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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 14º

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE


SÃO LUÍS/MA

LUIGI CONTE NETO, brasileiro, casado, servidor público estadual –


delegado de polícia civil, portador do RG de nº 7142521 SDS/PE e
inscrito no CPF sob o nº 048.534.244-82,
EMAIL: conte_neto@hotmail.com, residente e domiciliado na R – H-
15, 1, Edifício Ilhas Gregas, Torre 1, apto 305, Parque Shalon, CEP:
65.072-810, São Luís/MA, por sua advogada que a esta subscreve,
conforme instrumento de procuração anexo, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a
presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C COM AÇÃO DE


REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS

em face da empresa Em face de TIM CELULAR S/A, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°
04.206.050/0037-91, e inscrição estadual nº 12190396-6, com
endereço sito no Shopping São Luís, Piso 1, LOJA 165 E 165A -
Av. Prof. Carlos Cunha, 1000 - Jaracati, São Luís - MA, 65076-907
pelas razões de fato e de direito que passa a expor.

1. DOS FATOS
O requerente é cliente da requerida há vários anos, no
entanto vem enfrentando recorrentes transtornos em razão da
prestação dos serviços em desconformidade com o que fora
previamente contratado, bem como em razão de cobrança de
serviços não contratados, conforme demonstrado a seguir.

O plano contratado pelo requerente foi a Oferta TIM Pós


A Plus (087/PÓS/SMP) com 3 GB e minutos locais e DDD com 41
ilimitados, no valor de R$ 75,20 (setenta e cinco reais e vinte
centavos). Após foi aumentado para 4 GB e minutos locais e DDD
com 41 ilimitados, com mesmo valor. Por fim, a franquia foi
aumentada para de 5 GB de Internet , Minutos locais e DDD com 41
ilimitados e 5GB de Internet para Vídeo, no valor de R$ 75,29
(setenta e cinco reais e vinte e nove centavos), plano este em vigor.

Ocorre Excelência, que em meados de fevereiro o


requerente descobriu que a requerida cobra serviços não
contratados desde junho de 2016 nas faturas do requerente tais
como TIM music, Tim Banca Virtual, Tim Backup 30GB, Festival de
Prêmio SMS, Meu Club TV semanal, Tim Protect Segurança, TIM
recado Backup mês, dentre outros. Tais serviços estão
devidamente destacados nas faturas anexas.

Após a descoberta das cobranças indevidas o requerente


fez diversas reclamações junto à requerida mediante os protocolos
de nº 2018542175291, 2018364431306, 2018364409425,
2018364375338 e protocolo 2018183586341, onde a requerida,
diante do reconhecimento dos serviços não contratados e das
cobranças indevidas, alegou que abateria os valores a partir das
faturas de abril de 2018.
Em 28 de maio de 2018, a linha telefônica do requerente
foi cortada. Ao consultar no portal MEU TIM, o requerente
identificou que a conta do mês de maio não fora abatida.

Diante do corte, o requerente novamente entrou em


contato com a requerida conforme protocolos acima já descritos,
onde o atendente solicitou que o requerente pagasse a fatura de
maio, que na próxima haveria o abatimento, no entanto, conforme
podemos observar nas faturas anexas, não foi o que ocorreu.

As cobranças indevidas consistem nos seguintes valores:

1- Mês de junho de 2016 ---- um pacote de serviço no valor de


R$ 5,90;
2- Mês de julho de 2016 ---- um pacote de serviço no valor de R$
5,90;
3- Mês de agosto de 2016 ---- Não houve cobrança indevida;
4- Mês de setembro de 2016 ---- dois pacotes de serviços
totalizando R$ 11,80;
5- Mês de outubro de 2016 ---- três pacotes de serviços
totalizando R$ 17,70;
6- Mês de novembro de 2016 ---- doze pacotes de serviços
totalizando R$ 40,40;
7- Mês de dezembro de 2016 ---- trinta e cinco pacotes de
serviços, totalizando R$ 110,44;
8- Mês de janeiro de 2017 ---- trinta e seis pacotes de serviços,
totalizando R$ 117,56;
9- Mês de fevereiro de 2017 ---- trinta e oito pacotes de serviços,
totalizando R$ 125,41;
10- Mês de março de 2017 ---- trinta e seis pacotes de
serviços, totalizando R$ 116,51;
11- Mês de abril de 2017 ---- trinta e quatro pacotes de
serviços, totalizando R$ 109,88;
12- Mês de maio de 2017 ---- trinta e sete pacotes de
serviços, totalizando R$ 117,34;
13- Mês de junho de 2017 ---- trinta e quatro pacotes de
serviços, totalizando R$ 104,57;
14- Mês de julho de 2017 ---- quarenta pacotes de serviços
totalizando R$ 152,95;
15- Mês de agosto de 2017 ---- vinte e nove pacotes de
serviços, totalizando R$ 124,73;
16- Mês de setembro de 2017 ---- vinte e sete pacotes de
serviços, totalizando R$ 119,47;
17- Mês de outubro de 2017 ---- trinta e três pacotes de
serviços, totalizando R$ 132,51;
18- Mês de novembro de 2017 ---- trinta e seis pacotes de
serviços, totalizando R$ 117,75;
19- Mês de dezembro de 2017 ---- sessenta e seis pacotes
de serviços, totalizando R$ 135,89;
20- Mês de janeiro de 2018 ---- sessenta e seis pacotes de
serviços, totalizando R$ 143,67;
21- Mês de fevereiro de 2018 ---- sessenta e três pacotes de
serviços, totalizando R$ 137,39;
22- Mês de março de 2018 ---- oitenta pacotes de serviços,
totalizando R$ 166,49;
23- Mês de abril de 2018 ---- trinta e três pacotes de
serviços, totalizando R$ 85,54;
24- Mês de maio de 2018 ---- três pacotes de serviços e
cobrança de juros e multa totalizando R$ 38,75;
25- Mês de junho de 2018 ---- três pacotes de serviços
totalizando R$ 34,70;

TOTAL: R$ 2.273,25 (dois mil duzentos e setenta e três reais e


vinte e cinco centavos).

Os débitos descritos acima estão devidamente grifados


nas faturas anexas, na cor amarela para melhor identificação.

Assim, mesmo diante das solicitações do requerente para


cancelamento do serviço, bem como da devolução por meio de
abatimento nas faturas dos valores indevidamente cobrados, a
requerida insiste em permanecer no erro. O que não resta outra
saída ou requerente senão vir a este Juízo buscar seus direitos.

2. DO DIREITO

2.1 – DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Conforme se depreende dos fatos narrados e


documentalmente comprovados, o requerente contratou a
prestação de serviços da empresa requerida por um valor pré-
determinado, porém, desde junho de 2016 o requerente vem
sendo surpreendido com cobranças de valor diverso do pactuado
bem como com a cobrança de serviços não contratados.

O consumidor cobrado indevidamente faz jus à repetição


de indébito em dobro, podendo esse crédito equivaler ao valor
integral ou apenas ao excesso pleiteado. Dispõe o art. 42,
do CDC:

Art. 42. (...)

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

Portanto, a repetição de indébito em dobro não objetiva


tão somente a restituição da quantia paga indevidamente, mas a
imposição da sanção civil, a fim de que o fornecedor seja punido
em razão da sua prática abusiva.

Outrossim, ao analisar o disposto no parágrafo único, do


art. 42 do CDC, verifica-se que há possibilidade do fornecedor se
eximir da restituição em dobro, conforme se vê do dispositivo em
questão: “salvo hipótese de engano justificável”. No caso em
tela, não se vislumbra hipótese de erro justificável, tendo em
vista que a empresa requerida efetuou cobrança indevida por
reiteradas vezes, tendo, inclusive, reconhecido o próprio erro, de
modo que poderia ter impedido a continuidade da cobrança de
valor maior que o contratado.

