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Maassei מעשי
השליחים
Hashlichim
Atos dos emissários
3T
AUTOR Wilson Paroschi
CONTEXTUALIZAÇÃO
EDITOR Roberto Rheinlander Rebello
Maassei מעשי
השליחים
Hashlichim
PROJETO GRÁFICO Henrique Felix
CONTEXTUALIZAÇÃO Cláudia
Masiero, Carlos Muniz, Roberto
Rheinlander, Gabriel Oliveira, Márcio
Simas, Roger Rheinlander Atos dos emissários
COMENTÁRIOS Sérgio Monteiro,
Tiago Sant’ Ana
REVISORES Elias Tavares, Carlos
Muniz, Roger Rheinlander, Roberto
Rheinlander Índice
CONSELHEIROS Dr. Richard Amram
Elofer, Dr. Reinaldo Siqueira.
Sobre o Autor 04
Introdução 05
1 "Vocês serão minhas testemunhas" 06
2 Chag Shavuot 14
3 A vida na Kehilá 22
CONFERÊNCIA GERAL
4 Os primeiros líderes 30
Dr. Richard Amram Elofer, PhD 5 A teshuvá de Rabi Shaul 38
DIVISÃO SUL AMERICANA 6 O trabalho de Kefa 46
Dr. Reinaldo Siqueira, PhD
7 A primeira viagem de Shaul 54
8 A Assembléia de Yerushalayim 62
BELO HORIZONTE, MG
Rua Aveiro 367 - S. Francisco 9 A segunda viagem de Shaul 70
Marcos Nardy
10 A terceira viagem de Shaul 78
CAMPINAS, SP 11 Prisão de Shaul em Yerushalayim 86
Rua Espanha, 260 - Bonfim
Lucas Iglesias 12 Detenção de Cesareia 94
CURITIBA, PR
13 Viagem a Roma 102
Av. Munhoz da Rocha, 168 - Juvevê Estudos Diários 110
Bruno Santelli
Glossário e Abreviações 114
FLORIANÓPOLIS, SC
Rua Visconde de Ouro Preto, 347 - Centro
Horários 122
Cristiano Silva Calendário 126
MANAUS, AM Bençãos Diversas 128
Rua M/N, 5 - Morada do Sol
Wilian Cardoso
RIO DE JANEIRO, RJ
Rua Dezenove de fevereiro, 140 - Botafogo
Notas
Thiago Fiúza
1 Este guia de estudo é uma versão adaptada das lições da Escola Sabatina
SÃO PAULO, SP ao contexto Judaico-Adventista. É usada pelos membros das Beth Bnei Tsion
Rua Armando Penteado, 291 - Higienópolis [Comunidades Judaico-Adventistas] como auxiliar e apoio ao estudo semanal.
Rogel Tavares Visa tornar a linguagem mais acessível a esse contexto. O conteúdo original é
preservado usando apenas adaptações contextuais.
2 As versões bíblicas adotadas preferencialmente nessa contextualização são
"Bíblia Judaica Completa" traduzida por David H. Stern, "Bíblia Hebraica" tra-
duzida por David Gorodovits e Jairo Fridlin e Orthodox Jewish Bible.
3 As referências para estudo semanal (Parashá, Haftará, leitura anual da Bíblia,
Leitura Reavivados por Sua Palavra [Leitura RPSP:] Crede em seus profetas
CSP) e costumes e festas encontram-se junto aos estudos diários.
4 Demais informações, horário do pôr-do-sol, acendimento de velas, datas fes-
tivas e Glossário encontram-se anexos ao final deste guia.
Sobre o Autor
A vitória da Bessorá
Muitos historiadores acreditam que as três décadas mais cruciais da história mundial
tenham ocorrido quando um pequeno grupo de homens, sobretudo judeus sob o poder do
Ruach Hakodesh, levou o mensagem da Bessorá ao mundo. O livro de Atos dos emissários
é um relato dessas três décadas cruciais, que vão desde a ressurreição de Yeshua, em 31
e.c., até o fim da primeira prisão de Rabi Shaul em Roma, em 62 e.c. (At 28:30). Provavel-
mente o livro tenha sido escrito pouco tempo depois disso, pois a narrativa é interrompida
nesse ponto, embora existam evidências de que Shaul foi libertado dessa prisão e que ele
retomou seus esforços, levando a mensagem e viajando até ser preso alguns anos depois e,
então, executado em Roma, em 67 e.c.
O livro nada declara sobre seu autor, mas a tradição sempre o identificou como Lucas,
"o médico amado" (Cl 4:14). Lucas também é tradicionalmente considerado o autor do livro
que leva o seu nome, "o primeiro livro" mencionado em Atos 1:1 (compare com Lc 1:3). Os
livros de Lucas e o Atos tratam dos primórdios do kehilá, de sua origem (a vida e o trabalho
de Yeshua) e de sua expansão (o trabalho dos shlichim).
Lucas é o único autor não judeu de livros da Brit Hadashá. Isso parece explicar um
de seus temas principais: a universalidade da yeshuá. D'us não tem favoritos. A kehilá é
chamada a testemunhar a todos, independentemente da etnia, classe social ou sexo (At
1:8; 2:21, 39, 40; 3:25; 10:28, 34, 35). A omissão em fazer isso, por preconceito ou conve-
niência, é uma distorção das Escrituras, contrária às verdades fundamentais da Palavra
de D'us. Diante Dele, somos iguais: pecadores que necessitam da redenção encontrada no
Mashiach.
O livro de Atos conta a história dos que foram chamados pelo Eterno para iniciar o tra-
balho. O que nós, que fomos chamados para concluí-la, podemos aprender com a história
deles?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 5
Lição 1 1 a 7 de julho | 18 a 24 Tamuz
LEITURAS DA SEMANA
At 1:6-26; Lc 24:25, 44-48; Dt 19:15; Pv 16:33
Introdução
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
A restauração de Israel
De acordo com Lucas 24:25, qual foi o verdadeiro problema dos talmidim de Yeshua? Por
que é fácil acreditar no que desejamos, em vez de crer no que as Escrituras realmente
ensinam? Como podemos evitar essa armadilha?
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Segunda 2 de julho | יום שניYom Sheni 19 Tamuz
3. Leia Lucas 24:44-48. Qual era a mensagem central que os seguidores de Yeshua
deveriam ensinar?
Nos quarenta dias que passou com os talmidim após a ressurreição (At 1:3),
Yeshua deve ter lhes explicado muitas verdades sobre o reino de D'us, embora hou-
vesse muitas coisas que ainda não compreendessem, conforme revela a pergunta
deles em Atos 1:6. Eles estavam familiarizados com as profecias, mas agora final-
mente podiam vê-las sob uma nova luz, a luz que emanava da morte e ressurreição
do Mashiach (veja At 3:17-19).
O relato de Lucas sobre a ascensão do Mashiach é muito breve. Yeshua estava com os
eles no Monte das Oliveiras e, enquanto ainda os abençoava (Lc 24:51), foi levado para
o Céu. É claro que a linguagem é fenomenológica; isto é, a cena foi retratada como pareceu
aos olhos humanos, não como realmente foi. Yeshua estava partindo desta Terra, e não
havia outra maneira de fazê-lo de forma visível senão indo para cima.
A ascensão de Yeshua foi um ato sobrenatural de D'us, um dos muitos ao longo da
Bíblia. Isso fica implícito pela maneira como Lucas a descreveu, com a voz passiva ἐπήρθη
(epērthē) ("Ele foi elevado às alturas"; At 1:9). Embora seja utilizada apenas nesse verso
no Tanach, essa forma verbal é encontrada diversas vezes na versão grega do Tanach (a
Septuaginta), todas elas descrevendo ações de D'us, o que sugere que D'us mesmo elevou
Yeshua até o Céu, assim como Ele O ressuscitara dos mortos (At 2:24, 32; Rm 6:4; 10:9).
Lucas relata, apenas no livro de Atos, o episódio das duas figuras vestidas de branco
que apareceram após o Mashiach ter sido encoberto por uma nuvem. A descrição coincide
com a de anjos em suas vestes brilhantes (At 10:30; 1:9-11; Jo 20:12). Eles vieram assegurar
que Yeshua voltaria da mesma maneira pela qual havia subido. Além disso, apenas o livro
de Atos nos informa que o Mashiach subiu "à vista deles" (At 1:9).
Portanto, a ascensão visível se tornou a garantia do retorno visível, que também ocor-
rerá em uma nuvem, embora com "poder e grande glória" (Dn 7:13; Lc 21:27). Não será
mais um evento reservado, pois "todo olho o verá" (Ap 1:7), e Ele não estará sozinho (Lc
9:26; 2Ts 1:7). A glória da segunda vinda do Mashiach excederá em muito a da ascensão.
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Quarta 4 de julho | יום רביעיYom Revi'i 21 Tamuz
E m sua resposta em Atos 1:7, 8, Yeshua nada prometeu em relação ao tempo de sua segunda
vinda. No entanto, a implicação natural de suas palavras era que logo depois que o Espírito
viesse e os seguidores completassem seu serviço, ele retornaria (veja Mt 24:14). O comentário
dos anjos (At 1:11) também não respondeu à pergunta sobre o momento da vinda do reino
eterno, mas podia ser entendido como se esse acontecimento não fosse demorar. Isso parece
explicar por que os talmidim (discípulos) "voltaram para Yerushalayim, com grande alegria"
(Lc 24:52). A promessa da segunda vinda de Yeshua em um tempo não especificado (o que
deveria dar-lhes incentivo adicional para o seu objetivo) foi entendida como se o fim estivesse
próximo. Novos acontecimentos em Atos evidenciarão esse ponto.
5. Leia Atos 1:12-14. Quem mais estava no cômodo, e como eles se prepararam para
a vinda do Ruach Hakodesh?
Tendo retornado do Monte das Oliveiras, os talmidim se reuniram num quarto de hóspe-
des do pavimento superior (em latim, cenaculum) de uma casa particular em Yerushalayim.
Algumas seguidoras de Yeshua (Lc 8:1-3; 23:49;24:1-12), bem como sua mãe e seus irmãos, es-
tavam ali junto.
Os irmãos de Yeshua (Mc 6:3) eram filhos mais novos de Yosef e Mirian (Mt 1:25; Lc 2:7) ou,
mais provavelmente, filhos do primeiro casamento de Yosef (nesse caso, ele era viúvo quando
tomou Mirian como esposa). A presença deles entre os talmidim é uma surpresa, visto que
sempre haviam sido bastante céticos em relação a Yeshua (Mc 3:21; Jo 7:5). No entanto, a res-
surreição do Mashiach e sua aparição especial a Yaacov (Tiago) (1Co 15:7) parece ter feito toda
a diferença. Mais tarde, Yaacov aparentemente até substituiria Kefa na liderança da comuni-
dade (At 12:17; 15:13; 21:18; Gl 2:9, 12).
Constantemente em oração (At 1:14) e louvando a D'us no templo (Lc 24:53), todos eles
certamente estavam envolvidos na confissão, arrependimento e abandono do pecado. Mesmo
que, em sua mente, a vinda do Espírito seria imediatamente seguida do retorno de Yeshua, sua
atitude espiritual estava em plena harmonia com o que estava para acontecer, pois o Ruach
Hakodesh vem em resposta à oração.
Em nossas escolhas diárias, como podemos preparar o caminho para o serviço do Espí-
rito em nossa vida?.
6. Leia Atos 1:21, 22. Quais requisitos o sucessor de Yehudá de Kriot deveria ter? Por
que isso era tão importante?
O método que eles usaram para escolher Mattai pode parecer estranho, mas o lan-
çamento de sortes era uma maneira de tomar decisões já há muito tempo estabelecida
(por exemplo, Lv 16:5-10; Nm 26:55). Além disso, a escolha era entre dois candidatos
previamente reconhecidos e de qualificações equivalentes, e não um passo rumo ao des-
conhecido. Os fiéis também oraram a D'us, acreditando que o resultado refletiria a sua
vontade (compare com Pv 16:33). E não há evidência de que a decisão tenha jamais sido
contestada. Após o Shavuot, o lançamento de sortes tornou-se desnecessário em razão da
orientação direta do Espírito (At 5:3; 11:15-18; 13:2; 16:6-9).
Se alguém lhe perguntasse: "Como posso saber qual é a vontade de D'us para minha
vida?", o que você responderia? Por quê?
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Sexta 6 de julho | יום שישיYom Shishi 23 Tamuz
Estudo adicional
"T odo o período entre o Shavuot e a segunda vinda do Mashiach [Parousia] (seja longo
ou curto) deve ser preenchido com o objetivo mundial da comunidade no poder
do Ruach Elohim. Os seguidores de Yeshua deviam anunciar o que ele realizou em sua
primeira vinda e chamar o povo para arrepender-se e crer, preparando-se para a sua se-
gunda vinda. Eles deviam ser suas testemunhas 'até aos confins da Terra' (At 1:8) e 'até o
fim da era' (Mt 28:20) […]. Não temos a liberdade de parar até que ambos os fins sejam
alcançados" (1).
"A comissão do Mashiach aos seus tamidim incluía todos os que creem. Abrange todos
os que confiam no Mashiach até o fim dos tempos. É um grave erro supor que o serviço
de levar a mensagem de salvação depende apenas do líder ordenado. Todos aqueles que
receberam a inspiração celestial são depositários das boas novas. Todos os que recebem a
vida do Mashiach são mandados a trabalhar pela salvação de seus semelhantes. Para esse
serviço foi estabelecida a kehilá, e todos os que tomam sobre si seus sagrados votos com-
prometem-se, assim, a ser colaboradores do Mashiach" (2).
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 13
Comentário
Lição 1
período, povoavam certamente a mente dos primeiros seguidores de Yeshua. A morte dele
pareceu desmantelar a certeza de que ele fosse o Mashiach prometido, mas Sua ressurreição
faz esta mesma esperança renascer, ainda moldada pela expectativa judaica de seu tempo. É
por isso que eles ainda questionam sobre o restabelecimento do reino de Israel.
É neste ponto que o projeto universal de D’us é explicitamente declarado por Yeshua. O
restabelecimento do Reino de Israel não é uma reconstrução e libertação da nação, mas a
expansão universal da yeshuá (Salvação) anunciada pelos profetas. Eles seriam o instrumento
desta expansão, através d, imbuidos de poder pelo Ruach HaKodesh.
E aqui se encontra o coração do livro de Atos. Toda a história a ser contada a seguir, está
centrada na continuidade do serviço Messiânico, não mais na pessoa de Yeshua, mas por seu
representante, o Ruach. Os talmidim (discípulos) de Yeshua seriam instrumentos dele. Eles
deveriam permitir que Ele os transformasse de dentro para fora, retirando suas perspectivas
e colocando neles a perspectiva divina. Para isso, sua compreensão do que era o reino, quem
era o Mashiach, como seria seu serviço, deveriam ser postas de lado. Era um processo de es-
vaziamento, de troca de sua essência humana e carnal, pela essência do Mashiach, que é o
Ruach Hakodesh. Por isso, Yeshua soprou sobre eles. O misticismo judaíco ensina, baseado
em Bereshit 2:7, que quando alguém sopra sobre o ar sobre alguém está dando a essa pessoa
sua essência. É importante perceber que o movimento do Mashiach ao soprar, é, de fato, um
movimento de troca de essência. Não mais deveriam os talmidim viver, mas permitir que o
Espírito de D’us vivesse neles.
É possível observar de forma precisa o caminhar da narrativa tendo por pano de fundo
os eventos Tipológicos do Êxodo. Yeshua é morto em Pessach, ressuscitado em Bicurim. Está
com os talmidim, durante todo período da contagem do Omer, os preparando para receber o
Dom que os permitiria continuar seu serviço. Em Shavuot, eles receberam o Ruach Hakodesh,
assim como sobre o Sinai, o povo recebera a Torá, como uma marca da aliança divina; uma
confirmação do estabelecimento da aliança com o Povo. De igual forma, o Ruach Hakodesh,
que Yeshua prometera enviar, era a confirmação de que a obra redentiva estava completa, e
que a bessorá (as boas novas sobre o Mashiach) seria levada a todo mundo, anunciando que o
Eterno cumprira Suas promessas.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 1
(1)
John R. W. Stott, A Mensagem de Atos: Ate aos Confins da Terra, 1994, p. 43 (contextu-
alizado)
(2)
Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nacoes, p. 822 (contextualizado)
(3)
Id., Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 188 (contextualizado)
(4)
Advent Review and Sabbath Herald,12 de setembro de 1893 (contextualizado)
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Lição 2 8 a 14 de julho | 25 Tamuz a 2 Av
Chag Shavuot
VERSO PARA MEMORIZAR
""D'us ressuscitou este Yeshua, e todos nós somos testemunhas disso! Além disso, ele
foi exaltado à direita de D'us e recebeu do Pai a promessa: isto é, o Ruach Hakodesh, e
derramou esse dom, que vocês agora veem e ouvem." (At 2:32,33)
LEITURAS DA SEMANA
At 2:1-13, 22-39; Jo 14:16; Jl 2:28-32; Sl 110:1-3
Introdução
"C hag Shavuot" ( )שבועותé o nome dado à Festa das Semanas (Êx 34:22), também
conhecida como "Chag HaBikurim" ou Festa das Primícias (Nm 28:26). O ter-
mo deve seu uso ao fato de que a festa era celebrada 7 semanas e um dia a partir da
oferta do feixe de cevada, no primeiro dia após Pessach. Era um dia de alegria e
ação de graças, em que o povo trazia diante do Eterno as "primícias da ceifa do tri-
go" (Êx 34:22).
A festa é um símbolo apropriado da primeira "colheita espiritual" que ocorreu
após a ressurreição do Mashiach, quando o Ruach Hakodesh foi derramado mais
abundantemente do que nunca e 3 mil pessoas foram imersas e acrescentadas ao
grupo em um único dia (At 2:41). Tendo ocorrido após a ascensão de Yeshua e sua
exaltação no Céu, esse derramamento do Espírito foi um acontecimento repentino
e sobrenatural, que transformou os emissários de homens da Galil simples e desco-
nhecidos em homens de convicção e coragem que mudariam o mundo. Shavuot é
muitas vezes tida como a data de nascimento da comunidade dos primeiros segui-
dores de Yeshua como Mashiach, a ocasião em que os seguidores de Yeshua, judeus
e goyim (posteriormente), foram legitimados e enxertados na comunidade de D'us
na Terra.
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
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Segunda 9 de julho | יום שניYom Sheni 26 Tamuz
E m Atos 2:4, o dom do Ruach Hakodesh se manifestou por meio do ato de falar em
línguas diferentes. No entanto, esse dom foi apenas uma dentre as muitas diferen-
tes manifestações do Espírito (At 10:45, 46; 19:6). Outras incluem previsão do futuro (At
11:28), visões (At 7:55), proclamação inspirada da mensagem (At 2:8; 28:25), cura (At 3:6,
12; 5:12, 16) e qualificação para o serviço (At 6:3, 5).
O dom de línguas dado no primeiro Shavuot após a ressurreição do Mashiach não
ocorreu por ser supostamente a evidência típica ou mais importante da dotação do Es-
pírito. Ele foi manifestado para dar início à missão de proclamação mundial das boas
novas. Ou seja, o chamado feito em Atos 1:8 exigia o dom de línguas diferentes. Se os
talmidim de Yeshua tinham que atravessar barreiras culturais e alcançar os confins da
Terra com a Bessorá, eles precisavam ser capazes de falar nos idiomas daqueles que
necessitavam entender o que eles tinham a dizer.
2. Leia Atos 2:5-12. Qual é a evidência de que, nesse Shavuot, os emissários falaram
em idiomas estrangeiros existentes?
Estima-se que no primeiro século havia de oito a dez milhões de judeus no mundo, e
que até 60% deles viviam fora de Yehudá. No entanto, muitos que estavam em Yerusha-
layim para a festa eram originários de terras estrangeiras e não podiam falar aramaico,
a língua dos judeus que habitavam em Yehudá naquele tempo.
Não há dúvida de que, em sua maioria, os que aceitaram a Yeshua como Mashiach
nesse Shavuot eram judeus de várias nações que agora podiam ouvir as boas novas em
seu próprio idioma nativo. Que os emissários falaram em idiomas estrangeiros existen-
tes, e não em línguas extáticas e desconhecidas, é evidenciado pelo termo διάλεκτος (dia-
lektos), que significa idioma de uma nação ou região (At 2:6, 8; compare com At 21:40;
22:2; 26:14). É evidente, portanto, que eles estavam falando nesses idiomas diferentes. O
milagre era que aqueles simples homens da Galil agora podiam falar idiomas que, até
horas antes, não conheciam. Para os judeus locais que testemunhavam a cena, mas não
estavam familiarizados com tais idiomas, a única explicação possível era que os emis-
sários estavam bêbados, proferindo sons estranhos que não faziam sentido para eles.
"Outros, porém, zombavam deles e diziam: "Eles beberam vinho demais!"." (At 2:13).
Uma manifestação poderosa de D'us estava acontecendo diante de seus olhos e, no en-
tanto, essas pessoas pensaram que era apenas embriaguez. Como podemos ter cuidado
para não ser tão espiritualmente cegos?
3. Compare Atos 2:17 com Joel 2:28. Como Kefa entendeu o tempo do cumprimento
da profecia de Yoel?
A profecia de Yoel tratava da futura era da redenção (Jl 2:32), que seria carac-
terizada por vários sinais no mundo natural e um abundante derramamento do
Espírito (Jl 2:28-31). Ao interpretar o evento desse Shavuot à luz dessa profecia,
Kefa pretendia enfatizar a relevância histórica do momento. Mas há uma diferença
importante na maneira em que ele citou Yoel. Em vez de citar a palavra introdutória
"depois", usada por Yoel (Jl 2:28) e que apontava para um futuro indefinido, Kefa
disse "nos últimos dias" (At 2:17), indicando que o ato final no grande drama da
redenção havia recém-começado. Certamente, essa não é uma descrição completa
dos eventos finais, mas uma evidência do grande senso de urgência que distinguia a
primeira kehilá dos seguidores de Yeshua como Mashiach. Eles não sabiam quando
o fim viria, mas estavam convencidos de que não demoraria muito.
4. Leia Atos 2:22-32. Qual foi o ponto principal na apresentação de Kefa sobre as boas
novas?
Com a morte ao nosso redor, sempre nos ameaçando ou aos nossos entes queridos, por
que a ressurreição de Yeshua é uma mensagem tão importante?
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Quarta 11 de julho | יום רביעיYom Revi'i 28 Tamuz
A exaltação do Mashiach
"A lém disso, ele foi exaltado à direita de D'us e recebeu do Pai a promessa: isto é, o
Ruach Hakodesh, e derramou esse dom, que vocês agora veem e ouvem." (At 2:33).
Na terceira parte do discurso, Kefa voltou à questão das línguas diferentes que, inicial-
mente, havia atraído as pessoas. Em vez de estarem embriagados, o que teria sido estranho
às 9 horas da manhã (At 2:15), os fiéis falavam em línguas porque o Ruach Hakodesh havia
acabado de ser derramado do Céu.
5. Leia Atos 2:33-36. Qual é a relação entre a exaltação do Mashiach, à direita de D'us,
e o derramamento do Ruach Hakodesh?
A direita de D'us é uma posição de autoridade (Sl 110:1-3). O argumento de Kefa, funda-
mentado nas Escrituras, era que Yeshua derramou o Espírito Sagrado sobre Seus seguido-
res porque havia sido elevado a essa posição no Céu. A exaltação não concedeu ao Mashia-
ch um status que Ele não possuía antes (Jo 1:1-3; 17:5). Em vez disso, ela representou o
supremo reconhecimento do Pai de Sua prerrogativa como Senhor e Messias (At 2:36).
Na verdade, esse evento nos leva a um dos temas mais importantes das Escrituras: o
conflito cósmico entre o bem e o mal. A questão é que o Espírito não poderia vir em Sua
plenitude se Yeshua não fosse glorificado (Jo 7:39), e Yeshua não seria glorificado se não
tivesse vencido a morte (Jo 17:4, 5). Em outras palavras, a glorificação do Mashiach era a
condição para a vinda do Espírito Sagrado, pois ela significava a aprovação de D'us do Seu
serviço sacrifical, incluindo a derrota daquele que usurpara o domínio deste mundo (Jo
12:31).
A entrada do pecado no mundo lançara uma sombra sobre o Eterno. A morte do
Mashiach era necessária, não só para redimir o ser humano, mas também para vindicar
o nome de D'us, o Criador, e expor satan, a criatura, como um impostor. No ministério do
Mashiach, a era da Gueulá já estava em vigor (Lc 4:18-21). Ao expulsar espíritos malignos
e perdoar pecados, Ele estava libertando oprimidos pelo adversário. Entretanto, era o Seu
sacrifício que Lhe daria autoridade total para realizar essas coisas. Quando o sacrifício
pessoal do Mashiach foi autenticado no Céu, hasatan levou um golpe decisivo, e o Espírito
Sagrado estava sendo derramado para preparar um povo para a vinda de Yeshua.
As primícias (HaBikurim)
A s palavras de Kefa compungiram o coração dos ouvintes. É possível que entre eles
estivessem alguns que haviam pedido a morte de Yeshua algumas semanas antes (Lc
23:13-25). Mas naquele momento, convencidos de que Yeshua era de fato o Mashiach de-
signado por D'us, eles clamaram, entristecidos: "Irmãos, que devemos fazer?" (At 2:37).
6. Leia Atos 2:38. Quais são os dois requisitos básicos para receber o perdão?
Teshuvá significa mudança radical de direção na vida, afastamento do pecado (At 3:19;
26:20), em vez de simples sentimento de tristeza ou remorso. Junto à emuná, a Teshuvá é
um dom de D'us, mas, como todos os dons, pode ser rejeitada (At 5:31-33; 26:19-21; Rm 2:4).
Desde os dias de Yochanan Hamatvil, o arrependimento era associado à imersão (Tevi-
lá) (Mc 1:4). Ou seja, a Tevilá se tornou uma expressão da Teshuvá, um rito que simboliza
a lavagem dos pecados e a regeneração moral produzida pelo Ruach Hakodesh (At 2:38;
22:16; compare com Tt 3:5-7).
7. Leia Atos 2:38, 39. Qual promessa especial é dada aos que se arrependem e são
imergidos?
Por que a compreensão de que recebemos o perdão dos pecados é tão importante para
quem deseja anunciar as boas novas? Afinal, como podemos oferecer esperança no
Mashiach para os outros, se nós mesmos não a temos?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 21
Sexta 13 de julho | יום שישיYom Shishi 1 Av
Estudo adicional
ROSH CHODESH
14 de julho | שבתShabat 2 Av
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Chag Shavuot
Vamos detalhar nesta lição eventos mencionados de forma rápida na lição anterior. Como
vimos, a narrativa da vida de Yeshua, está fortemente ligada com os moedim estabelecidos
pelo Eterno após o Êxodo. Iniciando com Pessach, passando por Bikurim e o Sefirat HaOmer,
os eventos adjacentes à sua morte estão prefigurados tipologicamente. O próximo moed no
calendário judaico é a entrega da Lei no Sinai, ou o Matan Torá, também conhecido como
Shavuot, que marca o período entre Pessach e Matan Torá.
Na verdade, A Torá não associa explicitamente Shavuot com o Matan Torá, o que aconte-
cerá na tradição judaica posterior. A “Revelação” como também é conhecido o momento do
Pronunciamento Divino sobre o Sinai, é datado em geral como acontecendo em 7 de Sivan
(baraita de Rab Iossi, em b. Shabbat 87b), 51 dias após a saída do Egito.
O momento da entrega da Torá é chamado de Revelação, porque é o momento no qual o
Eterno revela a si mesmo como o D’us da nação, o D’us que os guiaria e o D’us que estaria com
eles. Destes três aspectos, o mais importante é o segundo: D’us como Guia. O próprio nome
“Torá” expressa de forma inequívoca este aspecto primordial: Torá está longe de significar
apenas Lex, no sentido de código de ditames, regras e ordens, O termo advém de yarah, que
é utilizado no sentido de apontar, instruir. Ou seja, o propósito mais intríseco da Torá é justa-
mente guiar o povo para D’us e mostrar o Caminho pelo qual o Eterno dirige Seu povo para si
mesmo.
Ao situar o envio do Ruach Hakodesh, exatamente no momento em que a Torá teria sido
entregue, o Eterno estabelece uma relação de continuidade entre a Kehilá do deserto e a Kehilá
de Yeshua, que lhes prometera que dos céus haveria de ser enviado um melitz (Hebraico para
Parakletos, em Yov 33:23), cujas funções incluiriam também o ensino, a instrução (Yochanan
14:25, 26). Em outras palavras, a narrativa de Maasei Shlichim indica que o modelo de estabe-
lecimento da Kehilá de Yeshua é o modelo da Kehilá do Deserto.
Segundo este modelo, o Eterno ao escolher Israel, toma sobre Si mesmo a responsabilidade
de ensinar seu povo, instruindo em toda o caminho que leva a si mesmo, ou seja o caminho da
redenção. Neste sentido, O Ruach Hakodesh, exerce a mesma função da Torá, não apenas para
a comunidade dos Talmidim de Yeshua, mas universaliza a ação divina.
Outros pontos de contato entre os eventos de Matan Torá e do derramamento do Ruach
HaKodesh sobre os talmidim, tornam ainda mais clara a ideia de continuidade:
1. Fogo. Em Atos (Maasei), enquanto os talmidim estão reunidos línguas de fogo descem
sobre eles, depois de um vento que enche o lugar. Igualmente, em Shemot a descida do Eterno
sobre Har Sinai é acompanhada por fogo, um elemento teofânico.
2. Som. A descrição de Shemot 19 sobre a descida o Eterno diz que havia um Som de Shofar
acompanhando. Semelhantemente, no evento de Atos 2, havia um som de vento impetuoso,
que encheu a casa.
3. Pronunciamento. Em cada caso, os eventos circundantes preparavam o momento para
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 23
Comentário
Lição 2
REFERÊNCIAS LIÇÃO 2
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apostolos, p. 37 (contextualizado)
(2)
Ibid., p. 38, 39 (contextualizado)
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 25
Lição 3 15 a 21 de julho | 3 a 9 Av
A vida na Kehilá
VERSO PARA MEMORIZAR
"De modo contínuo e fiel, e com singeleza de propósito, eles se reuniam no pátio do
templo todos os dias e partiam o pão em várias casas, compartilhando seu alimento
com alegria e simplicidade de coração, louvando a D'us e tendo o respeito de todas
as pessoas." (At 2:46 e 47)
LEITURAS DA SEMANA
At 2:42-46; 3:1-26; 4:1-18, 34, 35; 5:1-11, 34-39
Introdução
O senso de urgência das primeiras congregações não poderia ter sido mais forte. A
resposta de Yeshua à pergunta relativa ao estabelecimento do reino messiânico,
deixando a questão do tempo em aberto (At 1:6-8), podia ser entendida como se tudo
dependesse da vinda do Ruach Hakodesh e da conclusão do trabalho dos shelishim
(emissários). Portanto, quando veio o Shavuot, os primeiros seguidores de Yeshua
pensaram que tudo estava cumprido: eles haviam recebido o Espírito de D´us e com-
partilhado as boas novas com o mundo inteiro. Não que os emissários tivessem deixa-
do Yerushalayim e saído mundo afora, mas o mundo tinha vindo até eles (At 2:5-11).
