV metacarpo, e com o V metacarpo. O metacarpo é
composto por cinco ossos que são numerados de lateral para medial em I, II, III, IV, e V metacarpos; e
obedecem aos dedos da mão. Classificados como ossos longos. Entre os ossos do metacarpo têm os
espaços interósseos. Eles se articulam entre si na base, com os ossos do carpo, proximalmente, e com as
falanges, distalmente. O I metacarpo é o menor e mais grosso. Articula-se com o trapézio e com a falange.
O II metacarpo articula-se com o trapezoide, com o trapézio, com o osso capitato, e com o III metacarpo.
O III metacarpo articula-se com o osso capitato, com o II metacarpo, com o IV metacarpo. O IV metacarpo
articula-se com o osso hamato, com o osso capitato, com o III metacarpo, e com o V metacarpo. O V
metacarpo está articulado com o osso capitato e com o IV metacarpo. Os cinco dedos da mão de lateral
para medial são: o polegar (I), o dedo indicador (II), o dedo médio (III), o dedo anular (IV), e o dedo mínimo
(V). Apresentam 14 falanges, cada uma das quais, há uma base, um corpo, e uma cabeça. Classificadas
como ossos longos. Do II ao V dedos apresentam três falanges: a falange proximal, a falange média, e a
falange distal. O I dedo possui duas falanges: a falange proximal e a falange distal.
O membro inferior dos seres humanos desenvolveu-se, sobretudo, para a manutenção da massa corporal
e a locomoção. Portanto, tem a capacidade de movimentar-se de um lugar para outro e sustentar o
equilíbrio. Os ossos dos membros inferiores podem ser divididos em três segmentos: a coxa, a perna, e os
pés. Os membros inferiores são unidos ao tronco pela cintura pélvica.
A cintura pélvica, do latim, pélvis, bacia, é formada pelos ossos do quadril, que se articulam entre si; pelas
vértebras coccígeas; e pelo sacro. O estreito superior da pelve, no nível das linhas arqueadas, divide a pelve
numa parte superior, a pelve maior, ou falsa, e outra pare inferior, a pelve menor, ou verdadeira. A pelve
maior aloja os órgãos abdominais, enquanto que a pelve menor aloja os órgãos do sistema genital e o final
do sistema digestório. As pelves femininas, pelo seu formato são classificadas em quatro grupos:
1- ginecoide: feminina verdadeira, circular, tipo normal;
2- androide: tipo masculino, em formato de coração, gera complicações no parto;
3- platipeloide: achatada, pelves anterior e posterior reduzidas;
4- antropoide: tipo simiesco ou dos macacos, ovalada, com um longo diâmetro sagital no estreito superior
da pelve. O fator sexo influência na forma da pelve. A pelve masculina e a pelve feminina possuem as
seguintes peculiaridades distintas:
--comparada com a pelve masculina, a pelve feminina possui os ossos mais suaves e delgados, com as
saliências e as depressões menos pronunciadas;
--o promontório mais saliente;
--a sínfise púbica e o sacro mais curto;
--a concavidade sacral mais funda;
--as fossa ilíacas maiores, mais rasas, achatadas, e horizontais;
--a inclinação pélvica apresenta 4° a mais;
--o arco púbico mais ampliado;
--os acetábulos mais separados;
--o forame obturado é mais oval om predomínio transverso nos homens; e mais circular nas mulheres;
--os ossos fêmures mais oblíquos.
O osso do quadril plano ou irregular. A sua constituição inclui três ossos isolados: o ílio, o ísquio, e o púbis.
No homem, até a puberdade, as três peças ósseas que compõem o osso do quadril continuam conectadas
umas às outras por cartilagem; a partir deste período acontece a ossificação da cartilagem e o osso do
quadril passa a ser único, apesar de que, permaneçam as designações das peças ósseas que o formam
originalmente.
O fêmur é o mais longo e pesado osso do corpo humano. Transmite o peso do tronco e da pelve para a
tíbia. Articula-se proximalmente com o osso do quadril e distalmente com a patela e a tíbia.
A patela é um osso pequeno e triangular, situada anteriormente à articulação do joelho. É o maior osso
sesamoide do corpo humano. É dividida em: base, ápice, face articular, e face anterior. A face anterior é
convexa, enquanto a posterior possui uma área articular lisa e oval. Articula-se tão somente com o fêmur.
Afora pelo fêmur, a tíbia é o maior osso no corpo humano que aguenta a massa corporal. Está situada
medialmente na perna. Articula-se proximalmente com o fêmur e a fíbula, e distalmente com o tálus e a
fíbula.
A fíbula, do latim, fibula, espeto, agulha, prego. Reconhecido como termo anatômico em virtude a
similaridade com a agulha. Estaria relacionado com a “infibulação”, processo usado pelos romanos onde
uma agulha de prata era inserida no prepúcio de adolescentes a fim de evitar relações sexuais prematuras.
A fíbula localiza-se lateralmente e um pouco posterior à tíbia. Não possui a função de manutenção da massa
corporal. Articula-se com a tíbia, proximalmente e distalmente; e o tarso distalmente.
O pé se divide em: tarso, metatarso, e falanges, que compõem o esqueleto dos dedos. Os pés são
responsáveis pela sustentação e pela locomoção. O pequeno desenvolvimento dos ossos dos dedos dos
pés recorre-se pelo fato de que, com a aquisição da postura ereta, os dedos dos pés humanos
abandonaram o papel de órgãos de preensão, diversamente de outros Primatas. O tarso em número de
sete ossos, divididos em duas fileiras: a proximal e a distal. Os dois ossos da fileira proximal são: o calcâneo
e o tálus. A fileira distal abrange: o osso navicular, o osso cuboide, o osso cuneiforme medial, o osso
cuneiforme intermédio, e o osso cuneiforme lateral. O tálus se articula com os ossos da perna, na
articulação do tornozelo. Ele transmite a massa corpórea em dois sentidos: inferior e posterior, para o
calcâneo; e inferior e anterior para o calcâneo e o osso navicular, os quais, por sua vez, o transmitem para
os ossos da fileira distal, e para os metatarsos. O calcâneo é um osso quadrangular, que compõe o
calcanhar, transferindo a massa corporal transmitida pelo tálus ao solo. É o mais volumoso dos ossos do
tarso. Articula-se anteriormente com o osso cuboide. O osso navicular está localizado medialmente no pé.
Articula-se com o tálus e com os ossos cuneiformes. O osso cuneiforme medial apresenta o formato de
“cunha”. Articula-se com o osso navicular, com o I metatarso, com o osso cuneiforme intermédio, e com o
II metatarso. O osso cuboide é o maior da fileira distal do tarso. Articula-se com o calcâneo, com o osso
cuneiforme lateral, com o osso navicular, com o IV metatarso, e com o V metatarso. Na clínica médica usa-
se, comumente, outra divisão, que define a região do antepé, na divisão anatômica supracitada. O tálus e
o calcâneo compõem o retropé. Os demais ossos do tarso e os ossos do metatarso formam o mediopé. O
metatarso é composto por cinco ossos do metatarso que são numerados de lateral para medial em I, II, III,
IV e V. Estes ossos são longos que determinam a ligação entre o tarso e as falanges. Diferentemente das
mãos, em que o polegar possui enorme independência de movimentação, no metatarso todos os ossos são
paralelos e no mesmo plano. Os dedos dos pés de lateral para medial são: o hálux, ou I dedo, o II dedo, o
III dedo, o IV dedo, e o dedo mínimo ou V dedo. As falanges são ossos longos. Há três falanges: a falange
proximal, a falange média, e a falange distal, em cada dedo, exceto o hálux e, às vezes, o dedo mínimo
possuem tão somente duas falanges.

