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12/08/2018
Número: 0032776-89.2018.8.17.2001
Classe: PROCEDIMENTO COMUM
Órgão julgador: 6ª Vara da Fazenda Pública da Capital
Última distribuição : 09/07/2018
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Obrigação de Fazer / Não Fazer
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PGE (AUTOR)
MUNICIPIO DE GOIANA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
34305 11/08/2018 11:15 Decisão Decisão
382
Tribunal de Justiça de Pernambuco
Poder Judiciário
6ª Vara da Fazenda Pública da Capital
Processo nº 0032776-89.2018.8.17.2001
AUTOR: PGE
Nos autos da Ação Ordinária de Rito Comum, em que são partes os acima epigrafados, a parte autora
busca, paralelamente ao pedido formulado com a pretensão deduzida, pronunciamento jurisdicional initio
litis que assegure desde logo a fruição parcial do direito perseguido, para tanto alegando, através da
digressão expendida na inicial, que a postergação da regalia para o deslinde lhe poderá impor lesão grave,
irreparável ou de difícil reparação.
Nos termos da cláusula primeira do convênio de cooperação (doc. 01), o objeto do convênio foi a
cooperação técnica entre os partícipes, para a realização de planos, estudos, projetos e obras de
engenharia, e intervenções sociais e ambientais relativas ao PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO –
PRODETUR NACIONAL – PERNAMBUCO, visando contribuir para a promoção da capacidade de
competição dos destinos turísticos do Estado de Pernambuco.
Por força do referido convênio, os entes envolvidos assumiram as seguintes obrigações gerais:
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“I - Cooperar entre si no sentido de criar, em suas respectivas áreas de atuação, as condições necessárias
ao fiel cumprimento deste Convênio;
III - Tomar medidas alternativas necessárias à continuidade dos trabalhos, no caso de alterações que
possam comprometer a execução do PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR
NACIONAL - PERNAMBUCO;
IV - Estabelecer uma linha de conduta para que a regularidade e eficiência das obras, serviços e
equipamentos resultantes do PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR NACIONAL -
PERNAMBUCO promova o alcance dos objetivos do Programa.”
“I - Estabelecer diretrizes e gestões junto ao BID, de forma a contratar e aplicar os recursos financeiros
necessários à implantação do PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR NACIONAL -
PERNAMBUCO;
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V - Desenvolver as gestões necessárias de forma a agilizar os procedimentos jurídicos e administrativos,
para a obtenção de aprovações e licenças dos organismos ambientais, voltados à execução do
PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR NACIONAL - PERNAMBUCO;
VI - Realizar os processos licitatórios necessários à contratação dos estudos, projetos, obras e serviços,
bem como a aquisição de equipamentos, celebrando os contratos necessários, ressalvada a hipótese
prevista no parágrafo terceiro, inciso I, da presente cláusula;
VIII — Coordenar, com o apoio do MUNICÍPIO, as medidas necessárias para assegurar a execução dos
programas de comunicação social, educação ambiental e sanitária das comunidades nas áreas alvo do
PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR NACIONAL - PERNAMBUCO;
IX - Dar publicidade ao instrumento de Convênio, mediante sua publicação no Diário Oficial do Estado e
ciência à Assembleia Legislativa.
