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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
ENG 460 - ELETRIFICAÇÃO RURAL

CERCA ELÉTRICA

Seminário apresentado a Universidade


Federal de Viçosa como parte das
exigências de atividades da disciplina
ENG 460 - Eletrificação Rural.

Júlio César Ferreira de Melo Júnior


Matr.: 33637

VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
FEVEREIRO - 1999.
1. Introdução

Em tempos bastante remotos o homem já se defrontava com o problema de "pastorear"


os animais. Nos primórdios da civilização o próprio homem conduzia seu rebanho nas
pastagens naturais, sendo depois auxiliado por cães amestrados. Através dos tempos, o
conceito da cerca surgiu a partir da existência natural de barreiras físicas como valas, rios,
córregos e marcos de pedra. Com o conseqüente crescimento populacional e aumento dos
rebanhos surgiu a necessidade de limitar o espaço através da demarcação de terras e sua
posterior divisão em áreas de cultura e pastagens. Passou-se, então, a utilizar de forma mais
racional os recursos naturais existentes como cercas de pedras, cercas vivas, cercas de madeira
e valos.
Com o aparecimento do fio metálico, Joseph Glidden inventou e patenteou, em 1867, nos
Estados Unidos, o arame farpado, que, produzido em larga escala, permitiu ao homem dividir
de forma racional as pastagens, contribuindo desta maneira para facilitar o manejo dos
rebanhos. Para as propriedades de menor porte, o surgimento da cerca eletrificada, nos últimos
anos, trouxe um novo conceito de cerca, seja pelo seu menor custo como pela sua praticidade
de manejo, com a vantagem de não provocar danos físicos aos animais com ela manejados, ao
contrário da cerca de arame farpado (AGGELER, K. E.).
As primeiras cercas eletrificadas surgiram em 1920. Entretanto, foi a Partir de 1930 que
realmente foram fabricados os primeiros aparelhos eletrificadores de cercas eficientes, tanto no
choque como na segurança em relação a vida humana.
A cerca elétrica é uma solução totalmente eficaz e de baixo custo para realizar
subdivisões em campo nativo ou pastagens cultivadas. Sua utilização é maior como: piquetes
temporários, cercar fazendas, utilizada para coroar culturas, bastante prática em regiões
acidentadas e em planas. Também servem como reforço de cercas velhas pela sua fácil
instalação em qualquer parte da fazenda (MACIEL; MARTINS).

1. Objetivos

O objetivo deste trabalho é mostrar aos estudantes de eletrificação rural, a importância


da cerca elétrica para o produtor rural; mostrar o princípio de funcionamento da cerca, bem
como os princípios que são utilizados na construção dos eletrificadores; comparar pelo estudo
da análise econômica se há vantagem econômica em relação às cercas convencionais; mostrar
as vantagens e desvantagens da cerca elétrica em relação às cercas convencionais; e mostrar as
partes constituintes, sua construção, sua manutenção e cuidados que devem ser tomados com
o sistema.

2. Princípios utilizados na construção dos eletrificadores, utilizado no funcionamento


da cerca elétrica e do sistema

3.1 Princípios utilizados na construção dos eletrificadores.

Na construção destes eletrificadores são utilizados vários princípios que variam com a
marca do aparelho, neste trabalho mencionaremos dois destes princípios:
Princípio de Rhumkorff

B – Bateria
C – Contato
P – Pêndulo
A – Armadura
T – Bobina
T1 – Princípio do Transforma-
dor, com fios grossos e
poucas espiras
T2 – Secundário do Transforma-
dor com fios finos e poucas
espiras
N – Núcleo

Quando dá-se o contato em (C), passa uma corrente gerada pelo acumulador (B) para
(T1), imantando o núcleo de ferro (N), que atrai a armadura (A), com isto se abre o circuito
em (C) e então é interrompido a passagem de corrente. O pêndulo (P), preso a armadura faz
retornar o contato repetindo a operação anterior. O pêndulo é regulado de tal modo que só
produz uma interrupção por segundo. Estando fechado o circuito durante a décima parte do
tempo.
As correntes induzidas no secundário alcançam uma tensão de 5.000 Volts (MACIEL;
MARTINS).

