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Universidade Federal do Pampa

Curso de Ciências Sociais – Ciência Política


Eixo Temático: Poder, Estado e Formas de Governo

Dados de identificação
Curso: Ciências Sociais – Ciência Política
I Semestre- Introdução à Ciência Política Código: SB0001

Turno: Noturno

Ano Letivo / Semestre: 2018/I Data:05/06/2018


Obra: MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martins Capítulos: XV ao
Fontes, 2008. XIX

Palavras-Chave
 Política;
 Poder;
 Príncipe;
 Principado;
 Súdito.

Objetivo Geral

O livro “O Príncipe” foi escrito por Nicolau Maquiavel e dedicado ao príncipe Lorenzo
de Médici. A obra introduziu pela primeira vez a noção de Estado como forma de
organização da sociedade. Ela é direcionada a um príncipe como governador estatal,
apresentando reflexões sobre conservar, conquistar e perder o poder, sendo essa
reflexão a noção de Ciência Política por Maquiavel.
O objetivo geral deste trabalho é analisar esta obra, dos capítulos XV ao XIX, onde é
debatida a conduta do Príncipe, seu caráter e comportamento diante dos súditos.

Objetivos Específicos
 Examinar quais devem ser os procedimentos e as decisões do príncipe em
relação aos seus súditos e seus aliados;
 Analisar a relação do príncipe com o poder monetário e as vontades pessoais e
econômicas de seu povo;
 Debater sobre a melhor posição social seria para um príncipe, ser temido ou
amado, para o sucesso do principado;
 Ponderar se o príncipe deve ou não se preocupar em honrar sua palavra, e que
deve saber enganar e dissimular seus súditos;
 Demonstrar atitudes que podem levar o príncipe a não ser odiado ou
desprezado.
Desenvolvimento
CAPÍTULO XV – Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os
príncipes, são louvados ou vituperados.

A partir do contexto deste capítulo, Maquiavel segue desenvolvendo o assunto da


prudência do príncipe, ou seja, ele pondera que um príncipe deve ser sempre prudente
ao ressalvar seus defeitos e ao ressaltar suas qualidades, utilizando-as para seu
benefício. Desta forma, qualquer falha que possa causar ao príncipe perder o seu
governo deve ser totalmente extinta, assim o príncipe terá uma boa condição e fama
sobre seu meio social.

Em verdade, há tanta diferença de como se vive e como


se deveria viver, que aquele que abandone o que se faz por
aquilo que se deveria fazer, aprenderá antes o caminho de sua
ruína do que o de sua preservação, eis que um homem que
queira em todas as suas palavras fazer profissão de bondade
perder-se-á em meio a tantos que não são bons. (p.90)

O comportamento do príncipe perante seus súditos e amigos é de extrema


importância. Um príncipe é sempre qualificado por suas características, boas e ruins.
Contudo, um príncipe não pode levar em consideração apenas esta classificação
segundo estas características, tendo em vista que uma virtude, se aplicada, poderia
levá-lo a ruína e um defeito pode levar à segurança e ao bem-estar ao príncipe.

"Donde é necessário, a um príncipe que queira se manter, aprender a poder


não ser bom e usar ou não da bondade, segundo a necessidade." (p.91)

O príncipe deve se ater ao que se faz, e não ao que deveria ter sido feito, e usar a
bondade apenas quando se fizer necessário. Ele também deve ter o cuidado e a atenção
necessários para evitar possíveis escândalos provocados por vícios de comportamento
que poderiam abalar seu principado, e saber quais comportamentos trazem um
resultado de aumento da segurança e do seu bem-estar.

CAPÍTULO XVI - Da liberalidade e da parcimônia.

Ainda no contexto do comportamento do príncipe, Maquiavel analisa a relação do


príncipe com o poder monetário e com a vontade do seu povo, suas decisões podendo
levar a sua popularidade ou ao seu ódio, dependendo do seu sucesso ou a quebra
econômica do seu Estado.

