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Área Temática: Memória e Patrimônio

A IMPORTÂNCIA DO TROPICAL HOTEL TAMBAÚ COMO PATRIMÔNIO MODERNO:


MARCO INICIAL DO TURISMO NA ORLA MARÍTIMA PARAIBANA E CARTÃO
POSTAL DA CIDADE DE JOÃO PESSOA/PB

Ingrid Lorrana Ferreira Sobreira 1

RESUMO

O Tropical Hotel Tambaú é umas das edificações modernistas de grande valia para a cidade
de João Pessoa, diante do valor histórico e cultural na história da cidade, assim como valor
artístico em função do estilo arquitetônico que se expandiu entre 1922 e 1930 no Brasil.
Além da sua importância para o desenvolvimento da cidade de João Pessoa/PB, o hotel
também representa o início das práticas profissionais relacionadas ao turismo na orla
marítima do estado paraibano. A edificação foi projeto do arquiteto de grande renome do
período modernista: Sérgio Bernardes, que conseguiu agregar funcionalidade e estética,
adaptando-se ao solo arenoso da praia, vencendo as dificuldades construtivas de uma obra
desta natureza, com a intenção de atender as expectativas do governo João Agripino, que
buscava modernizar a cidade de João Pessoa, sob a influência dos acontecimentos da
época: O Movimento Moderno em concomitância com a Ditadura Militar, os quais propunha
uma ruptura com o tradicionalismo em busca do progresso e do moderno. Compreendendo
o contexto histórico no cenário político, cultural e artístico do período citado anteriormente,
associado a pesquisa bibliográfica de alguns trabalhos de iniciação científica e de pós-
graduação desenvolvidos na cidade de João Pessoa, se pode destacar a importância do
reconhecimento, valorização e possíveis recomendações de preservação ao Tropical Hotel
Tambaú.

PALAVRAS-CHAVE: patrimônio moderno, turismo, Hotel Tambaú, reconhecimento,


preservação.

INTRODUÇÃO

Discussões acerca da preservação de edificações modernistas têm sido difundida nas


últimas décadas em eventos e seminários sobre patrimônio, assim como em projetos de
iniciação cientifica e pós-graduação, que tem buscado mostrar a importância dessas
edificações, no intuito de resgatar e registrar a memória do estilo modernista, - com o
objetivo de sinalizar quanto ao exercício da valorização social e a prática do tombamento
pelos órgãos competentes. Diante disso, e de alguns trabalhos realizados na cidade de
João Pessoa – indicados nas referências -, elencamos o Tropical Hotel Tambaú como uma
das edificações modernistas de maior relevância, devido ao contexto histórico em que o
mesmo foi implantado, na tentativa de ofertar serviços profissionais e de qualidades no
setor hoteleiro, e responder as expectativas relacionados ao crescimento da cidade, que
culminaram no fortalecimento da imagem da cidade em progresso e na comercialização do
turismo. A edificação foi projeto de um dos arquitetos mais renomados do período
modernista: Sérgio Bernardes, que conseguiu agregar funcionalidade e estética,
adaptando-se as areias de Tambaú, vencendo as dificuldades construtivas de uma obra
desta natureza. A vista disso, e entendendo sua importância para a história de João
Pessoa/PB se faz necessário, recomendações de preservação - através dos órgãos
competentes – afim de indicar a população, aos usuários e aos proprietários o tratamento
adequado, com o objetivo de manter a história no cenário urbano de João Pessoa/PB

METODOLOGIA

1 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo no UNIPÊ - iferreirasobreira@gmail.com


O estudo realizado acerca do Tropical Hotel Tambaú foi fruto da pesquisa
bibliográfica de alguns trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação desenvolvidos
na cidade de João Pessoa, - os quais estão indicados nas referências deste trabalho - que
trazem fragmentos importantes da história, os quais foram fundamentais para a formação
do entendimento desta pesquisa.
Após o levantamento de informações acerca do desenvolvimento da cidade, das
práticas turísticas do período da província e das negociações para a construção do Hotel
Tambaú, foi possível analisar, sobrepor e comparar os dados no intuito de compreender a
importância da implantação do hotel na década de 60, o qual se mantem no mercado
hoteleiro até os dias atuais. O objetivo desta pesquisa é mostrar a importância do hotel
como patrimônio moderno da cidade de João Pessoa/PB, afim de aponta-lo como possível
alvo de preservação e tombamento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU DISCUSSÕES

