Tua poesia refaz meu caminho Tua poesia inventa meu destino Se até aqui mal sabia do amor É que o amor não se faz de saberes Nem tão pouco com cestas e prazeres Pouco diz o amor quando beira Olhos, bocas, mãos ou as vísceras Pouco se diz do amor que o é Dá-se por ser, sem contidos Sem referendar razões Sem arregimentar motivos Sem ordenar o sizo Posso perder-me mais que fui Agora, molhar-me do teu gozo Lavar-me no teu riso Secar-me ao teu olhar Por fim ao frio outonal Desconstruir tuas certezas Uma por uma sem maldade Ou pudor Desfazer o arrumado da cama Ignorar a tua mesa posta Por insólito que te soe Dou-te esse que presumo amor Pouco afeito ao sofrer ou as desditas Implacável contestador das mentiras E mesmo daquelas que ele cria Posso perder-te do alcance da vista Essa sim alguma perdição A confundir os dormentes E apenas esses