Não obstante, sabe-se que as


relações consumeristas são regidas pela teoria objetiva da
responsabilidade civil, segundo a qual, comprovado o dano
causado pela empresa ao consumidor, não há que se aferir culpa
do fornecedor para que reste configurado o dever de indenizar
(art. 12, CDC), bastando que haja apenas a relação de
causalidade e o dano para responsabilização do fornecedor de
produtos e serviços.

A cobrança indevida consubstancia violação ao dever


anexo de cuidado e portanto destoa do parâmetro de conduta
determinado pela incidência do princípio da boa-fé objetiva.

As obrigações contratuais regem ambas as partes, de


modo que, se de um lado deve o consumidor pagar pelo que
contratou deve a empresa prestadora de serviços, por sua vez,
cumprir a prestação nos moldes do que fora contratado. Não se
admite que a parte hipossuficiente da relação seja surpreendida
por cobranças de valores superiores aos que contratou
previamente, caracterizando pratica abusiva a elevação, sem
justa causa, do serviço contratado, conforme assevera o
art. 39 do CDC em seu art. X.

Sobre a cobrança indevida e a repetição de indébito é


pacífica a jurisprudência. Vejamos os seguintes julgados:

"RESPONSABILIDADE CIVIL – Cobrança da tarifa "serviços de


terceiros" dos meses de setembro e outubro de 2013, sem base
legal ou contratual – Declaração de inexistência da Dívida –
Cabimento – Danos Morais – Ocorrência, pois o consumidor foi
desprezado pelo serviço de atendimento da empresa de telefonia,
não tendo conseguido resolver o problema a despeito das várias
ligações telefônicas – Indenização arbitrada conforme os princípios
da razoabilidade e da proporcionalidade – Repetição do indébito em
dobro – Possibilidade – Sentença mantida por seus próprios
fundamentos – Recurso parcialmente desprovido". [omissis]. Posto
isso, JULGA-SE PROCEDENTE o pedido, para: a) condenar a
requerida a pagar, à parte-autora, R$ 10.000,00, a título de danos
morais, atualizados desde a sentença, e com juros de mora de 1%
ao mês, a partir da citação; b) declarar inexigíveis as cobranças da
tarifa “serviços de terceiros TDATA MANUTENÇÃO ESTENDIDA
VIVO FIXO” da conta telefônica da parte-autora; c) condenar a
requerida a devolver em dobro os valores indevidamente cobrados,
ou seja, o valor total de R$ 58,64, atualizado monetariamente e com
juros de mora de 1% ao mês a partir das cobranças indevidas; d)
determinar à ré a obrigação de não fazer consistente em não
promover cobranças na linha telefônica da parte-autora, a título de
"serviços de terceiro TDATA MANUTENÇÃO ESTENDIDA VIVO
FIXO", sob pena de multa de R$ 5.000,00 por descumprimento; e)
declarar a inexigibilidade do débito, referente ao valor total cobrado
como SERVIÇOS DE TERCEIROS TDATA MANUTENÇÃO
ESTENDIDA VIVO FIXO. Sem condenação em custas e despesas
processuais, bem assim em honorários advocatícios – incabíveis nas
sentenças proferidas nos Juizados Especiais Cíveis. P. R. I." (TJSP,
processo n.º 1001359-28.2015.8.26.0297, Vara do Juizado Especial
Cível de Jales, Magistrado: Fernando Antonio de Lima, julgado em
22/09/2015, Diário Oficial de 24/09/2015).

