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Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Currículo e Geografia: Teorias e Propostas
Curriculares
OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Discutir a questão curricular sob o ponto de vista de diferentes teorias.
··Evidenciar os documentos curriculares de Geografia e a prática
docente.
··Abordar a lógica dialética e o ensino de Geografia.
ORIENTAÇÕES
Olá!
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre currículo e sua relação
com o Ensino de Geografia.
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais
interativo possível é fundamental assistir às videoaulas e realizar a atividade
proposta de fórum. Cada material disponibilizado é mais um elemento para
seu aprendizado.
Bons estudos!
UNIDADE Currículo e Geografia: Teorias e Propostas Curriculares
Contextualização
Leia atentamente o texto a seguir:
Fonte: Texto literal extraído de STRAFORINI, Rafael. Ensinar Geografia nas séries iniciais:
o desafio da totalidade mundo. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências, Unicamp, 2001, p. 38.
O currículo tem relação com as normas, planos e leis educacionais, mas vai além
da formalidade dos documentos e leis governamentais.
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Concepções sobre Currículo
O termo currículo é polissêmico, pois há inúmeros usos e conceitos para este
termo. No campo da educação é usualmente utilizado para definir uma forma de
organizar as práticas educativas, em níveis, etapas, um percurso percorrido na vida
escolar-universitária.
Nesta unidade, considera-se que o currículo escolar existe por meio das práticas
existentes nas atividades dos cursos, de sua organização, mediante os seguintes
aspectos: as normas e leis existentes sobre a organização de um determinado curso
do Ensino Fundamental e Médio; as diretrizes e os planos propostos; a matriz
curricular do Ensino Fundamental e Médio; os conteúdos e metodologias dos
cursos, assim como do desenvolvimento destes em sala de aula.
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Concebemos o currículo como uma práxis educativa, logo, com interação entre
teoria e prática, reflexão que deve ocorrer em todos os momentos de sua realização.
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A concepção de que tudo pode ser controlado é uma visão tecnocrática de
educação, ou seja, a ideia de que com normas, leis e planos educacionais tudo vai
funcionar plenamente no “chão” da escola.
Atualmente, nesta onda neoliberal que tem permeado o mundo global, a educação
tem tido parâmetros que seguem a lógica da administração e do controle. A própria
proposta curricular de Perrenoud, do ensino por competências e habilidades vai
ao encontro dessa necessidade de controlar o processo de ensino-aprendizagem.
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Fonte: PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
2 Fonte: http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/2000_31.html
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Dentro dos parâmetros de administração e gestão comuns no universo
educacional atual, o controle, a eficiência e a racionalidade técnica passam
pela mudança curricular, mas efetivamente é mais a ideia de que usando novas
tecnologias e novas formas de administrar o ensino irá melhorar, numa visão
tecnicista de educação.
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Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
Fonte: BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.1996.
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É fundamental que haja coerência entre o que é proposto formal ou informalmente
para o ensino de Geografia e o que realmente é desenvolvido em sala de aula. Não
basta colocar, por exemplo, no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola que
a educação deve considerar e respeitar a pluralidade cultural e social existente no
Brasil, conforme define-se na LDBEN (1996), se na prática isso não ocorre na
escola e na sala de aula.
Educação Indígena:
Explor
Fonte: BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.1996.
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É notável que a produção geográfica se ampliou e se diversificou após a
criação das Instituições de Ensino Superior (IES) e de seus cursos de Geografia;
do Conselho Nacional de Geografia (CNG), em 1937; do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em 1937; bem como da Associação dos Geógrafos
Brasileiros (AGB), em 1934. Esta produção geográfica é considerada por alguns
como científica só a partir da criação destas instituições.
O primeiro curso de formação em Geografia era junto com História e foi criado
na USP em 1934, tendo em seu currículo a disciplina de “Geografia”, sendo
depois desmembrada em “Geografia Física” e “Geografia Humana” em 1939; em
1942, foi criada “Geografia do Brasil” .
Nesse período, o curso era oferecido em quatro anos junto com História, com três
anos básicos, nos quais havia também disciplinas de História, além de matérias como
“Elementos de Geologia” e “Elementos de Cartografia”. Na formação pedagógica,
havia as disciplinas de “Didática” e “Psicologia Educacional”. Formava-se em
licenciatura de História e Geografia, e, no quarto ano, todos os que terminassem a
formação básica de três anos poderiam também fazer especialização em Geografia,
numa formação mais técnica.
Apesar da relevância desses primeiros cursos de Geografia no Brasil, o número
de formados no Ensino Superior era incipiente. Para complementar a formação dos
recém-formados, o Conselho Nacional de Geografia da época (CNG) desenvolvia, no
Rio de Janeiro, anualmente, cursos de extensão para os interessados, provenientes
de várias regiões do Brasil.
Estas atividades, no período de férias, contavam com professores associados
ao CNG, em alguns casos com apoio da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro,
e outros convidados, através de atividades como palestras, excursões de campo,
visitas a instituições especializadas em Geografia, exibição de filmes, entre outras. Os
participantes eram diplomados mediante participação no curso e uma avaliação final.
Com o passar o tempo o número de cursos foi aumentando, embora ainda
faltassem professores. Já na década de 1960, foi institucionalizado o currículo
mínimo para os cursos de Geografia, bem como criados os cursos de Estudos
Sociais, que também habilitavam à formação de professores.