Princípio de Ericsson

R – Resistência
C – Capacitor
G – Lâmpada de Neon
T – Transformador
T1 – Transformador primário
T2 – Transformador secundário

As lâmpadas de neon (G), se


acendem com a tensão da linha, fechando o
circuito e passando uma corrente pelo
primário do transformador (T). A resistência
(R) origina em seguida uma queda de tensão
suficiente para impedir o funcionamento das lâmpadas de Neon (G), que ao se apagarem
interrompem o circuito, novamente volta a tensão normal, acendem as lâmpadas e assim
sucessivamente.
O circuito está ligado ao primário do transformador, o terminal do secundário é ligado
na cerca e o terceiro à terra.
O condensador (C) contribui com sua carga para o acendimento das lâmpadas. O
Condensador e a resistência são variáveis para adaptar o aparelho às distintas condições:
comprimento da cerca, sensibilidade maior ou menor das espécies de animais a que se destina,
condutividade do terreno, etc (MACIEL; MARTINS).
3.2. Princípio de Funcionamento
Por meio de uma fonte de energia (pilhas, bateria 12V, corrente elétrica ou energia
solar), os eletrificadores geram impulsos de curta duração de corrente (milésimos de segundo)
e de alta voltagem, mas de muito baixa amperagem.
Isto assegura que não exista perigo nem para o homem, nem para o animal. A
freqüência de golpes por minuto é regulada de acordo com cada fabricante, no entanto, as
normas internacionais estabelecem um máximo de 2 pulsos por segundo.
Como toda corrente elétrica, esses pulsos necessitam de dois condutores para circular:
um é o arame da cerca e o outro é o "terra"; ambos unidos ao eletrificador, o primeiro
diretamente, o segundo através de aterramento.
Como vemos, trata-se de um circuito aberto que se fecha ao se produzir o contato
entre o arame e a terra, por intermédio do animal.
No momento de se produzir este contato, o pulso gerado pelo eletrificador sai pelo
arame; atravessa o animal chegando a terra através de seu corpo; dirige-se através da mesma
até o aterramento e ai novamente ao aparelho, completando o circuito e provocando o choque
elétrico (figura 01).

Figura 01 Representação do circuito fechado provocado pelo animal ao tocar o fio eletrificado

As plantas que tocam o arame eletrificado (vivo) produzem o mesmo efeito,


provocando uma perda de energia que afeta a todo o sistema (curto-circuito) (figura 02).
Para realizar a subdivisões de potreiros grandes utilizando cercas elétricas permanentes
e para superar os curto circuitos ocasionados por plantas ou por outros fatores, surgiram os
eletrificadores de ALTO PODER.
O eletrificador de cercas de alto poder, envia pulsos ao arame com grande quantidade
de energia, mas de muito breve duração (milésimos de segundo). Isto permite eletrificar com
eficiência grandes extensões, superando os curtos-circuitos que, com a tecnologia tradicional,
ocasionavam uma grande diminuição do pulso (TERKO).
Figura 02 - Representação do efeito das plantas que tocam o fio, comparando os
eletrificadores convencionais com os de ALTO PODER.

3.3 Princípio do Sistema

O conceito de cerca elétrica é totalmente oposto ao conceito de cerca convencional.


Trata-se de construir um sistema que não permita a passagem dos animais, não por resistência
mecânica, mas sim por temor. Trata-se de uma barreira psicológica ou mental onde o animal
não passa porque tem gravado na memória a recordação de um sensação dolorosa. É
conveniente que, ao se iniciar o uso de cercas elétricas, trabalha-se em condições de mínimo
"stress" e com espaço suficiente para os animais (TERKO).

4. Vantagens e desvantagens da cerca elétrica em relação às cercas convencionais.

4.1 Vantagens de Cerca Elétrica Comparada com a Convencional

A cerca eletrificada apresenta vantagens quando comparada com a cerca convencional. Dentre
elas, destacam-se as seguintes:

 seu custo é inferior ao das cercas convencionais feitas de arame farpado ou liso;
 o gasto com mão-de-obra é menor: em torno de 1 h para a instalação em 1 ha;
 sua manutenção é muito fácil e econômica, pois gasta-se menor quantidade de material
(varas de suporte, fio condutor, etc.) na sua instalação;
 pode ser facilmente modificada, deslocada, removida ou guardada, o que não ocorre com
as cercas convencionais, que são permanentes;
 sua instalação é possível em locais acidentados, pois ela acompanha os desníveis do
terreno;
 torna possível a montagem rápida (em questão de minutos) de piquetes provisórios, sem
custo adicional;
 permite a um baixo custo o manejo intensivo das pastagens, apenas deslocando-se a cerca;
 Contém animais que não são dóceis (bovinos, bubalinos) que as cercas convencionais não o
conseguem. O condicionamento dos animais nos piquetes divididos com cerca eletrificada
possibilita a contenção dos animais da fazenda, sem qualquer problema posterior;
 Com a cerca eletrificada, o número de acidentes será reduzido. Os animais, por respeitarem
este tipo de cerca, guardam dela uma certa distância, não tentando forca-la ou puxa-la, o
que evita úberes dilacerados, pernas quebradas e couro danificado;
 Entretanto, como qualquer outro tipo de cerca, a elétrica está sujeita a descargas
atmosféricas; como os animais ficam afastados dela, o perigo de serem fulminados é
menor;
 Rapidamente podem-se isolar áreas que se tornaram fisicamente perigosas, ou que estão
ocupadas por animais doentes, etc.