I — Providenciar a elaboração de Projetos Executivos, sempre que solicitado pela SETUR/PE, para a
execução das obras no âmbito do PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR
NACIONAL - PERNAMBUCO;
II — Ceder os terrenos de sua propriedade para a execução das obras mencionadas no item anterior,
mediante a assinatura de termo de cessão, que especifique e descreva, detalhadamente, o imóvel que
receberá as obras;
III - Intervir junto às empresas construtoras, visando reparar os defeitos e falhas caso existentes nas obras,
após recebidas, cuja manutenção e conservação seja de sua titularidade;
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V - Receber e operar as obras e equipamentos resultantes da conclusão de cada intervenção do
PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO PRODETUR NACIONAL - PERNAMBUCO na área de sua
competência, fazendo sua gestão, manutenção, conservação e ampliações futuras, quando necessárias, de
acordo com o disposto nas cláusulas do Contrato de Empréstimo firmado entre o Estado de Pernambuco e
o BID, que declara conhecer, tudo de acordo com as normas técnicas geralmente aceitas;
VII- Compatibilizar seu Plano Plurianual com as metas do PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO -
PRODETUR NACIONAL - PERNAMBUCO, mantendo a SETUR/PE informada;
VIII - Participar, na qualidade de interveniente, de convênio a ser firmado entre o Estado de Pernambuco
e a COMPESA, para efetivar a participação da mesma no PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO -
PRODETUR NACIONAL – PERNAMBUCO;
IX- Alocar no orçamento municipal os recursos necessários ao atendimento das demandas oriundas do
presente Convênio;
X- Intervir, junto aos órgãos competentes, com vistas a facilitar a aprovação e o licenciamento dos
estudos e projetos ambientais relativos ao PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR
NACIONAL - PERNAMBUCO em estrita obediência aos diplomas legais no âmbito municipal;
XI- Realizar, diretamente ou através de empresa especializada, contratada nos termos da legislação de
regência, os serviços de manutenção predial, urbanismo e conservação das instalações, equipamentos,
vias públicas, praças, jardins, pontes e demais obras de estrutura e infraestrutura urbana sob sua
responsabilidade relacionadas ao PROGRAMA NACIONAL DO TURISMO - PRODETUR NACIONAL
- PERNAMBUCO;
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cláusulas do Contrato de Empréstimo firmado entre o Estado de Pernambuco e o BID , que declara
conhecer, tudo de acordo com as normas técnicas geralmente aceitas.
Pois bem. Desconsiderando o ato jurídico perfeito firmado, o Município de Goiana, por meio do atual
Prefeito da Cidade, Senhor Osvaldo Rabelo Filho, como é fato público e notório, pretende dar ao novo
Paço Goiana, situado na Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, S/N, Centro, Goiana/PE, finalidade
diversa da obra de requalificação para implantação de um Espaço Cultural e de um Centro de
Atendimento ao Turista, licitada pelo Programa PRODETUR NACIONAL - Pernambuco e financiada
com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID.
O atual Prefeito da Cidade, através do Parecer da Procuradoria Geral do Município n. 003/2017 (doc. 09),
datado de 09 de fevereiro de 2017, alega que a Lei Municipal n. 1.444/1984 (doc. 08) obriga o Município
de Goiana/PE a preservar o prédio como sede do Executivo.
No Parecer n. 003/2017 emitido pela Procuradoria Geral do Município, o Procurador Geral do Município
opinou:
“que o prédio `Paço Municipal das Heroínas de Tejucupapo´, seja utilizado como Sede do Governo
Municipal, diante da exigência legal, sem prejuízo de que seja destinado um Espaço Cultural, com um
Centro de Atendimento ao Turista (CAT), uma vez que assim o fazendo restarão atendidas, tanto ao que
prevê Lei Orgânica do Munícipio, quanto ao que diz respeito ao Convênio de Cooperação firmado entre o
Município de Goiana e o Estado de Pernambuco através da Secretaria de Turismo, Esportes e Laser de
Pernambuco.”
Quanto à destinação do prédio `Paço Municipal das Heroínas de Tejucupapo´, não cabe ao Prefeito do
Município de Goiana alterá-la, haja vista a obrigatoriedade de preservá-lo como sede do Governo
Municipal, consoante estabelece a Lei Municipal, nº 1.444, de 31 de janeiro de 1984, com a inclusão do
Art. 238-A, da Lei Orgânica do Munícipio.”
Em verdade, a Lei Municipal nº 1444/84 trazida à lume no citado Parecer não determina a
obrigatoriedade de que no Paço Municipal de Goiana, também denominado Paço Municipal das Heroínas
de Tejucupapo, funcione a Prefeitura.
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Dispõe o art. 1º do referido diploma legislativo:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”
Conforme os ditames da Constituição Federal, a lei não pode prejudicar um ato jurídico perfeito. Então, a
Emenda de Revisão à Lei Orgânica Municipal de Goiana nº 001/2006, promulgada em 22 de dezembro de
2016, não pode prejudicar os ditames estabelecidos no convênio firmado em 02 de dezembro de
2013.
Com efeito, antes do PRODETUR elaborar estudo de viabilidade do projeto, mais precisamente em 18 de
junho de 2014, foi confeccionado Parecer n. 01/2014 do Jurídico da Agência de Desenvolvimento de
Goiana, endereçado à Secretaria Executiva de Turismo, Esportes e Lazer, informando que "quanto a
possível existência de legislação municipal vinculando o uso do Paço Heroínas de Tejucupapo a sede do
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executivo municipal, em resposta ao ofício enviado a Procuradoria deste Município, fomos informados
que não há nenhum decreto ou legislação municipal neste sentido (doc. 10)."
