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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 2.861 DO DIA 13/09/2004

MATERIAL DIDÁTICO

PROCESSOS ESCULTÓRICOS

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www.portalprominas.com.br
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
UNIDADE 1 – ESCULTURA COMO LINGUAGEM ARTÍSTICA ........................... 7
1.1 História das esculturas na antiguidade ......................................................... 8
1.2 Esculturas na Renascença, Barroco e Neoclassicismo .............................. 11
1.3 Esculturas na modernidade ........................................................................ 13
UNIDADE 2 – TÉCNICAS E MATERIAIS USADOS NA COMPOSIÇÃO DE
ESCULTURAS ..................................................................................................... 22
2.2 Materiais ..................................................................................................... 22
2.2 Técnicas ..................................................................................................... 26
UNIDADE 3 – A ESCULTURA NA IDADE MODERNA ....................................... 29
3.1 O trabalho com o concreto.......................................................................... 29
3.2 O trabalho com plástico .............................................................................. 30
3.3 O trabalho com o metal............................................................................... 30
UNIDADE 4 – O ESPAÇO TRIDIMENSIONAL DAS ESCULTURAS: ESTÉTICA,
CONCEPÇÃO E COMPREENSÃO ..................................................................... 32
4.1 Da Vênus de Willendorf ao século XXI ....................................................... 32
4.2 A tridimensionalidade oferecida pela escultura ........................................... 37
UNIDADE 5 – PROCESSOS ESCULTÓRICOS COM VICTOR BRECHERET E
FRANZ WEISSMANN .......................................................................................... 41
UNIDADE 6 – FREEDOM, A ESCULTURA DE ZENOS FRUDAKIS – HINO À
LIBERDADE ........................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 57

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INTRODUÇÃO
Seja a arte abstrata ou concreta, numa expressão bi ou tridimensional, ela
sempre pode ser observada, compreendida e apreciada.
Como afirma Azevedo Junior (2007), através da experiência artística, o
ser humano desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver com
seus semelhantes, respeitando as diferenças e sabendo modificar sua realidade.
A arte dá e encontra forma e significado como instrumento de vida na busca do
entendimento de quem somos, onde estamos e o que fazemos no mundo.
Considerada a terceira das artes clássicas, a escultura é a técnica de
representar em relevo total ou parcial, objetos e seres através da reprodução de
formas. Utiliza-se de materiais como gesso, pedra, madeira, resinas sintéticas,
aço, ferro, mármore e das seguintes técnicas, dentre outras: cinzelação, fundição,
moldagem ou a aglomeração de partículas para a criação de um objeto. Embora
possam ser utilizadas para representar qualquer coisa, ou até coisa nenhuma,
tradicionalmente, o objetivo maior foi sempre representar o corpo humano, ou a
divindade antropomórfica.
Por ser uma representação tridimensional, pode ser criada com diversos
tipos de materiais e técnicas diferentes. Vários artistas utilizam até hoje materiais
como pedra e madeira para entalhar suas esculturas, também são usados outros
materiais, como a argila para modelar e outros já utilizam materiais variados e até
misturam esses materiais entre eles para construir suas esculturas das mais
variadas formas e estilos. Geralmente, a escultura é a arte de representar objetos
e seres através de imagens em relevo. O que dá diferença da escultura para as
outras artes é o volume, pois ela usa a tridimensionalidade: largura, altura e
profundidade. A pintura, o desenho e a gravura têm somente duas dimensões, na
qual a profundidade é apresentada pela perspectiva (BRAUN, 2011).
Sabemos também que a escultura é uma expressão artística que existe
há muitos anos, desde as primeiras manifestações dos homens, sendo um dos
primeiros registros da escultura na história da arte, a pequena estatueta “Vênus
de Willendorf” (com apenas 11,1 cm), representando o corpo feminino com seios
volumosos, ventre saltado e grandes nádegas simbolizavam a fertilidade da
mulher (TRINDADE, 2005, p.07).
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Ela é nosso ponto de partida, a amostra do que virá pela frente.


Explique-se de imediato que toda vênus tem como significado geral
“ancestralidade, fertilidade, prosperidade”. Etimologicamente “Vênus” é uma
descrição genérica para diversos tipos de imagens ou estátuas femininas.
Ao ser comparada com as outras Vênus, Willendorf é uma das mais
curiosas, pois é a única que mostra com clareza absoluta a ideia de fertilidade
devido ao tamanho de seus seios, vulva e barriga, podendo inclusive, representar
uma mulher grávida. As Deusas de fertilidade sempre existiram nas mais
diferentes culturas, e dentro das religiões monoteístas, mesmo com toda a
repressão do patriarcado, muitas figuras femininas se mantiveram presentes na
religiosidade popular e tiveram que continuar sendo cultuadas de algum modo.

Figura 1: Vênus de Willendorf.

Descoberta no sítio arqueológico do paleolítico situado perto de


Willendorf, na Áustria, em 1908, pelo arqueólogo Josef Szombathy, essa
estatueta está esculpida em calcário oolítico1, material que não existe na região, e
colorido com ocre vermelho. Calcula-se que tem entre 22.000 e 24.000 anos.

1 Rocha sedimentar de origem química, formada pela diagênese de depósitos ricos em oólitos.
Os oolitos contêm, em geral, em seu núcleo, fragmentos angulosos de conchas ou minerais
(quartzo, feldspato) que funcionaram como a semente, ao redor das quais se precipitaram as
camadas concêntricas de carbonato de cálcio.
A presença de feldspato nestes oólitos parece indicar um clima seco à época da deposição destas
rochas. O fato de serem angulosos indica pequeno transporte.
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Hoje, essa pequena estatueta encontra-se na coleção do Museu de


História Natural de Viena.
Das esculturas mitológicas da Grécia Antiga, passaremos pelo período
romano, a idade moderna, até chegarmos à Arte Contemporânea e a aplicação e
desenvolvimentos de métodos, materiais e princípios contemporâneos.
Igualmente, veremos técnicas e materiais usados no processo escultórico,
bem como aspectos teóricos e estéticos da expressão tridimensional na
abordagem da escultura das mais primitivas expressões ao longo da história,
pesquisando a estética, concepção e compreensão do espaço tridimensional no
século XX.
Daremos certa ênfase aos processos escultóricos de Victor Brecheret e
Franz Weissmann.
De imediato frisem:
Das artes plásticas, a escultura é uma das que mais estabelecem
interação com o grande público. Isso porque, geralmente, elas são pensadas e
produzidas com a finalidade de ocupar espaços públicos. É assim, por exemplo,
com os conjuntos esculturais gregos e romanos; mas também com as esculturas
produzidas na época do Renascimento ou em culturas de religiões tradicionais,
como o budismo e o hinduísmo.
Muitas vezes, as esculturas são também projetadas para acompanhar
complexos arquitetônicos, com o objetivo de compor um conjunto artístico
harmonioso. É o caso das esculturas que acompanham as catedrais góticas da
Idade Média e os palácios em estilo clássico do período das monarquias
absolutistas (FERNANDES, 2016).

Acredita-se que este oólitos são formados da mesma forma que os oólitos encontrados hoje no
piso de grutas calcárias, isto é, em ambiente raso e águas levemente agitadas, o que permitiria
seu crescimento de forma muito simétrica, dando origem a esferas quase perfeitas.

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Figura 2: Exército de terracota ou guerreiros de Xian.

