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Conquista das Marianas

14.000 baixas americanas em Saipan

Conquista de Saipan
Batalha do Mar das Filipinas

Na noite de 16 para 17 de junho de 1944, os efetivos japoneses que operavam sob as ordens do General
Saito, na ilha de Saipan, lançaram violentos contra-ataques sobre as unidades americanas desembarcadas. A
sólida resistência oferecida fez fracassar os intentos japoneses. Os contra-ataques fracassaram em toda a
linha e com isso os japoneses viram desaparecer a última oportunidade de arrojar ao mar os invasores.
Saipan já podia se considerar perdida para o Império do Sol Nascente.

Dia D mais 2: 17 de junho

O objetivo imediato a ser atingido pelo 165° Regimento de infantaria, agregado à 4 a Divisão de marines, era
o aeródromo de Aslito. A distância entre as linhas americanas e o objetivo era nessa data de 1.500 jardas.

O comandante do 165° Regimento, Coronel Gerard Kelley, deslocou pelo flanco direito o 1 o Batalhão,
paralelamente à costa sul de Saipan; o 2 o Batalhão, por sua vez, avançava pelo flanco esquerdo rumando
diretamente ao aeródromo. O 1° Batalhão iniciou a marcha às 7h:35m do dia 17; o 2 o alguns minutos mais
tarde.

A companhia “A” do 1° Batalhão deparou imediatamente com três casamatas japonesas localizadas em
frente das posições americanas. Os redutos japoneses foram eliminados um a um, graças à intervenção dos
tanques anfíbios e das cargas explosivas colocadas pelos sapadores. Nas horas seguintes ao ataque, a linha de
batalha manteve-se mais ou menos imobilizada. Por volta do meio-dia o Coronel Kelley teve suas forças
aumentadas com a incorporação do 3° Batalhão que permanecera nos navios-transporte; sem desembarcar,
até aquele momento. Às 11h:50m o 1° Batalhão se lançou ao ataque. Às 12h:30m o 2 o Batalhão avançou,
após quinze minutos de preparação de artilharia. Seu objetivo era a colina que se erguia na extremidade
direita da linha de avanço. Às 15h:35m a companhia "A" alcançou a vertente da colina, ao preço de três
mortos e quatro feridos. Cerca de uma hora mais tarde, mais dois destacamentos da companhia "B" atingiram
o local. O 2o Batalhão, às 12h:30m, foi submetido a intenso bombardeio da artilharia dos japoneses. Apesar
disso, avançando com todos os efetivos, ganhou terreno em direção ao aeródromo. Nas últimas horas do dia
17 de junho o 1° Batalhão progredira 400 jardas em direção ao objetivo. O 2 o Batalhão, por seu turno,
deslocara-se quase mil jardas, encontrando-se nas cercanias do aeródromo.

A 4a Divisão de marines lançou-se ao assalto simultaneamente com os efetivos do Coronel Kelley. O avanço
foi rápido e os destacamentos de vanguarda chegaram até às proximidades do aeroporto. Alguns ataques,
inclusive, penetraram no campo de aviação.

A 2a Divisão de marines avançou às 9h:45m. Às 10h:20m, os destacamentos que marchavam à frente haviam
penetrado cerca de 400 jardas. Às 18h a unidade alcançou os objetivos e se encontrava a poucas centenas de
jardas da cidade de Garapan, na parte média da costa oeste de Saipan. A noite de 17 para 18 de junho
transcorreu em relativa calma. Os combatentes americanos descansaram em "tocas de raposa", sem serem
perturbados pelo inimigo. Somente na zona da 2 a Divisão de marines, os japoneses fustigaram as posições
americanas até à meia-noite, lançando nessa ação um grupo de vinte ou trinta soldados armados de duas
metralhadoras. O ataque, sem importância, foi rechaçado facilmente.

A série de reveses sofridos pelas tropas japonesas fez com que os comandos reclamassem uma resistência
mais tenaz e maior espírito de sacrifício. No dia 17 de junho o chefe do Estado-Maior do QG em Tóquio
enviou aos comandos das zonas a seguinte mensagem: “Como o futuro do Império depende do resultado da
sua operação, inspire a seus oficiais e soldados o firme propósito de destruir o inimigo. Isso aliviará a
ansiedade do Imperador”.
Dia D mais 3: 18 de junho

As ordens de Holland Smith para o dia 18 de junho determinavam movimentos para as três divisões sob o
seu comando (2a e 4a de marines e 27a de infantaria). A 4a e a 27a deveriam avançar até alcançar a costa leste
de Saipan. A 2a Divisão apoiaria a ação com seus efetivos. A captura do aeródromo ficaria nas mãos dos
elementos do exército.

A hora H para as tropas era a seguinte: 10h da manhã para as duas divisões de marines e 12h para a 27 a de
infantaria. Poucos minutos depois das 10 da manhã, os efetivos americanos ocuparam as pistas do aeroporto
sem encontrar oposição japonesa. Somente um soldado japonês estava na torre de controle.

A costa da baía Magicienne foi alcançado, após ligeira oposição, às 13h:30m. A partir desse momento a ilha
ficou dividida em duas partes.

Batalha do Mar das Filipinas

A 12 de junho a esquadra americana atacou, Saipan com seus efetivos. A 13, às 9h da manhã, a frota
japonesa zarpou de Tawi-Tawi. A situação naquele momento, resumida num relatório do Almirante Toyoda,
era a seguinte:
1 ) Efetivos inimigos:
a) À altura das Marianas, um grupamento de combate americano formado por 15 porta-aviões. A 400 milhas
a leste das Marianas, unidades LST em vias de desembarcar parte de seus homens.
b) À altura das Ilhas do Almirantado, oito porta-aviões, encouraçados e barcos diversos.
2) Intenções americanas:
a) Os americanos tencionam atacar as grandes ilhas do grupo das Marianas.
b) Ao tempo que atacam as Marianas, dirigirão nova ofensiva contra o oeste da Nova Guiné ou contra as
bases do oeste das Carolinas (Palau).
c) Tencionam atrair as forças japonesas a um encontro decisivo.
3) Prováveis movimentos do inimigo:
a) O inimigo está ao par dos movimentos do grupamento de combate japonês, por tê-lo avistado várias vezes.
b) Parte da frota permanece na retaguarda, como escolta e reserva. Isto faz supor que o assalto às Marianas é
iminente.
4) Estimativa geral da situação:
a) Os americanos concentram dois terços de seu grupamento de combate à altura das Marianas. Estas forças
constituem uma vanguarda. Avançarão, sem dúvida, rumo ao Oeste.
b) É impossível que os americanos renunciem ao ataque.
c) É possível que parte do grupamento de combate seja enviada ao Oeste para atrair o grupamento japonês ou
atacá-lo de surpresa.

