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2014
Editorial
Comitê Editorial
Magda Maria Ventura Gomes da Silva
Rosaura de Barros Baião
Gladis Linhares
Organizadores do Livro
Daniela Tincani
Rozangela Nogueira de Moraes
Autor do Original
Daniela Tincani
Luis Cláudio Dallier Saldanha
Luiz Roberto Wagner
Rozangela Nogueira de Moraes
Abraços
Rozangela Nogueira de Moraes
Produção Textual e
Comunicação Empresarial
C Produzir bons textos, seja nas redações es-
colares ou em alguma situação comunicativa do
CCC
dia a dia, é realmente um desafio para muitos. Por
isso mesmo, queremos descomplicar um pouco essa
CC C
era retardada. Até mesmo a falar eu aprendi tarde; meu avô chegou a
pensar que eu fosse muda: eu só pedia as coisas através de gestos…”
Cadernos de Literatura Brasileira (5): 28. São Paulo: Instituto Mo-
reira Salles, 2002.
A redação e o dicionário
Lygia Bojunga Nunes
Se você fosse morar numa ilha deserta e distante e só pudesse levar
um livro pra ler por lá, que livro você levaria?
Quando chegou a minha vez de responder a essa pergunta eu disse
que, mesmo não gostando de carregar peso em viagem, eu levava
um dicionário da minha língua.
Mas eu só senti o gosto do dicionário quando eu comecei a escrever
livro. E assim mesmo, foi um gosto que veio vindo devagar.
Eu tive uma professora de português que achava impossível a gente
viver sem um dicionário perto. Eu não gostava da professora; ela
tinha unha cumprida e pintada de um vermelho meio roxo, quando
ela escrevia no quadro volta e meia a unha raspava a pedra. Que
aflição! Mas não era por isso que eu não gostava dela não: eu tinha
dois motivos muito mais emocionais que a unha. O primeiro é que
eu achava que ela tinha tomado o lugar da professora anterior, que
eu adorava; o segundo é que ela corrigia tintim por tintim tudo que
é redação que eu fazia. Usando caneta. E, pelo jeito, eu cometia
tanta barbaridade gramatical, que ela se via obrigada a reescrever a
minha redação quase que todinha. Com tinta vermelha.
Quando eu relia a minha escrita, assim toda avermelhada para um
português correto, eu sempre sentia a impressão esquisita que a mi-
nha redação tava fazendo careta pra mim.
Mas eu nunca parei pra pensar por que eu sentia assim. Me lembro
que eu ficava chateada e pronto: esquecia a careta. E quando eu ti-
nha de novo que fazer redação eu me aplicava igualzinho: redação
era o único dever que gostava de fazer.
A professora corrigia tintim por tintim outra vez. E a nota que ela
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
Introdução
Sempre gostei de escrever, desde os tempos de escola. Adorava
fazer redação, principalmente quando a professora já dizia o tema, por-
que várias vezes sofria pra conseguir começar uma de “tema livre”. Mas
depois que começava aí eu embalava e escrevia com gosto. Viajava.
Viajava com gosto também nas histórias em quadrinho, ainda mais novo,
quando não escrevia nada (eu acho), mas gostava de desenhar e de parar
na banca pra comprar revistinha da turma da Mônica, do Walt Disney,
Recruta Zero, Turma do Bolinha, Fantasma, Asterix… Muitas vezes pas-
sava tardes inteiras de domingo lendo gibis na movimentada mesa do bar
Dauphine, em Copacabana, enquanto meu pai conversava com os amigos
parceiros de chope. Todo mundo rindo e falando alto e eu ali, na minha,
concentrado na leitura. Acho até que se eu tivesse continuado naquele pi-
que eu teria me tornado um rapaz muito culto.
Minha avó me contou que eu aprendi a ler sozinho, aos quatro anos,
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com um livro ilustrado chamado Os mamíferos, que ela estava lendo pra
mim. Um dia, mostrei a ela uma foto e li o nome do bicho em voz alta:
“Or-ni-tor-rin-co”. Ela ainda não tinha chegado nessa página e eu nunca
tinha ouvido falar naquele bicho estranho de nome idem. Nem sei por que
é que eu tô falando disso, mas é que eu soube há pouco tempo e achei in-
teressante. Bem, este livro também nasceu mais ou menos assim. Tivemos
que esvaziar e arrumar uma montanha de papéis no escritório lá de casa
porque deu mofo. Mofo deu geral! Atchim! Saúde! Obrigado... Ih! Olha
só isso aqui! Deixa eu ver...
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Comunicação nas Empresas
cativas surgiram, fazendo que a escrita fosse usada com funções diferen-
tes da fala.
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
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Comunicação nas Empresas
ou leitores de nosso texto. Isso faz com que haja várias características pró-
prias de cada modalidade de comunicação. Se alguém está falando diante
de seus ouvintes, então é possível que haja uma interação física e psicoló-
gica com aqueles que ouvem. É possível analisar as reações dos ouvintes
ou mesmo ser por eles influenciado ou interrompido. Já quem escreve
está a uma distância temporal e espacial de seus possíveis leitores. Essa
distância permite que o escritor tenha tempo para elaborar melhor seu
texto, relendo o que escreveu, fazendo revisões e reescrevendo o texto até
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Comunicação nas Empresas
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
c) Tenha confiança no que você vai falar, esteja seguro sobre seu
assunto;
d) Prepare cuidadosamente o que você vai falar;
e) Não tente falar sobre aquilo que você não domina ou desco-
nhece;
f) Evite decorar seu discurso, ponto por ponto, pois isso pode
representar um risco desnecessário. Além disso, uma fala “de-
corada” pode soar mecânica e artificial;
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Comunicação nas Empresas
1.6.1 Tonalidade
O bom uso da voz é fundamental na comunicação oral. Por isso,
tenha bastante cuidado com o volume da sua fala. Se você não pode falar
baixinho, sem ser ouvido por todos, você também não deve falar num vo-
lume que incomode as pessoas ou que seja incompatível com o tamanho
do ambiente no qual você está.
O volume da voz deve ser adequado e cumprir a função de tornar
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1. Cuidado com uma fala mecânica e sem vibração, parecida com uma ladai-
nha ou um discurso recitado;
estamos falando!
A mímica ou o conjunto de gestos e movimentos corporais são, na
verdade, o que chamamos de linguagem não verbal. Esse conjunto pode
ser dividido em três aspectos.
Primeiro, temos o jogo fisionômico, constituído pelo movimento
dos olhos, da elevação ou contração das sobrancelhas, do movimento dos
lábios e da boca.
A maneira como olhamos as pessoas enquanto falamos, por exem-
plo, pode ajudar a criar empatia e interesse por aquilo que abordamos.
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gem. É preciso evitar tanto uma postura rígida como uma postura curvada
e vacilante.
Vamos a algumas dicas sobre o uso do gestual e da postura corporal
durante uma apresentação oral.
Para um bom gestual:
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Comunicação nas Empresas
1. Evite falar com as mãos nos bolsos, atrás das costas ou de braços cruzados;
2. Não fale sem fazer gesto algum nem use gestos demais;
5. Não se apresente com uma postura humilde, de alguém derrotado, nem com
prepotência ou arrogância;
6. Não execute sua gesticulação abaixo da cintura nem acima da cabeça;
8. Não abra demais as pernas, nem as feche muito para não perder o equilíbrio;
10. Mantenha sempre o contato visual com a plateia. Mesmo que você tenha
que ler seu discurso, ensaie e organize o texto no papel, de forma que você pos-
sa sempre levantar o olhar. Assim, você estará demonstrando que valoriza seus
ouvintes e ao mesmo tempo, estará pronto para perceber as suas reações. Isto
é importante, pois lhe permitirá fazer os ajustes e as modificações necessários;
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
1.7.1 O microfone
Um dos recursos usados quando falamos para grandes públicos é o
microfone. É importante a utilização adequada desse instrumento.