Coleção de esculturas de terracota representando os exércitos de Qin Shi


Huang, o primeiro imperador da China. É uma forma de arte funerária enterrada
com o imperador em 210-209 a.C. e cuja finalidade era proteger o governante
chinês em sua vida após a morte.
Então, desejamos boa leitura, mas antes duas observações se fazem
necessárias:
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa
ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos
licença para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de
vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas
não menos científicos.
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação
das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não
se tratando, portanto, de uma redação original.
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se
muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem
servir para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos.

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UNIDADE 1 – ESCULTURA COMO LINGUAGEM


ARTÍSTICA

A arte, resultado da imaginação do homem, de suas sensibilidades


atravessadas por suas vivências e conhecimentos técnicos, revela, por
conseguinte, em suas fantasias e invenções, os modos de viver, as crenças, as
contradições e os anseios do ser humano, por formas e caminhos, outros, só
conseguidos por suas linguagens (BRASIL, 2000).
Assim como todas as demais áreas de saber, também a Arte tem suas
próprias linguagens que são o conjunto de formas, técnicas e materiais por meio
dos quais o artista apresenta sua criação. As Artes visuais são aquelas
apresentadas por meio de elementos táteis e visuais: imagens, volumes, cores e
linhas. O artista plástico é aquele que materializa o seu imaginário, a sua criação
poética por meio desses elementos.
As artes, tradicionalmente consideradas em número de “sete”, hoje já
abarcam outros tipos, mas de maneira geral teremos: pintura, escultura,
arquitetura, dança/teatro, música, literatura e cinema, não necessariamente nessa
ordem.
São consideradas Artes visuais: o desenho, a pintura, a escultura, a
gravura, a fotografia, o cinema e formas, outras, de comunicação visual que, mais
fortemente, caracterizam a arte contemporânea. São elas as instalações, as
pichações, os grafittes, a body art, os happenings, a arte urbana, a vídeo arte.
Sem limites muito rígidos, podemos também incluir nesse rol, a arquitetura, o
paisagismo, o web design e a moda. A Dança e o Teatro são considerados Artes
Cênicas. Muito embora, com frequência, essas montagens apresentem
sonoridades musicais e, em especial, a Dança, a música não é a linguagem
central dessas formas de expressão, isto porque, apresentam outras
características que mais se destacam na transmissão de suas narrativas, o
conhecimento de técnicas corporais e gestuais, e o conhecimento de atuação em
dramaturgia, a partir de um texto teatral.
Mas, vamos à escultura! Foco no módulo.

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Na Enciclopédia Britannica encontramos a escultura como um ramo das


artes visuais. Envolve a criação de objetos artísticos em três dimensões:
comprimento, largura e altura.
A principal característica de um projeto de escultura é a maneira como
suas formas se estendem através do espaço. Tamanho, textura, luz e sombra,
além da cor, são também importantes elementos do projeto. Uma escultura pode
representar fielmente uma pessoa ou um objeto, ou pode ainda refletir formas e
padrões inventados pelo artista.
A escultura pode ser em três dimensões ou em relevo. Uma escultura em
três dimensões mantém-se de pé por si só. Ela pode ser vista de todos os lados.
Já uma escultura em relevo (também chamada simplesmente de relevo) é ligada
ao fundo atrás dela, de modo que não pode ser vista por trás. Os relevos
frequentemente decoram paredes de edifícios.
Um exemplo que mistura relevo e as três dimensões seria a Freedom de
Zenos Frudakis, a qual iremos explorar mais adiante. Uma obra realmente muito
interessante de ser observada em seus detalhes.

1.1 História das esculturas na antiguidade


Desde a época pré-histórica são feitas esculturas em todo o mundo. As
primeiras foram produzidas com materiais que ocorrem na natureza, como argila,
pedra e marfim. A partir de aproximadamente 3000 a.C., as pessoas também
começaram a fazer esculturas de bronze e de outros metais.
Nas primeiras civilizações, a escultura era associada em grande parte à
religião. No Oriente Médio, na região da Mesopotâmia, quase todas as esculturas
eram feitas para os templos. As pessoas do antigo Egito criaram enormes
esculturas de seus reis e de seus deuses, para enfatizar o poder deles. Também
fizeram muitas estátuas e muitos relevos para colocar nos túmulos.
Na Grécia antiga, a escultura alcançou seu apogeu no século V a.C., os
gregos desse período pretendiam mostrar homens e deuses em suas formas mais
perfeitas. A maioria de suas estátuas têm expressão e postura calmas. Os antigos
romanos fizeram depois muitas cópias das esculturas gregas. Dessa forma,
preservaram a tradição grega para as futuras gerações.

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A partir do século III d.C., uma nova religião, o cristianismo, começou a


inspirar os artistas a criar obras que refletissem figuras e acontecimentos cristãos.
Durante a Idade Média (de cerca de 500 a 1500), muitas esculturas europeias
estavam intimamente relacionadas com a arquitetura das igrejas.
Na Índia, a escultura também estava centrada na religião. O Período
Gupta, que durou do século IV ao VI, aproximadamente, produziu alguns dos
melhores exemplares da escultura budista.

Figura 3: Krishna derrotando demônio Krishna, de Vishnu.

Krishna derrotando demônio Krishna é uma das facetas de Vishnu. Nesta


escultura, ele está derrotando um demônio com forma de cavalo. Há uma
influência grega aqui: A lenda do herói Hércules que matou os cavalos de
Diomedes.
Na cultura grega, podemos dividir a arte em três períodos: Arcaico,
Clássico e Helenístico, ressaltando que a escultura grega cumpria funções
religiosas, políticas, honoríficas, funerárias e ornamentais, possuindo uma
temática exclusivamente humana.

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Do estilo clássico podemos ilustrar com “O discóbolo”, de Míron,


representante do período clássico, que podemos considerar a estátua em
movimento de ação mais famosa do mundo.

Figura 4: O discóbolo, de Míron.

Da Roma antiga quem não se lembra dos inúmeros bustos representando


os “césares”, (césar foi título dado aos 11 imperadores romanos que sucederam
Caio Júlio Cesar) a despeito dos gregos, preocupando-se mais com a realidade
do que com a beleza e a maioria em mármore branco.

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Figura 5: Caio de Prima Porta – imperador romano.

1.2 Esculturas na Renascença, Barroco e Neoclassicismo


O período denominado Renascença ou Renascimento (da metade do
século XIV ao século XVI) foi uma época de importante progresso artístico na
Europa. Os artistas renascentistas inspiravam-se nos estilos clássicos da Grécia e
da Roma antigas. A Renascença começou na Itália. Os artistas italianos Donatello
e Michelangelo estão entre os melhores escultores desse período.

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Figura 6: A Pietá, de Michelangelo.

Podemos inferir que a escultura foi, das artes, a que melhor representou o
período renascentista, no seu sentido humanista. Foi nessa época que a escultura
ganhou uma base e pôde ser observada por todos os ângulos.
No século XVII, o Barroco tornou-se um estilo importante da arte
ocidental. A escultura barroca é dramática e altamente decorativa, apelando para
os sentidos e para as emoções. Apresenta expressões teatrais e movimento e é a
arte que mais completou a decoração interior e exteriormente. O principal escultor
Barroco foi o artista italiano Gian Lorenzo Bernini.
No Brasil, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, bem nos representa.
Nascido em Ouro Preto, foi escultor, entalhador e arquiteto, deixando várias
obras, dentre elas:

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Figura 7: Profeta Daniel, de Aleijadinho.

