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Dados de identificação
Curso: Ciências Sociais – Ciência Política
I Semestre- Introdução à Ciência Política Código: SB0001
Turno: Noturno
Palavras-Chave
Política;
Poder;
Príncipe;
Principado;
Súdito.
Objetivo Geral
O livro “O Príncipe” foi escrito por Nicolau Maquiavel e dedicado ao príncipe Lorenzo
de Médici. A obra introduziu pela primeira vez a noção de Estado como forma de
organização da sociedade. Ela é direcionada a um príncipe como governador estatal,
apresentando reflexões sobre conservar, conquistar e perder o poder, sendo essa
reflexão a noção de Ciência Política por Maquiavel.
O objetivo geral deste trabalho é analisar esta obra, dos capítulos XV ao XIX, onde é
debatida a conduta do Príncipe, seu caráter e comportamento diante dos súditos.
Objetivos Específicos
Examinar quais devem ser os procedimentos e as decisões do príncipe em
relação aos seus súditos e seus aliados;
Analisar a relação do príncipe com o poder monetário e as vontades pessoais e
econômicas de seu povo;
Debater sobre a melhor posição social seria para um príncipe, ser temido ou
amado, para o sucesso do principado;
Ponderar se o príncipe deve ou não se preocupar em honrar sua palavra, e que
deve saber enganar e dissimular seus súditos;
Demonstrar atitudes que podem levar o príncipe a não ser odiado ou
desprezado.
Desenvolvimento
CAPÍTULO XV – Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os
príncipes, são louvados ou vituperados.
O príncipe deve se ater ao que se faz, e não ao que deveria ter sido feito, e usar a
bondade apenas quando se fizer necessário. Ele também deve ter o cuidado e a atenção
necessários para evitar possíveis escândalos provocados por vícios de comportamento
que poderiam abalar seu principado, e saber quais comportamentos trazem um
resultado de aumento da segurança e do seu bem-estar.
Este capitulo mostra que ainda que um príncipe opte por ser liberal e atender todas as
demandas trazidas pelos súditos, atitude que é vista primeiramente como positiva, a
longo prazo essa estratégia demostra ser falha, pois elevar um alto montante de riquezas
para satisfazer as vontades de alguns pode levar a necessidade de exigir do povo uma
contribuição em dinheiro ainda maior para assim manter o patrimônio do Estado, o que
por consequência pode resultar em impopularidade para o príncipe.
Portanto, é mais sabedoria ter a fama de miserável,
que dá origem a uma infâmia sem ódio, do que, por querer
o conceito de liberal, ver-se na necessidade de incorrer no
julgamento de rapace, que cria uma má fama com ódio. (p.
96)
Isto quer dizer que a liberalidade, se praticada por todos, é prejudicial ao príncipe, pois
para manter esta reputação, o príncipe deve gastar muito da riqueza do Estado; porém,
o príncipe não deve prodigar os seus próprios recursos monetários, pois isso lhe
causaria prejuízos pessoais, o que não seria o caso se ele esbanjasse a riqueza dos
outros, mantendo cuidado para não ser visto pelo povo como miserável.
Agora, é iniciado um debate sobre se é melhor para um príncipe ser temido ou amado,
onde Maquiavel cita também exemplos de antigos governantes para além do debate,
mostrar a diferença entre ser temido e ser odiado.
“[...] cada príncipe deve desejar ser tido como piedoso e não como cruel: não obstante
isso, deve ter o cuidado de não usar mal essa piedade.” (p.97)
Maquiavel considera que a melhor medida para um príncipe é ser visto e aceito pelo
povo como piedoso e não como cruel, porém é preciso saber utilizar-se bem da
piedade, porque existem momentos e situações em que se faz necessário ser cruel
para manter a ordem do Estado. No livro ele ainda cita dois exemplos que mostram
bem essa relação de cuidado em relação a piedade, o de César Bórgia, que foi
considerado um homem cruel, contudo sua crueldade foi o que possibilitou a união de
seu povo, e o outro do povo florentino, que contrariamente a César, foi tão bondoso
que causou que Pistóia fosse destruída.
“Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o
amor, fuja ao ódio, mesmo porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não
ser odiado…” (p. 99)
“[...] um príncipe sábio, amando os homens como a eles agrada e sendo por eles temido
como deseja, deve apoiar-se naquilo que é seu e não no que é dos outros; deve apenas
empenhar-se em fugir ao ódio [...]” (p.101)
Nesse capítulo, Maquiavel pondera o fato que um príncipe não precisa preocupar-se
em manter a honra de sua palavra, já que a maioria dos homens já não faz isso. Ele
aponta que a atitude mais importante seria ter a capacidade de enganar e dissimular
seus súditos para que acreditem que o príncipe é misericordioso e bondoso mesmo
que ele não possua essas características, desde que seja de agrado dos interesses da
maioria dos seus súditos.
“Se todos os homens fossem bons, este preceito seria mau; mas, porque são maus e não
observariam a sua fé a teu respeito, não há razão para que a cumpras para com eles.”
(p.103)
Primeiramente é preciso para entender esse conceito exposto, que se tenha capacidade
de lidar com a ideia de que um príncipe que presa por seu principado tem duas formas
de combate: a força e as leis. A força, que é concedida aos animais, e as leis, concedidas
aos homens. Porém, empregando a prudência, o príncipe sabe que em alguns casos
talvez seja necessário utilizar-se da força para manter a paz em seu reinado, e assim
estabelecer uma forma mais valorosa de governo.
Aqui, Maquiavel expõe que um príncipe não necessita realmente ter todas essas
virtudes (piedade, integridade, lealdade, humanidade e religião), porém deve agir
como se as tivesse, pois todos veem apenas o que o príncipe aparenta ser, mas poucos
o conhecem de verdade, sendo que estes não ousariam ir contra a opinião da maioria.
Deste modo, conclui-se que um príncipe que for prudente deve manter-se com
aparência de ser um homem religioso e de boa-fé, mas não pode agir assim se isso
atingir de alguma forma os interesses do reinado. Assim, o príncipe deve evitar se
desviar do bem e praticar o mal se isto se mostrar necessário, não precisando ser um
homem forte, mas sim astuto.
CAPÍTULO XIX - De como se deva evitar o ser desprezado e odiado.
O príncipe que criar uma boa imagem de si mesmo se garante certa segurança, pois
cria assim uma boa imagem, e não se conspira contra ou se ataca aqueles com
reputação. Contudo, um príncipe deve recear conspirações internas e distúrbios
externos criados por outros poderosos.
“[...] um príncipe deve ter dois temores: um de ordem interna, de parte de seus súditos,
o outro de natureza externa, de parte dos potentados estrangeiros.” (p.108)
“[...] os príncipes devem atribuir a outrem as coisas odiosas, reservando para si aquelas
de graça.” (p.111)
“um príncipe deve estimar os grandes, mas não se fazer odiado pelo povo.” (p.112)
Assim, se demonstra que embora o príncipe não possa evitar ser odiado por alguns, ele
deve buscar primeiramente não ser odiado pelas massas populares, e, caso não consiga,
deve evitar o ódio dos poderosos, tendo cuidado ao utilizar dos preceitos ruins antes
citados (principalmente se seu principado for novo), utilizando-se apenas daquelas que
“forem necessárias para fundar seu Estado” (p.121), e não sendo também
completamente bom, utilizando apenas “aquelas que forem convenientes e
gloriosas para conservar um governo já estabelecido e firme” (p.121), além da
admiração de seus súditos.
Consideração Final
Ademais das considerações já feitas separadamente sobre cada capítulo, refletindo e
dialogando com o autor sobre o conteúdo de seu texto nos capítulos aqui analisados,
tomo como importante ressaltar a relevância histórica de tal obra.
Maquiavel escolheu escrever sua obra de forma acessível, ou seja, com uma linguagem
facilmente compreensível a todos. Além de que, ao que foi publicado seu texto para o
público, não apenas para o príncipe, causou um efeito de reflexão social que levou os
súditos a compreenderem melhor o principado e, segundo alguns, foi a chave para o
fim do regime monárquico, pois revela várias reflexões importantes para o
conhecimento das funções de um príncipe, além da noção de principado e Estado.
Os capítulos XV ao XIX aqui estudados, refletem sobre a conduta do Príncipe diante
dos seus Súditos, sendo de extrema importância para o conjunto da obra pois revela
laços de comportamento que um Príncipe deve manter em sua conduta para manter-se
no poder, com isso citando diversos exemplos de antigos governadores de Estado, fato
importante para ilustrar o que está sendo dito e tornando a obra ainda mais acessível.
Conclui-se que é de extrema importância a leitura de tal obra, tão participativa no
contexto histórico do mundo e de extrema importância para análise e compreensão da
época.