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The Bride Price: um retrato da mulher nigeriana no período pós-colonial.

Buchi Emecheta (1944) é uma escritora de origem africana que traz em suas histórias o
sofrimento da mulher na cultura nigeriana. Casou-se muito cedo e teve cinco filhos, um
casamento que não deu certo. Em certo momento de sua carreira, o marido de Emecheta
queimou o manuscrito de seu romance “The Bride Price”, em uma tentativa de
represália ao seu desejo de independência. Depois de seu divórcio viu-se obrigada a
trabalhar esfregando chão para se sustentar, e a seus filhos. Pensando nisto, a autora
usou sua própria história de lutas, de um matrimônio mal sucedido, de seus sofrimentos
na tentativa de criar uma família sozinha, para escrever suas obras. Seus livros são
publicados em vários países e ajudaram a iluminar seus leitores sobre o papel das
mulheres na cultura nigeriana. Que até então esta atividade era desempenhada somente
pela ótica e experiência de escritores masculinos.
E é a partir desse questionamento sobre a mulher na sociedade nigeriana que Emecheta
escreve The Bride Price, contando a estória de Aku-nna uma garota de 13 anos que foi
obrigada a mudar-se de cidade devido à morte de seu pai, então sua família passa a
pertencer ao seu tio paterno. Em Ibuza, sua nova cidade, a protagonista da história vive
um choque cultural entre sua aldeia nativa e seu novo lar. O enredo do livro traz ainda
outros temas como dominação masculina e discriminação dos escravos.

