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TEMAS E PROBLEMAS FILOSÓFICOS - TPF

Modernismo: O fascínio da heresia: de


Baudelaire a Beckett e mais um pouco. Peter Gay

FICHAMENTO

”UM CLIMA PARA O MODERNISMO”



 Modernismo – variado círculo de produções; não se conceitua, mas se identifica; por
longo tempo foi sinônimo de inovações, originalidade.

 Fala-se em Modernismo ou Modernismos?


Adotar ModernismoS ainda é algo insatisfatório, pois certas produções são
claramente encaixadas como “isto é modernista”.
Preferência pelos extremos, fuga do meio-termo e da moderação:
“O único ponto incontestavelmente comum entre todos os modernistas era
acreditarem que muito superior ao conhecido é o desconhecido, melhor do que o comum
é o raro e que o experimental é mais atraente do que o rotineiro” (p. 18).

 Objetivo do livro: mostrar a unidade na diversidade - um quadro estético e um estilo


identificável – o estilo modernista.
“MAKE IT NEW!”
 Dois atributos comuns entre os modernistas
1. Fascínio pela heresia – ações confrontam as sensibilidades convencionais;
 Obscenidades/sexualidade, eliminar elemento decorativo, fuga da
harmonia, esboço vira pintura acabada
 Prazer na insubordinação contra a autoridade vigente
 Ridicularizar e escarnecer o burguês, seus modos e instituições - é
preciso que os espíritos criativos recuperem a magia que as classes
médias roubaram do mundo
 Inove, crie próprio caminho, desconhecido, revolucionário
2. Compromisso com um exame cerrado de si mesmos por princípio.
 Exploração do EU, autoexame, sensibilidade
 Investigação das ideias e sentimentos dos personagens, conflitos
psicológicos, música mais interiorizada que satisfatória


Virada do século XX e Primeira Guerra Mundial
“(...) poemas expressionistas, pinturas abstratas, composições incompreensíveis,
romances sem enredo, juntos, estavam criando uma revolução no gosto” (p. 24) – cabia
aos modernistas de 1920 continuar os trabalhos dessas inovações estéticas.
“É uma aparente contradição(...) que as obras modernistas, criadas para
apresentar uma aura de heresia, tenham acabado por receber o epíteto de clássicas” (p.
25) – a passagem do tempo fez com que as inovações ofensivas/desconcertantes
perdessem a capacidade de chocar.
ENTENDENDO MAL O MODERNISMO
 Uma das principais razões para entender mal o Modernismo – as lendas e mitos
que seus opositores (círculos da burguesia, classes médias e “alta cultura”) criaram
sobre o modo de vida dos vanguardistas, atribuindo-lhes uma “negligente esqualidez
boêmia romântica” – tal descrição, na verdade, não se encaixava com a realidade dos
fatos.
 Efervescência de discussões e ataques de ambos os lados
 Até mesmo: alguns modernistas difamando outros modernistas por causa
de pequenas diferenças entre si
“Porta-vozes autorizados dessa cultura de monarcas a aristocratas importantes
denunciavam esses dissidentes (modernistas), qualificando-os de imaturos ou, pior, de
imorais, loucos e incendiários” (p. 27) - outros adjetivos: obtusos, grosseiros, repulsivos,
indecentes, podres, vândalos, incompetentes.
 A dissidência modernista prezava pela provocação (séria), exposição das
verdades da sociedade, quebra da convencionalidade (ex. dar franqueza ao tratar a
sexualidade) e da estagnação, ataques direcionados.

 Tema popular entre os modernistas: necessidade de destruir os museus, esses


“cemitérios da arte”, sepultura de cânones estagnadores e moralismos convencionais.

 Há exceções, claro – Baudelaire e Guillaume Apollinaire, por exemplo,


estabeleceram vínculos positivos e de aceitação do público burguês e classes médias,
seriam “os amigos naturais das artes”.

