Sie sind auf Seite 1von 3

TJMG. Exceção de contrato não cumprido. Art.

476 do
CC/2002. Interpretação. Sobre o tema, ensina Jonas
Figueiredo Alves: "O princípio exceptio non adimpleti
contractus, decorrente da dependência recíproca das relações
obrigacionais assumidas pelas partes, é exercido pelo
contratante cobrado, recusando-se à sua exigibilidade
(satisfazer a sua obrigação) por via da exceção do contrato não
cumprido; quando a ela instado, invoca o inadimplemento da
obrigação do outro. O princípio tem incidência quando ocorre
uma interdependência, pela simultaneidade temporal de
cumprimento (termos comuns ao adimplemento) entre as
obrigações das partes, ou seja, as obrigações devem ser
recíprocas e contemporâneas. Humberto Theodoro Júnior
refere-se à necessidade de uma conexidade causal entre a
prestação cobrada e aquela que o excipiente invoca como não
cumprida. Maria Helena Diniz leciona o exemplo do contrato de
compra e venda à vista, onde o dever de pagar o preço e o de
entrega a coisa estão ligados." (Novo Código Civil Comentado -
Coordenação de Ricardo Fiúza, 1ª ed., São Paulo: Saraiva,
2003, p. 421).
Data: 26/10/2011
Acórdão: Apelação Cível n. 1.0431.08.039202-7/001, de Monte Carmelo.
Relator: Des. Gutemberg da Mota e Silva.
Data da decisão: 20.09.2011.

Número do processo: 1.0431.08.039202-7/001(1)


Númeração Única: 0392027-79.2008.8.13.0431
Processos associados: clique para pesquisar
Relator: Des.(a) GUTEMBERG DA MOTA E SILVA
Relator do Acórdão: Des.(a) GUTEMBERG DA MOTA E SILVA
Data do Julgamento: 20/09/2011
Data da Publicação: 30/09/2011

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - FINANCIAMENTO HABITACIONAL - "CONTRATO DE GAVETA" -


INADIMPLEMENTO - EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO - ART. 476 do Código Civil. - De
acordo com o art. 476 do Código Civil, nos contratos bilaterais, o contratante que não satisfizer
antes a sua obrigação não poderá cobrar o implemento da do outro.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0431.08.039202-7/001 COMARCA MONTE CARMELO GILSON FERREIRA DA


SILVA APELANTE(S) SIMONE NAVES DA SILVA APELADO(A)(S)

ACÓRDÃO
Vistos etc., acorda, em Turma, a 10ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
na conformidade da ata dos julgamentos, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
Belo Horizonte, 20 de setembro de 2011.

DES. GUTEMBERG DA MOTA E SILVA


RELATOR

DES. GUTEMBERG DA MOTA E SILVA (RELATOR)


