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As emoções ajudam a memória As pessoas têm melhor memória para eventos ou estímu-
:os que produzem emoção. Pense em sua infância. Que memórias vêm à mente mais rapidamente?
_.\s pesquisas descobriram que as memórias pessoais mais claras e importantes costumam ser as
altamente emocionais. Além disso, consideráveis pesquisas mostram que uma excitação aumentada
melhora a memória numa variedade de tarefas, em várias espécies animais. Por exemplo, criar es-
;resse ou administrar drogas que produzem excitação em ratos leva à formação de melhores memó-
rias (conforme descrito no Capítulo 6).
O vínculo entre emocionalidade e memória foi diretamente testado em um experimento que
utilizou o procedimento de lembrar/ saber, em que os sujeitos são questionados sobre o reconheci-
mento de um item de um experimento anterior. Os sujeitos devem dizer se sentem que o item é
:amiliar, o que é um julgamento de saber, ou se sua recordação do item é acompanhada por um
detalhe sensorial, semântico ou emocional, o que é um julgamento de lembrar. Esse estudo descobriu
que fotografias altamente negativas tendiam mais a ser identificadas como itens de "lembrar" do que
as fotos neutras ou positivas (Ochsner, 2000).
A culpa fortalece laços sociais Aculpa é um estado emocional negativo associado à ansie-
dade, tensão e agitação. A experiência de culpa, incluindo sua iniciação, manutenção e evitação,
raramente faz sentido fora do contexto da interação interpessoal. Por exemplo, a experiência de
culpa prototípica ocorre quando alguém sente responsabilidade pelo estado afetivo negativo de ou-
tra pessoa. Assim, quando as pessoas acreditam que algo que fizeram causou danos a alguém, direta
ou indiretamente, elas experienciam ansiedade, tensão e remorso, o que pode ser chamado de culpa.
A culpa, ocasionalmente, pode surgir mesmo quando os indivíduos não se sentem pessoalmente
responsáveis pela situação negativa de alguém (como a culpa do sobrevivente).
Um recente modelo teórico de culpa apresenta os seus benefícios em relacionamentos íntimos.
Roy Baumeister e colaboradores (1994) afirmam que a culpa protege e fortalece relacionamentos
interpessoais por meio de três mecanismos. Primeiro, os sentimentos de culpa impedem que as
pessoas façam coisas que prejudicariam seus relacionamentos, como enganar os parceiros, ao mes- r-:,lpa Um esta do em ociona l
negati vo associado a uma
mo tempo em que estimulam comportamentos que fortalecem relacionamentos, como telefonar para experiência int erna de ansiedade,
a mãe aos domingos. Segundo, as manifestações de culpa demonstram que as pessoas se importam t ensão e agitação.
com os parceiros, confirmando assim laços sociais. Terceiro, a culpa é uma tática de influência que
320 GAZZANIGA e HEATHERTON
pode ser usada para manipular o comportamento dos outros. Por exemplo, você pode tentar fazer
com que seu patrão se sinta culpado, para não precisar trabalhar horas extras.
Embaraço e rubor O embaraço é um estado que ocorre naturalmente, tem base ecológica e
geralmente acontece após eventos sociais como violação de normas culturais, perda da pose física.
trotes e ameaças à auto-imagem (Miller, 1996). Algumas teorias do embaraço sugerem que ele reti-
fica o constrangimento interpessoal e restaura laços sociais após uma transgressão. O embaraço
representa submissão e afiliação ao grupo social e um reconhecimento do erro social involuntário.
As pesquisas apóiam essas proposições ao mostrar que os indivíduos que parecem embaraçados após
uma transgressão eliciam mais simpatia, perdão, divertimento e riso nos espectadores (Cupach e
Metts, 1990). Portanto, como a culpa, o embaraço pode servir para reafirmar relacionamentos estrei-
tos após uma transgressão.
Mark Twain disse, certa vez: "O homem é o único animal que fica ruborizado. Ou deveria ficar".
Darwin, em seu livro de 1872, chamou o rubor de "a mais peculiar e a mais humana de todas as
expressões", separando-o assim das respostas emocionais que considerava necessárias para a sobre-
vivência. Teorias e pesquisas recentes sugerem que o rubor ocorre quando as pessoas acreditam que
os outros as vêem negativamente e que o rubor comunica que a pessoa percebeu um erro interpesso-
al. Essas desculpas não-verbais visam a acalmar e eliciar no outro o perdão, o que restaura e mantém
o relacionamento (Keltner e Anderson, 2000).
Ciúme Em seu livro The Dangerous Passion: Why Jealousy Is as Necessary as Lave and Sex, David
Buss (2000) argumenta que o ciúme tem funções adaptativas. Embora ninguém goste de sentir
ciúme e de se sentir ameaçado, Buss afirma que o ciúme é um componente indispensável de um
relacionamento de longo prazo porque mantém os parceiros juntos ao incitar paixão e comprometi-
mento. Buss teoriza que, quando se depara com a possibilidade de um rival sexual, a pessoa sente e
manifesta ciúme como um sinal de comprometimento com a relação. Essa hipótese é apoiada por
pesquisas mostrando que as pessoas que mais investem no relacionamento muitas vezes provocam
ciúme intencionalmente, como um teste do comprometimento do parceiro. Buss também propõe que
o ciúme reaviva a paixão sexual no parceiro ameaçado. Evidentemente, o ciúme tem um lado nega-
tivo. O ciúme é uma das razões mais comuns de abuso e homicídio do cônjuge/ parceiro e, quando
infundado, pode destruir um relacionamento ao expor a falta de confiança. O ciúme sexual será
examinado com mais detalhes no Capítulo 14.