CONTEÚDO 6 – GLOSSÁRIO DE TERMOS ESTRUTURAIS COMUNS NO CRÂNIO


--Canal: abertura óssea tubular, longa e estreita.
--Côndilo: uma proeminência arredondada que se articula com outro osso.
--Crista: uma linha óssea proeminente, aguçada.
--Eminência: tubérculo ou elevação arredondada em uma superfície óssea.
--Espinha: uma projeção afilada
--Fissura: uma passagem estreita como uma fenda.
--Forame: um buraco.
--Fossa: uma depressão; frequentemente usada como superfície articular.
--Fóvea: uma cova; geralmente usada como fixação, mais do que para a articulação.
--Incisura: chanfradura ou entalhe em uma margem óssea.
--Linha: uma margem óssea suave.
--Meato: um canal.
--Processo: uma proeminência ou projeção.
--Ramo: uma parte projetada ou um processo alongado.
--Sulco: uma goteira.
--Tubérculo: um nódulo ou pequeno processo arredondado.
--Tuberosidade: um processo amplo, maior do que um tubérculo.
1. Osso frontal
Túber frontal: superior do arco supraorbital caracteriza-se por uma eminência redonda e lisa.
Frequentemente um sulco vascular produzido por um ramo da artéria supraorbital corre na vertente
inferior e lateral do túber frontal.
Forame supraorbital: forame do osso frontal, localizado na margem superior.
Processo zigomático: projeção óssea situada superior e lateralmente à órbita.
Arco superciliar: elevação óssea acima da margem superior da órbita.
Margem supraorbital: margem orbital superior do frontal.
Parte orbital: esta face apresenta no plano mediano a incisura etmoidal, ampla, retangular e circunscrita
por uma superfície em forma de ferradura, a superfície etmoidal.
Glabela: localizada entre os arcos supraorbitais. Consiste em uma proeminência lisa entre os supercílios. A
glabela é mais plana em crianças e em indivíduos adultos do sexo feminino e tende a formar uma
proeminência arredondada nos indivíduos adultos do sexo masculino.
Arco supraorbital: é uma elevação que se estende lateralmente de cada lado da glabela.
Margem parietal: margem posterior do frontal que se articula com o parietal. É um segmento semicircular
e denteado.
Margem esfenoidal: lateralmente está cortada em bisel pela tábua externa e se articula com a asa maior
do esfenoide e inferiormente com a asa menor esfenoide.
Margem supraorbital: margem superior do osso frontal que contorna a parte superior da órbita. Distingue-
se no plano mediano uma incisura denteada que se articula com os ossos nasais medialmente e com o
processo frontal das maxilas lateralmente.
Incisura supraorbital ou forame supraorbital: incisura ou forame que se abre na parte medial do arco
supraorbital, pela qual passa o nervo de mesmo nome.
Linha temporal: continuação da linha formada pela união das linhas temporais: superior e inferior do
parietal.
Espinha nasal: estrutura mediana pontiaguda que se projeta a partir da parte nasal.
Margem nasal: margem inferior serreada da parte nasal do frontal. Articula-se com os ossos nasais direito
e esquerdo.
Forame cego: (face interna do crânio), esta face é côncava. No plano mediano se observa imediatamente
por cima da incisura etmoidal o forame cego que conduz a um canal fechado em fundo de saco.
Crista frontal: (face interna do crânio), em cima do forame cego se vê uma aresta aguda, denominada crista
frontal.
Díploe: os ossos planos do crânio são bem peculiares, pois apresentam duas camadas de substância
compacta, a lâmina externa e a lâmina interna, que formam um “sanduíche” ao redor de uma camada de
substância esponjosa, conhecida como díploe.
Fóvea troclear: localizada medialmente, pequena depressão para fixação de uma alça cartilagínea e
passagem do tendão do músculo oblíquo superior. Existe às vezes na fóvea, uma espinha denominada
espinha troclear.
Espinha troclear: pequena espinha óssea ocasionalmente presente na parte anterossuperior do ângulo
medial da órbita para a fixação da tróclea do músculo oblíquo superior.
Fossa da glândula lacrimal: depressão para a glândula lacrimal no ângulo lateral da órbita. A fossa contém
a glândula lacrimal, responsável pela produção de lágrima. Após lubrificar a superfície do olho, a lágrima é
drenada para a cavidade do nariz através do ducto nasolacrimal.
Seio frontal: mede em média 3 cm de altura e 2,5 cm de largura e frequentemente estende-se 1,8 cm
posteriormente, formando, assim, uma parte do teto da órbita. A abertura do seio frontal é uma abertura
medial no assoalho do seio frontal para descarga de secreções na cavidade nasal.
2. Osso occipital
Parte basilar: é uma robusta lâmina quadrilátera anterior ao forame magno. Apresenta duas faces e quatro
margens.
Forame magno: situado no plano mediano e comunica a fossa posterior do crânio com o canal vertebral. É
um orifício no osso occipital por onde passam a medula espinal, as artérias vertebrais e o XI par de nervos
cranianos.
Tubérculo faríngeo: é uma elevação mediana na parte basilar do osso occipital.
Côndilo occipital: projeções do osso occipital que se articula com as massas laterais de C1.
Canal do nervo hipoglosso: canal existente no osso occipital por onde passa o XII par de nervos cranianos e
um plexo venoso.
Fossa condilar: depressão atrás do côndilo occipital.
Tubérculo jugular: pequena eminência acima do canal do nervo do hipoglosso.
Incisura jugular do osso occipital: parte occipital ou medial do forame jugular.
Processo jugular: processo visível externa e internamente que se projeta lateralmente a partir do forame
jugular.
Crista occipital externa: posteriormente ao forame magno, encontra-se a escama occipital, divididas em
duas porções simétricas pela crista occipital externa.
Linha nucal inferior: próximo ao ponto médio da crista occipital externa se desprende de cada lado às linhas
nucais inferiores.
Linha nucal superior: paralelas às linhas nucais inferiores, estão às linhas nucais superiores, que se unem
no plano mediano para formar a protuberância occipital externa.
Linhas nucais supremas: superiormente às linhas nucais superiores se observar as linhas nucais supremas.
Estas correspondem ao local de origem de vários músculos.
Protuberância occipital externa: uma proeminência mediana na superfície externa a curta distância do
forame magno.
Protuberância occipital interna: proeminência na superfície interna do osso.
Fossa cerebral: depressão para os lobos occipitais do cérebro.
Fossa cerebelar: depressão para o cerebelo.
3. Osso esfenoide
Corpo: parte localizada entre as asas do esfenóide.
Sela turca: as duas fossas médias do crânio encontram-se unidas no plano mediano pela superfície superior
do corpo do osso esfenoide. Está situada acima do seio esfenoidal e contém a hipófise.
Fossa hipofisal: serve de cavidade protetora da hipófise.
Tubérculo da sela: pequeno processo transversal situado anteriormente da fossa hipofisal.
Dorso da sela: parede posterior da fossa hipofisal.
Processos clinóides anteriores: a asa menor do esfenoide se alarga em direção medial e termina em uma
estrutura arredondada, o processo clinoide anterior, que forma uma saliência acima da fossa média do
crânio. Este processo forma o ponto de fixação mais anterior do tentório do cerebelo.
Processos clinóides médios: as extremidades laterais do dorso da sela podem apresentar-se elevadas,
constituindo os processos clinóides médios. Estes processos formam ponto de fixação do tentório do
cerebelo.
Processos clinóides posteriores: o dorso da sela se prolonga de cada lado e termina numa pequena saliência,
o processo clinóide posterior. Estes processos formam ponto de fixação do tentório do cerebelo.
Sulco carótico: sulco longitudinal lateral ao corpo do esfenóide que abriga a artéria carótida interna.
Fissura orbital superior: fissura entre as asas maior e menor do osso esfenoide por onde passam estruturas
importantes da cavidade do crânio para a órbita, como por exemplo, o III par de nervos cranianos, o IV par
de nervos cranianos, o VI par de nervos cranianos e o nervo oftálmico (um dos ramos do V par de nervos
cranianos), bem como por pequenos ramos arteriais e a veia oftálmica superior.
Asa menor: são duas lâminas horizontais, triangulares, de vértice lateral, situadas aos lados da parte
anterior e superior do esfenoide.
Asa maior: processo posteroinferior das faces laterais corpo do osso esfenoide.
Face infratemporal: constitui a parede superior da fossa infratemporal e dá origem à cabeça superior do
músculo pterigoideo lateral
Face temporal: forma parte da fossa temporal e dá origem ao músculo temporal.
Fossa temporal: é visível lateralmente como uma depressão entre o arco zigomático e as linhas temporais
superiores no temporal.
Face cerebral: está face é côncava e apresenta na porção mais próxima do corpo três forames que são: o
mais anterior forame redondo (passagem do nervo maxilar); o médio forame oval (passagem do nervo
mandibular e da artéria meníngea menor); o mais posterior é o forame espinhoso situado na espinha do
esfenoide (passagem da artéria meníngea e um ramo do nervo mandibular).
Face orbital: está voltada para frente e medialmente e toma parte na constituição da parede lateral da
órbita. É plana e triangular.
Crista infratemporal: crista que divide cada asa maior do esfenoide em faces temporal e infratemporal.
Canal óptico: canal localizado no ápice da órbita entre as raízes da asa menor do osso esfenoide, pelo qual
passam o II par de nervos cranianos, a artéria oftálmica, um ramo da artéria carótida interna e o plexo
carótico.