APELAÇÃO. RESCISÃO CONTRATUAL. CONTRATO DE


TELEFONIA MÓVEL. PESSOA JURÍDICA.
APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. COBRANÇA DE SERVIÇOS NÃO
CONTRATOS E EM VALORES ACIMA DO PACTUADO.
MÁ-FÉ EVIDENCIADA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO.
MULTA CONTRATUAL POR EQUIPARAÇÃO.
APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. Na espécie, a prestação
de serviço de telefonia não tem o escopo de fomentar a
prática empresarial exercida e, sim, de agregar tecnologia
à própria atividade administrativa interna da requerente,
razão pela qual se aplica o Código de Defesa do
Consumidor à espécie. Age com má-fé o fornecedor
que cobra por serviços não contratados e em valores
superiores aos pactuados, determinando a aplicação
da sanção prevista no parágrafo único do
art. 42 do Código de Defesa do Consumidor. Tanto
o Código de Defesa do Consumidor (CDC) quanto
princípios gerais de direito, além da equidade, apontam
como abusiva a prática de impor penalidade exclusiva ao
consumidor. Dessa forma, prevendo o contrato a
incidência de multa para o caso de descumprimento
contratual por parte do consumidor, a mesma multa
deverá incidir, em reprimenda do fornecedor, caso seja
deste a mora ou o inadimplemento (TJMG - AC:
10024112989314001 MG, Relator: Alberto Henrique, Data
de Julgamento: 03/07/2014, Câmaras Cíveis / 13ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 11/07/2014)

APELAÇÃO CÍVEL. TELEFONIA. AÇÃO DE RESCISÃO


C/C INDENIZAÇÃO. COBRANÇA DE VALORES
SUPERIORES AO CONTRATADO. ADEQUAÇÃO DA
COBRANÇA. INADIMPLÊNCIA RECONHECIDA -
NEGATIVAÇÃO - EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO -
AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR DANOS
MORAIS. INOCORRÊNCIA. Tratando-se de relação de
consumo, impõe-se ao fornecedor produzir provas que
elidam os fatos constitutivos deduzidos na inicial. Se a
operadora ré não provar a regularidade das
cobranças e os termos da contratação, devem ser
considerados indevidos os valores cobrados a maior
nas faturas mensais. Não é devida indenização por
danos morais fundamentados em negativação que não se
mostra indevida.

(TJMG - AC: 10002120031659001 MG, Relator: Pedro


Bernardes, Data de Julgamento: 25/08/2015, Câmaras
Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
09/09/2015) (Destacamos)

EMENTA: APELAÇÃO. RESCISÃO CONTRATUAL.


CONTRATO DE TELEFONIA MÓVEL. PESSOA
JURÍDICA. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. COBRANÇA DE SERVIÇOS NÃO
CONTRATOS E EM VALORES ACIMA DO PACTUADO.
MÁ-FÉ EVIDENCIADA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO.
MULTA CONTRATUAL POR EQUIPARAÇÃO.
APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. Na espécie, a prestação
de serviço de telefonia não tem o escopo de fomentar a
prática empresarial exercida e, sim, de agregar tecnologia
à própria atividade administrativa interna da requerente,
razão pela qual se aplica o Código de Defesa do
Consumidor à espécie. Age com má-fé o fornecedor
que cobra por serviços não contratados e em valores
superiores aos pactuados, determinando a aplicação
da sanção prevista no parágrafo únicodo
art. 42 do Código de Defesa do Consumidor. Tanto
o Código de Defesa do Consumidor (CDC) quanto
princípios gerais de direito, além da equidade, apontam
como abusiva a prática de impor penalidade exclusiva ao
consumidor. Dessa forma, prevendo o contrato a
incidência de multa para o caso de descumprimento
contratual por parte do consumidor, a mesma multa
deverá incidir, em reprimenda do fornecedor, caso seja
deste a mora ou o inadimplemento (TJMG, Apelação
Cível Nº 1.0024.11.298931-4/001 - COMARCA DE Belo
Horizonte - Apelante (s): CONSTRUTORA D'AVILA REIS
LTDA - Apelado (a)(s): TELEFÔNICA BRASIL S/A -
Interessado: VIVO S. A. (Destacamos)

