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CERCA ELÉTRICA
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
FEVEREIRO - 1999.
1. Introdução
1. Objetivos
Na construção destes eletrificadores são utilizados vários princípios que variam com a
marca do aparelho, neste trabalho mencionaremos dois destes princípios:
Princípio de Rhumkorff
B – Bateria
C – Contato
P – Pêndulo
A – Armadura
T – Bobina
T1 – Princípio do Transforma-
dor, com fios grossos e
poucas espiras
T2 – Secundário do Transforma-
dor com fios finos e poucas
espiras
N – Núcleo
Quando dá-se o contato em (C), passa uma corrente gerada pelo acumulador (B) para
(T1), imantando o núcleo de ferro (N), que atrai a armadura (A), com isto se abre o circuito
em (C) e então é interrompido a passagem de corrente. O pêndulo (P), preso a armadura faz
retornar o contato repetindo a operação anterior. O pêndulo é regulado de tal modo que só
produz uma interrupção por segundo. Estando fechado o circuito durante a décima parte do
tempo.
As correntes induzidas no secundário alcançam uma tensão de 5.000 Volts (MACIEL;
MARTINS).
Princípio de Ericsson
R – Resistência
C – Capacitor
G – Lâmpada de Neon
T – Transformador
T1 – Transformador primário
T2 – Transformador secundário
Figura 01 Representação do circuito fechado provocado pelo animal ao tocar o fio eletrificado
A cerca eletrificada apresenta vantagens quando comparada com a cerca convencional. Dentre
elas, destacam-se as seguintes:
seu custo é inferior ao das cercas convencionais feitas de arame farpado ou liso;
o gasto com mão-de-obra é menor: em torno de 1 h para a instalação em 1 ha;
sua manutenção é muito fácil e econômica, pois gasta-se menor quantidade de material
(varas de suporte, fio condutor, etc.) na sua instalação;
pode ser facilmente modificada, deslocada, removida ou guardada, o que não ocorre com
as cercas convencionais, que são permanentes;
sua instalação é possível em locais acidentados, pois ela acompanha os desníveis do
terreno;
torna possível a montagem rápida (em questão de minutos) de piquetes provisórios, sem
custo adicional;
permite a um baixo custo o manejo intensivo das pastagens, apenas deslocando-se a cerca;
Contém animais que não são dóceis (bovinos, bubalinos) que as cercas convencionais não o
conseguem. O condicionamento dos animais nos piquetes divididos com cerca eletrificada
possibilita a contenção dos animais da fazenda, sem qualquer problema posterior;
Com a cerca eletrificada, o número de acidentes será reduzido. Os animais, por respeitarem
este tipo de cerca, guardam dela uma certa distância, não tentando forca-la ou puxa-la, o
que evita úberes dilacerados, pernas quebradas e couro danificado;
Entretanto, como qualquer outro tipo de cerca, a elétrica está sujeita a descargas
atmosféricas; como os animais ficam afastados dela, o perigo de serem fulminados é
menor;
Rapidamente podem-se isolar áreas que se tornaram fisicamente perigosas, ou que estão
ocupadas por animais doentes, etc.
não pode ser instaladas nas divisas com vizinhos a não ser que haja acordo assinado entre
ambas as partes;
os cavalos que já levaram um choque nas cercas, ficam medrosos e dificilmente serão
guiados perto ou ao longo delas; e
a sua instalação não é recomendável nos locais públicos, onde houver a possibilidade de
seres humanos tocarem nestas cercas elétricas, será necessário a instalação de quadros de
aviso, de maneira bem visíveis.
5. Componentes do Sistema
Eletrificador;
Arame condutor;
Isoladores;
Aterramento;
Estacas e Esticadores;
Arames e Fios flexíveis.
5.1 Eletrificador
Circuito multivibrador
Circuito de comando fixador de duração
de pulsos para o de pulsos
multivibrador
Circuito amplificador
Fonte de energia
elétrica alimentando
os circuitos
Circuito produtor de
alta tensão
Cercas em Utilização
Figura 03 - Diagrama básico do eletrificador
Figura 04 - Representação da disposição interna dos eletrificadores.