4.2 Desvantagens de Cerca Elétrica Comparada com a Convencional

A cerca eletrificada apresenta desvantagens quando comparada com a cerca convencional.


Dentre elas, destacam-se as seguintes:

 não pode ser instaladas nas divisas com vizinhos a não ser que haja acordo assinado entre
ambas as partes;
 os cavalos que já levaram um choque nas cercas, ficam medrosos e dificilmente serão
guiados perto ou ao longo delas; e
 a sua instalação não é recomendável nos locais públicos, onde houver a possibilidade de
seres humanos tocarem nestas cercas elétricas, será necessário a instalação de quadros de
aviso, de maneira bem visíveis.

5. Componentes do Sistema

A realização de uma correta instalação de cerca elétrica depende de vários elementos.

 Eletrificador;
 Arame condutor;
 Isoladores;
 Aterramento;
 Estacas e Esticadores;
 Arames e Fios flexíveis.

Se caso ocorrer a falta de algum destes componentes, a eficiência do sistema diminui


parcial ou totalmente. Por isso é importante enfatizar todos os componentes do sistema
anteriormente mencionados A seguir comentaremos cada um deles:

5.1 Eletrificador

É o componente principal; tem como função transformar a energia de alimentação, de


modo que ao tocar o fio eletrificado da cerca o animal ou o ser humano receba uma descarga
(choque ) que não lhe faça mal.
O fio da cerca nunca deve ser ligado diretamente a rede elétrica da propriedade, seja
esta de 110 ou 220 V. Se isto for feito o choque poderá ser mortal.
Os aparelhos eletrificadores devem ser de qualidade comprovada, fabricados de acordo
com as normas de segurança internacionais. Não se deve utilizar aparelhos de fabricação
caseira ou improvisados.
A escolha do modelo do aparelho a ser utilizado será em função da fonte de energia e
do comprimento do fio a ser eletrificado. O alcance dos aparelhos mais recentes, variam entre
3 a 120 km, porém isso depende da condutibilidade do solo. Os aparelhos à bateria tem uma
restrição quanto ao seu alcance, devido ao consumo de energia que deve ser pequeno, mas
ultimamente os aparelhos já estão sendo fabricados com o mesmo alcance.
Todos os fabricantes informam que nunca devem ser ligados dois eletrificadores a uma
mesma cerca (AGUIRRE).

5.1.1. Tipos de fontes alimentadoras


 Rede elétrica: para as tensões de 110 e 220 V e com potência de O,5, 2, 6 e 7 W.
 Bateria: existem baterias de 6 e 12 V, com potência de O,O85, O,5 e O,6 W.
Estes eletrificadores são úteis em locais onde não existe energia elétrica e
principalmente como aparelho de reserva no caso de falta de energia na rede elétrica, e também
quando for possível o reparo do eletrificador ligado à rede.
Para evitar a remoção periódica da bateria é possível instalar junto com o conjunto
eletrificador/bateria, um carregador solar (Painel Fotovoltáico) que se encarregará de manter a
bateria carregada permanentemente. Neste caso a manutenção consistirá apenas em manter o
nível do eletrólito da bateria.
 Pilha: utiliza-se 12 pilhas de 1,5 V = 18 V com uma autonomia de 2,5 meses.
Consumo de O,O65 W/h.
As maneiras de ligação do aparelho a fonte de energia são as seguintes:
 modelo de rede elétrica: em tomada convencional (110/220 V);
 modelo de bateria: dois jacarés, um vermelho( positivo ) e outro preto (negativo); e
 modelo híbrido: dois cabos, um com a tomada e outro com os jacarés.
A corrente de saída não é contínua e sim, flui pôr impulsos de 1/1000 a 1/10 de
segundos a cada 1/10 a 1 segundo.
Esta característica é importante pois, no intervalo de um impulso e outro, a tempo do
animal ou pessoa reagir e afastar, evitando a possibilidade muito remota, de ficar grudado a
cerca. Esta possibilidade pode existir somente nas cercas eletrificadas com aparelhos de
fabricação duvidosa (MACIEL; MARTINS).
Muitos eletrificadores eletrônicos vêm montados em caixas de polipropileno teflon de
alto impacto ao tempo ou em caixas metálicas à prova de tempo. Outros apenas em caixas sem
proteção ao tempo, umidade e poeira.
Internamente, a disposição interna está representada conforme a (figura 04).
No diagrama abaixo está representado os componentes básicos de uma eletrificador.