A partir do dia 13 a esquadra japonesa encontrava-se pronta para o combate. As forças aéreas se
concentraram em Truk e Palau, sob o comando de Sumida.

Simultaneamente com um ataque às ilhas Kuriles, os americanos bombardearam também, no dia 13, Iwo-
Jima. Nesse mesmo dia um grupo de bombardeiros B-29 procedente da China levou a cabo um ataque contra
o norte da ilha Kiusiu, o primeiro que se efetuava sobre o Japão depois do de Doolitle.

No dia 16, um grupamento americano bombardeou novamente Iwo-Jima. Nessa mesma data, ainda, um
patrulheiro japonês comunicou que a esquadra de combate inimiga encontrava-se a 200 milhas de Lhota, sem
detalhar sua composição.

No dia 17 o Almirante Nagumo emitiu de Saipan um comunicado ao Alto-Comando: “Apesar de nossos


sucessivos ataques noturnos, as forças americanas desembarcadas mantém as posições e preparam um ataque
ao aeródromo. Já desembarcaram três divisões”. Toyoda ordenou então a execução do chamado Plano A,
com a participação de todas as forças de que dispunha a marinha japonesa, isto é: o 1 o Grupamento de
Combate, a 1a Esquadra Aero-Naval, as forças aéreas de Yokosuka, todos os submarinos disponíveis na zona
e as torças aéreas de Formosa e Okinawa.

No dia 17, o céu apresentou-se nublado. No dia 18, contudo, melhorou. Ozawa lançou quarenta aviões de
reconhecimento. Alguns deles foram derrubados, porém às 14h:50m um aparelho avistou o grupo de porta-
aviões americanos a 380 milhas das unidades japonesas. Como a distância era excessiva foram ativados os
preparativos para o ataque a ser lançado no dia seguinte.

A 19 de junho o tempo voltou a piorar. O céu, novamente encoberto, permitia apenas uma visibilidade
medíocre. Apesar disso, a partir das 6h:30m da manhã, conseguiu-se fixar a posição do inimigo.

As esquadrilhas japonesas decolaram dos barcos às 8h:30m. O grupamento de Ozawa levava a vantagem de
ter avistado o inimigo antes de ser descoberto por ele. As circunstâncias pareciam inclinar-se a seu favor, e
Ozawa transmitiu a seguinte mensagem: “Temos apenas que esperar as notícias da vitória”.

Três horas mais tarde, nenhuma mensagem havia chegado. Inesperadamente o porta-aviões de Ozawa foi
sacudido por forte explosão. Sem que ninguém pressentisse, um torpedo aéreo atingira o Dahio. Em
conseqüência da explosão, o elevador dos aviões deixou de funcionar. Foi necessário tapar um grande rombo
na coberta, e utilizaram para isso pranchas de aço e madeira, fechando hermeticamente a abertura. No
interior da belonave, entretanto, os depósitos de combustível haviam sido atingidos pelo torpedo e o gás
começava a invadir o barco. Não houve tempo para que os homens da coberta pudessem desimpedir a
abertura do elevador, permitindo que os gases escapassem; a mistura explosiva entrou em combustão e o
navio voou pelos ares, completamente destroçado.

Ao mesmo tempo o porta-aviões Shokaku explodia atingido por outro torpedo. Ozawa, em conseqüência,
transferiu sua insígnia ao cruzador Haguro.

O Almirante Toyoda, chefe da Frota Combinada sediada em Tóquio, deixara a Ozawa a direção do combate.
Kusaka, a caminho de Palau, recordando sua experiência em Midway, enviou um cabograma a Toyoda
declarando que ele mesmo deveria assumir a responsabilidade da ordem de retirada. Toyoda respondeu de
imediato, ordenando aos navios abandonar a zona de combate.

A retirada se efetuou com dificuldades durante o dia 20. Enquanto isso o porta-aviões Hiyo era atacado
também. Finalmente o grupamento chegou penosamente ao cabo Nakaje, em Okinawa.

A batalha do mar das Filipinas decidiu de certo modo a campanha das ilhas Marianas e pesou fortemente no
desenvolvimento da guerra no Pacífico.

A captura de Nafutan Point

Após dividir Saipan em dois setores, a 18 de junho, ao chegar à costa da baía Magicienne, os planos do
General Holland Smith encararam a ocupação imediata e a limpeza de Nafutan Point, no extremo sul da ilha.
Havia ali, aproximadamente, mil combatentes japoneses, incluindo sobreviventes das diversas unidades de
terra, pessoal naval, guarnições das baterias antiaéreas e homens de diversos serviços, afastados das suas
unidades.

Entre os dias 19 e 27 de junho, as unidades americanas enfrentaram a decidida resistência dos japoneses que
se encontravam em Nafutan Point. A tarefa ficou nas mãos da 27 a Divisão de infantaria, que lançou seus
efetivos à ação. No dia 27 o setor já estava limpo de inimigos e, como toda a parte sul da ilha, em poder dos
americanos.

A luta pelo setor central de Saipan

A 22 de junho o General Holland Smith ordenou o ataque contra o norte de Saipan. Interviriam na operação
duas divisões de fuzileiros-navais: a 2 a pelo flanco esquerdo e a 4 a pelo direito. A hora H para o ataque seria
6 horas da manhã.

A linha pela qual as tropas deviam se deslocar passava pelo povoado de Laulau na costa leste de Saipan, pelo
monte Tapotchau no centro da ilha e por um ponto da costa oeste situado a mil jardas ao sul de Garapan. Pelo
flanco direito, os homens do 24° Regimento da 4 a Divisão realizaram rápidos progressos em direção ao
objetivo, e às 13h:30m encontravam-se nas imediações, cobrindo uma frente de 2.000 jardas.

