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Análise
1.Olhar e Facínio
Movimento do poema:
Interior Exterior
Visão do autor Visão da maioria
- Equivale ao olhar e facínio instigado pela pintura, onde olhar o todo demonstra
simplicidade e o percorrer com o olhar traz o sublime.
- “Cada verso equivale literalmente a um retorno” – olha o mesmo objeto de
diferentes formas.
- Quarto – “reduto da interioridade do sujeito... espaço lírico de onde o poeta olha o
mundo e se debruça sobre a vida.” (limita o olhar físico e amplia o olhar
subjetivo)
- “Eu” se dirige diretamente ao objeto (maçã), dando-lhe um traço de humanidade
(animismo, prosopopéia – dado em associações com o corpo feminino e em
caracterizar o interior subjetivamente). Visto em: “...te vejo...” – 1º verso, “És
vermelha...” – 3º verso, “Dentro de ti...” – 4º verso, “E quedas...” – 7º verso. Esse
caráter dialógico (função apelativa) dá ao poema um aspecto dramático.
Manuel Bandeira:
- revela em sua arte uma poderosa tendência para a composição na forma de
natureza-morta
- reorganiza arbitrariamente o espaço poético, retirando coisas de seu contexto
habitua e passando a configurar num contexto diverso
- O procedimento implica uma redução drástica ao essencial. (só pronunciar as
palavras essenciais)
- estrutura concentrada, coerente e poeticamente eficaz (incorpora, reúne, elementos
significativos num espaço novo)
- técnica que lembra o fracionamento cubista (visão por lados diversos) e a técnica
surrealista de montagem (retoma elementos anteriores num novo contexto) poesia
onírica (q se assemelha a sonhos), ilógica, absurda, nonsense.
d) Desentranhar a poesia:
- A última estrofe sugere regularidade incomum dos versos (certa simetria
final).
- O número de sílabas varia de cinco a sete, mas sem grande alteração rítmica,
já que todos começam por um tempo forte na segunda sílaba.
- Disposição dos elementos sintáticos obedece à ordem de importância na
frase: sujeito, predicado, adjuntos adverbiais. Completa o quadro imóvel de
vida tranqüila ou silenciosa da fruta (mais concreta na estrofe final e na
mudança de direção do olhar [que não mais enfoca a maçã] que nela se dá).
- Em quedar-se é dada a atemporariedade, como se a maçã se fizesse uma
dádiva eterna em sua quietude de objeto que se entrega humildemente à
necessidade humana, sem ostentar o bem mais precioso que traz em si.
- O contraste entre a revelação do valor extraordinário da maçã e sua
simplicidade é a assimetria maior do texto e também o paradoxo essencial
do modo de ser da fruta, o que a torna exemplar aos olhos de quem a
observa.
- Seguimento decisivo para a compreensão do poema, pois passa de um
instante de máxima intensidade (estrofe do meio) para a tranqüilidade (na
última estrofe).
- Contraste:
Momento sublime de paixão X Aparente indiferença do dia a dia
Instante de alumbramento X Humildade cotidiana
- Estilo humilde parece ser a única forma de expressão possível para uma
natureza que se realimenta da fonte escondida do sublime
- O fruto sagrado desce à condição cotidiana de fruta. Deixa de ser o objeto de
uma representação estilizada, abstrata e idealista para ser representada de
forma realista.
- A colocação final integra também a maçã à dimensão subjetiva do olhar,
revelando a atitude do “Eu” lírico, com ela identificado e que por ela se
exprime. Surgindo como objeto de imitação da natureza e como símbolo de
uma emoção pessoal.
- No modo de ser humilde da maçã pode se reconhecer uma ética para a qual
o valor mais algo é o que não se mostra ostensivamente.
- Na maçã se encerra uma lição de vida e poesia, pois imitando-a, se
reconhece um ideal de estilo na simplicidade natural e por ela se entende que
a poesia (como a natureza) ama ocultar-se.