Sie sind auf Seite 1von 4

UFRJ – CCJE – FACC – CBG 2017-1

ACA590 – NORMALIZAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO


Profa.: Patrícia Mallmann Souto Pereira / Monitores: Aneli Beloni e Rafael Gomes

LISTA DE EXERCÍCIOS 3 – NBR 10520 e NBR6023

INSTRUÇÃO: Normalize o texto abaixo utilizando as normas de citação (NBR 10520) e de referências (NBR
6023). Utilize o sistema autor-data.

CIDADANIA, INFORMAÇÃO E TECNOLOGIAS DIGITAIS


O conceito de cidadania foi desenvolvido por diferentes correntes de pensamento. Mas há relativo
0consenso acerca da concepção de MARSHALL (1967), em que a cidadania é tida como um conjunto de
direitos e deveres atribuídos a todos os membros de uma sociedade. Possui três dimensões: civis (direitos
fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei), políticos (se referem à participação
do cidadão no governo da sociedade) e sociais (se baseiam na ideia central de justiça social; incluem o direito à
educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria).
A cidadania plena seria alcançada pelo cidadão que fosse titular das três dimensões de direitos. Contudo,
esse é um ideal desenvolvido no Ocidente e talvez inatingível, sendo que dificilmente todas as dimensões da
cidadania existirão concomitantemente e plenamente (Carvalho, 2004). Conforme Morigi, Vanz e Galdino (p.
72), “O princípio básico da cidadania se apoia na ideia de igualdade, chocando-se com as bases do capitalismo,
a desigualdade social
A informação, na forma de liberdade de pensamento, de expressão, de culto e de reunião, enquanto
insumo fundamental para a cidadania, faz parte dos direitos civis (RAMOS, 2002). Como lembra Gentilli, o
direito à informação trata-se não de um direito-fim, que se realiza em si mesmo, mas de um direito-meio,
necessário para a realização de outros direitos. Deve ser pensado como um direito para todos e de fornecer
informações em quantidade e qualidade para o melhor julgamento possível de cada um.
Ramos (2002) enfatiza a necessidade de se considerar também o direito de comunicar, que seria um
quarto tipo de direito, ao levar em conta não apenas o fato de receber informação, mas também de comunicá-la.
O direito de informação e de comunicação é considerado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948. O artigo XIX diz: “Todo ser humano tem
direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de
procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.”
(ONU, 1948). Assim sendo, a construção da cidadania passa necessariamente pela questão do acesso e uso de
informação.
Com as transformações sociais ocorridas nesta mudança de século, movidas pelas inovações
tecnológicas digitais e pela dinâmica da sociedade em rede, a cidadania tem que ser repensada. Morigi, Vanz e
Galdino (2003, p. 72-73) ressaltam que “[...] a cidadania não pode ser encarada apenas como um conjunto de
direitos formais, mas como um modo de incorporação dos sujeitos e de grupos no cenário social”, sendo
necessário para isso que haja “a apropriação da informação no mundo digital”.
As TICs, com ênfase para a internet, representam uma possibilidade de exercício do direito de
informação e de comunicação nunca antes visto, pois possibilitam uma comunicação global, de todos com
todos e não mais apenas de um para todos. Segundo Lievrouw (p. 54, 1994), o ambiente de informação está
sofrendo importantes mudanças, que representam a troca de um ambiente de informação “informando”
(baseado nos tradicionais meios de comunicação de massa e sistemas de informação e, portanto, no “consumo”
de informação) para um “envolvendo” (baseado nos sistemas e mídias de informação discursivos e interativos
e, portanto, na busca e na comunicação de informação). Segundo Castells (obra publicada em 2003), o uso da
internet amplia a sociabilidade, tanto a distância quanto na comunidade local, para fins instrumentais ou
emocionais, e para a participação social na comunidade; e os movimentos sociais se manifestam na e pela
internet, desde a década de 1990. Isso representa mudanças nos processos políticos, democráticos e de
participação.
Assim, o uso das TICs se manifesta como uma das possibilidades potenciais de emancipação,
transformação e inclusão social. Mas isso só se efetivará quando a maior parte da população tiver acessibilidade
regular às TICs e condições de transformar as habilidades de usá-las em competências informacionais para a
apropriação dos conteúdos informacionais.