O estilo Neoclássico era popular na Europa no século XVIII, prevalecendo


até meados do século XIX. Como na Renascença, os escultores desse período
procuravam reviver os ideais de beleza da Grécia e da Roma antigas. Um
importante escultor desse estilo na Itália foi Antonio Canova.
Uma vez que esta corrente queria reagir contra o decorativismo do
Rococó, os artistas adotaram princípios de ordem, clareza, austeridade, equilíbrio,
propósito com fundo moralizante.

1.3 Esculturas na modernidade


Segundo Battistoni Filho (1989), a escultura, nos séculos XVIII e XIX,
ocupou uma posição subalterna em relação à pintura e à arquitetura. Sempre foi
considerada “a prima pobre” das outras artes. Entretanto, neste século, ela
começa a mostrar sinais de reação, tanto do ponto de vista da técnica como de
autores.
Como a arquitetura e a pintura, ela também sofreu o impacto das
conquistas científicas e dos progressos da técnica, como veremos adiante.
A escultura moderna inicia-se no final do século XIX, na Europa, com o
artista francês Auguste Rodin, para o qual a originalidade e a recusa ao clássico

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iam contra os padrões da época. Outro exemplo de originalidade já no século XX


são os trabalhos do Britânico Henry Moore, que se caracteriza pelo compromisso
entre a figuração e a abstração. A partir do século XX, a arte tridimensional evolui
e deixa de ter características como modelar e retirar resíduos de um volume; a
técnica de arte conhecida como escultura não mais permite caracterizar artistas
por tendências, por conta de mudanças de materiais, suportes, poéticas e do
processo de elaboração da obra. Por esse motivo, o olhar do espectador rompe
com esse paradigma e tem dificuldades no entendimento da tridimensionalidade
da escultura moderna, que deixa de ser apenas um módulo vazado e com
recortes e passa a mostrar na prática estudos de movimento, peso, equilíbrio,
poética e composição.
Assim, entende-se que uma obra de arte requer uma atitude de procura.
Antes de tudo, é preciso entender o desenvolvimento das manifestações artísticas
do homem através dos tempos, e também os efeitos plásticos obtidos pelas
manifestações dos elementos visuais presentes nas obras de arte, além de
compreender os efeitos plásticos obtidos pelo emprego de novas técnicas e
materiais (ICHIOKA, 2009).
Sobre Rodin, a Britannica Escola (2016), lembra que, no fim do século
XIX, o escultor francês Auguste Rodin desafiou séculos de tradição. Ele mostrou a
figura humana expressando tensão e emoções passageiras. Algumas vezes
também usava superfícies com textura, o que aumentava o sentimento de vida e
de movimento. Dessa maneira, a escultura de Rodin difere da maciez fria e
impessoal da tradição clássica. Com seu forte senso de poder e de drama, suas
obras influenciaram muito os escultores de sua época, bem como os que vieram
depois.

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Figura 8: O pensador, de Rodin.

O pensador foi terminado e exposto ao público no ano de 1888,


integrando o conjunto chamado Portões do Inferno. Rodin havia recebido uma
encomenda de esculturas especiais sobre os temas presentes no livro Inferno, da
Comédia de Dante Alighieri. Muitos especialistas em arte acreditam que O
Pensador seja uma representação do próprio Dante. A expressividade dessa
estátua é única no movimento impressionista e, como acentua o historiador da
arte Stephen Farthing (2011, p. 324):

[…] Cada componente de O Pensador é ilustrativo da concentração


mental. Como observou o próprio Rodin: Ele não pensa só com o
cérebro, a testa franzina, as narinas distendidas e os lábios comprimidos,
mas com todos os músculos do braço, das costas e das pernas, os
punhos fechados e os dedos contraídos. Esta obra-prima é um exemplo
da extraordinária força expressiva que Rodin imprimia ao corpo humano
nu.

Justiça seja feita, ao longo dos anos, a escultura moderna vem


acrescentando cada vez mais diversos materiais em seu repertório estrutural, ao
que se dá o nome de composição. Para complementar uma escultura, além de
seus materiais, é necessário os estudos básicos que fazem parte em uma obra de
arte, analisar também os elementos utilizados em sua estruturação: linha, forma,
volume, massa e cor. Outro ponto que caracteriza a linguagem moderna na
escultura é o equilíbrio empregado à obra. Para complementar esse estudo da

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escultura moderna, a poética é empregada como linguagem, fazendo com que a


obra fale por si só.
A partir de todos esses estudos, a estrutura é capaz de nos mostrar a
sensibilidade e delicadeza do artista em materializar suas ideias. A modernidade
na arte, principalmente na escultura, faz com que o observador muitas vezes não
entenda a obra; em muitos casos, a obra passa despercebida. Entretanto, para
que isso não aconteça, é necessário um exercício visual, que prenda a atenção
na obra de arte, obrigando o observador a vê-la demoradamente e não apenas de
relance, exercício que pode ser feito através dessa breve análise (ICHIOKA,
2009).
No campo da expressão, a escultura revela novos conceitos estéticos e
novos valores plásticos, sendo que o espaço interno ou externo, por exemplo,
passou a ser considerado elemento escultórico igual à massa ou volume pleno
(BATTISTONI FILHO, 1989).
No campo da técnica, as inovações foram também radicais, sobretudo
com a aplicação de sistemas ou mecanismos eletromagnéticos, destinados a
produzir simultaneamente o movimento, o som e a luz, os quais integram desde
muito tempo, a escultura contemporânea. A integração do espaço, do movimento,
da luz e do som à escultura está apenas refletindo a tendência atual à síntese das
artes e às realidades da era eletrônica e espacial que começamos a viver.
Outra inovação na escultura moderna foi a aceitação das formas
abstratas, inspiradas ora na natureza, ora na mecanização da vida neste século.
Observamos na escultura moderna duas tendências: o abstracionismo
orgânico e o construtivismo cinético.
a) O abstracionismo orgânico se inspira diretamente na natureza. Anima-
se da ânsia de surpreender, captar e comunicar, sob formas abstratas, os ritmos
elementares de vitalidade, as pulsações primordiais de vida ou os processos de
formação da matéria viva. Reveste-se, muitas vezes, dos valores simbólicos e
totêmicos que encontramos nas civilizações arcaicas e na cultura de populações
primitivas, espacialmente dos africanos, umas e outras ainda em estágios
místicos e mágicos, no conhecimento e na interpretação do universo e dos
fenômenos da vida.

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O romeno Brancusi e o franco-alemão Hans Arp são dois dos seus mais
conhecidos representantes.
HANS ARP (1886-1966): importante pintor, escultor e poeta Franco-
alemão. É considerado um dos grandes representantes do movimento Dadaísta.
Em 1916 – Foi um dos fundadores do movimento Dadaísmo na Suíça.
Em 1950 – Encarregou-se de fazer o mural do edifício da UNESCO em Paris.
Em 1954 – Ganhou o grande Prêmio de escultura da bienal de artes de Veneza.
Em 1962 – Várias obras de Hans Arp foram apresentadas no museu de Arte
Moderna de Paris.
São características de Hans Arp: trabalhos com diversas técnicas e
materiais (bronze, madeira, mármore, tela); uso de técnicas de colagens e
grafismos com relevo; objetos do cotidiano apresentados dentro de um contexto
histórico. Principais obras: Auto-retrato (1904); Três mulheres, óleo sobre tela
(1912); Forma (pintura em madeira, 1914); Collage - Conforme as leis de acaso
(1916); Máscara de pássaro Mala de um Da (1920) (COSTA, 2014).

Figura 9: Esculturas de Hans Arp.