UMA SÉRIE DE PRÉ-REQUISITOS

 Algumas das condições para subsistir o Modernismo:

 Estado e sociedade relativamente liberais, estágio avançado da


civilização ocidental.

“(...) o modernismo é inconcebível sem uma quantidade considerável de


patronos e clientes importantes, com dinheiro, liberdade e disposição suficiente para lhe
dar apoio”. (p. 34) - dependência do apoio da classe média

 Industrialização e urbanização – consumo de massa dos bens de consumo,


incluindo a arte.

“Foi nas cidades que os cidadãos imbuídos de espírito cívico criaram


instituições de alta cultura ao longo do século”. (p. 34) – museus, orquestras, teatros,
salas de concerto.
“(...) Nietzsche diz: ‘Como artista não se tem outra pátria na Europa além de
Paris’”. (p. 35)

 Estradas de ferro/ rede ferroviária – transporta cargas e passageiros mais


dinamicamente; mais oportunidades comerciais.
 Novos mecanismos financeiros e impérios bancários – capital para
formação de um mercado de riquezas.
 Transformação e expansão dos sistemas de comunicação.

 Ampliação das produções modernistas a um público em crescimento constante


para aumentar sua diversidade e popularização – bibliotecas de empréstimo, visitas
grátis aos museus, textos de divulgação popular, ingressos baratos para teatros e salas
de concertos, expansão da litografia e fotografia (técnicas mais baratas).

 Capitalismo e Modernismo – ambos com grande engenhosidade e capacidade de


inovação, renovação e transformação.

 Massificação do gosto

 Contexto – mais indivíduos entrando na esfera política pública, aumento do


processo de alfabetização universal e multiplicação dos sindicatos.

“Cada ignorante diria ao mundo que não sabia nada de arte, mas que
sabia do que gostava. Logo, as campanhas pedagógicas para aclimatar as obras-primas
entre os instruídos gerariam não a elevação do gosto vulgar, e sim a vulgarização do
gosto elevado”. (p. 38)

 Alfred Lichtwark – artigo “Publikum” (1881)


Dividia o público das artes em categorias:
 As massas: ignora quase totalmente o passado artístico, instrução quase zero;
 Os educados: mínimo de informação sobre a história da arte, idealizam algum
período específico e não interessados pela arte moderna;
 Os raros eleitos: possuem dom inato, bom gosto e bom julgamento, sua companhia
é estar perto da revelação, minoria “altamente seleta”.

Para ele o “verdadeiro amante da arte” não estava predestinado pela classe ou
pela riqueza – gosto não se resume a dinheiro.

 Religião, ciência e modernismo


“(...) o século XIX foi uma idade de ouro para a gestação de novos dogmas
ou para a retomada dos velhos sob o manto de prestígio da física, química
e biologia contemporâneas(...). (p. 43)
Ainda: florescimento do misticismo e sistemas simbólico-espirituais diversos,
oferecendo diversidade espiritualista aos indivíduos, uma vez que esses estavam
desgarrando-se das prescrições religiosas antigas, mas também não aceitavam o
“materialismo frio e mortífero da ciência natural”.
Modernistas – juntaram-se à legião dos combatentes da fé, propunham uma
espécie de “religião da arte” com base na “arte pela arte”; contudo sua religião não
emplacou – muito abstrata, não tratava questões fundamentais; mas tudo bem, o
esforço modernista era mais para “destruir do que criar uma religião” (p. 44).
 Clima pintado
“Esse clima, o pré-requisito essencial para a revolução modernista, era uma
atmosfera em que a sociedade, mesmo com certa relutância, conseguia aceitar o
abandono drástico dos hábitos artísticos e estabelecidos, sustentar opiniões
heterodoxas sobre a beleza e tolerar conflitos entre os estilos”. (p. 44)
TEMAS E PROBLEMAS FILOSÓFICOS - TPF
Modernismo: O fascínio da heresia: de
Baudelaire a Beckett e mais um pouco. Peter Gay

RESUMO 1

Estudo das origens, dos autores, das obras marcantes e do declínio desse
movimento que abrange mais de cem anos da história da literatura e das artes.