“Nestes termos, a ausência do Ministério Público não teria o condão de invalidar o ato. Em que pese ainda
a função precípua desta entidade como guardiã do patrimônio histórico, artístico e cultural, o que só
evidencia ainda mais seu total interesse na preservação e recuperação do Paço Heroínas de Tejucupapo,
de forma que é de total acordo com a execução do projeto.”
Na audiência pública realizada em 21 de maio de 2014, que contou com a presença de representantes da
Prefeitura e demais setores, foi tratado do uso proposto para o Paço Municipal de Goiana, sendo inclusive,
ratificado posteriormente, em 18 de junho de 2014, por meio de Parecer encaminhado ao PRODETUR
(Parecer nº 01/2014) da lavra da Agência de Desenvolvimento de Goiana - AD Goiana, a inexistência de
decreto ou legislação municipal veiculando o uso do Paço Municipal de Goiana a sede do executivo
municipal (docs. 07 e 10).
É mister considerar que o PRODETUR NACIONAL PE tem como objetivo o aumento da receita pelo
turismo, mediante a revalorização do modelo "sol-e-praia" e a diversificação (temática e geográfica) da
oferta turística do Estado de Pernambuco.
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Dentre as ações executadas pelo Programa PRODETUR, encontra-se o Desenvolvimento Turístico
no Centro Histórico de Goiana e, neste plano de desenvolvimento, está contemplada a obra de
requalificação do Paço Municipal de Goiana.
Neste contexto, foi firmado em 02/12/2013 um Convênio de Cooperação Técnica entre o Estado de
Pernambuco, através da Secretaria de Turismo, Esportes e Laser de Pernambuco, e o Município de
Goiana, em atendimento a cláusula 4.02 do Contrato de Empréstimo no 2409/ OC-BR, onde, no parágrafo
terceiro da cláusula segunda do Convénio, constam as obrigações do Município, ora Réu.
Nos termos dos contratos em anexo, foram gastos recursos no montante aproximado de R$ 3.478.012,28
(três milhões, quatrocentos e setenta e oito mil, doze reaise vinte e oito centavos), para recuperar o imóvel
e implementar Espaço Cultural e Centro de Atendimento ao Turista.
A Comunicação Interna nº 13/2018 identifica os contratos efetuados e os respectivos valores (Doc. 11).
Confira-se:
Valor: R$296.364,50
Valor: R$245.001,46
Contrato 18/2014 - Contratação de Empresa Especializada para Elaboração dos Projetos de Museologia e
Museografia de Atrativos no Âmbito do Prodetur Nacional Pernambuco
Valor: R$304.090,62, neste contrato, foram trabalhados três atrativos devendo considerar o valor de um
terço do contrato para o Paço de Goiana, ou seja, R$101.363,54
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Contrato 02/2016 - Contratação de Empresa para Execução das Obras de Requalificação do Paço
Municipal de Goiana, para Implantação de Espaço Cultural e Centro de Atendimento ao Turista, no
Município de Goiana – PE:
Valor: R$2.602.244,93
Valor: R$699.113,55, neste contrato, foram trabalhados três atrativos devendo considerar o valor de um
terço do contrato para o Paço de Goiana, ou seja, R$233.037,85.
Desta forma, resta demonstrado que o imóvel em referência deve ser utilizado como Espaço Cultural e
Centro de Atendimento ao Turista, sob pena de o Estado de Pernambuco desembolsar ao Banco de
Desenvolvimento do Turismo (BID) o valor investido, por restar descumprida a avença por ato do
Município aqui posto no polo passivo, caso seja efetivada destinação diversa ao imóvel em testilha.
Conforme já mencionado, apesar de toda a situação jurídica se encontrar consolidada, com todos os
instrumentos jurídicos devidamente firmados pelas partes e a obra concluída, o Município de Goiana
pretende dar destinação diversa ao imóvel, recusando a assinar o termo de aceitação definitivo de
todos os equipamentos públicos construídos no âmbito do PROGRAMA NACIONAL DO
TURISMO - PRODETUR NACIONAL - PERNAMBUCO, mediante instrumento que garanta o
efetivo cumprimento dessas obrigações pelo Município de Goiana.