Brancusi, escultor abstracionista romeno, nascido em Hobita, considerado


o pioneiro da escultura abstrata, sendo seu primitivismo o ponto de partida de
uma tradição escultórica que se mantém viva, sobretudo entre escultores
ingleses. Descendente de uma família de camponeses, na infância foi pastor de

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ovelhas e aprendeu a ler e escrever sozinho. Em contato com a arte popular


romena do entalhe em madeira, estudou na Escola de Artes e Ofícios de Craiova
(1894-1898) e, como bolsista, na Escola de Belas-Artes de Bucareste (1898-
1902). Após breve permanência em Munique, foi a pé para Paris (1904), onde
estudou com Antonin Mercié (1907) e fez contatos com artistas de vanguarda,
como Max Jacob, Apollinaire, Picasso, Léger e Modigliani. Em Paris, redescobriu
a escultura primitiva e uma forma mais táctil do que visual de abordar a sua arte e
no desenvolvimento da mesma privilegiou a simplicidade formal e a coerência à
expressividade das figuras.

Observem que interessante:

Figura 10: O beijo, de Rodin. Figura 11: O beijo, de Brancusi.


Fonte: Vidal e Baglioni (2011). Fonte: Vidal e Baglioni (2011).

Ambas as obras apresentam um casal se beijando. A escultura de


Brancusi apresenta uma obra mais abstrata, que não está ligada a forma real das
pessoas, demonstrando o beijo geometricamente. Já a obra de Rodin, demonstra
ser mais realista, estando ligada à estética das pessoas.
b) A segunda tendência, o construtivismo cinético, tem por objetivo
expressar, geralmente sob formas abstratas, ainda que não se excluam
insinuações figurativas, a mecanização da vida moderna. Em outras palavras,
procura expressar a nova mentalidade e sensibilidade que o homem moderno
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adquiriu em consequência do advento e do domínio da máquina, sob constantes e


revolucionários aperfeiçoamentos.
Aqui temos o russo Naum Gabo, um escultor russo que se destacou no
movimento do Construtivismo russo e na Arte Cinética.

Figura 12: Escultura de Naum Gabo.

Esta segunda tendência, bastante influenciada nas suas origens pelo


Futurismo de Marinetti, que glorificava as máquinas e a velocidade da vida
moderna, apareceu antes e se desenvolveu durante a Primeira Guerra Mundial,
especialmente entre russos e alemães. Recebeu na pintura e na escultura a
denominação Construtivismo. Há algum tempo, com a aplicação de mecanismos
eletromagnéticos, vem introduzindo o movimento na escultura, não ficando
impróprio chamá-la de Construtivismo Cinético (BATTISTONI FILHO, 1989).

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Nos séculos XX e XXI, os escultores têm experimentado novos materiais


e novas formas. Artistas como Constantin Brancusi, Henry Moore, Barbara
Hepworth e Raymond Duchamp-Villon criaram obras de escultura abstrata – que
não tentava representar realisticamente nada do mundo visível. Em vez disso,
esses escultores focalizavam as formas em si. Alguns usavam objetos
encontrados no mundo cotidiano para que os objetos fossem vistos sob uma luz
diferente. Por exemplo, a escultura de Marcel Duchamp – Roda de bicicleta – é
uma velha roda de bicicleta montada de cabeça para baixo sobre um banquinho
de cozinha comum. O objetivo de Duchamp não era agradar aos olhos, mas fazer
o observador pensar sobre o que é a arte e o que ela pode ser (BRITANNICA
ESCOLA, 2016).

Figura 13: Roda de bicicleta, de Duchamp (1913).

Em 1917, o artista Duchamp, agora pertencente ao movimento dadaísta,


lança no meio artístico seu ready-made mais famoso até hoje – A Fonte – Um
urinol comprado em uma loja de departamentos levando a assinatura da fábrica
que o produziu (R Mutt), e causa ainda mais polêmica. A peça é rejeitada na

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mostra Indepents Art Exhibition, organizada pela Sociedade dos artistas


independentes de Nova York, com o argumento de que o objeto não poderia ser
considerado um trabalho artístico (ABRAHÃO, 2014).
Barbara Hepworth (1913-1975), escultora britânica, influenciada por
Brancusi, Arp e Moore, em 1933-1935 fez parte, em Paris, do grupo Abstraction-
Création. É conhecida principalmente pelas suas esculturas abstratas, de formas
côncavas e convexas e superfícies polidas.

Figura 14: Barbara Hepworth (1913-1975), escultora britânica.

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UNIDADE 2 – TÉCNICAS E MATERIAIS USADOS NA


COMPOSIÇÃO DE ESCULTURAS

Vamos reforçar o entendimento de escultura?


É uma arte que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial
usando a tridimensionalidade do espaço.
Os processos da arte em escultura datam da Antiguidade e sofreram
poucas variações até o século XX. Estes processos podem ser classificados
segundo o material empregado: pedra, metal, argila, gesso ou madeira
(AZEVEDO JUNIOR, 2007).
Quanto às técnicas, as maneiras mais comuns de fazer uma escultura
são o entalhe, a modelagem, a fundição e a construção.

2.2 Materiais
A argila tem sido um dos principais materiais dos escultores desde
épocas antigas. Ela é fácil de obter e de usar. Assim que os povos antigos
aprenderam a fabricar o bronze, os metais tornaram-se também bastante usados
nas esculturas. A maioria dos metais é muito resistente e dura bastante. Os
escultores valorizam sua cor e seu brilho.
A madeira foi por muito tempo um material muito usado para esculpir. É
um dos principais materiais usados pelos escultores da África e da Oceania. Por
muito tempo os escultores usaram pedra para fazer estátuas e monumentos ao ar
livre porque ela resiste à chuva e ao vento. Entre os tipos de materiais mais
usados na escultura estão o mármore, o alabastro, o granito, o arenito, o calcário
e as pedras semipreciosas (BRAUN, 2011).
Os escultores modernos usam esses materiais tradicionais, mas também
trabalham com outros, como plásticos, tecidos, fiberglass, tubos de neon e até
lixo. Atualmente, o concreto é muito usado para grandes projetos ao ar livre, por
ser um material barato, resistente e durável.

a) Talha na Pedra – cinzelação


A técnica da talha direta na pedra consiste em retirar camadas de um
bloco de pedra, desgastando os excessos com o uso de ferramentas específicas
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como: cinzéis, martelos, pontas, puas, furadeiras e abrasivos. Na escultura em


pedra qualquer erro cometido pelo artista é irreparável e não tem conserto.
Para garantir o sucesso da confecção da obra, antes de ir direto para a
talha na pedra, geralmente, os artistas fazem um esboço em argila ou em gesso,
que servirá de maquete e então passará para o bloco de pedra através de um
sistema chamado ‘ponteado’. A pedra é um dos materiais mais usados para a
realização de obras de arte e em especial a escultura. Trabalhado de diversas
maneiras através dos séculos, a escultura em pedra sempre resultou num
trabalho belo e duradouro. Assim podemos ver hoje obras realizadas há muitos e
muitos anos (BRAUN, 2011).
Esse processo de escultura em pedra almeja alcançar a formação de
objetos em três dimensões. A escultura em pedra é uma atividade tão antiga
quanto o homem, praticada desde a Pré-História até os dias de hoje. As primeiras
culturas utilizavam técnicas abrasivas, mas a tecnologia utiliza como técnicas
básicas o uso do martelo e do cinzel (daí a expressão cinzelada) como
ferramentas básicas para a escultura de pedra.
As pedras normalmente disponíveis são o mármore, tem uma superfície
de grande translucidez, comparável à pele humana. É essa translucidez que dá
uma escultura em mármore uma profundidade visual além da sua superfície e isto
evoca certo realismo, quando utilizado para obras figurativas. O mármore também
tem a vantagem de ser um mineral relativamente macio e fácil de trabalhar.
Outro mineral utilizado é o calcário, mais duro e mais durável, que não
permite os detalhes do mármore, mas é mais resistente. O processo de esculpir
inicia com o desbaste da pedra, passando após refino, no qual as peças são
trabalhadas na sua superfície e, finalmente, o polimento, que dá o acabamento
final.