VOTO
GILSON FERREIRA DA SILVA interpôs apelação pleiteando a reforma da sentença do MM. Juiz da 2ª
Vara da Comarca de Monte Carmelo, que julgou improcedentes os pedidos formulados na ação anulatória
ajuizada em face de SIMONE NAVES DA SILVA, sob o fundamento de que no contrato de compra e
venda de um imóvel residencial, celebrado entre as partes, não há nenhuma cláusula que obrigue a ré,
ora apelada, a transferir o financiamento do imóvel para o seu nome perante a Caixa Econômica Federal,
e, ainda que houvesse, não foi comprovada a impossibilidade de fazê-lo por motivo de insuficiência
financeira, e também porque não houve comprovação de vício de consentimento, e tampouco dos
alegados danos morais.
O magistrado julgou procedente o pedido reconvencional, condenando o ora apelante a pagar à apelada
a quantia de R$ 2.525,69, fundamentando que, de acordo com o contrato celebrado entre as partes,
SIMONE NAVES se comprometeu a pagar as prestações mensais do contrato de financiamento, apenas
até o valor de R$ 200,00, e eventual excedente deveria ter sido quitado por GILSON FERREIRA, mas ele
não o fez.
O apelante afirmou que o valor do imóvel é de R$ 30.000,00, tendo a apelada quitado à vista a quantia de
R$ 10.000,00, e se comprometido a pagar os outros R$ 20.000,00, equivalentes ao saldo devedor do
financiamento obtido perante a Caixa Econômica Federal, mediante quitação das 200 parcelas
remanescentes, no valor de R$ 253,71 cada.
Alegou que o contrato foi celebrado de forma irrevogável e irretratável, ressalvada a hipótese de
inadimplemento por parte do comprador, prevista na cláusula 6ª, que autoriza a rescisão contratual
imediata. Esclareceu que, em razão do descumprimento daquela cláusula pela apelada, houve a restrição
do financiamento e a inscrição do seu nome em cadastro de inadimplentes, pelo que deve ser declarada a
rescisão do contrato.
Sustentou que o inadimplemento superior a 90 dias autoriza a Caixa Econômica Federal a leiloar o
imóvel, e que, como a apelada está na posse do bem desde 14-10-2003, deverá pagar pela fruição
correspondente ao valor mensal de aluguel até a data da sua entrega, bem como indenização por danos
materiais e morais.
Contrarrazões às fls. 122 a 126.
É o relatório. DECIDO.
Conheço do recurso, pois presentes seus pressupostos de admissibilidade.
GILSON FERREIRA DA SILVA adquiriu de Erci Vicente da Silva e Vanilda Eduardo Rodrigues Silva um
imóvel residencial situado na Rua Piau, nº 565, Bairro Boa Vista, Monte Carmelo, Minas Gerais, com
parte dos recursos obtidos por meio de financiamento pela Caixa Econômica Federal, a quem o bem foi
dado como garantia hipotecária (fls. 8 a 17).
O autor, ora apelante, instruiu a petição inicial com cópia do "Compromisso de Compra e Venda de
Imóveis" celebrado com SIMONE NAVES DA SILVA, por meio do qual vendeu a ela o referido imóvel,
pelo preço de R$ 30.000,00, sendo R$ 10.000,00 imediatamente quitados, a título de sinal, e o restante
mediante compromisso de pagamento, pela ré, ora apelada, das prestações vincendas do financiamento
imobiliário (fls. 21 e 22).
Por meio de contratos desta natureza, popularmente conhecidos como "contratos de gaveta", o mutuário,
sem a intervenção ou anuência do agente financeiro, cede a um terceiro a posse do imóvel e os direitos
referentes ao financiamento habitacional que lhe fora concedido.
No caso dos autos, como bem observou o magistrado, o contrato celebrado entre as partes não previu a
hipótese de rescisão em caso de insuficiência financeira da apelada, mas no de eventual inadimplemento
por parte da compradora (fls. 22), o que, não necessariamente, tem o mesmo significado.
Além disso, a cláusula nº 3 do referido contrato previu que o pagamento dos R$ 20.000,00
remanescentes, financiados pela Caixa Econômica Federal, seriam pagos da seguinte forma:
"em 200 parcelas de R$ 253.71 (duzentos e cinquenta e três reais e setenta e um centavos, dos quais o
VENDEDOR, se compromete ao pagamento do que exceder ao valor de R$ 200,00 (duzentos reais), por
um período de 36 (trinta e seis meses), a partir de 26 de julho de 2003, até 26 de julho de 2006, havendo
ou não reajuste do valor do valor da prestação no período" (sic) [fls. 21].
No entanto, a instrução comprovou que a ré, ora apelada, quitou integralmente as prestações relativas
àquele período, todas superiores a R$ 200,00, mas o apelante não lhe reembolsou o excedente, razão
pela qual ele não lhe poderia exigir o cumprimento da sua obrigação. É o que dispõe o art. 476, do Novo
Código Civil:
"Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro".
Sobre o tema, ensina Jonas Figueiredo Alves:
"O princípio exceptio non adimpleti contractus, decorrente da dependência recíproca das relações
obrigacionais assumidas pelas partes, é exercido pelo contratante cobrado, recusando-se à sua
exigibilidade (satisfazer a sua obrigação) por via da exceção do contrato não cumprido; quando a ela
instado, invoca o inadimplemento da obrigação do outro. O princípio tem incidência quando ocorre uma
interdependência, pela simultaneidade temporal de cumprimento (termos comuns ao adimplemento) entre
as obrigações das partes, ou seja, as obrigações devem ser recíprocas e contemporâneas. Humberto
Theodoro Júnior refere-se à necessidade de uma conexidade causal entre a prestação cobrada e aquela
que o excipiente invoca como não cumprida. Maria Helena Diniz leciona o exemplo do contrato de compra
e venda à vista, onde o dever de pagar o preço e o de entrega a coisa estão ligados." (Novo Código Civil
Comentado - Coordenação de Ricardo Fiúza, 1ª ed., São Paulo: Saraiva, 2003, p. 421).
Por esta razão, em observância ao princípio da exceção do contrato não cumprido, deve ser mantida a
sentença.
Pelo exposto, nego provimento à apelação, mantendo integralmente a sentença.
Custas recursais pela apelante.

DES. VEIGA DE OLIVEIRA (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. PAULO ROBERTO PEREIRA DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "RECURSO NÃO PROVIDO."

Das könnte Ihnen auch gefallen