TELECENTROS: PERSPECTIVAS DE INCLUSÃO DIGITAL E PRÁTICAS CIDADÃS


Há diversos estudos a respeito de telecentros. Conforme Sorj e Guedes (2005), “[...] os estudos mais
aprofundados sobre a questão têm como foco pequenas comunidades ou experiências locais.”, fazendo com que
os dados sejam pouco generalizáveis. Porém, geram conhecimentos importantes acerca da questão de uso de
informação digital em telecentros.
Há diferentes tipos de telecentros. Os comunitários podem ser entendidos como locais de acesso à
internet e a outros recursos de informática abertos a uma comunidade local, que oferecem uso livre dos
equipamentos por um tempo determinado e cursos, em geral; além de possuírem orientadores para auxílio aos
usuários (BRASIL, sem ano definido). Os telecentros com público-alvo específico, como rurais e indígenas,
funcionam no mesmo modelo de telecentros comunitários, mas possuem maior ênfase nas questões e
desenvolvimento comunitário. Há também os telecentros cívicos, que funcionam em instituições como escolas,
universidades e bibliotecas públicas, como complemento às suas atividades (LAIPELT e outros, 2003). Todos
esses tipos de telecentros devem se constituir em espaços de encontro e comunicação, aglutinador de iniciativas
participativas para a melhora da qualidade de vida da comunidade. Há ainda os telecentros comerciais, que são
desenvolvidos por empresas privadas e visam lucros, como as lan houses (LAIPELT ET AL., 2003). Esse tipo
de telecentro se constitui no segundo local de acesso individual à internet no Brasil (35,2% dos usuários)
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2009), atrás somente do acesso no
domicílio. Apesar de não serem criados com o objetivo de inclusão digital, têm exercido o papel de suprir a
carência de acesso à internet, uma vez que se fazem presentes em periferias urbanas e oferecem serviços a
baixos preços.
A capacidade de usar as ferramentas da web se traduz como “[...] a capacidade do usuário de retirar, a
partir de sua capacitação intelectual e profissional, o máximo proveito das potencialidades oferecidas por cada
instrumento de comunicação e de informação” (citado por SORJ, 2003). Refere-se à possibilidade de utilizar
informações disponíveis na internet como fonte de conhecimento e desenvolvimento intelectual, pessoal e
profissional, e da capacitação prévia do usuário.
Um elemento central na abordagem do tema da inclusão digital na área de CI é a competência
informacional, pois trata da habilidade em perceber uma necessidade de informação, buscá-la, avaliá-la,
selecioná-la, e usá-la de forma a suprir a necessidade. Segundo Dudziak (2003, página 28), pode ser definida
“[...] como o processo contínuo de internalização de fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades
necessário à compreensão e interação permanente com o universo informacional e sua dinâmica, de modo a
proporcionar um aprendizado ao longo da vida.”.
Ferreira; Dudziak (2004) referem-se a diferentes níveis de alfabetização/apropriação no contexto da
inclusão: digital (concepção com ênfase na tecnologia), informacional (concepção com ênfase nos processos
cognitivos) e social (concepção com ênfase na aprendizagem direcionada à inclusão social, que consiste em
uma perspectiva integrada de aprendizagem e exercício de cidadania). O nível digital é a capacidade técnica de
utilizar as tecnologias digitais. No nível informacional insere-se a competência informacional; o foco está no
indivíduo e seus processos de compreensão da informação e apropriações em situações particulares.
Informação pode ser considerada como “[...] estruturas significantes com a competência de gerar
conhecimento no indivíduo, em seu grupo ou na sociedade.” (BARRETO, 1996, p. 2). No nível informacional,
a informação é transformada em conhecimento, através do processo cognitivo de assimilação. O conhecimento
se realiza “na mente de algum ser pensante e em determinado espaço social. (BARRETO, 2002, p. 68).
Assimilação é entendida como “[...] um processo de interação entre o indivíduo e uma determinada estrutura de
informação, que vem gerar uma modificação em seu estado cognitivo, produzindo conhecimento [...]”.
(BARRETO, 1996, p. 2).
A informação assimilada tem o potencial de trazer benefícios ao desenvolvimento do indivíduo e da
sociedade em que ele vive. Mas para que isso se efetive e se entre no nível social de inclusão digital, faz-se
necessário que o conhecimento recém adquirido seja transformado em algo que suporte uma ação específica
numa situação específica. Isto é, “[...] ação de introdução dinâmica de um conhecimento assimilado na
realidade do receptor; pode ser caracterizada como uma ação social, política, econômica ou técnica.” (Barreto,
2002, p. 68).
A ação (assim como a construção do conhecimento) depende do contexto (social, cultural, político,
econômico) em que o indivíduo está inserido. É entendido que apropriação da informação está ligada a uma
mudança de atitudes gerada por uma interação do sujeito com informação. Uma questão importante diz respeito
à capacitação oferecida em telecentros, pois é preciso considerar que cada grupo social, cultural, político ou
profissional possui um conjunto de referências compartilhadas em relação ao mundo (MAFFESOLI).

