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Aula 2.

O sentido da
colonização
Formação Econômica do Brasil
Profª Fernanda Cardoso
1º quadrimestre de 2017
Estrutura da aula
• Parte I – Observações iniciais sobre a contribuição de Caio
Prado Jr

• Parte II – O sentido da colonização

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• Parte III – O sentido profundo da colonização

• Referências : Novais (1990), Prado Jr (1942)

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Observações iniciais sobre a
contribuição de Caio Prado Jr
PARTE I 3
Formação Econômica do Brasil Contemporâneo

• A obra de Caio Prado Jr contempla história, filosofia,


geografia.
• Sua obra com ênfase em história econômica será o principal
marco como influência no pensamento brasileiro.

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“As suas viagens pelo Brasil, feitas antes, durante e depois de
escrever livros como esse, nas quais não contente com as
anotações que fazia, fotografava ele próprio o que via,
solidificaram a sua consciência e ideias sobre o Brasil” (Amaral
Lapa, “Caio Prado Júnior: Formação do Brasil Contemporâneo”
em Mota, L. D. (org.), Introdução ao Brasil: um Banquete no
Trópico, 1999:260). 4
Estrutura do livro FEBC

1. Introdução
2. Sentido da colonização
3. “Povoamento” – 4 capítulos

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4. Vida material – 9 capítulos
5. Vida social – 4 capítulos

“Valendo-se largamente de fontes primárias, bem como da


literatura de cronistas, tratadistas e viajantes que escreveram
sobre a colônia, faz uma leitura atenta e inteligente, com critério
e segurança capazes de superar leituras outras, que percorreram
caminhos semelhantes, feitas por diferentes autores com
resultados menos expressivos” (Amaral Lapa, op. cit., p. 260). 5
Considerações iniciais
• O processo de colonização permitiu que se esboçasse uma
nacionalidade que aos poucos foi se distanciando do seu
modelo europeu.
• Entretanto, o fato de ser algo novo não teria implicado uma

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autonomia e dinâmica próprias.
• Mesmo depois da independência política, não teria se
formado uma nação menos desigual e injusta, e mais
desenvolvida e soberana.
• [Caio Prado Jr seria ainda atual?].

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Ordem social colonial...
“O sistema imposto do exterior condicionou os agentes, grupos
e classes a uma subalternidade que comprometeu todo o
processo a ponto de, no momento decisivo, mostrar-se ainda
longe dessas correções de rumo.
O autor [Caio Prado Jr] defende esse mergulho no passado

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absolutamente convicto; não se trata, adverte, de devaneios
históricos, mas de busca das causas verdadeiras do
comprometimento do processo.
Em outras palavras e operando com nossos conceitos, diríamos
que continua prevalecendo então uma ordem social colonial...”
(Amaral Lapa, op. Cit., p. 262).

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O sentido da colonização
• No texto “Sentido da Colonização” está contida a tese central
do FEBC.
• “Esse conceito manifesta-se desde que a história de um povo
seja observada em longa duração e nos seus acontecimentos
essenciais, vistos em conjunto” (Amaral Lapa, op. Cit, p. 263).

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• O condicionamento conferido à colônia, de fornecer produtos
tropicais para os mercados europeus, explicaria a nossa
dependência mesmo após 1822.
• Nesse sentido, Caio Prado apresenta uma conclusão fatalista:
as tentativas de rompimento estariam fadadas ao fracasso.

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PARTE II
O sentido da colonização

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Em busca do sentido
“Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo
“sentido”. Este se percebe não nos pormenores de sua história,
mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a
constituem num largo período de tempo. Quem observa aquele
conjunto, desbastando-o do cipoal de incidentes secundários que

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o acompanham sempre e o fazem muitas vezes confuso e
incompreensível, não deixará de perceber que ele se forma de
uma linha mestra e ininterrupta de acontecimentos que se
sucedem em ordem rigorosa, e dirigida sempre numa
determinada orientação” (Prado Jr, 1942, p. 13).

