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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

ESPECIALIZAÇÃO EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS

LIBRAS V

Profa. Me. Thalita Chagas Silva Araújo

2018
APRESENTAÇÃO

A língua brasileira de sinais é a língua utilizada pela comunidade surda


brasileira e está presente nos mais diversos espaços da nossa sociedade.
Nesta disciplina iremos colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao
longo dos componentes curriculares Libras I, II, III e IV de diversas formas,
tanto com situações do nosso cotidiano, como em contações de histórias e a
nível de interpretação da libras para o português e vice-versa.

Nosso objetivo principal é praticar a Libras simulando contextos reais de


utilização da mesma em diversos ambientes e situações. Desta forma, no
Módulo 01 iremos simular o uso da língua de sinais no dia a dia, em situações
do cotidiano, no Módulo 02 vamos explorar a contação de histórias em Libras,
enfatizando o uso de classificadores e de expressões não manuais e no
Módulo 03 faremos práticas de interpretação.

Bons estudos!

Módulo 1 – O uso da língua de sinais no dia a dia

As pessoas surdas são parte da nossa sociedade como um todo, estão


presentes nos mais diversos espaços e podemos encontra-los nas mais
diversas situações. Assim, temos a possibilidade de usar a Libras em vários
momentos do nosso dia a dia, portanto é importante pesarmos em como
podemos mediar essas situações cotidianas com o uso da língua de sinais e
outras estratégias comunicativas.

Strobel (2009) difere comunidade surda de povo surdo e como aqui irei
exemplificar situações vivenciadas pelos surdos, considero conveniente
apresentar essa diferença, assim “(...) povo surdo é o grupo de sujeitos surdos
que usam a mesma língua, que têm costumes, histórias, tradições comuns e
interesses semelhantes (...)” (STROBEL, 2009, p. 30) e comunidade surda

é um grupo de pessoas que vivem num determinado local,


partilham os objetivos comuns dos seus membros, e que por
diversos meios trabalham no sentido de alcançarem estes
objetivos. Uma comunidade surda pode incluir pessoas que
não são elas próprias Surdas, mas que apoiam ativamente os
objetivos da comunidade e trabalham em conjunto com as
pessoas Surdas para os alcançar. (PADDEN e HUMPHRIES,
200, p. 05 in STROBEL, 2009, p. 30)
O que propomos neste módulo é pensar e praticar o uso da Libras através de
vivências em diversos contextos e situações reais do cotidiano. Dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000 mostram que
existem, no Brasil, 24,5 milhões de pessoas com deficiência e destas, 16,7%
apresentam deficiência auditiva, ou seja, são 5.735.099 de pessoas surdas.
Nem todos estes utilizam a Libras enquanto meio comunicativo, porém grande
parte dos surdos brasileiros vive um sério problema de isolamento linguístico
que começa dentro de suas próprias casas.

Um exemplo disso é contado pela professora surda Karin Strobel no


depoimento a seguir:

Uma vez a empregada doméstica estava lavando o quintal no


fundo de casa e eu ficava sentada observando a água suja de
lama e sabão correndo até o bueiro. No meio desta sujeira
estava um bicho estranho de mais ou menos de uns seis
centímetros que estava morto. Assustei-me porque o associava
com o bicho que vi na televisão noutro dia, jacaré enorme que
comia as pessoas e tive muitas noites de insônias com medo
da existência deste bicho no nosso quintal e que viria me pegar
e me comer. Só agora eu entendo que não era jacaré e sim
simplesmente uma lagartixa. Não havia ninguém que me
informasse sobre isto. (STROBEL, 2009, p. 40)
A história relatada mostra o quanto a falta de uma comunicação eficaz traz
prejuízos as pessoas surdas. Ter uma família que saiba língua de sinais ou ao
menos um dos membros, evitaria que esta criança passasse por situações
como esta que poderiam ter causado sérios traumas.

O relato a seguir mostra outra situação familiar que demanda o conhecimento e


uso da Libras nos ambientes familiares.