O crescimento e a expansão da cidade de João Pessoa, em direção ao mar nas


primeiras décadas do século XX, culminou na criação de uma das vias de acesso à praia:
a Avenida Epitácio Pessoa, onde antes era o itinerário da linha ferroviária, chamada de
Ferrovia Tambaú, criada em 1907, no governo de Álvaro Machado/Walfredo Leal (1904-
1908), que ligava a cidade a faixa litorânea, a qual possibilitou a população - de uma cidade
provinciana – uma nova opção de lazer, propiciando um novo espaço para passeios e
temporadas de férias. A abertura desta via também foi de suma importância para a
ocupação dos terrenos a margem da mesma, - se estendendo até a orla marítima, - que
favoreceu também, a ocupação na faixa litorânea que compreende a praia de Tambaú e
Cabo Branco.
Segundo o historiador Arion Farias (2014, em entrevista ao Documentário
Bernardes), a cidade de João Pessoa na década de 60 ainda se caracterizava como
província, e isto se percebia, principalmente, quando acontecia eventos de grande porte,
onde as edificações existentes voltadas para o uso da hotelaria, não eram suficientes para
suprir a demanda dos visitantes, desse modo eram realizados convênios com as
residências para abrigar os turistas. Vale salientar que a rede hoteleira da capital paraibana
localizava-se no atual bairro do Varadouro, onde era palco das atividades econômicas e
comerciais da cidade, no final do século XIX, conforme afirma GOMES (2006, p.92):
[...] em decorrência do crescimento de atividades econômicas e transações
comerciais, surgiram diversas hospedagens no Varadouro. Porém, apresentavam
serviços precários e uma duvidosa higiene. Na realidade, eram tavernas, pensões
e pequenos hotéis [...]

No ano de 1915, surge o primeiro hotel da cidade: O Hotel Globo, e um ano depois
o Hotel Luso-Brasileiro, os quais ofereciam serviços de qualidade e uma paisagem
exuberante do Rio Sanhauá, ambos se tornaram os mais importantes da época, de acordo
com GOMES (2013, p.92). Logo mais, na década de 30, surge o Paraíba Palace Hotel,
localizado no Ponto do Cem Réis. Com o passar dos anos, a expansão da cidade em
direção ao mar, o declínio do poderio dos coronéis e hotéis, assim como boa parte das
edificações localizadas no Varadouro, foram abandonadas em prol da modernização.
Passados trinta anos, auge do movimento moderno no Brasil e diante da
consolidação da expansão da cidade de João Pessoa, se viu a necessidade de criar um
novo hotel, onde o turismo pudesse acontecer de forma profissional, atendendo a demanda
da cidade, sanando a carência de serviços de hotelaria na capital paraibana, e
principalmente atendendo os preceitos de progresso estipulados pela ditatura militar em
1970. Segundo TENIM (2008, apud UM HOTEL para a cidade, 1963, p. 3): “Bons hotéis
representam numa cidade uma indicação segura do progresso”
Diante disso, o governo João Agripino, sob a coordenação do governo militar, que
relacionava a ideia de progresso ao moderno, encomendou ao arquiteto carioca Sérgio
Bernardes, o Tropical Hotel Tambaú, o qual se tornou símbolo e marco inicial do turismo na
cidade de João Pessoa/PB, de acordo com PAULA (2017, p. 1769):
Durante as décadas de 1960 e 1970, a Companhia Tropical de Hotéis, subsidiária
da VARIG, passou a contratar projetos e construir hotéis em diversas cidades do
Brasil, consoante os interesses privados da empresa e os públicos do Governo
Militar, com quem mantinha vínculos. A iniciativa da VARIG, que recebia incentivos
fiscais e financeiros do governo, se alinhava ao projeto de poder da ditadura militar,
que preconizava a ideologia de um Brasil grande, moderno e integrado.

O arquiteto carioca não mediu esforços para atender as expectativas as quais lhe
foram confiadas, mesmo diante do desafio de se construir em solo arenoso, fez uso de
soluções construtivas para que a edificação pudesse se integrar a paisagem natural
marítima, na tentativa de minimizar os impactos da edificação na natureza. Vale salientar
que a área de implantação do hotel estava sob a proteção da Marinha do Brasil, entrando
em contradição com legislação vigente da época, o que lhe custou críticas perdura até os
dias atuais. Porém, Bernardes, em sua maestria, procurou se adaptar ao solo arenoso, se
integrando a natureza do lugar, de modo que o edifício de formato circular, pudesse se
acomodar na curva desenhada pelo mar. Desse modo, optou também pela horizontalidade
da edificação, que quando visto da Avenida Almirante Tamandaré, não se percebe o
formato da mesma, pois a fachada compreende-se num grande talude com vegetação
rasteira. Este tipo de posicionamento é justificado pela filosofia que Bernardes pregava e
vivia, em que a arquitetura deve ser vivida e não contemplada, que foi definido como a não-
arquitetura pelo neto Thiago Bernardes, no documentário sobre vida e obra de Sérgio
Bernardes.
Este projeto atendeu um programa de necessidades, que buscava promover um
espaço para realização de grandes eventos, assim como propor melhores condições de
descanso e hospedagem, logo, o programa se destrincha em: cento e vinte quartos, todos
com vista para o mar; Duas piscinas; Restaurante e bar, Centro de convenções; Lojas,
Galeria de exposições; Boate; Cineteatro, além de jardins internos.
A proposta para o Tropical Hotel Tambaú atendeu os anseios do cenário político da época,
o desejo pelo progresso e os padrões de qualidade de serviços e arquitetura, como
constatou o presidente da época JUSCELINO KUBITSCHEK (1972, parágrafo 6) quando
escreveu para Sérgio Bernardes, elogiando o projeto e afirmando não ter encontrado em
nenhum outro lugar, um espaço tão bem pensado:

[...] ao passar uns dias no Hotel Tambaú que, sem nenhum favor, é o mais aprazível
não apenas no Brasil, mas no próprio mundo. Já andei muito, conheço demais as
rotas do turismo internacional, e nunca me abriguei num hotel que cativasse tanto
pelo sóbrio, elegante e simpático arranjo de todas as peças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da carência por serviços de hotelaria de qualidade e dos anseios pelo


progresso para a cidade de João Pessoa, se pode constatar que o Hotel Tambaú se
mostrou eficiente como resposta a estas expectativas. Mais que isso, o edifício se mantém
até os dias atuais, com suas características originais, com o mesmo uso o qual foi destinado
desde sua fundação, mesmo diante das dificuldades e críticas a ele associados. Além disso,
podemos considera-lo como um dos marcos mais importantes do Movimento Moderno
Brasileiro2 e das interferências do Governo Militar em João Pessoa, visto que a forma, as
técnicas construtivas, o local de instalação, o forma de implantação, foram, de certo modo,
provocantes, inovadoras, se mostrando uma obra avançada em relação a época da
implantação, a qual representou a imagem do progresso e do moderno.

2O Movimento Moderno Brasileiro teve seu marco inicial na Semana de Arte Moderna, em 1922, no
Teatro Municipal de São Paulo, num momento de insatisfação com o tradicionalismo, onde
propuseram mudanças nos âmbitos cultural, artístico e literário, na tentativa de fazer uma ruptura
com o passado em busca do progresso e do novo.
Também, vale destacar, que o Tropical Hotel Tambaú foi o primeiro hotel implantado
na orla marítima de João Pessoa, por isso representa o marco inicial do turismo, de forma
profissional nas praias da cidade. E com isso, a imagem do hotel foi vendida como cartão
postal da cidade e propaganda para o turismo
Diante disso, certifica-se a sua relevância para a cidade de João Pessoa, no âmbito
da história, da cultura e da arquitetura, e por isso, se pode destacar a importância e
necessidade do reconhecimento, valorização e possíveis recomendações de preservação
ao Tropical Hotel Tambaú, para que a edificação possa permanecer na paisagem urbana
da capital paraibana.

REFERÊNCIAS

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SÉRGIO BERNANDES. Disponível: em: <
http://www.bernardesarq.com.br/memoria/tambau/#group-1>. Acesso em: 15 jul. 2018.

CUNHA, Marcio Cotrim. ROCHA, Germana. TINEM, Nelci. Hotel Tambaú, de Sérgio
Bernardes Diálogo entre poética construtiva e estrutura formal. Disponível: em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.206/6627>. Acesso em: 15
jul. 2018.

GAMBARRA, Thaise. TINEM, Nelci. HOTEL TAMBAÚ E A MODERNIDADE DA


CAPITAL DA PARAÍBA. OS JORNAIS COMO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO
DA HISTÓRIA DA ARQUITETURA. In: 1º Seminário Latino-Americano Arquitetura &
Documentação. Belo Horizonte, 2008. Belo Horizonte, 2008.Disponível
em:<http://www.lppm.com.br/sites/default/files/livros/Hotel%20Tamba%C3%BA%20e%
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15 jul. 2018.

GOMES, Aldo Leandro. O TURISMO EM JOÃO PESSOA E A CONSTRUÇÃO DA


IMAGEM DA CIDADE, 2006. Disponível em: <
http://www.geociencias.ufpb.br/posgrad/dissertacoes/aldo_leandro.pdf>. Acesso em:
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JUNIOR, Antonio Higino. A GEO-HISTÓRIA DA AVENIDA EPITÁCIO PESSOA EM


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PAULA, Paula Vale de. BRAÚNA, Yasmin Rodrigues. PAIVA, Ricardo Alexandre.
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TENIM, Nelci. TAVARES, Lia. TAVARES, Marieta. Arquitetura Moderna em João


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<http://docomomo.org.br/wp-content/uploads/2016/01/Nelci-Tinem.pdf>. Acesso em: 09
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