Forame redondo: localizado póstero-inferiormente à fissura orbital superior e a asa maior do osso
esfenoide orifício no osso esfenoide, por onde passa o nervo maxilar, ramo do V par de nervos cranianos.
Forame oval: localizado posteriormente ao forame redondo. Permite a comunicação entre a fossa craniana
média e a fossa infratemporal. É um orifício no osso esfenoide para a passagem do nervo mandibular, ramo
do V par de nervos cranianos.
Forame espinhoso: localizado póstero-lateralmente ao forame oval. É um orifício no osso esfenoide para a
passagem da artéria meníngea média.
Espinha do osso esfenoide: localizado medialmente à fossa mandibular, na asa maior do osso esfenoide.
Processo pterigóide (lâmina lateral e lâmina medial): parte do osso esfenoide que forma as margens laterais
do cóanos.
Hâmulo pterigóideo: processo situado na lâmina lateral do processo pterigoide do osso esfenoide, por onde
passa o tendão do músculo tensor do véu palatino.
Canal pterigóideo: as duas lâminas do processo pterigóideo, separadas primeiro uma da outra, se reúnem
um pouco mais abaixo e circunscrevem um pequeno canal anteroposterior que perfura a raiz o processo
pterigoide. Neste local passam vasos e o nervo do canal pterigóideo
Fossa pterigóidea: por baixo do canal pterigóideo cada raiz se continua para baixo como uma lâmina óssea
(depressão entre as lâminas lateral e medial do processo pterigóideo). As duas lâminas se unem por suas
margens anteriores na metade superior de sua altura e formam um ângulo diedro aberto para trás que
contribui para formar a fossa pterigóidea, onde se origina o músculo pterigóideo medial.
Incisura pterigóidea: na metade inferior, as duas lâminas se separam uma da outra, ao mesmo tempo em
que se estreitam gradualmente para baixo. Limitam assim uma incisura triangular, a incisura pterigóidea,
ocupada pelo processo piramidal do osso palatino.
Fossa pterigopalatina: apresenta aspecto cônico e localiza-se profundamente à fossa infratemporal, entre
o processo pterigoide e o tuber da maxila, próximo ao ápice da órbita. Em sua extremidade superior vê-se
o forame anterior do canal pterigóideo. Essa fossa contém a parte terminal da artéria maxilar e seus ramos,
o nervo maxilar e seus ramos e o gânglio pterigopalatino.
Fissura pterigomaxilar: é uma fenda vertical que dá acesso à fossa pterigopalatina.
Fossa escafóidea: uma pequena depressão na base do processo pterigoide, a fossa escafóidea, na qual se
origina o músculo tensor do véu palatino.
Tubérculo esfenoidal: localizado na extremidade anterior da crista infratemporal, que corresponde ao local
de origem do feixe profundo do músculo temporal.
4. Osso temporal
Parte petrosa: parte inferior do osso que contém o processo mastoide e contribui para a formação do
crânio. Tem a configuração de uma pirâmide triângular.
Parte timpânica: região do osso que forma a maior parte do meato acústico externo.
Processo mastoide: região da parte petrosa do osso temporal que contém as células mastóideas e onde se
inserem alguns músculos do pescoço.
Incisura mastóidea: entalhe medial no processo mastoide do osso temporal, na qual se origina o ventre
posterior do másculo digástrico.
Sulco mastoide: medialmente à incisura existe, em geral, um sulco para a artéria occipital.
Forame estilomastóideo: forame na parte petrosa do osso temporal por onde passam o nervo facial.
Impressão trigeminal: situado próximo ao ápice da parte petrosa do temporal há uma depressão pouco
marcada, a impressão trigeminal. Aloja o gânglio trigeminal do V par de nervos cranianos.
Incisura jugular do osso temporal: parte temporal ou lateral do forame jugular.
Canal carótico: canal no osso temporal que abriga a artéria carótida interna em sua entrada para a cavidade
craniana.
Fossa jugular: depressão que aloja a veia jugular interna na superfície inferior da parte petrosa.
Processo estiloide: projeção óssea fina, de comprimento variável e em forma de estile do osso temporal,
onde se inserem músculos (estiloglosso, estilofaríngeo e estilo-hióideo), e ligamentos (estilomandibular e
estilo-hióideo). Estende-se para baixo e para frente.
Meato acústico externo: canal que conduz à cavidade timpânica.
Meato acústico interno: canal ósseo situado no osso temporal para a passagem do VII e IX pares de nervos
cranianos
Poro acústico externo: anteriormente ao processo mastoide, na parte timpânica do osso temporal, é
possível acessar o meato acústico externo através do poro acústico externo.
Poro acústico interno: localizado na face posterior da parte petrosa do osso temporal. Consiste no local de
abertura do meato acústico interno, onde penetram o VII par de nervos cranianos e o VIII par de nervos
cranianos.
Tubérculo articular: saliência no osso temporal situada anteriormente à fossa mandibular.
Fossa mandibular: situado anteriormente ao meato acústico externo. É uma fossa no osso temporal onde
se encaixa a cabeça da mandíbula.
Fissura timpanoescamosa: a fossa mandibular está dividida em parte anterior e parte posterior pela fissura
timpanoescamosa. Na parte medial dessa fissura encontra-se encaixada uma projeção óssea do tegme
timpânico (depressão localizada na parte anterior da parte petrosa do osso temporal que indica a posição
da cavidade timpânica) que a divide em duas partes: anterior – fissura petroescamosa, e posterior – fissura
petrotimpânica.
Fissura petrotimpânica: fissura entre as partes petrosa e timpânica do osso temporal, posteriormente à
fossa articular, por onde emerge o nervo corda do tímpano, um ramo do VII par de nervos cranianos, e o
ramo timpânico anterior da artéria maxilar.
Fossa infratemporal: anteriormente ao tubérculo articular do osso temporal encontra-se a fossa
infratemporal, cujo limite superior, um plano horizontal que atravessa o arco zigomático. Este espaço aloja
os músculos pterigoideos medial e lateral e a inserção do músculo temporal.
Crista infratemporal: a fossa infratemporal apresenta medialmente uma crista rugosa que serve de limite
entre a face temporal e a face infratemporal da asa maior do osso esfenoide.
Processo zigomático: projeção óssea que participa da formação do arco zigomático.
Abertura externa do canal carótico: localizado na face inferior da parte petrosa do osso temporal.
Abertura intera do canal carótico: localizada no ápice da parte petrosa do osso temporal.
5. Maxila
Corpo da maxila: parte central da maxila, incluindo o seio maxilar. Apresenta a forma de uma pirâmide
triangular, cuja base está voltada pra medial e o ápice para lateral.
Face orbital ou superior: é triangular, lisa e constitui a maior parte do assoalho da órbita.
Forame infraorbital: forame na maxila para a passagem do nervo infraorbital e vasos correspondentes.
Sulco infraorbital: sulco localizado no assoalho da órbita e se continua como canal de mesmo nome. Este
sulco se dirige para frente e se continua com o canal infraorbital.
Canal infraorbital: continuação do sulco infraorbital e que termina na face anterior da maxila, servindo para
a artéria e nervos infraorbitais. Antes de atingir o forame infraorbital, o canal dá um divertículo para baixo,
chamado de canal alveolar anterossuperior para o nervo e vasos alveolares anterossuperiores.
Fossa canina: área rebaixada abaixo do canal infraorbital. Local de origem do músculo levantador do ângulo
da boca.
Incisura nasal: margem arqueada da abertura nasal óssea anterior.
Espinha nasal anterior: um processo pontiagudo logo abaixo da cavidade do nariz.
Face infratemporal ou posterior: forma a parede anterior da fossa infratemporal.
Túber da maxila: elevação da face posterior do corpo da maxila perfurada pelos forames alveolares
superiores.
Forames alveolares: pequenas aberturas na face infratemporal para a passagem de nervos e vasos para os
molares.
Seio maxilar: cavidade paranasal dentro do corpo da maxila. Mede mais de 3 cm vertical e no plano sagital,
e 2,5 cm no plano frontal. Seu assoalho situa-se pelo menos 1 cm abaixo do assoalho da cavidade nasal.
Processo frontal: projeção óssea que contribui na formação do contorno da órbita. É uma lâmina óssea
quadrilátera.
Processo zigomático: projeção óssea que forma uma parte da margem infraorbital.
Processo palatino: linha horizontal que forma a parede anterior do palato ósseo.
Espinhas palatinas: anteriormente ao forame palatino maior, observam-se pequenas proeminências, que
circunscrevem sulcos em direção anteroposterior, os sulcos palatinos.
Processo alveolar: margem óssea que cobre as raízes dos dentes da arcada superior.
Arco alveolar: quando as maxilas estão articuladas entre si seus processos alveolares em conjunto formam
o arco alveolar.
Eminências alveolares: eminências ósseas no osso alveolar, correspondentes à localização das raízes dos
dentes.
Alvéolos dentais: cavidades para a recepção e fixação das raízes dos dentes.
Septos interalveolares: cristas ósseas entre os alvéolos dentais.
Septos interradiculares: os alvéolos que contêm dentes mutirradiculares estão divididos por estes septos.
Fossa incisiva: forame da maxila encoberto pela papila incisiva, por onde passam ramos dos nervos
nasopalatinos direito e esquerdo e vasos correspondentes.
Fossa canina: concavidade da maxila do lado da abertura piriforme.
Forame incisivo: abertura do canal incisivo na cavidade oral.
Canais incisivos: situam-se na junção do vômer com a porção mais anterior do processo palatino de cada
maxila. Esses canais conduzem as artéria septais descendentes e os nervos nasopalatinos, que se estendem