Você fica fora da conversa à mesa do jantar. É o que se chama


de isolamento mental. Enquanto todos os outros falam, riem,
você se mantém tão distante quanto um árabe solitário num
deserto que se estende para o horizonte por todos os lados.
[...] Sente-se ansiosa por um contato. Sufoca por dentro, mas
não pode transmitir esse sentimento horrível a ninguém. Não
sabe como fazê-lo. Tem a impressão de que ninguém
compreende nem se importa. [...] Não lhe é concedida sequer a
ilusão de participação [...] (SACKS, 1989, p. 136 in STROBEL,
2009, p. 51)
O isolamento mental e comunicativo é um grave problema para grande parte
dos surdos, já que 90% deles nasce em lares de famílias ouvintes que não
sabem e não procuram conhecer a língua de sinais. Acredita-se que tanto as
escolas de surdos, como os membros da comunidade surda podem incentivar
e levar ao conhecimento dos familiares a necessidade do uso e comunicação
através da língua de sinais.

Ainda sobre o uso da Libras no cotidiano das pessoas surdas, é fato que os
mesmos vivenciam diversas situações de inexpressividade comunicativa em
ambientes públicos, como bancos, aeroportos, rodoviárias, etc. Trago a seguir
mais duas situações de constrangimento por parte dos surdos que não tiveram
o atendimento devido em sua língua.

Cheguei ao banco e peguei a senha de prioridade, avisei a


moça do caixa, pois não tinha painel para ver a chamada, fiquei
aguardando sentada no local reservado e fui vendo que ela ia
chamando as pessoas e nada de chegar minha vez. De
repente, levantei e disse para a moça do caixa: moça, meu
número é 54. Ela disse: Oh! Desculpe esqueci-me de você e já
passaram muitos números, fica aí do lado que logo te atendo.
(SHIRLEY VILHALVA in STROBEL, 2009, p. 41)
A lei de Libras (10.436/2002) prevê a presença de pessoas com conhecimento
em Libras nos espaços públicos, porém essas experiências e o contato com os
surdos nos mostram que a lei ainda não é cumprida. Muitas vezes os
funcionários de bancos ou repartições públicas, entre outros, proporcionam
uma formação de apenas 20h em cursos de Libras para alguns dos seus
funcionários, que acabam sendo responsáveis por realizar o atendimento aos
surdos. Porém sabemos que essa carga horária é completamente ineficiente
para o aprendizado de uma nova língua.

Segue um novo exemplo:

Eu estava retornando para minha cidade num avião que


desceu em São Paulo para uma conexão com outro avião, lá
no Aeroporto de Guarulhos – SP; apelei para o atendimento
especial porque o aeroporto era muito grande e havia poucos
recursos visuais que facilitassem a minha acessibilidade e com
isto eu perdia muitas informações ditas pelo alto-falante. Então
a moça do atendimento especial me deixou na sala vip,
alegando que o meu avião estava atrasado. Fiquei esperando
lá na sala sozinha cerca de 4 horas seguidas e, quando alguém
apareceu na sala e me viu lá, perceberam que esqueceram de
mim e o meu avião já tinha ido há 3 horas. (STROBELL, 2009,
p. 42)
As duas situações exemplificadas revelam o quanto a sociedade brasileira se
exime da responsabilidade e obrigação legal de atender a todos sem distinção
de tratamento. Desta forma, cabe a nós todos enquanto cidadãos brasileiros
conhecer, difundir e usar a Libras nas mais diversas situações, assim como
pensar em estratégias comunicativas para atender aos sujeitos surdos nas
mais diversas situações.

No fórum deste primeiro módulo iremos discutir sobre tais estratégias (com ou
sem o uso da língua de sinais) e na atividade prática iremos simular alguma
dessas situações e colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas
disciplinas anteriores.

Não esqueçam de consultar os textos e vídeos extras!

Bons estudos!

REFERÊNCIA

STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda. Ed. da


UFSC, 2009.

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