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Ponto de partida do FEBC
• Ponto de partida da análise: final do período colonial brasileiro
(ou primeiro quartel do século XIX), pois se apresenta como
síntese de toda a evolução anterior.
• “Não sofremos nenhuma descontinuidade no correr da história
de colônia” (Prado Jr, 1942, p.14).

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• Mantém-se, desse modo, o que houve de fundamental e
permanente naquela evolução: o seu sentido.
• O texto “sentido colonização” apresenta o quadro essencial
em que se desenrolam as reflexões acerca do povoamento, da
vida material e da vida social no primeiro quartel do século
XIX.
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Voltando alguns séculos...
• A colonização portuguesa na América não é um capítulo
isolado: é parte de um todo.
• A expansão marítima das nações europeias depois do século
XV tem sua origem em simples empresas comerciais
efetivadas pelos navegadores dessas nações.

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• Derivam, por conseguinte, do desenvolvimento do comércio
continental europeu.
• Com o desenvolvimento nas navegações marítimas (séc. XIV),
a rota comercial por terra (que ligava o Mediterrâneo ao Mar
do Norte) será preterida pela nova rota marítima que
contornará o continente pelo estreito de Gibraltar.
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Deslocamento da primazia
comercial
• Início do séc. XV: primazia comercial foi deslocada dos
territórios centrais do continente para os territórios
litorâneos: Holanda, Inglaterra, Normandia, Bretanha e
Península Ibérica.
• Consequências:

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1. será formado um novo sistema de relações internas na
Europa;
2. expansão comercial ultramarina, cujo papel pioneiro caberá
aos portugueses.

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Novos astros
“A grande navegação oceânica estava aberta, e todos procuravam
tirar partido dela. Só ficarão atrás aqueles que dominavam no
antigo sistema comercial terrestre ou mediterrâneo e cujas rotas
iam passando para o segundo plano: mal situados,
geograficamente, com relação às novas rotas, e presos a um

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passado que ainda pesava sobre eles, serão os retardatários da
nova ordem. A Alemanha e a Itália passarão para um plano
secundário ao par dos novos astros que se levantavam no
horizonte: os países ibéricos, a Inglaterra, a França, a Holanda”
(Prado Jr., 1942, p. 16).

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Intuito comercial
• Será sempre como traficantes que os vários povos da Europa
abordarão os novos territórios, motivados pelo intuito da
empresa comercial.
• A ideia de povoamento não ocorre inicialmente a nenhum
deles.

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• O interesse era estritamente mercantil.
• Ademais, naquele momento, nenhum povo europeu disporia
de excedente populacional.

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Particularidade da América
• Território primitivo, habitado por rala população indígena,
incapaz de fornecer qualquer coisa “aproveitável”.
• Mesmo para o intuito estritamente mercantil, instalar simples
feitorias (negócio, administração e defesa armada) como no
Oriente não bastaria.

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• Era necessário ampliar as bases para viabilizar o fluxo
comercial – abastecimento e manutenção das feitorias.
• Seria dessa necessidade que teria surgido a ideia de povoar (o
que é diferente do que ocorre com as colônias de povoamento
das áreas temperadas).

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Novo sistema de colonização
• Problemas da colonização em territórios primitivos
dependerão, por exemplo, da natureza dos gêneros
aproveitáveis.
• No início, preferencialmente produtos extrativos: madeiras,
peles de animais e pesca.

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• Depois, seriam substituídos por uma base mais estável:
agricultura.
• Os espanhóis desde o início encontrarão metais preciosos -
prata e ouro no México e Peru.

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O caso da Nova Inglaterra
• No início, também feitorias de peles e pesca.
• Depois do século XVII, ocorreu povoamento efetivo, por
conta de circunstâncias especiais, diferentes daquelas
que se relacionam às ambições estritamente comerciais:
1. Lutas político-religiosas na Europa, particularmente na

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Inglaterra;
2. Cercamentos na Inglaterra, que expulsa uma grande
população do campo.

