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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE PSICOLOGIA

ADOÇÃO: A FAMÍLIA NO PROCESSO ADOTIVO

CRISTINA REGHELIN TABORDA

Ijuí – RS
2014
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CRISTINA REGHELIN TABORDA

ADOÇÃO: A FAMÍLIA NO PROCESSO ADOTIVO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para a
conclusão do curso de formação de
Psicólogo.

Orientadora: Ana Maria de Souza Dias

Ijuí – RS
2014
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CRISTINA REGHELIN TABORDA

ADOÇÃO: A FAMÍLIA NO PROCESSO ADOTIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a


conclusão do curso de formação de Psicólogo.

Banca Examinadora:

___________________________________
Ana Maria de Souza Dias

___________________________________
Angela Maria Shneider Drugg

Ijuí, janeiro de 2014


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ADOÇÃO: A FAMÍLIA NO PROCESSO ADOTIVO

Cristina Reghelin Taborda


Orientadora: Ana Maria de Souza Dias

RESUMO

A pesquisa realizada é de cunho bibliográfico, elaborada a partir de material já


publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais
disponibilizados na internet. A adoção é uma escolha por meio de um processo
jurídico, a partir da qual uma criança ou adolescente não concebido biologicamente
pelo adotante torna-se irrevogavelmente filho deste. O presente TCC propõe realizar
um estudo acerca da adoção, abordando seus aspectos históricos e legais; a família
e sua função na adoção e também contempla o exame do artigo “A avaliação
psicossocial no contexto da Adoção: Vivências das famílias adotantes”, para assim,
buscar uma maior compreensão dos aspectos que tangem ao processo adotivo.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5

1 ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS SOBRE A ADOÇÃO .................................... 7

2 A FAMÍLIA E AS REPERCUSSÕES DO PROCESSO DE ADOÇÃO .................... 13

3 AS VIVÊNCIAS DAS FAMÍLIAS ADOTANTES: A AVALIAÇÃO


PSICOSSOCIAL NO CONTEXTO DA ADOÇÃO ...................................................... 21

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 31


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INTRODUÇÃO

Esse trabalho busca esclarecer algumas questões, do ponto de vista


psicológico, sobre a família e a sua função na adoção. Através deste estudo se
objetiva ter uma visão mais clara sobre o processo de adoção. Além de proporcionar
aprendizado e conhecimentos necessários para a formação do psicólogo, também
busca constituir um estudo auxiliar, de certa forma, a esclarecer para a sociedade
alguns aspectos importantes sobre a adoção.
A adoção pode ser definida como um procedimento pelo qual uma criança é
levada para dentro de uma família da qual seus pais biológicos não fazem parte,
mas que são reconhecidos pela lei como seus pais. Podemos assinalar que a
adoção é também pode ser vista como uma maneira de atenuar a ansiedade vivida
pelas crianças na ausência dos pais biológicos e acima de tudo retirá-las das ruas,
instituições e favelas, proporcionando o que lhes é de direito: uma família e a
afetividade presente em seu interior.
Este trabalho de tcc é uma proposta de pesquisa teórica sustentada no
estudo de autores contemporâneos, através da teoria psicanalítica e de leituras
vindas do campo do Direito. Como primeiro capitulo, é relevante esclarecer os
aspectos históricos e legais sobre a adoção, visto que esse é de vital importância
para todo o processo adotivo e estabelece os direitos do filho e os deveres do pai
para com filho adotivo.
Em um segundo capitulo, será trabalhado o tema da família e as
repercussões do processo de adoção, considerando a família como o núcleo
fundamental para estruturação e desenvolvimento pessoal de cada indivíduo.
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Por fim, como terceiro capitulo, a escrita se baseia em uma leitura de um


artigo que trata da historia de duas famílias adotantes. Neste momento se fará um
relato deste artigo, que trata destas famílias e foi realizada em um serviço de adoção
de uma Vara de Infância e da Juventude.
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1 ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS SOBRE A ADOÇÃO

Primeiramente é necessário esclarecer a origem e o significado da palavra


adoção. Derivada do latim adoptione, possui como significado: escolher, adotar.
Segundo Ferreira (1999, p. 54) a adoção é “ação ou efeito de adotar; aceitação
voluntaria e legal de uma criança como filho”. A adoption define-se como o ato
solene obedecido por requisitos da lei, alguém estabelece com um estranho, um
vínculo fictício de paternidade e filiação legítimas, de efeitos limitados e sem total
desligamento do adotando com sua família de sangue (CHAVES, 1995, p. 23-24).
Não se sabe quando e onde o tema surgiu pela primeira vez, mas no
decorrer da história da humanidade há inúmeros relatos sobre a adoção de crianças
e bebês. Paiva (2004, p. 35) menciona a história de Moisés como uma das mais
conhecidas:

Aproximadamente no ano de 1250 a.C., o faraó determinou que todos os


meninos israelitas que nascessem deveriam ser afogados. A mãe de um
pequeno hebreu decidiu colocá-lo dentro de um cesto de vime e deixá-lo à
beira do rio Nilo, esperando que se salvasse. Térmulus, filha do faraó que
ordenara matança, achou o cesto quando se banhava nas águas do rio,
recolheu-o e decidiu criar o bebê como seu próprio filho. Amamentado por
sua mãe biológica, serva da filha do faraó, Moisés viveu anos como egípcio,
transformando-se mais tarde em herói do povo hebreu.

Observamos que a adoção já era instituída na antiguidade, não de uma


forma legal, porém esta já fazia parte da história da humanidade e com o passar dos
anos á essência da adoção ainda permanece a mesma.
Nos primórdios a adoção não tinha por objetivo principal proteger a criança
ou dar-lhe uma família, mas sim, suprir as necessidades de casais que não
poderiam ter filhos; esse tipo de adoção era conhecida como “adoção clássica”. No
Brasil a maior parte dos casos de adoção é do tipo de adoção clássica, e o restante
se trata da “adoção moderna”, que tem como objetivo garantir o direito de toda
criança de crescer e ser educada em uma família.
Historicamente a adoção teve sua origem em vários povos, os quais
atribuíram significados similares ao processo de adoção. De acordo com Eickoff
(2001), inicialmente a adoção significava a continuação da família para que as
cerimônias fúnebres não cessassem e para o culto aos deuses com oferendas. Isso
porque, segundo o mesmo autor, a adoção tinha caráter religioso, de perpetuação
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da espécie e o culto aos mortos para muitos povos, pois o homem primitivo
acreditava que os seres humanos eram governados pelos mortos. Assim realizavam
cerimônias com uma criança adotada para receber proteção dos ancestrais.
O Código de Hammurabi é provavelmente o mais antigo conjunto de leis
sobre adoção, registros de como a sociedade mesopotâmica do II milênio a.C agia
em relação às crianças abandonadas. Ao adotado era permitido retornar ao lar de
seus pais biológicos somente se estes o houvessem criado, e supondo que o
adotante tivesse despendido dinheiro e cuidados com o adotado, tal situação era
proibida. Quando o adotante tivesse filhos biológicos posteriormente a adoção
poderia ser revogada, cabendo ao adotado uma indenização. O Código de
Hammurabi era muito rígido no que tratasse de adoção, conforme Brauner (2001, p.
33):

Por sua vez, o Código de Hammurabi (1728-1686 a.C ), na Babilônia


disciplinava minuciosamente a adoção em oito artigos. Ao filho adotivo que
ousa se dizer aos pais adotivos que eles não eram seus pais, cortava-se a
língua; ao filho adotivo que aspirasse voltar à casa paterna afastando-se
dos pais adotivos, estriam-se os olhos (art.192 e 193).