Este capitulo mostra que ainda que um príncipe opte por ser liberal e atender todas as
demandas trazidas pelos súditos, atitude que é vista primeiramente como positiva, a
longo prazo essa estratégia demostra ser falha, pois elevar um alto montante de riquezas
para satisfazer as vontades de alguns pode levar a necessidade de exigir do povo uma
contribuição em dinheiro ainda maior para assim manter o patrimônio do Estado, o que
por consequência pode resultar em impopularidade para o príncipe.
Portanto, é mais sabedoria ter a fama de miserável,
que dá origem a uma infâmia sem ódio, do que, por querer
o conceito de liberal, ver-se na necessidade de incorrer no
julgamento de rapace, que cria uma má fama com ódio. (p.
96)

Isto quer dizer que a liberalidade, se praticada por todos, é prejudicial ao príncipe, pois
para manter esta reputação, o príncipe deve gastar muito da riqueza do Estado; porém,
o príncipe não deve prodigar os seus próprios recursos monetários, pois isso lhe
causaria prejuízos pessoais, o que não seria o caso se ele esbanjasse a riqueza dos
outros, mantendo cuidado para não ser visto pelo povo como miserável.

Um príncipe, pois, não podendo usar essa qualidade de


liberal sem sofrer dano, tornando-a conhecida, deve ser
prudente, deve não se preocupar com a pecha de miserável, eis
que, com o decorrer do tempo, será considerado sempre mais
liberal, uma vez vendo o povo que com sua parcimônia a receita
lhe basta, pode defender-se de quem lhe mova guerra e tem
possibilidade de realizar empreendimentos sem gravar o povo;
assim agindo, vem a usar liberalidade para com todos aqueles
dos quais nada tira, que são numerosos, e a empregar miséria
para com todos os outros a quem não dá, que são poucos. (p.94)

“[...] ou o príncipe gasta do seu, ou de seus súditos, ou de outrem; no primeiro caso,


deve ser parcimonioso; nos outros, não deve deixar de praticar nenhuma liberalidade.”
(p.95)

Ter uma atitude de parcimônia em relação as despesas tende a conservar a riqueza do


povo e do Estado para situações em que se fazem necessários grandes gastos com coisas
de outrem, como por exemplo saques e conquistas de guerra, e que o povo não seja
desdenhado, sendo então livres para fazerem despesas aceitáveis, não sendo nada que
envolva realmente o que pertence ao Estado, este sendo um comportamento nocivo.
Desta forma, Maquiavel induz a tal conclusão, por ele mesmo dita:

(...) Portanto, um príncipe deve gastar pouco para não


ser obrigado a roubar seus súditos; para poder defender-se; para
não se empobrecer, tornando-se desprezível; para não ser
forçado a tornar-se rapace; e pouco cuidado lhe dê a pecha de
miserável; pois esse é um dos defeitos que lhe dão a
possibilidade de bem reinar. (p. 95)
CAPÍTULO XVII - Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado que
temido, ou antes temido que amado.

Agora, é iniciado um debate sobre se é melhor para um príncipe ser temido ou amado,
onde Maquiavel cita também exemplos de antigos governantes para além do debate,
mostrar a diferença entre ser temido e ser odiado.

“[...] cada príncipe deve desejar ser tido como piedoso e não como cruel: não obstante
isso, deve ter o cuidado de não usar mal essa piedade.” (p.97)

O príncipe, contudo, deve ser lento no crer e no agir,


não se alarmar por si mesmo e proceder por forma equilibrada,
com prudência e humanidade, buscando evitar que a excessiva
confiança o torne incauto e a demasiada desconfiança o faça
intolerável. (p.98)

Maquiavel considera que a melhor medida para um príncipe é ser visto e aceito pelo
povo como piedoso e não como cruel, porém é preciso saber utilizar-se bem da
piedade, porque existem momentos e situações em que se faz necessário ser cruel
para manter a ordem do Estado. No livro ele ainda cita dois exemplos que mostram
bem essa relação de cuidado em relação a piedade, o de César Bórgia, que foi
considerado um homem cruel, contudo sua crueldade foi o que possibilitou a união de
seu povo, e o outro do povo florentino, que contrariamente a César, foi tão bondoso
que causou que Pistóia fosse destruída.

“Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o
amor, fuja ao ódio, mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não
ser odiado…” (p. 99)

“[...] um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido
como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve apenas
empenhar-se em fugir ao ódio [...]” (p.101)

Então, em relação ao questionamento de se é melhor ser temido ou amado, se conclui


que o ideal é encontrar um equilíbrio de comportamento entre essas duas posturas.
Porém, como sabe-se que as duas características não podem ser absorvidas, é mais
seguro para manter o principado ser temido do que ser amado, já que, nas relações
sociais, o amor é um sentimento alimentado pelo “dever”, o que pode gerar
expectativas muito altas que, caso não sejam cumpridas, pode levar o povo a odiar o
príncipe, enquanto que o temor é orientado pelo sentimento de medo de um possível
castigo, o que causa respeito do povo em relação ao príncipe, em que ele deve
unicamente evitar ser odiado pelo povo.
CAPÍTULO XVIII - De que modo os príncipes devem manter a fé da
palavra dada.

Nesse capítulo, Maquiavel pondera o fato que um príncipe não precisa preocupar-se
em manter a honra de sua palavra, já que a maioria dos homens já não faz isso. Ele
aponta que a atitude mais importante seria ter a capacidade de enganar e dissimular
seus súditos para que acreditem que o príncipe é misericordioso e bondoso mesmo
que ele não possua essas características, desde que seja de agrado dos interesses da
maioria dos seus súditos.

“Se todos os homens fossem bons, este preceito seria mau; mas, porque são maus e não
observariam a sua fé a teu respeito, não há razão para que a cumpras para com eles.”
(p.103)

Primeiramente é preciso para entender esse conceito exposto, que se tenha capacidade
de lidar com a ideia de que um príncipe que presa por seu principado tem duas formas
de combate: a força e as leis. A força, que é concedida aos animais, e as leis, concedidas
aos homens. Porém, empregando a prudência, o príncipe sabe que em alguns casos
talvez seja necessário utilizar-se da força para manter a paz em seu reinado, e assim
estabelecer uma forma mais valorosa de governo.

[...] um príncipe novo, não pode praticar todas aquelas


coisas pelas quais os homens são considerados bons, uma vez
que, frequentemente, é obrigado, para manter o Estado, a agir
contra a fé, contra a caridade, contra a humanidade, contra a
religião. (p.104)

Aqui, Maquiavel expõe que um príncipe não necessita realmente ter todas essas
virtudes (piedade, integridade, lealdade, humanidade e religião), porém deve agir
como se as tivesse, pois todos veem apenas o que o príncipe aparenta ser, mas poucos
o conhecem de verdade, sendo que estes não ousariam ir contra a opinião da maioria.

Um príncipe, portanto, deve ter muito cuidado em


não deixar escapar de sua boca nada que não seja repleto
das cinco qualidades acima mencionadas, para parecer,
ao vê-lo e ouvi-lo, todo piedade, todo fé, todo integridade,
todo humanidade, todo religião; e nada existe mais
necessário de ser aparentado do que esta última
qualidade. (p.105)

Deste modo, conclui-se que um príncipe que for prudente deve manter-se com
aparência de ser um homem religioso e de boa-fé, mas não pode agir assim se isso
atingir de alguma forma os interesses do reinado. Assim, o príncipe deve evitar se
desviar do bem e praticar o mal se isto se mostrar necessário, não precisando ser um
homem forte, mas sim astuto.
CAPÍTULO XIX - De como se deva evitar o ser desprezado e odiado.

Finalmente, nesse capítulo, Maquiavel constitui as atitudes levam um governante


a não ser odiado ou desprezado. Para que isso não ocorra, ele deve primeiramente não
ser “rapace e usurpar dos bens e das mulheres de seus súditos” (p. 107), partindo da
pressuposição de que os homens consideram “viver bem” se seus bens e sua honra não
forem tirados deles. Vale destacar que o tal desprezível citado por Maquiavel se
exprime nas ideias de homem “volúvel, leviano, efeminado, pusilânime e irresoluto”.
(p.107). Para garantir a manutenção de sua posição, deve reconhecer em suas ações
“grandeza, coragem, gravidade e Fortaleza” (p.108).

“O príncipe que dá de si esta opinião é assaz reputado e, contra quem é reputado, só


com muita dificuldade se conspira; dificilmente é atacado, desde que se considere
excelente e seja reverenciado pelos seus.” (p.108)

O príncipe que criar uma boa imagem de si mesmo se garante certa segurança, pois
cria assim uma boa imagem, e não se conspira contra ou se ataca aqueles com
reputação. Contudo, um príncipe deve recear conspirações internas e distúrbios
externos criados por outros poderosos.