À esquerda do 24°, o 25° Regimento tropeçou com dificuldades. Atacado por unidades japonesas apoiadas
por tanques, conseguiu vencer a oposição e obrigar os japoneses a bater em retirada, abandonando mortos e
feridos: Numerosos tanques foram destruídos. Pelo resto da manhã o regimento ainda encontrou núcleos de
resistência fraca. Ao atingir as imediações da linha pré-determinada, foi finalmente recebido por intenso fogo
de metralhadoras.

O 23° Regimento, que permanecera na reserva, avançou e pode chegar à linha proposta.

No setor esquerdo, os homens da 2a Divisão toparam também com dificuldades para chegar ao monte
Tapotchau.

A 23 de junho, às 5h:30m, os regimentos entraram em marcha ao longo da linha alcançada, chegando ao


chamado “Vale da Morte”. Ali os japoneses haviam distribuído grande quantidade de armas automáticas,
morteiros leves, pesados, e canhões de montanha de 75 mm. As tropas americanas, ao se aproximar, viram-se
debaixo do fogo das armas japonesas, montadas em buracos e perfeitamente camufladas.

Caindo a noite, às 19h:25m os japoneses lançaram tanques ao assalto. Os americanos concentraram sobre
eles o fogo de todos os canhões de campanha, metralhadoras, morteiros e bazucas. As unidades blindadas
japonesas foram assim destruídas.

A 24 de junho a situação dos americanos era a seguinte: no flanco direito, a 4 a Divisão atingira os arredores
da península de Kangman; à esquerda, a 2 a Divisão encontrava-se frente a Garapan e nas proximidades do
monte Tapotchau, embora fosse necessário mais um dia para chegar ao topo.

O total das baixas até aquele momento era o seguinte: na 4 a Divisão, 812 homens; na 2a, 333 e na 27a Divisão
de infantaria, 277.

A 25 de junho, às 7h:30m, reiniciou-se o avanço. Os cumes do monte Tapotchau foram alcançados pelos
efetivos do 2° Batalhão do 8o Regimento de marines e pelo 1° Batalhão do 29° Regimento.

Nas últimas horas do dia 25 de junho era evidente para o Alto-Comando japonês que a situação em Saipan
evoluíra até se tornar desesperadora para suas forças. Um radiograma do 31 o Exército, enviado à 29a Divisão
em Guam, citava os seguintes efetivos na linha de batalha: 118° Regimento de infantaria, 300 homens; 135 o
Regimento de infantaria, 350; 136° Regimento de infantaria, 300; 47 a Brigada Mista independente, 100; 7°
de engenharia, 70; 3° Regimento de artilharia de montanha, sem armas; 9° Regimento de tanques, 3 tanques.

O radiograma esclarecia que os demais serviços (hospitais, unidades de manutenção e reserva em geral)
estavam num completo esgotamento e não poderiam combater por falta de elementos, armas e munições.

A 27 de junho, após uma preparação de fogo artilheiro que se encerrou às 11h:20m, os efetivos americanos
atacaram as posições japonesas no Vale da Morte.

Pelo dia 30, depois de encarniçada luta, a batalha pela zona central de Saipan podia se considerar terminada.
A esta altura da campanha as baixas sofridas pelos americanos atingiam as seguintes cifras: 2 a Divisão de
marines, 1.116 homens; 4a Divisão de marines, 1.506 homens; 27a Divisão de infantaria, 1.465 homens.

A conquista do norte de Saipan

Com o Vale da Morte em suas mãos o General Holland Smith encontrou-se afinal em condições de se lançar
à conquista do norte da ilha. A 1° de julho, com as forças americanas em marcha, os efetivos da 27 a Divisão
de infantaria avançaram em toda a linha. Ocuparam, no flanco direito, vencendo a resistência inimiga, umas
400 jardas de território; no setor esquerdo, simultaneamente, o avanço foi de 600 jardas; ambos os setores
sofreram oposição moderada.

À esquerda da 27a de infantaria, os efetivos da 2 a Divisão de marines penetraram mais ainda, sem encontrar
resistência.

No dia 2 de julho, a 4a Divisão, que no dia anterior não efetuara senão movimentos de patrulha, lançou-se ao
ataque, numa frente de 1.500 jardas. A resistência inimiga foi débil e as baixas extremamente reduzidas; o
24o Regimento de marine: sofreu a perda de um só homem.
Sob a pressão dos combatentes americanos, os japoneses optaram pela retirada para novas posições, mais
recuadas.

Até aquele momento, 2 de julho, a linha de batalha da 4 a Divisão de marines avançara aproximadamente
2.000 jardas com relação às posições do dia 1° de julho; os soldados da 27 a de infantaria, por sua vez,
encontravam-se a 1.000 jardas para dentro do território inimigo, na zona central de Saipan; no setor Oeste as
tropas da 2a Divisão de marines haviam conquistado de 500 a 1.000 jardas de terreno. A frente de combate
era gradualmente estreitada ao aumentar-se a penetração para o norte.

No dia 3 de julho os fuzileiros-navais e a infantaria da 27 a reiniciaram o ataque. A esta altura dos


acontecimentos as extenuados tropas japonesas defendiam fracamente suas posições, permanentemente
varridas pelo fogo da artilharia e pelos morteiros americanos. Os japoneses, entrincheirados nas elevações,
tentavam resistir ali, sem êxito, ao esmagador poderio dos americanos. As primeiras luzes da madrugada de 4
de julho revelaram aos americanos que o inimigo abandonara durante a noite os pontos elevados, onde
resistiam na zona central de Saipan. A colina 721, forte baluarte japonês, passou então para as mãos dos
americanos. Eram 11h:35m. Uma hora mais tarde outro batalhão da 4 a Divisão, o 23°, avançou 800 jardas
rumo ao Norte e capturou a colina 767, sem encontrar oposição inimiga. A formação americana penetrara
profundamente no território japonês, distribuindo-se em cunha. A frente de combate se estendia nessa altura
ao longo de 7.000 jardas, de leste para oeste. Unicamente uma quarta parte da ilha mantinha-se em poder dos
japoneses.