Os romanos conheceram duas espécies de adoção: a ad-rogação


(arrogativo) e a adoção propriamente dita (adoptio). Esta consistia na adoção de
uma pessoa capaz, podendo ser até mesmo um pater família que abandonasse o
seu culto doméstico e assumisse o culto do adotante, tornando-se, assim seu
herdeiro. Naquela ocorria adoção sui júris da pessoa que não se encontrava
submetida a nenhum pátrio poder, ocorrendo dessa forma uma maior liberdade,
onde um chefe de família poderia entrar na família de outro, o ad-rogante,
extinguindo-se a família do ad- rogado (CHAVES, 1995).
A ad-rogatio ou ad-rogação fazia parte do direito público, consistia na
adoção de um sui juris, um pater familias e todos os seus descendentes, que
estavam a ele subjugados. Era necessária a verificação se a realização deste ato
traria utilidade, benefício ao adotado, e se o consentimento era de ambas as partes.
Caso aquele que estivesse sofrendo a ad-rogação fosse impúbere, caberia o
assentimento por parte dos seus parentes próximos ou tutor. Entretanto, a ad-rogatio
só podia ser realizada com a participação da autoridade pública, a interferência de
um pontífice e a aprovação do povo nos comícios (populi auctoritate). Fazia-se
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necessária a aprovação do povo, pois como na ad-rogação uma família inteira podia
ser adotada, o culto doméstico dos adotados ficaria prejudicado, senão extinto.
A ad-rogação estava intimamente ligada aos comícios. Aqueles que não
faziam parte dele, como os impúberes, plebeus, mulheres, não podiam ser ad-
rogados. Desta forma, a ad-rogatio seguia algumas condições estabelecidas pelo
pontífice, que eram: o ad-rogante tinha de ser um pater familias que não tivesse
filhos do sexo masculino, o ad-rogado deveria dar seu consentimento e a ad-rogatio
só podia acontecer em Roma, pois em outros lugares os comícios não se reuniam.
Assim, os efeitos desse instituto eram a absorção do ad-rogado e das pessoas que
estavam submetidas a ele, à família do adrogante, e o direito de filho do adrogado
em relação à família do ad-rogante.
Com o passar dos anos os alieni juris (aqueles(as) sujeitados à outra
pessoa, não tendo personalidade jurídica, nem patrimônio, não podiam exercer seus
direitos em nome próprio) tiveram a possibilidade de serem ad-rogados. Este
instituto começou então a se disseminar pelas províncias, tendo por isso algumas
condições suavizadas.
Conforme Chaves (1966), a adoção era composta por duas fases: na 1º
ocorria por três mancipatio sucessivas, na qual o pai extinguia seu pátrio poder, e
em seguida por uma cessio in jure (que ocorria na presença de um pretor), na qual o
pai natural cedia seu direito sobre o filho ao pai adotante. Na 2º fase era formada por
apenas uma mancipatio seguida por uma cessio in jure. Era possível realizar a
adoção por testamento, adoptio per testamentum, mas, entretanto há grande
divergência entre os autores se esta seria uma nova modalidade de adoção ou uma
espécie da ad-rogatio.
Os povos da Grécia tinham um conceito rígido do ato de adotar uma criança,
permitiam a adoção dentro de uma determinação específica, em que “o filho adotado
não poderia se relacionar com a família biológica sob nenhum aspecto, a adoção
somente seria descartada pelo casal se o filho adotivo demonstrasse desprezo pelos
pais adotivos” (EICKOFF, 2001, p. 96). O Império Bizantino, por sua vez, passou a
considerar a adoção a partir do interesse do adotado, esse tinha direito em possuir o
nome da família adotiva, uma posição dentro dessa família e na sociedade, e os
bens do adotante.
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Sobre esse ponto de vista pode-se configurar o início do processo de


adoção como um ato que estava sendo descoberto pela sociedade e pela lei, pois as
pessoas agiam cautelosamente diante da ideia de adotar uma criança, levando em
consideração as crenças da sociedade, assim como o interesse no vínculo afetivo da
criança como família adotiva. Podemos conceituar a origem da adoção sob “padrões
jurídicos, de acordo com a perspectiva de Monteiro (1997), pelo qual uma pessoa
recebe outra como filho, independentemente de existir entre eles qualquer relação
de parentesco consanguíneo ou afim”.
Desde que se iniciou o processo de adoção, em todo mundo, ocorreram
diversas mudanças, leis foram revistas e reformuladas, para que as leis em vigor
tragam o melhor benefício possível à criança que está à espera de uma família.
Hoje, o processo de adoção no Brasil está longe do que ocorria décadas
atrás, com famílias "pegando para criar" crianças doadas pelos pais, mas é
caracterizado pela pouca agilidade nos processos. Além de existirem muito mais
crianças em instituições de acolhimento do que as disponíveis para adoção.
Verifica-se que em 8 de maio de 2013, havia 5.426 crianças e adolescentes
aptos para adoção em todo o país e 355 processos em andamento. Um número
relativamente pequeno, levando-se em conta que, naquele mesmo dia, existiam
29.440 pretendentes cadastrados. Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção
(CNA), criado há cinco anos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Dia
Nacional da Adoção, 25 de maio.
De modo geral o processo de adoção ainda é lento, uma das condições é
primeiramente o comparecimento a uma Vara da Infância e da Juventude ou a um
Fórum. Lá os pretendentes deverão procurar o Serviço Social e se inscrever no CPA
(Cadastro de Pretendentes à Adoção), onde são exigidos uma serie de documentos.
Depois de reunida toda a documentação, tem início o processo de habilitação à
adoção. A papelada será enviada ao setor técnico para o agendamento de
entrevistas que deverão ser feitas por assistentes sociais e psicólogos e também
poderá ser feita uma visita domiciliar.
Após encerrarem a avaliação do pretendente, a documentação será enviada
ao Ministério Público. É o juiz quem dará uma sentença de habilitação à adoção.
Assim, o pretendente entra no Cadastro Nacional de Adoção, ficando na lista de
espera da criança ou adolescente que se enquadrar no que foi previamente
estipulado.
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Hoje, no CNA, a preferência é por crianças de até dois anos (20,35% dos
pretendentes), caindo drasticamente a opção por crianças acima de seis anos
(3,80%). "Embora ainda existam sérias resistências, grandes conquistas foram feitas
nesse sentido. A freqüência obrigatória das pessoas que querem adotar aos grupos
de apoio (formados geralmente por pais adotivos que trabalham voluntariamente
para divulgar a nova cultura de adoção) tem permitido que eles vejam o ato como
uma chance de uma nova família, abrindo a possibilidade de serem adotados grupos
de irmãos", informa Tânia da Silva Pereira, dirigente da Comissão Nacional para
Infância e Juventude do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família).
“A adoção é um instituto jurídico que procura imitar a filiação natural”.
Enquanto a filiação legitima, natural tem o seu vinculo no sangue, a adoção cria uma
filiação entre pessoas que não são ligadas pelos laços de sangue, mas decorrente
de sentença (OLIVEIRA, 2000, p. 147).
A lei nos diz que adoção dá os direitos de um filho de sangue para um filho
adotivo, bem como os deveres do pai para com o filho adotivo, sendo que o pai se
torna o representante legal até a maioridade legal.
Aspectos jurídicos estão intimamente ligados aos processos de adoção. Isso
porque o ato de adotar uma criança requer minuciosos procedimentos, que acima de
tudo, envolvem a vida emocional do casal adotante ou da pessoa que ira adotar,
pois eles estão em constante preparo psicológico para construir junto com a criança
uma boa relação afetiva que iria posteriormente fornecer o elo principal para que o
vínculo afetivo entre pais e filho adotivo se concretize. Um aspecto relevante do
ponto de vista judiciário, segundo Oliveira (2003), diz respeito à obrigatoriedade de
assistência efetiva do Poder Público e de processo judicial com sentença constitutiva
que o procedimento da adoção passa a ser submetido, visto que esta declarado no
Código Civil, artigos 1.618 a 1.629, que resta unificada a adoção que se aplica a
todas as pessoas sem distinção por faixas etárias.
A idade mínima para o adotante passa a ser de 18 anos, novo patamar da
capacidade plena, mas continua a natural exigência que ele seja pelo menos 16
anos mais velho que o adotado para que se justifique a perfilhação. A adoção por 2
pessoas pressupõe que sejam marido e mulher após 5 anos de casado ou
companheiros em união estável. A exceção fica com os divorciados ou separados
judicialmente que poderão adotar em conjunto, desde que acordem sobre a guarda
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e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na