REFERÊNCIAS
BARRETO, A. A. A Condição da Informação. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, vol. 16, núm. 3, pág. 67
a 74. 2002.

BARRETO, A. A. A Eficiência Técnica e Econômica e a Viabilidade de Produtos e Serviços de Informação.


Ciência da Informação. Brasília, v. 25, n. 3. 1996.

BRASIL. Observatório Nacional de Inclusão Digital (ONID). Brasília. Disponível em: <www.onid.org.br>.
Acesso em: jul. 2008. Publicado na década de 2000.

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2004.

CASTELLS, M. A Galáxia da Internet - reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Trad. Maria
Luiza X. de A. Borges, rev. Paulo Vaz. Rio de Janeiro: J. Zahar. 2003.

DUDZIAK, E. A. Information Literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da Informação, v. 32, n. 1, p. 23-
35, jan./abr. 2003.

FERREIRA, S. M. S. P.; Dudziak, E. A. La alfabetización informacional para la ciudadanía en America Latina:


el punto de vista del usuario final de programas nacionales de información y/o inclusión digital. In: World
Library and Information Congress: IFLA general conference and council, 70., 2004, Buenos Aires. Anales...
IFLA, 2004.

GENTILLI, V. O Conceito de Cidadania, Origens Históricas e Bases Conceituais: os vínculos com a


comunicação. Revista da FAMECOS, Porto Alegre, n. 19, dez. 2002. p. 41-55.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de


Domicílios (PNAD): acesso à internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal: 2008. Rio de Janeiro:
2009.

LAIPELT, R. C. F.; PEREIRA, P. M. S.; MOURA, A. M. M.; CAREGNATO, S. E. Informação e Comunicação


para a Cidadania: qualificando monitores para telecentros comunitários. In: II CIBERÉTICA, 2003,
Florianópolis. Anais... Florianópolis, 2003.

LIEVROUW, L. A. Information Resources and Democracy. JASIS, n. 6, v. 45, p. 350-357, 1994.

MAFFESOLI, M. O Poder dos Espaços de Celebração. Revista TB, Rio de Janeiro, v. 116, n. 39, p. 59-70,
jan./mar. 1994.

MARSHALL, T. H. 1967. Cidadania, Classe Social e Status. Rio de Janeiro, J. Zahar.

MORIGI, V. J.; VANZ, S. A. S.; GALDINO, K. Cidadania, novos tempos, novas aprendizagens: novos
profissionais? Em Questão, v. 9, n. 1, p. 69-78, jan./jun. 2003.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Washington, 1948.
On line: <http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em: 22 abr. 2011.

RAMOS, M. C. Comunicação, Direitos Sociais e Políticas Públicas. In: Peruzzo, C.; Brittes, J. (Org.).
Sociedade da Informação e Novas Mídias. São Paulo, INTERCOM, 2002.

SORJ, B. Brasil@Povo.Com: a luta contra a desigualdade na sociedade da informação. Rio de Janeiro: J.


Zahar; Brasília: Unesco, 2003.

SORJ, Bernardo; GUEDES, L. E. Exclusão Digital: problemas conceituais, evidências empíricas e políticas
públicas. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 72, jul. 2005.

Das könnte Ihnen auch gefallen