O que aconteceu a seguir foi o desprendimento dos bens materiais por parte do
povo. Percebendo que o tempo era curto, eles venderam tudo o que tinham e se de-
dicaram ao estudo e o amor entre eles, enquanto continuavam a testemunhar de
Yeshua em Yerushalayim. A vida comunitária que eles desenvolveram, ainda que efi-
caz em ajudar os pobres, logo se tornou um problema, e o Eterno teve que intervir
para manter a comunidade unida. Esse também foi o momento em que eles começa-
ram a enfrentar oposição. No entanto, em meio a tudo isso, sua confiança permane-
ceu inabalável.
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
Ensino e a comunhão
A pós o Shavuot, Lucas muda a narrativa para uma descrição geral da vida da
comunidade em Yerushalayim. "Eles se mantiveram fiéis ao ensino dos emis-
sários, à comunhão, ao partir do pão e às orações." (At 2:42). Os quatro itens acima
podem ser divididos em dois grupos apenas: ensino e comunhão. De acordo com
o verso 46, o ensino era realizado no templo, enquanto a comunhão ocorria nas
casas dos membros.
O pátio do templo era cercado por alpendres cobertos, frequentemente usados
para instrução rabínica. O fato de que os seguidores de Yeshua se dedicavam aos
ensinamentos, mostra que o dom do Ruach Hakodesh não os levou a uma religião
contemplativa, mas a um intenso processo de aprendizagem sob a direção deles,
cujo ensino autoritativo era validado por sinais e prodígios (At 2:43).
A comunhão espiritual era outra marca distintiva da piedade na kehilá. Os fi-
éis estavam constantemente juntos, não só no templo, mas também em suas casas,
onde compartilhavam refeições, celebravam seudat Mashiach e oravam (At 2:42,
46). Com essas celebrações diárias, eles expressavam sua esperança no breve retor-
no do Mashiach, quando a comunhão do Senhor com eles seria restaurada no reino
messiânico (Mt 26:29).
As casas deles desempenharam um papel fundamental na vida da Kehilá. Os
seguidores de Yeshua frequentavam os serviços diários do templo (At 3:1) e, no Sha-
bat, estavam nas sinagogas com seus irmãos judeus (Tg 2:2), mas era nas casas que
se fortaleciam em pequenos grupos.
1. Leia Atos 2:44, 45; 4:34, 35. Qual era um dos aspectos importantes da comunhão
dos seguidores de Yeshua na Kehilá?
Acreditando que o fim estava próximo, eles chegaram à conclusão de que seus
bens materiais, ou "propriedades privadas" (para usar um termo mais atualizado),
já não eram mais tão importantes. O uso comunitário de seus recursos materiais,
portanto, parecia apropriado. Não havia motivo para se preocuparem com o futuro,
já que o próprio Mashiach supriria suas necessidades no mundo vindouro (Lc 22:29,
30). Esse compartilhamento permitiu que eles experimentassem um senso mais pro-
fundo de unidade, além de se tornar um extraordinário exemplo de generosidade.
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Segunda 16 de julho | יום שניYom Sheni 4 Av
E m Atos 3:1, Kefa e Yochanan foram ao templo às 3 horas da tarde, a hora das orações
de minchá. Isso indica o caráter essencialmente judaico da fé da nesse período. Ou
seja, os emissários não iam ao templo apenas para instruir ou fazer novos conversos,
mas porque eram judeus e, como tais, ainda estavam comprometidos com as tradições
religiosas judaicas (At 20:16; 21:17-26). Ali eles realizaram um milagre impressionante
(At 3:1-10), que deu a Kefa a oportunidade de levar outra mensagem.
O surgimento da oposição
3. Leia Atos 4:1-18. Quando perguntaram qual era a autoridade pela qual os shlichim
(emissários) estavam agindo, como Kefa respondeu? Qual mensagem fundamental
nas palavras de Shimon Kefa os líderes consideraram tão ameaçadora?
Pense no desejo de poder e quanto ele é perigoso, em qualquer nível e contexto. Sendo
chamados para sermos servos, por que devemos ter cuidado com a sedução do poder?
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Quarta 18 de julho | יום רביעיYom Revi'i 6 Av
Hananyah e Sappirah
A partilha de bens na Kehilá não era obrigatória; ou seja, não era uma condição formal
para que alguém se tornasse membro. Entretanto, certamente houve vários exemplos
de generosidade voluntária que inspiraram toda a comunidade. Um desses exemplos foi
Bar-Nabba (At 4:36, 37), que mais tarde desempenharia um importante papel no livro de
Atos.
Contudo, também havia exemplos negativos que ameaçavam a unidade da comunida-
de, logo num momento em que os ataques externos haviam acabado de começar.
Embora Lucas não tenha dado todos os detalhes, não há dúvida de que o problema
fundamental de Hananyah e Sappirah não era a tentativa de manter consigo o dinheiro,
mas a prática do engano dentro da comunidade. O pecado deles não foi resultado de um
ato impulsivo, mas de um plano cuidadosamente preparado, uma tentativa deliberada de
"conspirar contra o Espírito do Senhor" (At 5:9). Eles não foram obrigados a vender sua
propriedade e entregar o dinheiro à Kehilá. Portanto, quando se comprometeram a fa-
zê-lo, eles possivelmente estivessem agindo apenas em seu próprio interesse, talvez até
tentando ganhar influência entre os membros da comunidade com o que parecia ser um
ato louvável de tsedacá.
Essa possibilidade ajuda a explicar por que o Eterno os puniu tão severamente. Mesmo
que a vida comunitária resultasse da convicção de que Yeshua estava prestes a vir, um ato
como o de Hananyah e Sappirah em um período tão precoce poderia depreciar a impor-
tância da lealdade a D'us e se tornar uma influência negativa entre os fiéis. O fato de não
haver menção de que Hananyah tivesse recebido a chance de se arrepender, como no caso
de Sappirah (At 5:8), pode ser apenas em razão da brevidade do relato.
O ponto principal é que, durante todo o tempo, eles agiram de maneira pecaminosa,
e o pecado é um assunto sério aos olhos de D'us (Ez 18:20; Rm 6:23), mesmo que Ele nem
sempre o castigue imediatamente. Na verdade, por ser muitas vezes adiado, o castigo deve
constantemente nos lembrar de como o Eterno é longânimo (2Pe 3:9).
Por que devemos cuidar para não exceder os limites da graça (chessed), como esses dois
membros da Kehilá fizeram?
A segunda prisão
S e os shlichim (emissários) podiam ser usados para trazer o juízo de D'us sobre o pecado,
como no caso de Hananyah e Sappirah, eles também poderiam ser usados para trazer a
graça do Eterno aos pecadores. Seu poderoso ministério de cura (At 5:12-16) era uma prova
tangível de que o Espírito Sagrado estava atuando por meio deles. É impressionante que
as pessoas acreditavam que até mesmo a sombra de Shimon Kefa podia curar pessoas. O
paralelo mais próximo nos escritos é o de uma mulher que havia sido curada ao tocar as
vestes de Yeshua (Lc 8:43, 44). Lucas, no entanto, não declara que a sombra de Kefa real-
mente tinha poder de cura, mas que as pessoas pensavam assim. No entanto, mesmo que a
crença popular estivesse envolvida, o Eterno ainda assim concedia a sua graça.
Não obstante, quanto mais os emissários eram cheios do Ruach Hakodesh, e sinais e
prodígios se multiplicavam, mais os líderes religiosos se enchiam de inveja. Isso os levou a
prendê-los uma segunda vez (At 5:17, 18). Foi somente após sua libertação miraculosa (At
5:19-24) e outro discurso ousado de Shimon Kefa, destacando que eles deveriam "obedecer
antes a D'us do que aos homens" (At 5:29), que algumas autoridades começaram a conside-
rar a possibilidade de que influências sobrenaturais poderiam estar em operação.
5. De acordo com Atos 5:34-39, como Gamliel tentou dissuadir o Sanhedrin de tirar a
vida dos shlichim?
O Sanhedrin era controlado pelos saduceus, sendo os parushim (fariseus) uma minoria
influente. Gamliel era um parush e um doutor da Torá. Ele era tão altamente estimado
pelos judeus, que se tornou conhecido como Rabban ("Rabênu - nosso mestre"), em vez de
simplesmente Rabi ("meu mestre"). Shaul foi um de seus discípulos (At 22:3).
Gamliel relembrou outros dois movimentos rebeldes na história recente de Israel, que
também haviam atraído seguidores e causado tumultos. Seus líderes, no entanto, haviam
sido mortos e, seus seguidores, completamente dispersos. A lição que ele extraiu disso foi
que, se o movimento messiânico fosse de origem humana, logo desapareceria. Por outro
lado, se fosse um movimento divino, como afirmavam os shlichim, como poderiam resis-
tir? O conselho de Gamliel prevaleceu. Os shlichim foram açoitados e, mais uma vez, orde-
nados a não falar em nome de Yeshua. Bons conselhos podem muitas vezes ser necessários
e úteis.
Como podemos ser mais abertos a receber conselhos, mesmo quando eles apresentam
o que não queremos ouvir?
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Sexta 20 de julho | יום שישיYom Shishi 8 Av
Estudo adicional
21 de julho | שבתShabat 9 Av
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
A vida na Kehilá
Um dos fatos mais desapercebidos na história messiânica é a sua origem judaica e sua
continuidade dentro do próprio Judaísmo do primeiro século. Muitos seguidores de Yeshua
modernos pensam que sua religião surgiu em um vácuo ou que os primeiros crentes rompe-
ram imediatamente com a religião judaica, passando a ser até mesmos inimigos desta. Nada
mais longe da verdade.
O guia desta semana nos ajuda a perceber na leitura de Atos (maasei shlichim) que os
primeiros talmidim de Yeshua não estavam afastados da maior comunidade do judaísmo do
segundo templo. De fato, o movimento primário e primitivo da seita judaica do caminho esta-
va dentro das expectativas judaicas e dentro do modelo de vida judaico. Não há, no primeiro
momento, rompimento algum, mas reinterpretação do próprio reason d’être do judaísmo a
partir do evento messiânico.
Por isso, os elementos centrais da vida judaica permaneceram válidos na vida da Kehilá.
Instituições como o Templo, a sinagoga, o Shabat, as Festas do calendário, as regras de kashrut
permaneceram totalmente válidas, como nos mostram as páginas de Atos. Mesmo a expectati-
va do retorno do Mashiach por parte dos talmidim de Yeshua, se misturava com a expectativa
da vinda do Mashiach por parte daqueles que não aceitaram Yeshua. Em suma, nada parecia
haver mudado.
Não obstante, no seio da Kehilá algumas transformações estavam ocorrendo. Conforme a
comunidade crescia, a necessidade de recontar a mensagem principal do Maschiach também
aumentava. Com isto, houve a necessidade de se intensificar os estudo do “ensino dos emissá-
rios” (At 2:42). Essa mensagem é primordialmente o ensino (didaché ou Torá) dos talmidim de
Yeshua sobre ele. Também participavam do partir do pão e da comunhão, A primeira imagem
nos remete às Bet Midrash, nas quais a Torá era estudada, demonstrando uma vez mais a
continuidade entre as comunidades das Escrituras. A segunda nos remete ao fortalecimento
dos laços de amizade entre os membros delas. Uma amizade que não se limitava a declarações
vazias de sentimentos, mas se expressava nas ações descritas nos versos 44 em diante.
O partir o pão carrega um simbolismo especial para os judeus. Era o momento no qual a
berachá era pronunciada. Muito próxima da bênção do pão (hamotsi) que ainda usamos hoje
em dia: “Baruch atá Adonai, Elohenu Melech haolam, hamotsi lechem min haaretz. - Bendito
sejas Tu Eterno, Nosso D’us, Rei do Universo, que fazes brotar o pão da Terra.”
O Hamotsi expressa a certeza de que o Eterno é o provedor de todas as nossas necessi-
dades. Seu poder criador se expressa também em fazer brotar da própria terra o sustento de
seus filhos.
Certamente, também, esta comunhão que incluía partir o pão, impediu no início que hou-
vesse famintos no seio da Kehilá e promoveu uma experiência social sem precedentes. Esta
disposição por ajudar estreitou ainda mais os laços entre os irmãos, e fortaleceu a sensação
de que a era messiânica estava às portas de ser inaugurada. Essa sensação foi ainda mais for-
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 33
Comentário
Lição 3
talecida pelos milagres operados pelos talmidim de Yeshua. Esses milagres indicavam que o
Mashiach e seu poder de desfazer os laços de satan acompanhava os talmidim, apontando
para um período de paz.
Um período de paz que não veio. Ao contrário. A natureza não política e espiritual da bes-
sorá, era contrária à perspectiva humana, temporal e política dos cohanim (sacerdotes) e tsa-
dukim (saduceus) no Templo. Seu poder, portanto, era desafiado pelo crescimento da kehilá,
que contava com prushim (fariseus) e cohanim (sacerdotes) que tinham aceito a mensagem.
Além disso, problemas internos também assolavam a kehilá.
Por mais improvável que pareça, a sensação de proximidade do retorno do Mashiach não
foi suficiente para impedir que Hananiyah e Safira agissem com egoísmo, tentando manter
para si o que deveria ser compartilhado. Não deixa de ser interessante comparar o episódio
com os vários vividos por Israel tanto no deserto, quanto já na Terra da Promessa, quando o
povo se afastava de D’us, mesmo estando contemplando a realização das promessas.
A despeito dos problemas e perseguições, a influência dos talmidim de Yeshua foi de tal
forma grande, que atingiu vários dentre o sanhedrin. Dentre os quais Gamliel, mestre do Rabi
Shaul. Gamliel era o grande Mestre da Tora daqueles dias, descendendo diretamente de Hillel.
A tal ponto que existe uma tradição documentada por Clemente, segundo a qual Gamliel se
tornou um talmidim de Yeshua. Esta tradição possivelmente não seja verdadeira, ou ao me-
nos, não existe nenhuma evidência documentada. Ao contrário, parece que Gamliel pelo me-
nos aprovou a birkat minin (acréscimo na Amidá), ou maldição contra os judeus crentes em
Yeshua, por vezes chamados de hereges.(a)
Seja como for, Gamliel apresentou um poderoso discurso quando Yochanan e Shimon Kefa
foram presos, impedindo que fossem mortos e afirmando que aquele novo ensino não deveria
ser combatido, mas deixado sob os cuidados do Eterno, que o faria prosperar ou não. Embora
esse tenha sido um excelente argumento naquele momento, a prosperidade ou não de um
negócio ou princípio de fé não deveria ser tomada como base de sua origem ou determinante
para determinar se provem do Eterno ou não. A métrica de um ensino não é sua capacidade
de convencer multidões, mas sua conformidade com a Palavra do D’us.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 3
(1)
Ellen G. White, Obreiros, p. 156, 157 (contextualizado)
(2)
Ellen G. White, Testemunhos, v. 8, p. 37 (contextualizado)
(3)
Comentário Biblico Adventista, v. 6, p. 1173 (contextualizado)
REFERÊNCIAS COMENTÁRIOS 3
(A)
Translation supplied from Steven T. Katz, "Issues in the Separation of Judaism and Christiani-
ty after 70 C.E.: A Reconsideration", in Journal of Biblical Literature, 103/1, p.64
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Lição 4 22 a 28 de julho | 10 a 16 Av
Os primeiros líderes
VERSO PARA MEMORIZAR
"Assim, a palavra de D'us continuou sendo espalhada. O número de talmidim crescia
rapidamente em Yerushalayim; também um grande número de kohanim tornou-se
obediente à fé." (At 6:7)
LEITURAS DA SEMANA
At 6; 7; 8:4-25; Hb 5 11-14; Mq 6 1-16
Introdução
M uitos que passaram pela micvê naquele Shavuot eram judeus helenistas, isto
é, judeus do mundo greco-romano que agora viviam em Jerusalém (Yerusha-
layim) (At 2:5, 9-11). Embora fossem judeus, eles eram, em muitos aspectos, diferen-
tes dos judeus da Judeia – os "hebreus, judeus de língua hebraica" mencionados em
Atos 6:1. A diferença mais visível era que, como regra, eles não conheciam o ara-
maico, o idioma falado na Judeia naquela época.
Havia também muitas outras diferenças, tanto culturais quanto religiosas. Por
terem nascido em terras estrangeiras, eles não tinham raízes nas tradições judaicas
dos hebreus, ou pelo menos suas raízes não eram tão profundas quanto às deles.
Presumivelmente, não estavam tão ligados às cerimônias do templo e aos aspectos
da Torá aplicáveis apenas à terra de Israel.
Além disso, por terem passado a maior parte da vida em um contexto greco-ro-
mano e vivido em contato com goyim, eles naturalmente estavam mais dispostos a
compreender o caráter inclusivo da mensagem do Mashiach. Na verdade, D'us usou
muitos judeus helenistas para cumprir a ordem de testemunhar ao mundo inteiro.
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
"A causa da queixa foi a negligência que se alegava na distribuição diária de auxílio às viú-
vas gregas. Qualquer desigualdade seria contrária ao espírito das boas novas; contudo,
Satan conseguira despertar a suspeita. Medidas imediatas deveriam ser tomadas para remo-
ver todo motivo de descontentamento e evitar que o inimigo triunfasse em seus esforços de
disseminar divisão entre os crentes" (1).
A solução proposta pelos shlichim foi que os judeus crentes helenistas escolhessem sete
homens para "servir [διακονεῖν diakonein] às mesas" (At 6:2), enquanto os shlichim dedica-
riam seu tempo à oração e ao "ministério [διακονίᾳ - diakonia] da palavra" (At 6:4). Uma vez
que διακονεῖν e διακονίᾳ pertencem ao mesmo grupo de palavras, a única diferença real está
entre os termos "mesas", em Atos 6:2, e "palavra", em Atos 6:4. Isso, juntamente com o adjetivo
"diária" (At 6:1), parece apontar para os dois principais elementos do cotidiano da Kehilá: o
ensino ("da palavra") e a comunhão ("às mesas"), sendo que esta última consistia na refeição
comunitária, na Seudat Mashiach e nas tefilot (At 2:42, 46; 5:42).
Isto é, como depositários autoritativos dos ensinamentos de Yeshua, os shlichim se ocupa-
riam principalmente do ensino dos princípios de fé e também da tefilá, enquanto os sete se
encarregariam das atividades de comunhão nas diversas congregações localizadas nas casas.
Seus deveres, no entanto, não se limitavam aos dos shamashim. Os sete foram os primeiros lí-
deres congregacionais da kehilá.
2. Leia Atos 6:2-6. Como os sete foram escolhidos e comissionados para o serviço?
Os candidatos deviam ser distinguidos por qualidades morais, espirituais e práticas: de-
viam ter uma reputação honrosa e ser cheios do Espírito e de sabedoria. Com a aprovação da
comunidade, os sete foram selecionados e então deram smichá mediante oração e imposição
de mãos. O rito parece indicar o reconhecimento público e a concessão de autoridade para que
eles trabalhassem junto às várias congregações.
É fácil semear dissensão entre os fiéis. Como podemos manter a paz e nos concentrar
no propósito?
JEJUM DE 9AV
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Segunda 23 de julho | יום שניYom Sheni 11 Av
O trabalho de Estêvão
A pós a sua nomeação, os sete se dedicaram não apenas ao trabalho da kehilá, mas
também ao testemunho eficaz. O resultado foi que as boas novas sobre o Mashiach
continuaram a se espalhar, e o número de crentes em Yeshua continuou aumentando (At
6:7). Esse crescimento trouxe oposição à kehilá. A narrativa de Atos então se concentra
em Estêvão, um homem de rara "estatura" espiritual.
3. O que Atos 6:8-15 ensina sobre a emuná e o caráter de Estêvão? Além disso, qual
foi sua mensagem, que tanto enfureceu seus adversários?
Por que devemos ter cuidado para não nos fecharmos tanto em algumas noções acalen-
tadas, de maneira que rejeitemos uma nova luz?
Perante o Sanhedrin
4. Leia Atos 7:1-53. O que Estêvão disse aos seus acusadores? Quais lições podemos
aprender com suas palavras?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 39
Quarta 25 de julho | יום רביעיYom Revi'i 13 Av
"No momento em que Estêvão chegou a esse ponto de seu discurso, houve um tumulto
entre o povo. Quando ele estabeleceu uma conexão entre o Mashiach e as profecias e falou
a respeito do templo, o cohen, fingindo-se horrorizado, rasgou as vestes. Para Estêvão,
esse ato foi um sinal de que sua voz logo seria silenciada para sempre. Viu a resistência
que suas palavras encontraram e compreendeu que estava apresentando seu último teste-
munho. Embora ainda estivesse no meio de sua mensagem, concluiu-a abruptamente" (2).
Enquanto Estêvão estava diante dos líderes executando a ação jurídica do Eterno con-
tra eles, o Mashiach estava em pé no tribunal do Céu, isto é, no santuário celestial (mikdash
do Céu), ao lado do Pai – uma indicação de que o juízo na Terra era apenas uma expressão
do verdadeiro juízo que ocorreria no Céu. D'us julgaria os falsos mestres e líderes. Isso
explica por que o chamado ao arrependimento, comum nos discursos anteriores (At 2:38;
3:19; 5:31), não está presente aqui. A teocracia de Israel estava chegando ao fim, o que
significa que a redenção não mais seria mediada exclusivamente pela nação judaica (Gn
12:3; 18:18; 22:18), mas também por meio dos seguidores do Mashiach, judeus e goyim, que
deveriam sair de Yerushalayim e levar a mensagem ao mundo (At 1:8).
O apedrejamento era a pena por blasfêmia (Lv 24:14), embora não esteja claro se Es-
têvão foi condenado à morte ou simplesmente linchado por fanáticos. Conforme apontam
os registros bíblicos, ele foi o primeiro seguidor de Yeshua morto por crer que ele era
o Mashiach. O fato de que as testemunhas colocaram as vestes aos pés de Shaul sugere
que ele era o líder dos adversários de Estêvão; porém, quando Estêvão orou por seus exe-
cutores, também o fez por Shaul. Somente alguém com um caráter superior e confiança
inabalável poderia fazer isso – uma manifestação poderosa de sua emuná e da realidade
do Mashiach em sua vida.
Os samaritanos eram em parte judeus, até mesmo do ponto de vista religioso. Eles
eram monoteístas que aceitavam os primeiros cinco livros de Moshe (a Torá), praticavam
a brit Milá e aguardavam o Mashiach. Para a maioria dos judeus, no entanto, a religião dos
samaritanos estava corrompida, o que significa que os samaritanos não tinham nenhuma
participação nas bênçãos da aliança de Israel.
A inesperada conversão de samaritanos surpreendeu a kehilá em Yerushalayim, de
maneira que os shlichim enviaram Kefa e Yochanan para avaliar a situação. O fato de
D'us ter retido Seu Espírito até a chegada dos shlichim (At 8:14-17) tinha provavelmente
o objetivo de convencê-los de que os samaritanos deveriam ser plenamente aceitos como
membros da comunidade (veja At 11:1-18).
As coisas, no entanto, não pararam por aí. Em Atos 8:26-39, temos a história de Filipe
e o etíope, um eunuco que, depois de um estudo bíblico, pediu para ser imerso. "Ambos
desceram à água, e Filipe o imergiu" (At 8:38).
Primeiro os samaritanos e em seguida o etíope – um estrangeiro que viera a Yerusha-
layim para adorar e agora estava a caminho de casa. A Bessorá estava atravessando as
fronteiras de Israel e chegando ao mundo, conforme predito. Tudo isso, porém, era apenas
o começo, visto que esses judeus percorreriam o mundo então conhecido e pregariam as
boas-novas da morte de Yeshua, que pagou a penalidade por seus pecados, oferecendo a
todos, em todos os lugares, a esperança de libertação.
Kefa disse a Shimon que ele estava "cheio de amargura e preso pelo pecado" (At 8:23).
Qual foi a solução para o problema dele e para quem quer que esteja em situação se-
melhante?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 41
Sexta 27 de julho | יום שישיYom Shishi 15 Av
Estudo adicional
28 de julho | שבתShabat 16 Av
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Os primeiros líderes
O guia desta semana discute extensamente as relações entre judaísmo helenista e judaís-
mo hebreu, no contexto da a organização da Kehilá. Seriam realmente tão diferentes as duas
formas de judaísmo mencionadas? Uma rápida análise de ambas nos mostram que sim.
O judaísmo helenista é um fenômeno que antedata a Era Comum. O Helenismo
em si surge com Alexandre o Grande e seu ímpeto de expansão dos ideiais e da
cultura grega por todo o mundo. Esse ideal não morre com Alexandre, mas pros-
segue com o reino dividido. A Judeia, sob domínio ptolomaico e depois selêucida,
recebeu forte influência helenística em vários aspectos da vida e do pensamento.
As noções de mundo, existência, religião, vida cotidiana e seu pensamento sobre
D’us foram revistas, repensadas, revisitadas e remodeladas pelo contato com o
helenismo.
As relações com as tradições judaicas e com a vida judaica em geral também
sofreram modificações com este contato. Até a circuncisão chegou a ser desfeita
para que os jovens pudessem participar de jogos olímpicos, o ideal do potencial
humano.
É deste millieu que surge, por exemplo, Fílon, filósofo judeu, nascido em Ale-
xandria, que procura relacionar o pensamento judaico com a filosofia Aristotélica
ou neo-platonista. O helenismo influencia o historiador Flávio Josefo, que descre-
ve a religião judaica com expressões filosóficas gregas. Mesmo nas páginas da Brit
Hadashá, podemos encontrar evidências de influências helenísticas em vários dos
eventos registrados.
No outro espectro, temos o judaísmo hebreu, que é a continuidade da religião
hebraica, fortemente enraizada na Torá e nas tradições dos pais. Este judaísmo,
baseado na ideia de uma nação separada, não quer se identificar com o helenis-
mo, sendo no máximo tolerante com este. É um modelo de judaísmo autocentra-
do, tanto positiva quanto negativamente. Positivamente, o judaísmo hebreu não
permite que influências externas desfigurem a sua identidade religiosa e étnica,
mas negativamente este autocentrismo impede um olhar favorável para o mundo
circundante.
Como parte do judaísmo do período, o partido de Yeshua não seria imune a
esta divisão entre Atenas e Yerushalayim. E os eventos estudados nesta semana
mostram de forma muito clara o impacto que esta divisão teve sobre os talmidim
de Yeshua, organização e sobretudo sobre seu objetivo.
Organizacionalmente, o evento da discussão sobre a distribuição de auxílios,
demonstra que algumas áreas da kehilá não estavam felizes com a liderança do
grupo de Yerushalayim, alegando que eles desprezavam os helenistas (At 6:2). Este
mesmo evento acaba por impactar os shlichim (emissários), uma vez que eles mes-
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 43
Comentário
Lição 4
mos são acusados de não respeitar o direito das viúvas dos judeus helenistas. O
texto não dá detalhes de como possivelmente este desprezo ou privilégio dos de
Yerushalayim se dava. A julgar pelas fontes judaicas, e considerando que ainda
havia na mente dos talmidim a ideia de uma soberania étnica, como vamos en-
contrar em Atos 10 e Gálatas 1. No judaísmo de Yerushalalayim, os judeus de fala
grega (helenistas) eram desprezados, ao ponto que é dito no b. Sota, 40.1:
שלא ילמד אדם את בנו יונית
“Que nenhum Homem ensine Grego a seus filhos.”
Mesmo havendo recebido o dom do Ruach Hakodesh, a convivência com os
novos conversos, não judeus, parece haver sido um problema para a mentalidade
marcadamente exclusivista dos primeiros talmidim. É apenas a partir da experi-
ência de Kefa e do trabalho de Shaul, que a universalidade da salvação é compre-
endida e aceita.
Por outro lado, a discussão serviu ao bom propósito de forçar os shlichim a
estabelecerem auxiliares. O mesmo aconteceu com Moshê Rabênu. E, em ambos
os casos, a lição é a mesma: D’us capacita líderes que precisam capacitar líderes!
Moshê precisava de auxílio administrativo e humano, assim como os shlichim pre-
cisaram de auxílio humano. Outra importante lição é que não se deve impor sobre
um grupo uma liderança que não lhe seja empática. Os sete que foram escolhidos,
por fazerem parte do mesmo grupo de judeus helenistas, forma mais bem aceitos
do que se houvesse sido escolhido um grupo de judeus de língua hebraica para o
serviço.
Historicamente, a descrição do problema entre os helenistas e hebreus serve
ao propósito de destacar como o Ruach direcionou a Kehilá nos detalhes adminis-
trativos, e como esta Kehilá estava disposta a aceitar esta guia.
Literariamente, entretanto, o texto visa introduzir Estevão, que por sua vez irá
levar ao ciclo do Rabi Shaul (escolher líderes, levar a mensagem à cidades estra-
tégicas e consolidar comunidades). Estevão era um dos sete escolhidos, em função
da discussão sobre os auxílios, e fazia parte da sinagoga dos livres, uma sinagoga
de judeus helenistas.
Estevão falou em várias cidades levando o conhecimento de Yeshua, entre os
helenistas. Ele foi acusado de falar contra o Templo e contra Moshê, muito embora
não haja qualquer substancia nesta acusação. Aliás, o capítulo 6 de Atos explici-
tamente declara que esta acusação adivinha de falsas testemunhas. O discurso de
defesa de Estevão tampouco pode ser utilizado para justificar qualquer acusação
contra o Templo. Não é verdade que a referência a feitura por mãos do Templo
seja uma referência a idolatria do Templo, porque esta mesma expressão é utiliza-
da por Shlomo HaMelekh (o Rei Salomão), em 1Reis 8:27, em referência ao Templo
que imediatamente depois seria cheio de fumaça, indicando a presença o Eterno.