Surpresa
certo debate sobre os nomes das dimen-
sões, mas os modelos circumplexos têm-
Medo se mostrado úteis, fornecendo uma ta-
ATIVAÇÃO xonomia básica dos estados de humor.
tenso alerta
Os cientistas psicológicos David
excitado
Raiva Watson, Lee Anna Clark e Auke Tellegen
fizeram uma distinção entre ativação po-
estressado animado
sitiva (afeto agradável) e ativação nega-
Nojo J Felicidade tiva (afeto desagradável), o que pode ser
. . _ _ _ _.J aborrecido fel iz mapeado em um circumplexo. Eles tam-
bém propõem que o afeto negativo e o
DESA-
GRADÁVEL
) triste
.------· AGRADÁVEL
contente
positivo são independentes, de modo que
as pessoas podem senti-los simultanea-
mente. Por exemplo, as pessoas às vezes
sentem prazer com a derrocada alheia.
Tristeza
Quando isso ocorre, elas podem apresen-
~---- deprimido sereno
tar "sentimentos mistos", como felicida-
de (um afeto positivo) combinada com
letárgico re laxado
culpa (um afeto negativo) . Evidências
fa tigado calmo
neuroquímicas sugerem que os estados
DESATI VAÇÃO
de ativação positiva estão associados a
um aumento de dopamina e que os esta-
dos de ativação negativa estão associa-
dos a um aumento de noradrenalina, o
que apóia a probabilidade de que os afe-
IG RA .4 O modelo de emoção de James Russell e Lisa Feldman. A figura descreve um mapa
tos positivos e negativos são independen-
circumplexo da estrutura das emoções.
tes. Além disso, Watson e colaboradores
argumentam que a distinção entre ati-
vação positiva e negativa é adaptativa.
Por exemplo, eles vinculam o afeto a estados motivacionais de aproximação e evitação - a motiva-
ção para buscar alimento, sexo e companhia está tipicamente associada ao prazer, enquanto a moti-
vação para evitar animais perigosos está associada à dor (Watson et ai., 1999).
Estado
Situação fisiológico
de raiva Raiva
distintivo A situação determina o estado
Teoria de f isiológ ico e o estado fisiológico
James-Lange determina completamente a
Estado emoção.
Situação f isiológico
eufórica Euforia
distintivo
Situação
de raiva
Sit uação
eufórica
Avaliação
cognitiva Raiva
da raiva
Situação
de raiva
Excitação A situação determina a
Intensidade avaliação cognitiva, que da
fisiológica
Teoria de da raiva raiva determina a emoção.
ambígua
dois fatores de A excitação fisiológica
Schachter-Singer determina a intensidade da
emoção, mas não o tipo de
Avaliação emoção.
cognitiva Euforia
da euforia
Situação
eufórica
Excitação
1ntensidade
fisiológica
da euforia
ambígua
FIGURA 1O.7 As três maiores teorias da emoção diferem não apenas na ênfase relativa na fisiologia e cognição, mas também em termos de quando é
determinad o o estado emocional.
informações ficavam excitados, mas não sabiam por quê. Assim, eles procuravam no ambiente uma
transferência de excitação explicação ou rótulo para o seu humor. Os participantes da condição não-informada relataram senti-
(arousal) Uma forma de
atribuição errônea em que a
rem-se felizes com o cúmplice eufórico, mas menos felizes com o cúmplice raivoso (Figura 10.9).
excitação fisiológica residual
causada por um evento é As pessoas podem errar ao atribuir a fonte dos estados emocionais Uma implica-
transferida para um novo estímulo. ção interessante da teoria de Schachter é que a emoção pode ser erroneamente atribuída a algo que na
estruturação cognitiva A verdade não causou a excitação. Aatribuição errônea da excitação (arousal) é a expressão utilizada quando
maneira pela qual as pessoas um rótulo emocional deriva-se da fonte errada. Numa das mais surpreendentes demonstrações desse
pensam sobre os eventos pode fenômeno, pesquisadores tentaram ver se as pessoas poderiam se apaixonar devido a uma atribuição
contribuir para a intensidade das
respostas emocionais e determinar
errônea (Dutton e Aron, 1974). Pmticipantes do sexo masculino foram solicitados a conversar com uma
os rótulos dados às emoções. entrevistadora numa de duas pontes sobre o rio Capilano, na Colúmbia Britânica. Uma delas era uma
estreita ponte suspensa, com um corrimão baixo, que se balançava oito metros acima de uma correnteza
CIÊNCIA PSICOLÓGICA 325
veloz cheia de cachoeiras e pedras (veja a Figura 10.10); a outra era uma ponte moderna e
robusta logo acima do rio. Uma bela assistente de pesquisa se aproximava do homem e o
entrevistava no meio da ponte. Ela lhe dava seu número de telefone e se oferecia para lhe
explicar os resultados do estudo em um encontro posterior. De acordo com a teoria da emo-
ção dos dois fatores, a ponte assustadora produziria uma excitação (arousal) que possivel-
mente seria erroneamente atribuída à entrevistadora. Na verdade, foi isso o que aconteceu,
pois os homens que conversaram com a entrevistadora na ponte assustadora apresentaram
mais o comportamento de telefonar para ela e convidá-la para um encontro.
Uma forma semelhante de atribuição errônea é a transferência de excitação
(arousal), durante a qual uma excitação fisiológica residual causada por um evento é
transferida para um novo estímulo. No período posterior a exercícios, por exemplo,
existe um lento retorno a uma linha base, durante o qual a pessoa continua com uma
excitação residual, tal como batimentos cardíacos elevados. Evidentemente, depois de
alguns minutos, as pessoas recuperam o fôlego e não percebem que seu corpo ainda
FIGURA 10.8 Stanley Schachter enfatizou o papel
está excitado. Se um segundo evento ocorrer nesse ínterim, a excitação residual do
das crenças cognitivas na experiência da emoção.
primeiro evento será transferida para o segundo. Isso tem uma aplicação prática impor-
tante. Talvez seja mais indicado levar o/ a namorado/a a um filme que provoque excita-
ção, talvez um filme de amor bem romântico ou uma aventura com muita ação. Sempre existe a
possibilidade de que a excitação residual seja erroneamente atribuída a você.
