Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
CORRETO
Por
SEMINARIO TEOLÓGICO
IGLESIA PRESBITERIANA DE CHILE
Santiago-Chile
2005
2
ÍNDICE
INTRODUCCIÓN......................................................................................................................3
CONCLUSÃO..........................................................................................................................28
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................30
3
INTRODUCCIÓN
alheios à verdade de Deus, e ao seu propósito de satisfação e glória. Estes ataques procedem
que era para ser uma amizade que espelha contentamento e alegria (marido e mulher) torna-se
um campo de guerra de quem “pode mais”. O que era para ser um exercício da
responsabilidade (pais e filhos) e o prazer pela honra devida (filhos e pais), apresenta-se como
e seus meios de comunicação que tentam menosprezar os valores familiares. A mídia conduz
“maduros e mente aberta”; a educação dos filhos recebe uma roupagem impositora da
É nessa “faixa de gaza” que encontramos a família. Ainda tendo que lutar contra a
base comum que une as duas linhas de ataque: A própria inclinação do coração, que Kris
Lundgaard, chama de “O mal que habita em mim.” 1 E nesse tortuoso caminho é quase comum
1
Kris Lundgaard, O mal que habita em mim, Editora Cultura Cristã.
4
moderno.
Diante dessa dura realidade, duas básicas inevitáveis perguntas são: Existe uma
mensagem de socorro? Em que direção podemos olhar para restabelecer o lugar correto da
1) Há esperança;
4) Sendo a Bíblia a base e norte para toda felicidade do matrimonio, o que ela diz
acerca desse tema? Como se caracteriza a família que deseja usufruir de todas as riquezas
“... Sendo, pois, notório que Deus, cada vez que desejou ensinar aos homens com
algum fruto, se utilizou da Palavra, porque via que sua imagem, que havia impresso na
formosura da obra neste mundo, não era nem eficaz nem suficiente, se desejamos contemplar
a Deus perfeitamente é necessário que sigamos por este mesmo caminho. É mister, digo, que
busquemos a Sua Palavra, na qual, deveras, nos mostra Deus e o descreve em Suas obras,
quando, as consideramos como convém, não conforme a perversidade do nosso juízo, senão
segundo a regra da verdade que é imutável. Se nos apartamos da Palavra, como já tenho dito,
mesmo que nos esforcemos com grande empenho - pelo fato de a corrida ser fora da pista -
O Calvinismo entende que a Palavra de Deus é a norma de vida para o ser humano.
Como ser criado, portanto, finito, necessita de direção e ninguém melhor que o seu Criador
pode proporcionar-la. Além de tratar-se de indicação para a melhor maneira de viver, também
se apresenta como um refúgio de consolo e promessa, quando somos como família, atacados
por toda sorte de propostas que ferem o verdadeiro sentido de sua existência. Estou sendo
categórico, pois vivemos dias, em que tudo se baseia no ataque aos absolutos, uma atitude que
denomino: covardia em nome do relativismo. Pois, quando alguém afirma que tudo é relativo,
na verdade está defendendo uma afirmação cujo caráter é simplesmente “absoluto” (“tudo é
relativo”). E ainda mais, está invalidando a própria postulação, pois, se tudo é relativo, até
2
Juan Calvino, Institución de La Religión Cristiana, Libro 1, cap. VI, localizada em:
http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_1_6.html acessada em 13.07.2005.
6
esta suposta base também é relativa, e assim perde completamente qualquer suposta
confiabilidade.
intitulado: Credd, que exibe bem esta disposição incoerente e enganosa da mente moderna.3
e depois do casamento.
3
Steve Turner, Creed, localizado em: http://www.poemhunter.com/p/m/poem.asp?poet=6839&poem=33665,
acessado em 24.08.2005.
7
Foi um bom mestre da moral ainda que pensemos que suas boas obras foram más.
porque quando preguntamos aos mortos o que passa não dizem nada.
O selecionado é o médio.
O médio é normal.
O normal é bom.
a história se alterará.
exceto a verdade
Como me referi essa é uma critica à tentativa das pessoas de serem arquitetas de
quantos bens existem? Quem define? Todas as respostas são evasivas e desprovidas de
calvinismo tem uma resposta sólida e segura aos nossos tempos de sede pela verdade. Uma
vez, que se entende “que não é Deus quem existe por causa de sua criação, mas a criação é
que existe por causa de Deus,”4 conclui-se que qualquer elaboração deve partir do pressuposto
de que nEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. Sua Palavra é a diretriz para toda família,
4
Conforme Abraham Kuyper, Calvinismo, p. 55, Editora Cultura Cristã, 2004.