“[...] um príncipe deve ter dois temores: um de ordem interna, de parte de seus súditos,
o outro de natureza externa, de parte dos potentados estrangeiros.” (p.108)

Durante o capitulo, se forma a reflexão de que diante de possíveis ameaças exteriores,


o principado deve se defender delas com boas armas e bons aliados, visto que tendo
boa defesa externa e quando o príncipe age de acordo com os preceitos positivos citados
anteriormente, ameaças interiores tendem a não surgir, pois mesmo que alguém pense
em se rebelar contra o príncipe, ter apoio popular irá inviabilizar qualquer tipo de
atentado contra seu principado.
“(...) um príncipe deve dar pouca importância às
conspirações se o povo lhe é benévolo; mas quando este
lhe seja adverso e o tenha em ódio, deve temer tudo e a
todos. Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis
têm com toda a diligência procurado não desesperar os
grandes e satisfazer o povo conservando-o contente...”
(p.110-111)
Maquiavel cita, então, diversos exemplos de governos que o levam a chegar a esta
reflexão. Primeiro, é citado um caso em que, se o soberano for assassinado, todo o povo
se une para castigar o criminoso e deseja que a linhagem do príncipe siga no poder. Isto
mostra a importância de ser amado pelo povo.
Depois, o autor cita uma outra maneira de se isentar do ódio popular; criar uma
instituição intermediária de poder, para que no caso de eventuais medidas impopulares
tomadas pelo Estado, o peso desta caia sobre esta intermediaria, como o exemplo do
Rei da França, que instituiu o Parlamento, que o livra de certas responsabilidades sobre
ações do governo e lhe dá mais estabilidade no poder.
Finalmente, Maquiavel ainda lista diversas situações extraordinárias vividas por
imperadores romanos que precisavam agradar tanto ao povo quanto aos seus exércitos
enquanto havia uma divergência de demandas entre estas duas classes. Anteriormente,
como no Império Romano, era mais importante agradar os soldados do que ao povo,
mas agora os príncipes focariam mais em satisfazer o povo. Contudo, muitos acabam
vítimas de revoluções por não saberem se portar devidamente. Já outros,
contrariamente faziam uso da astúcia e enganavam seus inimigos para depois traí-los e
desta forma manter seu principado. Na época em que o livro foi escrito, os exércitos
não representavam grande ameaça à estabilidade do príncipe, então era preferível
agradar o povo primeiramente.

“[...] os príncipes devem atribuir a outrem as coisas odiosas, reservando para si aquelas
de graça.” (p.111)
“um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo.” (p.112)

Assim, se demonstra que embora o príncipe não possa evitar ser odiado por alguns, ele
deve buscar primeiramente não ser odiado pelas massas populares, e, caso não consiga,
deve evitar o ódio dos poderosos, tendo cuidado ao utilizar dos preceitos ruins antes
citados (principalmente se seu principado for novo), utilizando-se apenas daquelas que
“forem necessárias para fundar seu Estado” (p.121), e não sendo também
completamente bom, utilizando apenas “aquelas que forem convenientes e
gloriosas para conservar um governo já estabelecido e firme” (p.121), além da
admiração de seus súditos.

Consideração Final
Ademais das considerações já feitas separadamente sobre cada capítulo, refletindo e
dialogando com o autor sobre o conteúdo de seu texto nos capítulos aqui analisados,
tomo como importante ressaltar a relevância histórica de tal obra.
Maquiavel escolheu escrever sua obra de forma acessível, ou seja, com uma linguagem
facilmente compreensível a todos. Além de que, ao que foi publicado seu texto para o
público, não apenas para o príncipe, causou um efeito de reflexão social que levou os
súditos a compreenderem melhor o principado e, segundo alguns, foi a chave para o
fim do regime monárquico, pois revela várias reflexões importantes para o
conhecimento das funções de um príncipe, além da noção de principado e Estado.
Os capítulos XV ao XIX aqui estudados, refletem sobre a conduta do Príncipe diante
dos seus Súditos, sendo de extrema importância para o conjunto da obra pois revela
laços de comportamento que um Príncipe deve manter em sua conduta para manter-se
no poder, com isso citando diversos exemplos de antigos governadores de Estado, fato
importante para ilustrar o que está sendo dito e tornando a obra ainda mais acessível.
Conclui-se que é de extrema importância a leitura de tal obra, tão participativa no
contexto histórico do mundo e de extrema importância para análise e compreensão da
época.

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