constância da sociedade conjugal (OLIVEIRA, 2003, p. 20).
De acordo com dados do CNA (Cadastro Nacional de Adoção), em 8 de
maio de 2013, entre os 5.426 adolescentes e crianças prontos para adoção haviam
1.777 brancos (32,75%), 2.575 pardos (47,46%), 1.024 negros (18,87%), 23 de pele
amarela (0,42%) e 35 indígenas (0,65%).
Desses, 2.349 são do sexo feminino e 3.077 do masculino. Apenas 1.260
não têm irmãos. Já 1.994 (36,75%) têm irmãos também no CNA. Em relação aos
pretendentes cadastrados, 9.450 (32,10%) aceitavam somente crianças brancas,
contra 1.644 (5,58%) que queriam apenas crianças pardas e 573 (1,95%) que
desejavam crianças negras. Existiam 11.475 pessoas indiferentes à cor da pele
(38,98%). A preferência era por crianças do sexo feminino: 32,65% ou 9.613
pretendentes.
A partir da análise dos dados disponíveis no CNA foi possível identificar que
a idade da criança e/ou do adolescente apto à adoção é o principal motivo de
disparidade entre as preferências do pretendente e as características das crianças e
dos adolescentes que aguardam por uma adoção no Brasil. Aproximadamente nove
em cada dez pretendentes desejam adotar uma criança de 0 a 5 anos, enquanto
essa faixa etária corresponde a apenas 9 em cada 100 das crianças aptas à adoção.
Reduzindo esse universo para as crianças com idade compreendida entre 0 e 3
anos, o percentual de indivíduos que pretendem adotar uma criança com essa idade
fica em torno de 56%, ao passo que o CNA possui somente 3% de crianças
correspondentes à mencionada faixa etária.
Algumas preferências (idade, cor, sexo), uma vez determinadas, não
costumam ser acompanhadas de outros critérios de restrição das características das
crianças. Os pretendentes tendem a escolher apenas um critério para adoção.
Outro ponto que emerge das estatísticas refere-se à opção exclusiva de
adoção de crianças pretas, pardas ou indígenas, que, apesar de representarem uma
pequena parcela do universo – (aproximadamente 8%) de preferência dos
candidatos à adoção – não costuma vir acompanhada de outras restrições de perfil.
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2 A FAMÍLIA E AS REPERCUSSÕES DO PROCESSO DE ADOÇÃO

Segundo Ferreira (1986, p. 755) o termo família designa: 1. Pessoas


aparentadas que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e
os filhos. 2. Pessoas do mesmo sangue.

A família surge inicialmente com um grupo natural de indivíduos unidos por


uma dupla relação biológica: a geração, que dá os componentes do grupo;
as condições do meio que o desenvolvimento dos jovens postula e que
mantém o grupo na medida em que os adultos geradores asseguram sua
função (LACAN, 2008, p. 7).

De acordo com Lacan (2008), nos animais essa função é substituída por
comportamentos instintivos, que por muitas vezes se apresentam de formas
complexas. Não se pode obter das relações familiares outros fenômenos sociais
observados nos animais. Estes se apresentam, ao contrario, muito diferentes dos
instintos familiares, de forma que em pesquisas mais recentes, são aproximadas de
um instinto original, chamado de intera-tração.
A espécie humana caracteriza-se por um desenvolvimento singular das
relações sociais - desenvolvimento esse que é sustentado por capacidades
excepcionais de comunicação mental - e, correlativamente, por uma economia
paradoxal dos instintos que aí se mostram essencialmente suscetíveis de conversão
e de inversão, e não tem mais efeito isolável se não de maneira esporádica (LACAN,
2008, p. 7).
A família é o primeiro grupo ao qual o indivíduo pertence. Até pouco tempo
atrás o modelo de família constituía-se em pai, mãe e filhos, sendo este considerado
ideal para a sociedade. Por este motivo todos os outros modos de organização
familiar eram vistos como desestruturados, desorganizados e problemáticos,
partindo-se assim de um julgamento moralista, que, por sua vez, utilizava um padrão
(ideal). Dessa forma, os demais grupos familiares eram considerados “inadequados”
ou “ilegítimos”.
Hoje em dia existem inúmeras formas de estrutura familiar. Segundo Bock
(1999) a família de pais separados que realizam novas uniões das quais resulta uma
convivência entre os filhos dos casamentos anteriores de ambos e os novos filhos do
casal; a família chefiada por mulher (em todas as classes sociais), a nuclear, a
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extensa, a homossexual. Podemos observar vários tipos de cultura e novos padrões