Vamos então a algumas observações sobre tipos e manuseio de mi-
crofones:
Os microfones de pé ou de mesa são geralmente colocados em pe-
destais. Os pedestais têm diversos tipos de ajustes e é importante
que você os regule corretamente. Se o microfone estiver em suas
mãos, o cuidado deve ser redobrado. O braço que o segura deve
permanecer imóvel, mantendo o microfone sempre na posição cor-
reta. Faça toda a gesticulação necessária com o outro braço.
Um terceiro tipo de microfone é o de lapela, aqueles microfones
pequenos, bastante potentes, que geralmente ficam presos na sua
roupa. Este sistema lhe dará muito mais liberdade para gesticular
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1.7.2 Retroprojetor
Embora tenhamos cada vez mais projetores multimídia disponíveis
para apresentações, o retroprojetor ainda é bastante utilizado no contexto
acadêmico e profissional para apresentações.
Pelo fato de sua operação e transporte ser relativamente simples, o
retroprojetor é um recurso bastante acessível e comum.
Vamos a algumas dicas para o seu uso.
a) Sempre se assegure de que o retroprojetor está preparado e
funcionando.
b) use transparências adequadas, com mensagens e visuais inte-
ressantes e atraentes.
c) lembre-se que quanto menos texto você utilizar por transpa-
rência, mais chance de impacto haverá.
d) use ponteiras para facilitar a indicação do que você vai dizer a
partir das transparências.
e) Cuide da sua postura corporal, tendo cuidado de manter-se
ereto e olhando o público. Isso é importante porque você
pode ficar tentado a olhar somente para a transparência ou
sua projeção.
Já disseram que quem não faz nada nunca erra. Da mesma forma, se
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
Atividades
01. Para melhorar sua articulação, adquira o hábito de ler textos em voz
alta, procurando pronunciar corretamente cada palavra. Outro bom exercí-
cio é colocar um objeto entre os dentes e procurar pronunciar as palavras.
Ao remover o obstáculo, seus músculos faciais, língua, alvéolos e maxilar
estarão mais preparados para articular melhor as palavras (Fonte, DVD
Como falar em público, Suma Econômica).
Os cuidados com a articulação ou dicção levam à pronúncia das
palavras de modo distinto, correto, expressivo e agradável. Distinto
“quando é exposta com a maior perfeição mecânica possível”. A dicção
é correta “quando, na enunciação, vêm rigorosamente cumpridas as nor-
mas que disciplinam, entre os brasileiros, a pronúncia nacional julgada
padrão”. Será expressiva quando exprimir, de modo absoluto, “a ideia ou
o sentimento que se quer manifestar”. E teremos uma dicção agradável
quando a palavra “soa deleitando o ouvido” (ARAÚJO, 2003, p. 171).
Reflexão
A respeito da produção textual, há vários manuais, dicas e segredos
sobre como escrever um bom texto. Tudo isso pode até gerar certos mitos
e ilusões sobre a escrita, como chegamos a comentar neste capítulo. De
qualquer modo, as sugestões sobre como fazer uma boa redação ou produ-
zir bons textos podem conter algumas verdades ou até ajudarem parcial-
mente. O importante é sabermos que não há um caminho fácil, é preciso
bastante aplicação e continuidade no esforço para desenvolvermos nossa
escrita.
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Comunicação nas Empresas
Leituras recomendadas
Você pode investir no aprendizado sobre produção textual lendo
artigos que tratam do assunto. Uma sugestão é o artigo “A dinâmica da
redação criativa: as estratégias que preparam o terreno para quem quer
escrever textos mais dinâmicos e criativos”, de Luiz Costa Pereira Junior,
publicado na Revista Língua Portuguesa, disponível em: <http://revista-
lingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11730> .
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Comunicação nas Empresas
Referências
ARAÚJO, Paulo S. A arte de falar em público. Rio de Janeiro: Foren-
se e Gryphus, 2003.
BRASIL, André. Fale bem, fale sempre. São Carlos: RiMa, 2003.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 12. ed. São Pau-
lo: Ática, 1996.
____. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São Paulo: Ática, 2001.
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Produção Textual e Comunicação Empresarial – Capítulo 1
No próximo capítulo
Você tem dificuldades para escrever um bom texto? Quem não tem?
Pouca gente, não é mesmo? No próximo capitulo, vamos tratar des-
sa questão.
Trabalharemos alguns conceitos de texto e discurso, além de dar-
mos indicações de como elaborar textos com coesão e coerência.
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Comunicação nas Empresas
Minhas anotações:
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Texto, Discurso, Coesão e
Coerência textuais
C Em diversas situações da vida profissional,
percebemos a importância de produzirmos tex-
CCC
tos bem formados. Por isso mesmo, você terá neste
capitulo, noções básicas sobre texto e discurso, dicas
CC C
Você se lembra?
Sobre qual tema foi a sua primeira redação? Você ainda se lembra?
Ao longo de nossa vida escolar, fazemos inúmeras redações. E talvez
uma das exigências mais frequentes nas redações é exatamente a da
coesão e coerência do texto. Por isso, quero convidar você a rever seus
apontamentos escolares ou livros da Educação Básica que tratavam da
elaboração do texto e da necessidade de coesão e coerência textuais.
Neste capitulo, é muito importante relembrar esses conceitos e avaliar
nossas habilidades em relação à produção textual.
Comunicação nas Empresas
de seu contexto.
A produção de um texto não está isolada de seu contexto histó-
rico. O texto é o produto de um sujeito que pertence “a um grupo social
num tempo e num espaço”, alguém que “expõe em seus textos as ideias,
os anseios, os temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo so-
cial” Assim, “é necessário entender as concepções existentes na época e
na sociedade em que o texto foi produzido para não correr o risco de com-
preendê-lo de maneira distorcida” (PLATÃO & FIORIN, 2003, p. 17,18).
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Comunicação nas Empresas
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Texto, Discurso, Coesão e Coerência textuais – Capítulo 2
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Texto, Discurso, Coesão e Coerência textuais – Capítulo 2
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Comunicação nas Empresas
do. Ele se acha retomado por ausência, ou seja, o leitor, ao ler a segunda
frase, se depara com o verbo disse e, para interpretar o seu sujeito, tem de
voltar à sentença anterior e descobrir que quem disse foi Fernando Ha-
ddad (ABREU, 1999, p. 14).
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Texto, Discurso, Coesão e Coerência textuais – Capítulo 2
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Comunicação nas Empresas
mos certa formalidade. Você não imagina que alguém diga na mesa do bar:
“Garçom, pedi uma cerveja, todavia até o momento não fui atendido!”.
porque, pois, como, por isso que, já que, visto que, uma vez que;
por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência de,
por motivo de, por razões de
Embora os alunos tenham vindo à escola, não houve aula.
Apesar de ter encontrado dificuldades, consegui superá-las.
Ainda que tenha encontrado dificuldades, consegui superá-las.
Apesar de o diretor examinar seu pedido, não foi possível conceder o aumento
salarial.
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Texto, Discurso, Coesão e Coerência textuais – Capítulo 2
Atividades
01. Como você resolveria a ambiguidade das frases abaixo?
a) O gerente conversou com o supervisor em sua sala.
b) Encontrei um funcionário entre o grupo que estava uniformizado.”
Eu tenho um sonho
Eu tenho um sonho
lutar pelos direitos dos homens
Eu tenho um sonho
tornar nosso mundo verde e limpinho
Eu tenho um sonho
de boa educação para as crianças
Eu tenho um sonho
de voar livre como um passarinho
Eu tenho um sonho
ter amigos de todas raças
Eu tenho um sonho
que o mundo viva em paz
e em parte alguma haja guerra
Eu tenho um sonho
Acabar com a pobreza na Terra
Eu tenho um sonho
Eu tenho um monte de sonhos...