As emoções são afetadas por uma estruturação cognitiva As emoções não aconte-
cem em um vácuo; elas são parte de um sistema psicológico que inclui outras emoções, cognições e
comportamentos. Aestruturação cog-
nitiva, ou a maneira pela qual pensa-
mos sobre um evento, pode contribuir
para a intensidade de uma resposta emo-
cional, além de influenciar o rótulo que Humm ... coração disparado, Humm ... coração disparado,
mãos trêmulas. Acho que a mãos trêmulas. Acho que a
colocaremos nela. Craig Smith e Phoebe pílula realmente funciona. pílula realmente funciona.
Ellsworth (1985) concluíram que os es-
tados emocionais variam pelo menos em
seis dimensões: (a) desejabilidade do
resultado, (b) nível de esforço antecipa-
do em uma dada situação, (c) certeza
do resultado, (d) atenção dedicada à si-
tuação, (e) controle pessoal sobre a si-
tuação, e (f) controle atribuído a forças 25 5
externas. Como exemplo, se o telhado Situação Situação
de sua casa for arrancado durante uma de euforia de ra iva
20 4
tempestade e você atribuir a situação a
forças externas, provavelmente se senti-
rá triste. No entanto, se você vir o resul- "tJ
Q)
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tado como tendo estado sob o seu con- "'
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trole pessoal, porque você não trocou o
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que sabia ser um telhado defeituoso, vai "tJ
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sentir culpa e raiva. .2:
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5
~
Pensamento contrafactual As
pessoas dedicam anos de suas vidas a o o
competir nas Olimpíadas, e cada atleta
olímpico sonha em ganhar uma meda-
lha de ouro. Não surpreende que aque- -5~----------- -1~-----------
Participantes Participantes Participantes Participantes
les que ganham medalhas de ouro fi- informados não-informados informados não-informados
quem imensamente felizes. Mas quem
você acha que seria o próximo mais fe-
liz, o que ganhou a medalha de prata ou FIGURA 10.9 Os resultados do experimento de Schachter e Singer para testar sua teoria da emoção
de bronze? Talvez surpreendentemente, mostraram que a experiência subjetiva de emoção era uma combinação da situação em que a pessoa estava,
os ganhadores das medalhas de bronze da excitação fisiológica da pílula estimulante e de eles saberem ou não dos supostos efeitos da pílula.
326 GAZZANIGA e HEATHERTON
FIGURA 10.10 Os homens que atravessaram uma ponte estreita e assustadora (como
a Ponte Capilano) revelaram-se mais atra ídos pela experimentadora atraente do que os que As pessoas regulam o seu
atravessaram uma ponte estável. humor
Há diversos processos de regulação emocional
que nós utilizamos inúmeras vezes por dia. Os processos de autocontrole, como um todo, permi-
tem que os indivíduos se ajustem melhor ao seu ambiente. James Gross (1999) organizou as
estratégias da regulação da emoção em cinco categorias. As quatro primeiras, rotuladas como
seleção da situação, modificação da situação, distribuição da atenção e mudança cognitiva, são méto-
Como as pessoas controlam ou dos que focalizam antecedentes, que ocorrem antes de um evento provocador de emoção. A últi-
mod ificam suas emoções?
ma, a modulação da resposta, ocorre depois que a reação foi iniciada. Apesquisa de Gross mostra
que a efetividade de cada método depende das demandas situacionais e dos traços de personali-
dade do indivíduo.
Aseleção da situação envolve saber os tipos de pessoa, local e objeto que alteram o seu estado
emocional e escolher se aproximar deles ou evitá-los. Imagine que você quer ter uma noite tranqüila
com seu/ sua namorado/ a. Você poderia escolher um restaurante em que já teve boas experiências de
jantar. Amodificação da situação se refere a esforços ativos para alterar uma situação, em uma tenta-
tiva de modificar seus efeitos emocionais. Utilizando o mesmo exemplo, se você quiser ter uma
refeição tranqüila, mas não conseguir nem conversar por causa de uma barulhenta mesa de noYe
pessoas ao lado, você poderia pedir para ser transferido para outra mesa. O uso da distribuição da
atenção permite às pessoas isolar certos aspectos da situação e manejar seu estado emocional. As
pessoas que têm medo de voar podem se distrair da ansiedade assistindo ao filme que é exibido nc
avião. A modificação cognitiva é um método de regulação do humor que é útil quando nenhum dos
outros processos é aplicável, pois envolve reconstruir a situação de maneiras alternativas. Por exem-
plo, se o restaurante for um desastre, você poderia escolher reestruturar a situação como engraçada.
Amodulação da resposta se refere a controlar diretamente as respostas emocionais depois de inicia-
das. Você pode tentar aumentar a sua felicidade e diminuir seu desapontamento se a noite romântica
não acontecer conforme o planejado.
Humor O humor é um método simples e efetivo de regular emoções negativas, um método que
apresenta numerosos benefícios mentais e físicos. Da forma mais óbvia, o humor aumenta o afeto
positivo. Quando encontramos algo engraçado, sorrimos, rimos e ficamos num estado de excitação
prazerosa, relaxada. As pesquisas mostram que o riso estimula secreções endócrinas, o sistema imu-
ne e a liberação de hormônios, catecolaminas e endorfinas. Quando as pessoas riem, elas experien-
ciam aumento de circulação, pressão sangüínea, temperatura da pele e batimentos cardíacos, junta-
mente com uma redução na percepção da dor. Todas essas respostas são semelhantes às que resultam
do exercício físico e são consideradas benéficas para a saúde no curto e no longo prazo.