RECURSO ESPECIAL Nº 1.516.393 - RS (2015/0035376-


0) RELATORA: MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES
RECORRENTE: AVALACIR DEZENGRINI DE SOUZA
ADVOGADOS: FÁBIO DAVI BORTOLI ALEXANDRE
LUIS JUDACHESKI RECORRIDO: OI S. A
ADVOGADOS: TERESA CRISTINA FERNANDES
MOESCH CATIÚSCIA JARDIM DE OLIVEIRA ANA
CAROLINA LUCAS ALVES E OUTRO (S) DECISÃO
Trata-se de Recurso Especial interposto por AVALACIR
DEZENGRINI DE SOUZA, com fundamento no
art. 105, III, a, da Constituição Federal, contra acórdão
proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, assim ementado: "APELAÇÃO CÍVEL.
DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. COBRANÇA
DE SERVIÇOS NÃO CONTRATADOS. REPETIÇÃO DO
INDÉBITO. DANO MORAL. Diante da cobrança
irregular de serviços que não foram contratados, deve
haver a restituição em dobro dos valores pagos
indevidamente, o que deverá ser apurado em liquidação
de sentença, oportunidade em que a ré deverá exibir as
faturas telefônicas. Incidência do prazo prescricional
trienal, consoante art. 206, § 3º, IV do Código Civil,
estando prescrita a pretensão de restituição dos valores
pagos antes do prazo trienal antecedente à data da
propositura da ação. Prejuízo moral indenizável
reconhecido, tendo em vista que a autora restou cobrada
por serviços não solicitados. Observância das funções
reparatória, punitiva e dissuasória da responsabilidade
civil. Ônus da sucumbência readequado. APELAÇÃO DA
AUTORA PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÃO DA
RÉ IMPROVIDA" (fl. 352e). (...) (STJ - REsp: 1516393 RS
2015/0035376-0, Relator: Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, Data de Publicação: DJ 14/04/2015)
(Destacamos)

Superior Tribunal de Justiça Revista Eletrônica de


Jurisprudência RECURSO ESPECIAL Nº 591 RECURSO
ESPECIAL Nº 1.518.436 - RS (2015⁄0031241-1)
RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE: NEIVA DA ROSA BORCHARTT
ADVOGADOS: FÁBIO DAVI BORTOLI ALEXANDRE
LUIS JUDACHESKI RECORRIDO: OI S. A
ADVOGADOS: TERESA CRISTINA FERNANDES
MOESCH LUCIANA RODRIGUES FIALHO DE SOUZA
DECISÃO Trata-se de Recurso Especial (art. 105, III, a,
da CF) interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio Grande do Sul cuja ementa é a
seguinte: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO
ESPECIFICADO. COBRANÇA INDEVIDA DE VALORES
NA CONTA TELEFÔNICA DO CONSUMIDOR.
PRESCRIÇÃO. Aplicável ao caso o prazo prescricional
trienal previsto no art. 206, § 3º, IV, do CC, uma vez que a
demanda trata da restituição dos valores cobrados
indevidamente. De ofício, reconhecida a prescrição
trienal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. Verificada a falha
na prestação dos serviços, consistente na cobrança
indevida de serviços não contratados, mostra-se
adequada a condenação da ré à repetição em dobro
da quantia paga, na forma do art. 42, parágrafo único,
do CDC. Os valores a repetir devem sofrer a
incidência de correção monetária desde a data de
cada pagamento indevido; e de juros de mora desde a
citação. Pertinência do pedido de exibição das faturas
pela ré, tendo em vista a relação de consumo entabulada
entre as partes, a qual, no entanto, deverá ser efetuada,
caso necessário, durante a fase de liquidação da
sentença. DANO MORAL. No caso concreto, a ré efetuou
cobrança de serviço não solicitado pela demandante,
agindo em desacordo com os ditames legais. Logo,
há dano moral, o qual prescinde de comprovação
acerca dos contratempos ou transtornos enfrentados
pelo lesado. (...) MINISTRO HERMAN BENJAMIN
Relator Documento: 47454356 Despacho / Decisão - DJe:
18/05/2015. (Destacamos)

Além de cobrar valor acima do contratado, a empresa


requerida não solucionou o problema, tendo estornado o valor
pago em excesso apenas uma vez, de modo que o requerente se
vê obrigado a, todo mês, passar horas tentando solucionar
problema criados pela empresa, os quais ela própria já havia se
comprometido a resolver, porém, têm persistido sem solução.