Circuito multivibrador
Circuito de comando fixador de duração
de pulsos para o de pulsos
multivibrador

Circuito amplificador
Fonte de energia
elétrica alimentando
os circuitos
Circuito produtor de
alta tensão

Cercas em Utilização
Figura 03 - Diagrama básico do eletrificador
Figura 04 - Representação da disposição interna dos eletrificadores.

Figura 05 - Eletrificador com alimentação mista.

5.2. Isoladores

É necessário e imprescindível utilizar isoladores de primeira qualidade, descartando o


uso de certos materiais como: ossos, mangueiras, borrachas de procedência desconhecida, por
serem ineficazes em sua função e/ou possuir vida útil curta. Há isoladores para utilizar em
diversos casos:
5.2.1. Isolador terminal de arranque

Sua função é isolar os postes de arranque. Deve ser forte e resistente para suportar a
tensão do arame. É feito de polipropileno (TERKO).

Figura 06 - Isolador terminal de arranque

5.2.2. Isolador de linha (ou percurso)

Sua função e isolar e sustentar o fio condutor dos postes de sustentação. Alguns
isoladores utilizados (TERKO).

Figura 0, - Isoladores de linha (ou terminais)

5.2.3. Isolador para varinha metálica

As varinhas isoladas devem ser usadas somente para o caso de cercas elétricas móveis
como por exemplo ao utilizar-se carretel com cabo de aço flexível. As varinhas devem estar
perfeitamente isoladas para evitar perdas importantes ocasionadas por curtos-circuitos.
As alternativas são:
 Isolador com parafuso e Porca
Evita curtos-circuitos do arame com a varinha, altura regulável, pode-se colocar mais de
um em cada varinha (para ovinos, suínos ou terneiros).

Figura 08 - Isoladores com parafuso e porca.

 Isolador tipo "rabo-de-porco"

Para usar com varinhas de 10 mm, evita curtos-circuitos.

Figura 09 - Isolador tipo "rabo-de-porco".

5.3. Aterramento
O aterramento do eletrificador é um dos pontos mais importantes na instalação de um
sistema de alta potência, e o menos observado pelo usuário. Ele funciona como se fosse uma
antena receptora de impulsos.
Deve ser feito com 1 a 3 hastes de 2 m, de material inoxidável (cobre ou ferro
galvanizado) de 1" e firmemente conectadas entre si. A quantidade de hastes dependerá da área
operativa e distância da cerca. Para distâncias ou área operativa e distância da cerca. Para
distância ou áreas pequenas pode ser utilizada uma haste. Para sistemas maiores deve-se
agregar mais hastes.
Se o aterramento é suficientemente profundo captar-se-á o máximo possível de energia,
aumentando a potência do choque (TERKO).

5.3.1. Tipos de aterramentos recomendados

 Retorno do terra pela terra

Em instalações temporárias ou de pequena extensão: é suficiente um só cano


galvanizado, enterrado de 0,5 a 1 metro de profundidade.

Figura 10 - Instalação com retorno do terra pelo solo.

Em instalações centralizadas de amplo raio de ação: recomenda-se enterrar dois ou três


canos galvanizados de 1", a dois metros de profundidade. A separação entre os canos deve ser
de dois metros, e as uniões entre eles devem ser por meio de um arame galvanizado
firmemente unido por uma braçadeira (TERKO).

 Retomo do terra pela cerca

Recomenda-se nos seguintes casos:

 regiões com solo bastante seco;


 solos superficiais;
 instalações em áreas operativas muito extensas.
 crescimento de vegetação que toque o fio de arame inferior.

O arame conectado a terra facilita muito o retomo do impulso, evitando assim os


problemas de condução através do solo, que podem ser ocasionados pelos casos
primeiramente citados.
Figura 10 - Instalação com retorno do terra pela cerca.

No caso da cerca elétrica para ovinos(2 a 3 fios), pode utilizar-se o fio inferior como
"terra"(não é necessário isola-lo), evitando assim que o contato do arame com a vegetação
ocasione perdas (TERKO).

 Aterramentos Secundários

O sistema consiste em unir mediante um arame extra conectado à tomada de terra,


novas tomadas de terra em distintos pontos do campo. Este sistema é aconselhado para
grandes superfícies, melhorando o alcance e eficiência dos eletrificadores (MACIEL E
MARTINS).

 Teste da eficiência do terra

Após a instalação, deve-se testar a eficiência do "terra". A 100 metros de distância do


cano ou haste, faz-se um contato da cerca eletrificada com o solo, usando-se quatro a cinco
fios ou estacas de ferro e fechando-se, desse modo, o circuito.
Com uma das mãos segura-se a extremidade do cano ou haste-terra, e com a outra
pressiona-se o solo. Caso exista a sensação de formigamento ou mesmo um leve choque,
torna-se necessário instalar mais uma haste, enterrando-a a dois metros de distância da
primeira. O teste deve ser repetido até que nenhuma sensação ocorra, comprovando-se assim a
eficiência do "terra" (figura 11) (AGUIRRE).