O discurso de Estevão, ao contrário, segue na mesma linha dos discursos pro-
féticos, com um embasamento histórico, que relembra a Israel sua origem e cada
ato divino em seu favor, bem como a maneira como o próprio Israel se afastava de
REFERÊNCIAS LIÇÃO 4
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 88 (contextualizado)
(2)
Ibid., p. 100 (contextualizado)
(3)
Ibid., p. 105 (contextualizado)
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 45
Lição 5 29 de julho a 5 de agosto | 17 a 23 Av
LEITURAS DA SEMANA
At 9:1-30; 26:9-11; Dt 21:23; 1Co 9:1; Gl 1:1
Introdução
A aceitação de Yeshua como Mashiach por Rabi Shaul foi um dos acontecimentos mais
extraordinários da história da kehilá. A importância de Shaul, no entanto, vai muito
além de sua própria escolha, pois ele certamente não foi o único perseguidor a se tornar
um genuíno seguidor de Yeshua. A questão, em vez disso, diz respeito ao que ele acabou
fazendo em prol da mensagem da bessorá. Shaul tinha sido um incorrigível adversário dos
seguidores do Mashiach, e o mal que ele poderia ter feito à kehilá era enorme. Ele tinha
determinação e apoio oficial para destruir a comunidade. No entanto, respondeu fielmente
ao chamado do Eterno na estrada para Damasco e se tornou um grande emissário. "Dentre
os perseguidores mais cruéis e implacáveis da kehilá, surgiu o mais hábil defensor e mais
bem-sucedido arauto das boas novas" (1).
As ações anteriores de Shaul, ao perseguir a kehilá, sempre lhe trariam um profundo
senso de indignidade, embora ele pudesse dizer com um sentimento de gratidão ainda mais
profundo que a chessed (graça) de Hashem não lhe havia sido em vão. Com a mudança de
Shaul, a comunidade dos crentes em Yeshua como Mashiach mudou para sempre.
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
Perseguindo a kehilá
R abi Shaul era um judeu helenista. Ele nascera em Tarso, a capital da Cilícia (At 21:39).
Contudo, até certo ponto, desviava-se do estereótipo helenista, pois foi levado a
Yerushalayim, onde estudou sob a orientação de Rabi Gamliel (At 22:3), o rabban mais
influente da época. Como parush (fariseu), Rabi Shaul era extremamente zeloso (Gl 1:14).
Por essa razão, aprovou a morte de Estêvão e se tornou a figura fundamental na perse-
guição que se seguiu.
1. De acordo com Atos 26:9-11, como Shaul descreve suas ações contra a kehilá?
Shaul afirma em outra passagem que a bessorá era uma pedra de tropeço para os
judeus (1Co 1:23). Além do fato de que Yeshua não se encaixava na tradicional expectati-
va judaica dominante de um Messias soberano (Mashiach Ben David), eles não podiam,
de nenhuma maneira, aceitar a ideia de que Aquele que morrera em um madeiro pudes-
se ser o Mashiach prometido, pois as Escrituras declaram que quem é pendurado em
madeiro está sob a maldição divina (Dt 21:23). Para os judeus, portanto, a execução no
madeiro era em si mesma uma contradição grotesca, a prova mais clara de que as afir-
mações sobre Yeshua eram falsas.
Lucas, em Atos 9:1, 2, descreve Shaul agindo contra os crentes no Mashiach. Damasco
era uma cidade importante que ficava a cerca de 217 quilômetros ao norte de Yerusha-
layim, e possuía uma grande população judaica. Os judeus que viviam fora da Judeia
eram organizados em uma espécie de rede, cuja sede estava em Yerushalayim (o Sanhe-
drin). As sinagogas funcionavam como centros de apoio para as comunidades locais.
Havia constante comunicação entre o Sanhedrin e essas comunidades por meio de cartas
normalmente levadas por um shaliach, "emissário" (do hebraico שלחshalach, "enviar").
Um shaliach também era um agente oficial nomeado pelo Sanhedrin para realizar várias
funções religiosas.
Quando Shaul pediu ao Cohen gadol, o presidente do Sanhedrin, que lhe desse cartas
dirigidas às sinagogas em Damasco, ele se tornou um shaliach, com autoridade para
prender os seguidores de Yeshua e trazê-los para Yerushalayim (compare com At 26:12).
Em grego, o equivalente a shaliach é Απόστολοι Apóstoloi, do qual deriva a palavra
"apóstolo". Portanto, antes de ser um shaliach (apóstolo) de Yeshua HaMashiach, Shaul já
era um shaliach (apóstolo) do Sanhedrin.
Você já foi zeloso por (ou contra) algo e depois mudou de ideia? Quais lições você apren-
deu com essa experiência?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 47
Segunda 30 de julho | יום שניYom Sheni 18 Av
Na estrada de Damasco
2. Leia Atos 9:3-9. O que aconteceu quando Shaul estava se aproximando de Damas-
co? Qual é o significado das palavras de Yeshua em Atos 9:5 (veja também At 26:14)?
Por que é sábio dar atenção à sua consciência? Sem a direção do Ruach Hakodesh, a
consciência seria um guia seguro?
A visita de Hananyah
Q uando percebeu que estava falando com o próprio Yeshua, Shaul fez a pergunta
que daria ao Mashiach a oportunidade que ele estava esperando: "Que devo fazer,
Senhor?" (At 22:10). A pergunta indica contrição por causa de suas ações até aquele mo-
mento; porém, mais importante, ela expressa uma disposição incondicional de que o
Mashiach guiasse sua vida a partir daquele momento. Levado a Damasco (Dammesek),
Shaul deveria aguardar instruções adicionais.
Em Atos 9:10-19, a Bíblia revela como o Eterno atuara para preparar Shaul para sua
nova vida como o shaliach do Mashiach. Em uma visão, Yeshua incumbiu Hananyah
de visitar Rabi Shaul e colocar as mãos sobre ele para que sua visão fosse restaurada.
Hananyah, no entanto, já sabia quem era Shaul, como também sabia quantos já haviam
sofrido e até perdido a vida por causa dele. De igual maneira, ele entendia muito bem
por que Shaul estava em Damasco e, com certeza, não queria se tornar sua primeira
vítima ali. A hesitação de Hananyah é perfeitamente compreensível.
Hananyah, entretanto, não sabia que Shaul acabara de ter um encontro pessoal
com Yeshua, o que mudaria sua vida para sempre. Ele não sabia que, em vez de conti-
nuar trabalhando para o Sanhedrin, Shaul – para o espanto de Hananyah – havia sido
recém-chamado pelo Mashiach para trabalhar para Ele. Isso significava que Shaul era
agora um instrumento escolhido pelo Mashiach para levar as boas novas do Messias a
judeus e também aos goyim.
3. De acordo com Gálatas 1:1, 11, 12, qual reivindicação especial Shaul fez em relação
ao seu serviço como shaliach de Yeshua HaMashiach?
Em Gálatas, Shaul insistiu em dizer que havia recebido sua mensagem e seu chama-
do como shaliach diretamente do Mashiach, não de nenhuma fonte humana. Isso não
contradiz necessariamente a função desempenhada por Hananyah em seu chamado.
Ao visitá-lo, Hananyah apenas confirmou a comissão que Shaul já recebera do próprio
Yeshua na estrada de Damasco.
Na verdade, a mudança na vida de Shaul foi tão dramática que nenhuma causa hu-
mana lhe pode ser atribuída. Somente a intervenção divina pode explicar como o mais
obstinado adversário de Yeshua pudesse, de repente, aceitá-Lo como Goel (redentor)
e Adon (Senhor), abandonar tudo – convicções, reputação e carreira – e se tornar Seu
shaliach mais dedicado e produtivo.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 49
Quarta 1 de agosto | יום רביעיYom Revi'i 20 Av
4. Leia Atos 9:20-25. Como Lucas descreve o trabalho de Shaul em Damasco? Ele teve
sucesso?
Quando Shaul partiu de Yerushalayim com as cartas do Cohen Gadol, seu alvo inicial
era os judeus messiânicos que provavelmente tinham se refugiado nas sinagogas de Da-
masco (At 9:2). Então, depois de retornar da Arábia, ele finalmente chegou às sinagogas,
porém, não para prender os crentes no Mashiach, mas para aumentar seu número; não
para difamar Yeshua como um impostor, mas para apresentá-Lo como o Mashiach de Isra-
el. O que será que deve ter se passado na mente daqueles que, tendo ouvido falar de Rabi
Shaul apenas como um dos seus perseguidores, agora o ouviam testemunhar do Mashia-
ch? O que eles poderiam fazer, a não ser ficar maravilhados com o que Shaul se tornara e
com o que ele estava fazendo pela kehilá? (Provavelmente eles não faziam ideia da influ-
ência que esse novo crente em Yeshua, afinal, viria a ter.)
Sendo incapazes de contradizer Rabi Shaul, alguns de seus oponentes conspiraram
para lhe tirar a vida. O relato de Shaul sobre esse episódio (2Co 11:32, 33) sugere que seus
adversários o denunciaram às autoridades locais para alcançarem seu objetivo. No entan-
to, com a ajuda dos fiéis, Shaul conseguiu escapar em um cesto, possivelmente através da
janela de uma casa construída no muro da cidade.
Shaul sabia, desde o início, que enfrentaria desafios (At 9:16). Oposição, perseguição
e sofrimento de diversas fontes seriam frequentes em seu trabalho, mas nada abalaria a
sua emuná nem o seu senso de dever, apesar das dificuldades e provações que enfrentaria
praticamente a cada passo de sua nova vida no Mashiach (2Co 4:8, 9).
Apesar das lutas e da oposição, Shaul não desistiu. Como podemos fazer o mesmo quan-
do se trata da emuná, isto é, como perseverar em meio ao desânimo e oposição?
Retorno a Yerushalayim
T endo fugido de Damasco (Dammesek), Shaul voltou para Yerushalayim pela primeira
vez desde que havia partido como um perseguidor. Isso aconteceu três anos após seu
encontro com o Mashiach (Gl 1:18). Não foi um retorno fácil, pois ele enfrentou problemas
tanto dentro quanto fora da Kehilá.
5. Leia Atos 9:26-30. O que aconteceu com Shaul quando ele chegou a Yerushalayim?
Em Yerushalayim, Shaul tentou se juntar aos shelishim. Embora, naquela época, ele já
fosse crente no Mashiach há três anos, a notícia de sua mudança parecia tão inacreditável
que os shelishim, como Hananyah antes deles, estavam bastante céticos. Eles temiam que
isso fizesse parte de uma conspiração cuidadosamente elaborada. Bar-Nabba, um levi de
Chipre (At 4:36, 37), portanto, um judeu helenista, abrandou a resistência dos shelishim
e lhes apresentou Rabi Shaul. Eles também devem ter ficado maravilhados com o que o
Eterno fizera a Shaul, uma vez que perceberam que ele realmente cria que Yeshua era o
Mashiach.
Essa resistência, no entanto, nunca desapareceria inteiramente – se não por causa das
ações passadas de Shaul em perseguir a kehilá, então, pelo menos por causa das boas no-
vas que ele pregava. Como no caso de Estêvão, os judeus da Judeia, incluindo os shelishim,
demoraram muito para compreender o alcance universal da confiança em Yeshua – uma
confiança que não se baseava mais nos sacrifícios do Templo, que haviam sido cumpridos
com a morte de Yeshua no madeiro. As relações mais próximas de Shaul dentro da kehilá
na Judeia sempre foram com os judeus helenistas: além do próprio Bar-Nabba, seu círculo
de amigos incluía Filipe, um dos sete (At 21: 8), e Mnasom, também de Chipre (At 21:16).
Muitos anos depois, os líderes da kehilá ainda acusariam Shaul de levar basicamente a
mesma mensagem que Estêvão havia levado anteriormente (At 21:21).
Durante os quinze dias em que ficou em Yerushalayim (Gl 1:18), parece que Shaul de-
cidiu compartilhar as boas novas com os mesmos judeus que ele havia instigado contra
Estêvão algum tempo antes. Assim como ocorrera com Estêvão, no entanto, seus esfor-
ços encontraram forte oposição, representando uma ameaça à sua vida. Em uma visão,
o Mashiach lhe disse para deixar Yerushalayim para sua própria segurança (At 22:17-21).
Com a ajuda de achim (irmãos), ele foi até o porto da cidade de Cesareia e, de lá, seguiu
para sua cidade natal na Cilícia, onde ficou por vários anos antes de iniciar suas viagens
como shaliach.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 51
Sexta 3 de agosto | יום שישיYom Shishi 22 Av
Estudo adicional
"U m general que tomba em combate está perdido para seu exército, mas sua morte
não acrescenta força ao inimigo. Mas quando um homem preeminente se une às
forças opositoras, não apenas se perdem seus serviços como ganham clara vantagem aque-
les com quem ele se une. Shaul, em caminho para Dammesk (Damasco), podia facilmente
ter sido morto pelo Eterno, e muita força se teria retirado do poder perseguidor. Mas o
Eterno, em Sua providência, não apenas preservou a vida de Shaul, mas levou-lhe ao retor-
no, transferindo assim um campeão do campo do adversário para o lado do Mashiach" (4).
"Yeshua ordenou aos seus talmidim que fossem e ensinassem a todas as nações. Porém, os
ensinamentos anteriores que eles haviam recebido dificultavam sua compreensão com-
pleta das palavras do Rebbe e, portanto, eles demoraram para agir de acordo com esses
ensinamentos. Os talmidim se chamavam de filhos de Avraham e se consideravam herdei-
ros da promessa divina. Somente depois de vários anos, após a ascensão do Mashiach, a
mente deles foi suficientemente expandida para que entendessem [...] a intenção das pala-
vras de Yeshua, de que deveriam trabalhar pela conversão dos goyim e também aceitação
de Yeshua pelos judeus" (5).
4 de agosto | שבתShabat 23 Av
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 53
Comentário
Lição 5
seja, o mesmo desejo de morte que havia em seu coração no contexto de Estevão,
ainda existe e agora direcionado à comunidade geral. Shaul pede ao Cohen Gadol
cartas que lhe autorizem perseguir a Kehilá.
Seu ímpeto de destruição é parado pelo própria Yeshua no caminho de Damme-
sek (Damasco). Os seus companheiro escutam um ruído mas não as palavras, em
um paralelo interessante com o que está registrado em Bamidbar Raba, 163.1:
יכול לא היו שומעין את הדבר אבל היו שומעין את הקול
Talvez não tenha escutado as palavras, mas eles tenham escutado o som, ou a
voz.
O texto não nega que um som foi escutado, mas afirma que nada foi compreen-
dido. A cegueira com que Shaul é acometido indica também a falta de compreensão
do próprio Shaul, antes de sua Teshuvá. O encontro com o Mashiach o transformou
em um homem que agora poderia compreender. É o cumprimento de Isaías 6 na
vida do próprio Shaul. Ele reconhece sua completa fala de dignidade, mesmo em
face de sua história, sendo de família nobre, parush, talmid de Gamliel e grande
esperança da comunidade judaica daqueles tempos.
Quem perseguia passou a apoiar e, não apenas isso, ele queria levar a mensa-
gem para além das fronteiras judaicas, algo que os próprios talmidim de Yeshua
demoraram a entender.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 5
(1)
Ellen G. White, Paulo, p. 9 (contextualizado)
(2)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 112, 113 (contextualizado)
(3)
Ibid., p. 125 (contextualizado)
(4)
Ibid., p. 124 (contextualizado)
(5)
Ellen G. White, Paulo, p. 38 (contextualizado)
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 55
Lição 6 5 a 11 de agosto | 24 a 30 Av
LEITURAS DA SEMANA
At 9:32-43; 10:9-16; 11:1-26; 12:1-18; Ef 2:11-19
Introdução
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
PARASHÁ 47 ראהREE [Vejam]: Dt 11.26 - 16.17
HAFTARÁ: Is 54.11 - 55.5
BRIT HADASHÁ: 1Co 5:9-13; 1 1Jo 4:1-6
TEHILIM: Sl 97
Em Lida e Yafo
K efa estava visitando as comunidades ao longo da região costeira da Judeia. Seu pro-
pósito provavelmente era lhes dar instrução dos princípios de fé (At 2:42), mas D'us
o usou poderosamente para fazer milagres semelhantes aos que foram realizados pelo
próprio Yeshua.
1. Leia Atos 9:32-35. Que semelhanças você vê entre o milagre de Yeshua em Lucas
5:17-26 e a cura de Eneias?
2. Leia Atos 9:36-43. Por que Tavita era uma mulher tão especial?
"Tavita" – palavra aramaica para "gazela"; (em grego, Dorcas) – era uma fiel muito que-
rida em sua vizinhança por causa de suas ações de tsedacá. A história de sua ressurreição
também se assemelha a um milagre realizado por Yeshua, a ressurreição da filha de Yair
(Lc 8:41, 42, 49-56), a qual Kefa testemunhara. Seguindo o exemplo do Mashiach, ele pediu
a todos que saíssem da sala (veja Mc 5:40). Então, prostrou-se e orou. Depois disso, chamou:
"Tavita, levante-se" (At 9:40).
Os shlishim realizaram muitos milagres; entretanto, essas foram ações do Eterno pelas
mãos deles (At 5:12). As semelhanças com os milagres de Yeshua talvez fossem para lem-
brar a kehilá, inclusive a nós hoje, que o mais importante não é o instrumento, mas a me-
dida de entrega desse instrumento ao Eterno (veja Jo 14:12). Quando permitimos comple-
tamente que D'us nos use em prol da causa da mensagem Dele, coisas maravilhosas podem
acontecer. Kefa não apenas ressuscitou Tavita, mas o milagre também levou a muitas con-
versões em Yafo (At 9:42).
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 57
Segunda 6 de agosto | יום שניYom Sheni 25 Av
Na casa de Cornélio
3. Leia Atos 10:9-16, 28, 34, 35. Que experiência Kefa viveu e como ele a interpretou?
É importante saber que a visão de Kefa não foi sobre kashrut, mas sobre pesso-
as. Era perto do meio-dia, Kefa certamente estava com fome, e a voz lhe dizia para
matar e comer. Entretanto, o Eterno usou a visão não para remover a distinção
entre animais puros e imundos, mas para ensinar ao shaliach o caráter inclusivo
da mensagem.
O propósito explícito da visão era quebrar a resistência de Kefa contra os goyim.
Kefa pensava que, se entrasse na casa de Cornélio e se associasse com ele, seria con-
taminado e, portanto, não poderia adorar no templo nem comparecer à presença
do Eterno. Os judeus do 1º século, sobretudo os que viviam na Judeia e nas áreas
próximas, normalmente não se associavam com goyim incircuncisos.
O problema estava com a teologia judaica contemporânea, que excluía os goyim
do povo de Israel, embora isso representasse uma perversão do propósito da exis-
tência de Israel como nação, que era levar ao mundo o conhecimento do D'us ver-
dadeiro.
Visto que a brit milá era o sinal da aliança com Avraham, goyim incircuncisos
passaram a ser segregados e tratados com desprezo. Eles não podiam ter nenhu-
ma parte nas bênçãos da aliança, a menos que aceitassem a brit milá e se tornassem
judeus. Esse conceito, porém, era incompatível com o alcance universal da morte do
Mashiach, conforme eles estavam, aos poucos, começando a entender.
Leia Tito 2:11, Gálatas 3:26-28 e Efésios 2:11-19. O que esses textos nos ensinam sobre a
universalidade da mensagem da bessorá? Seria errado, como crentes, nutrir preconcei-
tos contra algum grupo com base em sua etnia?
A tos 10:44-48 revela um momento crítico na história da kehilá. Era a primeira vez
que um dos talmidim levava a mensagem da bessorá a goyim incircuncisos. Ao
contrário dos judeus helenistas, os talmidim e outros fiéis da Judeia não estavam pron-
tos para receber goyim na comunidade. Como Yeshua era o Messias de Israel, eles pen-
savam que a bessorá deveria ser compartilhada apenas com judeus de perto e de longe.
Os goyim primeiramente deveriam se converter ao judaísmo para então serem aceitos
na comunidade de fé. Em outras palavras, antes que se tornassem crentes, os goyim
deveriam, primeiro, se tornar judeus. Esse pensamento precisava ser mudado.
O dom de línguas diferentes dado a Cornélio e à sua família foi acrescentado como
sinal claro e observável de que esse conceito estava equivocado, de que O Eterno não
tem favoritos e que, em termos de redenção, todos estão em pé de igualdade diante
Dele.
O preconceito judaico em relação aos goyim, estabelecido havia muito tempo, levou
os crentes em Yerushalayim a criticar Kefa por ele ter comido com incircuncisos. Pare-
ce que eles estavam mais preocupados com o zelo religioso do que com a redenção de
Cornélio e sua família. Eles temiam que, se a kehilá rompesse com algumas práticas,
isso representaria uma negação da fé de Israel; eles perderiam o favor do Eterno e se
tornariam sujeitos às mesmas acusações – da parte dos demais judeus – que levaram
Estêvão à morte.
"Era chegado o tempo para ser introduzida pela comunidade do Messias uma fase
de trabalho inteiramente nova. A porta que muitos dos judeus conversos haviam fecha-
do aos goyim devia agora ser aberta completamente. E os goyim que aceitassem as boas
novas do Eterno deveriam ser considerados em condição de igualdade com os judeus,
sem a necessidade de observar o rito da brit milá" (1).
Como havia ocorrido em Shavuot, os goyim também falaram em idiomas anterior-
mente desconhecidos para eles, não em línguas extáticas nem celestiais. Apenas o pro-
pósito era diferente: enquanto para os talmidim o dom visara o propósito mundial
da kehilá, para Cornélio era como uma confirmação de que a graça do Eterno estava
atuando até mesmo entre os goyim.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 59
Quarta 8 de agosto | יום רביעיYom Revi'i 27 Av
A comunidade em Antioquia
Essa seção de Atos 11 remete à perseguição empreendida por Shaul no capítulo 8. Por-
tanto, enquanto os acontecimentos recém-descritos estavam ocorrendo na Judeia e em
outros lugares, alguns judeus helenistas que haviam sido forçados a deixar Yerushalayim
estavam propagando as boas novas do Mashiach além das fronteiras judaicas.
Lucas dá atenção especial à grande e importante cidade de Antioquia, na Síria, onde
os refugiados começaram a levar as boas novas para seus irmãos judeus e aos goyim, e
muitos deles estavam aceitando a mensagem. A comissão de Yeshua, em Atos 1:8, estava
sendo cumprida por meio dos esforços desses judeus helenistas crentes. Eles foram os ver-
dadeiros fundadores da missão aos goyim.
Por causa do sucesso da comunidade em Antioquia, os shelishim em Yerushalayim
decidiram enviar Bar-Nabá para avaliar a situação. Percebendo as grandes oportunidades
para o avanço da mensagem, Bar-Nabá foi chamar Shaul em Tarso, sentindo que ele pode-
ria ser de grande ajuda.
Bar-Nabá estava certo. Durante o ano em que ele e Shaul trabalharam juntos, grandes
multidões, principalmente de goyim, puderam ouvir a bessorá. O entusiasmo com que eles
falavam sobre Yeshua HaMashiach fez com que os crentes se tornassem conhecidos, pela
primeira vez, como "messiânicos" (At 11:26). O fato de que "foram" "chamados messiâni-
cos" indica que o termo foi cunhado pelos que não eram da kehilá, provavelmente como
uma forma de zombaria, enquanto os fiéis preferiam se autodenominar "irmãos" (At 1:16),
"talmidim" (At 6:1), ou mesmo "santos" (At 9:13). Quando o livro de Atos foi escrito, "messi-
ânico" se tornara um nome comum (At 26:28), e parece que Lucas o aprovava. "messiâni-
co" significa um seguidor ou adepto do Messias Yeshua.
Para você, o que significa ser identificado como seguidor do Mashiach? Sua vida é dife-
rente da vida dos não o são em relação às coisas que realmente importam?
A perseguição de Herodes
V oltando outra vez a falar da Judeia, nos deparamos, agora, com o relato da execução
de Yaacov, o irmão de Yochanan e filho de Zavdai (Mc 1:19), por ordem do rei Herodes.
Ele também desejava dar a Shimon Kefa o mesmo destino.
O rei Herodes mencionado aqui é Agripa I, o neto de Herodes, o Grande (Mt 2:1); ele go-
vernou a Judeia de 40 a 44 e.c. Como resultado de suas muitas demonstrações de piedade,
ganhou popularidade entre seus súditos judeus, especialmente os prushim. Sua tentativa
de ganhar o favor do povo ao atacar alguns emissários se encaixa perfeitamente no que
conhecemos a seu respeito a partir de outras fontes.
Visto que a execução de Yaacov havia sido eficaz no cumprimento dos propósitos de
Agripa, ele também planejou executar Kefa. O talmid foi preso e entregue a quatro escoltas
de quatro soldados cada uma, cujo objetivo era vigiá-lo – uma escolta para cada uma das
vigílias ou turnos da noite. Kefa tinha consigo quatro soldados ao mesmo tempo: ele estava
acorrentado a dois deles, um de cada lado, e os outros dois guardavam a entrada. Essa
extrema precaução certamente foi tomada para tentar evitar o que já ocorrera com Kefa (e
Yochanan) algum tempo antes (At 5:17-20).
Na noite anterior ao dia em que Agripa planejava julgar e executar Kefa, o shaliach foi,
mais uma vez, libertado miraculosamente por um anjo.
Em seguida, encontramos a história da morte de Agripa em Cesareia (At 12:20-23). Já
se tentou identificar a causa de sua morte (peritonite, úlcera e até envenenamento); Lucas,
porém, afirma claramente que o rei morreu por causa de um juízo divino.
Yaacov (Tiago) foi morto, Kefa foi libertado e Herodes enfrentou o juízo divino. Em al-
guns casos, vemos a justiça; em outros, parece que não. Isso mostra que não temos
respostas para todas as nossas perguntas. Por que precisamos viver pela emuná em
relação ao que não entendemos?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 61
Sexta 10 de agosto | יום שישיYom Shishi 29 Av
Estudo adicional
"N o décimo capítulo dos Atos, ainda temos outro exemplo da atuação dos anjos celes-
tiais, que resultou na conversão de Cornélio e de seu grupo.
Esses capítulos [8-10] devem ser lidos e receber atenção especial. Neles, vemos que o
Céu está muito mais próximo daquele que se empenha no serviço da libertação de pessoas
do que muitos supõem. Devemos também aprender por meio deles a lição do interesse do
Eterno por todo ser humano, e que cada um deve tratar seu próximo como um dos instru-
mentos de D'us para a realização de sua obra na Terra" (2).
"Quando a comunidade orar, a causa de D'us irá adiante e seus adversários serão redu-
zidos a nada, mesmo que isso não isente a kehilá do sofrimento e martírio.
A crença de Lucas na vitória da bessorá é totalmente realista e reconhece que, embora
a palavra de D'us não esteja acorrentada, seus servos podem sofrer e ser aprisionados" (3).
11 de agosto | שבתShabat 30 Av
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Temos poucos detalhes sobre o trabalho de Shimon Kefa, comparado com o de Shaul. Se Kefa tivesse
alguém como Lucas para pegar seus feitos e aventuras, teríamos uma história esplêndida. (DUNN, 2012,
p.1207). Kefa teve participação significativa no crescimento da Kehilá; foi ele quem fez o discurso de shavuot
(Atos 2) onde 3 mil judeus aceitaram Yeshua como Mashiach de Israel. Kefa também teve um papel funda-
mental na decisão tomada na assembleia de Yerushalayim (Atos 15). Conforme os emissários de Yeshua le-
vavam a mensagem, algumas dificuldades e debates surgiram; a necessidade de se definir o que era impor-
tante e necessário para um converso ser recebido pela comunidade era necessário. No período do segundo
templo não existia unanimidade doutrinaria pelo contrário havia multiplicidade de crenças; diversas sei-
tas judaicas disputavam o monopólio sem que ninguém o alcança-se (SKARSAUNE, 2004, p.103; NEUSNER,
2000, 2:537; BOYARIN, 1999, p. 13 - 15). Dentro do amplo debate existente alguns pontos eram comuns entre
os grupos como a Brit Milá, o Shabat, o Templo, entre outros. A adoração no Templo era um grande marco
do judaísmo e não era licito a entrada de uma pessoa que não tivesse passado pelo processo de conversão.
Cria-se que a torá escrita e a torá oral formava uma cerca que separava Israel dos outros povos. Se esperava
que um converso para fazer parte da aliança cumprisse esses princípios. E.P. Sandrs chamou esse processo
de “nomismo da aliança” (DUNN,2011, p. 32-36); nesse processo para se fazer parte da aliança era necessário
por exemplo a brit milá. Conhecendo essa realidade era comum os debates existentes no período do segun-
do templo; Kefa na assembleia de Yerushalayim estava dentro de um desses debates e em sua argumentação
apresenta o caso do centurião Cornélio que havia recebido o Ruach Hakodesh (Atos 10).
O caso de Cornélio é significante pois é o relato do primeiro goy a receber o Ruach Hakodesh. Cornélio
era temente a D’us (Atos 10:1); a expressão grega φοβούμενος τὸν θεόν-“temente a D’us”. Ocorre quatro
vezes em Atos (10.2,22; 13.16,26). Ademais, o verbo σέβομαι (eu adoro) com as formas participiais se refere
aos goyim que adoram a D’us (13.43,50; 17.4,17; 18.7). No decorrer de sua carreira militar, Cornélio havia
conhecido o judaísmo e a havia abraçado como alguém temente a D’us. Isso quer dizer que provavelmente
ele frequentava a sinagoga local e guardava o Shabat como dia de descanso. Cumpria as leis judaicas de
kashrut, dava generosamente tsedacá e orava diariamente em determinados horários. As praticas de Cor-
nélio eram características e também caras para a religião judaica; tão forte era a simpatia de Cornélio com
o judaísmo que suas disciplinas espirituais incluíam dois dos três pilares da piedade judaica: tsedacá (Tob
1:16; Sir 7:10; 16:14) e tefilá (a prática judaica era três vezes ao dia; Berakhot 4:1; Pesahim 5.1, 8.8; Nedarim
3.11; 1 Cr 16:40, Dan 6:10, o terceiro pilar estava em jejum, Mt 6: 1-14; Tob 12: 8). Muitos estudiosos conside-
ram Cornélio como “prosélito do portão”; essa era uma classe comum no período do segundo templo e era
formada por goyim que não haviam passado pela imersão e brit milá, ou seja, não tinham passado pelo pro-
cesso de conversão (STERN, 2008, p.286; SIMON, 2016, p.468; TRITES; WILLIAM, 2006, p. 469; MEYER, 1877,
p.269; NEUSNER, 2011, 4: 259-260). Assim é nítido que o centurião estava praticando o judaísmo ainda que
não se encaixasse no “nomismo da aliança” por não ter cumprido alguns pontos como a brit milá o que era
natural dentro do amplo debate daquele período. Na assembleia de Yerushalayim os emissários tomaram
algumas decisões sobre os goyim que estavam comungando com os seguidores de Yeshua (Atos 15.12-21);
essas prescrições não eram novas antes estavam inteiramente de acordo com o judaísmo. A bíblia hebraica
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 63
Comentário
Lição 6
previa essas mesmas regras para os estrangeiros que quisessem viver em meio ao povo de Israel (Lv 17-18).