Quero que todos se realizem
Mas como?
Marchemos de mãos dadas
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e ombro a ombro
Para que os sonhos de todos
se realizem!
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Comunicação nas Empresas
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Texto, Discurso, Coesão e Coerência textuais – Capítulo 2
Reflexão
Vimos, neste capítulo, que a coesão textual é responsável pelo enca-
deamento harmônico do texto, constituindo-se em um processo que esta-
belece a relação entre as sentenças ou as partes do texto. Se escrevermos
adequadamente um texto, mantendo sua coesão, facilitaremos o trabalho
de leitura, pois o leitor não terá de fazer um esforço excessivo para asso-
ciar as ideias ou as partes do texto que escrevemos.
Leituras recomendadas
Para aprofundar seus conhecimentos sobre cognição e texto, faça a
leitura de Cognição e texto: a coesão e a coerência textuais, de Carmen
Elena das Chagas, um estudo sobre a importância da coesão e da coerên-
cia na construção da progressividade do texto, o qual toma como modelo
o processo cognitivo que ambas necessitam para exercer o fundamental
papel de elementos linguísticos presentes na superfície textual, pois se in-
terligam e se interconectam, por meio de recursos também linguísticos, de
modo a formar um “tecido” no contexto em que estão inseridas.
Disponível em Ciências & Cognição 2007; Vol. 12: 214-218
<http://www.cienciasecognicao.org >
Referências
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Comunicação nas Empresas
No próximo capítulo
Após trabalharmos a noção de texto e apresentarmos mecanismos de
coesão textual, vamos desenvolver no capítulo seguinte, primeiramente, o
tema crase, os casos em que há obrigatoriedade do uso, os casos facultati-
vos e as situações em que a crase não deve ser utilizada. Vamos apresentar
também uma introdução sobre pronomes, sobre o emprego adequado dos
pronomes pessoais e por fim, trataremos da colocação pronominal.
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Crase e Colocação
Pronominal
3 Neste capítulo, iniciamos com explicações
sobre a origem da crase, seu emprego, apresen-
lo
tando as situações em que seu uso é obrigatório,
veremos também os casos em que seu uso é faculta-
ít u
Você se lembra?
Vou a Bahia? Ou vou à Bahia? Você já se deparou com muitas dú-
vidas a respeito do uso da crase? Lembra-se de situações, seja na
sua vida acadêmica ou profissional, em que se perguntou se tem
crase ou não tem crase em determinada oração? E nas situa-
ções de emprego de pronome? Isto é pra mim fazer? Ou Isto
é pra eu fazer? Pois bem, nesse capítulo vamos fazer as
pazes com esses dilemas, por meio de muito estudo, é
claro!
Comunicação nas Empresas
3.2.1 1º CASO
Ocorre a crase quando o termo regente (subordinante) exigir a pre-
posição a e o termo regido (subordinado) admitir o artigo definido a, ou
quando este último for representado por um pronome demonstrativo ini-
ciado por a. Ex.:
Conexão:
3.2.1.1 Vou à praça. Crase e acento são
conceitos distintos; entender
a +a essa distinção é fundamental
para bem compreender este
O termo regente ”Vou” exige a prepo- assunto.
sição a: quem vai, vai a algum lugar; o ter-
mo regido “praça” admite o artigo definido a
(a praça é bonita.). Neste caso, ocorreu a crase
e este a recebe acento grave.
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
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Comunicação nas Empresas
Ø + aquela ou:
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
3.2.3
2º CASO – Ocorre a crase em locuções (prepositivas, adverbiais
ou conjuntivas) com palavras femininas. Ex.:
Às vezes não a encontro à noite. (locuções adverbiais)
Os policiais estão à procura do ladrão. (locução prepositiva)
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Comunicação nas Empresas
rência da crase.
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
3.4 Crase
A palavra crase provém do grego (krâsis) e significa mistura. Na
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língua portuguesa, crase é a fusão de duas vogais idênticas, mas essa de-
nominação visa a especificar principalmente a contração ou fusão da pre-
posição a com os artigos definidos femininos (a, as) ou com os pronomes
demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo, aqueloutro.
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
Para saber se ocorre ou não a crase, basta seguir três regras básicas:
1. Só ocorre crase diante de palavras femininas, portanto nunca
use o acento grave indicativo de crase diante de palavras que
não sejam femininas.
Ex. – O sol estava a pino.
Sem crase, pois pino não é palavra feminina.
Ex. – Ela recorreu a mim.
Sem crase, pois mim não é palavra feminina.
Ex.– Estou disposto a ajudar você.
Sem crase, pois ajudar não é palavra feminina.
Casos especiais
Exs.:
Fizemos um churrasco à gaúcha.
Comemos bife à milanesa, frango à passarinho e espaguete à bolonhesa.
Joãozinho usa cabelos à Príncipe Valente.
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Comunicação nas Empresas
3.5 Pronome
Pronomes são palavras que substi- Os pronomes
tuem ou acompanham outras palavras, exercem papel fundamental
nas interações verbais. São eles
principalmente os substantivos. Podem que indicam as pessoas do discurso,
também remeter a palavras, orações expressam formas sociais de tratamento
e frases expressas anteriormente (CE- e substituem, acompanham ou retomam
palavras e orações já expressas. Contri-
REJA; MAGALHÃES, 2005).
buem, assim, para garantir a síntese, a
clareza, a coerência e a coesão do
Os pronomes que funcionam texto. (CEREJA; MAGALHÃES,
como substantivos chamam-se prono- 2005).
Ex.: Esta casa é mais confortável que a outra. (esta – pron. adjeti-
vo; outra – pron. subst.)
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
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Comunicação nas Empresas
3.8 Próclise
Para colocarmos adequadamente os pronomes na frase, devemos, an-
tes de tudo, estar atentos ao que soa bem. Esse procedimento ajuda bastante,
mesmo na língua escrita. Por exemplo, numa conversa ou num texto escrito,
dificilmente o falante diria ou escreveria “Você nunca disse-me isso”. Soa
melhor aos nossos ouvidos “Você nunca me disse isso”, o que coincide per-
feitamente com as regras da norma culta da língua portuguesa.
Apesar de a eufonia ser um critério importante, convém você co-
nhecer as regras do padrão culto da língua, para que possa usá-las com
propriedade, quando necessário.
Emprega-se a próclise quando há, antes do verbo, palavras que
exercem atração sobre o pronome; são chamados fatores de próclise.
3.8.1 Advérbios
Exs.:
Jamais os esquecerei.
Já me criticaram várias vezes.
Nunca se queixa nem se aborrece.
3.8.2 Pronomes
Exs.:
Aquilo nos interessa muito. (demonstrativo)
Tudo se transforma neste mundo. (indefinido)
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
dão?
Que de coisas me disse
a propósito da Vênus de Milo!
(Machado de Assis)
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Comunicação nas Empresas
A morte da tartaruga
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lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo pro-
fundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.
Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro e veio, estremunhado,
ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse:
— “Está aí assim há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei mais o
que faço. Já lhe prometi tudo, mas ele continua berrando desse jeito”. O pai
examinou a situação e propôs: — “Olha, Henriquinho. Se a tartaruga está
morta não adianta mesmo você chorar. Deixa ela aí e vem cá com o pai”.