Nas primeiras horas da tarde de 4 de julho um grupo de combatentes japoneses que procurava escapar para o
norte, a fim de unir-se ao General Saito, enfrentou inesperadamente os efetivos do posto de comando do 165 o
Regimento de infantaria. Após rápido porém intenso combate, 37 japoneses tombaram mortos. Entre eles os
americanos encontraram o cadáver do Coronel Ogawa, comandante do 136° Regimento de infantaria. Em
seus documentos os americanos acharam a ordem que o General Saito emitira às suas tropas no dia 2 de
julho, determinando a retirada. Encontraram ainda o original de outra ordem, do próprio Coronel Ogawa,
ordenando às unidades superadas pelos americanos que transpusessem as linhas inimigas e seguissem para o
Norte. O movimento devia se produzir às 22h do dia 3 de julho.

A 4 de julho Holland Smith preparou os planos tendentes a encerrar a campanha de Saipan. A 2 a Divisão de
fuzileiros-navais passaria a integrar a reserva, enquanto na primeira linha atuariam à direita a 4 a Divisão de
fuzileiros-navais e à esquerda a 27a de infantaria. O avanço começaria ao meio-dia de 5 de julho (hora H).

O movimento da 4a Divisão de marines iniciou-se às 13h:30m, uma hora e meia mais tarde que a prevista. A
resistência japonesa, como se calculava, foi extremamente débil, limitando-se a ações de fustigamento e
retardativas. Por volta das 16h:30m os efetivos da 4 a Divisão alcançaram seus objetivos, a 1.200 jardas ao
norte da linha de partida das forças.

A rápida penetração dos americanos, quase sem oposição, demonstrou que os planos do General Saito se
aproximavam do colapso. O setor esquerdo da frente, a cargo da 27 a Divisão de infantaria, deslocara-se no
final da jornada cerca de 800 jardas, internando-se nas posições japonesas.

Cumprindo ordens do General Holland Smith, a 6 de julho a 27 a Divisão de infantaria e a 4a de marines


avançaram rumo ao nordeste. A luta se iniciou às 9h e as unidades americanas, ganhando terreno, deixaram
grupos isolados de japoneses atrás de suas linhas.

O 24° Regimento de marine: encontrou resistência esporádica à sua penetração, avançando entre 1.400 a
1.800 jardas. O 23°, à esquerda, deparou, com forte oposição. Às 14h:15m os marines caíram sob fogo
concentrado dos japoneses refugiados em cavernas.

Depois de três horas de intensa luta, às 17h:30m, o comando americano, diante da impossibilidade de
continuar o avanço, decidiu estabelecer posições defensivas e esperar reforços e material de artilharia pesada.

7 de julho foi o princípio do fim. A derrota dos defensores de Saipan já era inevitável e o comando japonês o
admitiu.

Às 6h desse dia o General Saito deu a conhecer a seguinte proclamação: “Aos oficiais e soldados que
defendem Saipan: Dirijo-me aos oficiais e soldados do Exército Imperial em Saipan. Durante mais de vinte
dias os oficiais, soldados e civis do Exército e da Marinha Imperiais portaram-se com bravura. Em todos os
lugares demonstraram a honra e a glória das forças do Império. O Céu nos nega outra oportunidade.
Carecemos de munições. Nossa artilharia foi destruída. Nossos camaradas tombam um após outro. Os
ataques do inimigo continuam. Onde estivermos, estará a morte.
Conclamo os verdadeiros japoneses a combater até a última gota de sangue. Rogo, com vocês, pela vida
eterna do nosso Imperador e pela segurança da Pátria. Eu avançarei contra o inimigo. Sigam-me!”

O fim do General Saito foi o suicídio, depois do general japonês liderar bravamente a carga final dos seus
homens. O número exato dos soldados que participaram na ação é difícil de precisar. Um oficial do serviço
de inteligência japonês, capturado pelos americanos, estimou em 1.500 o total dos combatentes japoneses.
Posteriormente essa cifra foi aumentada para 3.000. Outro prisioneiro de guerra, um trabalhador coreano,
forneceu uma cifra igual, 3.000, considerada a mais provável

Muitos japoneses estavam precariamente armados com fuzis rústicos. Alguns empunhavam, ao atacar;
pedaços de madeira com punhais amarrados nas pontas.

Contudo, apesar da falta de armas, o impacto daquela massa de homens foi considerável. A carga foi levada a
cabo em toda a frente, numa extensão de aproximadamente 1.000 jardas, sendo cumprida com ímpeto
desesperador, desafiando a morte e até mesmo buscando-a nas bocas das metralhadoras americanas.

Os comandos americanos replicaram com medidas concretas. Ordenaram às 9h:20m o envio à frente de
batalha do 106° Regimento. As divisões de fuzileiros-navais, por seu turno, receberam ordem do General
Holland Smith de reforçar com 1.000 projéteis de 105mm a divisão do exército, cujas munições estavam
quase esgotadas.

Vitória final

Entre os dias 8 e 9 de julho os fuzileiros-navais dedicaram esforços para demolir fortificações levantadas
pelos japoneses e desalojar os combatentes inimigos de seus refúgios e cavernas. Nesta última operação, ante
a tenaz resistência suicida dos japoneses, foram empregadas granadas, lança-chamas e cargas explosivas.

O tradicional fim dos guerreiros japoneses, por meio do suicídio, foi fielmente cumprido por muitos deles.
Inclusive trabalhadores civis se lançavam às águas, jogando-se do alto das escarpas. Nos dias que se
seguiram a 8 e 9 de julho, grande quantidade de cadáveres de soldados e civis flutuavam nas proximidades
da costa. Outros japoneses, em pequenas embarcações, precipitaram-se contra os navios americanos
disparando fuzis e metralhadoras. Os barcos, recorrendo às armas pesadas, destruíram uma por uma as
embarcações. As baixas americanas atingiram cifras consideravelmente elevadas. O número de mortos,
feridos ou desaparecidos em combate foi de 3.674 homens para o Exército e 10.437 para a Marinha.
Representava 20% das tropas empenhadas na batalha, cifra que demonstra eloqüentemente o elevado preço
que custou às armas americanas a conquista de Saipan.

A ilha, importante baluarte japonês, constituiu mais um passo rumo ao final da guerra. Com sua queda
desapareciam praticamente as barreiras que se interpunham entre as forças ocidentais e o longínquo Japão.
As operações nas Marianas, porém, não estavam encerradas. Restavam as ilhas de Tinian e Guam nas mãos
dos japoneses. A primeira, pequena ilha a poucas milhas ao sul de Saipan, foi conquistada no que se
constituiu, de acordo com a opinião do Almirante Spruance, “na mais brilhante operação anfíbia concebida e
executada no decurso da Segunda Guerra Mundial”. O General Holland Smith declarou por sua vez,
referindo-se à mesma: “Tinian foi o operação anfíbia perfeita da guerra do Pacífic”. Todos os comentaristas
militares e técnicos corroboraram um por um a exatidão de tais afirmações.