O trabalho de Kefa foi aprovada pelo Eterno pois ele estava de acordo com a torá; longe de fazer invasões
impensada junto com os demais emissários ele praticou e fez o trabalho de acordo com a Halachá guiado
pelo Ruach Hakodesh.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 6
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 136 (contextualizado)
(2)
Comentario Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1176, 1177 (contextualizado)
(3)
I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles, p. 206, 207 (contextualizado)
REFERÊNCIAS COMENTÁRIO 6
(a)
Boyarin, B. Dying For God: martyrdon and the markimg of christianity and judaism. Califórnia: Stanford University
Press, 1999.
(b)
Chilton, B. Jesus and Judaism. In: Nesuner, J; Avery-Peck, A. J.et ali. (Org.). Encyclopaedia of Judaism. York: Outstanding
Reference Sources, 2000.
(c)
Dunn, J. D. A nova perspectiva sobre Paulo. Santo André: Academia Cristã, 2011.
(d)
Dunn, J. D. El cristianismo en sus comienzos, 2012.
(e)
Meyer, H. A. W. Critical and Exegetical Handbook to the Acts, 1877.
(f)
Neusner, J. The Babylonian Talmud, 2011.
(g)
Stern, D. H. Comentário Judaico do Novo Testamento, 2008.
(h)
Simon, K. Atos: Comentário do Novo Testamento, 2016.
(i)
Skarsaune, O. À Sombra do Templo, 2004.
(j)
Trites, A. A., & William, J. L. Cornerstone biblical commentary, 2006.
ROSH CHODESH 1
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 65
Lição 7 12 a 18 de agosto | 1 a 7 Elul
LEITURAS DA SEMANA
At 13; 2Co 4:7-10; Rm 10:1-4; 3:19; At 14:1-26; Rm 9–11
Introdução
É certo que a mensagem das boas novas deveria alcançar os goyim, bem como os
judeus. Esta é a mensagem que os judeus estavam, aos poucos, começando a
entender.
O primeiro relato explícito sobre goyim que aceitaram a mensagem em larga
escala se refere a Antioquia. Em outras palavras, a primeira comunidade goy foi
fundada em Antioquia, ainda que ela também tivesse um contingente substancial
de judeus. (Gl 2:11-13). Em virtude do zelo de seus fundadores e do novo ímpeto
proporcionado pela chegada de Bar-Nabba e Shaul, a comunidade cresceu rapida-
mente e se tornou o primeiro centro importante fora da Judeia. De fato, em alguns
aspectos, ela até ultrapassou a comunidade em Yerushalayim.
Estando os emissários ainda em Yerushalayim, Antioquia se tornou o berço do
trabalho messiânico.
A partir dessa cidade, e com o apoio inicial dos crentes locais, Shaul saiu para re-
alizar suas três grandes viagens. Por causa do compromisso desses crentes, a Kehilá
se tornou o que o Mashiach almejava: uma mensagem mundial, que seria espalhada
para "cada nação, e tribo, e língua, e povo" (Ap 14:6).
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
Salamina e Pafos
E m Atos 13, Lucas transporta o leitor de volta a Antioquia, a fim de apresentar a primeira
viagem de Shaul, que ocupa dois capítulos inteiros (At 13 e 14). A partir desse ponto até o
final do livro, o foco passa a ser Shaul e seu trabalho junto aos goyim.
Esse é o primeiro esforço em proclamar as boas novas, relatado no livro de Atos, intencio-
nal e cuidadosamente planejado por uma comunidade em particular. Não obstante, Lucas se
preocupa em destacar que essa ação de levar a mensagem teve origem divina, não na iniciati-
va própria dos irmãos de Antioquia. A questão, porém, é que o Eterno só atua por nosso inter-
médio quando nos colocamos voluntariamente em uma posição na qual Ele possa nos usar.
1. Leia Atos 13:1-12. Quais são os pontos principais enfatizados por Lucas sobre as
atividades de Bar-Nabba e Shaul em Chipre?
Um período de tefilá e tsom (oração e jejum) precedeu a partida dos emissários; nesse
contexto, a Semichá (imposição de mãos) foi essencialmente um ato de consagração, ou uma
recomendação à chessed (graça) do Eterno (At 14:26) para a tarefa em questão.
A ilha de Chipre está localizada na região nordeste do mar Mediterrâneo, não muito longe
de Antioquia. Era um lugar natural para começar a ação, pois não apenas Bar-Nabba era de
Chipre, mas a mensagem também já haviam chegado ali. Mas certamente ainda havia muito
para se fazer.
Uma vez em Chipre, Bar-Nabba e Shaul – e Yohanan (Marcos), primo de Bar-Nabba (At
15:39; Cl 4:10), que estava com eles – levavam a mensagem nas sinagogas de Salamina. Essa era
uma prática regular de Shaul: falar primeiramente nas sinagogas antes de se voltar para os
goyim. Visto que Yeshua era o Mashiach de Israel, era mais do que natural compartilhar as
boas novas, em primeiro lugar, com os judeus.
Depois de Salamina, eles foram para o oeste, levando a mensagem enquanto percorriam
seu caminho até chegar à capital, Pafos. A narrativa, então, gira em torno de dois indivíduos:
um feiticeiro judeu chamado Bar-Yeshua, também conhecido como Elimas, e Sérgio Paulo, o
governador romano local. A história apresenta um bom exemplo de como a mensagem do
Mashiach foi recebida de diferentes maneiras: por um lado, houve oposição aberta; por outro,
aceitação fiel mesmo por goyim de grande prestígio. A linguagem de Atos 13:12 implica, clara-
mente, em conversão.
Nesse caso, um judeu resistiu à verdade enquanto um goy a aceitou. Por que, às vezes,
religiosos são mais difíceis de alcançar com a "verdade presente" do que aquelas que
não possuem nenhuma crença?
ROSH CHODESH 2
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 67
Segunda 13 de agosto | יום שניYom Sheni 2 Elul
D e Chipre, Shaul e seus companheiros embarcaram para Perge, na Panfília, na costa sul
da moderna Turquia. Antes de relatar a viagem para Antioquia da Pisídia, Lucas apre-
senta duas mudanças significativas: Shaul se torna a figura principal (até esse ponto, Bar-
-Nabba sempre é mencionado primeiro), e Lucas deixa de usar o nome judaico de Shaul e
começa a se referir a ele apenas com o nome seu romano "Paulo" (At 13:9). Essa mudança
provavelmente ocorreu porque, a partir de então, Shaul se encontrava, sobretudo, em um
ambiente greco-romano.
Em Atos 13:13, Lucas relata que Yochanan (Marcos) acabou voltando para Yerushalayim.
O texto bíblico não nos informa o motivo de sua deserção. A escritora Ellen G. White escreve
que, diante do medo e desanimado por causa das dificuldades que os aguardavam, "Marcos
se intimidava e, perdendo todo o ânimo, recusou-se a prosseguir, retornando a Yerusha-
layim" (1). O Eterno nunca prometeu que seria fácil. Pelo contrário, Shaul sabia desde o início
que servir a Yeshua envolveria muito sofrimento (At 9:16), mas ele aprendeu a depender
inteiramente do poder de Hashem, e nisso estava o segredo de sua força (2Co 4:7-10).
2. Leia Atos 13:38. Qual foi a essência da mensagem de Shaul na sinagoga de Antio-
quia?
O texto de Atos 13:16-41 contém a primeira drashá de Shaul registrada na Brit Hadashá.
Com certeza essa não foi a primeira feita pelo Shaliach, e não há dúvida de que o relato de
Lucas consiste apenas num resumo do que Shaul disse.
A Drashá é dividida em três partes principais. Shaul começou falando de crenças a res-
peito da eleição divina de Israel e do reinado de David (At 13:17-23); essa parte tinha o obje-
tivo de estabelecer conexão com o público judeu. Em seguida, ele apresentou Yeshua como o
cumprimento das promessas do Eterno de um descendente de David que traria a yeshuá a
Israel (At 13:23-37). A parte final é uma advertência contra a rejeição da mesma redenção
oferecida por Yeshua Hamashiach(At 13:38-41).
O clímax está nos versículos 38 e 39, que contêm a essência da mensagem de Shaul sobre
a justificação. Perdão e justificação estão disponíveis apenas por intermédio do Mashiach,
não pela Torá. Essa passagem não afirma que a Torá foi abolida. Apenas destaca a sua inca-
pacidade de realizar o que os judeus esperavam que ela fizesse, a saber, justificar (Rm 10:1-
4).
Essa prerrogativa repousa unicamente sobre Yeshua Hamashiach (Gl 2:16).
O que significa o fato de que a yeshuá ocorre somente por intermédio de Yeshua? Como
conciliar a necessidade de cumprir mitsvot com o fato de que a Torá não é capaz de
justificar?
Apesar da maneira dura em que Shaul concluiu sua mensagem, a reação da maioria na
sinagoga foi altamente favorável. Porém, no shabat seguinte, as coisas mudaram drastica-
mente. Muito provavelmente aqueles que estavam rejeitando a mensagem eram os líderes
da sinagoga, os representantes do judaísmo local. Lucas atribuiu ao ciúme a atitude impiedo-
sa daqueles homens para com Shaul.
No mundo antigo, diversos aspectos do judaísmo, como o monoteísmo, o estilo de vida e
até mesmo o shabat atraíam fortemente os não judeus, e muitos deles se uniam à fé judaica
como prosélitos. A brit milá, no entanto, era um obstáculo sério, pois era considerada por
gregos e romanos como uma prática bárbara e repulsiva. Consequentemente, muitos goyim
frequentavam as sinagogas com o intuito de adorar a D'us, mas não chegavam ao ponto de
se converter formalmente ao judaísmo. Tais pessoas eram conhecidas como "tementes a
Deus". Provavelmente eles, bem como os prosélitos da sinagoga de Antioquia (At 13:16, 43),
ajudaram a espalhar a notícia sobre a mensagem de Shaul entre as pessoas em geral, vindo
estas em grande número. A possibilidade de experimentar a yeshuá sem antes ter que se
unir ao judaísmo era, sem dúvida, particularmente atrativa para muitos.
Isso pode explicar o ciúme dos líderes judeus locais. Ao rejeitarem as boas novas, eles
não estavam apenas "se excluindo" da yeshuá, mas também liberando Shaul e Bar-Nabba
para que voltassem sua atenção aos goyim, que se alegraram e louvaram ao Eterno porque
Ele os incluíra na yeshuá.
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Quarta 15 de agosto | יום רביעיYom Revi'i 4 Elul
Icônio
I nstigadas por alguns líderes judeus em Antioquia, as autoridades locais incitaram uma
multidão contra Shaul e Bar-nabba e os expulsaram da cidade (At 13:50). Os talmidim, no
entanto, transbordavam de alegria e do Ruach Hakodesh (At 13:52). Os emissários então se
dirigiram para a cidade de Icônio.
4. De acordo com Atos 14:1-7, qual foi o resultado das atividades de Shaul e Bar-na-
bba em Icônio?
Mais do que apenas ouvir a mensagem, o povo judeu precisa vê-lo na vida daqueles que
professam o nome de Yeshua.
Listra e Derbe
O próximo lugar para onde Shaul e Bar-nabba viajaram foi Listra, uma aldeia desco-
nhecida a cerca de 18 quilômetros a sudoeste de Icônio. Embora tenham passado um
tempo ali (At 14:6, 7, 15), Lucas relata apenas uma história e seus desdobramentos: a cura
de um homem aleijado, provavelmente um mendigo, enfermo desde o nascimento.
5. Leia Atos 14:5-19. O que a reação do povo para com Shaul revela acerca de como
estavam imersos na ignorância?
As multidões ficaram tão impressionadas com o milagre que confundiram Shaul e Bar-
-nabba com deuses – pensaram que Bar-nabba era Zeus, o deus supremo do panteão grego,
e Shaul, Hermes, o assistente e porta-voz de Zeus. Na verdade, as pessoas queriam lhes
oferecer sacrifícios.
O poeta latino Ovídio (43 a.e.c.-17/18 e.c.) já havia registrado uma lenda sobre esses
mesmos dois deuses, disfarçados de humanos, visitando uma cidade na mesma região ("as
colinas da Frígia") e procurando um lugar para repousar. De acordo com a lenda, um casal
humilde e idoso os tratou com gentileza e hospitalidade; o restante do povo foi indiferente.
Por causa de sua bondade e cuidado para com os visitantes desconhecidos, a casa daqueles
idosos foi transformada em um templo e eles, em sacerdotes, enquanto o restante da cida-
de foi completamente destruído (3).
Com essa história circulando na região, a reação do povo diante do milagre de Shaul
não causa nenhuma surpresa. A lenda também explica a razão pela qual a multidão as-
sumiu que os emissários fossem aqueles dois deuses, e não Asclépio, por exemplo, o deus
da cura. Shaul e Bar-nabba, no entanto, conseguiram pôr fim àquela falsa adoração que
o povo tentava lhes prestar. No fim, alguns opositores de Antioquia e Icônio reverteram
completamente a situação, e Shaul foi apedrejado e dado como morto.
6. Leia Atos 14:20-26. Shaul e Bar-nabba terminaram a viagem? O que eles fizeram
no caminho de volta?
O que isso quer dizer? Você já experimentou o que ele disse nesse verso? Mais importan-
te ainda, como você pode crescer na emuná enfrentando "tribulação"?
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Sexta 17 de agosto | יום שישיYom Shishi 6 Elul
Estudo adicional
"D urante a vida do Mashiach na Terra, Ele tinha buscado fazer com que os Ju-
deus abandonassem sua exclusividade. A conversão do centurião e da mulher
siro-fenícia foram exemplos de sua obra direta fora do povo reconhecido de Israel.
Chegara, agora, o momento para uma ação ativa e contínua entre os goyim, dos quais
comunidades inteiras receberam a mensagem alegremente e glorificaram a Hashem
pela luz de uma confiança inteligente. A incredulidade e a maldade dos judeus não
impediram a realização do propósito do Eterno, pois um novo Israel foi acrescentado
enxertado na oliveira. Algumas sinagogas foram fechadas para os emissários, mas as
casas particulares foram abertas para o seu uso, e alguns edifícios públicos dos goyim
também foram usados para levar a palavra de Hashem" (4).
"Em todos os seus esforços como emissários, Shaul e Bar-nabba procuravam se-
guir o exemplo de Yeshua HaMashiach, com sacrifício voluntário e trabalho fiel e
ardoroso em prol das pessoas. Atentos, zelosos e incansáveis, não consultavam as
inclinações ou a comodidade individual, mas com uma ansiedade acompanhada de
orações e atividade incessante, semeavam a semente da verdade. E, com o semear da
semente, eles tinham muito cuidado em proporcionar a todos os que tomavam posi-
ção ao lado das boas novas instruções práticas de valor incalculável." (5)
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
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Comentário
Lição 7
tomado conhecimento do D’us de Israel, a capacidade e visão judaica era algo extraordinário;
os Judeus do período do segundo templo queriam tornar o judaísmo a religião de todo o povo
(SKARSAUNE, p.36). Flavio Josefo (Apion 2.279-286) Observa:
“Já demonstramos que nossas leis sempre inspiraram admiração e imitação a todos os
outros homens; não, os primeiros filósofos gregos, embora na aparência observassem
as leis de seus próprios países, ainda assim eles, em suas ações e doutrinas filosóficas,
seguiam nosso legislador, e instruíam os homens a viver com moderação e ter comu-
nicação amigável. um com o outro. Mais adiante, a multidão da própria humanidade
teve uma grande inclinação de muito tempo para seguir nossas observâncias religio-
sas; porque não há cidade dos gregos, nem dos bárbaros, nem de qualquer nação, para
onde não chegou o nosso costume de descansar no Shabat, e com a qual nossos jejuns
e lâmpadas acesas, e muitas de nossas proibições como para a nossa comida, não são
observados; eles também se esforçam para imitar nossa concordância mútua uns com
os outros, e a distribuição caridosa de nossos bens, e nossa diligência em nossos ofícios,
e nossa fortaleza em sofrer as aflições em que estamos, por causa de nossas leis; e, o
que é aqui matéria da maior admiração, nossa lei não tem isca de prazer para atrair
os homens a ela, mas ela prevalece por sua própria força; e como o próprio D’us pe-
netra todos os mundos, assim também nossa lei passou por todo o mundo. Assim, se
alguém refletir sobre seu próprio país e sua própria família, ele terá motivos para dar
crédito ao que eu digo. É, portanto, justo condenar toda a humanidade a se entregar
a uma disposição perversa, quando eles têm sido tão desejosos de imitar leis que são
para eles estrangeiros e maus em si mesmos, ao invés de seguir leis próprias que são
de um melhor caráter, ou então nossos acusadores devem deixar seu despeito contra
nós; nem somos culpados de qualquer comportamento invejoso para com eles, quan-
do honramos nosso próprio legislador, e acreditamos no que ele, por sua autoridade
profética, nos ensinou a respeito de D’us; pois, embora não devêssemos ser capazes
de compreender a excelência de nossas próprias leis, ainda assim a grande multidão
daqueles que desejam imitá-las nos justifica, valorizando-nos muito sobre eles.”
A disporá foi fundamental para fazer o judaísmo conhecido no mundo antigo; assim as
sinagogas unidas ao espirito de divulgação judaico abriram caminho para o trabalho dos
emissários e de Yeshua. Não que elas tivessem isso como objetivo, mas sua configuração foi
essencial para que o Rabi Shaul, como shaliach, levasse a mensagem de Yeshua a maior parte
do mundo antigo. Ao falar do espirito emissário de Shaul o rabino Leo Baeck (1958, p. 142)
observa:
“Um grego que tivesse tido uma experiência dessas teria refletido, falado e meditado a
respeito; ou ainda, falado e escrito sobre o sucedido; ele jamais teria ouvido a ordem:
‘Vá’ — ‘Você deve ir’. Os gregos não tinham um deus que lhes desse ordens e os envias-
se como mensageiros seu. Só um judeu tinha consciência de que a revelação trazia
consigo o propósito, que a disposição imediata de assumi-la era o primeiro sinal e tes-
temunho da fé. Shaul soube que naquele instante era-lhe designado como shaliach em
nome do Mashiach.”
Shaul não era um shaliach por acaso e não passou a ser quando creu em Yeshua Ha-
mashiach; a visão emissária de Shaul estava intimamente ligada com a identidade judaica
dele. Isso seria extremamente útil para o crescimento da Kehilá. Não é de se admirar; que
Shaul tenha sido chamado para anunciar Yeshua HaMashiach aos goyim, aos reis da terra e
aos Judeus (Atos 9.15).
A Kehilá guiada pelo Ruach HaKodesh com jejum e oração (era pratica judaica no primeiro
século separar a segunda e a quinta feira para pratica de jejum) faz a cerimonia de imposição
de mãos manda Shaul em seu primeiro trabalho (Atos 13); a Semichá (imposição de mãos) era
comum nas sinagogas e era feita por três pessoas; Shimon, Lúcio e Manaém, colocam as mãos
sobre Shaul e Bar-Nabba. Essa era a prática usual confiada na maioria das vezes ao sábio Hillel
na ordenação de rabinos (LIGHTFOOT, 2010, p.14 – 16). No início da primeira viagem de Shaul
depois de uma parada em Chipre, a sinagoga seguinte em que Shaul e Bar-Nabba entram é em
Antioquia da Pisídia, no Shabat. Depois da leitura da Torá e da Haftará, Shaul é solicitado a dar
uma palavra de exortação à audiência; Ele se dirige a eles como "homens de Israel e aqueles
que temem a D’us". O discurso que Shaul faz é obviamente direcionado aos Judeus. Observe-
mos o paralelo entre os 12 emissários e Bar-Nabba e Shaul. O Ruach Hakodesh enche os 12
emissários em Yerushalayim na festa de Shavuot de forma que eles são capazes de se dirigir
às multidões de Judeus (2.1–41). E o Ruach Hakodesh orienta a Kehilá em Antioquia para que
nomeie Bar-Nabba e Shaul a fim de proclamarem a mensagem às multidões de goyim. Os doze
estão envolvidos na formação da comunidade de Yerushalayim que cresce rapidamente, ao
passo que Bar-Nabba e Shaul são enviados pela comunidade de Antioquia para organizar as
comunidades até aos confins da terra (1.8) (SIMOM, 2016, p. 576 – 577). Feita a cerimonia, Shaul
parte para sua primeira viagem. (Atos 13–14).
REFERÊNCIAS LIÇÃO 7
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 170 (Contextualizado)
(2)
David G. Peterson, The Acts of the Apostles, p. 401 (Contextualizado)
(3)
Metamorfoses, 611-724 (Contextualizado)
(4)
Ellen G. White, Paulo, p. 51 (Contextualizado)
(5)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 186 (Contextualizado)
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 75
Lição 8 19 a 25 de agosto | 8 a 14 Elul
A Assembleia em Yerushalayim
VERSO PARA MEMORIZAR
"Não, é por meio do amor e da bondade do Senhor Yeshua que nós confiamos e fomos
libertos - e acontece o mesmo com eles" (At 15:11)
LEITURAS DA SEMANA
At 15; Gl 2:11-13; Êx 12:43-49; Rm 3:30; Lv 18:30; Ap 2:14, 20
Introdução
A pós mais de dois anos, Shaul e Bar-Nabba retornaram para Antioquia da Síria.
Visto que toda a comunidade se envolvera em enviá-los como emissários, era
natural que eles prestassem um relatório para a Kehilá. A ênfase do relatório, no
entanto, não era o que eles haviam realizado, mas o que o próprio Eterno fizera por
meio deles.
O assunto do relatório foi o sucesso do trabalho entre os goyim, embora muitos
judeus também aceito a mensagem. Entretanto, desde o episódio na casa de Corné-
lio, a guerim (conversão) de incircuncisos se tornara um problema (At 11:1-18). E
agora que muitos deles estavam sendo admitidos como membros da congregação,
as coisas ficaram especialmente complicadas. Muitos crentes em Yerushalayim não
estavam satisfeitos. Para eles, os goyim precisavam primeiramente ser circuncida-
dos, ou seja, se tornar prosélitos a fim de fazer parte do povo de D'us e ter comu-
nhão com Ele.
Atos 15 trata do problema dos goyim, que atingira um nível crítico, e também
do trabalho conjunto da comunidade para encontrar uma solução. A reunião em
Yerushalayim representou uma reviravolta na história da Kehilá em relação ao seu
propósito mundial.
LEITURAS DA SEMANA
O ponto em debate
Coloque-se no lugar dos que tiveram que dialogar com os perfeccionistas da Torá. Quais
argumentos você usaria para defender seu ponto de vista?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 77
Segunda 20 de agosto | יום שניYom Sheni 9 Elul
Brit Milá
U ma das grandes questões nesse conflito era a Brit Milá. Ela não era uma ordenança
humana (compare com Mt 15:2, 9). Em vez disso, a Brit Milá havia sido estabeleci-
da pelo Eterno como sinal de Sua aliança com os descendentes de Avraham, Seu povo
(Gn 17:9-14).
2. Leia Shemot 12:43-49. Além dos filhos de Israel, quem deveria fazer a Brit Milá?
As bênçãos da aliança não estavam restritas aos filhos de Israel, mas eram esten-
didas a qualquer escravo ou estrangeiro que desejasse experimentá-las. Após a Brit
Milá, o estrangeiro teria o mesmo status diante do Eterno de um israelita nato: ele seria
"como o natural da terra" (Êx 12:48).
A Brit Milá, portanto, era indispensável (para um homem) ser membro pleno da
comunidade da aliança do Eterno. E visto que Yeshua era o Mashiach de Israel, parecia
natural aos perfeccionistas da Torá insistir que nenhum goy poderia se beneficiar de
sua salvação sem antes se tornar judeu.
3. Leia Romanos 3:30; 1 Coríntios 7:18; Gálatas 3:28; 5:6. Como Shaul compreendia a
Brit Milá?
Ao afirmar que nenhum goy poderia ser salvo sem primeiramente se unir ao ju-
daísmo, os legalistas estavam misturando dois conceitos distintos: aliança e salvação.
Ser membro da comunidade da aliança do Eterno não garantia a salvação (Jr 4:4; 9:25).
Além disso, o próprio Avraham foi salvo (justificado) pela fé, o que ocorreu antes da
Brit Milá, e não por causa dela (Rm 4:9-13). A salvação sempre foi pela fé, enquanto a
aliança foi uma provisão graciosa por meio da qual o Eterno revelaria a Si mesmo e Seu
plano salvífico ao mundo inteiro. Israel foi escolhido para esse propósito (Gn 12:1-3).
No entanto, o problema era que, ao associar de maneira muito próxima a aliança e
a salvação, esses judeus crentes vieram a considerar a Brit Milá como algo meritório.
Contudo, a graça salvadora de Hashem não age onde as obras humanas atuam. Portan-
to, impor a Brit Milá aos goyim crentes como meio de salvação era distorcer a verdade
da mensagem do Eterno (Gl 1:7; 2:3-5), anular a graça (chessed) (Gl 2:21) e tornar o
Mashiach de nenhum proveito (Gl 5:2). Além disso, era negar o caráter universal da re-
denção (Cl 3:11; Tt 2:11). Shaul jamais poderia concordar com esse tipo de pensamento.
Qual é o perigo de pensar que a salvação é resultado de, simplesmente, ser membro da
congregação certa?
O debate
4. De acordo com At 15:7-11, qual foi a contribuição de Shimon Kefa para o debate
em Yerushalayim?
L ucas não informa todo o conteúdo da reunião. Seria interessante saber os argu-
mentos dos legalistas da Torá (At 15:5), bem como as respostas de Shaul e Bar-
-Nabba (At 15:12). O fato de que temos apenas os discursos de Kefa e Yaacov mostra a
importância desses homens entre os shelishim.
Kefa se dirigiu a estes emissários e anciãos, lembrando-lhes de sua experiência
anterior com Cornélio. Seu argumento era o mesmo que usara diante dos irmãos em
Yerushalayim (At 11:4-17). O Eterno mostrara Sua aprovação quanto à conversão de
Cornélio (embora ele fosse um goy incircunciso), dando a ele e à sua família o mesmo
dom do Ruach Elohim que havia concedido aos emissários no Shavuot.
Em Sua divina providência, o Eterno usara ninguém menos que Kefa para conven-
cer os crentes da Judeia de que Ele não faz distinção entre judeus e goyim em relação
à redenção. Mesmo que eles não possuíssem os benefícios da purificação por meio das
regras e regulamentos da Aliança, os crentes prosélitos não podiam mais ser conside-
rados impuros, pois o próprio Eterno havia purificado seu coração. A declaração final
de Kefa muito se assemelha ao que esperaríamos de Shaul: "Não, é por meio do amor e
da bondade do Senhor Yeshua que nós confiamos e fomos libertos - e acontece o mesmo
com eles." (At 15:11).
.
5. Leia Atos 15:13-21. Qual foi a solução proposta por Yaacov para o problema dos
goyim?
O discurso de Yaacov sugere que ele estava em uma posição de autoridade (com-
pare com At 12:17; 21:18; Gl 2:9, 12). Independentemente do que ele possa ter enten-
dido pela "reedificação do tabernáculo de David", que na profecia de Amós se refere
à restauração da dinastia de David (Am 9:11, 12), o propósito principal de Yaacov era
demonstrar que o Eterno já havia estabelecido que os goyim se unissem, em certo sen-
tido, ao "povo de D'us" reconstituído, e assim eles poderiam ser incorporados a Israel.
Por isso, sua decisão foi que não deveriam ser impostas aos prosélitos outras restrições,
além daquelas que normalmente seriam exigidas de estrangeiros que desejavam viver
na terra de Israel.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 79
Quarta 22 de agosto | יום רביעיYom Revi'i 11 Elul
O desígnio rabínico.
6. Leia Atos 15:28, 29. Quais são as quatro proibições que a assembleia decidiu impor
aos prosélitos?
O principal problema pelo qual a assembléia havia sido convocada foi resolvido.
Visto que a salvação é pela chessed (graça), os goyim seriam isentos da Brit
Milá quando se unissem à kehilá. No entanto, deviam se abster de quatro coisas: (1)
carne oferecida em sacrifício aos ídolos em rituais pagãos e servida em uma festa
do templo ou vendida no mercado; (2) consumo de sangue; (3) carne de animais es-
trangulados, ou seja, a carne cujo sangue não tinha sido drenado; e (4) imoralidade
sexual nas suas várias formas.
A maioria dos crentes hoje trata as proibições dietéticas (as três primeiras proi-
bições) como recomendações temporárias. Como essas coisas eram especialmente
repugnantes para os judeus, as proibições – argumentam eles – visavam apenas
transpor o abismo entre crentes judeus e os goyim. Frequentemente se diz que to-
das as outras mitsvot, inclusive as leis de kashrut (Lv 11) e o mandamento do shabat
(Êx 20:8-11), que estão ausentes da lista, não são mais obrigatórios.
O chamado "Desígnio rabínico", porém, não era nem temporário nem um novo
código de ética religiosa que excluía tudo o mais em relação ao Tanach. Na verdade,
sob a direção do Ruach Hakodesh (At 15:28), os emissários e anciãos da comunidade
apenas reproduziram os regulamentos de Vayicrá 17 e 18 no que diz respeito aos
estrangeiros residentes em Israel.
No contexto de Vayicrá, essas proibições significavam a renúncia ao paganismo.
Todo estrangeiro que desejasse viver em Israel deveria renunciar às práticas pagãs
(Lv 18:30). Da mesma forma, todo goy que desejasse se unir à kehilá era obrigado a
assumir uma posição contra o paganismo.
No entanto, isso era apenas o primeiro passo. Uma vez aceito, esperava-se que
ele cumprisse a vontade do Eterno, obedecendo as mitsvot eternas, como o shabat
(Gn 2:1-3), e seguindo a distinção entre alimentos puros e impuros (Gn 7:2).
Que o desígnio não era temporário pode ser visto em Revelação 2:14 e 20, em
que a primeira e a última proibições são repetidas, contemplando também impli-
citamente as outras duas. Evidências históricas mostram que o desígnio ainda era
considerado normativo pelos crentes muito tempo depois do período do Brit Ha-
dashá.
Quando surgem conflitos, podemos nos sentar juntos, escutar um ao outro e, com um
espírito de respeito e humildade, superar os problemas?
A carta de Yerushalayim
7. Leia Atos 15:22-29. Quais medidas adicionais foram tomadas pela congregação de
Yerushalayim sobre a decisão do assembléia?
A primeira medida foi escrever uma carta aos prosélitos para informá-los sobre
o que havia sido decidido. A carta, escrita em nome dos emissários e anciãos de
Yerushalayim, era um documento oficial que refletia a autoridade da comunidade
de Yerushalayim (certamente por causa da liderança dos shelishim) sobre as outras
comunidades de crentes. Escrita em 49 e.c., data mais provável da Assembléia, essa
carta é um dos primeiros documentos dos crentes em Yeshua que temos.