Assim, requer a devolução em dobro dos valores


indevidamente cobrados do requerente, demonstrados nas faturas
anexas no valor de R$ 2.273,25 (dois mil duzentos e setenta e três
reais e vinte e cinco centavos), que em dobro totalizam a quantia de
R$ 4.546,50 (quatro mil quinhentos e quarenta e seis reais e
cinquenta centavos).

2.2 – DO DANO MORAL

Douto Julgador, não há duvidas de que estamos diante de


uma relação de consumo, cujos direitos outorgados ao requerente
são aqueles constantes do Código de Defesa do Consumidor, pelo
pede que se aplique aqui a regra da inversão do ônus da prova (art.
6ª, VIII, do CDC), de modo que os direitos do requerente sejam
respeitados.

Reza ainda o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor


o seguinte:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente de culpa, pela reparação o dos
danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação de serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos:
§1º O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I- o modo de seu fornecimento;

No caso em tela, não há duvidas de que o serviço


fornecido pela requerida fora extremamente defeituoso e deve ser
reparado!

Por seu turno, a Constituição Federal de 1988, em seu art.


5º, consagra a tutela do direito à indenização por dano material ou
moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a
honra e a imagem das pessoas:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao


agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra


e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
O Código Civil resguarda da mesma forma, a
reparabilidade dos danos morais. O art. 186 trata da reparação do
dano causado por ação ou omissão do agente, vejamos:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito".

Dessa forma, o art. 186 do novo Código define o que é ato


ilícito, entretanto, observa-se que não disciplina o dever de
indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria tratada no art.
927 do mesmo Código. Sendo assim, é previsto como ato ilícito
aquele que cause dano, ainda que, exclusivamente moral.

Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Não obstante, o Código de Defesa do Consumidor, em seu


art. 6º destaca o seguinte:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Pelos fatos narrados acima e pelos documentos


acostados, não nos deixam dúvidas acerca do direito do
requerente ao pedido em tela ora formulado.

O abuso e o descaso com que a empresa requerida vem


tratando a situação vivenciada pelo requerente, que vem sendo
cobrado por valor diverso do contratado há mais de 24 meses,
ultrapassam os limites dos meros aborrecimentos e dissabores.

O dano é evidenciado ainda pela conduta negligente da


empresa requerida, nascendo da cobrança indevida e da ausência
da solução quando pleiteado pela parte.

É inconcebível aceitar que o contratante tenha que arcar


com consequências às quais não deu ensejo, absolvendo, numa
via lógica inversa, o defeito do serviço, o que, de fato, seria um
absurdo.

O artigo 944 preceitua o modus operandi para se


estabelecer o quantum indenizatório, como facilmente se pode
inferir:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do


dano.

Acerca do caso, o entendimento jurisprudencial é tranquilo


e pacífico no sentido de que a violação de direito do dano moral
gera indenização. Senão vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MORAIS. REITERADAS


COBRANÇAS INDEVIDAS. SERVIÇOS NÃO CONTRATADOS.
OFENSA À HONRA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. FIXAÇÃO DO
"QUANTUM". I - Ao dever de reparar impõe-se configuração de ato
ilícito, nexo causal e dano, nos termos dos
arts. 927, 186 e 187 do CC/02, de modo que ausente
demonstração de um destes requisitos não há que se falar em
condenação, ressalvada a hipótese de responsabilidade objetiva,
na qual prescindível a demonstração da culpa. II - A cobrança
irregular de valores relativos à prestação de serviços não
contratados de telefonia móvel, sem solução por mais de dois
anos, e a reincidência da conduta pela empresa, caracterizam
ofensa à honra do consumidor, pelo que se faz devida a
indenização por danos morais, não se configurando o ocorrido
como meros aborrecimentos. III - Ausentes parâmetros legais para
fixação do dano moral, mas consignado no art. 944 do CC/02 que a
indenização mede-se pela extensão do dano, o valor fixado a este
título deve assegurar reparação suficiente e adequada para
compensação da ofensa suportada pela vítima e para desestimular-
se a prática reiterada da conduta lesiva pelo ofensor.(TJMG - AC:
10024101462810001 MG, Relator: João Cancio, Data de
Julgamento: 06/08/2013, Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 12/08/2013). (Destacamos)