Em verdade, o atual prefeito do Município de Goiana discorda dos termos do convênio firmado com a
Secretaria de Turismo do Governo do Estado de Pernambuco, celebrado pelo Chefe do Poder Executivo
municipal anterior. Assim, ao tomar posse em janeiro de 2017, o Gestor municipal comunicou ao
Secretário de Turismo do Estado de Pernambuco que não iria aceitar que a destinação do imóvel deixasse
de ser a sede do Executivo Municipal.
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Repise-se que o então Procurador Geral do Município opinou “que o prédio Paço Municipal das
Heroínas de Tejucupapo", seja utilizado como Sede do Governo Municipal, diante da exigência legal,
sem prejuízo de que seja destinado um Espaço Cultural, com um Centro de Atendimento ao Turista
(CAT) (...)”
Nesse quadro, tendo em vista que o Programa PRODETUR NACIONAL – Pernambuco financia apenas
ações de cunho eminentemente turístico, destaca-se que, se desvirtuado o fim para o qual foi licitado o
equipamento, o Estado de Pernambuco terá que devolver ao BID a parcela dos gastos feitos para
implementar tal ação, que perfaz aproximadamente o valor de R$ 3.478.012,28 (três milhões,
quatrocentos e setenta e oito mil, doze reais, vinte e oito centavos).
Sobre o tema dispõe o item 1.12, das Políticas para Aquisição de bens e contratação de obras Financiados
pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – GN 2349-7:
Item 1.12. O Banco não financia despesas relativas a bens adquiridos e obras contratadas em desacordo
com as disposições ajustadas no Contrato de Empréstimo e pormenorizadas no Plano de Aquisições.
Nestes casos, o Banco declarará a aquisição viciada, sendo política do Banco cancelar a parcela do
empréstimo destinada aos bens adquiridos e obras contratadas em tais circunstâncias. O Banco poderá,
ainda, valer-se de outras medidas previstas no Contrato de Empréstimo. Mesmo no caso de o contrato
haver sido adjudicado após a obtenção da “não objeção” do Banco, poderá declarar viciado o processo se
concluir que a “não objeção” baseou-se em informações incompletas, imprecisas ou enganosas fornecidas
pelo Mutuário ou que os termos e condições do contrato foram modificadas sem a aprovação do Banco.
Portanto, não resta outra alternativa ao Estado de Pernambuco senão promover a presente ação
judicial, no sentido de garantir a ordem judicial de cumprimento das obrigações firmadas no
convênio celebrado pelo Município de Goiana. Em outras palavras, requerer do Poder Judiciário que
determine ao Município de Goiana o cumprimento das obrigações com as quais concordou anteriormente,
até como ato pedagógico no sentido de que as gestões municipais não podem alterar ou descumprir as
avenças anteriormente assumidas em nome da pessoa jurídica municipal.
A descrição fática e os documentos vindos com a exordial me permitem identificar a verossimilhança das
alegações que dão suporte ao pedido. Encontram-se sedimentadas em início de prova pré-constituída e a
fundamentação legal que invocam é daquelas capazes de formalizar, no espírito do Julgador, um
arcabouço cognoscível, senão exauriente pelo menos capaz de visualizar, com relativa margem de
segurança, um prognóstico positivo em relação ao mérito da contenda.
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O alegado dano, por outro lado, emerge evidente da descrição vinda com a inicial, sendo claro,
considerada a natureza da matéria sub examem, que o reconhecimento tardio do direito perseguido, tendo
em vista as peculiaridades e potencialidades das partes envolvidas na querela, poderá ensejar o advir de
lesão grave, efetivamente irreparável ou de difícil reparação, cujas consequências a posterior composição
do conflito poderá ser incapaz de expungir.
À margem do exposto, numa visão que busca identificar formas de outorgar igualdade de condições aos
desiguais, considerando as possibilidades de cada parte no que concerne aos riscos que são capazes de
correr e o custus legis que proporcionalmente pode ser justo impor-lhes, a liminar pretendida é daquelas
em que não ocorre a possibilidade de irreversibilidade da medida a ser adotada, caso venha a ser atendido
o apelo formulado in limini litis, já que circunscrita ao interregno temporal correspondente à duração do
processo.
Defiro, destarte, o requerido e determino a expedição de liminar para que sejam consubstanciadas as
medidas pleiteadas, tais como descritas no petitório inicial, expressas pela determinação ao Município de
Goiana a manutenção do uso exclusivo do imóvel objeto do presente feito como Espaço Cultural e Centro
de Atendimento ao Turista até decisão em sede de cognição exauriente..
Em 11 de agosto de 2018..
Juiz de Direito
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