O garoto depôs cuidadosamente a tartaruga junto do tanque e seguiu o pai,
pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse: —
“Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava
muito dela. Mas nós vamos fazer para ela um grande funeral”. (Empregou
de propósito a palavra difícil.) O menininho parou imediatamente de cho-
rar. “Que é funeral?” O pai lhe explicou que era um enterro. “Olha, nós
vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastantes balas, bombons,
doces e voltamos para casa. Depois botamos a tartaruga na caixa em cima
da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário. Aí convidamos
os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o ‘Happy-
-Birth-Day-To-You’ pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. De-
pois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos
a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em
que ela morreu. Isso é que é funeral! Vamos fazer isso?” O garotinho estava
com outra cara. “Vamos, papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente
lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela”. Saiu correndo. Enquanto
o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. “Papai, papai, vem cá, ela está
viva!” O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. A tartaruga
estava andando de novo normalmente. “Que bom, hein?” — disse — “Ela
está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!” “Vamos sim, papai” — disse
o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande — “Eu mato ela”.
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3.9 Mesóclise
Emprega-se o pronome no meio do verbo. Ocorre a mesóclise so-
mente quando a oração começar com verbo no:
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Comunicação nas Empresas
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
c) a pontuação do texto.
Esses sinais podem ser essencialmente separadores, como é o caso
da vírgula, ponto e vírgula, ponto final, ponto de exclamação e reticências
ou são de comunicação ou mensagem como dos dois pontos, as aspas sim-
ples e duplas, o travessão, os parênteses, colchetes e a chave.
Vejamos alguns exemplos em que os sinais de pontuação auxiliam
nossa compreensão sobre a língua, conferindo, desse modo, uma maior
clareza e simplicidade à escrita:
Exemplo 1
Embora a conjunção “e” seja aditiva, há três casos em que se usa a
vírgula antes de sua ocorrência:
a) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Por Exemplo:
João Pedro vendeu a casa, e a mulher protestou.
Exemplo 2
Quando a conjunção “e” vier repetida com a finalidade de dar ênfa-
se (polissíndeto).
E canta, e dança, e rodopia, e pula de alegria.
Exemplo 3
Quando a conjunção “e” assumir valores distintos que não seja da
adição (adversidade, consequência, por exemplo)
Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
Atividades
01. Agora, teste o que você aprendeu e explique se ocorre ou não a crase
nesta frase:
Ontem, na festa, muita gente fez referência a Vossa Senhoria.
da crase:
a) somente uma das frases.
b) todas as frases, excetuando-se as de número I e II.
c) todas as frases de número ímpar.
d) nenhuma das frases.
e) todas as frases, excetuando-se as de número I, VII e VIII.
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Comunicação nas Empresas
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Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
prego. (se)
f) “Teríamos a impressão de que _______ banhávamos _______ juntos.”
(G. Ramos) (nos)
g) “Santo Deus! _______ valha _______ Nossa Senhora do Amparo!”
(G. Ramos) (me)
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Comunicação nas Empresas
Reflexão
Usar ou não a crase, dominar as situações em que seu uso é obriga-
tório ou facultativo, compreender o que é que colocação pronominal e por
que em determinados casos, esses pronomes oblíquos átonos devem vir
antes, depois, ou entre os verbos, estão relacionados com o uso padrão da
nossa língua. Alguns podem até pensar que tudo isso é em vão, que pode-
mos nos comunicar muito bem sem esses conhecimentos, essas regras que
transformam a língua num engessado contínuo e sem sentido de tantas
normas. Sobre isso também nos faz refletir, em seu poema Pronominais,
Oswald de Andrade:
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
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A que conclusão chegarmos, portanto? Pois bem, deixo para vocês essa
reflexão, que deve ser o tema para muitas das discussões que ainda teremos.
80
Crase e Colocação Pronominal – Capítulo 3
Leituras recomendadas
Como se comunicar bem é o título de um livro da Série Sucesso Pro-
fissional, da Publifolha. Encontrado em livrarias ou bancas de jornal, esse
pequeno livro é muito valioso, pois trata de forma prática e direta de como se
comunicar de modo eficiente em diversas situações. O livro traz fotos, ilustra-
ções e gráficos que ajudam na compreensão dos conceitos apresentados.
81
Comunicação nas Empresas
Referências
BEZERRA, M. A.; SOUTO MAIOR, A. C.; BARROS, A. C. S. A
gíria: do registro coloquial ao registro formal. In: IV Congresso Na-
cional de Linguística e Filologia, Rio de Janeiro, v. I, nº 3, p. 37, 2000.
No próximo capítulo
No próximo capítulo, abordaremos especificamente questões rela-
cionadas com as dificuldades ortográficas e sintáticas da língua portugue-
sa. Destacaremos a homonímia e paronímia, uso dos porquês, pleonasmo,
solecismos e ambiguidade. Vamos, portanto, tratar da forma adequada ou
correta do uso da língua, no que diz respeito à norma culta ou padrão.
83
Comunicação nas Empresas
Minhas anotações:
Proibida a reprodução – © UniSEB
84
Dificuldades
Ortográficas e Sintáticas
Neste capítulo, abordaremos especi-
Você se lembra?
Desde o início de nossos estudos, houve sempre uma preocupação com a
escrita das palavras. Quantas vezes, a professora mandava-nos escrever
dez vezes (ou mais) uma mesma palavra, como se isso resolvesse o
problema!
Existem várias regras para a grafia das palavras, mas em muitos
casos não há uma explicação plausível, uma vez que algumas
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
4.1 Ortografia
A grafia das palavras em português segue, hoje, o sistema etimoló-
gico, ou seja, as palavras são escritas seguindo sua origem latina; antes do
século XVI, porém, as palavras eram escritas pelo sistema fonético, isto é,
como elas eram pronunciadas, o que gerou inúmeras confusões que per-
duram até os nossos dias.
GERAKTV / DREAMSTIME.COM
2. Sufixo -ISA
Usamos S no sufixo -ISA quando indicar feminino.
Ex.: poeta > poetisa, profeta > profetisa, sacerdote > sacerdotisa.
3. Após ditongos
Usamos S após ditongos (V + SV na mesma sílaba).
Ex.: coisa, pousada, faisão.
4. Nas formas verbais de querer e pôr (e derivados)
Ex.: quis, quisemos, pus, puseste, repuser, compusesse.
5. Verbos com S na palavra primitiva
São escritos com S os verbos formados com palavras primitivas
grafadas com S.
Ex.: análise > analisar, paralisia > paralisar, liso > alisar.
6. Escrevem-se com S:
aliás, ananás, apesar, Ásia, atrás,
através, bis, brasão, burguesia, casimira,
coliseu, coser (costurar), crisálida, frisar,
fusível, grisalho, invés, náusea, mosaico,
retrós, sósia, trás (prep.), traseira, vaseli-
na, viés.
Uso do Z
1. Em substantivos abstratos derivados de adjetivo
Ex.: altivo > altivez, ácido > acidez, grávida > gravidez, pobre >
pobreza.
2. Nos sufixos -izar e –ização
Ex.: amenizar, atualizar, civilizar, urbanização.
3. Escrevem-se com Z:
alteza, azia, baliza, batizar, bissetriz, buzina, capaz, capuz, cicatriz,
coalizão, correnteza, cozer (cozinhar), cuscuz, deslize, gaze, granizo, gui-
zo, noz (fruto), ojeriza, ratazana, revezar, rijeza, trapézio, vazar.
88
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
Estou escrevendo esta coluna imaginando que meu leitor esteja cur-
sando aí pela sétima série do ensino fundamental e tenha lá suas dificulda-
des na hora de grafar muitas palavras de nossa língua portuguesa. Saibam
que isso é normal. Nós, professores, e (acreditem!) até mesmo os autores
de dicionários consultam esses livros fantásticos, que eles produziram ou
coordenaram. Sim, porque o dicionário costuma ser obra de muita gente.
Portanto, nada de acanhamento quando errarem e nem desistam de escre-
ver seus textos só porque o professor assinalou alguns erros de grafia. Isso
acontece com todos nós.