de ambos os lados do septo nasal. Os dois canais incisivos se abrem na superfície oral da face palatina das
maxilas, na linha mediana, imediatamente atrás da face interproximal dos dentes incisivos centrais, nos
forames incisivos localizados na fossa incisiva.
Crista zigomaticoalveolar: o zigomático articula-se com o processo zigomático da maxila que descreve um
linha arqueada, a crista zigomaticoalveolar, que se curva inferiormente para entrar em contato com a
porção alveolar da maxila.
6. Osso palatino
Lâmina perpendicular: placa vertical que forma a parede medial do seio maxilar.
Lâmina horizontal: placa que forma aparte posterior tanto do palato duro quanto do assoalho da cavidade
nasal.
Forames palatinos menores: forame no osso palatino de onde emergem o nervo palatino menor e nervos
correspondentes.
Espinha nasal posterior: ponta da crista nasal ao longo do plano mediano na junção com o palatino do lado
oposto. É a origem do músculo da úvula.
7. Osso zigomático
Processo temporal: projeção óssea que participa da formação do arco zigomático.
Processo frontal: projeção óssea que contribui para a formação da órbita.
Processo maxilar: processo que contribui na formação da margem infraorbital e da parede da órbita.
Forame zigomático-orbital: localizado na face orbital.
Forame zigomaticofacial: na face lateral o osso zigomático é perfurado pelo forame zigomaticofacial para o
nervo do mesmo nome.
Forame zigomaticotemporal: localizado na face temporal. E permite a entrada do nervo e dos vasos
zigomaticotemporais na fossa temporal.
8. Mandíbula
Corpo da mandíbula: tem a forma de U e cada metade apresenta a face anterolateral e a face póstero-
medial, uma margem superior ou margem alveolar e uma margem inferior ou base.
Face anterolateral: é geralmente uma crista mediana, pouco desenvolvida; marca a fusão das metades da
mandíbula na sínfise mentual (sínfise da mandíbula).
Protuberância da mandíbula: proeminência óssea da mandíbula, localizada na região mentual. Ela se
expande inferiormente numa elevação triangular.
Tubérculo mentual: a base da protuberância mentual é limitada, em cada lado, pelos tubérculos mentuais.
Forame mentual: mais lateralmente, com frequência, sob o segundo dente pré-molar inferior ou entre os
pré-molares, pode ser visto o forame mentual, local por onde passam o nervo mentual e vasos
relacionados.
Linha oblíqua: crista oblíqua que se estende do ramo da mandíbula até a face externa do corpo da
mandíbula. Ela se dirige póstero-superiormente a partir do tubérculo mentual em direção ao ramo da
mandíbula.
Fossa digástrica: depressão na face interna inferior do corpo da mandíbula próxima da sínfise, para fixação
do músculo digástrico.
Espinha geniana (superior e inferior): elevação óssea no dorso da sínfise mentual que se projeta em direção
à língua. Origem dos músculos genioglosso (superiormente) e gênio-hióideo (inferiormente).
Linha milo-hióidea: linha na face interna do corpo da mandíbula, localizada lateralmente à espinha geniana,
que se dirige obliquamente para trás e para cima, terminando atrás do terceiro dente molar. Ela dá origem
ou inserção ao músculo milo-hióideo.
Fóvea sublingual: depressão na face medial da mandíbula, anteriormente e acima da linha milo-hióidea,
onde se aloja a glândula sublingual.
Fóvea submandibular: pequena fossa na face medial da mandíbula, abaixo da linha milo-hióidea, onde se
aloja a glândula submandibular.
Fossa digástrica: é uma depressão irregular situada na base (ligeiramente posterior) ao lado da sínfise
mentual.
Arco alveolar: é a parte superior do corpo da mandíbula onde estão os alvéolos dentais
Eminências alveolares: eminências ósseas no osso alveolar, correspondentes à localização das raízes dos
dentes.
Alvéolos dentais: cavidades para a recepção e fixação das raízes dos dentes.
Septos interalveolares: cristas ósseas entre os alvéolos dentais.
Septos interradiculares: divisões ósseas entre as raízes dos dentes.
Forame da mandíbula: forame no ramo da mandíbula que permite a passagem do nervo alveolar inferior e
vasos correspondentes.
Trígono retromolar: localizado na extremidade da parte alveolar, posteriormente ao molar mais distal. É
um ponto anatômico de referência coberto pela papila retromolar.
Ramo da mandíbula: processo que se projeta superiormente a partir da mandíbula. È uma estrutura mais
ou menos quadrilátera.
Ângulo da mandíbula: ângulo entre o corpo e o ramo da mandíbula. É mais ereto nos adultos e muito mais
largo nos recém-nascidos e indivíduos idosos desdentados.
Forame da mandíbula: abertura na face interna do ramo da mandíbula que leva ao canal da mandíbula.
Canal da mandíbula: canal ósseo dentro da mandíbula para a passagem da artéria e nervos alveolares
inferiores. Começa no forame da mandíbula e passa abaixo das raízes dos dentes até as proximidades do
plano mediano.
Língula da mandíbula: projeção óssea medial ao forame da mandíbula. Local de fixação do ligamento
esfenomandibular.
Sulco milohióideo: sulco que se estende para frente e para baixo do forame da mandíbula e aloja o nervo
milohióideo e o ramo milohiódeo da artéria alveolar inferior.
Processo coronóide: saliência óssea anterossuperior do ramo da mandíbula.
Crista temporal: saliência curva situada medialmente à margem anterior do ramo da mandíbula.
Incisura da mandíbula: entalhe na margem superior do ramo da mandíbula localizado entre o processo
coronóide e processo condilar, no qual se insere o músculo temporal.
Processo condilar: projeção óssea do ramo da mandíbula que participa da articulação temporomandibular,
formado por cabeça e colo da mandíbula.
Cabeça da mandíbula: cabeça articular da mandíbula.
Colo da mandíbula: segmento estreito abaixo da cabeça da mandíbula. Dá inserção ao músculo pterigóideo
lateral.
Fóvea pterigóidea: depressão ântero-medial abaixo da cabeça da mandíbula para a fixação do músculo
pterigóideo lateral.
Tuberosidade massetérica: na face lateral do ramo da mandíbula observa-se uma área áspera, local onde
se insere o músculo masseter.
Tuberosidade pterigóidea: região áspera, localizada no 1/3 inferior do ramo da mandíbula e que
corresponde ao local de inserção do músculo pterigóideo medial.
9. Osso etmoide
Lâmina cribriforme: lâmina horizontal do osso etmoide perfurada, por onde passam filetes do I par de
nervos cranianos.
Crista etmoidal: projeção vertical mediana do osso etmoide na cavidade do crânio, que representa a
continuação da lâmina perpendicular superiormente.
Lâmina perpendicular: lâmina vertical do osso etmoide localizada na linha mediana, contribuindo para a
formação do septo nasal.
Labirinto etmoidal: estão pendentes das margens laterais da lâmina crivosa.
Concha nasal superior: parte do osso etmoide que se projetam no interior da cavidade nasal.
Concha nasal média: projeção do osso etmoide no interior da cavidade nasal.
10. Osso parietal
Linha temporal (superior e inferior): duas saliências lineares que descrevem duas curvas paralelas de
concavidade inferior, que servem de inserção para a fáscia que recobre o músculo temporal e para a sua
massa muscular.
Forame parietal: pequeno orifício situado próximo à margem superior do parietal, pelo qual passa um
pequeno vaso sanguíneo (a veia emissária – de Santorini).
Margem sagital: é denteada e se articula com a margem correspondente do parietal oposto, formando a
sutura sagital.
Margem occipital: articula-se com a escama do osso occipital, formando a sutura lambdóidea.
Margem frontal: articula-se com o osso frontal, formando a sutura coronal.
11. Concha nasal inferior: osso par da face situado na parede lateral da cavidade nasal
12. Estruturas formadas pela união de ossos:
Forame lacero: é uma abertura denteada, situada entre a parte petrosa do osso temporal, o corpo e a asa
do esfenoide, e parte basilar do occipital. Ele está fechado por cartilagem nos indivíduos vivos e se
relaciona, inferiormente, com a parte cartilaginosa da tuba auditiva.
Forame etmoidal (anterior e posterior): dois pequenos forames, visíveis na parede medial da órbita, na
sutura frontoetmoidal. O forame etmoidal anterior conduz o nervo e os vasos etmoidais anteriores,
enquanto que o forame etmoidal posterior leva o nervo e os vasos etmoidais posteriores.
Forame jugular: forame entre os ossos occipital e temporal por onde passam a veia jugular interna, o seio
petroso inferior da dura-máter, o seio transverso da dura-máter, os pares de nervos cranianos: IX, X e XI,
além de algumas artérias meníngeas.
Forame esfenopalatino: localizado na parede medial da fossa pterigopalatina (osso esfenoide e osso
palatino), entre o processo esfenoidal e o processo orbital. Abriga a artéria esfenopalatina, e ramos nasais
superiores e posteriores dos nervos nasopalatinos.
Fissura orbital inferior: fissura entre a asa maior do osso esfenoide, a maxila, o palatino e o osso zigomático,
por onde passam os nervos infraorbital, zigomático, a artéria infraorbital e a veia oftálmica para o plexo
pterigóideo.
Forame palatino maior: no ângulo formado pela margem posterior do processo palatino com a parede
medial do processo alveolar, o osso é entalhado. Nessa região, o osso palatino contribui para formar uma
abertura denominada forame palatino maior, que constitui a abertura inferior do canal palatino maior, o
qual comunica a cavidade oral com a fossa pterigopalatina. Por meio desse orifício passam o nervo palatino
maior e vasos correspondentes.
Abertura piriforme: abertura óssea triangular da cavidade nasal.

