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TRIBUNAL MARÍTIMO

IF/GAP PROCESSO Nº 30.345/15


ACÓRDÃO

Canoa sem nome. Naufrágio de canoa com propulsão, ao enfrentar marolas de outra
embarcação, provocando o lançamento de todos os ocupantes no Rio Tocantins,
sem danos pessoais e ambientais. Produção de marolas por outra embarcação aliado
ao mau estado de conservação da canoa e sem material de salvatagem. Imprudência.
Condenação.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.


Trata-se de analisar o acidente da navegação envolvendo uma canoa sem nome,
propriedade de Wanderson da Silva Fontinele, quando, cerca das 15h30min do dia 28/07/2015,
encontrava-se navegando no rio Tocantins, nas proximidades da praia do Meio, município de
Imperatriz-MA, momento em que uma marola provocada por outra embarcação fez embarcar
água no interior da canoa, seguindo-se o seu naufrágio, sem danos pessoais e sem danos ao meio
ambiente.
Dos depoimentos colhidos e documentos acostados extrai-se que a canoa, com 8,0
metros de comprimento, não inscrita, com motor de rabeta, em mau estado de conservação
estrutural e deteriorada (foto de fl. 17), sob a condução do inabilitado Wanderson da Silva
Fontinele, deslocava-se do cais da Beira Rio, em Imperatriz-MA, pelo rio Tocantins para a praia
do Meio, juntamente com a passageira Leiane Silva e outros não identificados. A
aproximadamente 120 metros da praia do Meio, uma outra embarcação que passava próximo,
causou uma marola e uma grande quantidade de água invadiu a embarcação causando o seu
naufrágio. Todas as pessoas que estavam a bordo não faziam uso de coletes salva-vidas. Após o
naufrágio da canoa os ocupantes conseguiram permanecer na superfície até a chegada do resgate,
que foi efetuado por uma embarcação do Corpo de Bombeiros e sua guarnição, além de mais
quatro (4) embarcações conduzidas por barqueiros que estavam nas proximidades.
Wanderson da Silva Fontinele, técnico em refrigeração, em seu depoimento
declarou, em resumo, que estava conduzindo a embarcação tipo canoa, de madeira, com motor
rabeta, com mais sete passageiros; que estava terminando a singradura que ia do cais da Beira
Rio em direção à praia do Meio. Que passou outra embarcação de características não anotadas
que provocou banzeiro, e a proa da sua embarcação mergulhou na água; que alguns passageiros
usavam colete salva-vidas no momento do acidente e outros não; que não possui habilitação
como Aquaviário ou como Amador para conduzir embarcações; que se evadiu da área assim que
possível, pois os passageiros o queriam agredir, por considerá-lo culpado pelo acidente.
Leiane Silva, brasileira, balconista, em seu depoimento declarou, em resumo, que a

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embarcação estava atravessando do cais da Beira Rio em direção à praia do Meio. Que a
embarcação começou a fazer água. Que os passageiros perceberam que a embarcação estava
prestes a afundar e avisaram ao condutor a situação. Que passou outra embarcação tipo lancha
coberta, que provocou banzeiro. Que essa embarcação ajudou no resgate dos passageiros. Que na
sua opinião, o que ocasionou o acidente com a embarcação foi por causa do excesso de
passageiros e pelo banzeiro provocado por outra embarcação.
Laudo de Exame Pericial concluiu que a causa determinante foi o Condutor assumir
o risco de conduzir a embarcação sem habilitação, somado a uma marola formada pelo
deslocamento de outra embarcação que passava ao largo, fazendo com que embarcasse água na
canoa envolvida, tendo como consequência seu naufrágio.
No relatório, o Encarregado do Inquérito após resumir o depoimento de 2
testemunhas, descrever a sequência dois acontecimentos e analisar os dados obtidos do Laudo
Pericial e dos depoimentos concluiu que o fator material contribuiu pois a embarcação
encontrava-se em mau estado geral de conservação estrutural, fazendo água pelo fundo e o fator
operacional contribuiu eis que a navegação interior requer atenção e perícia, especialmente
quando empregada no transporte de passageiros. O condutor Wanderson da Silva Fontinele,
assumiu o risco de conduzir uma embarcação, transportando passageiros, sem dispor de
conhecimentos obtidos com a habilitação.
Apontou como possível responsável direto pelo acidente Wanderson da Silva
Fontinele, condutor e proprietário da Canoa, por conduzir embarcação com propulsão a motor
sem ter habilitação para operá-la e por não dotar a embarcação de equipamento de salvatagem
regulamentar.
Wanderson da Silva Fontinele infringiu o art. 11, do RLESTA, por conduzir
embarcação sem habilitação para operá-la. Art. 15, Inciso I, por não aprestar a embarcação com a
dotação regulamentar de coletes salva-vidas. Art. 16, por deixar de inscrever ou de registrar a
embarcação. Infringiu o art. 15, da Lei n° 8.374, de 30 de dezembro de 1991, por deixar de
contratar Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por embarcações ou por sua carga.
Notificação formalizada, o indiciado não apresentou defesa prévia.
A D. Procuradoria ofereceu representação contra Wanderson da Silva Fontinele,
condutor e proprietário da canoa sem nome e não inscrita, com fulcro no art. 14, alínea a
(naufrágio), da Lei nº 2.180/54, sustentando, em resumo, que compulsados os autos, conclui-se
que o representado foi o responsável pelo acidente da navegação em comento, pois agiu com
imprudência ao assumir o comando de embarcação sem ser habilitado, navegando à revelia da
Autoridade Marítima, posto que não inscrita, em mau estado de conservação e sem material de
salvatagem, em completo desacordo com as regras básicas de segurança.
Citado em 11/04/17, o representado teve declarada sua revelia em 16/06/17.