9
pois, por meio dessa conhecemos a riqueza de Sua vontade. 5 Calvino enfatiza: “...pois não há
vida permanente a não ser em Deus, e que esta nos é comunicada pela Palavra.”6
Aqui se faz propicia a declaração de Cambridge: “A Escritura deve nos levar além
nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura
massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos
nós, é preciso que ela seja o ponto de partida da doutrina celeste, pois não pode provar se quer
o mais leve gosto da reta e sã doutrina, senão aquele que se tornar discípulo da Escritura. Pois
que testifica de Si mesmo na Escritura. Da obediência à Palavra de Deus nascem não somente
a fé consumada e completa, em todos os seus aspectos, mas também todo reto conhecimento
de Deus. E neste aspecto, sem dúvida alguma, Deus, com singular providência, levou em
5
A Confissão de Fé de Westminster, 1:1 nos diz: “Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da
providência manifestam de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam
inescusáveis, todavia não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade, necessário à
salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos revelar-se e declarar à sua Igreja
aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro
estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi
igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles
antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo.” Warfield enfatizou da seguinte maneira: “Nenhum
homem pode compreender, intelectualmente, todo o significado das revelações da autoridade, salvo como
resultado de experimentá las na sua vida. Por isso, para que as verdades concernentes às coisas divinas possam
ser compreendidas de tal forma, que se unam com um verdadeiro conjunto de verdade divina, elas devem ser:
Primeiro, reveladas em uma palavra autoritativa; segundo, experimentadas num coração santo; e terceira,
formuladas por um intelecto santificado. Somente quando estes três se unem, então, podemos ter uma verdadeira
teologia. E, igualmente, para que estas mesmas verdades possam ser recebidas de forma a produzir em nós uma
religião viva, elas devem ser: primeiro, reveladas em uma palavra autoritativa; segundo, apreendidas por um
intelecto sadio; e terceiro, experimentadas num coração instruído. Somente nesta união, portanto, podemos ter
uma religião vital.” (Benjamin B. Warfield, Autoridade, Intelecto, Coração, localizado em
http://www.geocities.com/arpav/biblioteca/autoridade_itelecto_razao.html , acessado em 18.08.2005.
6
John Calvin, Calvin’s Bible Commentaries, I Peter 2.25, p. 51, The Ages Digital Library, 1998.
7
Declaração de Cambridge, localizada em:
http://www.christianity.com/partner/Article_Display_Page/0,,PTID307086%7CCHID581262%7CCIID1411378,
00.html, acessado em 23.08.2005.
10
conta os mortais em todos os tempos.” 8 E ainda: “Portanto, por mais que ao homem sério
convenha levar em conta as obras de Deus - uma vez que foi ele colocado no belíssimo teatro
do mundo para ser expectador da obra divina -, contudo, para ele poder aproveitá-la melhor,
A família deve imprescindivelmente estar apegada à Palavra 10, pois é esta quem
definirá as relações mútuas entre esposo/esposa, pais/filhos, seus critérios de bom ou mal, e
seus alvos de felicidade. Comentando Efésios 5.26, Calvino afirma: “Certamente que, quando
olhamos para tudo, menos para a Palavra, não vemos nada saudável, não vemos nada puro.” 11
É este espírito cativo de obediência à Palavra que nos remete à conclusão de que o
transcendente Deus criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, foi quem instituiu a
imanente e se relaciona com o homem. Todo este conhecimento apenas se tornou possível,
porque de maneira maravilhosa e providencial esse Deus quis se revelar ordinariamente por
meio de Sua Palavra, rejeitá-la como norma é rejeitar o próprio Deus. Vejamos brevemente o
1. Missão
Bíblia contam uma história dramática. É a história de uma criação perfeita, a oferta de gozo
8
Juan Calvino, Institución de la Religión Cristiana, Libro 1, cap. VI, localizada em:
http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_1_6.html
9
Ibidem, I, VI.
10
“O Calvinista insiste que os princípios da Palavra de Deus são válidos não somente para si mesmo, mas
também para todos os cidadãos. Posto que Deus deve ser considerado como Soberano por todos, quer queriam
ou não, da mesma maneira a Biblia deveria ser a regra determinante para todos (e em todas as áreas).” (H. Henry
Meeter, Las Ideas Básicas del Calvinismo, 5ª edición revisada (Grand Rapids: Baker Book House, [1939]
1956), 99-100.
11
João Calvino, Efésios, p. 170, Edições Paracletos, 1998.
12
Reconheço que muitas vezes a Bíblia tem sido usada para justificar muitos equívocos. Desde o “feminismo
radical” até o “domínio masculino inflexível”. Porém, me sinto seguro em razão do princípio defendido pelo
sistema reformado de uma séria interpretação bíblica, alicerçada por uma fiel exegese e correta aplicação
hermenêutica, este é o nosso compromisso: fidelidade à Palavra de Deus.
11
inconcebível, o encontro selvagem de duas pessoas –, outrora um, que se tornaram dois e que
ansiavam por juntar-se novamente em união –, uma queda devastadora rumo ao mal, um
ordenado como o único contexto em que a sexualidade podia ser praticada sem pecado”. E
este entendimento foi claramente aplicado tanto em “sua teologia quanto em sua vida
pessoal.”14
A Bíblia nos relata que Deus, por meio de sua sabedoria, fez este mundo bom com
enfoca a criação do homem. Dentre toda a criação de Deus, somente o homem (ser humano)
foi feito à sua imagem e semelhança (“E viu Deus que era muito bom, Gn 1.31). Esta verdade
é tão marcante e determinante na estrutura do homem que mesmo após a queda, ele não a
imagem e semelhança de Deus15. Como bem expressou Longman: “Não somos resultados do
acaso nem de nossa própria invenção. Não somos mero resultados da criação: somos o deleite
13
Tremper Longman & D.A. Allender, Aliados Íntimos, p. 33, Editora Mundo Cristão, 1999.