CONTEÚDO 7 – GLOSSÁRIO DE TERMOS ESTRUTURAIS COMUNS NO ESQUELETO


1. Úmero
Cabeça do úmero: epífise proximal, arredondada. Articula-se com a cavidade glenoidal para formar a
articulação do ombro.
Colo anatômico: uma constrição rasa que circunda o osso logo abaixo da cabeça.
Colo cirúrgico: uma região um pouco estreitada, logo abaixo dos tubérculos. É frequentemente local de
fratura.
Tubérculo maior: projeção arredondada da margem lateral do osso, distal ao colo anatômico.
Tubérculo menor: projeção arredondada da face ântero-medial do osso, distal ao colo anatômico.
Sulco intertubercular: um sulco profundo entre os tubérculos maior e menor. A cabeça longa do músculo
bíceps braquial passa por este sulco par alcançar o tubérculo supraglenoidal.
Capítulo do úmero: pequena cabeça do úmero. Projeção arredondada na epífise distal. Articula-se com a
cabeça do rádio.
Tróclea do úmero: cilindro articular na epífise distal do úmero para articulação com a ulna.
Fossa do olécrano: uma depressão profunda na face posterior, logo acima da tróclea do úmero. Aloja o
olécrano quando o cotovelo está em extensão.
Fossa coronóidea: uma pequena depressão na face anterior, logo acima da tróclea do úmero. Aloja o
processo coronóide quando o cotovelo está flexionado.
Fossa radial: uma depressão rasa na face anterior logo acima do capítulo do úmero. Aloja a cabeça do rádio
quando o cotovelo está em flexão.
Epicôndilos (medial e lateral): projeções das margens da epífise distal.
Sulco do nervo ulnar: depressão situada inferiormente ao epicôndilo medial.
Sulco do nervo radial: depressão oblíqua ampla e rasa.
2. Rádio
Cabeça do rádio: epífise proximal, com forma de disco. Articula-se com o capítulo do úmero e com a incisura
radial.
Circunferência articular da cabeça do rádio.
Tuberosidade do rádio: uma projeção achatada na porção medial, distal ao colo. Nela se insere o músculo
bíceps braquial.
Processo estiloide do rádio: projeção lateral para baixo, na epífise distal. Ponto de fixação para o ligamento
colateral do rádio e do músculo braquiorradial.
Incisura ulnar: uma depressão na margem da epífise distal. Articula-se com a ulna.
Tubérculo dorsal.
3. Ulna
Olécrano: projeção posterior espessa da epífise proximal que forma a “ponta do cotovelo”. Alojam-se na
fossa do olécrano quando cotovelo está em extensão.
Processo coronóide: projeção anterior da epífise proximal. Aloja-se na fossa coronóidea, quando o cotovelo
está flexionado.
Incisura radial: uma pequena depressão na região lateral do processo coronóide. Articula-se com a cabeça
do rádio, permitindo ao antebraço girar, colocando a palma da mão para baixo.
Tuberosidade da ulna.
Incisura troclear: uma depressão curva formada pelo olécrano e pelo processo coronóide. Articula-se com
a tróclea do úmero.
Cabeça da ulna: epífise distal pequena que se articula com o disco fibrocartilaginoso da articulação do
punho.
Processo estiloide da ulna: projeção medial posterior da epífise distal. Serve como ponto de fixação para o
ligamento colateral ulnar do carpo.
Circunferência articular da cabeça da ulna.
5. Fêmur
Cabeça do fêmur: epífise proximal arredondada que se ajusta ao acetábulo.
Fóvea da cabeça do fêmur: uma pequena cova na cabeça do osso onde se fixa o ligamento da cabeça do
fêmur (ligamento redondo) que, por sua vez, também se fixa no acetábulo.
Colo do fêmur: constrição que conecta a cabeça com o corpo do osso.
Trocanter maior: largo processo lateral logo abaixo do colo.
Fossa trocantérica: depressão medial para a raiz do trocanter maior. Origem do músculo obturador interno
e dos músculos gêmeos.
Trocanter menor: processo medial menor logo abaixo do colo.
Linha intertrocantérica: uma linha pouco demarcada na superfície anterior, que conecta os dois
trocanteres.
Crista intertrocantérica: uma linha na superfície posterior que conecta os dois trocanteres.
Linha pectínea: pequena elevação que corre inferior e posteriormente a partir do trocanter menor.
Tuberosidade glútea: elevação forte na face posterior.
Linha áspera: uma crista longitudinal que se estende ao longo do terço médio da superfície posterior do
corpo do osso.
Côndilos (medial e lateral): projeções alargadas, arredondadas, na epífise distal do osso. Têm superfícies
lisas para articulação com a tíbia.
Epicôndilos (medial e lateral): proeminências rugosas situadas no lado dos côndilos. São pontos de fixação
dos ligamentos colaterais: medial e lateral da articulação do joelho.
Face patelar: superfície anterior listada, acima dos côndilos. Articula-se com a patela quando a perna está
em extensão.
Fossa intercondilar: depressão profunda que separa os côndilos posteriormente. Tem pontos de fixação
para os ligamentos cruzados anterior e posterior da articulação do joelho.
Tubérculo adutor: pequena proeminência situada superiormente ao epicôndilo medial.
6. Patela
Base da patela: margem larga superior da patela.
Ápice da patela: margem inferior pontiaguda da patela.
Face articular: recoberta com cartilagem orientada para o fêmur.
Face anterior: face anterior da patela.
7. Tíbia
Côndilos (medial e lateral): alargamentos achatados da epífise proximal. As superfícies superiores são lisas
para articular com os côndilos do fêmur.
Área intercondilar anterior.
Área intercondilar posterior.
Tuberosidade da tíbia: projeção mediana da superfície anterior, logo abaixo dos côndilos. Serve como ponto
de fixação do ligamento da patela.
Eminência intercondilar: situada entre os dois côndilos.
Tubérculo intercondilar medial.
Tubérculo intercondilar lateral.
Maléolo medial: uma projeção para baixo do lado medial da epífise distal da tíbia. Articula-se com o tálus.
Sulco maleolar: pequeno sulco na face posterior do maléolo medial para o tendão do músculo tibial
posterior.
Incisura fibular: depressão na face lateral da epífise distal da tíbia. Articula-se com a fíbula.
8. Fíbula
Cabeça da fíbula: epífise proximal expandida do osso. Articula-se com o côndilo lateral da tíbia.
Ápice da cabeça da fíbula: uma proeminência vertical rugosa na cabeça da fíbula.
Maléolo lateral: uma expansão triangular da epífise distal do osso que se articula medialmente com a epífise
distal da tíbia e com o tálus.
Fossa do maléolo lateral: depressão na face póstero-medial do maléolo lateral para fixação do ligamento
talofibular posterior.
Sulco maleolar: sulco lateral à fossa do maléolo lateral.
9. Escápula
Fossa subescapular: face ventral levemente côncava.
Espinha da escápula: uma crista bem proeminente que corre horizontalmente através da face posterior.
Fossa supraespinal: a parte da face posterior acima da espinha da escápula.
Fossa infraespinal: a parte da face posterior abaixo da espinha da escápula.
Acrômio: extremidade lateral achatada da espinha da escápula. Articula-se com a clavícula, servindo de