CIÊNCIA PSICOLÓGICA 327
As pessoas às vezes riem em situações que não parecem engraçadas, tais como velórios ou
ruminação Pensar sobre,
enterros. De acordo com uma teoria, rir nessas situações ajuda as pessoas a se distanciarem de suas elaborar e focalizar pensamentos
emoções negativas e fortalece suas conexões interpessoais com outras pessoas. Dacher Keltner e ou sentimentos indesejados, o que
George Bonanno (1997) entrevistaram 40 pessoas que haviam perdido o cônjuge recentemente. Elas prolonga, em vez de aliviar, o
descobriram que o riso genuíno durante a entrevista estava associado à saúde mental positiva e a humor negativo.
;nenos sentimentos negativos, como o pesar.
Supressão e ruminação As pessoas cometem dois erros comuns quando tentam regular seu
iiumor. O primeiro é a supressão do pensamento, em que tentam não responder ou sentir a emoção.
Pesquisas de Daniel Wegner e colegas demonstraram que suprimir qualquer pensamento é extrema-
:nente difícil e geralmente leva ao efeito rebote, em que a pessoa pensa mais sobre alguma coisa
depois da supressão do que antes. Assim, por exemplo, os que estão tentando não pensar sobre um
urso branco acabam obcecados por pensamentos sobre ursos brancos (Wegner et ai., 1990). Arumi-
nação, o segundo erro, envolve pensar sobre, elaborar e focalizar os pensamentos ou sentimentos
mdesejados, o que prolonga o humor. Além disso, a ruminação impede estratégias bem-sucedidas de
regulação do humor, tais como se concentrar na solução do problema ou na distração (Lyubomirsky
e Nolen-Hoeksema, 1995).
A distração é a melhor maneira de evitar os problemas de supressão ou ruminação, pois ela
absorve a atenção e ajuda temporariamente a pessoa a parar de pensar sobre seus problemas. Mas
algumas distrações saem pela culatra, tais como pensar em outros problemas ou dedicar-se a com-
portamentos desadaptativos. Assistir a um filme que capture a atenção nos ajuda a escapar de nossos
problemas, mas assistir a um filme que nos lembre da nossa situação complicada pode nos levar a
chafurdar em angústia mental.
V três teorias principais da emoção, que diferem em sua relativa ênfase nesses componentes. A teoria de James-Lange
afirma que padrões específicos de mudanças físicas dão origem à percepção de emoções associadas. A teoria de
Cannon-Bard afirma que existem duas vias separadas de emoção. A teoria de dois fatores de Schachter enfatiza a
combinação da excitação fisiológica generalizada com avaliações cognitivas na determinação de emoções
específicas. As pessoas também utilizam diversas estratégias para alterar seu humor. Os melhores métodos para
regular o afeto negativo incluem humor e distração.
LU
o
<{
o As emoções estão associadas à atividade
o
::J
LU
autonômica
u...
~
mentam com angústia, medo e raiva, a última das quais também erz
1- acompanhada por temperatura da pele mais alta. Entretanto, a sobre-
posição na atividade autonômica entre as emoções é tão grande que, r..::
maioria dos casos, é difícil distinguir emoções com base unicamente er::.
respostas autonômicas (Cacioppo et ai., 1993).
O fato de a atividade do SNA estar associada aos estados emodc-
nais é a base da poligrafia. Conforme discutido em "Utilizando a ciênc:
psicológica: Detecção de mentiras", a idéia geral é que mentir caus.:.
ansiedade, o que pode ser detectado por mudanças na atividade do SK_~_
Robert Zajonc e colaboradores descreveram outro vínculo entre e~
estados fisiológicos e a emoção. Zajonc lançou a hipotese de que as ex-
pressões faciais, por meio da musculatura facial, controlam o fluxo diree
onal do ar para o cérebro, resultando no aquecimento ou resfriamento d:
hipotálamo. Isso, por sua vez, afeta a liberação de neurotransmissor~
que influenciam emoções. Segundo Zajonc, resfriar o cérebro produz emo-
o ções positivas, ao passo que aquecê-lo produz emoções negativas. Par:
o
z testar essa teoria, os participantes permitiram que fosse soprado ar par::
dentro de suas narinas. Confirmando suas predições, Zajonc descobn:..
que as pessoas relatavam mais emoções negativas quando o ar era quemt
e mais emoções positivas quando o ar era fresco (Zajonc et ai., 1989).
virada, as duas áreas cerebrais agora reconhecidas como cruciais para a emoção não foram conside-
assimetria cerebral Um padrão
emocional associado à ativação
radas muito importantes por Papez ou MacLean. Elas são a amídala e o córtex orbitofrontal.
desigual dos lobos frontais
esquerdo e direito. Amígdala A amídala processa o significado emocional dos estímulos e gera reações emocionais
e comportamentais imediatas. Segundo Joseph LeDoux (Figura 10.14), o processamento afetivo na
amígdala é um circuito que se desenvolveu ao longo da evolução para proteger os animais do perigo
LeDoux (1996) estabeleceu a amígdala como a estrutura cerebral mais importante para a aprendi-
zagem emocional, tal corno o desenvolvimento de respostas de medo classicamente condicionadas
A remoção da amígdala nos animais produz um transtorno conhecido como a síndrome de Kluver-Buc;
que leva o nome dos cientistas que a identificaram em 1939. Animais com a síndrome de Kluver-Buc.;
apresentam comportamentos incomuns, corno hipersexualidade e colocar objetos dentro da boca, e
não demonstram medo.