A comunidade de Yerushalayim também decidiu nomear dois delegados, Yehudá
Bar-sabá e Silas, para acompanhar Shaul e Bar-Nabba até Antioquia. A tarefa deles
era levar a carta e confirmar seu conteúdo.
Quando a carta foi lida, a congregação transbordou de alegria por causa da men-
sagem encorajadora: a brit milá não deveria ser exigida aos prosélitos. Eles também
não impuseram nenhuma objeção às exigências da carta (o decreto dos shelishim de
quatro itens). A primeira discordância mais grave na kehilá foi, portanto, resolvida,
pelo menos em teoria.
Ao final da assembléia, a mensagem de Shaul foi plenamente reconhecida pelos
líderes da comunidade em Yerushalayim, que estenderam a ele e a Bar-Nabba a mão
direita como sinal de comunhão, aceitação e confiança (Gl 2:9). Contudo, aqueles
judeus crentes que continuavam a viver pela halachá ainda consideravam muito
problemático ter comunhão com os goyim que, para todos os efeitos, permaneciam
ritualmente impuros. Isso pode ser demonstrado, por exemplo, pelo incidente en-
volvendo Kefa (Gl 2:11-14). A escritora Ellen G. White declara: "Até mesmo os tal-
midim não estavam todos preparados para aceitar de boa vontade a decisão da
assembléia" (6).
É difícil se relacionar com pessoas religiosas de outras etnias, culturas e até mesmo de
outras classes sociais? Como você pode ser purificado dessa atitude que vai contra a
mensagem de Hashem?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 81
Sexta 24 de agosto | יום שישיYom Shishi 13 Elul
Estudo adicional
"E m geral, muitos judeus crentes em Yeshua não estavam dispostos a mudar na mes-
ma velocidade em que a providência de D'us abria o caminho. Do resultado do tra-
balho dos shelishim entre os pagãos, ficou evidente que o número dos prosélitos seria bem
maior que o dos judeus crentes. Os judeus temiam que, se as restrições e cerimônias da lei
não se tornassem obrigatórias aos goyim como condição para serem membros da congre-
gação, as peculiaridades da nação judaica, que até então os haviam mantido como um
povo distinto de todos os outros povos, acabariam desaparecendo dentre os que recebiam
a mensagem da bessorá" (7).
"Vivendo nas imediações do templo, os judeus crentes em Yeshua tinham, naturalmen-
te, a atenção voltada aos privilégios peculiares dos judeus como nação. Quando viram a
kehilá se afastando de algumas tradições e perceberam que a peculiar santidade que re-
vestia os costumes judaicos seria logo perdida de vista à luz da nova confiança, muitos se
indignaram com Shaul, entendendo que ele era a pessoa que, em grande medida, havia
provocado essa mudança. Até mesmo os shelishim não estavam todos preparados para
aceitar de boa vontade a decisão da Assembléia. Alguns eram zelosos com relação às leis
dos sacrifícios, e discordavam de Shaul, pois achavam que seus princípios referentes às
obrigações da halachá não eram firmes" (8).
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
A Assembleia em Yerushalayim
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 83
Comentário
Lição 8
sobre o assunto (STOWERS, 1974, p.133). A discussão é muito mais complexa do que geralmen-
te se sugere; já havia no seio do judaísmo o debate sobre a necessidade da circuncisão o que
deixa evidente que não foram os emissários revolucionários. Sempre que o leitor se depara
com esses debates ele precisa ter em mente a multiplicidade do judaísmo do segundo templo.
Diante de toda discussão os emissários tomam uma decisão na assembleia de Yerusha-
layim; decisão essa que prescrevia aquilo que os goyim precisavam fazer para comungar com
os seguidores do Mashiach. Lucas então pronuncia a decisão: “Em vez disso, devemos escre-
ver-lhes uma carta para informá-los de que se devem abster das coisas contaminadas por ído-
los, da fornicação, do que foi estrangulado e do sangue.” (Atos 15:20). A posição da assembleia
foi tomada em plena harmonia com as prescrições da Torá para os goyim (Lv 17-18). Na mes-
ma direção é observado no talmud:
“Nossos sábios ensinaram sobre a autoridade Tannaita: Com relação aos sete requisitos
religiosos, os Bnei Noach ordenaram: estabelecer tribunais de justiça, idolatria, blasfêmia, mal-
dição do nome de D’us, fornicação, derramamento de sangue [...] Sanhedrim 56 b”
Os nossos sábios sempre se preocuparam com a imoralidade tanto no relacionamento
com Hashem quanto com o próximo. Em Sanhedrim 54b por exemplo são feitas várias consi-
derações sobre a imoralidade sexual. É salientado:
“Aquele que tem relações sexuais com um homem [Lev. 20:13, 15–16], ou uma vaca e a
mulher que traz um boi em cima de si mesma. [...] As Escrituras dizem: 'Não haverá sodomita
entre os filhos de Israel' (Deuteronômio 23:18), e em outros lugares está escrito: 'E havia tam-
bém sodomitas na terra ...' (1 Reis 14:24). Sanhidrim 54 b”
As práticas sexuais ilícitas eram comuns entre os goyim. Shaul os admoesta neste sentido
também (Rm 1. 23-28). Maimônides faz considerações importantes também sobre as prescri-
ções da Torá. Segundo ele o sangue que é liberado, e o sangue dos membros do baço, dos rins,
dos testículos e do sangue reunido ao redor do coração no tempo da matança, e do sangue
encontrado sobre o fígado, eles não são culpados de cortar; mas quem comer de algum da-
quele sangue, que ele ser açoitado, porque se diz: Não comerás sangue. Mas a respeito de ser
culpado de cortar, é dito: Porque a vida da carne está no sangue. Um homem, portanto, não é
culpado de cortar, a menos que coma daquele sangue com o qual a vida se apaga (LIGHTFOOT,
2010, p.134). Vários outros textos poderiam ser mencionados, porem esses são suficientes para
demonstrar que os primeiros seguidores do Mashiach tomaram uma decisão sabia de acor-
do com a Halachá. Os emissários de Yeshua na assembleia de Yerushalayim queriam tanto a
pureza dos novos conversos quanto os demais Judeus. Os novos seguidores de Yeshua conti-
nuariam a aprender da Halachá semanalmente, isto é, continuariam a ser instruídos como os
demais Judeus (15.21).
Dessa forma Atos 15:20 naturalmente se aplicaria às quatro regras precedentes para os
goyim convertidos. Os goyim devem abster-se dessas práticas porque a Halachá das sinagogas
requer essas poucas coisas.
Lucas está dizendo que o processo que atrai os tementes a D’us para as sinagogas vem
acontecendo há muito tempo. O goy temente a D’us e devoto, para se unir à sinagoga, precisa-
vam seguir as sete leis de Noach (código noético). O código noético corresponde notavelmente
bem às coisas que Lucas ordenou no versículo 20. Essas eram regras básicas pelas quais se
pensava Goyim poderiam ganhar um grau de aceitabilidade com D’us. Essas regras eram ori-
ginalmente para não Judeus que viviam entre os judeus. Os Judeus sentiam que se os goyim
mantivessem contato social com eles, os goyim deveriam seguir uma certa ética mínima que
eles consideravam universalmente válida. Na narrativa de Atos, tanto a sinagoga como a Ke-
hilá são esferas de associação entre Judeus e goyim que requerem essas leis. Desta forma, os
direitos e a prioridade de Israel são mantidos sem que os goyim se tornem Judeus. Primeiro,
na verdade, todos os convertidos goyim devem alcançar o status de tementes a D’us. Para que
os goyim crentes no Mashiach vivam e adorem ao lado dos Judeus, devem seguir algumas
regras básicas. Assim a assembleia de Yerushalayim une crentes no Mashiach o mais próximo
possível, mantendo sua identidade e direitos individuais.
Talvez a maior dificuldade que muitos hoje tenham seja harmonizar o cumprimento de
mitzvot com a mensagem da Bessorá. Frequentemente os comentaristas olham para a Assem-
bleia de Yerushalayim como se nessa os emissários do Mashiach estivessem rejeitando toda a
Torá em detrimento de alguns pontos que vimos acima. Já foi observado nesse estudo que a
assembleia de Yerushalayim está em harmonia com a Halachá. A dificuldade de se olhar para
a Halachá não como uma oposição a bessorá, mas como parte integral dela, dificulta a compre-
ensão do propósito da vinda do Mashiach.
Mesmo que muitos Judeus não observem a Torá muitas vezes nem sabendo ou nem se
importando com isso; a correta relação entre Halachá e a mensagem da bessorá é necessária
porque o apego à Torá está profundamente enraizado na memória do povo judeu. Parece que
Stern (2007, p.125) está certo ao observar que a maior parte dos seguidores de Yeshua atual-
mente tem uma compreensão simplista da halachá e por isso não tem quase nada relevante
para o diálogo com os Judeus.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 8
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 170 (contextualizado)
(2)
David G. Peterson, The Acts of the Apostles, p. 401 (contextualizado)
(3)
Metamorfoses, 611-724 (contextualizado)
(4)
Ellen G. White, Paulo, p. 51 (contextualizado)
(5)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 186 (contextualizado)
(6)
Ibid., p. 197 (contextualizado)
(7)
Ibid., p. 189 (contextualizado)
(8)
Ibid., p. 197 (contextualizado)
REFERÊNCIAS COMENTÁRIOS 8
(1)
Dunn, J. D. A nova perspectiva sobre Paulo,2011.(b) Filson, V. F. The significance of the temple in the
ancient Near East Part,1944, p 77-88 (c) Neusner, J. The Babylonian Talmud: , 2011. (d) Sanders, E. P.
Paul and Palestinian Judaism,1977. (e) Stern, D. H. Comentário Judaico do Novo Testamento, 2008. (f)
Stern, D. H. Messianic Judaism, 2007. (g) Lightfoot, J. A commentary on the New Testament from the
Talmud and Hebraica, 2010.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 85
Lição 9 26 de agosto a 1 de setembro | 15 a 21 Elul
A segunda viagem
VERSO PARA MEMORIZAR
"Não tenha medo, mas continue falando, não pare, porque eu estou com você. Ninguém
conseguirá machucá-lo, porque tenho muita gente nesta cidade." (At 18:9 e 10)
LEITURAS DA SEMANA
At 16; 17; 18:1-10; Rm 3:28; Gl 2:16; 1Co 1:23
Introdução
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
De volta a Listra
S egundo os eventos selecionados por Lucas no livro de Atos, Shaul foi quase que dire-
tamente para Derbe e Listra. A única coisa que Lucas diz sobre a Síria e a Cilícia é que
Shaul passou por essas regiões, "fortalecendo as congregações" (At 15:41).
1. Leia Atos 16:1-13. O que a ação de Shaul nos ensina sobre sua sensibilidade ao
procurar alcançar outras pessoas?
Embora o pai de Timóteo fosse um goy, sua mãe era uma judia crente em Yeshua; o
nome dela era Eunice. Embora não fosse circuncidado, Timóteo conhecia as Escrituras
desde a infância (2Tm 3:15), o que sugere que ele também era uma pessoa piedosa. Como
crente, ele já havia conquistado o respeito e a admiração de todos os fiéis daquela região.
Visto que os judeus consideram a ascendência judaica por meio da linhagem materna,
e não paterna, Timóteo era judeu. Ele não fora circuncidado ao oitavo dia após o nascimen-
to, talvez porque seu pai, um goy, considerasse a brit milá algo bárbaro.
Desejando ter Timóteo como colaborador e sabendo que, como judeu incircunciso, ele
seria proibido de entrar nas sinagogas sob a acusação de apostasia, Shaul o circuncidou. A
motivação de Shaul para fazer isso, portanto, era inteiramente prática e não deve ser vista
como uma contradição a boas novas que ele pregava.
Depois de visitar novamente os lugares em que havia estado em sua primeira viagem,
Shaul decidiu ir para o sudoeste, possivelmente para Éfeso, na província da Ásia, mas o
Ruach Hakodesh o impediu de fazê-lo. Então, ele seguiu para o norte, tentando ir para Bi-
tínia; mas novamente, de uma maneira não revelada, o Eterno o impediu de ir para lá.
Visto que ele já estava passando pela Mísia, a única opção de Shaul foi ir para o oeste, para
a cidade portuária de Trôade, de onde ele poderia partir para várias direções.
Em uma visão noturna, porém, o Eterno lhe mostrou que ele deveria navegar pelo mar
Egeu até a Macedônia. Quando seus companheiros ficaram sabendo da visão. (chazon),
concluíram que o Eterno realmente os tinha chamado para compartilhar as boas novas
com os macedônios.
Pense sobre a razão pela qual Shaul circuncidou Timóteo. Estamos dispostos a sair de
nossa zona de conforto para servir a uma causa maior?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 87
Segunda 27 de agosto | יום שניYom Sheni 16 Elul
Filipos
2. Leia Atos 16:11-24. Onde os emissários foram no shabat? Por quê? O que, por fim,
aconteceu com eles ali?
Sempre que Shaul chegava a uma cidade, sua prática era visitar a sinagoga local no
shabat (At 13:14, 42, 44; 17:1, 2; 18:4). O fato de que, em Filipos, ele e seu grupo foram à
beira de um rio para tefilá, juntamente com algumas mulheres judias e goyim (temen-
tes a D'us), provavelmente indica que não havia sinagoga naquela cidade. Isso significa
que Shaul não ia para as sinagogas aos shabatot (sábados) apenas para fins de levar as
boas novas, mas também porque esse era o seu dia de adoração.
3. Leia Atos 16:25-34. Recapitule a história de conversão do carcereiro. O que ele pre-
cisou fazer para ser salvo?
Leia Atos 16:31-34. O que isso ensina sobre a plenitude do sacrifício do Mashiach por
nós? Como você pode, dia a dia, descansar na certeza da justiça de Yeshua como sua
única esperança de redenção?
Tessalônica e Bereia
4. De acordo com Atos 17:1-9, como os judeus tessalonicenses reagiram aos numero-
sos goyim tementes a D'us que aceitaram a mensagem Shaul?
Mais uma vez, vemos Shaul procurando a sinagoga a fim de poder compartilhar as
boas novas. Muitos goyim piedosos e não poucas mulheres preeminentes foram per-
suadidos pela mensagem de Shaul. O fato de que esses guerim (conversos) tenham se
unido a Shaul e Silas (At 17:4) parece significar que eles formaram um grupo separado
e se reuniam fora da sinagoga, provavelmente na casa de Jasom.
Movidos por ciúme, os adversários começaram uma rebelião. A intenção deles era
trazer Shaul e Silas (Timóteo não é mencionado) perante a assembleia da cidade e acu-
sá-los. Como não conseguissem encontrar os emissários, o próprio Jasom e alguns ou-
tros crentes foram arrastados até as autoridades locais sob a acusação de abrigarem
agitadores políticos.
5. Leia Atos 17:10-15. Qual foi a resposta dos judeus bereanos em comparação com
a dos tessalonicenses?
Quando foi a última vez que você examinou diligentemente as Escrituras para descobrir
"se o que Shaul dizia era verdade." (At 17:11)?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 89
Quarta 29 de agosto | יום רביעיYom Revi'i 18 Elul
Shaul em Atenas
6. Leia Atos 17:22-31. Em seu discurso no Areópago, quais verdades sobre o Eterno, a
redenção, história e o ser humano Shaul falou àquelas pessoas?
A maior parte das palavras de Shaul soaram ridículas àquele sofisticado auditório pa-
gão, cujos conceitos sobre D'us e religião eram muito distorcidos. Não sabemos como Shaul
pretendia encerrar sua mensagem, pois ele parece ter sido interrompido no momento em
que se referiu ao juízo de D'us sobre o mundo por meio daquele que Ele ressuscitara den-
tre os mortos (At 17:31). Essa crença entrava em conflito com dois conceitos gregos: (1) que
D'us é totalmente transcendente, não tendo nenhuma relação com o mundo nem interesse
nos assuntos humanos; e (2) que quando uma pessoa morre, não pode haver ressurreição.
Isso ajuda a explicar por que a bessorá era uma loucura para os gregos (1Co 1:23) e por que
o número de guerim (conversos) em Atenas foi pequeno.
No entanto, entre os que creram estavam algumas das pessoas mais influentes da
sociedade ateniense, como Dionísio, membro do Areópago, e Damaris, cuja menção por
nome implica que ela possuía alguma influência, se é que não fosse também membro do
conselho (At 17:34).
A abordagem diferente de Shaul diante do Areópago mostra sua consciência das dife-
renças sociais e culturais. Ele até citou um poeta pagão (At 17:28) para apresentar seu
argumento. Como podemos usar diferentes métodos para alcançar pessoas diferentes?
Shaul em Corinto
A tos 18:1-11 relata a experiência de Shaul em Corinto, onde ele ficou por um ano e
meio. Áquila e Priscila se tornaram amigos dele pelo resto da vida (Rm 16:3; 2Tm
4:19). O relato sugere que eles já eram crentes em Yeshua como Messias quando chegaram
a Corinto, provavelmente por causa da deportação dos judeus de Roma pelo imperador
Cláudio. O historiador romano Suetônio parece indicar que a deportação ocorreu devido a
tumultos na comunidade judaica associados ao nome do "Mashiach" (Claudius 25.4), o que
talvez fosse resultado da mensagem das boas novas levada pelos judeus crentes daquela
região. Portanto, não é impossível que Áquila e Priscila tivessem eles mesmos estado en-
volvidos em tais atividades. De qualquer maneira, além de compartilhar a mesma crença
e a mesma origem judaica, Shaul e seus novos amigos também tinham a mesma profissão.
7. De acordo com Atos 18:4-17, qual foi o resultado do trabalho de Shaul em Corinto?
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Sexta 31 de agosto | יום שישיYom Shishi 20 Elul
Estudo adicional
"O s que hoje ensinam verdades impopulares não devem ficar desanimados se por
vezes encontram, mesmo por parte dos que se dizem religiosos, uma recepção des-
favorável, como a que foi dada a Shaul e seus companheiros por aqueles por quem traba-
lharam" (1).
"Se, nas cenas finais da história da Terra, aqueles a quem são proclamadas verdades
decisivas seguissem o exemplo dos judeus de Bereia, examinando diariamente as Escri-
turas e comparando com a Palavra de D'us as mensagens a eles levadas, haveria hoje em
dia grande número de pessoas leais aos preceitos da Torá de D'us, onde agora existem
relativamente poucas. […].
"Todos serão julgados de acordo com a luz que receberam. Hashem envia Seus embai-
xadores com a mensagem de salvação; e Ele faz com que aqueles que a ouvem sejam res-
ponsáveis pelo modo como tratam as palavras de Seus servos. Os que procuram de forma
sincera a verdade pesquisarão cuidadosamente, à luz da Palavra de D'us, os princípios de
fé apresentadas a eles" (2).
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Após a assembleia de Yerushalayim Shaul faz sua segunda viagem (At 16). Ele como os
demais emissários criam está vivendo o clímax do judaísmo e isso os movia ( DUNN,2009,
p.360-370). Por mais pesada que fosse a oposição de alguns Judeus, que não representavam ao
povo Judeu como um todo, Shaul seguia anunciando Yeshua como Mashiach .
Shaul chega em Derbe (At 14:6,20) e mais tarde em Listra (At 14:6,8), cidade localizada a
noroeste de Derbe. Listra é a terra natal de Timóteo que viria a ser ajudante de Shaul (At 20:4).
A mãe de Timóteo era judia e seu pai era grego. Timóteo era um jovem judeu que não tinha
sido circuncidado. Shaul, sabendo disso, o submente a brit milá. Todo aquele que nasce de
mãe judia é judeu e por isso deveria passar pela circuncisão (KOLATCH, 2003, p.16); Shaul era
um observador da halachá. (At 21:20-27). Se Timóteo fosse goy não teria problema algum; pois
seria recebido pelos demais Judeus como um temente a D’us. Esse não era o caso, assim Shaul
cumpre a halachá. Shaul, Silas e Timóteo trabalham nas comunidades do sul da Galácia e en-
tão decidem levar a mensagem em outras áreas além do centro-sul da Ásia Menor. Seu plano é
viajar na direção oeste e, na dependência da orientação do Ruah Hakodesh, expandir a kehilá
num mundo predominantemente goy (SIMON, 2016, p.115).
Shaul é orientado a ir para Macedônia. O que parece indicar que Hashem tinha algo espe-
cial naquela região. “Durante a noite, Shaul teve uma visão. Um homem da Macedônia estava
em pé e lhe implorava: ‘Venha para a Macedônia e ajude-nos!’” (At 16:9). Na Macedônia ele
visita uma cidade chamada Filipos. Filipos passou sob controle romano no final da Terceira
Guerra Macedônia em 168 a.e.c. Naquela época, a Macedônia estava dividida em quatro dis-
tritos administrativos ou repúblicas. Filipos é descrita como uma cidade do primeiro distrito
da Macedônia, ou seja, o primeiro dos quatro distritos em que o antigo reino foi dividido pelos
romanos (BRUCE, 1988, p.309). Shaul costumava ir sempre a uma sinagoga quando chegava
nas cidades por onde passava, porém em Filipos foi diferente ao que parece a cidade não con-
tava com nenhuma sinagoga (At 16:13). Alguns estudiosos consideram que por volta 49 e.c., o
imperador Cláudio havia expulsado os Judeus de Roma, porque eles tinham sido acusados de
criar perturbação religiosa (At 18:2). É provável que a colônia romana de Filipos tinha seguido
o exemplo de Cláudio e banido os Judeus; isso explicaria a ausência de sinagogas (SIMON,
2016, p.124; STERN, 2008, p. 314). Para se ter uma sinagoga funcionando eram necessárias pelo
menos dez famílias judias, assim encontramos prescrito na Mishiná. “Rabi Halafta ben Dosa,
da aldeia de Hananya, disse: 'Quando dez pessoas se sentam juntas e se ocupam com a Torá,
a Shekinah está entre elas, como se diz, D’us está na congregação de D’us'” (Sl 82:1). (ABOT
3.7). Sem uma sinagoga para Shaul e os demais emissários que estavam com ele adorarem no
shabat ele vai à beira de um rio (At 16.13); talvez até em busca de uma reunião com alguns
possíveis Judeus que não tivessem fugido da colônia. Atos 16:13 parece endossar essa ideia:
“Passamos alguns dias nessa cidade; então, em um Shabat, saímos da cidade e fomos para a
beira do rio, onde sabíamos que se reunia um minyan”. Stern (2008, p. 314) faz uma observa-
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Comentário
Lição 9
Nessa reunião no Shabat, Shaul encontra uma mulher chamada Lídia; que era uma “te-
mente a D’us” (At 16:14). Lídia passou pela micvê naquele mesmo dia. Provavelmente ela ha-
via sido instruída na religião do D’us de Israel como outros “tementes a D’us” mencionados no
livro de Atos. Shaul conhecia muito bem as práticas judaicas e guiado pelo Ruach Hakodesh fez
uma maravilhosa obra naquele dia dando força ao pensamento inicial de que Hashem tinha
uma obra especial naquele lugar. Lídia se identifica com o espirito do povo Judeu e oferece
abrigo para os emissários enquanto anunciavam Yeshua como Mashiach de Israel (At 16:15).
Ao anunciar Yeshua naquele lugar Shaul se depara com um adivinho que queria macular o
trabalho dos emissários. Shaul conhecedor da Torá logo repreendeu o espirito adivinhador (At
16:15-18; Dt 18:9-12). Os romanos tornaram o Judaísmo religião legal dentro do Império, e os
seguidores de Yeshua não distinguiam do Judaísmo. Entretanto, os romanos proibiram os Ju-
deus de fazer convertidos entre os cidadãos romanos (SIMON, 2016, p.133). Em decorrência do
incidente com o jovem adivinho, Shaul foi parar na prisão. O jovem gerava lucro para região
ao atrair as pessoas. Na prisão, Shaul e Silas testemunham diante do carcereiro que por sua
vez quer descobrir os emissários apanharam e ainda assim estão louvando. Naquela noite o
carcereiro toma a decisão de ser imerso junto com sua família. Não temos detalhes sobre o co-
nhecimento que o carcereiro tinha do D’us de Israel, mas não é difícil imaginar que ele possível
mente tinha conhecido em parte a religião mais respeitada do império romano. Shaul ainda
seguiu para Tessalônica onde pode adorar Hashem no Shabat e fazer a drashah; expondo ali
as escrituras encontrou certa resistência da parte de alguns Judeus; foram para Beréia onde
no Shabat novamente expuseram as escrituras, todavia agora com maior aceitação. Também
em Atenas o Rabi teve a oportunidade de anuncia tanto para Judeus quanto para os goyim “te-
mentes a D’us”. Filósofos escutaram o grande Rabi Judeu e se admiravam com sua eloquência.
É importante salientar que em todos esses discursos Shaul sempre teve a Bíblia Hebraica como
base. As escrituras judaicas norteavam os discursos dele. Na sequência, Shaul chega a corinto
onde iria novamente anunciar Yeshua como Mashiach. Naquele tempo Corinto, não Atenas,
era a capital da Acaia (Grécia). Como de costume, Shaul se dirigiu primeiramente às cidades
principais e capitais. De Atenas, ele viajou para oeste-sudoeste por cerca de 80 km e em dois
dias chegou a Corinto. Ali, ele encontrou um casal, que era fabricante de tendas, e se hospe-
dou com eles. Áquila e Priscila eram Judeus e haviam chegado recentemente da Itália. Lucas
observa que a ocasião de sua jornada tinha sido o comando de Cláudio, o qual ordenou que
todos os Judeus deveriam partir de Roma. O historiador Suetônio confirma esta informação
e acrescenta que os Judeus estavam causando distúrbios na “instigação de Chrestus” (Claud.
25), que pode ser uma corrupção de "Messias"; a questão pode refletir as tensões criadas pelo
proclamações dos seguidores de Yeshua. Sobre Áquila e Priscila como nada é declarado sobre
a conversão desta família por Shaul, e como eles parecem muito ativos em favor da Kehilá,
a probabilidade é que eles trouxeram seu conhecimento da mensagem de Roma. A conexão
íntima entre Shaul e Áquila foi trazida, não simplesmente pela união de seus corações nos
princípios de fé, mas também pela circunstância exterior de que eles praticavam o mesmo ar-
tesanato. De acordo com o costume judaico, que exigia que os rabinos aprendessem um ofício,
Shaul seguiu a ocupação de um σκηνοποιός. Alguns estudiosos entenderam essa palavra como
significando um trabalhador em couro, σκυτοτόμος, porque tendas eram frequentemente fei-
tas de peles; mas é mais adequado entendê-lo do comércio de um fabricante de tendas, que era
muito praticado na Cilícia. É errado, certamente, considerar o costume judaico de aprender
um ofício, em conjunto com o estudo da Torá, simplesmente como um meio de assegurar o
progresso mundano: a verdadeira razão dessa prática era que, pelo exercício físico, eles pode-
riam guardar contra as tentações a que a ociosidade poderia levar. (SIMON, 2016, p.199; GARY,
2011, p.234; OLSHAUSEN, 1857, 3:359-360). Shaul foi fundamental no estabelecimento de uma
comunidade em Corinto. Shaul trabalhou por um ano e meio em Corinto (At 18:11), a mais
luxuosa e degradada cidade da Grécia. Lá a mensagem anunciada pelos emissários obteve
nobres triunfos. Na casa de um Justo, ao lado da sinagoga, Shaul realizou suas reuniões. Crispo,
líder da sinagoga, tornou-se um seguidor de Yeshua junto com muitos coríntios. Shaul ainda
hoje é exemplo do que é ser um verdadeiro seguidor do Mashiach.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 9
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apostolos, p. 230 (Contextualizado)
(2)
Ibid., p. 232 (Contextualizado)
(3)
Ellen G. White, Testemunhos, v. 6, p. 91
(4)
William Barclay, The Acts of the Apostles, p. 133 (Contextualizado)
REFERÊNCIAS COMENTÁRIO 9
(a)
Bruce, F. F. The Book of the Acts, 1988.
(b)
Dunn, J. D. Unidade e Diversidade no Novo Testamento, 2009.
(c)
Gary, G. Acts of the Apostles, 2011.
(d)
Olshausen, H., E. Biblical Commentary on the New Testament, 1857.
(e)
Stern, D. H. Comentário Judaico do Novo Testamento, 2008.
(f)
Kolatch, A. J. O Livro Judaico dos Porquês, 2003.
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Lição 10 2 a 8 de setembro | 22 a 28 Elul
LEITURAS DA SEMANA
At 18:24-28; 19; 20:7-12, 15-27; 21:1-15; 2Co 4:8-14
Introdução
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
Éfeso: Parte 1
A tos 18:24-28 relata que, enquanto Shaul ainda estava a caminho de Éfeso, um judeu
chamado Apolo chegou a essa cidade. Ele era eloquente e tinha grande conhecimen-
to das Escrituras. Apolo era seguidor de Yeshua; isso fica claro na descrição de Lucas:
"Esse homem foi instruído sobre o caminho do Senhor, e com grande fervor espiritual
falava e ensinava acuradamente os fatos a respeito de Yeshua;" (At 18:25). Entretanto, ele
conhecia apenas a imersão de Yochanan (na micvê). Tendo sido imerso por Yochanan,
Apolo conhecera o Mashiach durante sua vida, mas deve ter se mudado da Judeia – pro-
vavelmente de volta a Alexandria – antes da morte e ressurreição e de Shavuot.
Isso explica por que Áquila e Priscila "levaram-no à parte e lhe explicaram o caminho
de Deus com mais detalhes" (At 18:26). Embora pudesse mostrar, pelo Tanach que Yeshua
era o Messias de Israel (At 18:28), Apolo precisava conhecer o progresso da comunidade
desde a vinda do Mashiach. Áquila e Priscila fizeram mais por Apolo: deram-lhe uma
carta de recomendação para as congregações na Acaia (At 18:27), o que lhe permitiu ter
um trabalho eficaz em Corinto (1Co 3:4-6; 4:6; 16:12).
1. De acordo com Atos 19:1-7, o que aconteceu com Shaul quando ele chegou a Éfeso?
A história de Apolo está ligada ao relato dos 12 homens que Shaul encontrou em
Éfeso. Sua descrição como "talmidim de Yeshua" (At 19:1) e a pergunta feita por Shaul (At
19:2) indicam claramente que eles criam que Yeshua era o Mashiach. Ao mesmo tempo,
sua resposta ao shaliach mostra que, semelhantemente a Apolo, eles também eram tal-
midim de Yochanan Hamatvil (João Batista), que haviam se tornado seguidores de
Yeshua sem terem passado pela experiencia em Shavuot. Eles tinham agora a oportuni-
dade de desfrutar uma experiência mais profunda com o Senhor.