14
Podemos, por exemplo, pensar em Calvino, que conforme pesquisa realizada pelo Rev. Dr. Alderi de Souza
Matos (Artigo intitulado: Herdeiros da Mesma Graça de Vida: A Família na Experiência dos Reformadores,
localizado em: http://www.monergismo.com, acessado em 23.08.2005) , casou-se em agosto de 1540 com a
viúva Idelette de Bure, uma de suas paroquianas na pequena igreja de refugiados que pastoreou por 3 anos em
Estrasburgo. O casamento foi oficiado pelo colega e amigo Guilherme Farel, que, escrevendo a outro pastor,
disse que Calvino havia se casado com uma mulher íntegra e honesta, e até mesmo bonita. Idelette veio da atual
província holandesa de Gelderland. Seu primeiro marido, o comerciante Jean Stordeur, um ex-anabatista que
havia abraçado as idéias de Calvino, faleceu vitimado pela peste, deixando-a com dois filhos, um menino e uma
menina. Em suas cartas a amigos, Calvino disse que nunca imaginou ser possível tamanha felicidade. Idelette
mostrou-se uma companheira exemplar e seu marido se orgulhava do seu bom senso, da sua coragem e da sua
espiritualidade calorosa e comunicativa. O relacionamento quase perfeito foi, contudo, sombreado por algumas
provações. Os dois cônjuges tinham muitos problemas de saúde e seu único filhinho, Jacques, morreu pouco
depois de nascer em 28 de julho de 1542. Após quase 10 anos de harmoniosa vida conjugal, a própria Idelette
veio a falecer no dia 29 de março de 1549. Escrevendo pouco depois ao colega Pierre Viret, Calvino afirmou:
“Choro a perda da minha melhor companheira... Durante a sua vida, ela foi a fiel auxiliadora do meu ministério”.
Nos 15 anos que ainda viveu, o reformador não tornou a casar-se, mas não viveu só, moravam com ele seus
irmãos, suas famílias, estudantes e hóspedes freqüentes. Maiores informações acessar: www.the-
highway.com/Idelette.html
15
Calvino, comentando a passagem de Isaías 43.7, conclui que a razão da existência e confiança do povo estava
em refletir a glória de Deus. (John Calvin, Calvin’s Bible Commentaries, Isaías 43.7, p. 152, The Ages Digital
Library, 1998).
12
de Sua glória.”16 Piper escreve: “A posição de portador de imagem era para que refletisse a
glória de quem o fez.”17 O salmista Davi quando visualiza a criação, entende quão
“Quando contemplo os teus céus, obra de teus dedos, e a lua e as estrelas que
estabeleceste, que é homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?
Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.
Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: Ovelhas e bois,
todos, e também os animais do campo. As aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que
partida. Diria que esta perspectiva faz parte da seiva que estrutura o calvinismo: Glória de
Deus. O Breve Catecismo de Westminster, começa com a pergunta: Qual é o fim principal do
homem? E responde: O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
as áreas da nossa vida18. O cenário do Éden com a sua ordem comandada pelo Senhor é um
reflexo do Deus que gosta da ordem. 19 Os Cônjuges trabalham20 para refletir glória ao outro
e essa parceria de missão sucede em um cenário que ainda não é perfeito, uma vez que ainda
somos alvos da influência do pecado, todavia, por causa da obra de Cristo me torna possível,
16
Tremper Longman & D.A. Allender, Op. Cit., p. 35.
17
John Piper, Teologia da Alegria, Apêndice, p. 262
18
Anthony Hoekema, Criados à Imagem de Deus, Editora Cultura Cristã, p. 65,73, salientou dois fatores: era
para o homem espelhar a Deus e para representar a Deus. Como tal, o homem, como imagem, tem vários
aspectos estruturais e funcionais.
19
Conf. Willem A. VanGemeren, Lei e Evangelho, O ponto de vista reformado não-teonomico, p. 17,
Organizado por Stanley Gundry, Editora Vida, 2003 .
20
A idéia de grande esforço e dedicação.
13
sobre crescer e multiplicar com o propósito direto “de encher a terra dessa glória divina”.21
responsabilidades dadas por Deus a Adão e Eva de cultivar e guardar como também
mulher reflete o para que esta guarda e proteção. E isto tudo acontece em glória, porque é
2. Relação
Deus não criou o homem para solidão.23 Criando Adão e Eva à sua imagen e
semelhança deixava claro o seu caráter santo e ao mesmo tempo relacional. 24 A normalidade é
o casamento, mas alguém pode contra argumentar: “E o celibato?” Concordo com Adams
particular.25
Em Gênesis 2.20, depois que Adão começou a cumprir sua missão de cuidar e
nomear, percebeu que apenas ele não tinha uma companheira. Esta apreensão de Adão é muito
interessante, porque é exatamente depois dela que temos a narrativa detalhada da criação da
21
John Piper, Op. Cit, Apêndice, p. 262
22
Wadislau Martins Gomes, Curso de Aconselhamento de Casais, Centro de Pós Graduação Andrew Jumper,
de 03.03.2004- 06.03.2004
23
Em Gn 2:18 encontramos: Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
auxiliadora que lhe seja idônea
24
Calvino entende que em Gn 9.6, a imagem mencionada por Moisés indica retidão e integridade de toda alma, e
o propósito é exatamente que o homem possa refletir “como espelho”, a sabedoria, retidão e bondade de Deus.
(John Calvin, Calvin’s Bible Commentaries, Colossians 3.10, p. 73, The Ages Digital Library, 1998).
25
Jay E. Adams, Op. Cit., p. 31. Temos o mesmo autor enfatizando: “O estado básico, ordinário e mais natural é
o do casamento.” E mais: “... Deus criou a mulher para o homem porque disse que o celibato não era bom.”
14
mulher. Ou seja, alguma coisa muito significativa e importante estava faltando, e era a
mulher. Então Deus a forma de Adão e temos conforme aplica Adams “a primeira cerimônia
Nesta relação, homem e a mulher são iguais no sentido de que ambos são
portadores da imagem de Deus27 e diferentes no sentido de que são duas pessoas, e, portanto,
diferentes.
3. Função
É salutar o destaque de que uma diferença de função não implica uma diminuição
de caráter, ou de pessoalidade.28 Quando Deus criou Adão e Eva deu funções diferentes a
ambos.