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Nova Inglaterra
“O que resultará deste povoamento, realizado com tal espírito e
num meio físico muito aproximado do da Europa, será
naturalmente uma sociedade, que embora com caracteres
próprios, terá semelhança pronunciada à do continente onde se
origina” (Prado Junior, 1942, p. 21).

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Já nos trópicos...
• Condições naturais teriam repelido o colono que viria como
simples povoador: para se estabelecer nos tópicos, os
estímulos teriam que ser mais fortes.
• Por outro lado, a diversidade das condições naturais
possibilitavam a obtenção de gêneros particularmente

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atrativos: açúcar, pimenta, tabaco, algodão...
• É justamente isso que estimulará a ocupação dos trópicos
americanos.

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O colono europeu nos trópicos
“Mas trazendo este agudo interesse, o colono europeu não traria
com ele a disposição de pôr-lhe a serviço, neste meio tão difícil e
estranho, a energia do seu trabalho físico. Viria como dirigente da
produção de gêneros de grande valor comercial, como
empresário de um negócio rendoso; mas só a contragosto como

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trabalhador. Outros trabalhariam para ele” (Prado Jr, 1942: 23).

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Plantations
• Exploração agrária nos trópicos terá a seguinte roupagem:
1. Grandes unidades monoprodutoras, escravistas e
exportadoras;
2. Para cada proprietário, haverá muitos trabalhadores

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subordinados compulsoriamente e sem propriedade.
• Assim, à grande maioria do colonos nos trópicos, restaria uma
posição dependente.
• Em alguns casos, serão observados casos de “escravidão
temporária” – Sul dos EUA.
• Os trabalhadores serão preferencialmente indígenas (colônias
espanholas) ou negros africanos traficados, submetidos ao
regime de escravidão. 23
Sentido da Colonização
“No seu conjunto, e vista no plano mundial e internacional, a
colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa
comercial, mais complexa que a antiga feitoria, mas sempre com
o mesmo caráter que ela, destinada a explorar os recursos
naturais de um território virgem em proveito do comércio

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europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de
que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos
fundamentais, tanto no econômico como no social, da
formação e evolução históricas dos trópicos americanos” (Prado
Jr, 1942, p. 25).

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Brasil colonial
• É certo que foi mais do que um simples contato fortuito dos
europeus com o meio.
• Todavia, o caráter mais permanente de uma sociedade própria
e definida se revelará ao poucos.
• Na essência de sua formação, o Brasil se constituiu para

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fornecer gêneros lucrativos no comércio europeu: açúcar,
tabaco, ouro, diamantes, algodão, café.
• É com esse objetivo exterior que se organizarão a sociedade e
a economia brasileiras.
• “Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura bem como as
atividades do país” (Prado Jr, 1942: 26).
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Ordem social colonial
“Este início, cujo caráter se manterá dominante através dos três
séculos que vão até o momento em que ora abordamos a história
brasileira, se gravará profunda e totalmente nas feições e na vida
do país. Haverá resultantes secundárias que tendem para algo de
mais elevado; mas elas ainda mal se fazem notar. O “sentido” da

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evolução brasileira que é o que estamos aqui indagando, ainda se
afirma por aquele caráter inicial da colonização” (Prado Jr, 1942,
p. 26).

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O sentido profundo da colonização
PARTE III 27
Fernando Novais
• Historiador brasileiro, nascido em 1933.
• Lattes: Professor Emérito USP, onde lecionou no
Departamento de História da FFLCH entre 1961 e 1986.
Professor da UNICAMP, onde lecionou no Instituto de
Economia entre 1986 e 2003.

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• Atualmente é professor da FACAMP, onde leciona na
Faculdade de Ciências Econômicas.
• Autor do livro Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema
Colonial (1777-1808), obra clássica da historiografia
brasileira, resultante da sua tese de doutorado, defendida
em 1973.
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Sistema colonial
• Sistema colonial apresenta-se como o conjunto das relações
entre as metrópoles e as colônias na Época Moderna
(aproximadamente, entre os séculos XVI e XVIII).
• Antigo Sistema Colonial da era mercantilista.

