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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS


CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

IARA ARAÚJO RODIGUES


MARIA ROSÂNGELA DE OLIVEIRA DELMIRO
MAURÍCIO MARQUES DA COSTA

UMA ANÁLISE DA FARROUPILHA E DA BALAIADA E SUA ABORDAGEM


EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

CAMOCIM-CEARÁ

2018
UMA ANÁLISE DA FARROUPILHA E DA BALAIADA E SUA ABORDAGEM EM
LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Iara Araújo Rodrigues1


Maria Rosângela de Oliveira Delmiro2
Maurício Marques da Costa 3

RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de compreender na perspectiva histórica e crítica as
revoltas: Farroupilha e Balaiada que ocorreram no Brasil no período regencial e propor uma
análise desses movimentos históricos através de sua abordagem em livros didáticos
utilizados no Ensino Fundamental II e Ensino Médio da rede púbica municipal e estadual do
município de Barroquinha-CE.

Palavras-chave: Farroupilha; Balaiada; Livro Didático;

1
Graduanda do Curso de História da UECE;
2
Graduanda do Curso de História da UECE;
3
Graduado em Letras-Português pela UFC, Especialista em Língua Portuguesa e Literatura pela F.E.C.R,
Graduando do Curso de História da UECE.
ABSTRACT
This article aims to understand in a historical and critical perspective the revolts:
Farroupilha and Balaiada that occurred in Brazil in the regency period and propose an
analysis of these historical movements through its approach in textbooks used in Elementary
School II and High School of the network municipal and state of the municipality of
Barroquinha-CE.

Key-Words: Farroupilha; Balaiada; Textbook.


1. INTRODUÇÃO

No decorrer de todo o período regencial (1831-1840), manifestações contrárias ao


governo foram bastante comuns nas províncias. As razões das revoltas eram variadas: os
comerciantes locais lutavam contra o domínio da elite mercantil portuguesa; os
proprietários rurais e as camadas médias urbanas do Sul e do Nordeste brasileiro lutavam
por uma maior autonomia para as províncias; os escravos lutavam pela liberdade;
homens livres pobres lutavam por melhores condições de vida. As revoltas expressavam,
enfim, a diversidade social, econômica e étnica do Brasil.
É nesse contexto histórico e político do governo regencial no Brasil que abordaremos
duas das principais revoltas regenciais: A Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835-
1845) e a Balaiada (1838-1841). Além de entender como se deu essas rebeliões
provinciais, destacaremos como estas, são apresentadas em livros didáticos de História
do Ensino Fundamental e Médio utilizados em escolas da rede estadual e municipal do
município de Barroquinha-CE, de modo que seja possível uma análise crítica da
abordagem de parte importante da História do Brasil pelos manuais utilizados em sala de
aula por professores e alunos.
2. A REVOLUÇÃO FARROUPILHA OU GUERRA DOS FARRAPOS (1835-1845)
A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha ocorreu no Rio Grande do Sul na
época em que o Brasil era governado pelo Regente Feijó (Período Regencial). Esta
rebelião, gerada pelo descontentamento político, durou por uma década (de 1835 a
1845). O estopim para esta rebelião foi as grandes diferenças de ideais entre dois
partidos: um que apoiava os republicanos (os Liberais Exaltados) e outro que dava
apoio aos conservadores (os Legalistas).
Farroupilha ou farrapos, assim eram chamados todos aqueles que se revoltavam contra o
governo Imperial. O termo era considerado pejorativo, oriundo do parlamento para
designar os revoltosos, oposicionistas radicais ao governo central e com tempo foi
adotado pelos próprios revolucionários.