Uma pessoa pode possuir uma função diferente, e, todavia, ser igual em valor. As
mulheres são iguais aos homens, no sentido de que ambos foram criados à imagem de Deus e,
portanto, estão no mesmo nível. Nenhum é inferior ou superior ao outro. Não me refiro a uma
tendo sido feita da sua essência (“osso dos meus ossos e carne da minha carne” – Gn 2.23; e
26
Ibidem.
27
Para Calvino imagem é o mesmo que semelhança (ver Commentario de Gn 1.26), inclui verdadeiro
conhecimento, justiça e santidade.
28
O que nos caracteriza com pessoa e não apenas personalidade.
15
por essa razão, “deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne”- v. 24)29 porém, diferente, “será chamada 'ishshâ, pois do 'îsh foi formada.”30.
seu comum em Cristo. Entendo que foi isto que Calvino se referiu em seu comentário de Ef
5.28, ao afirmar: “O matrimônio foi instituído por Deus com o propósito de que o homem e a
mulher se tornassem um só; e para que essa unidade fosse a mais santa possível, ele diz que
ela é enaltecida pela consideração que Cristo tem por Sua igreja.”31
familiar. Acompanhando casais no aconselhamento bíblico, tenho percibido que conflitos são
inflamados porque um cônjuge pensa que seu companheiro (a) deve ser a cópia exata de si
mesmo (a). Exige que o senso de organização, comportamentos, gostos, reações diante dos
desafios, etc., do cônjuge devem ser iguais aos seus, e quando isto não sucede (em realidade
nunca sucede, porque ninguém é igual a outro) vêm a frustração, desentendimentos, e cousas
dessa natureza corrompida. O casamento não é uma união egoísta consigo mesmo. É um
amor e fé, numa relação profunda que espelha a relação de Cristo com a sua igreja.
29
Calvino referindo-se a este deixar e unir afirma: “É preferível que ele deixe a seu pai do que não unir-se à sua
esposa. O vínculo matrimonial não despreza os outros deveres de humanidade, nem as determinações divinas são
tão inconsistentes umas com as outras, que um homem não possa ser um bom e fiel esposo sem cessar de ser um
filho dedicado. É uma questão de graus. Moisés esboça a comparação para expressar melhor a justa e sacra união
entre esposo e esposa. Pois a obrigação de um filho para com seu pai é inviolável lei da natureza. E quando os
laços de um esposo para com sua esposa tem a preferência, sua força é melhor entendida. Aquele que quer ser
um bom esposo não cessará de demonstrar que é filho de seu pai; mas preferirá o matrimonio como o mais santo
de todos os laços.” (João Calvino, Comentário de Efésios, p. 175)
30
Entendendo que nomear era uma demonstração de autoridade e responsabilidade, ao chamar sua mulher de
'ishshâ (varoa, mulher) deixa claro que ainda que saia dele, é uma outra pessoa que não ele. G. Van Groningen,
em Criação e Consumação, coloca da seguinte maneira: Eva era “não mais um pouco de pó, mas uma parte do
que Ele (Deus) tinha formado, previamente, como seu agente real.”
31
João Calvino, Comentário de Efésios, p.172.
16
Claramente, vemos este princípio nas Escrituras, onde é dito que Cristo se
submeteu a Deus. E obviamente o papel distinto do Filho não implica que ele é
de domínio e governo. Podemos afirmar que o ato de Deus em colocar o homem no jardim
(que Ele mesmo criou, ou literalmente “plantou”) como “sua casa”, “habitat” e outorgar sobre
ele a missão de servir (trabalhar para, cultivar), é uma transmissão de responsabilidade onde a
realização por parte do homem desse chamado, redundaria em glória a Deus. Portanto, a
missão recibida pelo homem, abrange tanto o laborar criativo com a criação geral de Deus
quanto suas relações com Eva. Uma vez que esta foi formada (literalmente construída) a
partir de Adão. É nesse sentido, que Van Groningen refere-se a Adão e Eva como os primeiros
criadas, também se aplica à família, uma vez que, observando a Bíblia como um todo,
concluímos à luz da harmonia dos textos bíblicos, que o princípio de funções estabelecido
Em Efésios 5.31, o apostólo Paulo relaciona a união espiritual de Cristo com sua
32
Harriet e Gerard van Groningen, A Família da Aliança, p. 58
33
Glorificar a Deus, cultivando a autoridade sábia na família, cuidando da natureza, e estendendo as implicações
de ser mordomo do criador para todo o mundo.
17
I Co 11.18, Paulo nos remete ao princípio do matrimônio mais uma vez: “... Porque foi
formado, Adão e depois Eva”. No versículo 3, o termo utilizado por Paulo para transmitir a
ideia de responsabilidade sobre é “kephale”: cabeça.34 Todos esses textos e mais muitos
outros, como por exemplo: I Tm 2.13-14, I Co 14.34, Ef 5.22-23, Col 3.18-19, I Pe 3:1-7,
autoridade sobre sua esposa. Este recurso, de reportar-se ao princípio dos fundamentos e
portanto, diretivo, também foi utilizado por Cristo em Mateus 19.6 quando apresentou o
Paulo em Efésios 5.25, recai na prática do amor como cumprimento de função. Portanto, a
função de autoridade do homem em relação à mulher, dar-se no amar tendo como paradigma
o amor de Cristo por sua igreja, que “não exitou em morrer por ela”. Calvino assim
expressou: “Todo aquele que considera seriamente o propósito do matrimônio não pode fazer
outra coisa senão amar a sua esposa.”37 Reconhecemos a forte tendência daquele que exerce
34
“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o
cabeça de Cristo.”