de relações humanas.
É muito importante e necessário recorrermos sempre à história, para
entendermos a família, desde o estado selvagem até a barbárie. Desde a origem da
humanidade, segundo o antropólogo americano L.H. MORGAN (1818-1881), existe:
a família consangüínea — intercasamento de irmãos e irmãs carnais e colaterais no
interior de um grupo; a família punaluana — o casamento de várias irmãs, carnais e
colaterais, com os maridos de cada uma das outras; os irmãos também se casavam
com as esposas de cada um dos irmãos, isto é, o grupo de homens era
conjuntamente casado com o grupo de mulheres; a família sindiásmica ou de casal
— o casamento entre casais, mas sem obrigação de morarem juntos, o casamento
existia enquanto ambos desejassem; a família patriarcal — o casamento de um só
homem com diversas mulheres. E finalmente, a família monogâmica, que se funda
sobre o casamento de duas pessoas, com obrigação de coabitação exclusiva e de
fidelidade, e que tem como características: o controle do homem sobre a esposa e
os filhos e a garantia de descendência por consanguinidade, portanto, a garantia do
direito de herança aos filhos legítimos, garantindo a propriedade privada.
Podemos observar que a organização familiar se transforma no decorrer da
história do homem. Segundo Bock (1999), a família está inserida na base material da
sociedade ou, dito de outro modo, as condições históricas e as mudanças sociais
determinam a forma como a família irá se organizar para cumprir sua função social.
Ou seja, garantir a manutenção da propriedade e do status quo das classes
superiores e a reprodução da força de trabalho — a procriação e a educação do
futuro trabalhador — das classes subalternas.
A família por assumir um papel fundamental na sociedade é chamada de
célula mater, pois ela é transmissora de valores ideológicos. Conforme Bock (1999)
a função social atribuída à família é transmitir os valores que constituem a cultura, as
ideias dominantes em determinado momento histórico, isto é, educar as novas
gerações segundo padrões dominantes e hegemônicos de valores e de condutas.
Neste sentido, revela-se o caráter conservador e de manutenção social que lhe é
atribuído.
Notamos que a família é um grupo tão importante, que na sua falta, as
crianças ou adolescentes precisam de uma “família substituta” ou devem ser
abrigados em uma instituição que cumpra as funções materna e paterna. A família
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também reconhecida como um lugar de procriação — é responsável pela


sobrevivência física e psíquica das crianças.
Segundo a mesma autora: é na família que ocorrem os primeiros
aprendizados dos hábitos e costumes da cultura. Exemplo: o aprendizado da língua,
marca da identidade cultural e ferramenta imprescindível para que a criança se
aproprie do mundo à sua volta. É na família que se concretiza, em primeira instância,
o exercício dos direitos da criança e do adolescente: o direito aos cuidados
essenciais para seu crescimento e desenvolvimento físico, psíquico e social (BOCK,
1999, p. 249).
A conservação e o progresso das relações sociais dependem da
comunicação e são acima de tudo resultado da coletividade e desta forma
constituem a cultura. Assim ela constrói uma nova dimensão na realidade social e na
vida psíquica.
Conforme Lacan (2008), de todos os grupos humanos, “a família
desempenha um papel primordial na transmissão da cultura, pois a família
predomina na primeira educação, na repressão dos instintos, na aquisição da língua
acertadamente chamada de materna”. Dessa forma, preside os processos
fundamentais do desenvolvimento psíquico.
Antes do nascimento de um filho, os pais têm a preocupação com a cor da
roupa, azul ou rosa, a escolha do nome. A espera de uma menina é diferente da
espera de um menino. Podemos notar que desde já a criança vai ocupando um lugar
na família, no cenário social e o que a espera são os hábitos da cultura
metabolizados pela sua família.
Conforme Bock (1999) é com essa naturalidade que se processa a primeira
educação. O exemplo mais claro é o da educação em função da diferença
anatômica dos sexos. Segundo a mesmo autora: “As crianças encontram nos pais
os modelos de como os adultos comportam-se — como atendem ao telefone e às
visitas; como se portam à mesa, resolvem conflitos e lidam com a dor; o que pensam
sobre os acontecimentos do mundo, etc”. Os pais são os primeiros modelos de como
é ser homem e ser mulher: padrões de conduta que, em nossa cultura, são
marcadamente diferentes.
Podemos dizer que a família reproduz, em seu interior, a cultura que a
criança internalizará. Segundo Bock (1999, p. 251):
16

é importante considerar aqui o poder que a família e os adultos têm no


controle da conduta da criança, pois ela depende deles para sua
sobrevivência física e psíquica. Basta lembrar que uma criança de oito
meses depende de alguém para obter alimentos e que uma criança de três
anos depende de alguém para levá-la ao médico, A criança necessita,
também, das ligações afetivas estabelecidas com seus cuidadores e as
quais ela não quer (não pode!) perder. O medo de perder o amor (e os
cuidados) desses adultos que lhe são tão importantes é um poderoso
controlador de sua conduta e ela, pela “vigésima” vez, recita para o vizinho
aquela poesia que tanto a aborrece, mas faz a alegria do pai no exercício de
exibição dos dotes do seu filho.

Constatamos como a primeira educação é importante, pois ela auxilia na


formação do ser humano. Durante outros períodos da sua vida, surgirão novas
experiências que continuarão a construir o indivíduo. De acordo com Bock (1999) ao
nascer, a criança encontra-se numa fase de indiferenciação com o mundo — não
existe mundo externo (o outro) nem interno (o eu). O mundo, neste momento da
vida, significa a mãe. Esta é a díade fundamental que cada pessoa vivencia ao
nascer. A marca desta relação é a fusão, isto é, não existe, para quem acabou de
nascer, o eu e o outro (o mundo).
A dissociação do seu “eu” do “outro” acontece em etapas. Uma das faces
importantes desse desenvolvimento é o tempo que a criança aguarda para satisfazer
suas necessidades. Nesse momento (a dissociação do seu “eu” do outro) ela
memoriza que há um desconforto (fome, por exemplo) e que essa situação não é
superada imediatamente, e para isso aconteça é necessário a intervenção de
alguém (a mãe ou sua substituta com o seio ou mamadeira).
Segundo Freud (1921) a diferenciação do Eu, é um processo em que, ao
princípio do prazer (que rege o funcionamento psíquico), interpola-se com o princípio
da realidade, isto é, surgem os limites impostos pela realidade. Assim, a satisfação,
para ser obtida, deve ser postergada e, às vezes, substituída por outro objeto de
satisfação ou assim ocorrendo as primeiras vivências de frustração, de não-
satisfação. A frustração marca a experiência humana desde o nascimento e é algo
constitutivo da humanidade de todos nós.
Juntamente com esse aspecto inerente à formação psíquica existe um outro
que constitui a subjetividade da criança e á uma das bases da vida psíquica, este é
a interdição. A interdição se define como uma norma da sociedade que se fixa na
subjetividade ao reprimir o desejo (de impulsos agressivos e impulsos eróticos). Um
clássico exemplo dessa repressão é o tabu do incesto. O filho não pode ter relações
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sexuais com a mãe, e tampouco a filha com o pai, embora mãe e pai sejam seus
primeiros objetos de amor erótico. No decorrer da vida familiar, a criança irá
reunindo outras proibições relacionadas ao prazer e à expressão de seus
sentimentos agressivos. Quantas crianças escutaram “Não bata no seu coleguinha!”
ou “tire a mão daí, é sujo!!”
Segundo Bock (1999, p. 253) este desejo é inconsciente e a repressão
coloca sua marca neste inconsciente; “é como se nada houvesse existido”. No jogo
da vida familiar, a criança irá incorporando outras proibições relativas à obtenção do
prazer e à expressão de seus sentimentos hostis. “Tira a mão daí, é feio!” é uma
frase que muitas crianças ouvem quando estão se masturbando; ou esta outra: “Não
pode bater no amiguinho, tem que conversar”.
Outro tema relevante que atesta a importância da família para o indivíduo é
sobre a aquisição da linguagem. A linguagem é o requisito fundamental para a
criança se inserir e tomar parte do mundo (o que significam as coisas, os objetos, as
situações) e interagir mais amplamente e ativamente nele. É a linguagem que torna
possível a comunicação e a troca da criança com o mundo e com ela mesma. Por
meio da linguagem que a criança dá nomes a seus desejos, afetos, os substitui e os
compreende criando uma imagem e uma compreensão do que ocorre dentro de si.
Conforme Bock (1999, p. 253):

Na fase anterior à aquisição da linguagem, os impulsos estão livres e o


inconsciente prepondera. É no contato com a realidade — que se dá,
principalmente, através da linguagem — e pela compreensão dos
mecanismos que a regulam que a criança vai discriminando o seu desejo e
o que é ou não permitido satisfazer. A linguagem é o instrumento
privilegiado que possibilita a compreensão dessa realidade. A família, como
primeiro grupo de pertencimento do indivíduo, é, por excelência, em nossa
sociedade, o espaço em que este aprendizado ocorre, embora possa
ocorrer também em qualquer grupo humano do qual participe em seus
primeiros anos de vida.