Gentilmente, o professor Consolaro publicou neste “site” o nosso
“No mundo dos ditongos”, também endereçado às crianças. Acabou mo-
tivando-me a desengavetar a presente coluna, que pretende desembaraçar
um pouquinho o uso da letra “zê”. Vamos estudar apenas uma situação.
Certo?
Creio que vocês já ouviram falar de substantivos e adjetivos. Até
aqui nosso texto está repleto de substantivos. Empregamos, entre outros,
“coluna”, “leitor”, “série”, “dificuldades”, “hora”, “palavras” etc. Os
gramáticos ensinam que os substantivos nomeiam os seres em geral. É
bem possível que essa ferramenta não resolva totalmente o seu problema
de identificar os substantivos, sobretudo quando eles vêm no texto. Os
mesmos gramáticos dizem, também, que os adjetivos expressam uma qua-
lidade ou propriedade dos seres. Vocês poderiam, então, no meu entendi-
mento, trabalhar com a dupla substantivo/adjetivo e procurar encaixar o
segundo em função do primeiro. Acho que é um artifício que tem alguma
utilidade.
Assim, uma prova de que “coluna” é substantivo é que essa palavra
aceita um adjetivo para modificá-la. Poderíamos dizer “pequena coluna”
(adj. + subst.). No caso de “leitor”, segundo substantivo de nosso texto,
poderíamos ter “pequeno leitor”; ao substantivo “dificuldades” podería-
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Seria, possível, por exemplo, uma palavra como “claro” ser empre-
gada como substantivo? Claro que sim. Imagine que você apagou grande
parte de sua redação e não teve tempo de reescrever o que apagou. O pro-
fessor poderá dizer assim: “Ficou um claro em seu texto, menino”. Veja
que “claro” está empregado como substantivo. Uma prova disso é que
admite um adjetivo que o modifique, como em “Ficou um enorme claro
em seu texto, menino”.
Vocês devem estar se perguntando o que essa conversa toda tem a
ver com o uso do “zê”. Calma, que chegamos lá!.
A rigor, nem precisávamos de todo esse papo, pois para o nosso propó-
sito bastaria a classificação da palavra em estado de dicionário, fora do texto.
Se forem ao minidicionário do Aurélio, certamente vão encontrar que
“claro”, “belo”, “estranho”, “escasso”, “rico”, “certo”, “tímido” e “sensa-
to”, entre tantas outras palavras, são adjetivos. Concordam? Se duvidarem,
confiram... Saibam, então, que os substantivos que fizermos a partir desses
adjetivos serão todos grafados com a letra “zê”. Assim, observem:
Um discurso claro (subst. + adj.) revela clareza (subst.) de seu autor.
Uma pessoa bela (subst. + adj.) pode não ter beleza (subst.) interior.
Aquele homem estranho (subst. + adj.) provocou enorme estranheza
(subst.).
O petróleo é um combustível escasso (subst. + adj.), e a escassez
(subst.) preocupa.
Era um homem rico (subst. + adj.) mas de uma riqueza (subst.) egoísta.
Continuaríamos, fazendo de “certo”, “certeza”; de “tímido”, “timi-
dez” e de “sensato”, “sensatez”.
Ainda não dissemos que os substantivos que retiramos dos adjetivos
são classificados como abstratos, pois expressam nomes dependentes de
outros. Assim, “clareza” não existe sozinha, mas apenas em algo que é
“claro”. O mesmo raciocínio se aplica aos demais exemplos anteriores.
A lição que fica é a seguinte: grafam-se com “zê” os substantivos abstratos
que se formam a partir de adjetivos. Vale lembrar que a terminação “ez”
em palavras como “escassez”, “timidez” e “sensatez” não é acentuada.
Para terminar, uma pequena quadrinha que resume a lição de hoje:
Já que tenho um adjetivo
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e um substantivo a fazer,
cumpro bem meu objetivo
se grafar com a letra “zê”.
Disponível em: <www.portrasdasletras.com.br>
90
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
Uso do J
1. Nas palavras de origem tupi, africana e árabe
Ex.: jê, jenipapo, pajé.
2. Nas formas verbais dos verbos terminados em -jar
Ex.: arranje, despeje, trajem, viajem.
3. Nas palavras formadas de outras que terminam com -ja
Ex.: canja – canjica, loja – lojista.
4. Escrevem-se com J:
alfanje, berinjela, cafajeste, gorjeta, jeito, jenipapo, jiboia, jiló,
jirau, laje, majestade, manjedoura, ojeriza, rijeza, sarjeta, traje, trajetória.
91
Comunicação nas Empresas
Uso do CH
1. Palavras provenientes do latim, francês, italiano, espanhol, in-
glês, alemão, árabe e russo
Ex.: azeviche, babucha, bolchevique, brocha, chão, charlatão,
chave, chefe, chope, chucrute, chuva, deboche, mochila, salsicha, san-
duíche.
2. Escrevem-se com CH:
arrocho, bicha, brecha, brocha (prego curto), bucha, capacho,
chalé, chicória, chique, chuchu, chulé, cochichar,
esguicho, flecha, mochila, piche, pichar, rachar, Conexão:
rinchar, tacha (prego), tocha. Leia mais sobre
ortografia em <http://www.
portrasdasletras.com.br/pdtl2/
4.1.4 Principais usos de sub.php?op=gramatica/docs/em-
-SÃO, -ÇÃO, -SSÃO pregodasconsoantes>
Ex.: suceder > sucessão, agredir > agressão, exprimir > expres-
são.
92
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
Bom
elementos da composição têm acentua-
Céu
ção própria e formam uma unidade sig-
nificativa: couve-flor, guarda-chuva,
Água pé de moleque.
2. Com a partícula denotativa eis, se-
Dia
guida de pronome pessoal átono: eis-me,
eis-nos, eis-vos, ei-lo (com a queda do -s).
3. Nos adjetivos compostos: rubro-
negro, azul-claro, luso-brasileiro,
sino-nipo-germânico.
4.2.1 Usa-se o hífen
O prefixo ou falso prefixo termina em vo-
anti-ibérico, arqui-inimigo, auto-observa-
gal, e o segundo elemento começa por
ção, contra-atacar, micro-ondas.
vogal igual.
O prefixo termina em consoante, e o se-
inter-regional, hiper-rancoroso, super-
gundo elemento começa por consoante
romântico.
igual.
Com prefixo antes de H. anti-herói, anti-higiênico, sobre-humano,
super- -homem.
(Atenção: subumano)
Com o prefixo sub-, nas palavras iniciadas
sub-raça, sub-região.
por R.
Com os prefixos circum- e pan-, nas pala-
circum-navegação, pan-americano.
vras iniciadas por vogal, m ou n.
Com os prefixos ex-, vice-, soto-. ex-marido, vice-presidente, soto-mestre.
Com os elementos além, aquém, pós-, além-mar, aquém-oceano, pós-gradua-
pré-, pró-, recém, sem. ção, pré-
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-teto.
Com sufixos de origem tupi-guarani: -açu, capim-açu, jacaré-açu, amoré-guaçu,
-guaçu, -mirim. Ceará-mirim.
Em locuções já consagradas pelo uso. água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-
rosa, mais-que-perfeito, ao-deus-dará, à
queima-roupa.
Nas palavras com encadeamento vocabular. ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
93
Comunicação nas Empresas
que.
94
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
discrição.
A seguir, veremos uma lista com os principais homônimos e parô-
nimos.