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Figura 15: Ferramentas para esculpir.

Mas o trabalho de se dar outras formas para as pedras, e em especial no


mármore, sempre foi muito difícil, lento e cansativo. Podemos citar como um dos
maiores escultores que conseguiu dar detalhes precisos na escultura e que
utilizou o mármore como material, foi Michelangelo. Suas principais obras são
Pietá e Davi. Conforme Stephen Farthing (2009 p. 69),

A encomenda resultou no histórico Davi, (1501-1504), uma imponente e


majestosa escultura em mármore de um jovem homem nu em que se
percebia um novo nível de conhecimento anatômico, aliado à
emotividade artística.

b) Talha na madeira
A escultura com trabalhos em madeira oferece uma dificuldade muito
maior ao escultor para dar a forma desejada à figura e a precisão que deve ser
trabalhada, devido aos veios e nós que a madeira contém.
A técnica da talha direta na madeira consiste no desgaste de um tronco
através do uso de ferramentas como: formão, goivas, grosas, serras, machados e
brocas. Geralmente, as esculturas em madeira são trabalhadas em um único
tronco, no qual se oca o seu interior para evitar posteriores problemas com a
umidade. Para dar o acabamento final, a peça também pode ser lixada e polida.

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Figura 16: Entalhe na madeira usando um formão.

Um grande problema que a escultura em madeira sofre é a durabilidade,


pois se deixá-la ao tempo, sem proteção, ela se desgasta e deteriora-se
rapidamente. O que não acontece com as esculturas em pedra por ser muito mais
resistente ao tempo, tem uma durabilidade imensa.
É interessante citar que os índios que aqui viveram na época das missões
jesuíticas realizavam muitos trabalhos em madeira. Para Trevisan (2007, p. 22)
“Alguns aspectos da imaginária jesuítico-guarani merecem ser mencionados. A
maioria das estátuas é talhada em madeira, principalmente, cedro, suporte que se
prestava, melhor do que outros, a policromia”.

c) Trabalho com bronze


Na técnica de trabalhar com o bronze, não é somente a mão do artista
que cria as formas. É necessário criar moldes e a figura vai nascer do interior
desse molde, com a fundição do cobre em conjunto com o estanho, o zinco e o
aço, em quantidades bem exatas, que irão criar a liga apropriada de bronze. A
fluidez dessa liga é o que dará características próprias a cada escultura (BRAUN,
2011).
As esculturas tridimensionais na técnica do vazado em bronze, podem ser
feitas de formas diferentes: a fundição da cera perdida e o modelado.

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A escultura em bronze com a técnica da cera perdida consiste em


construir um modelo em cera que depois será coberto por um molde de argila de
uma única peça, em seguida a cera é derretida e o espaço deixado pela cera será
preenchido com o bronze. Nesse método, que é conhecido como direto, são
realizadas peças maciças que tenham um porte menor.
O método indireto consiste em modelar primeiramente a figura em argila
e, a partir daí, criar um molde em gesso, que depois será dividido em várias peças
e retirado a argila. Após limpar bem as peças do molde, monta-se todas as partes
e no interior desse molde em gesso é recoberto por uma camada de cera e o
vazio preenchido por terra. Após essa etapa, desmonta-se o molde de gesso,
deixando aparecer o modelo de cera que pode ser retocado. Cobre-se então a
peça com a argila que servirá de molde definitivo. O bronze então despejado
substitui a cera. Esse método proporciona que a peça tenha certa espessura e é
utilizado na confecção de esculturas de grande porte.
Já falamos da importância de Auguste Rodin, um dos maiores escultores
que o mundo já viu.

Ele criou personagens sedutores e cheios de vida. Seus materiais


fossem eles argila, gesso, mármore ou bronze, ganharam vida graças ao
modo como Rodin recriou a pele, os músculos, as expressões faciais e
características físicas únicas (FARTHING, 2009, p. 240).

Ainda conforme Farthing (2009, p. 241),

as representações que criou do corpo humano se tornaram tão exatas


que, quando sua obra começou a ser mostrada, Rodin foi acusado de
trapacear por usar o molde de uma pessoa de verdade, sem esculpir o
modelo.

2.2 Técnicas
Dentre as várias técnicas existentes para a criação das esculturas, uma
das mais utilizadas é a modelagem na qual as mãos do artista são o instrumento
principal e fundamental para realizar o trabalho.
O material mais comum nesta técnica da modelagem é a argila, mas
também, podem ser utilizados outros materiais como a cera e o gesso. A técnica
de modelagem da argila é muito usada para ajudar o escultor nos estudos prévios

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da criação de sua obra e também servem como base para as técnicas do vazado
em metal, amento ou plástico (BRAUN, 2011).
Para se realizar um trabalho e modelar a argila, ela ainda deve estar
úmida e, dependendo da grandeza do objeto que se quer modelar, também pode
ser feita uma estrutura de madeira, arame, ferro, ou qualquer outro material que
ela não grude para que possa sustentar o peso do material. A modelagem em
argila permite ao artista uma flexibilidade na execução da escultura, pois quando
acontecerem erros, esses poderão ser corrigidos, aplicando ou removendo um
pouco de argila, o que já não é possível no caso da talha em pedra ou madeira,
pois quando se remove uma parte da escultura ou do trabalho que se está
realizando, não há como colocá-la de volta. Em algumas obras, podem-se
observar as marcas deixadas pelo artista na modelagem da argila para mostrar o
processo de construção.
Os métodos de trabalho na cinzelação são dois: o método direto, no qual
o artista seleciona a pedra e atua diretamente sem uso de modelos e o método
indireto, quando o escultor começa com um modelo, feito geralmente de gesso ou
argila, a ser copiado na pedra com o auxílio de instrumentos de precisão.
Para o entalhe, uma arte amplamente conhecida, o trabalho artesanal tem
como propósito dar vida a um determinado desenho, transformando-o em alto
relevo. As madeiras mais usadas são as madeiras moles, isto é, as de mais fácil
manuseio com ferramentas cortantes. Ao contrário da xilogravura na qual é feito
um entalhe plano, isto é, um baixo relevo, o alto relevo deve ser bem
pronunciado, envelhecido com betume ou extrato de nogueira para formar a
pátina, dando assim maior plasticidade ao trabalho.