Figura 11 - Teste da eficiência do terra.


5.4. Esticadores e Estacas

A cerca eletrificada contém os animais por reflexo condicionado e dai pode ser
utilizada uma quantidade muito menor de mourões (lascas, estacas), estes terão a única função
de sustentar o arame suspenso, podendo ser portanto, em dimensões muito inferiores aos
habitualmente utilizados nas cercas de arame farpado ou liso.
Os esticadores poderão ser colocados a distancias de até 100 m, se o terreno
possibilitar. As estacas ou lascas intermediárias serão colocadas a distâncias variando de 2 a 10
m, dependendo da topografia e do tamanho do animal.
Os esticadores habitualmente utilizados são os de eucalipto tratado, com 10 cm de
diâmetro, e as estacas ou lascas que podem ser de cano, ferro, bambu ou mesmo de eucalipto
tratado.
Caso haja irregularidade no terreno, para evitar que os animais passem por baixo ou
por cima da cerca, proceder conforme as (figura 12). Lembrar que o arame da cerca deve estar
preso aos esticadores e as lascas através de isoladores, pare que não haja fuga de corrente.

Figura 12 - Artifícios utilizados para cercas construídas em terrenos irregulares.

Para a instalação de cercas móveis, o mais indicado são as varas de fibra de vidro e fio
flexível.
Figura 13 - Vara de fibra de vidro e fio flexível.

As varas de fibra de vidro tem como principais vantagens:


 seu baixo peso (80 g);
 dispensam o uso de isoladores;
 sua fácil colocação; existe, inclusive, no mercado um batedor que permite a rápida
colocação das varas (em segundos);
 em poucos minutos, pode-se fazer um piquete provisório ou isolar uma plantação.
A sua desvantagem ainda é o seu custo, porém, devido a sua praticabilidade,
recomenda-se ter na propriedade algumas varas para os mais diferentes usos (AGUIRRE;
HAIM,).

5.5. Arames e Fios Flexíveis

Nas cercas eletrificadas, pode-se usar qualquer tipo de arame condutor, como, por
exemplo, o liso, o farpado, etc. Em termos de condutibilidade elétrica, estes arames são
suficientes para solucionar o problema.
Na construção de uma nova cerca, definitiva, recomenda-se o arame liso galvanizado
ovalado n.°14.
Ao eletrificar ou tornar "nova" uma cerca já existente, recomenda-se remover um dos
arames e recoloca-lo com isoladores.
A tensão do arame de uma cerca eletrificada é ser inferior a usada nas convencionais,
pois a contenção dos animais ocorre de forma condicionada, e não física.
Para uso em rotação de pastagens e em piquetes provisórios, recomenda-se o fio
flexível, que é um cordonete de polietileno trançado com fios de cobre. Haverá com, ele
facilidade na instalação e na remoção da cerca, principalmente quando o suporte for vara de
fibra de vidro.
As vantagens do fio flexível são a facilidade de manuseio ao enrolar e desenrolá-lo, boa
condutibilidade, baixo peso. A única desvantagem é quanto a sua durabilidade, devido ao
desgaste provocado pela ação do sol sobre o polietileno (AGUIRRE).

6. Número de Fios e Alturas Recomendadas


O número de fios a serem usados e as alturas recomendadas estão em função do
tamanho dos animais que serão contidos pela cerca. A regra básica é tomar como base a altura
do peito do animal (Quadro 1) (AGUIRRE).

Espécie animal N° de Fios Alturas Recomendadas (cm)


Bovinos/bubalinos/eqüinos 1 80
Bovinos/bubalinos/eqüinos c/ crias 2 80 e 45
Suínos adultos 1 50
Suínos com leitegadas 2 50 e 20
Ovinos 2 65 e 20

QUADRO 1 Número de Fios e Alturas Recomendadas para Cerca Conforme Tamanho do


Animal

7. Tipos de Porteiras Utilizadas em Cercas Elétricas

Existem diversas formas de fazer porteiras com a cerca eletrificada, e, neste aspecto,
pode ser observada uma grande economia em relação as porteiras convencionais.
A porteira é basicamente um pedaço de 5 m de fio flexível condutor de energia.
Quando a cerca estiver eletrificada, há necessidade de se prender a uma das
extremidades do fio um punho isolante, para que a porteira possa ser manuseada.
Internamente ao punho ou em outro ponto do fio flexível existe a necessidade de uma
mola para permitir o engate junto ao mourão da porteira por meio de um gancho, como na
figura 14 e 15.
A seguir serão dados exemplos de diversos esquemas de montagem de porteiras, com a
análise de suas respectivas vantagens e desvantagens (AGGELER).