A partir do que foi exposto anteriormente, pressupomos que fazer parte de


uma família é imprescindível para a criança se constituir subjetivamente. Ao nascer a
criança é apenas um corpo puramente orgânico, este corpo não proporciona a
criança possibilidades de sobreviver por si só. Percebemos então que a criança
depende da mãe ou de uma substituta para se tornar um sujeito.
18

A adoção tem como finalidade responder as necessidades das crianças e


dos pais, permitindo que ela encontre uma nova família, um ambiente afetivo
satisfatório e ao mesmo tempo formativo. A adoção, por sua vez, representa uma
possibilidade para pais que não podem ter filhos e que desta maneira tem a
possibilidade de exercer este papel. Supomos então que todo casal possui o desejo
de ser pai/mãe e constituir uma família. Ter um filho significa ter disponibilidade de
amar e assumir responsabilidades, desejar, oferecer carinho e proteger esse filho.
De acordo com Freud (1909, p. 1):

Os pais constituem para a criança pequena a autoridade única e a fonte de


todos os conhecimentos. O desejo mais intenso e mais importante da
criança nesses primeiros anos é igualar-se aos pais (isto é, ao progenitor do
mesmo sexo), e ser grande como seu pai e sua mãe.

Conforme salienta Levinzon (2004, p. 11) “na sua maioria homens e


mulheres desejam ter e criar seus filhos de modo a realizar-se tanto no plano
biológico quanto psíquico”. Como Freud mostra em seu trabalho “Notas sobre o
Narcisismo” (1914), os filhos muitas vezes representam a esperança dos pais de
realizar seus próprios ideais narcísicos. A famosa expressão “Sua Majestade o
Bebê” expressa a importância que tem uma criança no imaginário dos pais, como
um personagem que concentra a fantasia de ser valorizado e privilegiado sobre
todas as outras coisas.
Segundo Levinzon (2004), a criança imaginaria é necessária ao que pode
ser denominado “desejo de ter um filho”, sem este imaginário, não há desejo. Aos
poucos esta criança que habita o imaginário dos pais passa a ter o rosto, uma
identidade que não corresponderá à criança real.
Em relação à criança adotiva, sua adaptação e saúde mental dependem de
todo um interjogo de fatores internos e externos. Segundo Levinzon (2000), uma boa
relação com os pais adotivos, na qual a criança se sente amada, aceita e
compreendida, proporciona-lhe a oportunidade de minimizar suas fantasias de
abandono. Conforme o mesmo autor, o desenvolvimento satisfatório de uma criança
depende de uma conjunção de fatores externos e internos. Um crescimento bem
integrado depende ao mesmo tempo das disposições inatas da criança e da
adequação de seu meio ambiente familiar. Segundo Levinzon (2000, p. 40):
19

Que a situação de adoção representa para a criança adotada uma ferida


narcísica, devido a separação de seus pais biológicos num período inicial da
vida. Este sentimento fica registrado nela como uma marca profunda, que
vai se manifestar em maior ou menor grau no decorrer se sua vida e no
relacionamento com o mundo e consigo mesma.

Conforme Klein (1946 apud LEVINZON, 2000), as primeiras relações


objetais entre mãe e bebê são de fundamental importância para o desenvolvimento
da personalidade. Segundo ela o primeiro objeto é o seio da mãe, que é sentido pela
criança de duas formas: seio gratificador e seio frustrador. Essa divisão resulta em
uma separação de amor e ódio. Ela sugeriu ainda que as primeiras relações objetais
são formadas por uma inter-relação da introjeção e da projeção de objetos e
situações internas e externas.
Segundo a mesma autora, a projeção, que ocorre ao mesmo tempo diz
respeito à capacidade da criança de atribuir às pessoas em torno dela sentimentos
tais como amor e ódio. Sendo assim aos poucos seu mundo interno vai se
estruturando em parte como um reflexo do mundo externo.
A introjeção e a projeção seguem pelo resto da vida do individuo e se
modificam a medida que este amadurece, mas sem nunca perder a importância da
relação deste como o mundo que o cerca de modo que mesmo na fase adulta seu
julgamento nunca será inteiramente isento da influencia de seu mundo interior
(KLEIN, 1975).
A mãe em seus bons aspectos, alimentando e amando, é o primeiro objeto
bom que a criança interioriza em seu mundo psíquico. Sendo assim para que este
objeto bom se transforme em intensidade suficiente em uma parte do eu, a
ansiedade persecutória não deve ser excessivamente intensa. Ainda conforme Klein
(1975, p. 30):

Uma atitude amorosa por parte da mãe muito contribui para o êxito desse
processo. Se a criança coloca no seu mundo interno a mãe como objeto
bom e merecedor de confiança, um elemento de vigor é adicionado ao ego
(...) o ego se desenvolve em grande parte em torno desse objeto bom, e a
identificação com as boas características a mãe torna se a base para
ulteriores identificações benfazejas.

Sendo assim a criança adotiva tem maiores dificuldades do que outras


crianças em poder ter bem estabelecido um objeto bom confiável, em seu mundo
interno, pois suas primeiras experiências foram de abandono e desamparo. Ela é
20

caracteristicamente uma criança que foi separada da mãe geralmente no período


inicial da vida. Muitas vezes teve de ficar na mão de varias pessoas estranhas ou
instituições ate chegar aos pais adotivos, e podemos imaginar que precisou de um
tempo maior para poder se adaptar a eles. Portanto essa criança deve ter ficado
exposta a intensas cargas de ansiedade. Segundo Freud (1926), o que,
presumimos, deixa “marcas” em seu desenvolvimento.
Conforme Levinzon (2000, p. 44):

A criança adotiva, de inicio tem um contato rompido com estes aspectos da


mãe: vos, rosto, mãos, andar... e precisa fazer um esforço da adaptação a
um novo ambiente, a uma nova mãe. Aqui não podemos deixar de
considerar que um bom contato com a mãe adotiva, pode suprir, pelo
menos em parte, essas rupturas no desenvolvimento da criança e as
condições adversas que dificultam a formação de um ego bem estruturado.