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. EMPRESA DE


TELEFONIA MÓVEL. RESCISÃO DE CONTRATO. MULTA
INJUSTIFICADA. DESRESPEITO AO PERÍODO DE FIDELIZAÇÃO
NÃO DEMONSTRADO. COBRANÇA DE VALORES
EXCEDENTES. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM ARBITRADO. MANUTENÇÃO.
JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL. Configura dano moral
indenizável o fato de a empresa de telefonia ter realizado a
cobrança de valores indevidos à consumidora e,
consequentemente, promove a inscrição do nome da mesma nos
cadastros de restrição ao crédito. A quantificação do dano moral
deve se dar com prudente arbítrio, para que não haja
enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, tampouco
atribuição em valor irrisório. Tratando-se de danos morais, os juros
de mora devem ter início a partir do ato ilícito (REsp nº
1.132.866/SP). Apelação Cível: 10024101575637001 MG. 9ª
CÂMARA CÍVEL. Relator: Moacyr Lobato. Julgamento: 04/02/2014.
Publicação: 10/02/2014. (Destacamos)
Assim, diante das alegações de fato e de direito – lei
transcrita, doutrina autorizada e jurisprudências, é inegável o dano
moral sofrido pelo requerente, traduzido na devastação à sua moral,
resultante do constrangimento ocasionado pela conduta ilícita da
requerido no valor mínimo de R$10.000,00 (dez mil reais).

3. DO PEDIDO

Diante do exposto requer a Vossa Excelência:

1. A CITAÇÃO do requerido, para querendo e podendo,


contestar a presente ação;

2. A inversão do ônus da prova, conforme previsto no art. 6º,


VIII, da Lei 8.078/90;

3. A condenação do requerido ao pagamento de DANO MORAL


no valor mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) em virtude
da prestação de serviço inadequada e pelo abuso de direito
praticado contra o consumidor;

4. A condenação da requerida à obrigação de


fazer consistente em adequar o valor referente ao plano
contrato, qual seja R$ 75,29 (setenta e cinco reais e vinte e
nove centavos) mensais, cancelando qualquer tipo de
serviço adicional não solicitado pelo requerente tais
como TIM music, Tim Banca Virtual, Tim Backup 30GB,
Festival de Prêmio SMS, Meu Club TV semanal, Tim
Protect Segurança, TIM recado Backup mês, dentre
outros, bem como a apresentar as faturas dos meses de
junho de 2016 a junho de 2017, tendo em vista que
somente disponibiliza relatórios de gastos;

5. A condenação da requerida ao pagamento de repetição do


indébito no valor de R$ 4.546,50 (quatro mil quinhentos e
quarenta e seis reais e cinquenta centavos).

6. A condenação da requerida ao dobro dos valores pagos


pelo requerente que excederem a R$ 75,29 mensais,
referentes aos meses subsequentes ao ajuizamento da
presente ação;

7. A condenação da requerida ao pagamento de juros e


correção monetária sobre os valores acima;

Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidos, em especial, pelos documentos acostados à
inicial.

Dá-se à causa o valor de R$ 14.546,50 (catorze mil


quinhentos e quarenta e seis reais e cinquenta centavos).

Confia no deferimento.

São Luís/MA, 19 de junho de 2018.

Barbara Cesário de Oliveira


Advogada, OAB/MA 12.008

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