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• Desse modo, nem toda colonização da história será
desenrolada nesse quadro.
• Na era Moderna, adquire caráter específico: trata-se da
forma mercantilista de colonização.
• “é o sistema colonial do mercantilismo que dá sentido à
colonização europeia no período” (p. 14).

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Denominadores comuns
• Segundo Novais, apesar da diversidade de casos de
colonização no período, há denominadores comuns que
revelam a essência das relações coloniais.
• Essas, podem ser apreendidas em dois níveis:

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Legislação ultramarina das metrópoles;
Comércio e vinculações político-administrativas entre elas.

• A legislação colonial disciplinava as relações políticas e


econômicas.

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Exemplo - exclusivo comercial
“o exclusivo comercial era a proibição legal do comércio entre as
colônias e as nações estrangeiras, seja através de barcos ou de
mercadores dessas nações, seja através de barcos ou de mercadores
nacionais que partissem das colônias em direção a outros países.
Tanto na ida às colônias, como na volta delas a escala metropolitana

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era indispensável (...) Permissão de comércio apenas em determinados
portos, companhias comerciais privilegiadas, regime de frotas foram,
entre outros, alguns dos recursos utilizados; por outro lado, em alguns
momentos, o exclusivo poderia ser atenuado em virtude de situações
específicas, como, por exemplo, guerras que dificultassem ou
impedissem o comércio ou com a concessão de licenças especiais para
mercadores estrangeiros por motivos econômicos ou diplomáticos”
(Ricupero, 2016, disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 31
90742016000100509#fn2).
Pacto colonial
• Modelo típico: as colônias deveriam se constituir em fator
essencial do desenvolvimento econômico da metrópole –
seriam, ao mesmo tempo, mercado consumidor e fornecedor.
• Por mais que tenham ocorrido variações, haviam mecanismos
profundos inerentes ao processo de colonização no Antigo

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Regime.

“Encarada em conjunto, e polarizando de um lado as economias


centrais europeias, e as colônias periféricas de outro, é inegável
que a história da colonização moderna se processou segundo
aquele desiderato fundamental. Daí seu interesse para a análise”
(Novais, 1986, p. 17). 32
Mercantilismo
• O pacto colonial, articulava-se organicamente com o
Mercantilismo, doutrina de política econômica da época.
• Pontos essenciais:
1. Ideia metalista: nível de riqueza = montante de metal
nobre acumulado pela nação.

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2. Lucros seriam gerados no processo de circulação das
mercadorias - doutrina da balança favorável e adoção de
políticas protecionistas.
3. Estado Absolutista deveria criar todas as condições de
lucratividade.

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Ainda sobre o Mercantilismo
“Heckscher [economista e historiador sueco] caracteriza o
Mercantilismo como um sistema unificador e como um sistema
de poder. Unificador porque, ao propor a consolidação do
Estado, o mercantilismo lutava contra o universalismo e o
particularismo medieval. O universalismo se fazia presente

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principalmente pela força da Igreja Católica (...) A Igreja (....) era
uma força “universal” contrária à segmentação territorial em
unidades políticas autônomas, as quais se poderiam contrapor
ao poder da Igreja (...) Porém, para o Mercantilismo, era mais
importante combater o particularismo (...) o particularismo
obstava a integração econômica dos territórios (...) restringia a
possibilidade de constituir uma unidade política de grandes
dimensões” (Saes e Saes, História Econômica Geral, 2013, p. 74). 34
Papel das colônias
• Retaguarda econômica da metrópole.
• As colônias garantiriam a autossuficiência da metrópole,
permitindo que o Estado colonizador competisse em
vantagem.
• A política colonial visava alinhar a expansão colonizadora à

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política mercantilista.
• Portanto, sistema colonial aparece como relações políticas
com o seguinte caráter: havia um centro de decisão
(metrópole) e um subordinado (colônia).