Para Winnicott (apud LEVINZON, 2000), a mãe sustenta o filho através do


ato físico de segura-lo no colo, da situação de entender as necessidades especificas
do filho, e atendê-lo de modo mais adequado (holding). Para Winnicott (2008) o
holding “inclui a capacidade de empatia, intuição inconsciente e comunicação
silenciosa entre a mãe e o bebe. Ele permite que a criança se sinta integrada em si
mesma e vá adquirindo uma sensação de diferenciação do mundo em que vive,
adquirindo a noção de ser unitário e coeso.”
As crianças adotivas de maneira geral viveram situações que envolviam um
fracasso na preocupação materna primária e na capacidade de holding da mãe
biológica. Mas se foram adotadas logo após a separação da mãe biológica, tiveram
a oportunidade de serem cuidadas por outra mãe (substituta), sendo possível que a
mãe adotiva possa desenvolver também uma capacidade de holding e ajudar seu
filho adotivo a se sentir compreendido.
Para Winnicott (2008) um bebê não pode existir por si só, mas é parte
essencial de uma relação. Sua famosa frase “Não existe aquilo a que se chama um
bebê”, significa que, ao se descrever um bebê, está se descrevendo um bebê e
alguém mais. Da mesma maneira, a dinâmica psíquica de uma criança esta inserida
dentro de um contexto mais amplo, que é sua inclusão dentro de uma família,
envolvendo relações emocionais peculiares.
21

Podemos dizer que a criança só se constitui a partir da relação com o outro,


e que a família aparece, como núcleo fundamental para estruturação e
desenvolvimento de cada indivíduo.

3 AS VIVÊNCIAS DAS FAMÍLIAS ADOTANTES: A AVALIAÇÃO PSICOSSOCIAL


NO CONTEXTO DA ADOÇÃO

Como já abordado anteriormente o segundo capitulo trabalhou sobre a


adoção, e a importância da família no processo de adoção. Com o objetivo de
melhor esclarecer este tema utiliza-se a seguir um artigo produzido a partir de uma
pesquisa de enfoque qualitativo com duas famílias adotantes, por meio de entrevista
de grupo focal.
A pesquisa foi realizada em um serviço de adoção de uma Vara de Infância
e da Juventude. Todos os pedidos de adoção, por determinação judicial, são
encaminhados para o estudo Psicossocial ao Setor de Adoção, que na ocasião da
pesquisa era formado por uma equipe de seis psicólogas e sete assistentes sociais.
A investigação contou com duas famílias que já haviam passado pelo
processo de estudo psicossocial de inscrição e de adoção no Setor de Adoção,
ambas com parecer técnico favorável à adoção. Para a realização da entrevista de
grupo focal foram convidadas sete famílias, quatro confirmaram presença, porém
apenas duas compareceram. As duas famílias não tinham filhos biológicos. A família
Santos era formada por um casal e uma filha adotiva de 7 anos. A família Silva por
casal e dois filhos adotivos de 11 e 2 anos de idade. A faixa etária de ambos os
casais encontrava-se entre 35 a 45 anos, eram residentes na cidade de Brasília e
possuíam renda mensal entre 5 e 6 salários mínimos. A investigação foi realizada
em um único encontro de aproximadamente uma hora e meia de duração e foi
gravada em fita cassete e posteriormente transcrita na íntegra, para assim ser
realizada a análise dos resultados.
O casal Silva compareceu sozinho, já o casal Santos levou a filha adotiva.
Entretanto a criança não pode participar da entrevista, pois não estava bem de
saúde.
A entrevista foi conduzida por uma das pesquisadoras e contou com a
presença de dois observadores, instruídos para observarem o comportamento não-
verbal do grupo durante a realização da mesma. Devido a natureza subjetiva dos
22

dados a serem coletados: valores, atitudes, crenças dos sujeitos, vivências e cultura
coletiva específicas, temos o grupo focal como a técnica de entrevista mais indicada.
Na entrevista de grupo focal, perguntas abertas e fechadas podem estar
combinadas no roteiro da entrevista (entrevista semi-estruturada). Foram então
planejadas quatro perguntas abertas: Como vocês acham que os técnicos do
Juizado deveriam avaliar as famílias adotantes? Pensando na experiência vivida
durante o estudo psicossocial, como avaliam que a experiência pessoal, em suas
famílias de origem e na família atual, foi considerada ou interferiu no processo de
adoção? Consideram que a forma como uma família se apresenta ao Juizado para o
estudo técnico é relevante e importante no processo de adoção? Se vocês
pudessem realizar outra vez o processo de adoção como se apresentariam de novo
ao Juizado?
Na pesquisa, as famílias parecem ressaltar cinco aspectos importantes que
deveriam ser priorizados no estudo psicossocial: a motivação, as condições
materiais e socioeconômicas, o amor e o vínculo como aspectos prioritários, a
prioridade para os casais sem filhos e perfis compatíveis entre crianças e famílias
adotantes.
Verificamos que no diálogo das famílias, a motivação é vista como algo
importante, o mesmo, contudo, parece demonstrar que existem diferentes
motivações e não necessariamente, uma é melhor do que a outra. Segundo o casal
Santos: “Eu acho que o primeiro critério é o porquê de você estar querendo adotar
uma criança. Qual é a real intenção naquela adoção... A gente não queria adotar
uma criança para ajudar uma criança,... tirar do orfanato... a gente queria um filho”.
Podemos notar pelo relato da família Santos que o motivo principal que os levou a
dar inicio ao processo de adoção era ter um filho. Essa motivação vem ao encontro
do mencionado no capitulo dois, onde a adoção, por sua vez, representa uma
possibilidade para pais que não podem ter filhos e que desta maneira tem a
possibilidade de exercer este papel.
Já o casal Silva respondeu que outras motivações também poderiam ser
apropriadas, como amar ou ajudar alguém, oferecer uma família a quem não tem. A
esposa argumentou ainda que o desejo para ter filhos poderia não ser assim tão
adequado, visto que este poderia ser decorrente de uma pressão de cunho social
para gerar filhos e garantir a continuidade da família: “... é muito também de posição
social. A família quer ser igual ao contexto”.
23

Em relação às condições materiais e socioeconômicas, verificou-se que


ambas as famílias receiam essa investigação no que tange às condições. Conforme
as famílias: “O Juizado vai vasculhar sua vida, quer saber quanto você ganha, onde
você mora, quer saber de tudo... Mas eu acho certo. A parte financeira acho muito
importante porque infelizmente não é só o amor, você tem que ter uma certa
condição para dar para a criança”.
Paras ambas a questão socioeconômica é muito importante na avaliação,
mas foi ressaltado ainda que esta deve ter um peso secundário em comparação a
dimensão do amor e do vínculo com a criança. Segundo as famílias: “Mas penso que
talvez essa criança estivesse em uma situação muito pior. Você às vezes pode
melhorar as condições para ela. Se você tiver amor para dar você vai tentar”.
A dimensão do amor e do vínculo é posta em primeiro lugar. O amor por um
“filho do coração” pode surpreender. “A gente pega um amor assim... Eu nunca
pensei que poderia existir... uma filha do coração. É amor mesmo, muito amor,
sabe?” A senhora Silva apontou ainda que o amor e o vínculo que se estabelece
com a criança devem ser de naturezas diferentes, deve ser de pai-filho, mãe-filho. A
senhora Santos destacou que os técnicos devem procurar conhecer as famílias e
observar se dentro delas há amor para dar. Outro ponto relevante é o medo que
ambas as famílias demonstraram sobre o rompimento dos vínculos com a criança,
caso não consigam adotar.
Uma proposta que surgiu foi que os casais sem filhos deveriam ter
prioridade para adoção. “Isso deveria se levar muito em conta: a necessidade de um
casal sem filho, ter que ter um filho”. Um dos entrevistados manifestou acreditar que
este deveria ser um critério para decisão durante os estudos psicossociais de
adoção. Entre duas famílias, nas quais uma com filhos e outra sem, essa última
deveria priorizada. “O casal que não tem filho deveria ter certa prioridade sobre os
outros”. As duas famílias entrevistadas não podiam gerar filhos biológicos. Ambas
relataram suas experiências de sofrimento e a angústia de não terem filhos, de
serem diferentes do contexto numa sociedade que valoriza a continuidade familiar
através dos vínculos de sangue.
Segundo Levinzon (2006, p. 26) “Tanto os pais biológicos quanto os adotivos
se vêem diante da tarefa de acomodar suas expectativas em relação à criança
“imaginada” e à criança “real””. Os pais adotivos podem se defrontar com uma tarefa
mais árdua no sentido de absorver as diferenças em relação àquilo que esperavam
24