escora para a escápula.
Incisura da escápula: uma depressão profunda na margem superior, na base do processo coracóide.
Permite a passagem do nervo supraescapular.
Cavidade glenoidal: uma grande depressão. Articula-se com o úmero.
Tubérculo supraglenoidal: uma elevação pouco demarcada logo acima da cavidade glenoidal. É o ponto de
fixação da cabeça longa do músculo bíceps braquial.
Tubérculo infraglenoidal: área enrugada logo abaixo da cavidade glenoidal. A cabeça longa do músculo
tríceps braquial origina-se neste ponto.
Processo coracóide: projeção em forma de gancho que se destaca anteriormente da margem superior. É o
local de fixação de ligamentos e músculos.
10. Clavícula
Extremidade esternal: extremidade medial alargada que se articula com o manúbrio do esterno.
Extremidade acromial: extremidade lateral achatada que se articula com o acrômio.
Tubérculo conóide: pequena eminência na face inferior da extremidade acromial para fixação do ligamento
conóide.
Linha trapezoide.
Impressão do ligamento costoclavícular.
Sulco do músculo subclávio.
11. Osso do quadril
Acetábulo: depressão em forma de taça formada pela junção do ílio, ísquio e púbis. Recebe a cabeça do
fêmur para formar a articulação do quadril.
Forame obturado: larga abertura da região inferior do osso do quadril. Dá a passagem aos nervos e vasos
obturadores.
Incisura isquiática maior: uma incisura profunda logo abaixo da espinha ilíaca póstero-inferior. Serve de
passagem para o nervo isquiático e para o músculo piriforme.
12. Ílio
Crista ilíaca: margem superior do ílio.
Espinha ilíaca ântero-superior: projeção na extremidade anterior da crista ilíaca.
Espinha ilíaca ântero-inferior: projeção arredondada logo abaixo da espinha ilíaca ântero-superior.
Espinha ilíaca póstero-superior: projeção na extremidade posterior da crista ilíaca.
Espinha ilíaca póstero-inferior: projeção logo abaixo da espinha ilíaca póstero-superior.
Fossa ilíaca: superfície interna, côncava e lisa do ílio.
Tuberosidade ilíaca.
Face glútea ou externa.
Linha glútea anterior.
Linha glútea inferior.
Linha glútea posterior.
Linha arqueada: divide o ílio em corpo e asa.
Eminência iliopúbica: ponto de união do ílio com o púbis.
Face auricular.
13. Ísquio
Espinha isquiática: uma projeção triangular na margem posterior do ísquio atrás do acetábulo.
Incisura isquiática menor: uma pequena reentrância que separa a espinha isquiática e o túber isquiático.
Por ele passa o tendão do músculo obturador interno.
Túber isquiático: um abaulamento enrugado na margem posteroinferior do ísquio.
Corpo e ramo do ísquio.
14. Púbis
Linha pectínea.
Ramo inferior do púbis.
Ramo superior do púbis.
15. Esterno
Manúbrio do esterno: parte superior larga, que se articula com a extremidade medial de cada clavícula,
com as cartilagens costais do I par de costelas e com parte do II par de costelas.
Incisura clavicular: indentação para a articulação esternoclavicular.
Incisura jugular: concavidade superior na margem superior do manúbrio.
Corpo do esterno: parte média alongada onde se fixam as costelas [II – VII].
Processo xifóide: uma pequena projeção inferior de cartilagem que serve de fixação para diversos músculos
e ligamentos.
Incisuras costais: indentações para as cartilagens costais.
16. Vértebras
Corpo vertebral: é a porção anterior, espessa em forma de disco; é a parte que sustenta o peso na vértebra.
Arco vertebral: forma os limites posterior e lateral do forame vertebral.
Forame intervertebral: abertura para a passagem do nervo e dos pequenos vasos espinais.
Forame vertebral: forame localizado no centro da vértebra para abrigar a medula espinal e estruturas
relacionadas.
Processo espinhoso: é a parte do arco ósseo que se situa medialmente e posteriormente.
Processo transverso: são dois prolongamentos laterais, direito e esquerdo, que se projetam
transversalmente de cada lado do ponto de união do pedículo com a lâmina.
Lâminas: são duas lâminas, uma direita e outra esquerda, que ligam o processo espinhoso ao processo
transverso.
Pedículos: são partes mais estreitadas, que ligam o processo transverso ao corpo vertebral.
Processo articular superior: processos que permitem a articulação de uma vértebra com outra
superiormente situada.
Processo articular inferior: processos que permitem a articulação de uma vértebra com outra inferiormente
situada.
Forame transvesário: forame situado bilateralmente ao forame vertebral no processo transverso das
vértebras cervicais.
Arco anterior de C1: forma cerca de 1/5 do anel.
Tubérculo anterior de C1.
Fóvea dental de C1: articula-se com o processo odontoide.
Arco posterior de C1: forma cerca de 2/5 do anel.
Tubérculo posterior de C1.
Massas laterais: parte mais volumosa e sólida de C1 que sustenta o peso da cabeça.
Dente do áxis: projeção vertical que se origina na face superior do seu corpo. Este processo funciona como
um eixo ao redor do qual gira C1.
Vértebra proeminente [C7]: assim chamada pelo seu longo processo espinhoso que se sobressai além dos
demais das outras vértebras cervicais, tornando-se um marco na contagem dos outros processos
espinhosos.
Base do sacro: extremidade superior larga do sacro.
Promontório: projeção localizada na margem superior ventral da I vértebra sacral.
Asa do sacro: formada pelos processos transversos fundidos que se articulam com os ossos do quadril.
Forames intervertebrais: aberturas para a passagem dos nervos espinais sacrais.
Forames sacrais anteriores: aberturas anteriores para os nervos e vasos.
Crista sacral mediana: formada pelos processos espinhosos na sua face posterior.
Forames sacrais posteriores: aberturas posteriores para os nervos e vasos.
Canal sacral: extremidade inferior do canal vertebral.
Hiato sacral: abertura na extremidade inferior do canal vertebral localizada, normalmente, no nível das
vértebras SIII e SIV.
17. Costelas
Costela I: cabeça da costela; o colo da costela; o tubérculo da costela; o sulco da veia subclávia e o sulco da
artéria subclávio; o tubérculo escaleno; o sulco costal; e a junção costocondral.
Costelas II à XII
Cabeça da costela: parte da costela que se articula com as vértebras torácicas.
Face articular da cabeça da costela.
Crista da cabeça da costela: eminência na face articular da cabeça.
Colo da costela.
Tubérculo da costela: eminência na face posterior da junção do colo com o corpo.
Face articular do tubérculo da costela: articula-se com o processo transverso da vértebra torácica.
Ângulo costal;
Sulco costal: contendo duas veias intercostais, uma artéria intercostal, um nervo intercostal.
18. Hioide
Corno menor: par de projeções mediais localizadas no corpo do osso hioide.
Corno maior: par de projeções laterais localizadas no corpo do osso hioide.