Em 1971, os governos militares criaram os cursos de licenciatura curta em
Estudos Sociais, ou seja, com 1.200 horas habilitava-se para lecionar História,
Geografia, Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do Brasil
(OSPB) no antigo ginásio, posteriormente denominado de 1° Grau e atualmente
chamado de Ensino Fundamental das Séries Finais.
Conforme explicam as geógrafas PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE
(2007, p. 59):
Os Estudos Sociais apresentavam um conteúdo difuso e mal determinado,
não sabendo se tratava de uma área de estudo ou de uma disciplina es¬colar,
ora aparecendo como sinônimo de Geografia humana, ora usurpando o
lugar das Ciências Sociais ou da História ou pretendendo impor-se como
uma espécie de aglutinação de todas as ciências humanas.
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Ano Detalhamento
A Constituição Federal, capítulo III sobre Educação, seção 1, nos artigos 205 e
206, define:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
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Considerando-se o período mais recente, pós 2000, aos dias atuais tivemos
no Brasil duas políticas do MEC que se relacionam mais diretamente a questão
curricular de Geografia: a primeira são as Diretrizes Curriculares de Geografia, de
2001 (Parecer CNE/CES 492/2001 e Parecer CNE/CES 1.363/2001), a outra,
a legislação específica sobre a formação de professores (CNE 009/2001 e Parecer
CNE/CP 28/2001).
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Por conta desta legislação a formação do professor de Geografia tem que ter o
estágio, com 400h, como atividade prática vinculada ao ensino de Geografia, realizado
em instituições de ensino formalmente constituídas, podendo ser públicas ou privadas.
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Neste documento reconhece-se que o ensino de Geografia não deve ser tradicional,
sendo necessário ir além da memorização e das práticas educativas tradicionais.
Muitas vezes, estas práticas dos futuros professores referem-se ao que conheceram
sobre a ação docente nos Ensinos Fundamental e Médio, assim como no próprio
Ensino Superior, tendo como exemplo principalmente a atuação de seus professores
de Geografia, com seus procedimentos metodológicos, matrizes teóricas escolhidas,
conceitos e práticas, mas também se relaciona aos conhecimentos teóricos da
Educação, da ação pedagógica, de suas normas e de seu campo de atuação.
Este aprendizado anterior não deve ser desconsiderado, mas é importante não
ficar como um modelo a ser seguido ou reproduzido, sem reflexões teóricas das
abordagens e dos conhecimentos produzidos na Educação e na Geografia.
Sendo assim, o futuro professor tem de ganhar autonomia que lhe possibilite,
mediante conhecimentos teóricos e práticos, suplantar sua visão inicial do
professor como simples transmissor e reprodutor de conhecimentos e das práticas
já existentes.
Para além das questões que historicamente eram esperadas dos professores,
tais como dominar conteúdos específicos de sua área do conhecimento e ter
habilidade em ensinar, popularizado no Brasil com o termo “ter didática”, surgem
inúmeras responsabilidades de cunho psicológico e afetivo em relação aos alunos,
do conhecimento das normas e metodologias de ensino, de conhecimentos de sua
área e da capacidade de desenvolver atividades interdisciplinares, entre outras.
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Esta concepção tradicional de ensino, numa concepção positivista, da lógica
formal, da Geografia como a ciência dos lugares, da localização, sem compreender
em que a localização tem relação com os fenômenos geográficos e com
procedimentos metodológicos que reafirmam a concepção tradicional.
Não que a memorização não possa ser parte do processo de aprendizagem, mas
aprender a estabelecer relações, aprender a resumir e sintetizar ideias, comparar,
diferenciar, justificar também são essenciais neste processo de aprendizagem.
Já uma aula que busque raciocinar numa lógica dialética traz o questionamento
como fundamental no processo de ensino-aprendizagem. É essencial questionar,
duvidar, perguntar: Será que isso é assim mesmo? Por que há diferenças
socioespaciais no Brasil? Quais os fatores que levam a tais condições? Sempre
contextualizando a realidade e seus processos e não se preocupando apenas em
nominar, descrever e localizar.
Para que uma aula busque ser questionadora não dá para o professor apenas
utilizar-se de aula expositiva, sem procurar criar possibilidades de participação mais
efetiva dos alunos, com outras linguagens e formas de diálogo.
Leitura crítica significa ir além do que está escrito. É mostrar que existem diferentes
visões sobre o tema. Por exemplo: na disputa territorial entre palestinos e israelenses,
há confrontos de formas de pensar em relação a este assunto. É importante que
o professor de Geografia busque sempre contrapor ideias divergentes, mostrar
diferentes pontos de vista, questionar o que é unilateral, que tem um só lado.
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Neste sentido, cabe ao futuro professor entender o papel social que a Geografia
tem e criar possibilidades que seus alunos analisem o espaço de forma crítica.
Isto requer uma boa e sólida formação do futuro docente em Geografia, que não
será um mero transmissor de conhecimentos, mas principalmente um mediador e
questionador da realidade existente.
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Material Complementar
Material Complementar
Leitura
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: história, geografia/ Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
Disponível em: http://goo.gl/HN83Ue Acesso em: 22/06/2015.
Leitura
VESENTINI, José William. Para uma Geografia Crítica na escola. São Paulo: Editora do autor, 2008.
Disponível em: http://goo.gl/ihYQCk
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Referências
BRASIL. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília: DF, 23 dez. 1996.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso 20/10/10.
PONTUSCHKA, Nídia N.; PAGANELLI, Tomoko I.; CACETE, Nuria. H.: Para
ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
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SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre:
Artmed, 2000b.
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