5.2. Isoladores
Sua função é isolar os postes de arranque. Deve ser forte e resistente para suportar a
tensão do arame. É feito de polipropileno (TERKO).
Sua função e isolar e sustentar o fio condutor dos postes de sustentação. Alguns
isoladores utilizados (TERKO).
As varinhas isoladas devem ser usadas somente para o caso de cercas elétricas móveis
como por exemplo ao utilizar-se carretel com cabo de aço flexível. As varinhas devem estar
perfeitamente isoladas para evitar perdas importantes ocasionadas por curtos-circuitos.
As alternativas são:
Isolador com parafuso e Porca
Evita curtos-circuitos do arame com a varinha, altura regulável, pode-se colocar mais de
um em cada varinha (para ovinos, suínos ou terneiros).
5.3. Aterramento
O aterramento do eletrificador é um dos pontos mais importantes na instalação de um
sistema de alta potência, e o menos observado pelo usuário. Ele funciona como se fosse uma
antena receptora de impulsos.
Deve ser feito com 1 a 3 hastes de 2 m, de material inoxidável (cobre ou ferro
galvanizado) de 1" e firmemente conectadas entre si. A quantidade de hastes dependerá da área
operativa e distância da cerca. Para distâncias ou área operativa e distância da cerca. Para
distância ou áreas pequenas pode ser utilizada uma haste. Para sistemas maiores deve-se
agregar mais hastes.
Se o aterramento é suficientemente profundo captar-se-á o máximo possível de energia,
aumentando a potência do choque (TERKO).
No caso da cerca elétrica para ovinos(2 a 3 fios), pode utilizar-se o fio inferior como
"terra"(não é necessário isola-lo), evitando assim que o contato do arame com a vegetação
ocasione perdas (TERKO).
Aterramentos Secundários
A cerca eletrificada contém os animais por reflexo condicionado e dai pode ser
utilizada uma quantidade muito menor de mourões (lascas, estacas), estes terão a única função
de sustentar o arame suspenso, podendo ser portanto, em dimensões muito inferiores aos
habitualmente utilizados nas cercas de arame farpado ou liso.
Os esticadores poderão ser colocados a distancias de até 100 m, se o terreno
possibilitar. As estacas ou lascas intermediárias serão colocadas a distâncias variando de 2 a 10
m, dependendo da topografia e do tamanho do animal.
Os esticadores habitualmente utilizados são os de eucalipto tratado, com 10 cm de
diâmetro, e as estacas ou lascas que podem ser de cano, ferro, bambu ou mesmo de eucalipto
tratado.
Caso haja irregularidade no terreno, para evitar que os animais passem por baixo ou
por cima da cerca, proceder conforme as (figura 12). Lembrar que o arame da cerca deve estar
preso aos esticadores e as lascas através de isoladores, pare que não haja fuga de corrente.
Para a instalação de cercas móveis, o mais indicado são as varas de fibra de vidro e fio
flexível.
Figura 13 - Vara de fibra de vidro e fio flexível.
Nas cercas eletrificadas, pode-se usar qualquer tipo de arame condutor, como, por
exemplo, o liso, o farpado, etc. Em termos de condutibilidade elétrica, estes arames são
suficientes para solucionar o problema.
Na construção de uma nova cerca, definitiva, recomenda-se o arame liso galvanizado
ovalado n.°14.
Ao eletrificar ou tornar "nova" uma cerca já existente, recomenda-se remover um dos
arames e recoloca-lo com isoladores.
A tensão do arame de uma cerca eletrificada é ser inferior a usada nas convencionais,
pois a contenção dos animais ocorre de forma condicionada, e não física.
Para uso em rotação de pastagens e em piquetes provisórios, recomenda-se o fio
flexível, que é um cordonete de polietileno trançado com fios de cobre. Haverá com, ele
facilidade na instalação e na remoção da cerca, principalmente quando o suporte for vara de
fibra de vidro.