7.1. Porteira Simples

É basicamente a continuação da cerca, conforme a figura 14. A sua desvantagem


aparece quando ela é aberta, pois um setor da cerca fica desligado e, se colocada no chão,
haverá fuga de energia para a terra (AGGELER).

Figura 14 - Porteira simples com um fio condutor.

7.2. Porteira ideal

São varias as vantagens de sua utilização:


 quando aberta, o restante da cerca permanece ligado;
 pode-se colocar a porteira aberta no chão, pois o seu lado oposto não está eletricamente
ligado, e portanto não haverá fuga de energia.
 é fácil localizá-la visualmente.
Deve-se tomar cuidado de esticar o arame ao longo da porteira, para evitar que esta
fique em contato com madeira, o que provocaria a fuga de corrente (AGGELER).

Figura 15 - Porteira ideal.

7.3. Porteira com 2 fios condutores

E idêntica a anterior, porem utilizada para cercas com dois arames.

Figura 16 - Porteira com dois fios condutores.

7.4. Passagem subterrânea

Nesse caso, o fio que passa sob o solo deve ser muito bem isolado. Se não houver
outra alternativa, utilizar um cabo isolado de 10.000 V (do tipo usados em tubos de televisão),
dentro de uma tubulação do tipo PVC. Externamente, as pontas da tubulação deverão ser
voltadas para baixo, para evitar a entrada de água (figura. 17) (AGGELER).
Figura 17 - Porteira com passagem subterrânea do condutor.

8. Proteção Contra Raios

As cercas convencionais de arame liso ou farpado tendem a atrair raios, e é comum que
animais morram, devido às descargas elétricas, quando estão a até 3 a 4 m destas.
Quando se usa a cerca elétrica, este risco é consideravelmente diminuído, pois se tem
uma massa metálica menor em razão da menor quantidade de arame utilizado, e pelo fato dos
animais permanecerem afastados dela. Quando a cerca eletrificada é atingida por raio, o
aparelho geralmente é danificado. Não existe propriamente uma forma de se evitar o risco da
"queima" do aparelho, porém pode-se reduzi-lo consideravelmente de três maneiras:
 usando-se pára-raios: o risco é reduzido ou quase eliminado, porém a um custo muito alto,
pois ha necessidade de instalar diversos equipamentos ao longo da cerca;
 utilizando-se o fio flexível como um fusível, deixando-se aproximadamente 5 m deste entre
o aparelho eletrificador e o inicio da cerca propriamente dita; e
 usando-se faiscador de descarga que é um dispositivo simples capaz de absorver grande
parte da energia de um raio que eventualmente venha cair sobre a cerca. A distância entre
os eletrodos deve ser tal que, em condições normais, se for colocada uma chave de fenda
com cabo plástico entre as pontas, sem tocá-las, não haverá faísca. Muitas literaturas
recomendam uma distância entre eletrodos de 1 cm (figura 18). Com a energia de um raio,
no entanto, haverá uma faísca que se descarregará parcialmente a terra (AGGELER).

Figura 18 - Faiscador de descarga utilizador para proteção contra descargas elétricas.

Recomenda-se a colocação de um faiscador de descarga próximo ao aparelho


eletrificador, e outros a cada 2 km de cerca.
A montagem do pára-raios deve ser em local próximo ao eletrificador. Uma
extremidade do faiscador é aterrada e outra ligada a cerca e esta a uma bobina passa-baixa. A
função da bobina é impedir que passe correntes em alta freqüência, com isso os pulsos do
eletrificador fluem naturalmente para a cerca, mas a corrente proveniente do raio não passa
(AGGELER) (figura 19).

Figura 19 - Esquema para montagem de um proteção automática.

9. Manutenção da Cerca Elétrica

Como todo aparelho eletrônico, os eletrificadores de cerca podem apresentar defeitos.