SISTEMA ARTICULAR

Articulações ou junturas são as uniões funcionais entre os diferentes ossos do esqueleto. São divididas
nos seguintes grupos, de acordo com sua estrutura e mobilidade:

Articulações Fibrosas (Sinartroses) ou imóveis;


Articulações Cartilagíneas (Anfiartroses) ou com movimentos limitados;
Articulações Sinoviais (Diartroses) ou articulações de movimentos amplos.

ARTICULAÇÕES FIBROSAS (SINARTROSES)

As articulações fibrosas incluem todas as articulações onde as superfícies dos ossos estão quase
em contato direto, como nas articulações entre os ossos do crânio (exceto a ATM). Há três tipos
principais de articulações fibrosas:
Suturas
Sindesmoses
Gonfoses
Suturas
Nas suturas as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos, que os mantêm íntima e
firmemente unidos. Conseqüentemente, as fibras de conexão são muito curtas preenchendo uma
pequena fenda entre os ossos. Este tipo de articulação é encontrado somente entre os ossos planos do
crânio. Na maturidade, as fibras da sutura começam a ser substituídas completamente, os de ambos os
lados da sutura tornam-se firmemente unidos/fundidos. Esta condição é chamada de sinostose.
Exemplo de Sutura Craniana Exemplo de Sinostose (Sacro)

Sindesmoses

Nestas suturas o tecido interposto é também o conjuntivo fibroso, mas não ocorre nos ossos do crânio.
Na verdade, a Nomenclatura Anatômica só registra dois exemplos: sindesmose tíbio-fibular e sindesmose
radio-ulnar.

Gonfoses

Também chamada de articulação em cavilha, é uma articulação fibrosa especializada à fixação dos dentes
nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas. O colágeno do periodonto une o cemento dentário com
o osso alveolar. Gonfoses - Dentes Primários e Permanentes

ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS (ANFIARTROSES)

Nas articulações cartilaginosas, os ossos são unidos por cartilagem pelo fato de pequenos
movimentos serem possíveis nestas articulações, elas também são chamadas de anfiartroses. Existem
dois tipos de articulações cartilagíneas:
Sincondroses
Sínfises
Sincondroses
Os ossos de uma articulação do tipo sincondrose estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas
sincondroses são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do
tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez
primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes.
Sincondroses Cranianas:
Esfeno-etmoidal
Esfeno-petrosa
Intra-occipital anterior
Intra-occipital posterior ··

Sincondroses Pós-cranianas:
Epifisiodiafisárias
Epifisiocorporal
Intra-epifisária
Esternais
Manúbrio-esternal
Xifoesternal
Sacrais

Sínfises

As superfícies articulares dos ossos unidos por sínfises estão cobertas por uma camada de cartilagem
hialina. Entre os ossos da articulação, há um disco fibrocartilaginoso, sendo essa a característica distintiva
da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação
entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Durante o
desenvolvimento as duas metades da mandíbula estão unidas por uma sínfise mediana, mas essa
articulação torna-se completamente ossificada na idade adulta.

Sínfises:
Manúbrio-esternal
Intervertebrais
Sacrais
Púbica
Mentoniana

ARTICULAÇÕES SINOVIAIS (DIARTROSES)

As articulações sinoviais incluem a maioria das articulações do corpo. As superfícies ósseas são
recobertas por cartilagem articular e unidas por ligamentos revestidos por membrana sinovial. A
articulação pode ser dividida completamente ou incompletamente por um disco ou menisco articular cuja
periferia se continua com a cápsula fibrosa, enquanto que suas faces livres são recobertas por membrana
sinovial.

Classificação Funcional das Articulações

O movimento das articulações depende, essencialmente da forma das superfícies que entram em contato
e dos meios de união que podem limita-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar
movimentos de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classifica-las funcionalmente.
Articulação Monoaxial - Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo
(1 grau de liberdade). As articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são
monoaxiais. Há duas variedades nas quais o movimento é uniaxial: gínglimo ou articulação em dobradiça
e trocóide ou articulação em pivô.
- Gínglimo ou Articulação em Dobradiça: as superfícies articulares permitem movimento em um só plano.
As articulações são mantidas por fortes ligamentos colaterais. Exemplos: Articulações interfalangeanas e
articulação úmero-ulnar.
- Trocóide ou Articulação em Pivô: Quando o movimento é exclusivamente de rotação. A articulação é
formada por um processo em forma de pivô rodando dentro de um anel ou um anel sobre um pivô.
Exemplos: Articulação rádio-ulnar proximal e atlanto-axial.

Articulação Biaxial - Quando uma articulação realiza movimentos em torno de dois eixos (2 graus
de liberdade). As articulações que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica
(articulação do punho) são biaxiais. Há duas variedades de articulaçõees biaxiais: articulações condilar e
selar.
- Articulação Condilar: Nesse tipo de articulação, uma superfície articular ovóide ou condilar é recebida
em uma cavidade elíptica de modo a permitir os movimentos de flexão e extensão, adução e abdução e
circundução, ou seja, todos os movimentos articulares, menos rotação axial. Exemplo: Articulação do
pulso.
- Articulação Selar: Nestas articulações as faces ósseas são reciprocamente côncavo-convexas. Permitem
os mesmos movimentos das articulações condilares. Exemplo: Carpometacárpicas do polegar.

Articulação Triaxial - Quando uma articulação realiza movimentos em torno de três eixos (3 graus de
liberdade). As articulações que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a
rotação, são ditas triaxiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. Há uma
variedade onde o movimento é poliaxial, chamada articulação esferóide ou enartrose.
- Articulação Esferóide ou Enartrose: É uma forma de articulação na qual o osso distal é capaz de
movimentar-se em torno de vários eixos, que tem um centro comum. Exemplos: Articulações do quadril e
ombro.

Existe ainda um outro tipo de articulação chamada Articulação Plana, que permite apenas movimentos
deslizantes. Exemplos: Articulações dos corpos vertebrais e em algumas articulações do carpo e do tarso.

Estruturas das Articulações Móveis

Ligamentos
Os ligamentos são constituídos por fibras colágenas dispostas paralelamente ou intimamente
entrelaçadas umas as outras. São maleáveis e flexíveis para permitir perfeita liberdade de movimento,
porém são muito fortes, resistentes e inelásticos (para não ceder facilmente à ação de forças).

Cápsula Articular

É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como um manguito. Apresenta-se com
duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna).
A membrana fibrosa (cápsula fibrosa) é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por
feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência.
Em muitas articulações sinoviais existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados
extra-capsulares ou acessórios e em algumas, como na articulação do joelho, aparecem também
ligamentos intra-articulares.
Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso,
impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados
normais.
A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular e forma um saco fechado
denominado cavidade sinovial. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da
produção de líquido sinovial. Discute-se que a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do
sangue, mas é certo que contém ácido hialurônico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função
lubrificadora.

Discos e Meniscos

Em várias articulações sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações


fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: serviriam a melhor
adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinados a
receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica em forma de
meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Exemplo de disco intra-articular encontramos nas
articulações esternoclavicular e ATM.