95
Comunicação nas Empresas
4.3.1 Homônimos
Palavra ou expressão Significado
Acender pôr fogo, alumiar
Ascender subir, elevar-se
Acento sinal gráfico, tom de voz
Assento lugar de sentar-se
acerca de sobre, a respeito de
há cerca de faz aproximadamente
Acessório adicional, secundário
Assessório assessorial, relativo a assessores
afim de que tem afinidade, semelhante a
a fim de para, com a finalidade de
Alto de grande dimensão vertical
Auto ato público, registro escrito de uma ocorrência
Apreçar perguntar o preço
Apressar dar pressa
Caçar apanhar animais ou aves
Cassar anular, revogar
Calda xarope
Cauda rabo
Cela pequeno quarto de dormir
sela arreio
Censo recenseamento
Senso raciocínio, juízo claro
Cerrar fechar
Serrar cortar com serra ou serrote
Cessão ato de ceder
Seção corte, divisão
Sessão reunião, agrupamento
Cheque ordem de pagamento
Xeque lance do jogo de xadrez
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Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
Cozer cozinhar
Empoçar formar poça
Empossar dar ou tomar posse
Espectador aquele que assiste a um espetáculo
Expectador aquele que permanece na expectativa
Esperto atento, inteligente, vivo
Experto especialista, perito
Incipiente principiante
Insipiente ignorante
Laço nó
Lasso frouxo, gasto, cansado
Paço palácio
Passo passada
Saldar pagar o saldo de, liquidar
Saudar cumprimentar, aclamar
Segmento porção de um todo
Seguimento continuação
Sexta numeral correspondente a seis
Cesta utensílio de transporte
Tacha pequeno prego
Taxa imposto
4.3.2 Parônimos
Palavra ou expressão Significado
Abjeção baixeza, degradação
Objeção réplica, contestação
Absolver inocentar, perdoar
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97
Comunicação nas Empresas
Buxo Arbusto
Cavaleiro que anda a cavalo
Cavalheiro homem educado, gentil
Comprimento Extensão
Cumprimento saudação, execução
Conjetura suposição, hipótese
Conjuntura situação, circunstância
Deferir atender, conceder
Diferir adiar, ser diferente
Delatar Denunciar
Dilatar alargar, ampliar
Descrição ato de descrever, expor
Discrição qualidade de discreto, reserva
Descriminar Inocentar
Discriminar diferenciar, distinguir
Despensa lugar de guardar mantimentos
Dispensa isenção, licença
despercebido não notado
Desapercebido desprovido, despreparado
Emenda correção de falta ou defeito, alteração
Ementa resumo, síntese
Emergir vir à tona, surgir
Imergir mergulhar, afundar
Eminente célebre, notável
Iminente próximo, prestes a acontecer
Esbaforido ofegante, cansado
Espavorido apavorado, assustado
Estada permanência da pessoa
Estadia permanência de veículo
Estrato tipo de nuvem
Extrato resumo, essência
Flagrante Evidente
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Fragrante Perfumado
História narrativa de fatos reais
Estória narrativa de ficção
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Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
lar. Haver e fazer são impessoais quando indicam ideia de tempo, nesse
caso, devem também permanecer na terceira pessoa do singular.
Há informações que não podemos desprezar.
Havia três pessoas na reunião.
Deve ter havido sérios problemas com o computador.
Há anos não o procuro.
Faz anos que não o procuro.
Fazia dez anos que não encontrava aquele amigo.
de”, “a maior parte de” ou “grande número de” mais o nome no plural,
teremos a possibilidade de colocar o verbo no singular ou plural.
A maior parte dos trabalhadores aceitou a orientação do sindicato.
A maior parte dos trabalhadores aceitaram a orientação do sindicato.
100
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
Vou ao mercado.
Fui à feira.
Devo chegar a Brasília no próximo mês.
Nosso gerente foi para a nova filial em Salvador.
102
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
4.6.3 Aspirar:
Quando é usado com o sentido de “respirar”, emprega-se sem prepo-
sição; quando significar “ter por objetivo”, usa-se com a preposição “a”.
Gostávamos de aspirar o ar excelente daquelas montanhas.
Em nossa empresa, admiramos aqueles que aspiram a uma melhor
colocação.
4.6.4 Assistir:
Quando é usado com o sentido de “ser espectador”, emprega-se a
preposição “a”.
Assistíamos ao filme comendo pipoca e bebendo guaraná.
Não quero que os funcionários assistam à programação da TV du-
rante o expediente.
4.6.5 Emprestar
Deve ser usado somente no sentido de ceder por empréstimo.
Emprestei os livros à diretora da empresa.
Devo emprestar o dinheiro a você somente na próxima semana.
Atenção: No sentido de obter por empréstimo, diz-se pedir ou to-
mar emprestado: Pedi emprestadas algumas folhas a meu colega.
4.6.9 Visar
No sentido de apontar para um alvo ou de carimbar um documento,
deve ser usado sem preposição. No sentido de ter por objetivo, usa-se a pre-
posição “a”, a menos que haja um verbo depois do próprio verbo visar.
Os Estados Unidos não visaram o passaporte do exilado iraquiano.
O exército inimigo visou o arsenal nuclear no ataque.
4.7.1 Substantivos
Obediência a
Admiração a, por Devoção a, para com, por
Ojeriza a, por
Aversão a, para, por Doutor em
Proeminência sobre
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, so-
bre Respeito a, com, para
Bacharel em
com, por
Capacidade de, para Horror a
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Impaciência com
Medo a, de
104
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
4.7.2 Adjetivos
Acessível a Curioso de, por Impróprio para
Acostumado a, com Descontente com Insensível a
Agradável a Desejoso de Natural de
Alheio a Diferente de Necessário a
Análogo a Entendido em Paralelo a
Ansioso de, para, por Equivalente a Passível de
Apto a, para Essencial a, para Preferível a
Benéfico a Fácil de Prejudicial a
Capaz de, para Favorável a Prestes a
Compatível com Grato a, por Próximo a, de
Contemporâneo a, de Hábil em Relacionado com
Contíguo a Habituado a Semelhante a
Contrário a Idêntico a Sito em
Fonte: PASQUALE & ULISSES, 1999, p. 526-527
4.7.3 Advérbios
Longe de Paralelamente a
Perto de Relativamente a
Fonte: PASQUALE & ULISSES, 1999, P. 527
105
Comunicação nas Empresas
4.8.3 Porque
Equivale a “pois”, “já que”, “uma vez que”, “como”. Pode também
indicar finalidade, equivalendo a “para que”, “a fim de”.
A moeda desvalorizou-se porque o cenário mundial mostrou-se
instável.
A moeda desvalorizou-se já que o cenário mundial mostrou-se instável.
Imagino que receberemos a indenização porque ninguém contestou
nosso pedido.
Imagino que receberemos a indenização uma vez que ninguém
contestou nosso pedido.
Não julgues porque não te julguem.
Não julgues para que não te julguem.
4.8.4 Porquê
Representa um substantivo, significando “causa”, “razão”, “motivo”.
Não me deu pelo menos um porquê de sua ausência.
Não me deu pelo menos um motivo de sua ausência.
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106
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
4.9.1 Onde/Aonde
Aonde: usado quando há indicação de ideia de movimento ou apro-
ximação.
Aonde ele foi?
Sempre vou aonde sou bem recebido.
O diretor vai aonde amanhã?
Aonde você quer chegar com essa argumentação?
Onde: indica permanência, o lugar em que se está ou se passa algo.
Onde você fica nas férias?
Mostre ao cliente o local onde a bagagem deve ser deixada
Alguém sabe onde está o funcionário responsável pelo chek-in?
4.9.2 Mal/Mau
Mal: opõe-se a bem.
Sabia que ele se comportaria mal.
O diretor julgou mal a atitude da assessoria.
O mal da nossa empresa está nas estruturas arcaicas.
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Comunicação nas Empresas
bilidades de investimento.
Afim: usado com o sentido de afinidade.
Temos ideias afins.
Nossa ideia de gestão é afim.
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Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
no próximo mês.
Este departamento comunica que as novas regras serão implantadas
imediatamente.
Esse: refere-se ao mais distante e ao destinatário.
Esse relatório que você está lendo não me parece apropriado.