A quase quatro milhas ao sul de Saipan, Tinian é apenas uma ilha de 17 km de comprimento por 8 de largura,
aproximadamente. No mês de julho de 1944 cerca de 8.000 japoneses de todas as armas nela se aprontavam
para resistir à investida americana.

Anexo
Pela liberdade
Este é o relato de um fuzileiro-naval americano prisioneiro dos japoneses. Ante a possibilidade da derrota, os japoneses
decidiram transportá-lo com outros companheiros para campos de concentração mais seguros. O navio integrava um
comboio atacado por submarinos americanos.
“Por volta das quatro da tarde, depois de onze dias de viagem, os submarinos atacaram o comboio. Um torpedo atingiu
um barco de escolta próximo ao nosso. Ouvimos o alarma e em seguida uma grande explosão atirou-me contra a parede.
Tudo escureceu por um minuto. Depois vi tanta escuridão que pensei estar debaixo d'água. Não me atrevi a respirar.
Grandes massas moles chocavam-se comigo, e pensei que eram esponjas. Supus que estava morto e, talvez, o inferno se
assemelhe a isso. Eu flutuava no meio de trevas, topando sem cessar com esponjas enormes e suaves. Compreendi que
não eram esponjas, mas cadáveres. Também vi que não estava submerso. Na escada muitos homens trepavam uns sobre
outros, tentando escapar. Os guardas japoneses gritavam conosco. Vi um japonês que disparava sua metralhadora em
quem tentasse sair.
Por toda parte havia corpos ensangüentados. Eu estava ferido e sangrava muito, mas não tinha fraturado nenhum osso.
Pulei e pendurei-me na escada, mas uma pancada jogou-me novamente em baixo. Voltei a subir. Estava no meio do
caminho quando uma massa de água que subiu do porão me arrastou para a coberta. Essa golfada salvou minha vida,
mas afogou todos que estavam atrás de mim. No convés havia quase um metro de água. Observei os japoneses
disparando de um convés superior, e engatinhei então até uma pilha de correntes. Um cadáver estava com o salva-vidas
de que me apossei. Não vi se era um japonês ou um americano prisioneiro como eu.
A força da água era cada vez maior. Finalmente o navio afundou. Arrastado, nadei com todas as minhas forças para
afastar-me, pois lembrava que os barcos afundam arrastando tudo que está perto.
Ao meu redor a água salpicava. Vi alguém agarrado a uma tábua e observei que os salpicos o seguiam até que soltou os
braços e submergiu. Não compreendi o que ocorrera. Uma dor de cabeça fortíssima deixava-me meio atordoado. Mais
adiante cinco americanos lutavam com as ondas e nadei até eles. Também os redemoinhos os seguiam. Um deles
levantou os braços e sumiu na água. Seguiram-se momentos de confusão. Não sei bem como compreendi que os
salpicos eram disparos que faziam sobre nós de um escaler. Comecei a afastar-me dos outros, pensando que poderia ser
mais fácil salvar-me sozinho. Lembro que ia no escaler um oficial japonês com um sabre e uma pistola. Estava
entardecendo e mergulhei, porém o salva-vidas atrapalhava e tive medo que do escaler me vissem. Larguei o salva-
vidas e nadei submerso várias vezes. Assim, fui aos poucos me afastando.
Demorei umas duas horas para chegar à praia. Guerrilheiros filipinos socorreram-me. Completamente nu, tinha
câimbras por todo o corpo, esgotado pelo esforço.
Passei vários dias entre os filipinos, restabelecendo-me lentamente, até que um submarino americano recolheu-me em
Mindanao”.

“Sho go sakusen”
A iminência de uma ofensiva aliada em grande escala levou o governo dúplice de Koiso-Yomai a preparar uma série de
planos, agrupados sob o título de "Sho Go Sakusen" (estratégia para a vitória).
Os planos eram quatro ao todo: Plano n° 1 "Sho Ichi Go Sakusen", relacionado com as Filipinas; n° 2 "Shoni", para as
ilhas de Formosa e Riu-Kiu; n° 3, ao Japão; o n° 4 às Kuriles e Hokkaido.
A linha de defesa abarcava Okinawa, Formosa e as Filipinas. Os países ocupados do sul ficavam entregues a si mesmos.
Reorganizou-se a frota. A esquadra Ozawa, rebatizada "2 a Esquadra", operaria no mar interior; a esquadra Kurita,
composta de encouraçados, cruzadores e destróieres, teria base nas Filipinas. A 5 a Esquadra, do Mar do Norte, seria
incorporada à 2a Esquadra de Ozawa.
O QG do Almirante Toyoda se transferiu do cruzador leve Oyoyo para o edifício da Universidade de Keio.
Construíram-se refúgios antiaéreos para continuar a produção em caso de ataques.
A produção aeronáutica era insuficiente e se procurou a maneira de compensar o déficit aumentando a eficiência. Na
ilha de Shikoku preparava-se o grupo "T" (Tufões) cujos membros eram brilhantes veteranos da Armada, sob o
comando do Capitão Kuno. O lema "vencer pelo espírito" saturava os campos de produção e de treinamento.
Foram projetados bombardeiros carregados com bomba de uma tonelada e também planadores, com uma bomba de 800
quilos, rebocados por um bombardeiro. Construíram-se lanchas anfíbias que levavam uma bomba, submarinos de bolso
"kamikases" e adestraram-se mergulhadores que tinham por missão colocar bombas nos barcos inimigos. Para superar a
escassez de carburante foram feitas experiências com muitos produtos, como azeite da raiz do pinheiro misturado com
gasolina e álcool.
Após longas discussões o Almirante Toyoda conseguiu que o Vice-Almirante Takagi, chefe da 6 a Esquadra de
Submarinos, e que se opunha a que seus submarinos servissem de "caminhões de carga", emprestasse unidades para
abastecer as longínquas bases do Sul, que se achavam praticamente incomunicáveis.