Quando isto ocorrer, nunca levar o aparelho para ser revisado por "técnicos de televisão", mas
sim, pelo próprio fabricante, pois este, além dos conhecimentos teóricos necessários, possue os
equipamentos apropriados ao concerto.
Geralmente o aparelho eletrificador de cerca tem uma pequena lâmpada localizada em
ponto visível, que pisca a cada pulso do aparelho. Ela serve para demonstrar a entrada de
energia, bem como o perfeito funcionamento do aparelho.
Outro método simples e prático para verificar o funcionamento do aparelho, como
também a intensidade do choque, é feito da seguinte forma: segurando com a mão uma folha
de capim, longa e verde, ao encostá-la ao fio da cerca sente-se um leve choque. Ao se reduzir a
distância entre a mão e o fio da cerca, o choque será sentido com maior intensidade.
As fugas de corrente diminuem a eficiência de uma cerca elétrica. Estas ocorrem
quando, por exemplo, o pasto está alto e o capim encosta na cerca, ou ainda quando um
isolador está trincado.
Para se diminuir o risco destas fugas de corrente, recomenda-se rebaixar o capim ao
longo da cerca com roçadeira, ou ainda utilizando-se herbicidas.
As fugas através dos isoladores ocorrem geralmente quando utilizam-se os de plástico;
nestes, com o decorrer do tempo, aparecem trincas (microfissuras provocadas por raios
ultravioletas). Nestas trincas há o acumulo da matéria orgânica que conduz a corrente elétrica.
Figura 20 - Teste manual do funcionamento da cerca elétrica.

As fugas de corrente podem ser detectadas pelo estalo (faísca) que elas emitem; a
noite, ás vezes, é possível visualizá-las (AGGELER).
Hoje no mercado existem vários modelos e tipos testadores eletrônicos de cerca (figura
20).

Figura 21 - Modelos de testadores eletrônicos de cerca.

10. Placas de Advertência

Normas de segurança internacionais recomendam o uso de placas indicativas da


presença de cerca elétrica, da seguinte forma:
 As placas devem ser amarelas com o texto em preto, contendo um raio (símbolo de alta
tensão) e os dizeres CERCA ELÉTRICA, com altura mínima das letras de 2,5 cm. A
dimensão mínima da placa deve ser de 10 x 20 cm;
 Recomenda-se a colocação destas placas a cada 100 m; nas áreas com maior trânsito a
cada 50 m, ou de tal forma que sempre uma placa fique visível (AGGELER) (figura 21).
Figura 22 - Placa de advertência colocada a cada 100 m.

11. Adestramento dos Animais

Os animais devem ser adestrados perante a cerca elétrica. Este treinamento é feito com
um certo número de animais colocados dentro de um cercado reduzido.
Debaixo do fio eletrificado da cerca colocar alimentos dos mais apreciados pelos
animais a serem ensinados. Os animais se aproximem da comida, tocam o fio e recebem o
choque, ficam surpresos, insistem mais uma ou duas vezes e desistem.
Este método deve ser aplicado durante dois ou três dias seguidos por duas horas. Após
este simples treinamento o animal respeitará a cerca. Os suínos são mais difíceis de
aprenderem, mais se adaptam perfeitamente a este tipo de cercado.
Deve-se colocar algumas fitas coloridas no arame eletrificado para que os animais
visualizem a cerca e se acostumem a ficar distantes da mesma e, quando forem colocados no
local definitivos, se houver necessidade, deve-se colocar também algumas fitas no arame.
Algumas vacas tem a tendência de pularem a cerca. Neste caso deixar dependurado em
seu pescoço um pedaço de corrente metálica a 50 cm do solo. Aproximando-se para pular, o
animal receberá a descarga e aprenderá rapidamente.
Outro artifício usado para os animais respeitarem a cerca é o seguinte: toma-se um
pedaço de arame que deve circundar o par de chifres, formando uma haste com a extremidade
dobrada. Assim o animal ao tentar passar sob o fio eletrificado receberá o choque e recuará.

Figura 23 - Fixação de uma antena, para intensificação do choque.

Após todo este treinamento o uso destes artifícios, o animal poderá ser colocado no
pasto definitivo, estando este familiarizado com o sistema (MACIEL; MARTINS).

12. Análise Econômica

Considerações:

 Taxa de juros: 12% a.a.


 Manutenção: 2% do custo inicial para as quatro cercas analisadas.
OBS: Os cálculos são para a unidade de km, da cerca instalada.
12.1 Discriminação dos materiais e custos

Nos quadro seguintes são mostrados os custos de implantação de cada cerca:

Quant. Descrição de Material e Serviços Preço unitário (R$) Preço total (R$)
450 Mourões ( 1 p/cada 2 m) 3,00 1.350,00
10 Rolos de arame (400 m/rolo) 35,00 350,00
8 Kg de grampo 5,00 40,00
12 Mão de obra (12 homens/dia) 20,00 240,00
50 Esticadores (2,10 x 0,2) m, (1 p/cada 20 m) 4,00 200,00
Total 2.180,00

Quadro 02 - Composição dos custos da cerca convencional (com 4 fios de arame farpado).

Quant. Descrição de Material e Serviços Preço unitário (R$) Preço total (R$)
90 Mourões ( 1 p/cada 10 m) 3,00 270,00
4 Rolos de arame (1000 m/rolo) 100,00 400,00
300 Balancim 0,50 150,00
10 Mão de obra (10 homens/dia) 20,00 200,00
10 Esticadores (2,10 x 0,2) m, (1 p/cada 20 m) 4,00 40,00
Total 1.060,00

Quadro 03 - Composição dos custos da cerca convencional (com 4 fios de arame liso).

