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O Surrealismo

O surrealismo, como expressão artística, buscou uma nova concepção de arte


e de vida. Surgido no período de duas guerras mundiais, na França, começou
como um movimento literário, e que se fundamentava na combinação de ideias
livres e certa liberdade da linguagem, como uma maneira de libertar o
subconsciente do real, do natural, num automatismo psíquico que, de forma
espontânea, trouxesse à tona um tipo de imaginação que não fosse limitada
pela racional e pelo experimental, dando a conhecer os processos primários
pelos quais o pensamento humano acontece.

A fundação do Surrealismo como movimento, ocorreu em 1924 quando André


Breton publicou o “Manifesto do Surrealismo”. Ele elegia o maravilhoso, o
inconsciente e o automatismo, como características e fundamentos
surrealistas. Daí por diante o movimento se inseriu em um conjunto de novas
linguagens e técnicas trazidas para a pintura que incluíam o expressionismo, o
dadaísmo, o cubismo e o futurismo. De diversas formas, os movimentos
questionavam a visão tradicional da estética e da função da arte, e queriam
intervir ou até transformar o mundo. Aos poucos, o ideário surrealista adentrou
em outras artes, como na música, na dramaturgia e no cinema.

Há três elementos que caracterizam o surrealismo: um conjunto de ideias sobre


a natureza, as possibilidades e o futuro do homem. O objetivo geral não seria
substituir a realidade, mas unificá-la com o surreal.

Surrealismo no cinema

A relação entre o surrealismo e o cinema foi de atração mútua. As técnicas


cinematográficas se mostraram como um meio capaz de transmitir de forma
dinâmica as ideias dos surrealistas, como mostrar um sonho através da
imagem visual e sonora, ou reproduzir o curso direto do pensamento.

Mesmo que não há ainda uma definição exata do que é um filme surrealista,
existem elementos pertinentes na maioria deles: artifícios narrativos
desconcertantes, simbologia freudiana, exploração de desejos reprimidos e uso
constante de uma ironia subversiva e humor negro, para confundir e provocar
os espectadores. Os objetos e os personagens não são estranhos, mas a
câmera e a montagem criam um significado dialético ou ideológico para aquele
objeto ou para aquela situação: no mínimo, dois significados, um metafórico e
um formal. O filme é uma experiência condenada à dúvida, a múltiplas
interpretações.

Artaud foi o primeiro surrealista a escrever para o cinema um argumento


completo, realizado pela diretora Germaine Dulac em “A Concha e o Clérigo”
de 1928. O tema é um amor louco entre uma moça e um padre, dividido entre o
desejo ardente e o senso de culpa: é claro o objetivo de chocar a opinião
pública e de fazer largo uso do simbólico, pois a concha seria o órgão sexual
feminino.

Porém, o mais conhecido representante desta fase inicial é Luis Buñuel. Em


parceira com Salvador Dalí, ele dirigiu “Um cão andaluz” (1929) e “A idade de
ouro” (1930), filmes que não possuem uma narrativa linear, com saltos no
tempo e dificuldade de definir o que é sonho e o que não é. São trabalhos
feitos com poucos recursos, sem compromissos com o convencionalismo e o
mercado. Luis Buñuel dizia que o roteiro não deveria permitir explicações
racionais ou psicológicas.

O primeiro filme inicia com uma cena chocante: uma navalha corta o olho de
uma mulher. A mensagem parece clara: a pessoa precisa, mesmo à custa de
um grande sofrimento, livrar-se do instrumento que lhe faz ver uma realidade,
para poder ver uma “surrealidade” que nunca viu ou não quis ver. Na
sequência, um homem, no auge de seus impulsos sexuais, é impedido de
realizá-los. Ele se abaixa e agarra duas cordas, e quando ele as puxa, percebe
o peso daquilo. Quando ele finalmente consegue puxá-las, vê um piano, um
burro morto e dois padres enforcados. Também vemos nas costas do homem
reprimido duas tábuas que lembram as dos dez mandamentos.

A oposição entre razão e instinto, entre liberdade e censura, encontra espaço


em Um cão andaluz, ao lado da hipocrisia dos religiosos, como em todas as
próximas obras de Buñuel. Para satisfazer seus desejos mais íntimos e
incontroláveis, muitas vezes de origem sexual, o homem tem de se livrar das
amarras da sociedade para que consiga olhar a realidade com outros olhos.

O filme “A idade de ouro” parece mais provocativo ainda, e o título é sarcástico,


porque é mostrado um mundo de crimes e de violência e um casal que passa
por um conjunto de privações.

Na década de 1930, após a ruptura com Dalí, Buñuel se afasta do movimento,


passando por uma segunda fase nos EUA e México, na qual aborda temas
sociais, como no filme “Os Esquecidos”. Mas a influência do ideário surrealista
continua muito presente na sua obra.

Após a segunda guerra mundial, não conseguiríamos falar de um cinema


puramente surrealista, mas da presença de fortes elementos entre cineastas de
tendências mais variadas. Afinal, o sonho, o inconsciente, o pesadelo, as
proibições, os amores impossíveis, a não distinção entre sonho e vigília, os
finais surpreendentes ou inexplicáveis, são partes essenciais da realidade
humana, que o cinema sabe explorar muito bem.

O surrealismo foi muito mais que um movimento artístico ou estético. Ele


configurou-se como uma maneira de enxergar a vida e o mundo.
Mesmo com o fim do movimento organizado, o cinema surrealista continuou
influenciando outros artistas, como David Lynch. No vídeo abaixo, eu falo mais
um pouco sobre esse movimento tão importante, sobre sua trajetória no cinema
e, através de suas primeiras obras, como Lynch utilizava o surrealismo nos
seus filmes.

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