Os humanos com lesões na amígdala não desenvolvem os sintomas mais graves associadcr.:
à síndrome de Kluver-Bucy, mas apresentam uma série de déficits ao processar e responder :
deixas emocionais. Mais importante, eles apresentam prejuízo no condicionamento do medo. Ele:;
demonstram medo quando se defrontam com um objeto perigoso, mas não desenvolvem mede
condicionado de objetos associados ao objeto perigoso (veja o Capítulo 6 sobre aprendizagem
Por exemplo, se você aplicar um choque elétrico a uma pessoa sempre que ela vir a figura de tu::
quadrado azul, ela normalmente desenvolverá uma resposta condicionada, evidenciada por rnaia:-
excitação fisiológica quando vir um quadrado azul. Mas as pessoas com lesão na amígdala nàr
apresentam o condicionamento clássico dessas associações de medo. Considere a paciente S.P
que apresentava uma lesão na amígdala (Anderson e Phelps, 2000). S.P. mostrou sinais de défic:-
neurológico por volta dos 3 anos de idade e recebeu mais tarde o diagnóstico de epilepsia. Aos ~
anos, ela teve sua amígdala direita retirada para reduzir a freqüência das convulsões. A cirurgia fo_
razoavelmente bem-sucedida e S.P. manteve a maioria de suas faculdades intelectuais. Ela tinh:
um QI normal, cursara a universidade e apresentava bom desempenho em testes de atençã-
visual. Entretanto, ela não apresenta condicionamento do medo. Estranhamente, S.P. pode nc~
dizer que o quadrado azul está associado ao choque, mas seu corpo não mostra nenhuma evidênci:
fisiológica de ter adquirido a resposta de medo.
A informação atinge a amígdala através de duas vias separadas. A primeira via é um sistem:
rápido, que processa a informação sensorial quase instantaneamente. A informação sensorial via_:
rapidamente pelo tálamo até a amígdala para um processamento prioritário. A segunda via é tc
pouco mais lenta, mas leva a avaliações mais deliberadas e cuidadosas. O material sensorial viaja de
tálamo ao córtex sensorial, onde a informação é escrutinad.2.
mais profundamente antes de ser transmitida para a am1g-
dala. O pensamento contemporâneo é que o sistema rnai:
rápido prepara o animal para responder se a via mais lem.õ.
confirmar a ameaça.
Lembre que os eventos emocionais apresentam maio:
probabilidade de serem armazenados na memória. Larry CahC
e seus colegas argumentam que isso ocorre porque a amíg-
dala interage com horrnônios do estresse liberados duranre
eventos emocionais que facilitam o armazenamento da me-
mória. Estudos com imagens cerebrais demonstram que a
atividade aumentada da amígdala durante um evento emocio-
nal está associada à melhor memória de longo prazo para e
evento. Entretanto, nesse padrão existe urna diferença sexua'.
interessante. Cahill e colaboradores (2001) confirmaram que
Córtex
orbitofrontal a melhor memória para filmes emocionais levava à maior
Hipotálamo
ativação da amígdala esquerda nas mulheres e da amígdala
direita nos homens (Figura 10.15). Interessantemente, dife-
renças sexuais estão começando a ser observadas em vários
estudos com imagens que avaliam a neurobiologia da cogni-
ção. A razão da diferença na ativação cerebral de homens e
FIGURA 10.13 O sistema límbico é importante para avaliar e responder a mulheres ainda é desconhecida.
estímulos emocionalmente relevantes. As duas estruturas mais importantes são a Outro papel da amígdala no processamento da emoção
amígdala e o córtex orbitofrontal. é o seu envolvimento na percepção dos estímulos sociais, tal
CIÊNCIA PSICOLÓGICA 331
como decifrar o significado afetivo das expressões faciais. Por exemplo, estudos de IRMf
demonstram que a amígdala é especialmente sensível à intensidade de rostos que de-
monstram medo (Dolan, 2000); Figura 10.16). Esse efeito ocorre mesmo que os parti-
cipantes não estejam cientes de terem visto o rosto (Whalen et ai., 1998).
Dado que a amígdala está envolvida no processamento do conteúdo emocional de
expressões faciais, não surpreende que lesões nela levem a déficits sociais. Apessoa com
lesão na amígdala geralmente tem dificuldade para avaliar a intensidade de rostos que
demonstram medo, mesmo que não revele prejuízo no julgamento da intensidade de
outras expressões faciais, como felicidade. Um estudo interessante sugere que as pessoas
com lesão na amígdala não conseguem utilizar as informações contidas nas expressões
faciais para fazer julgamentos interpessoais acurados (Adolphs et ai., 1998).
ria o termo estresse, em que é usado para descrever uma força aplicada contra uma resistênc.:..
síndrome de adaptação geral
(SAG) Um padrão de respostas ao
Walter Cannon usara o termo anteriormente como parte de seu modelo de homeostase, mas ·
est resse que co nsiste em t rês Selye que popularizou o termo e contribuiu para a maior parte do nosso conhecimento inicial sob:=
est ágios: est ágio do alarme, estágio a resposta de estresse.
da resist ência e está gio da A síndrome de adaptação geral (SAG), um padrão consistente de respostas identificado
exaustão.
Selye, consiste em três estágios: estágio de alanne, estágioderesistência e estágio de exaustão (Figura 10.22
eixo hipotalâmico-pituitário- A SAG ocorre juntamente com respostas fisiológicas específicas a determinados estressores. :
adrenal (HPA) Um sistema
corporal que é ativado em resposta
primeiro estágio é o estágio de alanne, uma reação de emergência que prepara o corpo para lutar _
ao estresse. fugir. Nesse estágio, as respostas fisiológicas visam a impulsionar capacidades físicas enquak:·
hormônio adrenocorticotrópico
reduzem as atividades que tornam o organismo vulnerável à infecção após ferimentos. Esse e _
(HACT) Um hormônio secretado estágio em que o corpo poderia estar exposto a infecções e doenças. Assim, o sistema imune en:=
pe la glândula pit uitá ria em resposta em cena e o corpo começa a lutar para se defender. Durante o estágio de resistência, as defesas si.;_
ao estresse. preparadas para um ataque mais longo e duradouro contra o estressor; a imunidade a doen
glicocorticóides Um tipo de continua a aumentar um pouco enquanto o corpo maximiza suas defesas. Entretanto, o corpo accê:
hormônio esteróide, muitas vezes entrando no estágio de exaustão, em que vários sistemas fisiológicos e imunes fracassam. Os órgã-
chamado de cortisol, li berado pelas
glândulas supra-rena is du rante uma
corporais que já estavam fracos antes do estresse são os primeiros a falhar. Os princípios gerais • -
resposta de estresse, que produz teoria da SAG foram confirmados por pesquisas científicas.