Bainha Sinovial dos Tendões

Facilitam o deslizamento de tendões que passam através de túneis fibrosos e ósseos (retináculo dos
flexores de punho).
Bolsas Sinoviais (Bursas)

São fendas no tecido conjuntivo entre os músculos, tendões, ligamentos e ossos. São constituídas por
sacos fechados de revestimento sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de tendões sobre
proeminências ósseas ou ligamentosas.

Articulações Sinoviais

ATM
Coluna Vertebral
Ombro
Cotovelo
Punho
Quadril
Joelho
Tornozelo
SISTEMA MUSCULAR

Conceito de Músculos:

São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são capazes de
transmitir-lhes movimento. Este é efetuado por células especializadas denominadas fibras musculares,
cuja energia latente é ou pode ser controlada pelo sistema nervoso. Os músculos são capazes de
transformar energia química em energia mecânica.
O músculo vivo é de cor vermelha. Essa coloração denota a existência de pigmentos e de grande
quantidade de sangue nas fibras musculares.
Os músculos representam 40-50% do peso corporal total.

Funções dos Músculos:

a) Produção dos movimentos corporais: Movimentos globais do corpo, como andar e correr.
b) Estabilização das Posições Corporais: A contração dos músculos esqueléticos estabilizam as
articulações e participam da manutenção das posições corporais, como a de ficar em pé ou sentar.
c) Regulação do Volume dos Órgãos: A contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos
(esfíncteres) pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco.
d) Movimento de Substâncias dentro do Corpo: As contrações dos músculos lisos das paredes vasos
sangüíneos regulam a intensidade do fluxo. Os músculos lisos também podem mover alimentos, urina e
gametas do sistema reprodutivo. Os músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e o retorno do
sangue para o coração.
e) Produção de Calor: Quando o tecido muscular se contrai ele produz calor e grande parte desse calor
liberado pelo músculo é usado na manutenção da temperatura corporal.

Grupos Musculares:

Em número de nove. São eles:


a) Cabeça
b) Pescoço
c) Tórax
d) Abdome
e) Região posterior do tronco
f) Membros superiores
g) Membros inferiores
h) Órgãos dos sentidos
i) Períneo

Classificação dos Músculos:

Quanto a Situação:

a) Superficiais ou Cutâneos: Estão logo abaixo da pele e apresentam no mínimo uma de suas
inserções na camada profunda da derme. Estão localizados na cabeça (crânio e face), pescoço e na mão
(região hipotenar).

Exemplo: Platisma.

b) Profundos ou Subaponeuróticos: São músculos que não apresentam inserções na camada


profunda da derme, e na maioria das vezes, se inserem em ossos. Estão localizados abaixo da fáscia
superficial.

Exemplo: Supinador.

Quanto à Forma:

a) Longos: São encontrados especialmente nos membros. Os mais superficiais são os mais longos,
podendo passar duas ou mais articulações.

Exemplo: Bíceps braquial.

c) Curtos: Encontram-se nas articulações cujos movimentos tem pouca amplitude, o que não exclui
força nem especialização.

Exemplo: Músculos da mão.

b) Largos: Caracterizam-se por serem laminares. São encontrados nas paredes das grandes
cavidades (tórax e abdome).

Exemplo: Diafragma.

Quanto à Disposição da Fibra:

a) Reto: Paralelo à linha média. Ex: Reto abdominal.


b) Transverso: Perpendicular à linha média. Ex: Transverso abdominal.
c) Oblíquo: Diagonal à linha média. Ex: Oblíquo externo.

Quanto à Origem e Inserção:

a) Origem: Quando se originam de mais de um tendão. Ex. Bíceps, Quadríceps.


b) Inserção: Quando se inserem em mais de um tendão. Ex: Flexor Longo dos Dedos.

Quanto à Função:
a) Agonistas: São os músculos principais que ativam um movimento específico do corpo, eles se contraem
ativamente para produzir um movimento desejado. Ex: Pegar uma chave sobre a mesa, agonistas são os
flexores dos dedos.
b) Antagonistas: Músculos que se opõem à ação dos agonistas, quando o agonista se contrai, o
antagonista relaxa progressivamente, produzindo um movimento suave. Ex: idem anterior, porém os
antagonistas são os extensores dos dedos.
c) Sinergistas: São aqueles que participam estabilizando as articulações para que não ocorram
movimentos indesejáveis durante a ação principal. Ex: idem anterior, os sinergistas são estabilizadores do
punho, cotovelo e ombro.
d) Fixadores: Estabilizam a origem do agonista de modo que ele possa agir mais eficientemente.
Estabilizam a parte proximal do membro quando move-se a parte distal.

Quanto à Nomenclatura:

O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Ação: Extensor dos dedos.
b) Ação Associada à Forma: Pronador redondo e pronador quadrado.
c) Ação Associada à Localização: Flexor superficial dos dedos.
d) Forma: Músculo Deltóide (letra grega delta).
e) Localização: Tibial anterior.
f) Número de Origem: Bíceps femoral e tríceps braquial.

Tipos de Músculos:

a) Músculos Estriados Esqueléticos: Contraem-se por influência da nossa vontade, ou seja, são
voluntários. O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e
escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio óptico.
b) Músculos Lisos: Localizado nos vasos sangüíneos, vias aéreas e maioria dos órgãos da cavidade
abdômino-pélvica. Ação involuntária controlada pelo sistema nervoso autônomo.

c) Músculo Estriado Cardíaco: Representa a arquitetura cardíaca. É um músculo estriado, porém


involuntário – AUTO RITMICIDADE.

Componentes Anatômicos dos Músculos Estriados:

a) Ventre Muscular é a porção contrátil do músculo, constituída por fibras musculares que se contraem.
Constitui o corpo do músculo (porção carnosa).
b) Tendão é um elemento de tecido conjuntivo, ricos em fibras colágenas e que serve para fixação do
ventre, em ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Possuem aspecto morfológico de fitas
ou de cilindros.
c) Aponeurose é uma estrutura formada por tecido conjuntivo. Membrana que envolve grupos
musculares. Geralmente apresenta-se em forma de lâminas ou em leques.
d) Bainhas Tendíneas são estruturas que formam pontes ou túneis entre as superfícies ósseas sobre as
quais deslizam os tendões. Sua função é conter o tendão, permitindo-lhe um deslizamento fácil.
e) Bolsas Sinoviais são encontradas entre os músculos ou entre um músculo e um osso. São pequenas
bolsas forradas por uma membrana serosa que possibilitam o deslizamento muscular.
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Tipos de Contrações:

O nome dado aos músculos é derivado de vários fatores, entre eles o fisiológico e o topográfico:
a) Contração Concêntrica: o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um tendão, reduzindo o
ângulo de uma articulação. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça.
b) Contração Excêntrica: quando aumenta o comprimento total do músculo durante a contração. Ex:
idem anterior, porém quando recolocamos o livro sobre mesa.
c) Contração Isométrica: servem para estabilizar as articulações enquanto outras são movidas. Gera
tensão muscular sem realizar movimentos. É responsável pela postura e sustentação de objetos em
posição fixa. Ex: idem anterior, porém quando o livro é sustentado em abdução de 90°.

Anatomia Microscópica da Fibra Muscular:

O tecido muscular consiste de células contráteis especializadas, ou fibras musculares, que são agrupadas
e dispostas de forma altamente organizada. Cada fibra de músculo esquelético apresenta dois tipos de
estruturas filiformes muito delgadas, chamadas miofilamentos grossos (miosina) e finos
(actina).

Componentes Anatômicos do Tecido Conjuntivo:

a) Fáscia Superficial separa os músculos da pele.


b) Fáscia Muscular é uma lâmina ou faixa larga de tecido conjuntivo fibroso, que, abaixo da pele, circunda
os músculos e outros órgãos do corpo.
c) Epimísio é a camada mais externa de tecido conjuntivo, circunda todo o músculo.
d) Perimísio circunda grupos de 10 a 100 ou mais fibras musculares individuais, separando-as em feixes
chamados fascículos. Os fascículos podem ser vistos a olho nu.
e) Endomísio é um fino revestimento de tecido conjuntivo que penetra no interior de cada fascículo e
separa as fibras musculares individuais de seus vizinhos.

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