de seu filho, em função das características peculiares à situação de adoção. Fatores


como a falta de vínculo genético, a impossibilidade de ter acompanhado a criança
desde o seu nascimento, as fantasias em relação às características de seus pais
biológicos, as diferenças étnicas, entre outros, podem dificultar essa acomodação. A
inabilidade de alguns pais adotivos em aceitar as expressões mais instintivas da
criança pode estar ligada à descontinuidade biológica, que impede com que possam
fazer um investimento narcísico no seu filho. Assim, comportamentos instintivos
normais como sujeira, curiosidade sexual, agressão, entre outros, são
compreendidos como reflexos do “mau sangue” da criança. Como a criança “não
veio deles”, acreditam que sua forma de se comportar “só pode vir daquilo que
trazem de seus pais biológicos”.
Verificou-se que a família Santos acredita na importância de existir perfis
compatíveis entre a família adotante e o adotando. “Tem que haver esse consenso,
essa habilidade do pessoal da adoção de colocar a criança numa família compatível
fisicamente com os pais adotivos”. Isso viria a proteger tanto a família, como o
membro adotivo do preconceito proveniente da sociedade. “A própria criança sente
isso... aquela reação negativa das pessoas”.
Em vários momentos a conversa indicou que a busca de semelhanças
físicas é um ponto importante na constituição ou formação do vínculo entre a família
adotante e a criança, tanto do ponto de vista do par parental, como da família
extensa.
Foram ressaltadas nas entrevistas também as semelhanças entre os
adotantes e os filhos adotivos. “Porque as pessoas dizem que ele é a cara do pai.
Sempre perguntam: e esses olhos? Eu digo que são os olhos do vovô Santos. Por
coincidência papai tem os olhos iguaiszinhos aos dela”.
Muitas vezes os estudos psicossociais de adoção revelam que os adotantes
demonstram orgulho da semelhança dos filhos adotivos consigo e/ou com o cônjuge
e/ou com outros membros da família. Essa identificação com o adotado parece
fortalecer o vínculo de parentalidade que poderia estar ameaçado de não existir em
função da não ligação biológica.
A literatura aponta que o laço biológico não é garantia para que o exercício
da maternidade/paternidade ocorra. Schettini (2007) ressalta que a semelhança
física se mostra, dentre outras como uma aspiração tanto dos pais quanto dos filhos
numa tentativa de reduzir a inexistência dos laços de sangue. A procura pela
25

semelhança é uma ação mútua de pais e filhos adotivos numa tentativa de


concretizar a ligação parental.
Para algumas famílias, a semelhança física é fundamental para a construção
do vínculo e/ou desenvolvimento do sentimento de amor para com a criança.
Contudo, mesmo que considerem importante e fundamental a existência da
compatibilidade entre os perfis dos adotantes e do adotando, a família Silva, por já
ter vivido a primeira adoção e todas as fases de desenvolvimento de uma criança,
consegue ser menos exigente no perfil da criança a ser adotada em relação a sua
idade e condições de saúde. “Na primeira adoção a gente pegou uma criança com
sete dias. Na segunda adoção, a gente pegou uma criança com três meses e com
problema cirúrgico que teve de fazer uma cirurgia com um ano. E uma terceira
adoção seria uma criança de três anos. Então, são três períodos completamente
diferentes de adoção. Então você entra para adotar a criança com outra cabeça,
com outras ideias.”
Conforme o artigo as famílias acreditam que a estrutura e dinâmica familiar
são levadas em consideração nos estudos psicossociais, em especial, a harmonia
do relacionamento conjugal. “Acho que levaram em conta o nosso passado e o
presente... Principalmente o presente, nossas experiências do dia-a-dia, do casal... a
harmonia, o tipo de relacionamento, a opinião do marido...”
A senhora Santos comentou a importância da família de origem como uma
base para a formação do casal e de uma nova família. “Porque eu acho que quando
você vem de uma família com uma estrutura sólida, uma estrutura bem formada,
você já tem uma condição maior de formar a tua família numa base mais sólida”.
Como já relatado anteriormente, de acordo com Bock (1999), as crianças
veem nos pais modelos de como são os adultos, de como atentem ao telefone,
como falam com os vizinhos, de como se portam perante estranhos, de como
resolvem problemas e conflitos; de como lidam com a dor, etc. Os pais são o modelo
a seguir de como é ser homem, de como ser mulher; são um modelo a se espelhar e
admirar.
O senhor Silva levantou a hipótese de que a dúvida em relação à
estabilidade de seu casamento e o pouco tempo de inscrição no Juizado podem ter
sido fatores ou critérios considerados pelos técnicos para a demora na conclusão da
adoção. “Porque nesse período (de espera pela conclusão do processo) de um ano
eu poderia ter me separado dela... Então (o Juizado) faz um trabalho todinho e de
26

repente o casal se separa. E a criança fica naquela situação, vai para o pai, vai para
a mãe, aí volta para o Juizado para ter aquela briga de quem vai ficar com a
criança.”
O diálogo de ambas as famílias apontou importância da estabilidade familiar
de um segundo abandono ou ainda uma situação indefinida em caso de uma
separação conjugal.
Foi apontado por uma das famílias, que a gravidez, em geral, é aceita de
forma mais natural pela família extensa se comparada com uma adoção.
Possivelmente, porque há um laço sanguíneo com a criança e rejeitá-la seria negar
o próprio sangue. A senhora Silva referindo-se a criança adotada “é uma pessoa que
vai integrar uma família, mas uma família vista como um todo. Como é que vai ser a
aceitação não apenas dos pais, mas dos avós, dos tios, dos primos, porque tem que
ser levado em conta tudo isso. E as pessoas têm que enfrentar e conviver com
aquilo. Então não é gravidez que a mulher vai e a família aceita. Está na família, mas
é uma coisa que vem de fora...”.
De acordo com Schettini (2007), isto seria consequência de uma
aprendizagem cultural que propaga a obrigatoriedade de amar aquele ser que foi
gerado de forma biológica ou com quem temos laços de sangue. Assim, a adoção
provoca uma probabilidade maior de rejeição, visto que o sentimento de amor é
consequência de uma decisão pessoal. Dessa forma, nessa cultura de laços de
sangue não existiria uma garantia de que o mesmo pudesse ocorrer.
A pesquisa ainda trabalha o tema da vivência das famílias durante o
processo de adoção. Nesta direção, o critério para convocação para as entrevistas
foi, como citado anteriormente, que as famílias já tivessem sido objeto de um estudo
psicossocial visando à adoção. Dentre os assuntos trabalhados vamos destacar os
seguintes:
Ansiedade e temor x necessidade de segurança: Uma família, relatou que
passou por duas experiências de adoção, na primeira a entrega da criança tinha sido
mais rápida, porém o tempo de estudo e conclusão do processo foi longo. “Nós
ficamos um ano sem a certidão, sem a garantia de que ele (o filho adotivo) é seu... É
uma situação em que a gente, o casal mesmo, dá uma desestruturada”.
O casal comentou que o tempo de espera para a concretização do registro
foi mais angustiante do que esperar para acolher a criança. Visto que quanto maior o
tempo de relação com a criança, mais se fortalecia o vínculo e dessa forma maior o
27