35
Ver mais abrangentemente desde Mateus 19:4-6.
36
Knight comentando sobre o texto de Ef 5.21-33 afirma: “Esta passagem está repleta de instruções para o
matrimônio. As idéias importantes aparecem no fluxo do argumento: A submissão uns aos outros no temor do
Senhor (v. 21); a submissão da esposa para com seu marido como cabeça, assim como a igreja se submete a
Cristo como seu cabeça (v. 22-24); o amor do marido para com sua esposa, como Cristo amou a igreja (v. 25-30);
a apelação a Gênesis 2:24 (verso 31); e o resumo concluindo (verso 33) com sua ênfase no amor do marido e o
respeito da esposa.” (George W. Knight III, Husbands and Wives as Analogues of Christ and the Church,
Ephesians 5:21 and Colossians 3:18-19, in Recovering Biblical Manhood and Womanhood: A Response to
Evangelical Feminism, Wayne Grudem and John Piper). Em outro trabalho intitulado Homem e mulher e suas
atribuições, Editora Os Puritanos, p. 41, expressou Knight: “Assim como o dar à luz filhos e trabalho foram
estabelecidos antes da Queda e foram corrompidos por ela, também esse relacionamento (esposa sujeitando-se a
seu marido) existia antes da Queda, e foi corrompido por ela. Nem o dar à luz filhos, nem o trabalho, nem o
relacionamento de atribuições de marido e esposa estão sendo introduzidos em Gn 3; todas estas são realidades
previamente existentes que foram afetadas pela Queda. ”
37
Ibidem, p. 173
18
Pedro 3.7: “Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo
consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque
sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas
orações.”
Evidentemente, que por uma série de fatores contextuais e dentre eles, uma visão equivocada
de missão, temos o surgimento do movimento chamado feminista 38, que nada mais é, que um
grito de autonomia. E sem pretender entrar numa discussão específica sobre o assunto, uma
vez que esta não é nossa proposta nesse ensaio, aclaro que, ainda que motivos interessantes e
até justos, inicialmente tenham sido a causa da manifestação proposta, a idéia fundamental é
masculina é desnecessária39; conceitualmente está afirmando que sabe mais que Deus. Este
38
“O discurso planificado pelo movimento feminista se desenvolve a partir de uma crítica global à sociedade
patriarcal e se dirige desde a reivindicação da autonomia e independencia das mulheres à defesa de novos
valores associados a feminilidade para propor uma mudança sustantiva nas formas de organização e relação
social. Em 1949 uma mulher chamada Simone de Beauvoir publicó “Le deuxiéme sexe” – O segundo sexo-,
obra inaugural do feminismo da segunda metade do século XX. El 18 de agosto de 1960 se inicia nos Estados
Unidos a comercialização da pílula anticonceptiva, que colocaria nas mãos das mulheres um instrumento básico
no controle de sua sexualidad. Em 1963 Betty Friedan publicava “The feminine mystique” - La mística de la
feminidad-, obra básica com a de Beauvoir na fundamentação do discurso feminista; en años posteriores le
seguirán The dialectic of sex -La dialéctica del sexo- de Shulamith Firestone (1970)”, tudo isso culmina em uma
série de aprovações que trazem até hoje sérias conseqüências para o bem estar da sociedade, como: legalização
do aborto (Em abril de 1971 várias -entre as quais se encontravan Simone de Beauvoir, Jeanne Moreau y
Marguerite Duras- firman um manifesto na França em que declaravam haver abortado e reinvidicavam a
legalização do aborto, em junho 374 mulheres fazem o mesmo na Alemanha Federal, depois nasce o movimento
Aktion 218 em favor da legalização do aborto) igualdade absoluta entre os sexos, defesa do homossexualismo,
etc.Para maiores detalhes ver: http://www.artehistoria.com/frames.htm?
http://www.artehistoria.com/historia/contextos/3672.htm acessado em: 13.09.2005
39
Expressão implicativa do feminismo: “Deus eu não necessito de ti nem dos teus princípios criativos, não estou
de acordo com o teu modo de agir, e, portanto, o homem é um ser dispensável, sei viver sozinha.”
19
princípio errôneo nos remete novamente a Gênesis 3, ao foco da tentação sofrida por Eva,
onde a Palavra do Senhor é questionada: ([v. 4] “Então, a serpente disse à mulher: É certo
que não morrereis. [v.5] Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os
enclausurada no coração humano. Suas energias eram para irradiar-se para fora, para o
mundo, para o todo da vida, incluindo o domínio da cultura.” 40 É sobre esta sólida plataforma,
da perspectiva calvinista, porque não dizer bíblica, em que somos radicados à Palavra de
Deus, entendemos que há razões sábias e melhores no estabelecimento das funções. Deus
perfeitamente sabia o que estava fazendo. Apresentando a Adão uma auxiliadora, Ele estava
permitindo que o homem fosse abençoado com uma característica Sua, de cuidado, e
companhia. Van Groningen trabalha este princípio de maneira muito sóbria, ao dizer que “foi
dado à mulher um papel magnífico; ela espelha a Deus em vida. Isso certamente significa que
o homem necessita de auxílio, não somente de Deus, mas também de alguém que represente
mais o caráter de Deus de legislar e fazer justiça, a mulher reflete um pouco mais o caráter de
Deus de mistério, graça e misericórdia. Um sem o outro é grave distorção - o macho tende à
mistério sem forma é hedonismo”.41 Calvino ainda nos instrui: “...nada é mais proveitoso ou
Vemos que em cada passagem bíblica que trata da relação entre marido e mulher, o
princípio da submissão não é omitido. 43 O verbo usado nas passagens do Novo Testamento
40
Robert D. Knudsen, “Calvinismo como una Fuerza Cultural”, Juan Calvino: Su Influencia en el Mundo
Occidental, ed. W. Stanford Reid (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1982), 28.