Um dos temas principais em The Bride Price é a diferença entre os papéis do homem e
da mulher na cultura nigeriana. Os homens são privilegiados desde sua infância, pois os
meninos podem freqüentar a escola até o término de seus estudos enquanto as meninas
podem ir à escola, porém são obrigadas a abandonar os estudos assim que estas estão
em iminência de casar. Nesse aspecto o casamento, era imposto pelo pai da noiva que
escolhia seu marido a partir do valor do pagamento pela noiva, não importando se esta
conhecia ou gostava do futuro marido. O valor de uma mulher é medido na quantia de
dinheiro que ela pode trazer ao pai dela em forma de dote por isso as meninas cresciam
com a responsabilidade de fazer um bom casamento como forma de recompensar seus
pais pelo fato de terem nascido mulher. O que pode ser comprovado pelos pensamentos
de Ezequiel Odia e de Aku-nna:
“He had named her Aku-nna, meaning literally ‘father’s wealth’, knowing that the only
consolation he could count on from her would be her bride price. To him this was
something to look forward to.”
“Aku-nna on her part was determined not to let her father down. She was going to
marry to well, a rich man of whom her father would approve and who would be able to
afford an expensive bride price.”
Um casamento só era considerado bem sucedido se a esposa tivesse muitos filhos e de
preferência homens mas esse não é o caso de Ma Blackie mãe da personagem principal
que é considerada culpada por só ter dado dois filhos a seu marido sendo somente um
deles homem e esta então decide ir para Ibuza, uma vila ancestral, para aumentar sua
fertilidade.
“(...) She was very slow in getting herself pregnant again. (...) In despair she decided to
go home to their town, Ibuza, to placate their Oboshi river goddess into giving her
some babies.”
A todo tempo durante o funeral de Ezequiel Odia, que morreu devido a um ferimento no
pé adquirido durante sua estada como soldado na 2ª Guerra Mundial embora tenha tido
sorte de voltar para casa com vida “because many African soldiers died , not from
Hitler’s bomb but from the conditions they were subjected to”, sua filha Aku-nna é
chamada à atenção quanto ao estado de sua família sem pai e quanto a sua condição de
mulher dentro de sua sociedade como pode ser comprovado por estes trechos:
“(...) A fatherless family is a family without a head, a family without shelter, a family
without parents, in fact a non-existing family. (...)”
“Then leave your blouse alone. Do you want to tear it? Can’t you see that you have no
father any more? You are orphan now, and you have to learn to take care of whatever
clothes you have. Nobody is going to buy you any more, until you marry. Then your
husband will take care of you”
“(...) This is the fate of us women. There is nothing we can do about it. We just have to
learn to accept it.”
Após a morte de seu pai, Aku-nna muda-se para Ibuza com sua família a qual passa a
pertencer a Okonkwo Odia, irmão mais velho de seu pai, o qual estava extramamente
interessado no dote que iria receber com o casamente dela, pois com este poderia obter
um cargo mais elevado dentro da sua tribo. Em Ibuza Aku-nna desenvolve certa
resistência a determinadas práticas de sua cultura. A personagem a partir desse ponto da
trama começa a demonstrar seu incontentamento com os costumes da sociedade a qual
passava a pertencer, não se submetendo a eles. Sua primeira demonstração de
resistência é quando ela recusa-se a tirar as roupas num banho ao ar livre.
“’Let’s us go down there and have a bath.’ Ogugua invited.
‘With all these people watching?’ asked the bewildered Aku-nna.
‘You are turning out to be a sly person, my cousin. What are you hiding? Have you got
three breasts or something?’
Aku-nna knew that was not her problem, but she also knew that it would take an
earthquake to force her to strip herself here the way her cousin was doing.”
Depois deste episódio Aku-nna rejeita outro costume de sua sociedade, quando uma
garota menstrua pela primeira vez, uma galinha é preparada para comemorar a transição
para a vida adulta, porém esta como forma de resistência recusa-se a comer a refeição.
“(...) when she was called to partake of the hen killed specially for her she said point-
blank no, she was not hungry.(...)”
Outra característica marcante de Aku-nna é o desafio a determinados preconceitos
presente em sua sociedade. Ela não entende porque, por exemplo, um descendente de
escravo não pode ser considerado como um homem qualquer. Dentro da cultura
nigeriana uma tribo que fosse seqüestrada por outra tribo sofria enorme preconceito e
seus descendentes eram excluídos das decisões comuns a todos, porém depois da
colonização essa prática foi abolida e esses indivíduos foram educados e obtiveram
sucesso profissional, embora continuassem excluídos do convívio normal com a
sociedade.
Emecheta usa o tema da escravidão não só em relação à questão citada acima mais
também ela vale-se deste tema como uma metáfora para mostrar que de certo modo as
mulheres eram escravas e submissas aos homens esse aspecto se agrava com a chegada
do homem branco no continente africano que encoraja a supremacia masculina , ou seja,
a rotina das esposas gira em torno da vida do marido, o que pode ser comprovado por
este fragmento:
“(…) From the nearby Loco yard came the penetrating sound of a siren, a gun was
fired from somewhere in the docks, and everybody knew that it was four o'clock. Four
o'clock was the time all manual workers went home. It was the time when all
housewives stopped plaiting their hair, when they finished off their gossiping because
their menfolk would soon be home, hungry, tired and irritable; so the women would
rush to their kitchen to prepare the evening meal.(…)”
Além de usar o tema escravidão para mostrar a questão do preconceito e da submissão
feminina Emecheta trabalha essa problemática para inserir na personagem principal
Aku-nna o seu caráter desafiador. A todo o momento na historia a personagem é
advertida que toda moça direita deveria ficar longe de descendentes de escravos como
podemos observar nessa conversa entre Aku-nna e sua prima Ogugua:
“You must be careful. That man, that teacher – he’s not one of us, you know. No decent
girl from a good Ibuza family is allowed to associate with him. My father would rather
see his daughter dead than allow such as a friendship.”
Embora a personagem seja advertida quanto à manutenção de uma relação mais
próxima com um descendente de escravo Aku-nna desobedece todos os conselhos e
numa atitude desafiante inicia uma paixão secreta por seu professor Chike Ofolue um
neto de escravos. Essa espécie de relação é interrompida quando Aku-nna é sequestrada
por um de seus pretendentes, Okoboshi Obidi, essa é uma prática muito comum entre as
tribos africanas isto é quando um rapaz não dispõe de dinheiro para pagar o dote, este
cortaria uma mecha de cabelo da noiva e esta pertenceria a ele pelo resto da vida
podendo tratá-la ao seu bel prazer. Assim que ela chega à cabana de seu sequestrador na
tribo de Umueze sob o domínio de Okoboshi numa tentativa de se salvar deste destino
Aku-nna desafiando a tudo e a todos, cria a mentira de que já havia dormido com Chike
podendo estar grávida deste, com a esperança de que Okoboshi a deixaria livre para
viver com Chike:
“Yes, he has slept with me, many, many times.(...) ‘So even if you take me now, that
white towel of your mother’s is never going to be blessed by any blood from me. I have
already shed it to make another very good man happy’”
“(...)Even if you do sleep with me tonight, how are you ever going to be sure that the
child I might bear would be your own? I may already be expecting his child and then
you would have to father a slave child (...)”
Com esses argumentos ela consegue livrar-se de Okoboshi e fugir de Umueze partindo
para o encontro de Chike e estes fugiram de Ibuza para Ughelli onde se estabeleceram,
formando uma família. Em pouco tempo Aku-nna descobre que está esperando um filho
de Chike, porém sua gravidez é de risco e esta precisa repousar, mas seu estado se
agrava e ao sétimo mês Aku-nna sente-se mal e vai para o hospital vindo a dar a luz,
contudo seu estado se agrava e com pouco tempo veio a falecer.
A história de Aku-nna era contada a todas as meninas de Ibuza para reforçar os velhos
tabus de que se uma garota não aceitasse o marido escolhido por sua familia e/ou o dote
não fosse pago ela não sobreviveria ao nascimento do seu primeiro filho, “Nobody goes
against the laws of the land and survives”.
Esse romance é usado na sociedade nigeriana para mostrar da ótica de uma mulher
como a vida é dura para com elas, expondo seus sofrimentos como uma espécie de
autobiografia numa tentativa de diminuir a dor pela qual muitas sofreram e muitas ainda
continuam a sofrer.

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