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DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
(Estudo Dirigido)
GRUPO:
Antônio Renato
Felipe Nunes
Paulo Ricardo
Saulo Álerson
Telma Jordânia
FRANCO JÚNIOR, Hilário, A Idade média : nascimento do ocidente. São Paulo :
Brasiliense, 1988.
De acordo com Franco Jr. o que explicaria essa maior divulgação da temática
medieval nos dias de hoje, seria o fato de que a Idade Média é a matriz da civilização
ocidental cristã, segundo suas próprias palavras. E é a partir da segunda metade do
século XX que os exageros denegridores dos séculos XVI e XVII vão ser deixados de
lado e começarão a ser estudados de uma forma menos preconceituosa, onde até então
se tinha a imagem de atraso (em todos os sentidos, mas principalmente no atraso
científico). Dando-se assim uma nova direção aos estudos e pesquisas medievais com
inúmeras publicações “científicas e ficcionais, filmes, discos, exposições, turismo, etc.”
(p. 170).
A Idade Média foi uma era que durou cerca de dez séculos. É notável que mesmo
após seu fim, ela iria perdurar por mais alguns anos, pelo menos em essência, mas em
uma roupagem moderna.
Um dos aspectos mais importantes das limitações contratuais dos poderes do rei
feudal dizia respeito à cobrança de impostos. Nenhuma taxa, além das estabelecidas
pela tradição, poderia ser cobrada sem o consentimento dos vassalos. Quando o
contexto de fins do século XIII gerou forte necessidade de recursos, o rei se viu
obrigado a criar assembleias para nelas tentar obter consentimento para cobrar novos
tributos. Se de forma geral os séculos XV-XVII com suas guerras nacionais reforçaram o
poder real. Então a resistência ao poder monárquico absolutista centralizou-se nas
assembleias representativas: assim foi na Revolução Inglesa de 1688 e Francesa de 1789.
Em seu texto, Hilário Franco Júnior pretende reposicionar o lugar dado a Idade
Média na história. Para ele, a longa adjetivação negativa atribuída a Idade Média ao
longo de séculos junto à obsessão pela atualidade do homem contemporâneo
provocaram um esquecimento das suas raízes. O autor resgata inúmeros fatos
históricos significativos que costumeiramente são atribuídos ao período moderno, à
exemplo da formação das cidades-estados, a democracia, a centralização da política, o
desenvolvimento do capitalismo comercial, as descobertas tecnológicas, possuem
características intimamente ligadas ao período medieval.
Por fim, para o autor, esse distanciamento com o passado provocou um mal-estar
social que recolocou a necessidade de olhar a História, sobretudo para a Idade Média.
Para Franco Júnior, a civilização medieval dotava de sentidos a vida do homem,
elemento ausente no mundo contemporâneo onde o plano material se sobrepõe ao
espiritual. A primazia da matéria sobre o espírito provoca, segundo o autor, uma
profunda ausência de sentido na vida do homem contemporâneo, refletidos nas
produções literárias e artísticas.
A argumentação proposta por Hilário Franco Júnior propõe uma ruptura com a
polarização entre a Medievalidade e o Moderno, entendo a história enquanto um
processo de rupturas e permanências. Ao destacar as características da sociedade
medieval presentes no mundo atual, possibilita desconstruirmos algo recorrente
quando exercitarmos posicionar nosso olhar sobre o passado, a prática da não
coetaneidade. Dessa forma, permite-nos uma proximidade maior com nossas raízes
sociais, históricas e culturais.