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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a práxis e a prática educativa em Paulo Freire,
sendo produto de pesquisa realizada com estudantes do Mestrado Acadêmico
Intercampi em Educação e Ensino (MAIE), da Universidade Estadual do Ceará
(UECE). A questão central do trabalho volta-se para a indagação de como o conceito de
práxis pode ser articulado à prática pedagógica a partir dos significados atribuídos por
Paulo Freire. Na metodologia, a questão foi trabalhada pelos mestrandos da turma
Trabalho, Práxis e Educação em dois momentos: inicialmente, as leituras e debates
coletivos apontaram para compreensões diversificadas; posteriormente, sintetizamos os
principais indicativos para a prática docente. Neste artigo, resgatamos o conceito de
práxis a partir dos escritos de Kosik (1976), Vázquez (1977), Marx (1984), Sousa Júnior
(2010), e Netto & Braz (2010). Em seguida dialogamos com Freire a respeito de suas
formulações acerca da práxis educativa a partir de seus ensaios teórico-metodológicos
contidos em “Educação como prática da liberdade” e “Pedagogia do Oprimido”.
Inferimos que a teoria pedagógica de Paulo Freire, fundada no diálogo, na reflexão e na
ação transformadora da realidade, objetiva a construção coletiva da consciência crítica
da humanidade a partir de uma práxis libertadora, revolucionária. Portanto, a pedagogia
freiriana se concretiza na relação teoria-prática, inovando, ao alocar o conceito de
práxis, de tradição marxista, voltado para a análise do modo de produção capitalista,
relacionando-o à educação e orientando-o à emancipação humana. Os resultados da
pesquisa mostram que o conceito de práxis em Freire é bastante fecundo à prática
pedagógica, sendo também necessário maior aprofundamento na formação docente,
processo o qual segundo o percurso dos mestrandos indica, ainda é pouco trabalhado.
Introdução
A concepção tradicional de educação é comum à associação a realidade
exclusivamente escolar. No mesmo sentido, a pedagogia e a prática pedagógica
aparecem no discurso educacional apartadas das práticas educativas dos sujeitos sociais
em geral, e, em particular, dos que lutam por transformação social. Contudo, sabemos
que a educação dos sujeitos se dá tanto em processos não formais quanto formais, sendo
que os primeiros se aproximam da formação no sentido amplo do termo e os segundos
têm a instituição escolar como principal referência.
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busca pela emersão das consciências das classes populares e sua inserção crítica na
realidade.
Freire centra sua atenção sobre aqueles que ele chamava de oprimidos do
capitalismo periférico, isto é, sobre aqueles a quem a palavra havia sido negada. Frente
à opressão, a pedagogia dos oprimidos se instala e se expressa em dois momentos
distintos:
“O primeiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da
opressão e vão comprometendo-se, na práxis com a sua
trnsformação; o segundo, em que, transformada a realidade
opressora, esta pedagogia dos homens em processo de
permanente libertação” (FREIRE, 1987, p. 41).
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Considerações finais
Ao denunciar a opressão, desumanização de uma sociedade de classes e
convocar os oprimidos e explorados a desvendar o mundo para transformá-lo, Paulo
Freire estreita a conexão com o pensamento marxista, notadamente com Marx e com o
teórico mexicano Adolfo Sánchez Vázquez, estudioso da práxis. A pedagogia do
oprimido, a educação libertadora, a educação problematizadora – todas concebidas por
Freire são propostas pedagógicas que imbricadas à práxis se constituem em
instrumentos de luta de libertação do ser humano, no campo educacional.
O caráter dialógico do processo educativo libertador, portanto, revolucionário,
apresentado por Freire resgata a humanização do oprimido restituindo-lhe a condição de
sujeito de direitos, na ação-reflexão do direito de ser mais. A ação dialógica é ação-
reflexão, portanto, práxis libertadora. Sem diálogo com os oprimidos e explorados não
há prática revolucionária.
Os educadores-mestrandos que contribuíram com estas reflexões compartilham
a importância dos estudos de práxis na formação inicial e continuada dos professores.
Contudo, constatam que as instituições de formação e de trabalho docentes e sujeitos
envolvidos, professores e pesquisadores, não atentaram ainda, em sua maioria, para o
peso que esta categoria tem na compreensão da realidade educacional e na organização
de práticas docentes orientadas para a emancipação humana.
Referencias bibliográficas
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http://www.interfacejournal.net/. ISSN 2009-2431, 2014.
EdUECE- Livro 2
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2009.
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NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. 6ª
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