A noite dos generais


Saipan inaugurou um período de crise entre os comandos e a opinião pública japonesa. Sua queda arrastou o
inexpugnável General Tojo e deu lugar a comentários sobre uma série de estranhas coincidências: o desembarque em
Saipan ocorrido após nove dias do desembarque na Normandia, sinal de que os Aliados passavam decisivamente à
ofensiva; e a queda de Tojo a 18 de julho, dois dias antes do frustrado atentado contra Hitler.
As pessoas murmuravam que estavam ocorrendo coisas muito estranhas... Ao ser derrubado, o General Tojo era
Primeiro-Ministro, Ministro da Guerra, Ministro de Munições, Chefe do Estado-Maior Central e Chefe da Aviação do
Exército. No plano da política interna criara um partido de trabalhadores cuja estrutura era olhada com simpatia pelos
soviéticos; transformou as fábricas, freiou a crítica dos jornais, etc. Os chefes do exército, da marinha e da aeronáutica,
tentavam conter os seus ímpetos sem resultado. A história da queda de Tojo começara três meses antes da queda de
Saipan, quando um grupo de cinco generais e cinco almirantes dos mais antigos, presididos pelo General Araki (ex-
Ministro da Guerra), o visitara para pedir que fortificasse urgentemente Saipan. Tojo agradeceu a preocupação em servir
ao Imperador, porém declarou tal medida desnecessária.
Depois a notícia da morte do Almirante Koga deixou todos intrigados... Continuavam acontecendo coisas estranhas.
Koga era o segundo comandante-chefe da Frota Combinada a morrer em combate em menos de um ano.
A 15 de julho teve-se conhecimento, em círculos reservados, do desembarque americano em Saipan. Isso reavivou a
querela entre a marinha e o exército.
“Uma ilha não se defende mediante ações navais que podem-se dispersar a centenas de milhas” - diziam os generais.
“Uma ilha se defende em seu próprio solo, aniquilando o inimigo depois do seu desembarque...” A marinha respondia
que a melhor forma de impedir um desembarque era “impedir que desembarcassem...”
A queda de Saipan foi noticiada um mês depois. O efeito, tremendo, coincidiu com as notícias do desembarque na
Normandia e da derrocada alemã na Rússia.
Tojo, ganhando tempo, exaltou o heroísmo dos defensores da ilha, o suicídio coletivo de mulheres e crianças e o
aniquilamento total, numa última carga banzai, dos sobreviventes. O efeito durou pouco. A 13 de julho, Kido, ajudante-
de-ordens do Imperador, apresentou ao general um documento nestas condições:
1o) Separar suas funções de Chefe de Estado-Maior e de Ministro da Guerra.
2o) Mudar o Ministro da Guerra.
3o) Incluir um Par Imperial no Gabinete.
Tojo rejeitou a proposta por entender que discutir problemas dessa espécie era fazer o jogo do inimigo.
De qualquer modo, vendo a oposição dos generais e almirantes, decidiu fazer concessões para ganhar tempo. Destituiu
o seu Ministro da Marinha, Almirante Shimada, a quem chamavam “a sombra de Tojo”, e nomeou o velho Kichiburo
Nomura (embaixador em Washington na época da declaração da guerra), especialista em guerra submarina mas sem
experiência nas intrigas palacianas. Ao mesmo tempo nomeou Shimada Chefe do Estado-Maior da Armada. Quando
Nomura tomava posse, os oficiais riram-se, acusando-o de cúmplice de Tojo no plano para enganar a Armada.
De qualquer modo, duas condições estavam cumpridas. Faltava incluir um Par Imperial no Gabinete.
Na realidade, os Pares não tinham poder. Eram conselheiros. Tojo sentia-se uma fera enjaulada. Mandou a polícia
militar vigiar suspeitos, cortou e censurou linhas telefônicas, etc.
Os Pares reuniram-se no domicílio de Hinamura e na tarde de 17 de julho decidiram pedir a sua renúncia. Tojo tomou
conhecimento disso no dia 18, nas primeiras horas da manhã. Tentando ganhar tempo mais uma vez, às 9h:30m se
apresentou em Palácio e anunciou ao Imperador sua intenção de se demitir, esperando que Hirohito rejeitasse o pedido.
Ao contrário, o Imperador aceitou. Tojo era ministro há quatro anos; há dois anos e oito meses era Primeiro-Ministro.
Ao apresentar sua demissão, o ajudante-de-ordens perguntou:
- Quem recomenda para sua sucessão? - Os Pares que escolham - respondeu Tojo - com a condição que não seja um
príncipe imperial que sirva no exército.
A eleição do sucessor não foi fácil. Finalmente foram nomeados o General Koiso e o Almirante Yonai. Entendia-se que
formando um governo com dois representantes, um da marinha e outro do exército, se reduziriam as tensões entre as
armas.
As 17h:10m ambos os comandantes assumiram suas funções diante do Imperador.
- Devem os senhores colaborar para terminar a guerra da Ásia Maior, e recomendo não provocar a União Soviética -
disse Hirohito ao finalizar a cerimônia.
No dia 20 anunciou-se oficialmente a demissão de Tojo e a formação do governo dúplice.
A guerra entretanto já iniciava pouco a pouco sua fase suicida: os "kamikases" levantariam vôo dentro de poucas
semanas. Os engenheiros da aeronáutica já trabalhavam na construção em série de aviões feitos com varas de bambu.