Quan
Descrição de Material e Serviços Preço unitário (R$) Preço total (R$)
t.
90 Mourões ( 1 p/cada 10 m, 1,5 x 0,1 m) 1,50 135,00
1 Rolos de arame p/cerca elétrica 1000 m 100,00 100,00
99 Isoladores tipo roudana 0,29 28,71
2 Isoladores de arranque ou terminal 0,53 1,06
4 Mão de obra (04 homens/dia) 20,00 80,00
1 Eletrificador misto Terko TK 60iSSP (GES 50) 623,00 623,00
1 Bateria 12V 45,00 45,00
11 Esticadores (2,10 x 0,2) m 3,00 33,00
1 Protetor de raios (KIT - para raios)t 46,00 46,00
1 Testador de cerca 14,66 14,66
3 Astes para aterramento 5,00 15,00
Total 1.121,43

Quadro 04 - Composição dos custos da cerca elétrica (alimentação mista).

N° C. Arame Farpado C. Arame Liso C. E. (Painel e Bateria) C. E. (Rede Elétrica)


Ano
s CAM MAN SOM CAM MAN SOM CAM MAN SOM CAM MAN ENE SOM
2.180,0 2.180,0 1.060,0 1.060,0 1.106,7 1.106,7
00 0 0 0 0 7 7
576,77 576,77

01 87,20 87,20 42,40 42,40 22,14 22,14 22,14 4,20 26,34

02 87,20 87,20 42,40 42,40 22,14 22,14 22,14 4,20 26,34

03 87,20 87,20 42,40 42,40 22,14 22,14 22,14 4,20 26,34

04 87,20 87,20 42,40 42,40 22,14 22,14 22,14 4,20 26,34

05 87,20 87,20 42,40 42,40 22,14 22,14 22,14 4,20 26,34

2.494,0 1.212,8 1.186,5


VPL 0 4 6
671,72

Quadro 05 - Análise econômica para quatro tipos de cercas.

em que,

CAM - Custo de aquisição de materiais


VPL - Valor presente líquido
MAN - Manutenção Anual
SOM - Somatório
ENE - Custo de energia elétrica
OBS.: Os valores estão expressos em reais.

13. Conclusão

Conforme o quadro de análise econômica, pode-se concluir que a cerca elétrica tem
custo menor que as convencionais e, não sendo possível o cálculo da TIR (Taxa Interna de
Retorno), e além disso apresenta outras vantagens em relação as convencionais, como já
discutido anteriormente, portanto é mais indicada para contenção de animais.
A utilização generalizada da cerca elétrica depende principalmente do conhecimento do
sistema, seu princípio de funcionamento, e pessoas habilitadas para realizar sua implantação.
Outro fator é a disponibilidade de materiaia utilizados neste tipo de cerca, mas, com a difusão
do conhecimento este não será mais um problema.
Eu como meus colegas engenheiros agrícolas, temos que aproveitar estas tecnologias
difundindo aos pecuaristas, mostrando a possibilidade de aumentar sua lucratividade, com
menores custos de implantação e também visando o melhor manejo de seu rebalho e com isto
criar e espandir o mercado de trabalho.

14. Perguntas

 Fale sobre o princípio de funcionamento da cerca elétrica.


 Esquematize o princípio de Rhumkorff ou o de Ericsson para construção dos
eletrificadores, e comente sobre seu funcionamento.
 Classifique o eletrificador de acordo com a fonte de energia elétrica.
 Cite pelo menos cinco vantagens da utilização da cerca elétrica.
 Comente sobre o princípio do Sistema
 Esquematize o diagrama básico do eletrificador eletrônico.
 Quais são os tipos de cerca elétrica? comente sobre um.
 Cite as partes constituintes da cerca elétrica.
 Qual a finalidade do aterramento?
 Qual o procedimento que se faz para verificar se a cerca está realmente eletrificada, mesmo
que a luz pisca de aviso do eletrificador esteja funcionando normalmente?

15. Bibliografia

AGGELER, K. E. Cerca elétrica - manual de construção e manejo. Florianópolis, EMPASC,


1982, 68p. (EMPASC. Boletim Técnico, 17).
AGUIRRE, J.; HAIM S. L. Cerca eletrificada. Campinas, Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral, 2a impressão 1997, 24p.
MACIEL, N. F.; MARTINS, J. E. - Cerca Elétrica.Viçosa, M.G. 1992, 44 p.
TERKO - Sistemas de Cercas Elétricas. Manual Técnico, 1989, 22 p.

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