Precisamos melhorar o setor de encomendas. Esse setor é vital para
nossa empresa.
Esse seu colega é muito competente, apresente-o amanhã ao novo
diretor.
109
Comunicação nas Empresas
110
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
111
Comunicação nas Empresas
112
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
ideia já contida no verbo chover (chovia chuva). Neste caso, essa repe-
tição foi usada para reforçar a expressividade do verbo chover. Temos,
neste caso, o pleonasmo intencional.
Já o pleonasmo vicioso é a repetição supérflua da palavra ou da
ideia contida nela, constituindo, portanto, um vício de linguagem. Veja-
mos alguns exemplos de pleonasmo vicioso:
“Entrar para dentro.”
“Sair para fora.”
“A brisa matinal da manhã.”
113
Comunicação nas Empresas
4.11.2 Ambiguidade
A ambiguidade ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade
de sentido da oração.
Exemplos:
Maria disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado
é de Maria ou da amiga?)
O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no
chão? Pai ou filho?)
4.11.3 Cacofonia
A cacofonia ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na
frase provoca som desagradável ou palavra inconveniente.
4.11.4 Solecismo
Ao falar e ao escrever, as pessoas cometem inadequações de lingua-
gem: algumas por falta de conhecimento; outras, propositadamente. Para
Bechara (2009), solecismo é o erro de sintaxe (que abrange a concordân-
cia, a regência, a colocação e a má estruturação dos termos da oração) que
a torna incompreensível ou imprecisa, ou a inadequação de se levar para
uma variedade de língua a norma de outra variedade; em geral, da norma
coloquial ou popular para a norma exemplar:
114
Dificuldades Ortográficas e Sintáticas - Capítulo 4
Atividades
01. Complete os espaços com a forma apropriada entre parênteses.
a) Paciência é ________ quando se está no meio de uma crise. (necessá-
rio/necessária)
b) A aluna se limitou a dizer: muito ________. (obrigado/obrigada)
c) Já ________ duas e ________. (é/são; meio/meia)
d) Já ________ dois dias e ________ que estamos trabalhando sem ener-
gia elétrica. (faz/fazem; meio/meia)
e) Aquela escola é ________ distante de minha casa. (meio/meia)
f) Os alunos que não estiverem ________ com as mensalidades poderão
fazer as provas. (quite/quites)
g) No final do semestre, estamos todos ________ ocupados. (bastante/
bastantes)
Reflexão
Nesse capítulo, estudamos as principais regras de ortografia; apren-
demos a distinguir os homônimos dos parônimos e como usá-los num
contexto. Vimos, também, o emprego dos porquês e sua importância no
estudo e domínio da norma culta.
115
Comunicação nas Empresas
Leituras recomendadas
Para estudar mais sobre ortografia, veja estes livros:
CEGALA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São
Paulo: Nacional, 2005.
Referência
CÂMARA JUNIOR, J. M. História e estrutura da língua portugue-
sa. Rio de Janeiro: Padrão Literário, 1976.
117
Comunicação nas Empresas
No próximo capítulo
No próximo capítulo serão desenvolvidas, por meio do estudo da
aplicação da linguagem formal no moderno texto empresarial, algumas
habilidades que irão contribuir para uma boa comunicação escrita no con-
texto das organizações. Além de identificar as características da lingua-
gem empresarial moderna; serão apresentadas algumas técnicas que con-
tribuem para a concisão, objetividade e clareza do texto com a finalidade
de utilização de uma linguagem formal nas comunicações que ocorrem no
ambiente organizacional.
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118
Correspondência nas
Empresas
5 Neste capítulo, você terá a oportunidade de
aprender e desenvolver habilidades que poderão
lo
contribuir para uma boa comunicação escrita no
contexto das organizações. Vamos identificar as carac-
ít u
Você se lembra?
Quantas correspondências de empresas ou de instituições você já recebeu
ao longo de sua vida? Talvez não dê nem para contar, não é mesmo? Você
já reparou que a linguagem do texto dessas correspondências tem deter-
minadas características? Pois é, geralmente encontramos uma lingua-
gem mais formal e impessoal em muitas correspondências institucio-
nais. Há certas normas e padrões que orientam os textos produzidos
pelas empresas.
Nesse capítulo, você terá a oportunidade de estudar a linguagem
que predomina nas mensagens e textos que circulam no meio
empresarial.
Comunicação nas Empresas
Isso quer dizer que um texto mal escrito pode até acarretar perda de
prestígio para uma empresa. Várias são as consequências que podem ser
listadas no caso de documentos mal escritos no contexto organizacional.
Vejamos:
As pessoas tornam-se desmotivadas para prestar atenção ao que
estão lendo.
Há o privilégio da troca oral de informações. Na palavra falada, o
sábio ditado popular já diz que “quem conta um conto aumenta um
ponto”. Assim, não há garantia de que a informação será transmiti-
da com fidedignidade.
As lideranças têm sua credibilidade enfraquecida, pois a ideia que
se forma é a de que “querem nos enrolar”.
As mensagens deformadas causam retrabalho para todos os envol-
vidos, seja àqueles a quem a mensagem está dirigida, seja ao setor
ou departamento emissor da informação. Há caso de empresas que
precisaram de seis meses para operar um recadastramento, quando
o tempo inicial previsto era de apenas um mês. E tudo isso ocasio-
nado por um memorando inadequado. Neste caso, como pela lei da
física, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, o
recadastramento ocupou cinco meses de vários outros trabalhos.
Há conflitos internos constantes que, por sua vez, ocasionarão uma
cultura interna de desagregação, em vez da sinergia positiva neces-
sária à sobrevivência de qualquer grupo socialmente constituído.
As mensagens externas não funcionarão como geratrizes de no-
vos negócios, seja por falta de persuasão no texto expresso, seja
por equívocos e ambigüidades ocasionadores de perdas lucrativas
(GOLD, 2005, p. 3-4).
Diante desses efeitos negativos que um texto mal escrito pode produzir
EAD-14-Comunicação nas Empresas – Proibida a reprodução – © UniSEB
5.2.1 Concisão
A concisão pode ser entendida como a capacidade de comunicar o
máximo de informação com o mínimo de palavras, evitando-se subterfú-
gios e clichês que tornam o texto antiquado e rebuscado. O texto conciso
se caracteriza, também, como “aquele em que todas as palavras e infor-
mações utilizadas tenham uma função significativa” (GOLD, 2005, p. 7).
121
Comunicação nas Empresas
Exemplo:
Esta tem o objetivo de comunicar → Comunicamos
Vimos por meio desta informar → Informamos
122
Correspondência nas Empresas – Capítulo 5
Eliminar os clichês
Exemplo: Nada mais havendo a declarar, subscrevemo-nos →
Atenciosamente
Cortar redundâncias
Exemplo: Em resposta ao ofício enviado por V. Sª. → Em respos-
ta ao seu ofício
*Glossário
Queísmo um termo que designa o exagero no uso do pronome rela-
tivo “que”.
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123
Comunicação nas Empresas
voz ativa indica que o sujeito participa ou pratica a ação denotada pelo
verbo. A voz passiva indica que a ação ou processo expressado pelo
verbo é recebida pelo sujeito.
124
Correspondência nas Empresas – Capítulo 5
5.2.2 Objetividade
A objetividade das comunicações no contexto organizacional deve
se caracterizar pela centralidade das informações que realmente são im-
portantes, não se acrescentando detalhes ou palavras que distraiam o lei-
tor. Por isso, a objetividade será alcançada quando o leitor for conduzido
mais diretamente ao assunto que se quer tratar.
Um texto objetivo não apresenta excesso de palavras ou de ideias. É
um texto sem redundâncias.
Vejamos um exemplo de texto antiquado, que peca pela falta de ob-
jetividade.
