Literatura de Cordel RAIMUNDO SANTA HELENA

A CARTA-
TESTAMENTO
GETÚLIO
VARGAS
 Literatura de Cordel - Raimundo Santa Helena

CARTA-TESTAMENTO de GETÚLIO VARGAS

Mais uma vez estas forças
Contra o povo assim
De maneiras coordenadas
Novamente contra mim
Nâo me acusam, insultam;
Não combatem, me imputam
A calúnia tão ruim...
E não me dão o direito
De defesa não me dao
Sufocando minha voz
Impedindo minha açao
Só pra eu não prosseguir
No meu modo de agir
Na defesa do povão...
Seguirei o meu destino.
Lutei contra capitais
Financeiros-económicos -
Os internacionais
Que tanto nos dominaram
E sempre espoliaram
As riquezas principais...
Pra criar um Brasil novo
Revolução chefiei
Buscando mais igualdade
Traído renunciei
Meu povo sempre correto
Me deu seu voto secreto
E nos seus braços voltei...
 Literatura de Cordel - R a i m u n d o Santa Helena

As multinacionais
Acham que eu atrapalho
Porque dou no meu regime
Garantias ao trabalho
Lei de lucros em excesso
Foi detida no Congresso
Nas cartadas do baralho...
Ao rever salário mínimo
Eles me passam pra trás
Conspiram contra os planos
Que fiz para Petrobras
Agitação se amplia
Pondo em banho-maria
Até a Eletrobrás...
E não querem liberdade
Pros nossos trabalhadores
Só querem independência
Para grupos opressores
Ao assumir a Nação
Aspirai da inflaçao
Destruía os valores...
O destino dos humildes
Tirava sorte nos dados
As empresas estrangeiras
Com lucros exagerados
Até 500 por cento
Roubando mais que o vento
Esses gringos desgraçados...
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Declarações de valores
De nossas importações
Escondiam grandes fraudes
Muito mais de 100 milhões
De dólares so num ano
Ganha fama de tirano
Quem prende esses ladrões.
Veio crise do café
Valorizando produto
Ao defender o seu preço
A pressão me trouxe luto
A nossa economia
Que diante da covardia
Sofreu um curto-circuito...
Tou lutando mês a mês
Dia a dia hora a hoja
Resistindo às pressões
Contra meu povo que chora
Em silencio suportando
Nenhum canhão ajudando
Eu tenho que ir embora...
Meu povão desamparado
Nada mais eu posso dar
A não ser meu próprio sangue
Para o vilão sugar
São as aves de rapina
Essa cambada cretina
Que vocês devem "surrar"...
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Vampiros insaciáveis
De sangue velho e novo
Ou são cobras venenosas
Chupando gema do ovo
A minha gente querida
Ofereço minha vida
Que ressuscita no povo...
Foi o meio escolhido
Pra convosco conviver
Minha alma o meu povo
Sentirá quando sofrer
Rudemente humilhado.
Eu estarei ao seu lado
Mesmo depois de morrer...
E quando no trem da vida
Rodando fora dos trilhos
Fome batendo a porta
Lutareis por vossos filhos
Sentireis em vosso peito
Um impulso tão perfeito
Que vencereis os caudilhos.
Se vos vilipendiarem
Tereis logo reação
Sentireis no pensamento
O meu próprio coração
Meu nome será bandeira
Nesta luta brasileira
Contra forças do dragão...
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Porque o meu sacrifício

Manterá vocês unidos
Cada gota do meu sangue
Vibrará nos seus ouvidos
Como chama imortal
Pra resistência global
Contra balas dos bandidos...
Eu respondo com perdão
Ao ódio dos inimigos
Porque sei que o meu povo
Dará os justos castigos
Aos que pensam que ganharam
Mas apenas escavaram
O lugar de seus jazigos...
Vossa vibração sagrada
Levam párias pro inferno
Do povo eu fui escravo
Vou livre pro mundo eterno
Não há morte que me mate
Meu sangue será resgate
Como chuvas no inverno...
Espoliação do povo
E de meu País também
Contra elas eu lutei
Sem medo e digo bem:
O meu povão nunca mais
Será frágil, aliás,
Nem escravo de ninguém...
 L i t e r a t u r a de C o r d e l - R a i m u n d o S a n t a H e l e n a

Ao povo dei minha vida

E hoje morro na glória
Meu suicídio que seja
A semente da vitória
Eu dou o primeiro passo:
Saio da vida, o faço,
Para entrar na História. FIM
Rio,de Janeiro, 2b de agosto de 1954
GETÚLIO VARGAS. (Adaptação poética de
O G L O B O 17 4 / 83
Raimundo Santa Helena).
Getúlio Vargas — cujo centenário de nasci-
mento se comemora terça-feira, dia 19 — é
o sem dúvida a figura central do Brasil contem-
porâneo, e também a mais controversa, por
sua enorme capacidade de adaptação política
ao momento, a arte de transformar em aliado
o adversário anterior.
O homem que por mais tempo governou o
País (18 anos: de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954),
influenciou mesmo a eleição de Dutra no in-
terregno de 1945 a 1951 e, já depois de morto, a
de Juscelino Kubitschek, e continua influindo
hoje, quando em todos os partidos há herdei-
ros de seu legado político.
JORNAL DO BRASIL 17/4/83
Vargas morreu como devedor à democra-
cia, mas o país lhe deve o reconhecimento que
supere uma divergência já sem sentido e anacrô-
nica. O centenário de Getúlio Vargas cria uma
oportunidade especial p a r a se reencontrarem,
acima do que passou, o estadista e a nação.
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8 Folheto 62-ZZJ-121.-436.
Rio de Janeiro,19-4—o3.
50 mil exemplares.Produ
çao artesanal de Santa
Helena, poeta do Sertão
de Cajazeiras, Paraíba,
Poe-ta Repórter de onde fugiu com 11 a-
R a i m u n d o S a n t a H e l e n a _nos de idade pra vingar
a morte de seu pai, delegado Raimundo
Luiz do Nascimento,assassinado por Lam
pião em 9-6-1927 (certidão de óbito n?
3116,livro 7)folha 75,Antenor Navarro,
PB). Mas o autor quase morreu de fome
em Iguatu,Mucuripe,Fortaleza,etc.,até
ingressar na Marinha. E'ex-combatente
remunerado. Escreveu até hoje mais de
280 poemas populares,registrando fatos
e transmitindo mensagens em busca de
reformas sociais com padrões mais jus-
tos e mais dignos para os pobres.Publi
cou 62 folhetos,121 títulos,36 mil e-
xemplares, divulgados no Brasil e mais
12 países (Alemanha,Argentina,Escócia,
Espanha,Estados Unidos,França Inglater
ra,Itália,México.Portugal.Suíça e Uru-
guai). Em 21-12-82 seu folheto "O BRA-
SIL NA ANTÁRTIDA" foi publicado nos
jornais principais do País, exceto no
Daily Post e no Diário do Nordeste.fo-
lheto recomendado pelo "Jornal do Pro-
fessor" - JB (Fev/83).CONTATOS:Caixa
postal 17055,Rio,CEP 21312; ou Feira Nor
destina,S.Crístóvao,domingo,entre oPar
que das Crianças e a Igreja,a árvore;
ou Feira da Praça 15,5a feira,l5 horas.