Guilherme Litran, Carga de Cavalaria Farroupilha, acervo do Museu Júlio de Castilhos

Lenar Cardoso Behling destaca no artigo Revolução Farroupilha os anseios da


população do Rio Grande Sul e os envolvidos nessa revolta:

O Rio Grande do Sul por almejar mais autonomia tornou-se palco de guerras
entre os revoltosos e as tropas imperiais. A maioria dos criadores e
charqueadores gaúchos engajou-se diretamente na luta ou colaborou
financeiramente para manter as tropas ativas. As camadas mais pobres da
população serviam como massa de manobra e os negros escravos na época
lutavam na revolução em troca da sua liberdade o que acabou não
acontecendo, pois na verdade não existiu entre as lideranças gaúchas o desejo
de libertar as camadas mais pobres da escravidão social que predominava na
época.
As batalhas se estenderam por um longo período que devido ao clima de
violência alterou a rotina de paz e tranquilidade dos pampas gaúchos e da
população rio-grandense (...). (BEHLING, 2016, p.2).

O conflito que originalmente não tinha caráter separatista acabou influenciando


movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras. Teve como líderes: Bento
Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro
Boticário, Davi Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de
receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito
Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora
não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália.
A participação dos negros também foi de suma importância nos embates em favor da
causa Farroupilha, os chamados “Lanceiros” eram escravos que participaram ativamente
do conflito. Sobre os interesses desse grupo social, Behling, destaca:

Apesar das promessas, em nenhum momento a República Rio-Grandense


libertou seus escravos, já que a questão da abolição era controversa entre os
líderes. Com o acordo de paz ficou estabelecido que os negros engajados na
revolução fossem entregues ao Barão de Caxias e reconhecidos como livres
pelo Império. Se de fato receberam a liberdade não se tem nenhuma certeza.
(BEHLING, 2016, p.12).

Sobre a figura da mulher em meio ao conflito da Farroupilha, Behling destaca:


As mais ousadas conhecidas como “vivandeiras” acompanhavam as tropas e
cuidavam dos ferimentos dos soldados em combate. Muitas vezes era o único
socorro médico disponível para eles. A sua companhia era uma distração
necessária em meio ao ambiente tenso dentre mortos e feridos. (BEHLING,
2016, p.13).

Um nome feminino que ganha destaque no contexto da Farroupilha é o de Anita


Garibaldi. Durante o período da Revolução Farroupilha Anita conheceu o italiano
Giuseppe Garibaldi, comandante da marinha Farroupilha, durante a tomada de Laguna
na província de Santa Catarina. Apaixonando-se por Giuseppe decidiu lutar ao seu lado
e acompanhá-lo nas batalhas que ele estivesse envolvido.

Em 1845 os farrapos aceitam a "paz honrosa", que atendia muitas das suas antigas
reivindicações. Foi concedido às elites o direito de escolherem o seu presidente; as
dívidas seriam pagas pelo governo central; os generais farrapos poderiam passar para o
exército brasileiro com os mesmos postos que ocupavam nas forças rebeldes; garantia o
direito de propriedade e a segurança individual; os prisioneiros de guerra seriam soltos;
iria para 25% a taxa sobre a entrada do charque uruguaio no mercado brasileiro; o
governo reconheceria a liberdade dos escravos que serviram como soldados.
3. A BALAIADA (1838-1841)
Entre os anos de 1838 e 1841, eclodiu na província do Maranhão, mais precisamente na
cidade de Caxias, uma das maiores revoltas populares do período imperial. Trata-se da
Revolta da Balaiada, que inicialmente foi provocada por questões políticas devido à
busca pelo poder, que de um lado estava o partido liberal, os bem-ti-vis, e de outro os
conservadores, conhecidos também por cabanos.

Negros com cestos, de François René Moreau (BN Digital)