41
Conforme Tremper Longman & D.A. Allender, Op. Cit., p. 151.
42
João Calvino, Comentário de Efésios, p.167. Ver também comentário de Colossenses 3.18-25.
43
Trace uma relação, por exemplo, entre Efésios 5:22; Colossenses 3:18; 1 Pedro 3:1; Tito 2:4
20
para submeter-se é hupotasso. Esse verbo aparece sempre na voz média/passiva podendo
auxiliadora é estar de acordo com o princípio estabelecido pelo Criador e sentir gozo no
exercício de tal ordem. Corroborando essa perspectiva Van Groningen ainda afirma: “Que
papel importante Deus dá a mulher: Ela se coloca ao lado do seu marido como auxiliadora,
assim como Deus se coloca ao lado de Seu povo. Ela se torna a grande portadora do fruto e
seu marido é chamado a se colocar ao seu lado, para apóiá-la e reinvindicar juntamente com
É coerente com tudo que dissemos até aqui, que Deus ao criar o homem,
dessas atividades deveria ser em glória, para manifestar a glória do criador e esta maneira de
vital nos permite terreno firme para o que vamos tratar no segundo tópico deste ensaio.
44
Conforme George W. Knight III, Husbands and Wives as Analogues of Christ and the Church: Eph. 5:21-
33 and Col. 3:18-19, Recovering Biblical Manhood and Womanhood.
45
Harriet e Gerard van Groningen, Op. Cit, p.99.
21
Lendo parte dos escritos de Calvino, podemos dizer que ele não abordou
Westminster e os catecismos, porém, não é justo dizer que ele não se interessou por este tema.
Por exemplo, nas Institutas livro 3 cap. VII, Calvino tratou sobre as responsabilidades
pactuais, ao referir-se: “ Deus nos deu na Sua Palavra regras excelentes para ordenar nossas
Muitos têm dito que Calvino não era um teólogo do Pacto, outros se atrevem a
dizer que a Confissão de Fé de Westminster (que também apresenta uma perspectiva pactual)
não emite uma perspectiva calvinista47, todavia, estas não são afirmativas coerentes com a
verdade histórica. A perspectiva pactual de Calvino era tanta que fundamentava suas
daquele que iniciara o pacto enchia sua teologia. Esta pregação vívida da estrutura pactual em
nossa vida necessita novamente ser enfatizada. É neste cenário pactual que estamos com
nossa família.
46
John Calvin, Institutes of The Christian Religion, Livro 3, cap. XX, The Ages Digital Library, 1998.
47
Como é o caso de R. T. Kendall, em seu trabalho intitulado: Uma Modificação Puritana da Teologia de
Calvino, criticado por Paulo R. B. Anglada, localizado em:
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/54763~9_19_01_11-22-36_AM~Uma_Avalia%C3%A7%C3%A3o_Cr
%C3%ADtica_de.html, acessado em 14.08.2005.
22
estabeleceu um pacto com o Seu povo. E é ele mesmo quem o sustenta. Quanto trabalha o
tema da oração do Pai Nosso49 vemos sinais pactuais entre a relação Pai - Filho e as
promessas divinas. Ainda no livro 2, desta vez, capítulo XI, onde apresenta as diferenças entre
o Antigo e o Novo testamentos, Calvino sobriamente defende que não existe disparidade ou
administração, e não à substância das bençãos administradas.” 51 Podemos observar que o que
permite essa perspectiva uníssona de Calvino é a sua visão de que existe um pacto de Deus
com o Seu povo e isto o leva a afirmar: “...O Antigo e o Novo Testamentos efetivamente são
Outro aspecto interessante é lembrado pelo Dr. Mauro Maister, quando se refere
que o “que veio a ser conhecido como teologia calvinista não tem base somente nos ensinos
de Calvino, mas também no ensino de outros teólogos que foram influenciados por Calvino e
perspectiva pactual percorre na estrutura do calvinismo. Assim, é nesse cenário pactual que
se desenvolve a família e cumpre seu papel para glória dAquele que iniciou essa relação. O
48
Em Genebra, começando em março de 1555, e encerrando em julho de 1556, ao todo 200 sermões. Estes,
foram publicados em inglés em 1580, e tiveram 3 edições. Conforme James B. Jordan, Covenant Enforced,
localizado em: http://www.freebooks.com/docs/2212_47e.htm, acessado em 24.08.2005.
49
John Calvin, Institutes of The Christian Religion, Livro 3, cap. VII, p. 161, The Ages Digital Library, 1998.
50
John Calvin, Institutes of The Christian Religion Livro 2, cap. XI, p. 216, The Ages Digital Library, 1998.
51
Ibidem.
52
Ibidem.