Prezados Senhores,
Pedimos gentilmente, por meio desta, a fineza de nos fornecer
informações relativas à idoneidade moral e a capacidade profissional
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Comunicação nas Empresas
Prezados Senhores,
Em virtude de o Sr. Péricles Gordinho nos ter fornecido a sua
empresa como referência, solicitamos a gentileza de nos remeter infor-
mações quanto à idoneidade moral e à capacidade profissional de seu
ex-funcionário.
Esclarecemos ainda que, obviamente, sua informação será reves-
tida do mais absoluto cuidado e sigilo.
Extraído de GOLD, 2005, p. 35
5.2.3 Clareza
Às vezes, temos muito claro, para nós mesmos, o que queremos di-
zer, mas na hora de escrever...
Pois é, não basta ter clareza ou organização mental sobre o que
precisamos comunicar. Além disso, precisamos organizar adequada-
mente o que temos em mente, considerando que outra pessoa lerá o
que escrevemos.
A clareza de um texto está no fato de que um leitor não familiariza-
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Correspondência nas Empresas – Capítulo 5
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Comunicação nas Empresas
Data
Escreva o dia sem o zero à esquerda.
O nome do mês em letra minúscula.
O ano sem ponto ou espaço depois do milhar.
Coloque ponto final depois da data.
→ São Paulo, 7 de janeiro de 2008.
No meio do texto, a data pode ser escrita com dois dígitos
→ 07-01-2008
Destinatário
Não coloque o endereço do destinatário no corpo da carta, a menos que você
utilize “envelope janelado”;
À → facultativo;
Petróleo Brasileiro S.A.
O a com crase decorre de a palavra empresa estar subentendida
Ao → facultativo
Banco do Brasil S.A.
At. → abreviatura que significa atenção (não use att.)
Somente use A/C no envelope.
Assunto e referência
Referência é o número do documento que mencionamos numa determinada
correspondência;
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Correspondência nas Empresas – Capítulo 5
Vocativo
O vocativo deve concordar com o destinatário em gênero e número.
Veja:
Ao
Banco do Brasil S.A.
Assessoria Jurídica
At.: Sr. João da Silva
Prezado Senhor,
Ao
Banco do Brasil S.A.
Assessoria Jurídica
Prezados Senhores,
Vamos verificar como fica uma carta que segue essas recomenda-
ções e outras que você vai descobrir com o nosso exemplo.
Veja:
Ct 23 – DIVIRH
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2004.
À
Empresa Tal S. A.
At.: Sra. Adélia Prado
Assunto: Padrão datilográfico
Prezada Senhora,
Esta carta ilustra o preenchimento das novas correspondências das empresas.
As instruções que se seguem devem ser repassadas a todos os funcionários,
responsáveis pela manutenção da imagem de modernidade da Empresa.
A única margem aceita, a partir dos anos 1990, é a da esquerda, começando-se
com a data e só terminando com a assinatura. Não deve haver nenhum elemen-
to do lado direito, à exceção da padronização recomendada para o ofício e para
o memorando das repartições públicas.
Observe-se que não se usa mais colocar o endereço do destinatário no corpo da
carta, a menos que o envelope seja janelado. Entretanto, pode ser discriminado
o setor ao qual a carta está sendo enviada.
Em relação à margem direita, ela pode, conforme Instrução de 1982, não estar
alinhada. Porém, com o uso do computador cada vez mais disseminado, a ten-
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Comunicação nas Empresas
E você vai relatar suas atividades, verifique cada fato para assegurar
sua precisão. Se você foi chamado para fazer um relatório sobre um
assunto específico – um produto novo, por exemplo –, liste o que
necessita saber em uma série de pontos. Procure as fontes ao seu al-
cance e confira se está cobrindo todos os aspectos. Antes de finalizar,
faça com que as informações obtidas em uma fonte sejam confirma-
das por no mínimo mais uma autoridade (HELLER, 2000, p. 48).
Essas dicas não devem ser vistas como regras rígidas e infalíveis,
mas como sugestões que devem ser contextualizadas e adaptadas de acor-
do com as necessidades e realidade de cada situação.
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Correspondência nas Empresas – Capítulo 5
5.5.5 O ofício
É um tipo de correspondência oficial muito comum, servindo para
comunicação entre autoridades, instituições e empresas. Geralmente, suas
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características são:
a) Papel formato ofício, sem pauta, timbrado, de 22 cm por 33 cm;
b) epígrafe (local e data, número e ementa);
c) invocação (indicação da autoridade a quem é dirigido);
d) contexto (mensagem);
e) fecho (expressão de cortesia, assinatura e cargo do remetente);
f) direção (nome, cargo e endereço do destinatário).
Os parágrafos de um ofício costumam ser numerados a partir do
segundo (RIBEIRO, 2005, p. 414).
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Comunicação nas Empresas
5.5.6 O requerimento
É uma solicitação dirigida a determinada autoridade. Suas princi-
pais características, de acordo com Ribeiro (2005, p. 415), são:
a) papel ofício, com margem à esquerda de 5 cm e de 1 cm à direita;
b) vocativo – título funcional do destinatário, precedido de Ilmo.
Sr. Ou Exmo., de acordo com a autoridade a que é dirigido.
c) espaço de oito a dez linhas para o despacho da autoridade;
d) preâmbulo – após o espaço relativo ao parágrafo, faz-se a quali-
ficação do requerente (nome, nacionalidade ou naturalidade, pro-
fissão, estado civil, residência, local de exercício da função etc.);
e) contexto – parte em que o requerente expõe resumidamente o
seu pedido, justificando sempre que necessário;
f) fecho – com as expressões “Nestes termos” (na primeira linha
logo abaixo do contexto) e “Pede deferimento” na linha se-
guinte. Nas petições em juízo há outras fórmulas;
g) localidade e data – imediatamente após o fecho;
h) assinatura – na linha logo abaixo.
5.5.7 Ata
É um resumo dos fatos, resoluções e ocorrências de reuniões e
assembleias em geral. Obedece a algumas normas, como escrever tudo
seguidamente, sem rasuras, nem entrelinhas. Geralmente, há um livro pró-
prio para atas (RIBEIRO, 2005, p. 415).
Atividades
01. Como você resolveria a ambiguidade das frases abaixo?
a) O gerente conversou com o supervisor em sua sala.
b) Encontrei um funcionário entre o grupo que estava uniformizado.”
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Correspondência nas Empresas – Capítulo 5
Reflexão
Considere que as correspondências oficiais, comerciais ou empresa-
riais não deixam de ser documentos, por isso, é importante usar a língua
adequadamente nesses textos e seguir as normas ou padrões estabeleci-
dos. A forma como tratamos a língua portuguesa nas correspondências e
nos documentos profissionais revelará, em parte, a qualidade e o cuidado
de uma empresa ou instituição.
Leituras recomendadas
Se você deseja saber mais sobre normas de correspondência e a res-
peito de padronização de documentos oficiais, consulte e leia atenciosa-
mente a Instrução normativa nº 4, de 6 de março de 1992, da Secretaria da
Administração Federal. Você também pode conferir o Manual de Redação
da Presidência da República na Internet: <https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/manual/ManualRedPR2aEd.doc>
Você pode investir no aprendizado sobre produção textual lendo
artigos que tratam do assunto. Uma sugestão é o artigo “A dinâmica da
redação criativa: as estratégias que preparam o terreno para quem quer
escrever textos mais dinâmicos e criativos”, de Luiz Costa Pereira Junior,
publicado na Revista Língua Portuguesa, disponível em: <http://revista-
lingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11730> .
Referências bibliográficas
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FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 12. ed. São Pau-
lo: Ática, 1996.
____. Lições de texto: leitura e redação. 4 ed. São Paulo: Ática, 2001.
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Comunicação nas Empresas
Minhas anotações:
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