muitos dos efeitos físicos do Atualmente não se duvida que os estressores levem à ativação do eixo hipotalâmico-
est resse. pituitário-adrenal (HPA) (Figura 10.23). Durante uma resposta de estresse, o hipotálamo E
secreta um hormônio chamado fator liberador de corticotropina (FLC) , que estimula a pituitária (P _
liberar o hormônio adrenocorticotrópico (HACT) na corrente sangüínea. O HACT age so' -=
o córtex adrenal (A) para liberar glicocorticóides (geralmente referidos como cortisol), um u;
de hormônio esteróide, das glândulas adrenais (supra-renais). São os glicocorticóides que proc_
zem muitos dos efeitos corporais do estresse, tal como decompor a proteína e convertê-la e=
glicose, o que ajuda a atender as necessidades imediatas de energia. Quando os níveis de glicocc;
ticóides estão suficientemente altos, o sistema nervoso central interrompe o processo que libera
HACT. Mas, como leva de 15 minutos a uma hora para que os glicocorticóides atinjam um nr::.
suficiente para sinalizar a terminação do HACT, a presença continuada de glicocorticóides na corrE
te sangüínea sustenta seus efeitos por um tempo considerável após a ocorrência do estressor. Ale=
dos glicocorticóides, as glândulas supra-renais também liberam noradrenalina e adrenalina, den:
à ativação do sistema nervoso simpático (veja o Capítulo 3).
são ubíquas e, muito importante, são uma ameaça às respostas de manejo ao drenar, lentamente, os
recursos pessoais. Estudos em que as pessoas mantêm diários de suas atividades do cotidiano reve-
lam, consistentemente, que, quanto mais intensas e freqüentes são as incomodações, pior é a saúde
física e mental do sujeito. As pessoas parecem se habituar aos problemas do dia-a-dia, mas alguns
parecem ter um efeito cumulativo sobre a saúde - entre eles as dificuldades interpessoais. Morar ou
trabalhar em uma cidade apinhada ou em uma área com ruído e poluição ambiental também tem
efeitos prejudiciais sobre o bem-estar emocional.
336 GAZZANIGA e HEATHERTON
tem células B de memória que lembram invasores específicos, tomando mais fácil a identificação no psiconeuroimunologia O
futuro. É por isso que temos imunidade vitalícia para certas doenças depois de termos sido expostos estudo do sistema imune do corpo
em resposta a variáveis psicológicas.
a elas naturalmente ou por inoculação. As células T geralmente estão envolvidas no ataque aos inva-
sores; elas, às vezes, também agem como células auxiliares ao aumentar a ativação da resposta sistema imune O mecanismo
corporal para lidar com
imune. As células natural killer são especialmente potentes para matar os vírus e também ajudam a microorganismos invasores como
atacar tumores. Os efeitos prejudiciais do estresse imediato ou de longo prazo sobre a saúde física são alérgenos, bactérias e vírus.
devidos, em parte, à produção diminuída de linfócitos, o que deixa o corpo menos capaz de lutar contra linfócitos Leucócitos
substâncias forasteiras. Uma idéia recente é que o sistema imune funciona como um sistema sensorial especializados, conhecidos como
o que é discutido em "Estudando a mente: O sistema imune é um sistema sensorial?". células B, células Te células natural
A pesquisa na psiconeuroimunologia descobriu que alguns fatores moderam os efeitos do es- killer, que constituem o sistema
imune.
rresse, incluindo intensidade, novidade e previsibilidade. A intensidade do estressor está positiva-
mente relacionada aos glicocorticosteróides e a respostas autonômicas, indicadores de resposta imu- anticorpos Moléculas de
proteína que se agarram aos
ne. Anovidade está relacionada a reações fisiológicas: pára-quedistas de primeira viagem apresentam agentes "forasteiros" e os marcam
glicocorticosteróides e catecolaminas aumentadas no primeiro pulo, mas essas reações fisiológicas para destruição.
diminuem rapidamente nos pulos subseqüentes. Aprevisibilidade aumenta as respostas adaptativas
338 GAZZANIGA e HEATHERTON
ao estresse. Por exemplo, um ruído aversivo é menos tolerável quando administrado imprevisi\·e -
mente (Glass e Singer, 1972).
Em uma demonstração particularmente clara de que o estresse afeta a saúde, Sheldon Cohen ::
colaboradores (1991) pagaram a voluntários sadios para que se expusessem a um vírus comum <:
resfriado. Os que tinham relatado os níveis mais altos de estresse em um questionário tiveram simn-
mas piores de resfriado e contagem vira! mais alta do que aqueles que relataram estar menos estres-
sados (Figura 10.24). Em outro estudo, os participantes mantiveram um diário por até 12 seman ~'
no qual registravam seu humor e os acontecimentos de sua vida. Os participantes também avalia\·a.-
esses acontecimentos como desejáveis ou indesejáveis. Cada dia, eles tomavam uma nova proteir.;:.
para desafiar seu sistema imune secretor e forneciam uma amostra de saliva para que os pesquisado-
res pudessem examinar as respostas de anticorpo. O estudo revelou que, quanto mais desejáveis ~
acontecimentos relatados pelo sujeito, maior a produção de anticorpos. Similarmente, quanto ma.:;
eventos indesejáveis eram relatados, mais fraca a produção de anticorpos. O efeito de um even·
desejável sobre os anticorpos durava dois dias (Stone et ai., 1994). Esses e achados subseqüem
fornecem evidências substanciais de que o estresse percebido influencia o sistema imune. Confom:.-
mais pesquisas forem realizadas sobre a natureza bidirecional do bem-estar mental e físico, o cam
da psiconeuroimunologia continuará florescendo.