"Chegando a Éfeso, Shaul encontrou doze retornados (convertidos) que, à semelhan-
ça de Apolo, tinham sido talmidim de Yochanan Hamatvil e, como ele, alcançado algum
conhecimento do objetivo do Mashiach. Eles não possuíam a habilidade de Apolo, mas
com a mesma sinceridade e confiança procuravam espalhar o conhecimento que ha-
viam recebido" (1).
Devemos entender a imersão deles à luz dessa situação singular. Eles não estavam
vindo de outro credo nem experimentando a conversão. Eles só estavam sendo reinte-
grados ao corpo central da Kehilá. O fato de terem recebido o Espírito e falado em línguas
diferentes provavelmente significa que eles eram emissários, assim como Apolo, e que
agora estavam sendo totalmente capacitados para testemunhar sobre Yeshua Hamashia-
ch, aonde quer que fossem.
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Segunda 3 de setembro | יום שניYom Sheni 23 Elul
Éfeso: Parte 2
2. Leia Atos 19:23-41. Qual foi o verdadeiro motivo para a oposição que Shaul sofreu
em Éfeso no final de sua permanência ali?
A oposição tinha a ver com o culto pagão, que foi severamente ameaçado pelo tra-
balho de Shaul. A verdadeira motivação de Demétrio foi claramente financeira, mas
ele conseguiu transformá-la em uma questão religiosa, porque o templo de Ártemis
(ou Diana), considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, estava localizado
em Éfeso.
Leia Atos 19:27. Observe como Demétrio conseguiu, de maneira astuta, introduzir "pie-
dade" religiosa em sua tentativa de manter o dinheiro fluindo para os artífices.
Trôade
A pós o alvoroço (At 19:23-41), Shaul decidiu deixar Éfeso. Entretanto, ele fez um longo
desvio através da Macedônia e da Acaia, em vez de ir diretamente para Yerusha-
layim (At 20:1-3). Nessa viagem, representantes de algumas comunidades goyim o acom-
panharam (At 20:4).
3. Leia Atos 20:7-12. Por que se reuniram no motza'ei Shabat (noite após o término do
Shabat) para ouvir a Drashá de Rabi Shaul?
A parada de Shaul em Trôade terminou com uma reunião da comunidade "no mot-
za'ei-shabbat (primeiro dia da semana)" (At 20:7). Eles se reuniram para "partir o pão",
o que talvez se refere ao seudat Mashiach (haadon), com ou sem a refeição conjunta
muitas vezes associada a ela desde os primórdios da comunidade de Yerushalayim (At
2:42, 46). O fato de não haver menção ao cálice nem a nenhuma tefilá não anula essa pos-
sibilidade. O ponto, porém, é que esse episódio é frequentemente erroneamente mencio-
nado como evidência de que, no tempo de Shaul, pelo menos os goyim crentes já haviam
substituído o Shabat pelo domingo como dia de adoração.
Entretanto, antes de fazer essa alegação, é necessário estabelecer o dia preciso em
que ocorreu a reunião, bem como a natureza dela. A referência ao uso das lâmpadas (At
20:8), juntamente com o fato de que a mensagem de Shaul continuou até a meia-noite (At
20:7), e depois até o amanhecer (At 20:11), bem como o sono profundo de Êutico (At 20:9),
deixam claro que foi uma reunião noturna (motza'ei Shabat).
Alguns levantam a questão se ela ocorreu na noite anterior ao domingo (sábado à
noite) ou na noite posterior ao domingo (domingo à noite). A resposta depende do sis-
tema de cálculo de tempo utilizado por Lucas: o judaico, de pôr do sol a pôr do sol, ou o
romano, de meia-noite a meia-noite. Se foi o primeiro, então era shabat à noite; no caso
do segundo, era domingo à noite.
Independente disso, o contexto de Atos 20:7-12 indica que essa não era uma reunião
regular da kehilá, mas um encontro especial por causa da partida de Shaul na manhã
seguinte. Com isso não apoia a guarda do domingo em lugar do Shabat, mesmo entre os
goyim.
Reflita sobre as razões para a importância da guarda do shabat. Como o amparo bíblico
ao shabat confirma nossa identidade e a confirmação das mensagens dos três anjos (Ap
14)?
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Quarta 5 de setembro | יום רביעיYom Revi'i 25 Elul
Mileto
A caminho de Yerushalayim, Shaul fez outra parada, desta vez em Mileto, onde teve a
oportunidade de fazer um discurso de despedida aos líderes da comunidade de Éfeso.
4. Leia Atos 20:15-27. Qual foi a ênfase de Shaul na parte introdutória de seu discur-
so?
Como já havia planejado uma nova viagem que incluía Roma e Espanha (Rm 15:22-29),
Shaul acreditava que nunca mais retornaria à Ásia. Então ele começou seu discurso com
uma espécie de prestação de contas dos anos passados em Éfeso. Esse relatório, no entanto,
apontava não apenas para o passado, ou seja, para a maneira pela qual ele havia vivido
entre os efésios, mas também para o futuro, pois ele temia o que poderia lhe acontecer em
Yerushalayim.
O medo de Shaul não era infundado. A comunidade de Yerushalayim o via com certo
ceticismo, se não hostilidade, por causa do seu passado como perseguidor e por sua men-
sagem livre da brit milá. (At 21:20-26). Para as muitos líderes judaicos, ele não passava de
um traidor e apóstata de suas tradições religiosas (At 23:1, 2). Em meados do primeiro sé-
culo e.c., especialmente por conta do mau governo romano, a Judeia também estava domi-
nada por ideais revolucionários e nacionalistas. Essa atmosfera influenciava todos os seg-
mentos da sociedade judaica, possivelmente até mesmo a kehilá. Nesse contexto, as ações
daquele parush entre os goyim devem tê-lo tornado uma persona non grata [pessoa não
bem-vinda] na Judeia (At 21:27-36; 23:6).
Shaul também tinha outras preocupações. Em Atos 20:28-31, ele focalizou a maneira
pela qual os líderes da comunidade em Éfeso deveriam lidar com os falsos mestres, a quem
comparou a lobos vorazes que tentariam desviar e perverter o rebanho. Portanto, mesmo
na própria kehilá, e mesmo nos seus primórdios, o perigo dos falsos mestres era real. Como
disse Shlomo em outro momento e em outro contexto: "não há nada de novo sob o sol" (Ec
1:9). A história da Kehilá revela os imensos danos que os falsos mestres podem causar. Esse
problema vai existir até o fim (2Tm 4:3).
É claro que Shaul tinha muitas coisas em sua mente, muitas preocupações; porém, sua
fidelidade e diligência nunca vacilaram.
Leia 2 Coríntios 4:8-14. Como devemos reagir quando as provações chegam? Em quem
Shaul colocou sua esperança suprema?
Tiro e Cesareia
D epois de Mileto, Lucas relata a viagem de Shaul de forma bem detalhada. Ainda a
caminho de Yerushalayim, o shaliach passou uma semana em Tiro, na costa fenícia,
onde o navio devia ser descarregado (At 21:1-6). No entanto, enquanto estava ali, os fiéis
insistiram para que ele não fosse a Yerushalayim. O fato de haverem sido guiados pelo
Eterno para advertir Shaul a não ir para Yerushalayim não está necessariamente em con-
tradição com a orientação anteriormente dada a ele. A expressão ἔθετο ἐν τῷ πνεύματι
(etheto en tō pneumati), em Atos 19:21, talvez deva ser traduzida como "resolvido/decidi-
do/proposto no Espírito", em vez de ser interpretada como se Shaul tivesse chegado a essa
decisão sozinho. A questão é que o Espírito sagrado pode ter mostrado aos crentes de Tiro
os perigos que estavam diante de Shaul e, num ato de profunda solidariedade, recomen-
daram que ele não prosseguisse com sua intenção. O próprio Shaul não tinha certeza do
que lhe aconteceria em Yerushalayim (At 20:22, 23). A orientação divina nem sempre torna
tudo claro, mesmo para alguém como Shaul.
5. Leia Atos 21:10-14. Qual incidente especial ocorreu em Cesareia a respeito da via-
gem de Shaul a Yerushalayim?
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Sexta 7 de setembro | יום שישיYom Shishi 27 Elul
Estudo adicional
"O êxito que a mensagem das boas novas alcançou havia despertado novamente a ira
de muitos judeus. De todos os lados, chegavam informações sobre a disseminação
do novo princípio de fé, segundo a qual eram libertos da observância dos ritos dos sacrifí-
cios e os goyim eram admitidos a privilégios iguais aos dos judeus, como filhos de Avraham.
Em sua mensagem em Corinto, Shaul apresentou os mesmos argumentos que expunha
com tanta veemência em suas cartas. Sua categórica afirmação, de que não há margem
para a discriminação entre goy e judeu, circunciso e incircunciso, estrangeiro, selvagem,
escravo e livre; ao contrário, o Messias é tudo em todos.' (Cl 3:11), foi considerada pelos
inimigos como ousada blasfêmia; por isso, decidiram que sua voz devia ser silenciada" (3).
"Além disso, Shaul não poderia contar com a solidariedade e o auxílio de muitos de
seus próprios irmãos. Os judeus incrédulos, que haviam seguido seus passos de perto, não
haviam demorado em fazer circular em Yerushalayim os boatos mais desfavoráveis sobre
ele e seu trabalho, tanto por carta quanto pessoalmente; e alguns, mesmo dentre os talmi-
dim e anciãos, tinham aceitado esses relatos como verdadeiros, não fazendo nada para
contestá-los nem manifestando desejo de entrar em acordo com Shaul" (4).
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Shaul começou sua terceira viagem de uma forma abrupta, diferente daquelas que tinha
iniciado anteriormente. É importante salientar que Shaul tem seu encontro com Gálio em Co-
rinto por volta do ano 52/53 e.c. A Brit Hadashá afirma que ele demorou “ainda muitos dias”
em Corinto, depois desse evento, antes de partir (Atos 18:18). Shaul ainda tem seu percurso
para Yerushalaim e Antioquia. O início da sua terceira viagem provavelmente acontece na
primavera do ano 54 e.c. Este é o ano em que Cláudio morreu e Nero começou seu reinado. O
resto do relato da vida de Shaul abarcará o período do reino de Nero. Ele foi executado por esse
imperador cruel, como também Kefa e muitos outros judeus e seguidores de Yeshua. Acredita-
-se que foi na terceira viagem de Shaul, que ele escreveu as cartas aos Gálatas, as duas cartas
aos Corímtios e Romanos. Essa viagem se encerrou por volta do ano 58 e.c. com o retorno de
Shaul e outros seguidores de Yeshua à Yerushalayim.
O relato do início da terceira viagem acontece dando ênfase à chegada de Shaul à cidade
de Éfeso. Tal ênfase é extremamente explicável graças ao fato dessa cidade ter sido a mais im-
portante para o comércio em toda Ásia Menor. Éfeso foi uma das maiores cidades dos jônicos,
localizada bem no encontro dos rios Cayster e Egeu. Cidade colonizada por muitos atenienses
e emancipada do poderio grego por Alexandre o Grande em 334 a.e.c. Esse era um lugar de
forte misticismo que futuramente, por volta do ano 113 e.c., junto da cidade de Mileto, seria o
berço da filosofia clássica. A despeito de ser o centro administrativo de Roma na Ásia Menor,
era mais conhecida por ser “Guardiã do Templo” da deusa Diana (19:35). Anteriormente, um
templo já havia sido incendiado em 356 a.e.c. e de acordo com a tradição, isso acontecera na
mesma noite em que Alexandre nasceu. O templo dos dias de Shaul estava entre as sete ma-
ravilhas do mundo.
Ao chegar em Éfeso, Shaul encontra alguns talmidim (discípulos) de Yeshua e lhes pergun-
ta: Receberam o Ruach Hakodesh quando creram? E os homens lhe afirmaram que sequer
conheciam a respeito da divindade do Espírito. Shaul então lhes explica o que acontecera em
Shavuot e eles passam pela micvê novamente, pois já haviam sido imersos por Yochanam.
O texto original de Atos 19:5 claramente mostra que eles foram imersos na água pela se-
gunda vez. O mesmo termo é utilizado em Atos 16:33 referindo-se a tevilá carcereiro da cadeia
que Shaul estava preso. Nesse momento o shaliach reafirma a necessidade de crer que na ação
do Ruach HaKodesh e viver os dons dados por ele na Kehilá.
Depois disso, Shaul ainda levou a mensagem durante três meses na kehilá. Alguns cre-
ram, outros falavam mal do "Caminho", nome dado aos seguidores de Yeshua como Mashiach.
Como grande parte dos judeus continuava incrédula, ele dirigiu-se aos goyim, falando no au-
ditório de um tal de Tirano, provavelmente um pretor grego, onde ensinou por dois anos. Rabi
Shaul fez grandes coisas na cidade de Éfeso, tantos milagres e curas que não se podem colocar
nos livros. Ao ponto de alguns exorcistas judeus tentarem seguir seus passos e tiveram fracasso
espiritual. O comentarista Shimon Kistemarker afirma:
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 103
Comentário
Lição 10
“Os filhos de Ceva, um sumo sacerdote judeu, tenta expulsar os demônios no nome de
Yeshua. O demônio se apodera deles e lhes dá uma forte surra, tanto que eles fogem nus e
sangrando daquela casa. Muitas pessoas creem em Yeshua, confessam seus pecados, queimam
seus livros de feitiçaria, que são avaliados em 50 mil moedas de prata.” (KISTEMAKER, 2006
p.283)
Muitos creram em Yeshua graças ao testemunho dado pelos espíritos malignos que se pro-
clamaram conhecedores da verdade através de Yeshua e Shaul. A mensagem em Éfeso foi leva-
da de forma muito consistente, ao passo que “um considerável número de pessoas envolvidas
com práticas ocultistas lançou seus pergaminhos em uma fogueira e os queimou em público.
Quando foi calculado o valor dos pergaminhos queimados, chegou-se à quantia de cinquenta
mil dracmas.” (Atos 19:19). Infelizmente os rumos da viagem de Shaul começaram a tomar um
caminho diferente quando os seguidores da deusa diana (Artêmis), começaram a se ofender
pela conversão de muitos dos seus e começaram a perseguir Shaul compelindo-o a ir embora.
“Seu templo mais célebre era incontestavelmente o de Éfeso. Durante duzentos e vinte
anos, toda a Ásia concorreu para construí-lo, orná-lo e enriquecê- lo... Pretende-se que tenha
sido destruído e reconstruído sete vezes. No entanto, a história só menciona dois incêndios
desse templo... Foi inteiramente destruído no ano 263 e.c., sob o imperador Galiano.” [...] “As
estátuas de Diana em Éfeso são bastante conhecidas. O corpo da deusa é dividido por faixas, de
sorte que ela parece, por assim dizer, enrolada. Ela traz na cabeça uma torre de vários anda-
res; em cada braço, leões; no peito e no estômago, um grande número de mamas. Toda parte
de baixo do corpo está salpicada de diferentes animais, bois ou touros, cervos, etc. Veem-se até
árvores e diferentes plantas, todas elas símbolos da natureza e de suas inúmeras produções”.
(COMMELIN, p.41)
De acordo com estudiosos das mitologias grega e romana, o culto à Artêmis/Diana
possuía práticas de feitiçaria, sacrifícios de animais e em alguns casos isolados, sacrifícios hu-
manos, mas Shaul centrava sua atenção na mensagem de que Yeshua era fonte de salvação,
Ele era o criador e afirmava exclusividade em sua divindade. Depois de toda a perseguição que
sofreu pelos cultuantes de Diana, que gritaram por duas horas sem cessar que Éfeso pertencia
a ela, Shaul convida os talmidim para uma reunião e os conforta, despede-se deles e parte para
a Macedônia. A partir daí Shaul continua sua investida missionária em outras cidades. Abaixo
será apresentado um breve e simples resumo de sua jornada.
1 - Galácia e Frígia => Onde passou fortalecendo e revisando tudo era ensinado na comu-
nidade ;2 - Éfeso => mesmo da Galácia; 3 - Macedônia => exortou os talmidim; 4 - Grécia => Ali
permaneceu por três meses, muitos judeus conspiraram contra Shaul, que decidiu retornar à
Macedônia; 5 - Macedônia => Shaul comemora Matsot; 6 - Trôade => Shaul após o Shabat faz
uma reunião para falar da palavra e aproveitam para partir o pão, nesse discurso à meia noite
Êutico cai de uma janela, dado como morto. Depois do jovem ter sido ressuscitado, continua a
mensagem até o amanhecer e parte viagem até Assôs; 7 - Trogílio => Demoraram um pouco,
mas logo partiram; 8 - Mileto => Shaul manda chamar os sábios (anciãos) em Éfeso, defende
seu trabalho e testemunho de sua vida, falando e ensinando tanto nas ruas, sinagogas e casas;
Comunica sua ida e sofrimentos em Yerushalaim se despede exortando-os a trabalharem pela
mensagem, defendendo o rebanho dos lobos e falsos ensinos. Presta um relatório de tudo que
viveu por ali aqueles anos e vive uma triste despedida em oração, grande pranto, abraços e
beijos nos membros da comunidade; 9 - Cós, Pátara, Tiro, Ptolemaida => Passa rapidamente,
revê os membros, os aconselha a viver por Yeshua e segue caminho; 10 - Tiro => Passou sete
dias com os talmidim, advertindo-os e exortando-os. Lhes avisou para que não fossem para
Yerushalayim e se despediu mais uma vez deles na praia, em oração; 11 - Ptolemaida => Passou
um dia com os membros da comunidade; 12 - Cesaréia => Shaul foi à casa de Filipe, um dos sete
shamashim escolhidos, que tornara-se emissário, tinha 4 filhas que profetizavam. Um profeta
chamado Ágapo cheio do Ruach Hakodesh profetiza a perseguição à Shaul em Yerushalayim;
13 - Yerushalayim => Recebido com alegria pelos membros da comunidade; Na casa de Tiago
com todos os sábios (anciãos), dá testemunho das ações e é aconselhado a fazer voto de Natzir
outros judeus para mostrar que é zeloso dos bons costumes da Halachá e da Torá.
Em Trôade é um momento importante da viagem de Shaul, visto que ali acontecem duas
afirmações fortes (através do testemunho) da Brit Hadashá. Shaul ressuscita um jovem, de-
monstrando o poder que o Ruach Hakodesh depositava sobre ele, além do poder da palavra
que provinha de Yeshua. Essa é uma luta direta contra a filosofia grega, pois quando Shaul
termina de ressuscitar o menino, ele afirma que a nêfesh (grego ψυχη psiquê) estava no jovem,
visto que o conceito de alma para os gregos é de eternidade, diferente do conceito judaico. No
judaísmo todos nós somos nêfesh chayá (alma viva), e por isso a alma pode morrer, porque
nós morremos, mas para os gregos a psiquê não morre, visto que é eterna. Nesse momento
o Shaul rebate o argumento da alma eterna e afirma que a ψυχη morreu e ressuscitou pelo
poder de Yeshua.
Mas além disso serve como uma afirmação da presença do shabat na bessorá. As Escritu-
ras afirmam que seria o primeiro dia da semana, visto que seria após a havdalá do sábado a
noite. Mostrando que os talmidim passaram todo o shabat juntos, falando das boas novas de
Yeshua e iniciaram a semana, partilhando a seudá (ceia).
Fato é que depois de se despedir ainda vai à Mileto, Cesaréia e Tiro, mas ao final dessas
viagens, compelido pelo Ruach Hakodesh faz a viagem mais triste que poderia fazer: voltar a
Yerushalayim sabendo que lá a perseguição o aguardava. Depois de fazer a purificação que a
Torá indicava, Shaul foi preso e conclui sua peregrinação da terceira viagem no cárcere, para
glorificar o nome do Eterno.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 10
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apostolos, p. 282 (contextualizado)
(2)
Ibid., p. 397, 398 (contextualizado)
(3)
Ibid., p. 390 (contextualizado)
(4)
Ibid., p. 398 (contextualizado)
REFERÊNCIAS LIÇÃO 10
(a)
COMMELIN, P. Mitologia grega e romana . Martins Fontes: São Paulo, 1993.
(b)
KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo testamento, 2006.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 105
Lição 11 9 a 15 de setembro | 29 Elul a 6 Tishrê
A prisão de Shaul em
Yerushalayim
VERSO PARA MEMORIZAR
"Na noite seguinte, o Senhor se pôs ao lado dele e disse: "Tenha coragem! Assim como
você acabou de testemunhar fielmente a meu respeito em Yerushalayün, deverá também
testemunhar em Roma" (At 23:11)
LEITURAS DA SEMANA
At 21; 22; 23:1-30; Rm 2:28, 29; Gl 5:6; Mt 22:23-32
Introdução
D epois da primeira viagem de Shaul, ficou claro que havia uma discordância
fundamental na kehilá a respeito da maneira pela qual os goyim deveriam ser
admitidos (At 15:1-5). Talvez percebendo um conflito crescente, Shaul pensou em
um plano para promover a unidade na kehilá. Visto que na assembléia lhe pediram
que se lembrasse dos pobres (Gl 2:10), ele decidiu solicitar às comunidades goyim
que prestassem ajuda financeira aos irmãos na Judeia, a "coleta feita a favor do
povo de D'us" (1Co 16:1), esperando que isso ajudasse a construir pontes entre os
dois grupos.
Isso explica sua determinação de ir a Yerushalayim no fim de sua terceira via-
gem, apesar dos riscos. Por um lado, ele tinha amor genuíno por seus irmãos judeus
(Rm 9:1-5); por outro, desejava uma comunidade unida (Gl 3:28; 5:6). Visto que ju-
deus e goyim eram igualmente salvos pela emuná (fidelidade), e não pela guarda
legalista dos mandamentos da Torá. (Rm 3:28-30), qualquer alienação social entre
eles, baseada nos requisitos dos sacrifícios da Torá, era contrária à natureza inclu-
siva da bessorá (Ef 2:11-22).
Sigamos Shaul nessa nova fase de sua vida e propósito.
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
1. Leia Atos 21:23-26. Como Shaul demonstrou que ainda era um judeu fiel?
Shaul foi aconselhado a ser politicamente correto. Ele devia mostrar a falsidade
dos rumores a seu respeito fazendo algo natural para um judeu: financiar o voto de
nazir de alguns crentes judeus. Esse voto era um ato especial de piedade por meio
do qual um judeu se reconsagrava ao Eterno.
É possível argumentar que Shaul estava apenas seguindo seu princípio de pro-
ceder como judeu ao lidar com judeus (1Co 9:19-23), ou que ele mesmo teria feito
um voto pouco antes (At 18:18), embora a natureza exata desse voto não seja clara.
Sua ação endossou as motivações legalistas por trás da recomendação que lhe fora
feita. A implicação de sua atitude era exatamente aquela que ele tentava combater:
a ideia de que havia duas mensagens, uma para goyim, de redenção pela emuná, e
outra para judeus, pelas ações. Shaul, porém, "não estava autorizado por D'us para
ceder tanto quanto pediam" (1).
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 107
Segunda 10 de setembro | יום שניYom Sheni 1 Tishrê
Tumulto no templo
2. Leia Atos 21:27-36. O que aconteceu com Shaul no final de seu período de sete dias
de purificação?
Seguiu-se um tumulto, causado por aqueles que incitaram a multidão contra Shaul,
acusando-o de atacar os símbolos sagrados, e especialmente de ter profanado o tem-
plo. Visto que um dos companheiros de viagem de Shaul era um crente goy de Éfeso,
chamado Trófimo (At 21:29), eles acharam que o shaliach o havia introduzido no pátio
interno do templo, onde só judeus podiam entrar. Se a acusação fosse legítima, Shaul
seria culpado de um crime muito grave. Ao longo do muro que separava o pátio ex-
terno do interno, haviam placas em grego e em latim advertindo os visitantes goyim a
não avançarem, senão eles seriam pessoalmente responsáveis por sua própria morte.
"Pela halachá era crime punível com a morte uma pessoa incircuncisa entrar nos
pátios internos do edifício sagrado. Shaul tinha sido visto na cidade em companhia de
Trófimo, um efésio, e acharam que o tivesse trazido ao templo. Ele não havia feito isso;
e, sendo ele mesmo judeu, seu ato de entrar no templo não era violação da halachá.
Mas, embora a acusação fosse completamente falsa, serviu para despertar o precon-
ceito popular. E, à medida que o clamor aumentava e chegava aos pátios do templo, as
multidões ali reunidas ficavam enfurecidas" (2).
Quando a notícia do tumulto chegou à fortaleza romana que ficava junto ao templo,
o comandante romano, Cláudio Lísias (At 21:31, 32; 23:26), veio com suas tropas e res-
gatou Shaul antes que a multidão o matasse.
Sendo alvo dos ataques, Shaul foi preso e atado com correntes enquanto o coman-
dante tentava averiguar o que estava acontecendo. Diante dos gritos histéricos da mul-
tidão, ele ordenou que o shaliach fosse recolhido à fortaleza.
Rumores falsos deram início a esse tumulto. Por que devemos ter muito cuidado com os
rumores que ouvimos ou, pior ainda, espalhamos?
ROSH HASHANÁ 1
Diante da multidão
A tos 21:37-40 conta o que aconteceu em seguida. Enquanto Shaul era levado à for-
taleza romana para ser interrogado, ele pediu permissão ao comandante para se
dirigir ao povo, que ainda estava clamando freneticamente por sua morte.
Ao se dirigir ao comandante na língua grega, este pensou que Shaul poderia ser
um certo judeu do Egito que, cerca de três anos antes, havia iniciado uma revolta em
Yerushalayim contra a ocupação romana. A revolta, porém, foi suprimida pelas forças
romanas; muitos de seus seguidores foram mortos ou presos, enquanto o egípcio mes-
mo conseguiu escapar.
Depois de afirmar que era de Tarso, não do Egito, Shaul recebeu permissão para fa-
lar. Em seu discurso, ele não ofereceu uma resposta detalhada às acusações levantadas
contra ele (At 21:28), mas contou-lhes a história de sua vida, destacando sua devoção
ao judaísmo, a ponto de perseguir os que acreditavam em Yeshua. Quando confrontado
com uma série de revelações da parte do Eterno, ele não teve escolha senão obedecê-
-las. Isso explicava a total reviravolta em sua vida e seu chamado para levar a mensa-
gem aos goyim. Em vez de entrar em uma discussão teológica, Shaul lhes contou sua
experiência e por que ele estava fazendo o que fazia.
3. Leia Atos 22:22-29. Como a multidão reagiu à afirmação de Shaul de que ele era
um rabi dos goyim?
A decisão de deixar Shaul falar não deu muito certo. Ao se referir ao seu compro-
misso com os goyim, Shaul parecia estar confirmando a veracidade das acusações con-
tra ele (At 21:28), e a multidão ficou ainda mais irritada.
O comandante romano pode não ter entendido tudo o que Shaul disse; por isso,
ele decidiu interrogá-lo por meio de açoites. Contudo, além de ser judeu filho de mãe
judia (Fp 3:5), Shaul também tinha cidadania romana, e quando mencionou isso, o
comandante teve que recuar. Como cidadão romano, Shaul não podia ser submetido a
esse tipo de tortura.
4. Leia o discurso de Shaul (At 22:1-21). Quais são as evidências de que, além de se
defender, ele também estava levando a mensagem aos seus irmãos judeus? Por que
ele contou sua história de teshuvá?
ROSH HASHANÁ 2
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 109
Quarta 12 de setembro | יום רביעיYom Revi'i 3 Tishrê
Perante o Sanhedrin
Q uando o comandante romano percebeu que Shaul não representava nenhuma ameaça
para o império, isto é, que a questão envolvia disputas internas dos judeus, ele pediu
para o Sanhedrin assumir o caso (At 22:30; 23:29).
5. De acordo com Atos 23:1-5, como Shaul começou sua defesa perante o Sanhedrin?
A declaração introdutória de Shaul foi recebida com uma bofetada na boca, talvez por-
que, como prisioneiro, sua referência ao Eterno parecia blasfema. Sua reação impulsiva nos
dá um vislumbre de seu temperamento. Ao chamar o Cohen Gadol de "parede embranque-
cida" (At 23:3), Shaul estava ecoando as palavras de Yeshua, ao condenar a hipocrisia dos
p'rushim (Mt 23:27). No entanto, como Shaul não sabia que estava se dirigindo ao Cohen
Gadol, a possibilidade de que ele tivesse uma visão ruim não deve ser descartada.
O Sanhedrin era composto de tzdukim e prushim que se opunham uns aos outros em
uma série de questões. Os tzdukim, por exemplo, cujas Escrituras Sagradas incluíam apenas
a Torá, não acreditavam na ressurreição dos mortos (Mt 22:23-32).
A declaração de Shaul (At 23:6), no entanto, foi mais do que uma tática inteligente para
distrair o Sanhedrin. Uma vez que o encontro com Yeshua ressuscitado na estrada de Dam-
mesek (Damasco) era o fundamento de seu retorno e trabalho rabínico como shaliach, a
crença na ressurreição era a verdadeira questão pela qual ele estava sendo julgado (At 24:20,
21; 26:6-8). Nada mais podia explicar como ele havia abandonado seu zelo excessivo para se
tornar quem ele era naquele momento. Se Yeshua não tivesse ressuscitado, seu trabalho era
inútil, e ele também sabia disso (1Co 15:14-17).
Naquela noite, quando Shaul estava na fortaleza, "o Senhor se pôs ao lado dele e dis-
se: 'Tenha coragem! Assim como você acabou de testemunhar fielmente a meu respeito em
Yerushalayim, deverá também testemunhar em Roma'" (At 23:11). Dadas as circunstâncias,
essa promessa deve ter sido significativa para Shaul. Seu desejo de discursar em Roma (At
19:21; Rm 1:13-15; 15:22-29) ainda seria realizado.
JEJUM DE GUEDÁLIA
I rritados com o fato de que ainda não tinham se livrado de Shaul por meios legais, um
grupo decidiu articular um plano para atacar ele em uma emboscada e o matar por
conta própria.
7. De acordo com Atos 23:12-17, qual era o plano de alguns judeus habitantes de
Yehudá (Judá) contra Shaul? Como esse esquema foi frustrado?
8. Leia Atos 23:26-30. Qual foi a mensagem que o comandante Lísias enviou ao go-
vernador Félix sobre Shaul?
A carta apresentava a Félix um relatório justo sobre a situação. Além disso, mostrava
como Shaul havia sido beneficiado por sua cidadania romana. A lei romana protegia ple-
namente seus cidadãos, que tinham o direito, por exemplo, a um julgamento legal, no qual
pudessem comparecer perante o tribunal e se defender (At 25:16), e também o direito de
recorrer ao imperador no caso de um julgamento injusto (At 25:10, 11).
Independentemente da reputação de Félix, ele tratou Shaul de maneira juridicamente
apropriada. Após um interrogatório preliminar, ele ordenou que o shaliach fosse mantido
preso até que os acusadores chegassem.