A classe média, mais precisamente a urbana revoltou-se contra as classes mais ricas de
latifundiários, senhores de engenho e fazendeiros, e o que inicialmente seria apenas uma
briga entre partidos políticos, ao mesmo tempo passa a despertar revolta entre a
população que vivia oprimida e em estado de miséria, composta por escravos, pequenos
artesãos, camponeses e vaqueiros que não tinham na época a menor esperança de
melhorar suas condições de vida.
Deste modo, a Balaiada representou uma luta popular contra as desigualdades e
injustiças da sociedade escravista. A partir disso, buscamos entender como se deu essa
participação e de que forma é contada pela Historiografia Oficial.
Conta-se que nessa mesma época, a província maranhense passava por uma forte crise
econômica, a sua grande riqueza o algodão, sofria uma forte concorrência no mercado
internacional, com isso perdeu-se o preço e compradores no exterior. Além disso, os
cabanos, que nesse momento detinham o poder, havia acabado de estabelecer a Lei dos
Prefeitos, que dava autonomia aos presidentes das províncias para nomear os prefeitos,
concedendo assim vários poderes, inclusive de polícia, motivo que resultou em grandes
insatisfações populares, ocasionando revoltas. Raimundo Gomes, o cara preta,
inconformado com a prisão de seu irmão e as ordens a respeito do recrutamento, pois
era uma obrigação servir as forças oficiais, invadiu a cadeia pública e libertou seu irmão
e outros aprisionados, após isso apossou-se da Vila da Manga onde iniciou-se a revolta,
com isso o movimento começou a ganhar forças e por onde Raimundo passava
conseguia seguidores. Juntou-se também ao movimento, Manuel Francisco dos Anjos
Ferreira, também popularmente conhecido como Manuel Balaio, que tinha como
profissão confeccionar balaio, nome que se deu ao movimento popular: Balaiada. Não
se sabe ao certo o motivo pelo qual o mesmo aderiu ao movimento, em alguns artigos
encontramos que foi por causa de uma vingança contra um soldado que havia abusado
sexualmente de suas duas filhas, outros dizem ser por conta do recrutamento forçado de
seus filhos. Manuel Balaio morreu após ter sido atingido por um projétil atirado pelo
seu próprio bando, assim conta a historiografia oficial. Havia ainda um terceiro líder,
trata-se de Cosme Bento das Chagas, mais conhecido por “Negro Cosme”, tornou-se
líder de quilombos e adotou o título de Dom Cosme Bento das Chagas, conseguiu reunir
mais de 3 mil escravos para participar do movimento. Entre todos os líderes, apenas o
Negro Cosme foi enforcado, tal ato serviria como exemplo aos demais negros que
planejassem se rebelar, contudo tal ato não conteve a luta pela liberdade.
O governo do Maranhão não aceitando as condições dos revoltosos, que seria
basicamente a melhoria das condições de vida, o fim do sistema escravista e do
alistamento obrigatório, dentre outros. Solicitou auxílio ao Rio de Janeiro que enviou o
Coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro Barão de Caxias, que iniciou uma violenta
repressão apoiado também pelos grupos liberais e conservadores. A repressão oficial
agiu violentamente e dessa forma marcou-se o início da chamada “política da
pacificação”. Com isso o movimento foi perdendo forças, principalmente a partir de
1840, quando Dom Pedro II assumiu o poder e decretou anistia aos rebeldes. Após o fim
da revolução, os rebeldes que haviam sobrevivido às repressões enfrentaram grandes
dificuldades, principalmente quanto ao seu sustento, tendo que vender a sua força de
trabalho a preço baixíssimo.
Destarte, com base no artigo, A Revolta Balaiada no Maranhão, autora Gerlândia da
Luz, a mesma faz a seguinte observação:
No entanto, a balaiada entrou para a história do Brasil como uma revolta
“anárquica” que ameaçou a integridade do Império durante o período
chamado de Regência. Nos documentos dos militares encarregados de sua
repressão, que inspiraram a subsequente historiografia mais conservadora, os
rebeldes são invariavelmente descritos como “bandidos”, “anarquistas” ou
“facínoras”. Viviam de pilhagem e cometiam latrocínios. (DA LUZ, 2016, p.
12).
Ou seja, diante das fontes oficiais acreditamos que a historiografia preocupou-se em
contar a história das grandes elites, baseando-se numa teoria positivista, enfatizando e
enaltecendo um grupo político, enquanto que a população que lutava contra as injustiças
sociais eram vistas como uma ameaça e na maioria das vezes identificados como
bandidos e assassinos perversos. No entanto o fim da revolta foi marcado pela repressão
violenta das forças militares oficiais que através de torturas, prisões e assassinatos
conseguiram calar o povo.
4. A FARROUPILHA E A BALAIADA NOS LIVROS DIDÁTICOS
Optamos por analisar a Farroupilha e a Balaiada em livros didáticos de História do 8º ano
do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio utilizados na rede pública no
munícipio de Barroquinha-CE. Sendo que o manual do 8º ano é utilizado desde 2017 no
munícipio e o do 2º ano foi o livro do PNLD de 2015 a 2017 utilizado pela rede estadual.