Globos incendiários
Em 1932 no observatório de Takao na ilha de Formosa, o professor Nakayama descobriu uma, corrente de ar a grande
altura, que ia do Japão à costa oeste do Canadá e dos Estados Unidos. Chamou-a “jet-stream”.
Dez anos mais tarde, em 1942, o doutor Fujiwara procurava uma maneira de atacar os americanos em seu próprio
território continental. Pensou em utilizar a jet-stream para transportar globos incendiários.
Após observar a fôrça da jet-stream e as condições climáticas americanas nas diferentes estações, elaborou o seguinte
informe:
“Durante o verão, período em que a jet-stream é mais fraca, um globo levaria de sete a dez dias para atravessar o
Pacífico. A porcentagem. dos que alcançariam seu objetivo não seria superior a vinte por cento dos globos lançados.
"Durante o inverno a travessia não duraria mais de dois ou três dias. Poder-se-ia calcular que 60 a 70% dos globos
alcançariam o objetivo. A dificuldade era que no inverno a neve impediria a propagação de incêndios.
“Na primavera e no outono o lançamento é praticamente impossível”.
O exército e a marinha se interessaram pelo projeto. Em novembro de 1943 efetuou-se uma primeira tentativa partindo
de Osawara, mas não se pôde saber o resultado. Meses depois, em abril de 1944, tentou-se uma segunda vez.
Para verificar a eficácia, um avião seguiu o trajeto; os resultados foram satisfatórios e a construção maciça dos globos
incendiários foi iniciada.
O exército fabricou um modelo "A" e a marinha um modelo "B". Na realidade os dois tipos eram iguais; as diferenças
estavam apenas na fabricação.
Em poucos dias todo o gelo e as reservas de "konnyaku" (condimento gelatinoso para cozinhar) desapareceram de
Tóquio. A explicação: o konnyaku servia de cola para o envoltório dos globos, e o gelo para que fossem fabricados a
55° abaixo de zero, temperatura que suportariam em vôo.
Por outro lado, como deveriam ser sólidos, requisitou-se todo o papel de boa qualidade.
O exército deu ao projeto muito mais importância que a marinha: até o final da guerra lançou 9.000 globos do modelo
"A" e a marinha somente 300 do tipo "B".
Os globos tinham diâmetro de 10 metros e volume de 18.000 pés cúbicos. Voavam a 10.000 metros de altura e
alcançavam velocidade de 42 km por hora. Transportavam um dispositivo que explodia automaticamente uma bomba
incendiária.
Quando se verificaram incêndios misteriosos no Oeste americano, o FBI e os serviços de inteligência mantiveram
segredo. Compreendiam que os japoneses só saberiam os resultados de seu novo invento pela importância e divulgação
que dessem à notícia. Este mutismo fez que o interesse no projeto decaísse consideravelmente. “Se um povo que faz
grande estardalhaço por coisas simples não disse nada, isto significa que os globos não chegaram...” - declarou um dos
promotores do projeto.
Na realidade alguns globos chegaram à costa da América, produzindo incêndios isolados e ocasionando umas poucas
vítimas. A 18 de fevereiro de 1945 os serviços de informações japoneses captaram através da rádio Shangai um
comunicado que dizia apenas: “O FBI americano comunicou que globos com inscrições japonesas aterrissaram nas
serras de Montana...”

À espera dos Ianques


Os escutas passavam longas vigílias com os fones grudados nos ouvidos, mas as notícias não eram suficientes para
descobrir a direção em que iriam os ianques. Esperava-se, de qualquer maneira, um ataque em grande escala.
Os habitantes de Tóquio se preparavam para sofrer os maiores bombardeios de sua história; por toda a parte abriam-se
trincheiras e refúgios. O moral, porém, era elevado pelo próprio caráter do povo, que transformava os contratempos em
sublimações religiosas; também pela divisão do trabalho, onde todas as famílias contribuíam de alguma maneira
(fabricando parafusos ou cavando abrigos) para fortificar a máquina bélica nacional.
Os serviços de informação e difusão do governo ofereciam imagens em que derrotas como Saipan, por exemplo,
apareciam aos olhos do povo como verdadeiras epopéias, monumentos à coragem japonesa. Porém, sob a fortaleza
moral apareciam indícios de rachadura. Os racionamentos cada vez mais freqüentes fomentavam o mercado negro e os
policiais não conseguiam reprimi-lo. Além disso um insidioso sentimento de derrota invadia aos poucos a opinião
pública. Não era pressentido imediatamente: era algo a transpirar somente em clima de grande confiança. As pessoas
observavam que até estudantes comuns eram recrutados, porque os que saíam dos Colégios Militares não bastavam.
Sentiam, por trás dos grandes heroísmos, que só lhes restavam mortos. Viam as terras serem ocupadas pelo inimigo.
Entretanto, apesar das dúvidas e interrogações, a alma japonesa era forte. Os serviços de difusão do Império
anunciavam os últimos detalhes duma campanha de propaganda maciça que tinha como dístico “A vitória pelo espírito”.
Esta “vitória pelo espírito”, até às últimas conseqüências, representava uma prova para os japoneses. Seria uma
experiência inusitada e sua realidade alcançaria os limites da ficção, só compreensível para os orientais, para quem o
auto-sacrifício no altar do bem nacional constituía o cotidiano.

Dia D + 9
“Nossos planos previam uma ação de importância excepcional. Tencionávamos atingir seriamente o Japão e
esperávamos resistência encarniçada por parte dos defensores.
A ofensiva contra Saipan ocorreu nove dias depois do desembarque na Normandia. Porém, sob meu ponto de vista, os
problemas logísticos foram infinitamente superiores no Pacífico. Foi necessário utilizar forças enormes num setor
situado a 5.000 quilômetros a oeste de Pearl Harbor. Nós somente tivemos três meses para preparar a operação,
enquanto os preparativos para o desembarque na Europa exigiram dois anos! Deixei a baía de Majuro a bordo do
Indianapolis, a 6 de junho de 1944 com a 58 a Task Force do Almirante Mitscher, que içara seu pavilhão no Lexington.
Sob minhas ordens navegava um total de 535 embarcações transportando 129.000 homens.
Nosso plano previa um primeiro desembarque em Saipan, um segundo em Tinian e um terceiro em Guam.
Ao longo de seus 20 km, Saipan representava um reduto fortemente defendido por 32.000 soldados japoneses.
O desembarque realizou-se a 15 de junho e a reação japonesa foi extremamente violenta. Avistáramos a frota inimiga no
dia anterior. No exato momento do desembarque, os japoneses atacaram de seus porta-aviões. Neste momento precisei
de toda a calma para alcançar êxito em minha missão e assegurar o máximo de proteção às tropas de desembarque.
Reunindo-me imediatamente ao Almirante Turner e ao General Smith, perguntei:
- Como estão as coisas em terra?
Turner explicou que a situação dos primeiros fuzileiros era francamente crítica e que obrigava a continuar
desembarcando continuamente reforços, material e munições.
Dei ordem a Turner de manter a frota inimiga sob o fogo de suas belonaves enquanto eu fazia outro tanto para manter
ocupados os japoneses. Tinha que empregar todos os meios para mantê-los à distância...”