As vantagens do fio flexível são a facilidade de manuseio ao enrolar e desenrolá-lo, boa
condutibilidade, baixo peso. A única desvantagem é quanto a sua durabilidade, devido ao
desgaste provocado pela ação do sol sobre o polietileno (AGUIRRE).
Existem diversas formas de fazer porteiras com a cerca eletrificada, e, neste aspecto,
pode ser observada uma grande economia em relação as porteiras convencionais.
A porteira é basicamente um pedaço de 5 m de fio flexível condutor de energia.
Quando a cerca estiver eletrificada, há necessidade de se prender a uma das
extremidades do fio um punho isolante, para que a porteira possa ser manuseada.
Internamente ao punho ou em outro ponto do fio flexível existe a necessidade de uma
mola para permitir o engate junto ao mourão da porteira por meio de um gancho, como na
figura 14 e 15.
A seguir serão dados exemplos de diversos esquemas de montagem de porteiras, com a
análise de suas respectivas vantagens e desvantagens (AGGELER).
Nesse caso, o fio que passa sob o solo deve ser muito bem isolado. Se não houver
outra alternativa, utilizar um cabo isolado de 10.000 V (do tipo usados em tubos de televisão),
dentro de uma tubulação do tipo PVC. Externamente, as pontas da tubulação deverão ser
voltadas para baixo, para evitar a entrada de água (figura. 17) (AGGELER).
Figura 17 - Porteira com passagem subterrânea do condutor.
As cercas convencionais de arame liso ou farpado tendem a atrair raios, e é comum que
animais morram, devido às descargas elétricas, quando estão a até 3 a 4 m destas.
Quando se usa a cerca elétrica, este risco é consideravelmente diminuído, pois se tem
uma massa metálica menor em razão da menor quantidade de arame utilizado, e pelo fato dos
animais permanecerem afastados dela. Quando a cerca eletrificada é atingida por raio, o
aparelho geralmente é danificado. Não existe propriamente uma forma de se evitar o risco da
"queima" do aparelho, porém pode-se reduzi-lo consideravelmente de três maneiras:
usando-se pára-raios: o risco é reduzido ou quase eliminado, porém a um custo muito alto,
pois ha necessidade de instalar diversos equipamentos ao longo da cerca;
utilizando-se o fio flexível como um fusível, deixando-se aproximadamente 5 m deste entre
o aparelho eletrificador e o inicio da cerca propriamente dita; e
usando-se faiscador de descarga que é um dispositivo simples capaz de absorver grande
parte da energia de um raio que eventualmente venha cair sobre a cerca. A distância entre
os eletrodos deve ser tal que, em condições normais, se for colocada uma chave de fenda
com cabo plástico entre as pontas, sem tocá-las, não haverá faísca. Muitas literaturas
recomendam uma distância entre eletrodos de 1 cm (figura 18). Com a energia de um raio,
no entanto, haverá uma faísca que se descarregará parcialmente a terra (AGGELER).
As fugas de corrente podem ser detectadas pelo estalo (faísca) que elas emitem; a
noite, ás vezes, é possível visualizá-las (AGGELER).
Hoje no mercado existem vários modelos e tipos testadores eletrônicos de cerca (figura
20).
Os animais devem ser adestrados perante a cerca elétrica. Este treinamento é feito com
um certo número de animais colocados dentro de um cercado reduzido.
Debaixo do fio eletrificado da cerca colocar alimentos dos mais apreciados pelos
animais a serem ensinados. Os animais se aproximem da comida, tocam o fio e recebem o
choque, ficam surpresos, insistem mais uma ou duas vezes e desistem.
Este método deve ser aplicado durante dois ou três dias seguidos por duas horas. Após
este simples treinamento o animal respeitará a cerca. Os suínos são mais difíceis de
aprenderem, mais se adaptam perfeitamente a este tipo de cercado.