Imagens do Google

Percebemos que no livro do 8º ano da coleção “Estudar História- Das origens do homem
à era digital” de Patrícia Ramos Braick, da editora Moderna, localizamos no capítulo 10-
Brasil: O Primeiro Reinado e as regências, um tópico abordando as revoltas regenciais,
no entanto há um destaque maior para “A Revolta dos Farrapos”, são citados outros
movimentos revoltosos, porém não há sequer um parágrafo dedicado a Balaiada. A
referência a Balaiada surge apenas em um mapa das províncias mostrando onde
aconteceram e a duração das revoltas regenciais. Ainda sobre o livro analisado, percebe-
se que há texto escrito, fontes iconográficas, sugestão de leitura e atividades que
contemplam a Guerra dos Farrapos já sobre a Balaiada não é abordada.
No manual do 2º ano do Ensino Médio da coleção “História- Sociedade e Cidadania” de
Alfredo Boulos Júnior, da editora FTD, o capítulo 14 Regências: a unidade ameaçada, há
um tópico intitulado “As rebeliões nas províncias” nas quais são apresentadas tanto a
Revolução Farroupilha como a Balaiada. Trazendo textos didáticos, textos
complementares de pesquisadores, fontes iconográficas e atividades objetivas e
subjetivas.
O que percebemos ao analisar os dois livros didáticos é que há lacunas em ambos no que
se refere à abordagem da Farroupilha e da Balaiada, embora tenhamos percebido que o
do 8º ano apresenta, na nossa concepção mais fragilidades relacionadas ao conteúdo,
como a ausência da Balaiada entre as revoltas regenciais. Já no livro do 2º ano sentimos
que ficou a desejar sugestões de leitura, filmes.
A conclusão que objetivemos a partir das leituras e pesquisas sobre a Farroupilha e a
Balaiada é que foram movimentos históricos de suma importância para a História do
nosso país, já que mobilizaram grande participação social na construção do Brasil,
contudo é necessário um aprofundamento para que se possa chegar a uma compreensão
das revoltas regenciais, principalmente quando partimos para a análise e comparação da
Historiografia Oficial e os estudos que são desenvolvidos por historiadores e
pesquisadores de nosso tempo. Os manuais adotados ainda não atendem as necessidades
reais do professor muito menos do aluno, caso o professor não utilize outras fontes
pedagógicas afim de potencializar a aprendizagem e dinamizar o ensino.
6. REFERÊNCIAS

BEHLING, Lenar Cardoso. Revolução Farroupilha. Rio Grande do Sul, 2016. Disponível
em: <http://www.fundasul.br/download/artigos/revolucao_farroupilha.pdf>. Acesso em
26 mar.2018.
LUZ, Gerlândia. A Revolta Balaiada no Maranhão. Pinheiro, 2016. Disponível em:
<https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/880/1/GERLANDIALUZ.pdf>.
Acesso em 26 de mar.2018.
Braick, Patrícia Ramos Estudar História: das origens do homem à era digital / Patrícia
Ramos Braick. – 2. Ed. – São Paulo: Moderna, 2015.
Boulos Júnior, Alfredo História sociedade & cidadania: 2º ano / Alfredo Boulos Júnior. –
1 ed. – São Paulo: FTD, 2013.
Disponível em: <http://www.multirio.rj.gov.br/index. php/leia/reportagens
artigos/artigos/11758-a-balaiada>. Acesso em: 2 de abr. 2018.
Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/revolucaofarroupilha/>. Acesso em: 2
de abr.2018.

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