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26/07/2016 15:20 por Redação

Análise: Corte de juros depende de melhoras adicionais nas projeções


de inflação
Recado central da ata do Copom é de que há incertezas na condução da política monetária e insatisfação com o
processo de desinflaç]ao

Depec-Bradesco*

A ata da reunião de política monetária do Banco Central, divulgada hoje, enfatizou que o espaço para corte de juros
depende de melhoras adicionais nas projeções de inflação, especialmente no modelo com as premissas de mercado.
O recado central da ata do Copom é de que há incertezas na condução da política monetária e, por isso, o Comitê
considera importante conduzi-la de modo que as projeções de seus modelos indiquem que a inflação encontra-se no
centro da meta. O Comitê também vê como risco o processo inercial decorrente de um longo período de inflação
acima da meta, o que tende a produzir maior persistência de juros elevados.

Logo, infere-se desse diagnóstico que o corte de juros explicitado nas projeções do Focus, da ordem de 3,25 p.p., não
é compatível, hoje, com a convergência da inflação para o centro da meta, uma vez que gera uma projeção de 5,3%
para o IPCA de 2017. Além disso, o Comitê se diz insatisfeito com os avanços observados até agora no processo de
desinflação, apesar de reconhecer melhora corroborada pela queda das expectativas.

Leia: Copom: queda da inflação está em ritmo aquém do pretendido.

Do lado mais favorável do balanço de riscos, o Copom avalia que a desinflação de serviços pode surpreender, dada a
ociosidade na economia, e os preços dos alimentos podem ceder mais rapidamente. Esses dois elementos nos fazem
crer que o processo de melhora das expectativas e as projeções do próprio Copom devem seguir caindo ao longo dos
próximos meses, criando as condições para o início do processo de corte de juros a partir de outubro.

Em relação ao cenário macroeconômico, o Comitê identifica alguma estabilização da atividade no curto prazo, com
destaque para a esperada interrupção da queda dos investimentos e da produção industrial. Em relação ao exterior,
as sinalizações de concessões de estímulos monetários de algumas autoridades monetárias, em resposta à saída do
Reino Unido da União Europeia, geram um cenário relativamente positivo para os mercados emergentes. Por fim,
sobre a política monetária norte-americana, o documento destacou que o banco central dos EUA vem sinalizando um
processo de normalização gradual.

As projeções do Copom evoluíram favoravelmente desde sua última reunião e devem seguir nessa trajetória, o que
favorece o início do ciclo de corte ainda em 2016. O Copom revisou para baixo sua projeção para a alta dos preços
administrados de 6,8% para 6,6% em 2016, e de 5,6% para 5,3% em 2017. No cenário de referência, considerando
a taxa de câmbio de R$/US$ 3,25 e juros estáveis em 14,25%, a inflação já se situa em torno do centro da meta para
2017.

Entretanto, considerando o cenário de mercado, essa projeção encontra-se em 5,3%, com uma convergência
ocorrendo mais lentamente do que a esperada pelo Comitê. Entendemos que essas projeções seguirão evoluindo
favoravelmente nas próximas reuniões. O fato de o cenário de referência mostrar projeções abaixo de 4,5% para
2018 indica que pode haver cortes de juros ainda em 2016, mesmo com as projeções do cenário de mercado acima
do centro da meta – bastando, em nossa avaliação, que o Copom não sancione em sua comunicação, ex ante, a
intensidade da redução indicada no cenário de mercado.

Em seu balanço de riscos, ganhou novamente destaque a política fiscal, na qual a implementação de ajustes constitui,
simultaneamente, um risco e uma oportunidade para o processo desinflacionário. Segundo o Banco Central, a
percepção de postergação da aprovação e adoção de medidas fiscais, ou mesmo seu abandono, teria impacto
negativo na trajetória de convergência à meta. Em contrapartida, caso os ajustes sejam aprovados e implementados,
poderá ocorrer melhora da confiança e redução das expectativas de inflação.

Diante disso, o Comitê, por unanimidade, optou pela manutenção da taxa Selic em 14,25% na reunião da última
semana, reconhecendo os avanços no processo de desinflação, mas ainda preocupado com a não convergência das
projeções, segundo o modelo de mercado, para o centro da meta em 2017. Com isso, acreditamos que o Copom
deva optar pela manutenção da Selic na próxima reunião, atentando-se à evolução do cenário.

No entanto, a expectativa de melhora da inflação acumulada em doze meses, bem como das expectativas, os avanços
esperados na tramitação das reformas fiscais e alguma estabilização da taxa de câmbio reforçam nossa visão de que
o comitê deverá iniciar um novo processo de redução da taxa Selic a partir de outubro. Assim, esperamos que a taxa
básica de juros termine este ano em 13,25%.

* Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.

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