::::io que os sujeitos que se apresentaram voluntariamente para serem reféns tivessem total conheci-
:::iento do que ocorreria, a situação era muito realista e eles ficaram extremamente estressados du-
rante os quatro dias do estudo. Metade das pessoas foram treinadas para usar o manejo baseado na
emoção, enquanto a outra metade foi treinada para usar o manejo baseado no problema. Qual estra-
cégia funcionou melhor? O grupo baseado na emoção experienciou menos estresse porque não havia
:iada que os reféns pudessem fazer que não os colocasse em grande perigo. Entretanto, esse estudo
;oi feito em 1988 e, depois das tragédias do World Trade Center e do Pentágono em 11 de setembro
je 2001, já não está claro se uma resposta passiva ajudaria as pessoas a lidarem com a situação. A
suposição anterior de que é mais seguro cooperar com os seqüestradores talvez não seja verdadeira.
_.\ssim, a melhor maneira de lidar com o estresse depende dos recursos pessoais e da situação. Embo-
avaliação primária Parte do
ca o manejo focado no problema geralmente seja mais efetivo no longo prazo, o manejo focado na processo de manejo (coping) que
emoção pode ser uma estratégia útil a curto prazo em algumas circunstâncias, especialmente quan- envolve tomar decisões sobre se um
do as pessoas têm pouco controle sobre a situação. estímulo é estressante, benigno ou
Susan Folkman e Judith Moskowitz (2000) demonstraram que, além do manejo focado no irrelevante.
problema, duas estratégias podem ajudar as pessoas a usar pensamentos positivos para lidar com o avaliação secundária Parte do
processo de manejo (coping) em
.:stresse. A reavaliação positiva é um processo cognitivo em que as pessoas focalizam possíveis
que as pessoas avaliam suas opções
aspectos bons em sua presente situação, o proverbial "não há mal que não venha para o bem", como e escolhem comportamentos de
quando a pessoa se compara com outras que estão em pior situação. Essas comparações com algo pior manejo.
ajudam as pessoas a lidar com doenças sérias. Acriação de eventos positivos se refere a uma estratégia manejo (coping) focado na
de atribuir significado positivo a eventos comuns. Fazer coisas como perceber um lindo pôr-do-sol, emoção Um tipo de manejo em
<entar ver o lado engraçado das situações ou simplesmente curtir um elogio permite às pessoas focar que as pessoas tentam evitar dar
uma resposta emocional a um
os aspectos positivos de sua vida, o que as ajuda a lidar com seu estresse negativo. Por exemplo, os
estressor.
cuidadores de pessoas com AIOS estão sob enorme estresse. Folkman e Moskowitz descobriram que
manejo (coping) focado no
a avaliação positiva, a criação de eventos positivos e o manejo focado no problema - o que deu aos
problema Um tipo de manejo
cuidadores certo senso de controle - foram essenciais para o manejo (coping) bem-sucedido. (coping) que envolve dar passos
diretos para resolver um problema.
Diferenças individuais de manejo (coping) As pessoas diferem amplamente no grau reavaliação positiva Um
em que percebem os eventos de vida como estressantes. Algumas pessoas poderiam ser chamadas de processo cognitivo em que as
-indivíduos resistentes ao estresse" por sua capacidade de se adaptar às mudanças de vida ao enca- pessoas focalizam possíveis aspectos
bons em sua presente situação.
rar os eventos construtivamente. Uma idéia que demonstra essa característica de personalidade é a
intrepidez (hardiness) , desenvolvida por Suzanne Kobasa (1979), que tem três componentes: intrepidez (hardiness) Um traço
de personalidade que permite às
comprometimento, desafio e controle. As pessoas com alto grau de intrepidez são comprometidas com pessoas perceberem os estressores
suas atividades cotidianas, encaram as ameaças como desafios ou oportunidades de crescimento e como desafios controláveis.
vêem a si mesmas como estando no controle de sua vida. As pessoas com baixo grau de intrepidez
340 GAZZANIGA e HEATHERTON
(hardiness) são tipicamente alienadas, vêem os eventos como sob controle externo e temem mudan-
apoio social Uma rede de
pessoas que podem oferecer ajuda,
ças ou resistem a elas. Numerosos estudos descobriram que as pessoas com alto grau de intrepidez
encorajamento e conselhos. (hardiness) relatam menos respostas negativas a eventos estressantes. Em um experimento de labo-
hipótese protetora Propõe que
ratório em que os participantes recebiam uma tarefa cognitiva difícil, as pessoas com alto grau de
outras pessoas podem fornecer intrepidez (hardiness) apresentavam pressão sangüínea mais elevada durante a tarefa, um indicador
apoio direto para ajudar os fisiológico de manejo ativo. Além disso, um questionário respondido logo após a tarefa revelou que
ind ivíduos a manejar event os os sujeitos com alto grau de intrepidez (hardiness) fomentavam o número de pensamentos positivos
estressantes.
sobre si mesmos em resposta ao estressor.
Apoio social Um dos fatores mais importantes para as pessoas lidarem efetivamente com e
estresse é o nível de apoio social que recebem. O apoio social se refere a ter outras pessoas que
podem oferecer ajuda, encorajamento e conselhos. Ter apoio social é um componente essencial dz
boa saúde mental e física. Pessoas doentes que estão socialmente isoladas apresentam uma probabi-
lidade muito maior de morrer do que as que estão bem conectadas com os outros (House et al
1988), em parte porque o isolamento em si está associado a numerosos problemas de saúde. Rea-
procamente, uma recente revisão de mais de 80 estudos encontrou fortes evidências ligando o apoie
social a menos problemas de saúde (Uchino et ai., 1996) . Por exemplo, Janice Kiecolt-Glaser e Ro-
nald Glaser (1988) descobriram que as pessoas com casamentos perturbados e as pessoas em pro-
cesso de divórcio ou de luto tinham sistemas imunes comprometidos. Em um estudo que categorizot:.
recém-casados com base nas interações observadas, os casais que brigavam mais e se mostravaIL
mais hostis um com o outro apresentavam uma atividade diminuída das células assassinas naturais
nas 24 horas posteriores à interação (Kiecolt-Glaser et al., 1993).