53
Mauro Maister, Uma Breve Introdução ao Estudo do Pacto, localizado em:
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/63346~9_19_01_10-35-
35_AM~breve_introducao_ao_estudo_do_pacto.htm , acessado em 15.08.2005
23
entre duas pessoas, misterioso e ordenado por Deus, que não deveria jamais ser quebrado
enquanto as duas pessoas viverem. Há algo sobre a união física, os compromissos sociais e a
vinculação dessas duas almas que desafia uma simples separação. O casamento é uma
maravilha, um mistério, uma beleza que apenas o Deus Criador poderia ter desenhado, e
Aliança ou pacto vem da raiz hebraica bara. Ainda que admitamos que a
etimologia da palavra seja incerta, e pode ser relacionada à palavra acadiana burru, que
sentido que entendemos o que Deus estabeleceu com o homem: um vínculo sólido e
duradouro, isto é, “um vínculo que juntou dois grupos vivos onde a vida foi assegurada e o
amor deveria ser um aspecto essencial daquele vínculo vivo. Este vínculo de vida e amor
incluía promessas, certezas, obrigações (mandatos, leis), e avisos (maldições), que atuavam
para preservar o vínculo e serviam para fazê-lo, de fato, um relacionamento eficaz. O vínculo
foi validado e assegurado através da palavra solene (ou juramento) de YAHWEH, que é
imutável..”57 Fundamentalmente através das Escrituras, essa Aliança não pode ser revogada
(anulada). Firmados na crença da imutabilidade de Deus entendemos que é Ele mesmo que a
não quebra alianças. Repetimos, Ele mantém a Aliança, mesmo quando executa sua maldição
Pierre Marcel, aplicando esta verdade a todas as gerações afirma: “Em todos os
tempos, os crentes tem confiado neste pacto de graça e suas promessas, cujo eco ressoa
através de toda a Escritura, e no qual Deus também continua agindo, dando-lhe um desenrolar
pertenceram a esta Aliança tiveram Deus como o seu Deus, e se tornaram o Seu povo por
aliança. É dito que ela é uma aliança PERPÉTUA. Isto é digno de nota. Significa que se
qualquer um, em qualquer ponto na história, entrar em união e comunhão com o Deus vivo,
Este é o cenário no qual está o povo do Senhor, e é este estilo de vida que deve
conduzir todas as suas atitudes e relacionamentos, como vimos nos princípios normativos para
a família, apresentados no capítulo anterior. Os que foram alcançados e trazidos para esse
relacionamento com Deus, graças a Jesus, também são chamados de participantes da Aliança.
freqüentemente associada a ‘’causar estabelecer’’, como paralelo a ‘’causar colocar de pé’’, e daí, ele
desenvolve-se para ‘’causar manter’’. Temos a idéia, através da análise desse verbo (estabelecer) de um forte
sentido legal. Em outras palavras, Deus está garantindo o cumprimento da Sua Palavra. Veja, por exemplo
Números 23:19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa.
Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” Essa aplicação causativa
ativa também é usada, curiosamente, em outros textos que tratam de requisitos pactuais como: Dt 27.26
(confirmar); 1 Reis 8:20 (confirmou) ; 2 Rs. 23.3 (confirmando); e 2 Rs. 23.24 (confirmar), ou na fidelidade
de Deus à Sua própria palavra, como em Neemias 9.8, Portanto, o próprio Deus está afirmando que manteria
( só pode ser mantido o que já existe) a Sua aliança com Noé. Sobre isso afirma Van Gronigen:
“Consequentemente, os mandatos, maldições e bênçãos, garantias de vida, e a ação redentora de Yahweh
continuariam com Noé. Yahweh, tendo falado do julgamento próximo através das águas do dilúvio (Gn 6.17) e
sua intenção de salvar Noé e sua família da morte através da arca (Gn 6.14-16), garantiu a Noé de que o pacto
continuaria a estar presente e a operar (Gn 6.18)”. Quando em Gn 6.18 menciona o estabelecimento do pacto
com Noé, no está se referindo a um outro pacto que não existia, pelo contrário, está indicando, que um pacto
existente está sendo conservado. (William J. Dumbrell, Covenant and Creation: A Theology of Old Testament
Covenants, Nashville: Thomas Nelson, 1984), pp. 15-26.
59
Harriet e G.Van Groningen, Op. Cit., p. 48.
60
Pierre Marcel, El Bautismo: Sacramento do Pacto da Graça, p.69, Espanha Felire, 1968.
61
Peter Bloomfield, O Batismo da Aliança, localizado em:
http://www.ipcb.org.br/Publicacoes/batismo_da_alianca.htm, acessado em 14.06.2005.
25
expressou com muita propriedade: “... Eu sustento que é a interpretação de nossa relação com
Deus que domina todo sistema de vida em geral, e que para nós esta concepção é dada pelo
Calvinismo, graças à sua interpretação fundamental de uma comunhão imediata de Deus com
o homem e do homem com Deus. A isto adiciono que o Calvinismo não inventou nem
imaginou esta interpretação fundamental, mas que o próprio Deus a implantou no coração de
seus heróis e de seus arautos. Nós não encaramos aqui o produto de um intelectualismo
engenhoso, mas o fruto de uma obra de Deus no coração, ou se vocês preferem, uma
inspiração da História.”62
O pacto relaciona toda a vida à vida toda. O que fazemos, os motivos pelos quais
fazemos e a forma como fazemos devem ser respaudadas pela caráter do pacto. Não é a idéia
da vida dividida em pequenas gavetas, onde em cada seção guardamos uma área.
vemos tudo sob as lentes da incomparável graça de Deus e de Sua relação com o Seu povo.
De maneira que, ainda que não conheçamos todos os detalhe desse reger especial e diretivo
para a vida, podemos confiar, descansando em sua perfeita vontade. Como bem disse Jó:
São os pais que vêem numa simples viajem de férias à praia, uma rica
tantas coisas ricas criadas e mantidas por Deus) transmitir aos seus filhos, o cuidado do
Senhor do pacto, a manutenção das coisas criadas, e a benção de poder participar de um plano
e de uma beleza que será incomparável no céu. Estou me referindo à repercusões para a vida,
onde em suas relações familiares ou interpessoais, pais, filhos, cônjuges, são dirigidos por um
caráter integrativo, onde cada circunstância é momento de expressar/ ensinar o gozo de ser
ao povo, quanto aos filhos. Em Dt 6:4-9 encontramos: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso
Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de
toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu
coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão
por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.”
