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a = bq + r e 0 ≤ r < |b|.
e é fácil verificar que 0 ≤ r < |b| a partir das definições das funções piso e teto.
Por outro lado, se a = bq1 + r1 = bq2 + r2 com 0 ≤ r1 , r2 < |b|, então temos que
r2 − r1 = b(q1 − q2 ) é um múltiplo de b com |r2 − r1 | < |b|, portanto r2 − r1 = 0
e assim q1 = q2 também, o que prova a unicidade.
Podemos agora descrever o algoritmo de Euclides para calcular o mdc, que
se baseia na seguinte simples observação:
Lema 1 (Euclides). Se a = bq + r, então mdc(a, b) = mdc(b, r).
Demonstração. Basta mostrar que Da ∩ Db = Db ∩ Dr , já que se estes conjuntos
forem iguais em particular os seus máximos também serão iguais. Se d ∈ Da ∩Db
temos d | a e d | b, logo d | a − bq ⇐⇒ d | r e portanto d ∈ Db ∩ Dr . Da mesma
forma, se d ∈ Db ∩ Dr temos d | b e d | r, logo d | bq + r ⇐⇒ d | a e assim
d ∈ Da ∩ Db .
1001 = 109 · 9 + 20
109 = 20 · 5 + 9
20 = 9 · 2 + 2
9=2·4+1
2=1·2+0
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POT 2012 - Teoria dos Números - 1Nı́vel
MDC,3 -MMC
AulaE3 ALGORITMO DE EUCLIDES
- Carlos Gustavo Moreira
mdc(a2 + 1, a2 + 1) = mdc(a2 + 1, 2)
m n n
que é igual a 2 se a2 + 1 for par, isto é, se a for ı́mpar, e é igual a 1 caso
n
contrário.
ax + by = mdc(a, b).
Seja d = ax0 + by0 o menor elemento positivo de I(a, b) (há pelo menos um
elemento positivo, verifique!). Afirmamos que d divide todos os elementos de
I(a, b). De fato, dado m = ax + by ∈ I(a, b), sejam q, r ∈ Z o quociente e o
resto na divisão euclidiana de m por d, de modo que m = dq + r e 0 ≤ r < d.
Temos
r = m − dq = a(x − qx0 ) + b(y − qy0 ) ∈ I(a, b).
Mas como r < d e d é o menor elemento positivo de I(a, b), segue que r = 0 e
portanto d | m.
Em particular, como a, b ∈ I(a, b) temos que d | a e d | b, logo d ≤ mdc(a, b).
Note ainda que se c | a e c | b, então c | ax0 + by0 ⇐⇒ c | d. Tomando
c = mdc(a, b) temos que mdc(a, b) | d o que, juntamente com a desigualdade
d ≤ mdc(a, b), mostra que d = mdc(a, b).
ax + by = c
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AulaE3 ALGORITMO DE EUCLIDES
- Carlos Gustavo Moreira
Lema 8. Temos
dn = mdc(400 + 4n2 , 2n + 1)
= mdc(400 + 4n2 − (2n + 1)(2n − 1), 2n + 1)
= mdc(401, 2n + 1).
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- Carlos Gustavo Moreira
mdc(a, b) · mmc(a, b) = a · b.
mdc(1001, 109) = 1
20 = 1001 − 109 · 9
9 = 109 − 20 · 5
2 = 20 − 9 · 2
1 = 9 − 2 ·4
Note que a última divisão permite expressar o mdc 1 como combinação linear
de 9 e 2:
9 · 1 − 2 · 4 = 1.
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AulaE3 ALGORITMO DE EUCLIDES
- Carlos Gustavo Moreira
9 − ( 20 − 9 · 2) · 4 = 1 ⇐⇒ 9 · 9 − 20 · 4 = 1
1 = ( 109 − 20 · 5) · 9 − 20 · 4 = 109 · 9 − 20 · 49
1 = 109 · 9 − ( 1001 − 109 · 9) · 49 = 1001 · (−49) + 109 · 450
Logo uma solução da equação 1001x + 109y = 1 é (x0 , y0 ) = (−49, 450). Para
encontrar as demais, escrevemos o lado direito desta equação utilizando a solu-
ção particular que acabamos de encontrar:
com t ∈ Z.
