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POR QUE Orígenes despertou tanto admiração quanto rivalidade? Que influência ele
teve no desenvolvimento das doutrinas da Igreja?
O objetivo do imperador era impedir o avanço do cristianismo. Visto que o decreto não
afetava apenas alunos, mas também instrutores, todos os instrutores religiosos
cristãos fugiram de Alexandria. Quando alguns não-cristãos apelaram para o jovem
Orígenes em busca de orientação bíblica, ele assumiu essa obra como comissão
divina. Muitos de seus alunos foram martirizados, alguns mesmo antes de completar
os estudos. Correndo grande risco, Orígenes incentivava abertamente seus alunos,
quer estivessem diante de um juiz quer na prisão, ou prestes a ser executados.
Eusébio, historiador do quarto século, relata que quando eles estavam sendo
conduzidos à execução, Orígenes “os cumprimentava corajosamente com um beijo”.
Muitos que não eram cristãos ficaram irados com Orígenes por considerá-lo
responsável pela conversão e morte de seus amigos. Por diversas vezes ele escapou
por um triz de turbas e de uma morte violenta. Embora fosse obrigado a mudar-se
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08/07/2018 Orígenes — como seus ensinos influenciaram a Igreja? — BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia
constantemente para escapar dos seus perseguidores, ele não diminuiu suas
atividades de ensino. Sua coragem e dedicação impressionaram Demétrio, bispo de
Alexandria. Por isso, Demétrio nomeou Orígenes, de apenas 18 anos de idade, diretor
da escola de instrução religiosa em Alexandria.
Com o tempo, Orígenes tornou-se erudito notável e escritor prolífero. Alguns disseram
que ele escreveu 6.000 livros, embora é provável que isso seja um exagero. Sua obra
mais conhecida é a Hexapla, uma gigantesca versão de 50 volumes das Escrituras
Hebraicas. Ele dispôs a Hexapla em seis colunas paralelas, contendo: (1) o texto
hebraico e aramaico, (2) uma transliteração desse texto para o grego, (3) a versão
grega de Áquila, (4) a versão grega de Símaco, (5) a Septuaginta grega, que ele
revisou para corresponder mais exatamente ao texto hebraico, e (6) a versão grega de
Teodocião. “Com essa combinação de textos”, escreveu o erudito bíblico John Hort,
“Orígenes esperava elucidar o significado de muitas passagens nas quais o leitor
grego ficaria confuso ou seria enganado caso tivesse diante de si apenas a
Septuaginta”.
Uma carta de Orígenes a um de seus alunos nos ajuda a entender sua maneira de
pensar. Ele disse que os israelitas usaram ouro egípcio para fazer utensílios para o
templo de Jeová, e entendia que isso fornecia apoio alegórico ao uso da filosofia grega
para ensinar o cristianismo. Ele escreveu: “Quão úteis para os filhos de Israel foram
as coisas levadas do Egito, as quais os egípcios não haviam usado de maneira
correta, mas que os hebreus, orientados pela sabedoria divina, empregaram no
serviço a Deus!” Dessa maneira, Orígenes incentivou seu aluno a “extrair da filosofia
dos gregos o que pudesse servir como assunto de estudo ou preparação para o
cristianismo”.
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Orígenes não encontrou essa idéia na Bíblia, porque as Escrituras ensinam que o
Filho unigênito de Jeová é “o primogênito de toda a criação” e “o princípio da criação
de Deus”. (Colossenses 1:15; Revelação [Apocalipse] 3:14) De acordo com o
historiador religioso Augustus Neander, Orígenes chegou ao conceito de “geração
eterna” por meio de sua “educação filosófica na escola platônica”. Dessa maneira,
Orígenes violou o princípio bíblico básico: “Não vades além das coisas que estão
escritas.” — 1 Coríntios 4:6.
Ele não foi o único a cometer erros. Na verdade, a Bíblia havia predito um desvio geral
dos ensinos genuínos de Cristo. Essa apostasia começou a se desenvolver no fim do
primeiro século, depois da morte dos apóstolos de Jesus. (2 Tessalonicenses 2:6, 7)
Com o tempo, certos professos cristãos assumiram a posição de “ortodoxos”,
afirmando que todos os outros eram “hereges”. Mas na realidade a cristandade
desviou-se muito do verdadeiro cristianismo.
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bonita, eu a apanho; mas se alguma coisa me parece espinhosa eu a evito como faria
com um espinho.”
Por misturar ensinos bíblicos com filosofia grega, a teologia de Orígenes ficou repleta
de erros, e as conseqüências foram desastrosas para a cristandade. Por exemplo,
embora a maioria das especulações infundadas de Orígenes acabassem sendo
rejeitadas, seus conceitos sobre a “geração eterna” de Cristo ajudaram a lançar a
base para a doutrina antibíblica da Trindade. O livro The Church of the First Three
Centuries (A Igreja dos Primeiros Três Séculos) observa: “O gosto pela filosofia
[introduzido por Orígenes] estava destinado a não ser logo extinto.” Com que
resultado? “A simplicidade da fé cristã foi corrompida, e uma infinidade de erros foi
introduzida na Igreja.”
Orígenes podia ter seguido o conselho do apóstolo Paulo e evitado contribuir para
essa apostasia ‘desviando-se dos falatórios vãos, que violam o que é santo, e das
contradições do falsamente chamado “conhecimento”’. Por basear tantos de seus
ensinos em tal “conhecimento”, Orígenes ‘se desviou da fé’. — 1 Timóteo 6:20, 21;
Colossenses 2:8.
[Crédito]
Publicado com autorização dos Síndicos da Cambridge University Library, T-S 12.182
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