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Na instrução, nenhuma prova foi produzida.
Em alegações finais, manifestou-se a D. PEM nos termos de sua exordial e o
representado permaneceu silente.
Decide-se.
De tudo o que consta nos presentes autos, conclui-se que a natureza e extensão do
acidente da navegação sob análise, tipificado no art. 14, alínea a, da Lei nº 2.180/54, ficaram
caracterizadas como naufrágio de canoa com propulsão, ao enfrentar marolas de outra
embarcação, provocando o lançamento de todos os ocupantes no Rio Tocantins, sem danos
pessoais e ambientais.
A causa determinante foi a produção de marolas por outra embarcação aliado ao
mau estado de conservação da canoa e sem material de salvatagem.
Analisando-se os autos, verifica-se que os oito ocupantes da canoa lançaram-se em
uma singradura com o objetivo de divertimento na praia do Meio.
O conjunto probatório do Laudo Pericial indicou que a canoa encontrava-se em
péssimas condições estruturais aliado ao fato de não se dispor a bordo dos obrigatórios coletes
salva-vidas.
O acidente ocorreu no momento em que o condutor não habilitado para o exercício
da função, navegava com excesso de passageiros, eis que marolas produzidas por outra
embarcação fez com que o interior da canoa embarcasse água diminuindo a borda livre e
naturalmente naufragando.
O representado Wanderson da Silva Fontinele permaneceu revel, por conseguinte,
decorreram os efeitos da revelia quanto à matéria fática, com a presunção de veracidade dos
fatos narrados na representação, não havendo provas ou argumentos nos autos que possam
afastar a sua responsabilidade pelo evento em questão, eis que foi imprudente ao assumir a
condução de uma canoa sem ser habilitado, sem material de salvatagem aliado ao mau estado de
conservação do casco, em completa desarmonia com as regras mínimas para uma navegação
segurança.
Pelo exposto, deve-se considerar procedente a fundamentação da PEM,
responsabilizando pelo acidente da navegação Wanderson da Silva Fontinele. Deve ser oficiado
à Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins as infrações ao RLESTA cometidas pelo condutor e
proprietário da canoa, Wanderson da Silva Fontinele:
Art. 16, inciso I – deixar de inscrever ou de registrar a embarcação;
Art. 19, inciso II – não portar os certificados ou documentos equivalentes exigidos
(deixar de apresentar seguro obrigatório DPEM); e
Demais artigos 11 e 15 do RLESTA consideram-se absorvidos pela sanção a ser
aplicada.

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Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do acidente: naufrágio de canoa com propulsão, ao enfrentar marolas de outra
embarcação, provocando o lançamento de todos os ocupantes no Rio Tocantins, sem danos
pessoais e ambientais; b) quanto à causa determinante: produção de marolas por outra
embarcação aliado ao mau estado de conservação da canoa e sem material de salvatagem; c)
decisão: julgar o acidente da navegação previsto no art. 14, alínea a, da Lei nº 2.180/54 como
decorrente de imprudência de Wanderson da Silva Fontinele, condenando-o à pena de repreensão
e multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), de acordo com o art. 121, incisos I e VII, § 5º
da Lei nº 2.180/54, com a redação dada pela Lei nº 8.969/94. Custas processuais de acordo com a
lei; e d) medidas preventivas e de segurança: oficiar à Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins
as infrações ao RLESTA cometidas pelo condutor e proprietário da canoa, Wanderson da Silva
Fontinele: art. 16, inciso I – deixar de inscrever ou de registrar a embarcação; art. 19, inciso II –
não portar os certificados ou documentos equivalentes exigidos (deixar de apresentar seguro
obrigatório DPEM).
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 03 de maio de 2018.

GERALDO DE ALMEIDA PADILHA


Juiz-Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 04 de julho de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
Dados: 2018.08.08 15:53:35 -03'00'

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