Pense na providência do Eterno na vida de Shaul. Com que frequência você tem reco-
nhecido a providência de Hashem em sua vida, apesar das provações e dos sofrimentos
que possa ter passado?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 111
Sexta 14 de setembro | יום שישיYom Shishi 5 Tishrê
Estudo adicional
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
“[...] Quando você passa por estes [primeiros] claustros, até o segundo [átrio do] templo, ha-
via uma divisória feita de pedra por toda parte, cuja altura era de três côvados: sua construção
era muito elegante; sobre ele estavam pilares, em distâncias iguais uns dos outros, declarando
a lei da pureza, alguns em grego, e alguns em letras romanas, que ‘nenhum estrangeiro deve ir
dentro desse santuário’, por esse segundo [tribunal do] o templo foi chamado de ‘o Santuário’
e foi ascendido a quatorze passos da primeira corte. [...] no meio de qual, e não longe disto, era
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 113
Comentário
Lição 11
o segundo, ser ido para cima por alguns passos; isso foi cercado por um muro de pedra para
uma divisória, com uma inscrição que proibia qualquer estrangeiro de entrar, sob pena de
morte. (1996; 15.417-419).”
O cuidado que os Judeus daquela época tinham para com o templo era exacerbado; Filo
nos que o zelo pelo templo sagrado é o sentimento mais predominante, veemente e universal
em toda a nação. “A maior prova disso é que a morte é inexoravelmente pronunciada contra
todos aqueles que entram no circuito interno dos recintos sagrados a menos que ele seja um
de sua própria nação por sangue.” (FILO, 1996, p.777). As autoridades romanas tinham tanto
respeito pelos religiosos Judeus que autorizavam a sentença de morte por essa transgressão,
mesmo quando os ofensores eram cidadãos romanos. Para que nenhum goy pudesse involun-
tariamente entrar nas áreas proibidas, avisos em grego e latim foram fixados a barreira que
os separava da corte externa, advertindo aos goyim que a morte era a penalidade por mais
ingresso (BRUCE, 1988, p.408; JOSEFO; 1996, 6.125-127). Esses Judeus vindos da Ásia tiveram
sucesso em incitar o povo contra Shaul, sabiam que o povo tinha um grande carinho pelo
templo, no sanhedrin Shaul de cabeça erguida e diante dos demais p’rushim (fariseus) declara
sua fidelidade a Halachá e se identifica como p’rushim. Muitos do sanhedrin se levantaram em
favor do Rabi Shaul (At 23:9). Ao contrario do que se pensa costumeiramente o farisaísmo não
era sinônimo de hipocrisia; grande parte dos p’rushim eram amantes de Hashem e queriam o
melhor para o povo, porém como em todas as religiões existem aqueles que mas representam
o grupo a qual pertencem. É importante observar que Lucas diz que pouco mais de quarenta
tramaram contra o Rabi; provavelmente os mesmos que incitaram o povo com calunias. Nesse
momento é necessário dizer que nem todos p’rushim pesavam igual e agiam igual. E isso é
atestado tanto pelo Talmud (Sota 22b). Nossos sábios observaram isso da seguinte forma:
“[C] há sete tipos de fariseus [p’rushim]: o vistoso [Fariseu], o altruísta [Fariseu], o guarda-
-livros [fariseu], o lavrador [o fariseu], o [fariseu], o temente [fariseu]; amando [fariseu].
[D] O ‘vistoso [fariseu]’ carrega suas boas ações no ombro [para mostrá-las].
[E] O ‘arrogante fariseu’ diz: ‘Espera por mim. Eu estou [ocupado usando meu tempo]
para cumprir os mandamentos! [Eu não tenho tempo para você.]’
[F] O ‘contador [Fariseu]’ paga cada dívida [isto é, pecado] executando um mandamen-
to [boa ação].
[G] O ‘fariseu’ parcimonioso diz: ‘Do pouco que tenho, o que posso reservar para exe-
cutar mandamentos?’
[H] O ‘pagando [fariseu]’ diz: ‘Diga-me que pecado cometi e executarei um mandamen-
to para compensá-lo’. [esses cinco tipos são modelos negativos, pomposos e ostensivos.]
[I] O ‘temendo’ [Fariseu emula] Jó. O ‘amoroso’ [fariseu emula] Abraão. E ninguém é
mais amado por Deus do que o ‘amoroso’ [fariseu que emula] Abraão.
[J] Abraão, nosso antepassado, transformou até mesmo o desejo maligno [dentro dele]
em bem. Como está escrito: ‘E encontraste o seu coração (sugerindo mais de um) fiel diante
de ti’ (Ne 9: 8). [ambos os seus desejos de corações eram fiéis.]
[K] disse R. Aha, ‘Ele fez um acordo [com seu desejo maligno para que ele pudesse
controlá-lo. Como diz: ‘E fiz com ele o pacto, etc.’ (Berakot, 9.5. Talmud de Yerushalayim).”
Shaul se identifica com os bons p’rushim (Abraão e Jó); destes haviam muitos também
como dos outros. O intento de acabar com a vida de Shaul naquele momento não deu certo
e ele foi enviado para Félix (At 23. 26-30). O judaísmo do período do Segundo templo foi
marcado por uma serie de debates acalorados e que muitas vezes não acabavam bem.
Yeshua e seus emissários viveram esse período e experimentaram o calor desses debates,
muitas vezes exacerbadamente. Lucas como historiador, ao falar daqueles que intentavam
contra Shaul, diz que eram em poucos (pouco mais de quarenta). Lucas como historiador mos-
tra-se criterioso ao apresentar os números, indicando algo importante. Podemos presumir
com razoável segurança que um dos objetivos do shaliach é demonstrar que eram poucos. Não
é difícil chegar a conclusão de que esse grupo incitou a multidão contra Shaul; pois sabiam do
apreço que o povo tinha pelo templo (que tinha sido profanado por Antioco IV), e usaram isso
conta Shaul. Com sabedoria muitos p’rushim defenderam Shaul dizendo que nele não havia
culpa (At 23.9). A Kehilá tem hoje a função de terminar aquilo que os emissários começaram.
Jacques Doukhan diz que no início “a Kehilá, a fim de ganhar o mundo, cortou suas raízes
judaicas. Pode ser que, no final de seu curso, a kehilá ganhará o mundo retornando (teshuvá)
à face judaica de sua identidade” (Doukhan, 2015).
REFERÊNCIAS LIÇÃO 11
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 405
(2)
Ibid., p. 407 (contextualizado)
(3)
Ibid., p. 399, 400 (contextualizado)
(4)
Ibid., p. 417, 418 (contextualizado)
REFERÊNCIAS COMENTÁRIO 11
(a)
Bruce, F. F. The Book of the Acts. The New International Commentary on the New Testa-
ment. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing, 1988.
(b)
Doukhan, J. B. The Jewish Face Of Adventism. Shabbat Shalom Magazine. 18 Nov. 2015.
Disponivel em:<http://www.shalomlc.org/index.php/resources/publications/shabbat-sha-
lom-magazine/131-jewish-christian-dialogue/289-the-jewish-face-of-adventism> Acesso
em: 1 Jul. 2018.
(c)
Philo, o. A.; Yonge, C. D.The works of Philo. Peabody: Hendrickson, 1996.
(d)
Josephus, F.;Whiston, W. The works of Josephus: Wars. Peabody: Hendrickson, 1996.
(e)
Josephus, F.; Whiston, W. (1996, c1987). The works of Josephus: Antiguities. Peabody:
Hendrickson, 1996.
(f)
Simon, K. Atos: Comentário do Novo Testamento. 2a edição., vol. 1, 2016.
(g)
Siqueira, R. Yeshuah, Hayehudi,(“Jesus, The Jew”).Shabbat Shalom Magazine. 26 Mar.
2016. Disponivel em: <http://www.shalomlc.org/index.php/resources/publications/sha-
bbat-shalom-magazine/131-jewish-christian-dialogue/428-yeshuah-hayehudi-jesus-the-
-jew> Acesso em: 1 Jul. 2018.
SHABAT TESHUVÁ
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 115
Lição 12 16 a 22 de setembro | 7 a 13 Tishrê
Detenção em Cesareia
VERSO PARA MEMORIZAR
"Shaul respondeu: 'Quer o tempo seja muito, quer seja escasso, desejo que D'us não faça
somente o senhor, mas todos os que nos ouvem hoje, semelhantes a mim, com exceção
destas correntes!" (At 26:29)
LEITURAS DA SEMANA
At 24–26; 1Co 1:23
Introdução
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
C inco dias após a transferência de Shaul para Cesareia, um grupo de líderes ju-
deus importantes – o Cohen Gadol (sumo sacerdote), alguns membros do Sa-
nhedrin e um advogado chamado Tértulo – vieram de Yerushalayim e formalmente
apresentaram diante de Félix suas acusações contra Shaul (At 24:1-9).
Esse é o único julgamento em Atos em que os acusadores empregaram um ad-
vogado. Em seu discurso, Tértulo tentou uma estratégia interessante para ganhar o
favor do governador. Simplesmente não era verdade que, sob o governo de Félix, os
judeus tinham desfrutado de um longo período de paz. Na verdade, nenhum outro
governador havia sido tão repressivo e violento, e isso gerou um enorme antagonis-
mo entre os judeus em relação ao governo romano. Com muita criatividade, Tértulo
usou a própria política administrativa do governador para convencê-lo de que ele
alcançaria estabilidade política nesse caso também apenas por meio de severa re-
pressão.
Em seguida, ele apresentou três acusações específicas contra Shaul: (1ª) que ele
era um agitador que constantemente fomentava distúrbios entre os judeus por todo
o império (At 24:5); (2ª) que era um líder da seita dos natzratim (At 24:5), o que
implicava as comunidades como uma espécie de movimento (o caminho) revolucio-
nário; e (3ª) que havia tentado profanar o templo de Yerushalayim (At 24:6).
1. De acordo com Atos 24:10-19, como Shaul respondeu a cada uma das acusações?
Dois outros pontos levantados por Shaul foram devastadores para a acusação:
(1ª) a ausência das testemunhas da Ásia (At 24:18, 19), o que tinha potencial para
tornar o julgamento inválido; e (2) o fato de que os judeus ali só podiam falar da au-
diência de Shaul perante o Sanhedrin ocorrida na semana anterior (At 24:20); assim
sendo, não tinham nada de que acusá-lo, à exceção de sua crença na ressurreição
dos mortos (compare com At 23:6).
O governador Félix imediatamente entendeu o peso dos argumentos de Shaul,
ainda mais porque ele também estava um pouco familiarizado com a crença no
Mashiach, provavelmente por causa de sua esposa judia, Drusila. O fato é que ele
decidiu suspender o processo até receber novas informações (At 24:22).
A resposta de Félix (At 24:24-27) revela muito sobre seu caráter: ele procrasti-
nou, podia ser subornado e foi oportunista. Shaul tinha poucas chances de ter um
julgamento justo com alguém como Félix.
Leia Atos 24:16. Shaul disse que sempre se esforçava para ter uma "consciência limpa
aos olhos de D'us e dos homens". O que isso significa? O que você teria que mudar para
dizer o mesmo?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 117
Segunda 17 de setembro | יום שניYom Sheni 8 Tishrê
D epois de manter Shaul na prisão por dois anos, apenas para ganhar o favor de
alguns judeus, Félix foi substituído por Pórcio Festo no governo da Judeia (At
24:27). Festo governou de 60 a 62 e.c.
2. Leia Atos 25:1-5. Como esse episódio revela o ódio que a divulgação da verdade
pode causar naqueles que não desejam crer nela?
3. Leia Atos 25:9-12. Ao perceber que Festo poderia usá-lo por razões políticas, como
Shaul reagiu?
F esto concordou em atender o pedido de Shaul de enviá-lo a Roma (At 25:12). Enquanto
isso o governador, ao receber uma visita de Estado de Herodes Agripa II, aproveitou
para consultá-lo sobre o caso de Shaul, especificamente sobre o tipo de informação que
ele deveria enviar ao imperador em seu relatório oficial. Festo ainda não estava muito
familiarizado com os assuntos judaicos, e Agripa certamente poderia ajudá-lo (At 26:2, 3).
4. Leia Atos 25:13-22. O que Festo disse a Agripa sobre Shaul e como o rei respondeu?
Agripa II, o último dos Herodes, chegou a Cesareia com sua irmã Berenice para sau-
dar o novo governador.
Ao descrever o caso de Shaul, Festo revelou sua surpresa de que as acusações contra
ele não estavam relacionadas a nenhuma ofensa importante, nem política nem criminal.
Em vez disso, elas tinham a ver com questões relativas ao judaísmo, especificamente
com um certo Yeshua, já morto, "mas a respeito de quem Shaul afirmava estar vivo". (At
25:19). Shaul já havia declarado diante do Sanhedrin que ele estava sendo julgado por
causa de sua crença na ressurreição de Yeshua; e, naquele momento, Festo deixou claro
que esse era realmente o verdadeiro assunto em questão.
5. Leia Atos 25:23-27. Como Lucas descreve a cerimônia em que Shaul compareceu
perante Agripa?
"E agora Shaul, ainda algemado, achava-se diante do grupo reunido. Que contraste
era ali apresentado! Agripa e Berenice possuíam poder e posição e, por isso, eram fa-
vorecidos pelo mundo. Contudo, eram destituídos dos traços de caráter que o Eterno
estima. Eram transgressores de Sua Torá, corruptos de coração e vida. Sua conduta não
era apreciada pelo Céu" (2).
Como as aparências, que podem ser agradáveis à visão humana, podem muitas vezes
nos enganar? As aparências são muito diferentes da realidade?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 119
Quarta 19 de setembro | יום רביעיYom Revi'i 10 Tishrê
A defesa de Shaul
6. Leia Atos 26:1-23. O que Shaul estava fazendo em seu discurso perante o rei Agri-
pa?
O discurso de Shaul foi, na verdade, um relato autobiográfico de sua vida antes e de-
pois do encontro com Yeshua. Em termos de conteúdo, o discurso lembra o de Atos 22:1-21,
que ele fez diante da multidão em Yerushalayim.
O shaliach começa tentando garantir o favor de Agripa. Ele demonstra gratidão pela
oportunidade de relatar seu caso diante de uma pessoa tão eminente, ainda mais porque
Agripa estava bem familiarizado com todos os costumes e questões relacionados ao juda-
ísmo. Por esse motivo, Agripa poderia ser de grande ajuda para que o governador romano
compreendesse que as acusações contra Shaul não tinham nenhum mérito e eram falsas.
O discurso pode ser dividido em três partes. Na primeira parte (At 26:4-11), Shaul des-
creve sua antiga piedade como parush, que era amplamente conhecida entre seus contem-
porâneos em Yerushalayim. Como parush, ele cria na ressurreição dos mortos, que era
essencial para o cumprimento da esperança de Israel. Aqueles judeus, portanto, estavam
sendo incoerentes ao se opor ao ensino de Shaul, pois não havia nada nele que não fosse
fundamentalmente judaico. Entretanto, ele entendia bem a atitude deles, porque ele mes-
mo havia achado tão inacreditável que o Eterno pudesse ter ressuscitado Yeshua que até
perseguira aqueles que acreditavam nisso.
Na segunda parte (At 26:12-18), Shaul relata como sua perspectiva tinha mudado desde
seu encontro com o Mashiach na estrada para Damasco (Dammesek) e o chamado que re-
cebera para levar a mensagem aos goyim.
Por fim, Shaul declara que o impacto do que ele havia visto (At 26:19-23) tinha sido tão
grande que não lhe havia deixado escolha senão obedecer e realizar seu trabalho, a única
razão pela qual ele estava sendo julgado. A questão por trás de sua prisão, portanto, não
era que ele tivesse violado a halachá nem profanado o templo; em vez disso, era a sua
mensagem sobre a morte e ressurreição de Yeshua, que estava em plena harmonia com as
Escrituras e permitia aos goyim participar igualmente da yeshuá.
YOM KIPUR
E mbora Shaul estivesse falando com Agripa, Festo foi o primeiro a reagir (At 26:24). Fes-
to não teria apresentado objeções se Shaul tivesse falado sobre a imortalidade da alma,
mas mesmo os antigos greco-romanos sabiam que ambos os conceitos – imortalidade e
ressurreição – não se harmonizam. Portanto, eles mantinham o primeiro e rejeitavam o
último. Por essa razão, Shaul afirmou que as boas novas sobre o Mashiach ressucitado era
loucura para os goyim (para os gregos é insensatez) (1Co 1:23).
De maneira respeitosa, Shaul defende a sanidade de suas ideias e se volta para Agripa,
um judeu que não só podia compreendê-lo, mas também confirmar que suas palavras
estavam de acordo com os profetas judeus (At 26:25, 26).
7. Leia Atos 26:27, 28. Qual foi a resposta de Agripa à pergunta direta de Shaul?
A pergunta de Shaul colocou Agripa em uma posição difícil. Como judeu, ele nunca
negaria sua crença nas Escrituras; por outro lado, se ele respondesse afirmativamente,
não haveria outra opção senão aceitar Yeshua como o Mashiach. Sua resposta foi uma fuga
inteligente da armadilha lógica em que se encontrava: "Você está querendo me convencer,
neste curto intervalo, a transformar-me em messiânico?" (At 26:28)
A resposta de Shaul revela um grande compromisso com a mensagem: "Quer o tempo
seja muito, quer seja escasso, desejo que D'us não faça somente o senhor, mas todos os que
nos ouvem hoje, semelhantes a mim, com exceção destas correntes!" (At 26:29). Em suas
últimas palavras, o shaliach não pediu para ter liberdade, a exemplo dos que o ouviam. Em
vez disso, ele queria que eles pudessem ser como ele, exceto pelas algemas. O zelo religioso
de Shaul ultrapassava grandemente sua preocupação com a própria segurança.
8. Leia Atos 26:30-32. Como o rei Agripa expressou sua convicção da inocência de
Shaul?
Festo precisava da ajuda de Agripa apenas para preencher o relatório (At 25:25-27). A
apelação de Shaul a César já havia sido formalmente concedida (At 25:12). O prisioneiro
não estava mais sob a jurisdição do governador.
Leia Atos 26:24-28. A que Shaul apelou em última instância? Qual deve sempre ser nossa
autoridade final em matéria de fidelidade?
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 121
Sexta 21 de setembro | יום שישיYom Shishi 12 Tishrê
Estudo adicional
"A o ouvir essas palavras, será que Agripa recordou-se da história passada de sua famí-
lia, e de seus esforços infrutíferos contra Aquele sobre quem Shaul estava levando a
mensagem? Ele pensou em seu bisavô Herodes e no massacre das crianças inocentes de
Beth-Lechem? Em seu tio-avô Antipas e no assassinato de Yochanan HaMatvil? Em seu
próprio pai, Agripa I, e na morte de Yaacov (Tiago)? Viu ele nos desastres que rapidamente
sucederam a esses reis uma evidência do desprazer de D'us em consequência dos crimes
que cometeram contra Seus servos?
"Será que o luxo e a exibição daquele dia fizeram com que Agripa se lembrasse da oca-
sião em que seu próprio pai, um monarca mais poderoso que ele, esteve naquela mesma
cidade, trajado de vestes brilhantes, enquanto o povo gritava que ele era um deus? Havia
ele se esquecido de como, mesmo antes de terem cessado as aclamações de admiração,
a vingança, rápida e terrível, caíra sobre o vaidoso rei? Um pouco de tudo isso cruzou
rapidamente a memória de Agripa, mas sua vaidade foi adulada pela brilhante cena que
estava diante dele, e o orgulho e a vaidade baniram todos os pensamentos mais nobres" (3).
.
PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO
1 Analise a decisão de Shaul de recorrer a César. Essa decisão foi correta (compare com At
25:25; 26:31, 32)? Até que ponto podemos tomar decisões para nos proteger, em vez de
apenas confiar nos cuidados de Hashem? Quando tomamos decisões significa que não
confiamos no Eterno?
2 Leia a declaração de Shaul em Atos 26:19. O que ela revela sobre Shaul? Temos sido fiéis
ao nosso chamado (1Pe 2:9, 10)?
3 Shaul tinha paixão por pessoas – não por números, mas por pessoas. Em sua audiência
final em Cesareia, ele disse ao auditório que o desejo de seu coração era que todos fos-
sem como ele (At 26:29). Ele não desejava sua liberdade mais do que a redenção deles. O
que aprendemos com seu exemplo? Estamos dispostos a fazer sacrifícios para defender
a palavra de D'us?
4 Agripa teve a chance de ouvir a mensagem das boas novas dos lábios de Shaul. No en-
tanto, ele a rejeitou. Como evitar perder as oportunidades que aparecem bem diante de
nós? De que modo podemos ficar espiritualmente sintonizados com as realidades que
nos rodeiam?
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Detenção em Cesareia
Essa penúltima semana de nosso guia nos apresenta os eventos ocorridos enquanto Shaul estava
preso em Cesareia. Foi um período de 2 anos, nos quais a Kehilá deixou de ser unida como deveriam
ser.
Shaul estava preso e, aparentemente, nenhum suporte adveio de seus irmãos em Yerushalayim.
Se o fizeram, não nos é declarado. O texto, como o recebemos e a história que ele nos narra, nos dei-
xam a nítida impressão que Shaul estava sozinho naqueles árduos anos. Era a face humana da Kehi-
lá que aparecia vez após vez.
Shaul não havia abandonado suas raízes judaicas, muito embora esta fosse e ainda seja uma
acusação feita contra ele. Ele apenas as enxergava agora através de seu encontro com o autor destas
raízes. Ele as via por sua verdadeira face, não pela face daquilo que os líderes de seu povo diziam.
Muito grande era a diferença. Mas alguns líderes da Kehilá podem não ter entendido isso também.
Shaul permaneceu preso sob ordem de Félix, um governador instável que estava apenas preocu-
pado em se manter no poder. Durante o período da prisão de Shaul, Félix enfrentou uma contenda
muito forte entre os cidadãos Sírios e Judeus em Cesareia. Seu favor esteve com os sírios, e por isso
ele foi chamado por Nero de volta a Roma. Ele não mantinha relações muito boas com os judeus,
exceto por sua esposa Drúsila, que era judia. Por isso, ele conhecia algo do pensamento judaico e do
pensamento messiânico, uma vez que as discussões e diferenças eram de teologias e posições, mas
ainda eram dois grupos de judeus, que podiam ser comparados entre si. Por isso, Shaul muito sabia-
mente levou a sua defesa pelo caminho de mostrar a Félix que além de as acusações serem inválidas,
eram baseadas apenas em discordâncias teológicas que não mereciam a atenção do procurador. Fé-
lix anuiu, mas postergou muito tempo o julgamento e foi substituído antes de sua conclusão.
Festo, o próximo procurador, como todos os procuradores e governadores romanos, estava mais
preocupado em manter-se politicamente do que em agir com justiça. Por isso, após idas e vindas, ele
delegou ao julgamento a Agripa, muito embora o julgamento estivesse ocorrendo sob a lei romana.
Shaul falou poderosamente, cheio do Espírito de D’us, assim, o próprio Agripa, por pouco não se
convenceu e reconheceu que o Mashiach havia vindo. Em seu discurso, Shaul relembra os atos do
Eterno durante a história de Israel e traça uma linha salvífica que chega até ele mesmo. Seu discurso,
é muito parecido com o que ele mesmo havia escutado da boca de Estevão, cujo sentido mais básico
é a inserção do orador na própria linha histórica, como beneficiário e continuidade do povo benefi-
ciado pelo D’us de Israel. A ideia universal, caminhando igualmente a essa ideia de cunho individual,
era que o Mashiach não tinha surgido de um vácuo, e que não tinha como objetivo destruir a obra de
D’us em Israel.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 12
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 403 (contextualizado)
(2)
Ibid., p. 434 (contextualizado)
(3)
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 11863 (contextualizado)
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 123
Comentário
Lição 12
ANOTAÇÕES
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 125
Lição 13 23 a 29 de setembro | 14 a 20 Tishrê
Viagem a Roma
VERSO PARA MEMORIZAR
"Não tenha medo, Sha'ul! Você terá de comparecer perante o imperador" (At 27:24)
LEITURAS DA SEMANA
At 27; 28; Rm 1:18-20
Introdução
H á muito tempo Shaul desejava visitar Roma, mas sua prisão em Yerushalayim
mudou tudo. Ao ceder à pressão dos líderes da kehilá de Yerushalayim, ele
acabou ficando sob custódia romana por quase cinco anos, incluindo o tempo gasto
na viagem de navio para a Itália. Essa mudança representou um forte revés para
seus planos.
Apesar disso, o próprio Yeshua prometeu que o shaliach ainda testemunharia
Dele em Roma (At 23:11). Mesmo quando falhamos com o Eterno, Ele ainda pode
nos dar outra chance, embora nem sempre nos poupe das consequências de nossas
ações. Shaul não apenas foi levado a Roma como prisioneiro, mas também não há
evidência bíblica de que ele tenha ido à Espanha, como esperava fazer (Rm 15:24).
Depois de ser libertado do que é conhecido como "o primeiro encarceramento ro-
mano", Shaul foi novamente detido, dessa vez para morrer (2Tm 4:6-8) sob a ordem
de Nero, em 67 e.c.
Shaul foi a Roma. E, enquanto aguardava em prisão domiciliar para ser julga-
do perante o imperador, apesar de suas algemas (Ef 6:20; Fp 1:13), ele falava sem
impedimento a quem quer que fosse até ele (At 28:30, 31), inclusive para figuras
importantes da casa de César (Fp 4:22).
DICAS
1 Termos e expressões vide glossário nas páginas 114 a 120;
2 Leitura diária vide páginas 111 a 113.
LEITURAS DA SEMANA
A pós ficar preso em Cesareia por cerca de dois anos (At 24:27), Shaul foi enviado a
Roma. A julgar pela primeira pessoa do plural e a riqueza de detalhes usados para
descrever a longa e turbulenta viagem marítima para a Itália (At 27:1–28:16), Lucas acom-
panhava o shaliach, assim como outro crente chamado Aristarco (At 27:2). Outro persona-
gem importante na história foi o centurião romano, Júlio, responsável também por outros
prisioneiros (At 27:1).
Eles partiram no final do verão. O Dia do Jejum (At 27:9) se refere ao Yom Kipur, em 10
de Tishrê. Por causa das condições climáticas do inverno, normalmente se evitava viajar
pelo Mediterrâneo entre final de Tishrê e Adar (entre novembro e março). Dessa vez, no
entanto, eles enfrentaram dificuldades desde o início, e somente depois de muita demora
chegaram à pequena baía de Bons Portos, na ilha de Creta (At 27:8).
1. Leia Atos 27:9-12. Enquanto estavam em Bons Portos, como Shaul interveio na
história e como sua intervenção foi recebida?
2. De acordo com Atos 27:21-26, qual foi a segunda intervenção de Shaul na história?
Em palavras de conforto, Shaul relatou à tripulação uma mensagem que tinha acabado
de receber do Eterno. Não havia motivo para se desesperarem nem perderem a esperança.
Ainda haveria perigo e perda, mas todos sobreviveriam.
Por que um servo do Eterno como Shaul teve que sofrer? O que aprendemos com isso?
VÉSPERA DE SUCOT
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 127
Segunda 24 de setembro | יום שניYom Sheni 15 Tishrê
O naufrágio
3. Leia Atos 27:30-44. Quais lições podemos aprender com essa história?
No início da viagem, o centurião tratou Shaul de modo favorável, mas ele não
tinha motivos para confiar no julgamento náutico dele. Após duas semanas, no en-
tanto, as coisas mudaram. Shaul já havia ganhado o respeito do centurião, com
sua intervenção divina sobre o naufrágio (At 27:21-26) que se aproximava de seu
cumprimento.
Shaul exortou todos a bordo a se alimentarem, caso contrário não teriam forças
para nadar e chegar à terra firme. A Providência Divina não nos isenta de fazer o
que normalmente seria nosso dever. "Ao longo dessa narrativa, mantém-se um equi-
líbrio entre a garantia de D'us quanto à segurança daqueles homens e os esforços
deles para assegurar que isso acontecesse" (4).
Com a aproximação da manhã, os marinheiros avistaram a terra – uma baía
onde decidiram encalhar o navio. No entanto, o navio nunca chegou à praia. Em vez
disso, atingiu um banco de areia e acabou se rompendo pela força das ondas. O pla-
no dos soldados de matar os prisioneiros para evitar que fugissem foi interrompido
pelo centurião, principalmente por causa de Shaul. No fim, ninguém perdeu a vida,
exatamente como D'us havia prometido.
SUCOT 1
Em Malta
4. De acordo com Atos 28:1-10, o que aconteceu com Shaul na ilha de Malta e como
o Eterno conseguiu usá-lo?
O povo de Malta foi hospitaleiro. Diante da chegada de Shaul e seu grupo fize-
ram uma fogueira para aquecê-los, já que todos estavam molhados e com frio. A
temperatura em Malta nessa época do ano não ultrapassaria os 10°C.
O incidente da cobra atraiu a atenção do povo para Shaul. A princípio, os pagãos
entenderam o fato de que ele havia sido picado por uma cobra como um ato de re-
tribuição divina. Eles pensavam que Shaul era um criminoso que havia conseguido
escapar da morte por afogamento, mas que ainda assim havia sido apanhado pelos
deuses, ou talvez pela deusa grega Δίκη (dikē), a personificação da justiça e da vin-
gança. Visto que Shaul não morreu, ele foi aclamado como deus, conforme havia
acontecido em Listra vários anos antes (At 14:8-18). Embora Lucas não se demore
na descrição do episódio, é seguro presumir que Shaul aproveitou a situação para
testemunhar do D'us a quem servia.
Públio era o procurador romano de Malta ou apenas um dignitário local, mas ele
acolheu Shaul e seus companheiros por três dias, até que encontrassem um lugar
para ficar. A cura do pai desse homem deu a Shaul a oportunidade de se dedicar a
um trabalho de cura entre os malteses.
No relato de Lucas, não há menção de um único converso ou uma única congre-
gação deixada pelo rabi quando partiu de Malta. Essa omissão pode ser inteiramen-
te ocasional, mas ilustra o fato de que nosso dever no mundo vai além de agrupar
conversos ou construir templos; ela também envolve o cuidado desinteressado para
com as pessoas e suas necessidades. Esse é o aspecto prático da bessorá (At 20:35;
compare com Tt 3:14).
SUCOT 1
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 129
Quarta 26 de setembro | יום רביעיYom Revi'i 17 Tishrê
D epois de três meses em Malta, Shaul e seus companheiros finalmente puderam continu-
ar a viagem (At 28:11). Eles chegaram a Putéoli (At 28:13), atualmente conhecida como
Pozzuoli, na baía de Nápoles, de onde seguiriam por terra para Roma (veja At 28:11-16).