O apoio social é importante para as pessoas de todas as idades. Estudos de crianças que pare-
cem resistentes, significando que se saem bem apesar de terem sido criadas em situações de privaçãc
ou de caos, revelam que a presença de apoio parental ou familiar é especialmente importante (Mas-
ten, 2001) . As pessoas mais velhas são especialmente propensas ao isolamento social e, por ess::
razão, os efeitos do apoio social sobre a saúde são particularmente fortes sobre esse grupo.
Oapoio social ajuda as pessoas a lidarem com o estresse de duas maneiras básicas. Primeiro, a'.:
pessoas com apoio social experienciam menos estresse global. Considere as mães sozinhas que têc
de lidar com as demandas do trabalho e da família em isolamento. Não ter um parceiro coloca ma.::
demandas para elas, o que aumenta a probabilidade de que se sintam estressadas. Segundo, o apoi
social ajuda o manejo porque as outras pessoas diminuem os efeitos negativos do estresse. A hipó-
tese protetora (Cohen e Wills, 1985) propõe que os outros podem oferecer apoio direto par:
ajudar as pessoas a lidar com eventos estressantes. Receber apoio emocional é mais importante d·
que simplesmente ter quem dê informações. O apoio emocional inclui expressões de interesse t
disposição a ouvir os problemas das outras pessoas. O apoio social também pode assumir formas maí::
tangíveis, tal como oferecer awa1io material ou ajudar em tarefas do cotidiano. Mas, para ser efetivo. ~
apoio social precisa deixar claro que a pessoa se importa com aquela que está sendo apoiada.
o
Como as pessoas lidam com o estresse?
O estresse ocorre quando as pessoas se sentem esmagadas pelos desafios que enfrentam, tal como quando
acontecem mudanças importantes em sua vida. Hans Selye propôs a teoria da adaptação geral para conceitualizar
os estágios do manejo (coping) fisiológico. O estresse da vida cotidiana inclui tanto mudanças maiores de vida
quanto incomodações do dia-a-dia. A psiconeuroimunologia está descobrindo o vínculo entre estresse e saúde, tal
como os riscos de uma personalidade hostil. Entretanto, as avaliações cognitivas, tal como determinar a relevância
do estressor ou adotar uma abordagem focada no problema versus focada na emoção, pode aliviar o estresse ou
minimizar seus efeitos prejudiciais. Talvez a maneira mais importante de lidar com o estresse seja pela interação
com outras pessoas que forneçam apoio social
CIÊNCIA PSICOLÓGICA 341
CONCLUSÃO
Por muitos anos, os cientistas compararam o cérebro a um aparelho de processamento da infor-
mação, como o computador. Os humanos dificilmente funcionam assim. Eles reagem ao input ambien-
tal com reações fisiológicas e cognições, que juntas produzem estados mentais que são percebidos
como positivos ou negativos, ou com tons intermediários. Essa resposta é conhecida como emoção, e
é uma força primária que motiva comportamentos adaptativos e desencoraja comportamentos desa-
daptativos. Pensar sobre as emoções e o estresse de um ponto de vista evolutivo traz novas perspec-
tivas para o seu entendimento. Por exemplo, emoções como vergonha e culpa geralmente são vistas
como uma bagagem emocional desnecessária. Mas culpa, embaraço e emoções parecidas ajudam a
manter e afirmar laços sociais e, portanto, têm função adaptativa. Da mesma forma, a suposição de
que lutar ou fugir era uma resposta uniforme ao estresse não faz sentido do ponto de vista evolutivo.
Recentemente, foi demonstrado que as fêmeas de muitas espécies se comportam de uma maneira
completamente diferente - cuidando e ajudando - que faz muito mais sentido adaptativamente. A
revolução biológica produziu pesquisas baseadas no conhecimento cumulativo sobre as emoções.
Essas pesquisas forneceram amplas evidências de como o cérebro processa informações ameaçado-
ras e produz respostas adaptativas. Agora que os cientistas psicológicos adotaram uma abordagem
mais funcional ao entendimento do estresse e da emoção, novos insights continuarão surgindo.
LEITURAS ADICIONAIS
Damasio, A. R. (1999). The feeling of what happens. New York: Harcourt Brace.
Ekman, P.; Davidson, R. J. (1994). The nature of emotion: Fundamental questions. New York: Oxford University
Press.
Glaser, R.; Kiecolt-Glaser, J. K. (1994). Handbook of human stress and immunity. San Diego: Academic Press.
Jenkins, J. M.; Oatley, K.; Stein, N. L. (1998). Human emotions: A reader. Malden, MA: Blackwell Publishers.
Lane, R. D.; Nadei, L.; Ahern, G. (1999). Cognitive neuroscience of emotion. New York: Oxford University Press.
LeDoux, J. E. (1996). The emotional brain: The mysterious underpinnings of emotional life. New York: Simon &
Schuster.
Lewis, M.; Haviland, J, M. (1993). Handbook of emotions. New York: Guilford.
Panksepp, J, (1998). Affective neuroscience: The foundations of human and animal emotions. New York: Oxford
University Press.
Sapolsky, R. M. (1994) Why zebras don't get ulcers. New York: Freeman.
Sternberg, E. M. (2000). The balance within. New York: Freeman.
G291c Gazzaniga, Michael S.
Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento /
Michael S. Gazzaniga e Todd F. Heatherton; trad. Maria
Adriana Veríssimo Veronese. - 2. imp. rev. - Porto Alegre:
Artmed, 2005.
ISBN 978-85-363-0432-8
CDU 159.9.01/.98