Exemplo 12. Sejam a, b inteiros positivos com mdc(a, b) = 1. Mostre que para
todo c ∈ Z com c > ab − a − b, a equação ax + by = c admite soluções inteiras
com x, y ≥ 0.
Solução: Seja (x0 , y0 ) uma solução inteira (que existe pelo teorema de Bachet-
Bézout). Devemos mostrar a existência de um inteiro k tal que
ou seja,
y0 + 1 x0 + 1
− <k< .
a b
Mas isto segue do fato de o intervalo (− y0a+1 , x0b+1 ) ter tamanho maior do que
1:
x0 + 1 y0 + 1 ax0 + by0 + a + b c+a+b
− − = = > 1.
b a ab ab
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AulaE3 ALGORITMO DE EUCLIDES
- Carlos Gustavo Moreira
Problemas Propostos
(a) Encontrar dois números inteiros a e b tais que 233a + 144b = 1 (observe
que 233 e 144 são termos consecutivos da sequência de Fibonacci).
Problema 20. Sejam a e b dois inteiros positivos e d seu máximo divisor comum.
Demonstrar que existem dois inteiros positivos x e y tais que ax − by = d.
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AulaE3 ALGORITMO DE EUCLIDES
- Carlos Gustavo Moreira
(b) Demonstrar que se ab11 , ab22 , ab33 são três termos consecutivos de uma sequência
de Farey, então ab22 = ab11 +a
+b3 .
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C = {ax + by | x, y ∈ N}
Lembre-se de que já mostramos no exemplo 12 que todo número maior que
ab − a − b pertence a C.
(a) Demonstre que o número ab − a − b não pertence a C.
(i) f (a, a) = a.
Dicas e Soluções
16. Mostre que, dado c racional, existe M > 0 tal que, se |x| > M , então
|f (x)| > |x|, e existe um inteiro positivo s tal que, se x é um racional cujo
denominador, em sua representação reduzida, é q > s, então o denomi-
nador de f (x) (em sua representação reduzida) é estritamente maior que
q.
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21. Vamos provar que os dois itens valem para todo inteiro positivo n, por
indução. Isto é facilmente verificável para n = 1 e n = 2. Considere
u
agora a sequência de frações de Farey de ordem n + 1, e seja n+1 uma
fração irredutı́vel em (0, 1). Seus dois vizinhos nessa sequência de Farey
u
têm denominadores menor que n + 1 (as distâncias de n+1 às frações mais
1
próximas de denominador n são menores que n , e são múltiplos inteiros
1 1
de n(n+1) , donde são menores ou iguais a n+1 ). Sejam ab e dc esses dois
vizinhos, com ab < n+1 u
< dc . Temos n+1
u
− ab = b(n+1)
v
e dc − n+1u w
= d(n+1) ,
v w c a 1
para certos inteiros positivos v e w, donde b(n+1) + d(n+1) = d − b = bd
(por hipótese de indução, pois ab e dc são vizinhos na sequência de Farey
de ordem n), ou seja n + 1 = vd + wb ≥ b + d. Como ab < a+c c a
b+d < d , e b e d
c
u u
são os vizinhos de n+1 , segue que n+1 = a+c
b+d . Temos (a + c)b − a(b + d) =
cb − ad = 1 e c(b + d) − (a + c)d = cb − ad = 1, e as duas afirmações
seguem por indução.
26. Pelo algoritmo de Euclides aplicado aos expoentes, basta mostrar que
mdc(2bq+r − 1, 2b − 1) = mdc(2b − 1, 2r − 1). Mas isto segue novamente
do lema de Euclides, pois 2bq+r − 1 = 2r (2bq − 1) + 2r − 1 e 2bq − 1 =
(2b − 1)(2b(q−1) + 2b(q−2) + · · · + 2b + 1) é um múltiplo de 2b − 1.
Referências
[1] F. E. Brochero Martinez, C. G. Moreira, N. C. Saldanha, E. Tengan -
Teoria dos Números - um passeio com primos e outros números familiares
pelo mundo inteiro, Projeto Euclides, IMPA, 2010.