Guarde...
A modelagem envolve o processo de dar forma à mão a um material
macio como a argila. São utilizados materiais macios e flexíveis, facilmente
modeláveis, como a cera, o gesso e a argila.
No caso da argila, a escultura será posteriormente cozida, tornando-se
resistente. A modelagem é, também, o primeiro passo para a confecção de

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esculturas através de outras técnicas, como a fundição e a moldagem (AZEVEDO


JUNIOR, 2007; BRAUN, 2011).
A técnica do entalhe é um processo que requer tempo e esforço, já que o
artista trabalha minuciosamente numa escultura, cortando ou extraindo o material
supérfluo (madeira, por exemplo, mas também o marfim e a pedra) até obter a
forma desejada.
O material é sempre rígido e, com frequência, pesado. A arte de esculpir
em madeira utiliza poucas espécies de árvores, que são selecionadas em função
da sua textura, da beleza do material proporcionado pelos veios e pela tonalidade
da matéria-prima.
As madeiras comumente utilizadas são o cedro e o mogno, por serem
fáceis de trabalhar e mais leves. O acabamento da obra é dado com tintas e
vernizes preparados com resinas químicas ou naturais.
Outra técnica utilizada para a escultura é a fundição de metal (ferro,
cobre, bronze, entre outros) em que se faz um processo complexo que começa
com um modelo em argila, passando por um molde que será preenchido com
cera, obtendo-se outra peça idêntica neste material, que poderá ser retocada,
para corrigir algumas imperfeições derivadas do molde. Depois de modelada em
cera.
Em seguida, o metal líquido é vazado dentro de um molde, ocupando o
lugar deixado pela cera. O gesso é dissolvido em uma lavagem a jato de água,
revelando a peça com seus contornos. A escultura de metal passa, então, por um
processo final de recorte e de acabamento (AZEVEDO JUNIOR, 2007).

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UNIDADE 3 – A ESCULTURA NA IDADE MODERNA


Na escultura da arte moderna, o objetivo não é mais o naturalismo e, com
isso, conforme Lynton (1978, p.103) “a escultura passa a ser montada com várias
peças distintas de materiais, em vez de ser modelada ou entalhada, e
frequentemente evita a tradicional solidez da escultura”, ganhando novas formas
de expressão, as quais possibilitam a pesquisa e uso de novos materiais,
diferenciando das técnicas tradicionais.
O artista escultor Marcel Duchamp, também já nosso conhecido,
conseguiu proporcionar uma nova visão para o mundo da arte, mexendo com
conceitos que iriam causar impactos e outro olhar sobre a obra de arte (BRAUN,
2011).
Cansado de dançar conforme a música, Duchamp decidiu subverter as
formas tradicionais de arte criando o ready-made. Influenciado por um livro de
Max Stinger chamado O ego por ele mesmo, Duchamp entendeu que qualquer
objeto banal ou industrializado podia ser transformado em arte, desde que o
artista assim o quisesse. A primeira das iconoclásticas obras ready-made do
Duchamp foi A roda da bicicleta (1913). A mais famosa, contudo foi A fonte
(1917), um urinol de porcelana que escandalizou Nova York quando exibida
(FARTHING, 2009).
Duchamp nos mostra que objetos encontrados podem ser arte, ou
qualquer coisa pode ser arte, se algum artista assim a propuser. A arte não está
no fazer um objeto artístico, mas no reconhecimento do valor estético de um
objeto (LYNTON, 1978, p. 104).

3.1 O trabalho com o concreto


Uma descoberta inovadora na escultura moderna foi a aplicação do
concreto. Uma mistura de cimento, areia e áridos que proporcionam diferentes
texturas ao concreto (pó de pedra ou partículas de granito ou mármore). O
concreto pode ser trabalhado na modelagem ou nos vazados.
Na modelagem, o processo é parecido com o da argila, a diferença é a
armação que deve se adequar à forma e principalmente ao peso da escultura. Os
vazados são realizados com moldes que geralmente são de gesso ou de madeira
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que também são chamados de formas, esses moldes então recebem a massa de
concreto e depois são cobertos com sacos molhados até que a peça fique seca e
endureça (BRAUN, 2011).

3.2 O trabalho com plástico


Outros materiais, como os plásticos e a celulose, foram utilizados
inicialmente na escultura pelos Construtivistas, a partir da década de 20. Ainda
hoje, muitos artistas contemporâneos utilizam materiais como plásticos, acrílicos e
sintéticos para base de pesquisa, misturando-os com outros materiais ou
simplesmente utilizando-se da sua plasticidade e textura. Um dos pioneiros a
utilizar o plástico na escultura foi o artista Naum Gabo.
Sobre Gabo...
O desenvolvimento dos plásticos veio em seu auxílio e foi uma longa série
de construções baseadas nesse material versátil que a carreira de Gabo chegou
ao clímax. A escultura, sem deixar de ser apreensível como objeto físico, atingiu
então uma extraordinária fluência e lirismo – luz e espaço tiveram expressivo
papel (LYNTON, 1978, p.130).

3.3 O trabalho com o metal


Sabemos que na escultura em metal a evolução foi marcante após a
Revolução Industrial e que a partir daí os artistas passaram a utilizar diversos
tipos de materiais como: chapas de ferro, pregos, arames, chapas de aço, lata,
alumínio, ferro-velho e até automóveis prensados.
Para poder realizar estas esculturas de metal, foi necessário a utilização
de ferramentas industriais – soldagem, maçarico, rebitadoras, brocas elétricas,
máquinas para corte e dobradura do metal. Assim, o artista pode pintar, lixar,
disfarçar soldas, polir e oxidar suas peças em metal. Alguns artistas
descendentes das ready-made de Duchamp, utilizaram peças prontas para suas
esculturas com peças metálicas de automóveis. Um dos pioneiros foi César
Baldaccini, conforme Lynton (1978, p. 110), “César, como é mais conhecido
(nascido em 1921) iniciou o emprego de carroçarias prensadas de automóveis

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como esculturas autossuficientes”. Uma de suas mais famosas obras é o Polegar


de César.

Figura 17: Polegar de César, de César Baldaccini.

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UNIDADE 4 – O ESPAÇO TRIDIMENSIONAL DAS


ESCULTURAS: ESTÉTICA, CONCEPÇÃO E
COMPREENSÃO

4.1 Da Vênus de Willendorf ao século XXI


A escultura é a arte que tem como principal característica a
tridimensionalidade e está diretamente ligada ao cotidiano da humanidade.
Segundo Ximenes (2000), a palavra tridimensional faz referência a três
dimensões: comprimento, largura e altura, e está presente na escultura. Através
da tridimensionalidade podemos produzir esculturas que representam essas
dimensões; além de envolvê-lo em nossas mãos ainda podemos observar o
objeto a ser esculpido em vários ângulos, diferente da figura bidimensional que
podemos observar somente de dois ângulos, pela frente ou por um de seus lados.
Esse cotidiano de ideias e conceitos desde a Pré-História irá delinear o
movimento da arte que nos envolve até, e principalmente, hoje.
O homem pré-histórico, na Idade da Pedra deu os primeiros golpes,
esculpindo um sílex, instrumento cortante, que usaria na caça e corte de
madeiras, assinalando um gesto eterno e fundamental para a sobrevivência.
Sempre com auxílio de outras pedras, ossos e madeiras, milhares de anos mais
tarde, começou a esculpir seus objetos, utensílios e estatuetas, desvelando a
escultura como a primeira de todas as artes. Temos dessa época a Vênus de
Willendorf, que provavelmente servia de amuleto protetor, destinado a favorecer a
fecundidade das mulheres através dos seios enormes e ventre abundante,
simbolizava a fertilidade das mulheres e dos animais.
Em outra fase, na Idade do Alce, os homens das cavernas por volta de
13.000 a.C., alimentavam-se de sua carne, usavam tendões para confecções de
cordas, esculpindo ossos, fazendo armas para a caça, e sendo multiplicadas as
ferramentas, usando presas de javali e galhadas de alce (MADURÉ, 2009).
Encontraram-se nas cavernas milhares de pontas de sílex, pedras
extremamente duras, usadas como buril ou formão para furar e cavar a rocha
(também como pontas de flecha e de lança). Muitas vezes, ao fazerem a imagem,
os artistas aproveitavam-se da curvatura natural da rocha, de relevos ou saliência,
integrando a corporeidade da parede na forma do animal representado. É mesmo
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possível ou até provável que tais saliências tenham sugerido inicialmente a