Deve-se colocar algumas fitas coloridas no arame eletrificado para que os animais
visualizem a cerca e se acostumem a ficar distantes da mesma e, quando forem colocados no
local definitivos, se houver necessidade, deve-se colocar também algumas fitas no arame.
Algumas vacas tem a tendência de pularem a cerca. Neste caso deixar dependurado em
seu pescoço um pedaço de corrente metálica a 50 cm do solo. Aproximando-se para pular, o
animal receberá a descarga e aprenderá rapidamente.
Outro artifício usado para os animais respeitarem a cerca é o seguinte: toma-se um
pedaço de arame que deve circundar o par de chifres, formando uma haste com a extremidade
dobrada. Assim o animal ao tentar passar sob o fio eletrificado receberá o choque e recuará.
Após todo este treinamento o uso destes artifícios, o animal poderá ser colocado no
pasto definitivo, estando este familiarizado com o sistema (MACIEL; MARTINS).
Considerações:
Quant. Descrição de Material e Serviços Preço unitário (R$) Preço total (R$)
450 Mourões ( 1 p/cada 2 m) 3,00 1.350,00
10 Rolos de arame (400 m/rolo) 35,00 350,00
8 Kg de grampo 5,00 40,00
12 Mão de obra (12 homens/dia) 20,00 240,00
50 Esticadores (2,10 x 0,2) m, (1 p/cada 20 m) 4,00 200,00
Total 2.180,00
Quadro 02 - Composição dos custos da cerca convencional (com 4 fios de arame farpado).
Quant. Descrição de Material e Serviços Preço unitário (R$) Preço total (R$)
90 Mourões ( 1 p/cada 10 m) 3,00 270,00
4 Rolos de arame (1000 m/rolo) 100,00 400,00
300 Balancim 0,50 150,00
10 Mão de obra (10 homens/dia) 20,00 200,00
10 Esticadores (2,10 x 0,2) m, (1 p/cada 20 m) 4,00 40,00
Total 1.060,00
Quadro 03 - Composição dos custos da cerca convencional (com 4 fios de arame liso).
Quan
Descrição de Material e Serviços Preço unitário (R$) Preço total (R$)
t.
90 Mourões ( 1 p/cada 10 m, 1,5 x 0,1 m) 1,50 135,00
1 Rolos de arame p/cerca elétrica 1000 m 100,00 100,00
99 Isoladores tipo roudana 0,29 28,71
2 Isoladores de arranque ou terminal 0,53 1,06
4 Mão de obra (04 homens/dia) 20,00 80,00
1 Eletrificador misto Terko TK 60iSSP (GES 50) 623,00 623,00
1 Bateria 12V 45,00 45,00
11 Esticadores (2,10 x 0,2) m 3,00 33,00
1 Protetor de raios (KIT - para raios)t 46,00 46,00
1 Testador de cerca 14,66 14,66
3 Astes para aterramento 5,00 15,00
Total 1.121,43
em que,
13. Conclusão
Conforme o quadro de análise econômica, pode-se concluir que a cerca elétrica tem
custo menor que as convencionais e, não sendo possível o cálculo da TIR (Taxa Interna de
Retorno), e além disso apresenta outras vantagens em relação as convencionais, como já
discutido anteriormente, portanto é mais indicada para contenção de animais.
A utilização generalizada da cerca elétrica depende principalmente do conhecimento do
sistema, seu princípio de funcionamento, e pessoas habilitadas para realizar sua implantação.
Outro fator é a disponibilidade de materiaia utilizados neste tipo de cerca, mas, com a difusão
do conhecimento este não será mais um problema.
Eu como meus colegas engenheiros agrícolas, temos que aproveitar estas tecnologias
difundindo aos pecuaristas, mostrando a possibilidade de aumentar sua lucratividade, com
menores custos de implantação e também visando o melhor manejo de seu rebalho e com isto
criar e espandir o mercado de trabalho.
14. Perguntas
15. Bibliografia