As ordenanças da vontade do Senhor teriam que ser ensinadas pelos pais aos filhos
e deveriam ser praticadas pelos próprios pais (“também as atarás como sinal na tua mão, e te
serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”).
Aqui temos uma metodologia de ensino que jamais falha: “impressão através do constante
levantar-te... atarás... serão por frontal...escreverás nos umbrais (da casa e das portas).
63
O termo hebreu que geralmente é traduzido como “imprimir” ou “gravar”, segundo G.Van Groningen também
pode ser entendido por modelar. Temos aqui um mandamento! Está na forma imperativa. “Dentro da aliança
existe um alvo, um propósito, um método e um resultado. O método é o seguinte: modelem os seus filhos. Dê-
lhes a forma correta. Forme-os coração, alma e mente.” (Harriet & G.Van Groningen, Op.Cit., p. 134.). e ainda:
“Deus nos confia as realidades mais importantes da vida. Ele nos confia aqueles que irão representá-lo em sua
imagem, que serão seus agentes, seus trabalhadores, seus servos, por gerações e gerações.” (p. 126). Ver outros
textos bíblicos como: Deut 6:4-8; 11:18-21; Salmo 78:1-8; Mt 19:13-15; Ef 6:1-4; 2 Tm 1:3-6;
27
Mas qual seria o propósito desse ensinamento maciço? No v.20 temos: “Quando
teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos, e juízos
que o SENHOR, nosso Deus, vos ordenou?” O objetivo era levar o conhecimento de
YAHWEH - Senhor da Aliança - aos seus filhos para que quando eles tivessem a idade para
crer, expressassem sua fé, para assim como Abraão, a justiça lhe fosse imputada.
familiar do conhecimento. Contanto que este dever se realize fielmente por seus pais, a
Não há um terreno tão sólido para firmar nossa casa (família), trabalhar nossas
relações com Deus, conosco, com o próximo, e com a obra da criação que o solo do pacto.
Aqui temos, uma fonte inesgotável onde podemos cumprir nosso propósito de existência com
deleite e regozijo, conforme preceitua o salmo 100.2: “Servi ao Senhor com Alegria e
64
Archibald Alexander, Catechetical Instruction, localizado em: http://www.glenwoodhills.org/article.asp?
ID=695/, acessado em: 17.08.2005
28
CONCLUSÃO
com reverência e submissão a Deus (temor: Prov. 1:7). A palavra de Deus é quem guia o Seu
povo à verdade (Jo 17:17). Para a família que conhece o Senhor (sendo enfático), a
possível, pelo contrário é explicitamente imoral. Neste cenário de deveres e privilégios, toda a
Aqui temos um desafio em nossos dias, onde as pessoas agem conforme aquilo
que acham que está certo. Assim, o que deve dirigir o esposo, a esposa, os filhos, tios, etc, é a
Palavra de Deus. Como bem afirmou Tileston: “Tudo quanto se opõe a Deus transforma nossa
vontade em intolerável tormento. Enquanto queremos uma coisa e Deus outra, continuaremos
nos atravessando de lado a lado como uma ferida perpétua, e a vontade de Deus vai
avançando, passando adiante com santidade e majestade, esmagando a nossa até o pó.” 65
disso, é santo e soberano. Por isso é declarado que Seus caminhos e pensamentos não são os
nossos (Is 55:8,9). A aplicação prática é que, uma vez que é Sua Palavra que nos dá a diretriz
sobre como agradar-lhe, e viver o incomparável projeto de vida que Ele deseja para nós e para
todas as nossas relações, não temos outra atitude que não a de submissão. Portanto, paremos
de buscar saídas alternativas sem solução. Paremos de permitir que o orgulho e nossos
65
Mary Wilder Tileston, Daily strenght for daily needs, p.298, Whitaker House, 1997.
29
“achismos” dirigam nossas atitudes e compreendamos que o melhor é conhecido pelo criador
Também vimos é o conceito pactual que dirige nossas atitudes e nossa instrução.
Neste cenário Deus expressa seu amor ao Seu povo, propiciando todas as condições
necessárias para uma relação feliz e desta maneira, compreendemos o ponto de partida das
eleva esta instituição tão especial ao seu lugar correto. E fundamentado neste ideal conclama
a todos a uma posição reflexiva e prática à luz de tudo que aqui vimos. Que o Senhor da
BIBLIOGRAFIA
http://www.glenwoodhills.org/article.asp?ID=695/
1998.
cap. VI,
http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_1_6.html
http://www.christianity.com/partner/ArticleDisplay_Page/0,,PTID307
086%7CCHID581262%7CCIID1411378,00.html
Cristã.
14. JORDAN,JamesB.CovenantEnfored,http://www.freebooks.com/docs/
18. LUNDGAARD, Kris. O mal que habita em mim, Editora Cultura Cristã
http://www.thirdmill.org/files/portuguese
06.03.2004
32
http://www.monergismo.com,
http://www.ipcb.org.br/Publicacoes/batismo_da_alianca.htm
http://www.monergismo.com/textos/familia_casamento/com_quem_c
asarei.htm
27. TURNER,Steve.Creed,
http://www.poemhunter.com/p/m/poem.asp?poet=6839&poem=3366
Cristã.
30. WARFIELD,BenjaminB,Autoridade,Intelecto,Coração,
http://www.geocities.com/arpav/biblioteca/autoridade_itelecto_razao.
html,