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Em busca de um sentido mais
profundo...
“Essa primeira aproximação entretanto é ainda insuficiente para
compreendermos a natureza e o funcionamento do Antigo
Sistema Colonial. Se quisermos penetrar mais a fundo neste
fenômeno de longa duração, havemos de procurar suas conexões

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com o processo mesmo da colonização moderna, e com os
demais componentes que dão a conformação característica da
Época Moderna (...) de modo a apreender-se não apenas a
posição no conjunto senão ainda como se constitui
historicamente esta totalidade, e nela o sistema colonial”
(Novais, 1986, pp. 20-21).

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Contexto: Antigo Regime
• Predomínio das formas políticas do Absolutismo –
centralização política no Estado.
• No plano social, persistência da sociedade estamental.
• Expansão ultramarina e colonização do Novo Mundo:

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economias coloniais como meio de fomentar a acumulação.
• Capitalismo mercantil (ou comercial): “é o capital comercial,
gerado mais diretamente na circulação de mercadorias, que
anima toda a vida econômica no Estado absolutista...” (Novais,
p. 21).
• Período de transição entre feudalismo e capitalismo
propriamente dito.
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[Dissolução do feudalismo]
• Seguindo Maurice Dobb, a forma como o sistema feudal
reagirá ao impacto da economia de mercado resultará em sua
crise.
• (1) De um lado, o comércio dissolverá os laços servis – grandes
rotas comerciais.

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• (2) De outro lado, os tornará mais fortes – locais mais
afastados das rotas.
• Crise social, pois: (1) leva à diferenciação dentro da sociedade
urbana – produtor direto tende a se proletarizar; e (2) agrava
as condições de servidão.
• Crise social leva à crise econômica (comercial): é nesse quadro
que se dá a formação dos primeiros Estados Nacionais. 38
Tensões e transição
“Absolutismo, sociedade estamental, capitalismo comercial,
política mercantilista, expansão ultramarina e colonial são,
portanto, parte de um todo, interagem reversivamente neste
complexo a que se poderia chamar, mantendo um termo de

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tradição, Antigo Regime. São no conjunto processos correlatos e
interdependentes, produtos todos das tensões sociais geradas
na desintegração do feudalismo em curso, para a constituição
do modo de produção capitalista” (Novais, 1986, p. 27).

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Aprofundando o sentido da colonização
• A colonização europeia moderna é um desdobramento da
expansão puramente comercial.
• Seja na forma de extração, de povoamento ou de
complementação da produção da metrópole.
• Como já destacada Prado Jr (1942), a colonização moderna é

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de natureza essencialmente comercial.
• Combinado sentido comercial à formulação do caráter
orgânico do Antigo Regime, “a ideia de um “sentido” da
colonização atingirá seu pleno desenvolvimento” (Novais,
1986, p. 30).
• Qual é o sentido profundo da colonização?
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Acumulação primitiva
• Contexto: fase de transição feudalismo/capitalismo.
• A burguesia mercantil não possuía ainda autossuficiência de
crescimento endógeno.
• Por isso, “a necessidade de pontos de apoio fora do sistema,
induzindo uma acumulação que, por se gerar fora do sistema,

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Marx chamou de originária ou primitiva” (Novais, 1986, p.
31).
• O mercantilismo teria sido a montagem desse sistema e o
sistema colonial a sua principal alavanca - exclusivo
metropolitano, escravidão e o tráfico negreiro.
• Ainda segundo Novais, a expressão primitiva é
particularmente adequada pois preserva o sentido de
“originária” mas também de “selvagem”, “violenta”. 41
Sentido profundo da
colonização
“Examinada, pois, nesse contexto, a colonização do Novo Mundo,
na Época Moderna, apresenta-se como uma peça de um sistema,
instrumento de acumulação primitiva da época do capitalismo
mercantil. Aquilo que, no início dessas reflexões, afigurava-se

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como um simples projeto, apresenta-se agora consoante com o

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processo histórico concreto de constituição do capitalismo e da
sociedade burguesa. Completa-se, entrementes, a conotação do
sentido profundo da colonização: comercial e capitalista, isto é,
elemento constitutivo no processo de formação do capitalismo
moderno” (Novais, 1986, p. 33).

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