própria imagem do animal (OSTROWER, 1987, p. 299).
No Egito, por volta de 1300 a.C., os escultores souberam explorar as
pedras, na quais os faraós esculpidos em enormes esculturas, com uma postura
rígida, pareciam estar vivos, pois seus olhos eram incrustados com pedras
preciosas, sendo as obras bem representadas em seus afrescos, registrando as
atividades escultóricas desta época. Os gregos em seus registros escultóricos,
que datam de 600 a.C., realizavam inúmeras atividades, entre elas a escultura em
mármore, com grande movimento e em terracota. Essas esculturas eram
colocadas em templos, praças públicas e jardins.
Em 200 a.C., a China, Japão e Índia já trabalhavam a pedra, o jade, o
marfim, o bronze e a argila. Recentemente temos a descoberta de um exército
esculpido em terracota, no qual cada um de seus soldados modelados é diferente
um do outro.
Os escultores da Idade Média, sobre andaimes ou no chão, trabalhavam
com a pedra, transformando-a em uma verdadeira obra de arte, edificando
catedrais que às vezes chegava a levar uma década para serem concluídas. Os
nossos vizinhos, colombianos, sem dúvida deixaram também um dos maiores
legados à humanidade, pois do barro, aproximadamente a quatro mil anos, esse
povo oleiro transforma a argila submetida ao cozimento em cerâmica. Modelam
seus personagens na mão, com riqueza de detalhes, verdadeiras obras primas,
retratando o seu cotidiano. Com grande veia artística, amassando a argila, este
povo criou um gigantesco acervo de criaturas de louça, maravilhosas, mas
assustadoras ou engraçadas, registrando assim sua história cultural (MADURÉ,
2009).
A escultura barroca nascida em Roma teve sua expansão para a Europa
nos séculos XVII e XVIII, onde mostrava com exuberância o culto e a ostentação.
Michelangelo foi considerado um gigante dos mármores brancos, gênio da
escultura, que resistia em afirmar que libertaria as criaturas que estavam dentro
dos blocos, grande arquiteto, poeta, pintor. Antes de Rodin as esculturas eram
talhadas, ou seja, em porções que se corta, ou fatias. Após meados do século
XIX, com Rodin e Domier, a escultura retoma um novo caminho nas artes: em vez

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de talhada, ela passa a ser moldada; em contra partida, em vez de tirar, o escultor
passa a colocar a massa como argila, gesso, massa de modelar
(SCHNECKENBURGER, 2005).
A nomenclatura estátua, que pode ser definida como estática (XIMENES,
2000), já ficou em desuso, pois a escultura em nosso cotidiano ela tem
movimento e usa o espaço para obter leveza. A modernidade de Rodin, com
modelo fiel em gesso, consegue dar a obra, sua expressão de sombra e luz.
Rodin ensinou a Camille Claudel, grande paixão do artista, os estudos de pé e
mão, pois ela era a única mulher escultora nesta época. Ele foi um expoente da
arte no século XIX, e com muita perfeição retratou a forma humana. Quando um
bom escultor modela corpos humanos, não se limita a retratar os músculos, mas
também a vida que circula neles. “Em verdade, mais do que a vida, a força que os
constitui e lhes dá graça ou força, encanto ou alegria sem limites” (RODIN apud
SCHNECKENBURGER, 2005, p. 411).
Os escultores africanos escolhiam as madeiras verdes e sem nós. Com
auxílio da enxó, construíam esculturas retratando ancestrais de sua tribo, e
utilizando folhas de árvores, faziam o polimento desta escultura.
Picasso e Brancusi também buscaram inspiração nas esculturas das
tribos africanas, servindo com força de expressão e influenciando em suas obras.
Dentro da Arte Contemporânea, a escultura, na segunda metade do século XX,
obteve algumas mudanças. Pode-se destacar a simplificação dos volumes e a
sua redução a formas cada vez menos figurativas e também a simplificação de
novas técnicas e materiais. As esculturas são obras de arte tridimensionais.
Geralmente eram produzidas com materiais duros, como madeira e pedra,
cortados, entalhados, esculpidos e também com materiais moles como a argila
que podem ser modelados em volta de uma estrutura chamada de armação, de
madeira sendo levadas para cópia, ou fundição. Para ficar mais perfeita, o artista,
antes desta cópia, revisa a peça, dando seus últimos retoques. Em seguida, a
peça segue para a fundição em bronze derretido ou argamassa úmida. Após a
cópia, a forma era quebrada, não tendo condições de reproduzir novamente a
mesma escultura. Dessa forma, a escultura e os métodos de fundição evoluíram
envolvendo uma infinidade de novos materiais e métodos diferentes de cópia.

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Um ótimo exemplo dessas mudanças, podemos verificar nas esculturas


de Edgar Degas, através das quais, para testar suas ideias, não pretendendo que
durassem muito tempo, esculpiu inúmeras peças em cera com armação de
cortiça. Após sua morte as esculturas foram fundidas em bronze.

Figura 18: Petite Danseuse de quatorz ans, de Edgar Degas.

Na Contemporaneidade, o processo escultórico pode ser realizado de


diversas formas, utilizando inúmeros materiais, até se apropriando de inúmeras
mídias para execução da obra, podendo ser manifestada em instalações, espaços
e intervenções urbanas. A escultura atualmente pode ser realizada de forma que
o observador penetra na peça, de forma lúdica, podendo interagir com ela. A obra
pode ser móvel, articulada, desmontável e até o espectador pode fazer parte da
obra. Também podemos contemplar a escultura de forma sensorial, tátil, na qual
pode ser tocada, sendo necessário ou não, sentir o volume, a textura e a forma.
Atualmente, alguns artistas optam em fazer esculturas móveis, penduradas, ou se

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apoiando sobre o solo, podendo ser movimentadas pela ação do vento, motor ou
toque do espectador. Também pode ser unida à Ciência ou Tecnologia, na
pesquisa de novos materiais (MADURÉ, 2009).
Segundo Schneckenburger (2005), as esculturas em movimento são
chamadas de arte cinética, que em grego Kinetikos, significa “mover”. Um
exemplo são os móbiles do artista Alexandre Calder que demostram total
equilíbrio, em dimensões gigantescas, sendo necessário apenas correntes de ar
para movimentá-los girando-os suavemente.

Figura 19: Mobiles, de Alexandre Calder.

Nesse momento, as chapas de metais coloridos projetam figuras de luzes


coloridas no chão, no teto ou nas paredes. Já o artista Jean Tinguely traz uma
abordagem de que o movimento pode ser benéfico ou prejudicial, fazendo com
que suas esculturas gradualmente se destruam à medida em que se movem. Se
apropriando de placas, metal e arame, ele usa este material para fazer esculturas
dinâmicas operadas por motor. O artista cita:

A vida é movimento. Tudo se transforma, tudo se modifica


incessantemente e, tentar impedi-lo, tentar controlar a vida ao meio-voo
e recapturá-la na forma de uma obra de arte, uma escultura ou uma
pintura, parece-me ser um escárnio à intensidade da vida (JEAN
TINGUELY apud SCHNECKENBURGER, 2005, p. 508).

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Na Land Art, que consiste em trabalhar com materiais naturais e


paisagens para a confecção de esculturas, os artistas registram suas marcas na
terra ou se tornando parte da terra. A land art, segundo Schneckenburger, (2005)
preocupa-se com a maneira como a natureza irá aceitar as obras, mudá-las,
consumi-las, quando deixadas ao relento.