A notícia da aproximação de Shaul chegou rapidamente a Roma, e um grupo de crentes
decidiu viajar vários quilômetros ao sul para recebê-lo. Embora ele nunca tivesse estado
em Roma, o shaliach tinha muitos amigos na cidade: colaboradores, conversos, parentes e
muitos outros que lhe eram extremamente queridos (Rm 16:3-16). O encontro na Via Ápia
deve ter sido particularmente comovente, acima de tudo por causa do naufrágio e do fato de
que Shaul era agora um prisioneiro. Como resultado de tal demonstração de amor e cuidado
por parte de seus queridos amigos, Rabi Shaul agradeceu a D'us e se sentiu profundamente
animado, visto que estava prestes a enfrentar o julgamento perante o imperador.
Em seu relatório oficial, Festo deve ter escrito que, de acordo com a lei romana, Shaul
não era culpado de nenhum crime importante (At 25:26, 27; 26:31, 32). Isso provavelmente
explica por que o shaliach foi autorizado a alugar uma casa (At 28:30), em vez de ser enviado
para uma prisão comum ou campo militar. Entretanto, de acordo com o costume romano,
ele foi mantido acorrentado a um soldado. O fato de que Shaul custeou as próprias despesas
implica que, de alguma forma, ele pôde trabalhar (At 18:3).
5. De acordo com Atos 28:17-22, o que Shaul fez assim que se estabeleceu?
Embora Shaul não pudesse ir à sinagoga, a sinagoga podia vir até ele. Portanto, logo após
sua chegada, e seguindo o costume de ir inicialmente aos judeus (Rm 1:16), ele convocou os
líderes judaicos locais para declarar sua inocência e explicar, como o fizera anteriormente,
que ele não havia sido preso por nenhuma outra razão senão pela esperança de Israel (At
23:6; 24:15; 26:6-8). Sua intenção não era tanto se defender, mas criar uma atmosfera de con-
fiança que lhe permitisse levar a mensagem, mostrando como a ressurreição de Yeshua era
o cumprimento da antiga esperança de Israel. Surpresos por não terem recebido nenhuma
informação de Yerushalayim sobre Shaul, eles decidiram ouvi-lo.
Leia Atos 28:22. O que o texto revela sobre a hostilidade contra os crentes ainda naque-
le momento? Como podemos permanecer fiéis mesmo quando outros falam contra a
nossa emuná?
CHOL HAMOED 1
A vitória da bessorá
6. Leia Atos 28:24-31. Qual foi o objetivo de Shaul ao citar Isaías nesse contexto?
CHOL HAMOED 2
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 131
Sexta 28 de setembro | יום שישיYom Shishi 19 Tishrê
Estudo adicional
"O Mashiach confiou à kehilá uma sagrada responsabilidade. Cada membro deve ser
um conduto através do qual D'us possa comunicar ao mundo os tesouros de Sua
graça, as insondáveis riquezas do Mashiach. Não há nada que o Goel (Redentor) deseje
mais do que agentes que representem seu Espírito e seu caráter ao mundo. Não existe nada
que o mundo necessite mais do que a manifestação do amor do Salvador através da huma-
nidade. Todo o Céu está à espera de homens e mulheres por cujo intermédio D'us possa
revelar o poder da kehilá de D'us" (6).
"D'us tem esperado por muito tempo que o espírito de serviço se apodere de toda a kehilá,
de maneira que cada um trabalhe para Ele segundo sua habilidade. Quando, em cumprimento
da proclamação das boas novas, os membros da kehilá de D'us fizerem o trabalho que lhes é
indicada nos necessitados campos nacionais e estrangeiros, todo o mundo será logo advertido,
e o Mashiach Yeshua retornará à Terra com poder e grande glória" (7).
CHOL HAMOED 3
COMENTÁRIO CONTEXTUALIZADO
Viagem a Roma
A mensagem das boas novas (bessorá) deveria ser levada para todo o mundo, de acordo
com a ordem do Mashiach, no início do Livro de Atos. Chegamos ao final do livro com a nítida
impressão que o ideal posto e o objetivo dado fizeram parte da própria autocompreensão da
comunidade nascente.
Diferente do judaísmo do segundo templo, majoritariamente centrado em si mesmo e na
manutenção de seu status quo como religio licita dentro do império romano, o judaísmo do
Caminho, retorna às bases escriturísticas de separação e ao ideal de uma nação sacerdotal,
real e emissária.
Shaul finalmente estava em Roma, o centro do mundo conhecido. Não sem antes passar
por percalços, como a prisão em Yerushalayim, o Naufrágio e o “fracasso” em Malta. Mas ele
estava em Roma, para levar o conhecimento de Yeshua inclusive aos Romanos. Não era objeti-
vo de Yeshua que ele fosse a Roma preso, mas assim foi talvez em decorrência de seu espírito
impetuoso que o impeliu a pedir que fora apresentado ao imperador.
De perseguidor de Yeshua a preso por Yeshua. Que imensa mudança percebemos na vida
daquele homem nos 16 capítulos que tratam de sua vida no livro de Atos, ou nos 33 anos de seu
trabalho, visto que ele foi morto por ordem de Nero em 67 e.c.
Rabi Shaul, conhecido também como Paulo, nos legou uma profunda experiência de
Teshuvá que inspira a todos. Ele tem sido estudado por séculos e mal compreendido pelo mes-
mo período.
Mal compreendido inclusive por seus principais e mais apaixonados intérpretes. A reli-
gião da reforma, que buscou resgatar a verdade bíblica da justiça pela fé, retirou Shaul de seu
contexto, e o elevou a um super-homem, cujo principal poder foi libertar o homem do jugo da
Lei. Neste sentido, Shaul não pregava a bessorá de Yeshua, no sentido de apresentar o Mashia-
ch profetizado e aguardado, mas o Mashiach revolucionário e anárquico, mas rejeitado. Esta
mudança de foco não faz jus ao pensamento de Shaul, que enxergava no judaísmo o meio da
revelação de Hashem, e em Yeshua a própria revelação.
Não faz sentido retirar Shaul de seu contexto de vida e o inserir em um quadro anacrônico
de pensamento religioso e filosófico que pertence muito mais ao séculos 16 e posteriores, que
ao século primeiro, quando ele viveu, trabalhou e morreu. Ele era um judeu, um homem zelo-
so da Torá, que não seria dobrado pela influência dos “líderes legalistas” de Yerushalayim, mas
que consentia em observar moedim, shabatot e kashrut (festas, Sábados e leis de alimentação),
porque as via como partes sombreadas da revelação de D’us, que apontavam a Yeshua!
Baruch HaShem, que estamos vivenciado a reinserção de Shaul em seu contexto judaico,
e presenciando a redescoberta de sua verdadeira teologia. Não é um retorno ao judaísmo do
segundo Templo. Jamais. Shaul não era um shaliach para os Judeus, mas para os goyim. Sua
dever era levar a mensagem da Torá, mas a Torá Viva, o Mashiach, Yeshua.
Ele estava em Roma para cumprir seu objetivo, apesar das dificuldades e dos obstáculos.
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 133
Comentário
Lição 13
O Eterno triunfou. Pelo trabalho devotado de Shaul, e dos outros talmidim de Yeshua, por sua
ousadia, a mensagem da bessorá hoje está espalhada por todos os cantos do mundo. Gamliel
havia dito que se esta obra fora de D’us, ela permaneceria. E assim se cumpriu.
REFERÊNCIAS LIÇÃO 13
(1)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 403 (contextualizado)
(2)
Ibid., p. 434 (contextualizado)
(3)
Comentario Biblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1186 (contextualizado)
(4)
David J. Williams, Acts. Grand Rapids, p. 438 (contextualizado)
(5)
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 464 (contextualizado)
(6)
Ibid., p. 60 (contextualizado)
(7)
Ibid., p. 111 (contextualizado)
(8)
Ellen G. White, Testemunhos, v. 4, p. 53 (contextualizado)
Julho Agosto e Setembro de 2018 | Tamuz Av, Elul de 5778 e Tishrê de 5779 135
Estudos
Diários
Leitura Leitura Leitura Leitura RPSP
Semana Data
Parashá diária Tehilim mensal completa Anual (completa 3 anos)
5
02/mai 4ª Alyá (Lv 23:1-23:22) Sl 83-87 1 Cr 4-5-6 At 6
Emor
136
Estudos
Diários
7
16/mai 4ª Alyá (Nm 3:1-3:13) Sl 10-17 2 Cr 21-22-23 At 20
Bamidbar
9
30/mai 4ª Alyá (Nm 9:15-10:10) Sl 79-82 Et 5-6-7 Rm 6
Behaalotechá
10
06/jun 4ª Alyá (Nm 14:26-15:7) Sl 108-112 Jó 15-16-17 Rm 13
Shelach
137
Estudos
Diários
13
27/jun 4ª Alyá (Nm 22:39-23:12) Sl 72-76 Sl 71-72-73-74-75 2Co 2
Balac
138
Glossário
A
ABBA [Aramaico corresponde a Av em He- ANTES DA ERA COMUM (AEC) Referido ao período usu-
braico] Meu Pai, Pai; A palavra abbá almente chamado de antes de Cristo (a.C.).
em aramaico corresponde à forma en- ASHUR Assíria
fática ou definida de av, significando ASSERET HADIBROT Mais comumente conhecida
literalmente "o pai" ou "ó Pai". como os dez mandamentos. A tradução
ACHAZ Acaz que mais se aproxima de Assêret Hadi-
ACHARIT HAYAMIM Literalmente, "o fim dos brot é "Dez Falas" ou "Dez Ditos", sendo
dias". O tempo do fim ou os "últimos que estes são dez princípios que incluem
dias", quando o 'alam hazeh chega ao toda a Torá e seus 613 preceitos.
fim e o 'alam haba está a ponto de ini- AV em Hebraico Corresponde a "Abba" do
ciar-se (l Coríntios 10.11 +). aramaico quer dizer: Papai, Meu Pai.
ACHIM (do hebraico )א ִחיםָ Irmãos [HA'AV] - O Pai
ADAM (do hebraico ָדם
ָ )אAdam, Adão; masc. Homem AVINU Nosso Pai; Avinu, Malkeinu: Nosso
ADON OLAM Senhor do Universo Pai, nosso Rei
ADONAI (em hebraico:אדֹנָי,ֲ "meu Senhor") O AVINU SHEBASHAMAYIM Nosso Pai celestial,
Eterno de Israel. Nosso Pai que está no céu
ADONEINU Nosso Senhor AVIMELEK (hebraico: )אבימלךAbimeleque
AMHA'ARETS literalmente povo da terra. Pes- AVIYAHU Abias
soas comuns, iletradas usado pejorati- AVODAH ZARAH (Avoda zará) Adoração es-
vamente no primeiro século EC. trangeira, paganismo, Idolatria, adora-
AMMA'US Emaús ção a deuses estrangeiros.
AMONI Amonitas AVRAM Abrão
A.E.C Vide ANTES DA ERA COMUM AVRAHAM Abraão
B
BAVEL Babilônia BRIT HADASHÁ: Nova Aliança. Também
BEIT-LECHEM Belém usado para referir-se aos livros sagra-
BEIT HAKNESSET - KNESSET Templo, Sinagoga dos ou período do novo testamento;
BEIT HAMIQDASH Bet Hamikdash, Templo Sagrado BRIT MILÁ: circuncisão
BEIT'ZATA Betesda BEN Filho; BEN HAADAM: Filho dos homens;
BAMIDBAR (BEMIDBAR, BAMIDBAR) Números (li- BEN HAELOHIM: Filho de D'us
vro), do hebraico "no deserto" BETH MIDRASH LESHABAT Casa de estudo do
BERESHIT (Bereshit) Gênesis - Livro Shabat. Usado também como referên-
BIMÁ O púlpito onde lê-se a Torá cia a Escola Sabatina.
BERACHOT HASHACHAR Benção da aurora, de- B'NEI HAELOHIM Filhos de D'us
voção matinal BESSORÁ vide Habessorá
140
Glossário
C
COHEN (Kohen) Sacerdote CHAVA vide HAVA - Eva
COHANIM (Kohanim) Sacerdotes CHAVER Amigo (Hebr: חבר, literalmente, "amigo")
COHEN GADOL (Kohen Gadol) Sumo Sacerdote CHAVERIM: Amigos (Hebr: חברים, literal-
CORBAN (Korban) Holocausto, Sacrifício; mente, "amigos")
CORBANOT Plural Holocaustos, Sacrifí- CHAVEROT amigas
cios; é o nome dado aos diversos tipos CHÉSED Graça
D
DAMMESEK Damassés DEVARIM (Devarim) Deuteronômio (Livro)
D-S, D-US, ETERNO Forma respeitosa de es- DERASHÁ Sermão, palestra.
crever o nome de Deus sem citar seu DERASHÁ AL HAAR Sermão da Montanha,
nome completo. sermão do monte
E
E.C Vide ERA COMUM Eheye = Eu sou o que Sou "Ehyeh" (hebrai-
ECHAD É um. ex: Adonai Echad; Um - Ela é co: ) ֶא ְהיֶהou "Ehyeh-Asher-Ehyeh" (hebr:
utilizada no tradicional Shemá, Deva- " אהיה אשר אהיה- conforme em Shemot 3:14)
rim 6:4. Ouve ó Israel, Adonai nosso ERA COMUM (EC) Refere-se ao período comu-
D'us é Um. שמע ישראל יהוה אלקינו יהוה אחד mente chamado de Anno Domini (AD)
Shemá Isra'el Adonai Eloheinu Adonai ou depois de Cristo (dC).
Echad. Outros Exemplos Exemplo: "Dei- EL-ELYION Eterno Altíssimo
xará portanto o homem seu pai e sua ELIYAHU Elias
mãe e se unirá à sua mulher, e serão am- ELISHEVA (Isabel). Mãe de Yochanan, o Imer-
bos uma só carne" - Bereshit [Gn] 2:24 sor (Lc 1.5).
EL'AZAR Lázaro ELOHEINU Nosso D'us
EMISSÁRIO(S) Apóstolo(s), HaShaliach, obreiro. ELOHIM ETERNO; ELOHIM: quando em minúscu-
EHYEH Ehyeh Asher Ehyeh ou Eheye Asher lo refere-se a deuses.
141
Glossário
G
GALIL Vide Hagalil GER גרConverso goy (não-judeu)
GAN'EDEN Paraíso. Literalmente jardim-do- GOY (Regular plural goyim )םיוגNação, gen-
-Éden; no judaísmo o termo também til, não judeu.
refere-se ao paraíso. GOYIM (goyim) Plural de Goy nações
GAT-SH'MANIM (Getsêmani) Jardim onde (gentios) não judeus
Yeshua orou e foi preso pela guarda do GUET (do hebraico )גטÉ o nome dado ao docu-
Templo. O termo significa literalmente mento de divórcio dentro do judaísmo.
"prensa de óleos". GUEULÁ ( )גאולהRedenção
GAVRI'EL Gabriel
H
HA'AV O Pai, ver "Av" e "Abba" HALACHÁ Leis Judaicas
HABESSORÁ [Hebr: שוָֹרה
ׂ ְּ ]הַבA palavra bessorá sig- HANANYAH Ananias;
nifica novidades, notícias, mensagem, um HANANYAH E SHAPPIRAH Ananias e Safira
comunicado que recebeu, sentido do grego HAMATVIL O imersor; Batista.
Evangelion. Boas Novas. Normalmente refe- HAMASHIACH Ver YESHUA HAMASHIACH e MASHIACH.
rente às boas novas de Yeshua HaMashiach. O Ungido.
HAELYON, EL ELYOn O Eterno Altíssimo HANOKH Enoque
HAFTORÁ ou HAFTARÁ [Hebr: [ ]הפטרהplural HANUCÁ OU CHANUKÁ [do Hebraico Dedica-
haftarot ou hafTorás] é um trecho de ção]; Também faz-se referência à festa
texto dos Neviim (Os profetas) lidos na da dedicação ou festa das luzes
sinagogas geralmente após a leitura da HAR HAZEITIM הר הזיתיםO Monte das Oliveiras
Parashat haShavua HASATAN o Adversário, o Satan
HAG'VURAH ou HAGVURÁ - "O Poder", eufemis- HASHACHAR Alvorecer
mo para designar o Eterno. Termo em HASHALIACH Emissário; Apóstolo
hebraico utilizado para representar a HASHEM [do hebraico ]םשה, significando O
majestade, ou poder, do Eterno. (Mt Nome. É uma forma para designar
26.64). Eterno dentro do judaísmo, fora do
HAGALIL [Hebr: ]הגלילGalileia, Galil contexto da reza ou da leitura pública
HALLEL [Hebr: ]ה ְלל
ַ [do hebraico הלל, "Lou- do texto bíblico.
vor"] é de origem aramaica e significa HAVAH - CHAVA Eva
"cântico de louvor e exaltação a D'us", HAVAKUK Habacuque
músicas que celebram a vida; É uma HEILEL (Lúcifer, Samael)
oração judaica baseada em Tehilim HEILEL BEN-SHACHAR הילל בן שחרEstrela da ma-
(Salmos 113-118), que é utilizada como nhã (a estrela matutina), a estrela D'Alva.
louvor e agradecimento, recitada pelos Também referido como Lúcifer, o anjo de
judeus nas festividades judaicas. luz, antes de ser expulso do céu. "portador
142
Glossário
I
IGUERET (igeret) carta em Hebraico; epístola; IZEVEL Jezabel
epístula (latim); epistulé (Grego). Plural:
Igerot (Igrot)
K
K'FAR-NACHUM Cafarnaum KENEH OU QENÉH ( )קנהCanônico
KANAI [ ]קנאיZelote - alguém que zela pelo KOHANIM Ver COHANIM
nome do Eterno KOHEN ver COHEN
KAPARAH Propiciação, expiação, Interces- KOHEN GADOL ver COHEN GADOL
são, mediação KEHILÁ Congregação, Comunidade
KAPPORETH כַּפֶֹּרתTampa da Arca, Propiciató- KOL GOYIM Todas as Nações
rio, lugar de intercessão, Expiação. KOSHER (KASHER) A comida de acordo com a
KASHER Vide KOSHER lei judaica. Baseada na Torá.
KAYIM Caim KORBAN Ver CORBAN
KAYAFA Caifás KORBANOT Ver CORBANOT
KEDOSHIM Tornar Santo, Povo Santo, Santificação KASDIM Caldeus
KEFA Pedro
L
LASHON HARÁ (Hebr: )לשון הרע, Lashon signi- má, ou língua maledicente. Fofoca.
fica língua e hará significa o mal/mau, LAVAN Labão
então a melhor tradução seria língua LEMEKH Lameque
M
MAASSER Dízimo Mashiach, or Moshia") Que significa o
MALAKHI [ ]מלאכיmeu mensageiro, Malaquias. ungido. O Messias e traduzido para o
MALSHIN Acusador, informante, diabo. grego como Χριστός - Cristo.
MASHIACH (do hebraico mashiah, Moshiah, MATANAH (Pl. MATANOT) dom, dádiva
143
Glossário
N
NAKDIMON Nicodemos NEVIIM [do hebraico ]נביאיםou Profetas; é o
NOACH Noé nome de uma das três seções do Tana-
NETILAT-YADAYIM Ritual de lavar as mãos. ch, estando entre a Torá e Kethuvim.
O
OLAM HAZÊ Este mundo OLAM RABÁ Mundo vindouro, reino Eterno,
Céu dos céus.
P
PAGA Intercessão P'RUSH Parush, Fariseu;
PAROKHET Cortina. Especificamente a que di- P'RUSHIM: Parushim Fariseus
vidia o Santo dos Santos do restante do P'LISHTI [Pl. P'LISHTIM] filisteu
Templo ou tabernáculo. PÊSSACH Páscoa judaica, páscoa bíblica
PURIM Festa de Purim.
R
RABBAN Título dado ao rabino superior escola de Hilel, que tiveram este título.
(presidente) do Sinédrio, da qual ele é o RABBANIM Rabinos
primeiro dos sete nomeados líderes da RABBI [Pl. RABBIS] Rabino, mestre
144
Glossário
T
TALMID [Pl: TALMIDIM] Seguidor, discípulo, estudante; TEFILÁ [Pl: TEFILOT] Oração
TALMIDOT Discípulado TEHILIM Salmo, louvores.
TEFILIN [com raíz do hebraico TEFILÁ] Nome TERUMÁ ou TERUMAH Oferta
dado a duas caixas pretas, de couro, TESHUVÁ [Hebr: תשובה, literalmente retorno]
que contêm pequenos rolos com passa- Conversão; é a prática de voltar às ori-
gens bíblicas em seu interior (Shemot gens do judaísmo. Também tem o senti-
[Êx] 13.1-16; Dt 6.4-9; l1.13-21). Durante do de se arrepender dos pecados de ma-
as orações na sinagoga, os homens fi- neira profunda e sincera. Aquele que
xam essas caixinhas no braço e na tes- passa pelo processo de Teshuvá com su-
ta, em obediência a Dt 6:8. São chama- cesso é chamado de Baal Teshuvá.
dos também de filactérios. Não deve TANAKH ou TANACH [Hebr: ]תנ״ךÉ um acrôni-
ser usado como adorno religioso (Mat- mo utilizado para denominar seu con-
tityahu [Mt] 23.5). junto de livros sagrados Torá, Nevii-
145
Glossário
V-Y-Z
VEACHAVTA LEREACHA KAMOCHA Amarás a teu YESHUA Jesus, O nome hebraico Yeshua [ַיֵׁשוּע/]ישוע
próximo como a ti mesmo. é uma forma alternativa de YEHOSHUA, Josué, e
VAYIKRÁ "E chamou" em Hebraico, Livro de é o nome completo de Jesus
Levíticos. YESHUÁ Salvação
YARDEN Jordão. YETSER Hará/tov Inclinação para o mal/bem
YEHOSHAFAT Josafá YIBUM Levirato
YEHORAM Jeorão YITSAK ou YITSCHAK Isaque
YEHUDAH Judas; YOCHANAN João,
YEHUDAH DE K'RIOT: Judas Iscariotes. YOCHANAN HAMATVIL Yochanan o imersor,
YEHU Jéu. João Batista
YAKO'OV Jacó, correspondente em hebraico YOM HADIN Dia do Juízo
para Tiago. YOM HASHEM Dia do Eterno, Dia do Senhor-
YISHMAEL Ismael. Juízo
YERICHÓ Jericó. YOM KIPUR ou YOM HAKIPURIM Dia da Expia-
YESHIVÁ [HEBR: [ ]ישיבהPl: Yeshivot] é o nome ção
dado às instituições para estudo da YONAH Jonas
Torá e do Talmud dentro do judaísmo YOSHIYAHU Josias
YERUSHALAYIM Jerusalém. ZAKKAI Zaqueu
YESHAYAHU Isaías.
Fontes do glossário:WJAFC, ShalomAdventure, BJC, Chabad.org
146
Abreviações
147
Horários Acendimento das Velas [ ], Pôr do Sol [ ] e Havdalá [ ] Velas após [-]
148
Acendimento das Velas [ ], Pôr do Sol [ ] e Havdalá [ ] Velas após [-] Horários
Shemini
30/set 17:34 17:48 17:56 17:56 17:10
Atseret
149
Horários Acendimento das Velas [ ], Pôr do Sol [ ], Havdalá [ ] e Chanucá [ ]
150
Acendimento das Velas [ ], Pôr do Sol [ ], Havdalá [ ] e Chanucá [ ] Horários
Shemini
30/set 17:56 17:36 16:57 17:30 17:45
Atseret
151
Calendário
Tamuz e Av
Julho
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Shabat
יום ראשון יום שני יום שלישי יום דביעי יום חמישי יום שישי שבת
1 2 3 4 5 6 7
יח יט כ כא כב כג כד
18 19 20 21 22 23 24
8 9 10 11 12 13 14
כה כו כז כח כט א ב
25 26 27 28 29 1 2
Parashá Matot-
Rosh Chodesh Av Massê
15 16 17 18 19 20 21
ג ד ה ו ז ח ט
3 4 5 6 7 8 9
Shabbat Chazon
Rosh Chodesh Parashá Devarim
Adar
22 23 24 25 26 27 28
י יא יב יג יד טו טז
10 11 12 13 14 15 16
Shabat Nachamu
Jejum Tishá B’Av Tu B'Av Parashá Vaetchanan
29 30 31
יז יח יט
17 18 19
152
Calendário
Av e Elul
Agosto
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Shabat
יום ראשון יום שני יום שלישי יום דביעי יום חמישי יום שישי שבת
1 2 3 4
כ כא כב כג
20 21 22 23
Parashá Êkev
5 6 7 8 9 10 11
כד כה כו כז כח כט ל
24 25 26 27 28 29 30
12 13 14 15 16 17 18
א ב ג ד ה ו ז
1 2 3 4 5 6 7
19 20 21 22 23 24 25
ח ט י יא יב יג יד
8 9 10 11 12 13 14
Parashá Ki Tetsê
26 27 28 29 30 31
טו טז יז יח יט כ
15 16 17 18 19 20
Elul e Tishri
Setembro
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Shabat
יום ראשון יום שני יום שלישי יום דביעי יום חמישי יום שישי שבת
1
כא
21
Leil Selichot
Parashá Ki Tavô
2 3 4 5 6 7 8
כב כג כד כה כו כז כח
22 23 24 25 26 27 28
Parashá Nitsavim
9 10 11 12 13 14 15
כט א ב ג ד ה ו
29 1 2 3 4 5 6
16 17 18 19 20 21 22
ז ח ט י יא יב יג
7 8 9 10 11 12 13
23 24 25 26 27 28 29
יד טו טז יז יח יט כ
14 15 16 17 18 19 20
30
כא
21
Sucot VII
(Hoshana Raba) As festividades tem início sempre ao pôr do sol da véspera.
153
Bençãos Diversas
ברכות תורה
Bênção para estudo da Torá
Baruch ata Adonai Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוה ְ ָבּ
Elohênu mélech nosso D'us, Rei do ְֱאלֹהֵֽינוּ מֶֽלֶך
haolam, asher universo, que nos ָהעוֹלָם ֲאשֶׁר
báchar bánu escolheu dentre ָֽחר בָּֽנוּ
ַבּ
mikol haamim todos os povos e nos ִמ ָכּל ָה ַע ִמּים
venátan lánu et torato. deste a Tua Torá. תּוֹרתוֹ
ָ ָתן ָלֽנוּ ֶאת ַ ְונ
Baruch ata Adonai, Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוה ְ ָבּ
noten hatora. que nos deste a Torá. תּוֹרה
ָ נוֹתן ַה ֵ
Benção posterior à leitura Benção posterior à leitura ברכה לאחר הקריאה׃
Baruch ata Adonai Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוהְ ָבּ
Elohênu mélech nosso D'us, Rei do ְ ֱאלֹהֵֽינוּ מֶֽל
ֶך
haolam, asher universo, que nos destes ָהעוֹלָם ֲאשֶׁר
nátan lánu torat a Lei da verdade e ֽתן ָלֽנוּ תּוַֹרת ַ ָנ
emet vechaie olam plantastes a vida ֱא ֶמת ְו ַחיֵּי עוֹלָם
nata betochênu. eterna entre nós. ָטע ְבּתוֹכֵֽנוּ ַנ
Baruch ata Adonai, Bendito sejas Tu, Eterno, רוּך ַא ָתּה יהוהְ ָבּ
noten hatora. que nos deste a Torá. תּוֹרהָ נוֹתן ַה ֵ
ברכות ההפטרה
Bênção para estudo da Haftará (profetas)
Baruch ata Adonai Bendito és Tu, Eterno, ּך ַא ָתּה יהוה ְ בָּרו
Elohênu mélech nosso D'us, Rei do ְ ֱאלֹהֵֽינ ּו מֶֽל
ֶך
haolam, asher báchar universo, que escolhestes ָֽחר
ַ ָהעוֹלָם ֲאשֶׁר ב
bineviim tovim bons profetas ׂבים ִ יאים טו ִ ְבִ ִבּנ
veratsa bedivrehem e que quisestes Suas יהםֶ ְוָרצָא ְב ִד ְבֵר
haneemarim palavras ditas ּא ָמִרים ֱ ַה ֶנ
beemet. verdadeiramente. ֶבּ ֱא ֶ מת
Baruch ata Adonai, Bendito sejas Tu, Eterno, ָבּרוּך ַא ָתּה יהוה ְ
habocher batora que escolhestes a Torá, ׂחר ַבּ ּתוָׂרה ֵ ַה ּבו
uvemoshe avdo Teu servo Moshê, Teu ֹשׂה ַע ְב ּדוֹ ֶ ּב מ ְו
uveisrael amo uvinvie povo de Israel e profetas יאי
ֵ ְב
ִ ּבנ
ִ ְׂר ֵאל ַע ּמוֹ ו ָּביִש ְו
haemet vehatsédek. da verdade e da justiça. ָה ֱא ֶמת ְו ֶצֶּדק
154
Bençãos Diversas
Baruch ata Adonai Bendito és Tu, Eterno, nosso רוּך ַא ָתּה יהוה ְ ָבּ
Elohênu mélech haolam, D'us, Rei do universo, ֶך ָהעוֹלָםְ ֱאלֹהֵֽינ ּו מֶֽל
asher natan lánu que deu-nos a palavra da ָֽחר ָלֽנוַּ ֲאשֶׁר ב
hadevar haemet, verdade e plantou a vida ָׅא ֶמתֱ ַה ְד ַבר ה
vechaie olam nata eterna em nosso meio. ָטעַ ְו ַחיֵּי עוֹלָם נ
betochênu. Baruch ata Bendito sejas ְ ְבּתוֹכֵֽנוּ ָבּ
רוּך ַא ָתּה
Adonai noten habrit Tu, Eterno, que nos deste נוֹתן ַה ְבּׅריתֵ יהוה
haHadashá. a Nova Aliança. הםְ שׁ ָ ַה ַחָד
155
FEDERAÇÃO RUSSA
Ulan-Bator
CAZAQUISTÃO 3
156
MONGÓLIA
QUIRGUISTÃO
COREIA DO NORTE
DIVISÃO
Pequim
Pyongyang JAPÃO
Seul
2
4
Tóquio
CHINA
1 COREIA
DO SUL
NEPAL
BUTÃO
CONGREGAÇÕES MEMBROS POPULAÇÃO
Chinesa 4.316
MIANMAR433.449 1.386.040.000
Japonesa 148 15.151 125.310.000
Coreana 862 247.143 75.916.000
5 Taipé
Missão da Mongólia 11 2.177 3.095.000
Associação de Taiwan 85 6.296 23.499.000
TOTAL 5.425 704.216 1.613.860.000
TAIWAN 5
Macau Hong Kong
PROJETOS
Plantio de um Templo de período
1
integral na China.
Construção do primeiro Templo
2 JAPÃO
adventista em Sejong, Coreia do Sul.
Pacífico Norte-Asiático