“Nada é impossível”
Ao começar 1944, o "slogan" era: Convertei-vos em inventores! Convertei-vos em engenheiros!
O Japão começara a guerra com os melhores aviões, com os melhores torpedos e com alguns dos melhores soldados.
Em poucos anos tudo o que restava daquela superioridade inicial era “alguns dos melhores soldados”. Após Saipan e
Byak, a superioridade dos aparelhos americanos era demasiado evidente para ser ignorada. No início, os Zeros, mais
leves e mais ágeis, conseguiam superar os pesados P-40, mas o aparecimento dos P-38 fez as coisas mudarem
rapidamente.
Além disso a superioridade aérea americana diminuíra a quantidade “dos melhores soldados” e a qualidade deles não
poderia ser preenchida tão facilmente; os novos recrutas recebiam adestramento elementar pela necessidade premente
de cobrir as numerosas baixas. Tentando superar estas deficiências, o General Tojo fez da inventiva e da imaginação o
tema de seus discursos no Parlamento: “Necessitamos de idéias novas! A ciência do Grande Japão deve ser capaz de
sobrepor-se aos obstáculos clássicos. Nada pode ser impossível para ela.
“Escutai-me: outro dia chamei meu filho, que estuda engenharia, e perguntei: “Pode-se projetar um avião que em duas
horas me transporte a Berlim sem utilizar gasolina, carvão ou eletricidade?” Meu filho respondeu que era impossível.
“Pois bem: Isso não é impossível! Nada pode ser impossível para a ciência japonesa, se se dispõe de suficiente
imaginação.
“Por que é impossível inventar um aparelho que tenha possibilidade para libertar-se da atração terrestre; que em poucas
horas deixe a terra girando lá em baixo e não tenha nenhum problema em pousar em Berlim, ou em outro lugar
qualquer, no momento exato que se queira?
“E combustível? Será que não se pode descobrir no ar algum gás capaz de movimentar um motor?...”

Guerra feita em casa


“Eis uma família japonesa que chamaremos os Hiroshugi. Consta de cinco pessoas: marido, mulher, dois filhos e um
parente pobre. Vivem e trabalham num casebre de três metros por três, na zona antiga de Tóquio. Suas mãos não
descansam desde que amanhece até bem tarde da noite. Em tempo de paz fabricavam brinquedos e objetos de madeira
com a marca “Made in Japan”. Vendiam por preço tão ínfimo que se perguntava como era possível viver com o
mesquinho lucro de tal trabalho. Agora os Hiroshugi não fazem brinquedos. De suas mãos saem caixotes e mais
caixotes para munições. O pai aplaina e corta a madeira, a mãe prega as tábuas, o parente atarraxa as dobradiças, os
filhos pintam e marcam as caixas. Trabalham com atividade febril, pois receberam do inspetor do distrito um certificado
de pontualidade e querem continuar merecendo-o.
Somente em Tóquio existem aproximadamente outras 50.000 famílias que trabalham igualmente na produção de
elementos de guerra. Nas outras cidades japonesas, centenas de milhares de pessoas fazem o mesmo. Em Tóquio,
Osaka, Yokohama, Nagoya, Kobe, Yawata, 15 milhões de trabalhadores constituem dois terços do total de operários
japoneses dedicados à fabricação de material de guerra. Quase a quinta parte do material fabricado sai de oficinas
manuais como a dos Hiroshugi. Reunidos, esses produtos formam a torrente de balas, granadas, canhões e aeroplanos
que abastecem sem cessar as forças militares do Império. Estas pequenas indústrias caseiras produziam em tempo de
paz quase 60% dos tecidos de seda feitos no país; mais da metade dos artigos de madeira; 62% da porcelana e 95% dos
artigos de laca. A lei japonesa de mobilização promulgada em 1938 concedeu ao governo autoridade absoluta sobre toda
esta indústria fracionada e seus operários.
Aos que faziam tecidos de seda, o governo mandou fabricar pára-quedas, bombas de ação retardada e sinalizadores; aos
que trabalhavam em porcelana, encomendou-se a fabricação de velas de ignição; e assim a todos os demais.
Portanto, quando as rádios de Tóquio proclamam que todo o Japão está mobilizado, tanto para o combate como para a
produção de armas e apetrechos, provisões e vestimentas, expõem, sem exagero algum, um fato literalmente certo.
Rapazes e moças em idade de freqüentar os cursos universitários trabalham em arsenais, fábricas de munições ou
oficinas caseiras. Nas escolas primárias há salas especiais onde crianças trabalham voluntariamente um certo número de
horas diárias. para fabricar peças de aviões. Em apenas um mês uma escola produziu 1.000 porcas de parafusos para a
fábrica Nissan, e no mês seguinte 4.000. Uma escola de surdos-mudos, que trabalhava em malharia, passou a
manufaturar peças para a indústria aeronáutica de Fukikura. Também as crianças de sexto grau escolar trabalham com
tanto esmero na fabricação de calibradores que 92% da sua produção foi aprovada pelos inspetores. Em março de 1945
determinou-se que todas as crianças das escolas primárias, salvo as de seis anos, deixassem as aulas para dedicar-se a
tarefas relacionadas à guerra.
Isto, porém, não é tudo. O Japão criou a Tonarigumi, associação de vizinhos de um mesmo bairro, com local e
equipamento para trabalhar conjuntamente na produção de material bélico. As rádios apregoam e elogiam sem cessar os
serviços destes grupos. Na pequena aldeia de Tatchikawa, 49 destes núcleos instalaram 40 oficinas, produzindo peças
para uma fábrica de aviões.
Dezessete dessas oficinas foram estabelecidas em locais onde antes existiam movimentados cabarés. As "geishas", que
antes dançavam e cantavam, passaram a ser operárias de guerra, e todos os teatros onde elas se apresentavam virar am
agora oficinas. Em todo o Japão formaram-se grupos de mulheres semelhantes aos clubes femininos dos Estados
Unidos, cujo trabalho ajuda a equipar as tropas. Em certas cidades estas associações possuem 15.000 voluntárias; desde
o amanhecer até à noite pregam botões nos uniformes.
Frente a esses fatos, é fácil compreender como é possível que os japoneses, após perder 10.000 aviões, possuam ainda
forças aéreas. E se compreende também que, se não se destruir a vasta indústria caseira e as pequenas associações que
se estendem por todo o país, os japoneses continuarão produzindo material de guerra em abundância”.
Frederick C. Painton
(Correspondente de guerra morto no Pacífico)

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