Para Peter Gay, há dois traços centrais na atitude modernista:


1. A atração pela heresia, pela inovação,
2. E a exploração profunda da subjetividade.

Por mais diversos e até mesmo opostos que fossem, os modernistas acreditavam
que o desconhecido era muito superior ao conhecido, que o raro era melhor que o
comum, e que o experimental era mais atraente que o rotineiro.
O modernismo gerou uma nova maneira de ver a sociedade e o papel do artista nela, e
trouxe consigo novas ideias, sentimentos e opiniões.

O autor situa o começo dessa nova era em meados do século XIX, com o horror
à classe média burguesa manifestado por Charles Baudelaire e Gustave Flaubert e, mais
adiante, no culto da arte pela arte de Oscar Wilde. No entanto, também mostra como o
fenômeno só foi possível graças ao apoio de uma classe média esclarecida, fruto da
prosperidade econômica, da urbanização e do avanço da democracia.

Na segunda parte deste ambicioso panorama, Gay pinça escritores, artistas,


músicos, arquitetos, dramaturgos e cineastas cuja importância será inegável daqui em
diante: o assalto à arte acadêmica feito por Edvard Munch, Wassily Kandinsky, Piet
Mondrian e Pablo Picasso; o ataque à ficção vitoriana empreendido por James Joyce,
Marcel Proust e Virgina Woolf; a rejeição ao tradicionalismo na música encabeçada por
Igor Stravínski e Arnold Schoenberg; o abandono da arquitetura historicista pela
Bauhaus e por Frank Lloyd Wright, sem falar na chegada do cinema de Charlie Chaplin
e Orson Welles.

Entre os muitos representantes inegáveis do modernismo também estão os


autores "excêntricos" que Gay analisa na terceira parte do livro: o poeta conservador T.
S. Eliot, o compositor "provinciano" Charles Ives e o escritor nazista Knut Hamsun. Nesta
parte, Gay também se detém na perseguição aos modernistas realizada pelo nazismo,
fascismo e socialismo soviético, o que levou muitos artistas a se refugiar nos Estados
Unidos. E é na América que acontece o último ato do modernismo, primeiro com a
explosão do expressionismo abstrato e depois com a pá de cal da pop art, quando a
produção comercial da cultura se impõe de forma avassaladora.
Mas nas cinzas do modernismo Gay ainda vê sinais de vida modernista, como na
literatura de García Márquez e na arquitetura de Frank O. Gehry. E assim termina o livro
com uma pergunta que é quase um desejo: será que o modernismo poderia renascer

RESUMO 2

O Modernismo, com sua valorização do eu e seu desdém às grandes questões


políticas, representou uma resposta estética ao sistema, com toda a recusa ao modo de
ser burguês, aos fundamentos morais que o sustentavam e aos projetos de vida que
desenhava.

Verticalmente, o movimento seguia o projeto que remonta, simplesmente, a toda


a tradição filosófica na sua busca de compreensão da natureza humana

Nesse sentido, o Iluminismo, por meio de pensadores como Kant, Diderot, com a
contundente
defesa da autonomia do homem, e Rousseau, com seu proclamado ideal de
autenticidade, pode ser considerado parte das raízes mais profundas desse movimento.
Por isso o Modernismo foi extremamente diversificado: cada artista tinha sua própria
direção existencial, sua própria visão de mundo e sua própria leitura do que o
Modernismo significava.

Peter Gay propõe contar a história de toda essa diversidade privilegiando duas
grandes tendências:
1. A busca pelo novo
2. E o reinado da exploração do eu.

Freud mesmo dizia que muitas das descobertas da ciência psicanalítica já haviam
sido enunciadas pelos poetas. Penso ser essa a perspectiva mais interessante da
relação da psicanálise com as artes: menos aquilo que a psicanálise tem a dizer sobre
elas e muito mais o que as artes dizem e a inspiram em sua tarefa de pensar o humano

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