medo de um possível rompimento. O medo desse casal chegou a “dar uma


desestruturada nessa família, pensaram ate em fugir com a acriança, caso não
ficassem com a criança. “Se o Juizado falar a gente pega as coisas, bota a criança
no saco e cai fora. Eles relatam que: “É completamente diferente a questão da
primeira e da segunda adoção, porque a primeira é aquela expectativa total do
primeiro filho. O segundo já vem assim mais tranquilo”. Observamos nesse ultimo
caso:

O medo de perder o filho aparece como um fantasma permanente, em


graus diferentes, nas famílias adotivas. É como se a falta de um elo
consanguíneo não garantisse a solidez do vínculo que liga os pais à
criança. É claro que a intensidade desse temor depende do grau de
maturidade psíquica do casal adotante, e das condições em que se deu a
adoção (LEVINZON, 2006, p. 27).

Conforme Levinzon (2006), inconscientemente os pais apresentam temores,


de represália e castigo, como se de alguma forma houvesse a possibilidade de
perder o filho a qualquer momento. Estas fantasias têm relação com vivências
edípicas primitivas e sentimentos de rivalidade e inveja em relação à fertilidade dos
pais.
Já a experiência da outra família foi diferente. Segundo os diálogos, embora
os adotantes também estivessem ansiosos com relação à possibilidade de retirada
da criança, estavam mais seguros fazendo a adoção através do Juizado, “a imagem
que as pessoas têm do processo todo da adoção é torcida... a adoção através da
Vara da Infância é uma coisa muito mais tranquila, muito mais transparente, uma
segurança para você e para a criança”.
No decorrer da entrevista surgiram queixas a respeito do tempo para a
conclusão de todo o processo. Essa demora é citada como um possível motivo para
algumas famílias não adotarem. Como a senhora Silva explica: “o processo todo que
é infelizmente muito demorado, tem muitas pessoas que evitam porque é um
processo demorado”. O processo é concluído com o registro da criança no nome dos
adotantes.
Em relação ao vasculhamento, exposição e proteção as famílias perceberam
que o vasculhamento é necessário, e que tem o propósito de minimizar os riscos
tanto para os adotantes e para os adotados. Entretanto, um diálogo indica que,
ainda que necessário, esse “vasculhamento” expõe demais o adotante, provocando
28

angústia e desconforto. Em vários momentos durante a entrevista, o tamanho do


“vasculhamento” foi destacado. As falas demonstram que as famílias acreditam que
uma pessoa disposta a adotar uma criança, tem a possibilidade de fingir, dissimular
mascarar alguma coisa, e que deste modo, o estudo deve ser denso e profundo,
bem como as visitas devem ocorrer sem aviso prévio. Uma das mães comentou o
fato de que, às vezes, a vontade de ter um filho, é tanta, que o adotante pode não
medir esforços para atingir o seu objetivo, mesmo que não possua condições para
tanto.
Assim como foi descrito anteriormente, a maioria dos homens e mulheres
deseja ter e criar seus filhos para que assim possam realizar-se tanto no aspecto
biológico quanto no aspecto psíquico. Assim como Freud demonstrou em seu
trabalho “Notas sobre o Narcisismo” (1914), os filhos representam a chance dos pais
realizarem seus próprios ideais narcicísticos. A expressão “sua majestade o bebê
“expressa a importância que tem a criança na imaginação dos pais, como um
personagem que concentra a fantasia de ser valorizado e privilegiado sobre todas as
outras coisas.
Ainda que exista a chance de haver algo escondido, ou ainda,
mascarado/dissimulado, as famílias demonstram acreditar na capacidade do estudo
psicossocial detectar isso e agir em prol dos interesses da criança. O estudo
psicossocial é necessário e pertinente à proteção do adotando e das próprias
famílias. Essa pesquisa tem demonstrado como é importante que os pais adotivos
tenham a possibilidade de recorrer a uma orientação psicológica como um recurso
para a prevenção de possíveis problemas na relação familiar e no equilíbrio
emocional dos sujeitos da família e do filho adotado.
29

CONCLUSÃO

O presente trabalho abordou, em três capítulos, primeiramente as questões


dos aspectos históricos e legais sobre a adoção. Ainda temas pertinentes sobre a
família e sua função na adoção, bem como, utilizando o artigo intitulado: “A
avaliação psicossocial no Contexto da adoção: Vivências das famílias adotantes”,
versou acerca dos aspectos relevantes sobre a família e a adoção.
Desta forma, o primeiro capítulo buscou esclarecer a origem e a evolução da
adoção, desde os primórdios da humanidade até os dias de hoje. Na sequência se
analisou a situação atual do país relativa aos aspectos legais do processo de
adoção.
Percebemos que houve uma enorme mudança no processo adotivo,
iniciando quando a criança apenas era trazida para dentro de uma nova família até o
modelo praticado atualmente, onde há uma série de etapas a serem seguidas para
assim entrar no Cadastro Nacional de Adoção e ficar na fila de espera da criança ou
adolescente que foi estipulado previamente. Embora todo o processo adotivo tenha
se alterado drasticamente com o passar dos anos, a essência ainda permanece a
mesma.
O segundo capítulo trouxe o estudo da família adotiva. Fazer parte de um
grupo familiar, uma família, é algo vital para que a criança possa se constituir
subjetivamente. A família tem responsabilidade de transmitir os valores ideológicos,
a cultura, os costumes e bem como, proporcionar condições para o indivíduo adquirir
a linguagem e, dessa forma, se inserir e tomar parte do mundo.
Para finalizar o tcc, o terceiro capítulo, teve como objetivo principal
esclarecer o segundo capítulo, mais especificamente a família na adoção. A análise
do artigo deixou claro como a família passa pelo processo adotivo, suas angústias e
30

medos, também nos proporcionou um melhor entendimento em relação a família na


adoção.
Observamos nesse trabalho, que a adoção é muito complexa e não pode ser
feita sem um acompanhamento adequado. E é de suma importância que um
profissional acompanhe o período de adaptação da criança com sua nova família.
Que o país juntamente com a família devem agir juntos para o bem estar, assim
proporcionando cuidado e proteção as crianças e adolescentes.
31

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