4.2 A tridimensionalidade oferecida pela escultura


Quando pensamos na Tridimensionalidade Contemporânea como o
desdobramento de novos procedimentos plásticos – muitos deles já apontados
desde a Modernidade – temos de nos remeter a uma pesquisa de suportes, que
igualmente caracterizou e tem caracterizado a experimentação em Arte. Às
clássicas alternativas da pedra, madeira, bronze e argila na escultura, aliam-se
outros suportes, provenientes das conquistas tecnológicas, como o vidro, o
plástico, o aço. Essa diversidade de suportes e de ações sobre os mesmos, talvez
seja a marca mais contundente da trajetória da Escultura Moderna e
Contemporânea, posto que determina outras questões, como as próprias relações
espaciais internas e externas, a escala e a durabilidade da obra (GOZZER, 2002).
A contemporaneidade amplia infinitamente esse campo ao dessacralizar a
técnica e os materiais artísticos que se consagraram através do tempo,
assumindo a processualidade da Arte e a potencialização de quaisquer suportes
enquanto atividade expressiva: temos assim papelões, plantas, terra, corpo, água,
outras matérias orgânicas e inorgânicas, a virtualidade do vídeo e do computador,
entre outros inúmeros suportes. Seria o caso das experimentações dos anos 60 e
70, tendo como suporte, por exemplo, a própria ação sobre a terra dos locais
isolados dos grandes centros urbanos, na Land Art e na Arte Povera, em que a
contribuição da matéria faz-se enquanto efemeridade, pobreza, organicidade,
impossibilidade de sobreviver ao tempo sem se transformar.
Importante salientar uma questão mais de fundo à simples
experimentação de suportes: o próprio aspecto da linguagem do material,
colocada de maneira consciente desde Rodin, ou seja: uma leitura do trabalho
importa também a informação que o material utilizado traz consigo, sua textura
específica, seu peso, sua leveza, suas qualidades materiais ou sua

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desmaterialidade, contestando assim, a tradicional ideia de mimese, em que um


único material – o mármore, por exemplo – responsabilizava-se pela
representação de outras matérias (carne, tecido) que lhe são naturalmente
incompatíveis.
Ora, se tradicionalmente a Escultura fora imbuída de um “espírito
vivificador” da matéria bruta da pedra, procurando injetar-lhe a ideia de
movimento, de leveza – a dicotomia peso/leveza parece ser uma questão cara
àquela linguagem. Pensemos, por exemplo, em uma escultura futurista de
Boccioni – Formas únicas em continuidade no espaço, de 1913. Nela, há todo um
jogo de linhas e direções de força que procuram dar à peça uma ideia de
velocidade e dinamismo, como se uma força externa impulsionasse a criação de
uma figura “aerodinâmica” (ARGAN, 1992, p. 441). No entanto, ela é construída
em gesso, e fundida em bronze, matéria pesada e durável.

Figura 20: Formas únicas em continuidade no espaço, de Boccioni (1913).

Ao construirmos objetos tridimensionais, até que ponto pensamos na


realidade física de suas matérias e na possibilidade de “burlar” essa realidade?
Esse pensamento, relativo ao peso da matéria versus a leveza da ideia de
movimento, constante dentro da História da Escultura – é ainda pertinente à

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pluralidade de questões que envolvem a contemporaneidade? Efetuar uma rápida


mirada para a produção tridimensional no século XX, a partir da relação
peso/leveza, significa inicialmente ressaltar a importância dos diversos suportes
utilizados nas materializações plásticas. Essa mirada fornecerá subsídios a serem
utilizados para localizar a produção pessoal de objetos dentro de um determinado
segmento da História da Arte (GOZZER, 2002).
O objeto tridimensional, como categoria genérica que abrange não
somente a Escultura, bem como a diversidade de procedimentos e materiais
plásticos tridimensionais modernos e contemporâneos, possui sua história
específica, em um percurso que não se dá linearmente no tempo.
É consensual que um dos marcos desse percurso seja a obra de Auguste
Rodin (1840 - 1917), no sentido em que o artista dá uma nova linguagem à
matéria escultórica e à ideia de monumento. Rodin efetuaria a passagem de uma
escultura tradicional para uma escultura cujo tema passa a ser a sua própria
realidade. A partir de Rodin, a matéria crescentemente se liberta e começa a
dizer-nos de sua realidade e de suas características peculiares; essas
informações participam do repertório formal e conceitual de toda a obra. Isso é
perceptível quando o escultor deliberadamente não pole o mármore ou alisa o
barro, em algumas de suas composições.

Pensando ainda em uma tradição escultórica, a ideia de monumento e


de sua função da representação são patentes, no sentido de enviar-nos
a uma realidade outra, uma reprodução a mais próxima possível da
figura humana, marcando um ponto no espaço do tempo, de maneira
que ao atravessarmos uma grande cidade, com muitos séculos de
civilização, nossos olhos são levados para o alto, pois nas praças, nos
ângulos dos caminhos, personagens imóveis, maiores do que aqueles
que passam a seus pés, contam-nos numa linguagem muda as
faustosas lendas de glória, da guerra, da ciência e do martírio. Algumas
mostram o céu, a que sempre aspiraram; outras designam a terra, de
onde se alçaram. Agitam ou contemplam o que foi a paixão de suas
vidas e que resultou no seu emblema: um instrumento, uma espada, um
livro, uma tocha, entre outros. O fantasma de pedras apodera-se de nós
por alguns minutos, e nos obriga, em nome do passado, a pensar nas
coisas que não são dessa terra (BAUDELAIRE apud PEIXOTO, 1996, p.
131)

Em função desse ideal de representação, a matéria trabalhada – quase


sempre a pedra, por sua durabilidade – era incumbida de aludir, não a si mesma,
mas às carnes dos corpos, dos cabelos, dos tecidos. De ser statua (estática) e
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almejar a ação, ao mesmo tempo. Talvez seja esse o grande paradoxo da pedra
esculpida: incorporar em si mesma a sua própria negação, sem negar-se à sua
essência (GOZZER, 2002).
Podemos, nesse sentido, apontar inicialmente que essas dicotomias
assinaladas: estatismo e movimento, matérias por outra matéria, ancoram-se em
outra relação de oposição que lhes subjaz. Trata-se do peso e da leveza, seja do
peso da pedra dizendo da transparência do planejamento, do peso da pedra
eterna que se alça em um braço enérgico, seja do peso da pedra eterna que se
curva ao instante-clímax da narrativa por ela contada.
“Tudo isso foi reduzido a pó pelos artistas modernos”, ironiza Teixeira
Coelho (apud GOZZER, 2002). De fato, a disponibilização pela indústria de outros
materiais, como o aço, o plástico, assim como outros paradigmas norteando o
contexto moderno em geral (o paradigma científico, por exemplo, dado pela
Teoria da Relatividade), irá desembocar em diversas maneiras de trabalho com
os novos suportes, na fuga do volume maciço, na relação da obra com o entorno,
na desvinculação crescente com o ideal mimético, enfim, na exigência de um
novo aparato perceptivo/cognitivo por parte do espectador.

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UNIDADE 5 – PROCESSOS ESCULTÓRICOS COM


VICTOR BRECHERET E FRANZ WEISSMANN
Desde o período Barroco, o Brasil se apresenta rico em termos de
esculturas, mas a diversidade mesmo predomina a partir do modernismo, embora
nossa memória fique presa a este período do Barroco que tanto estudamos na
escola e vemos em cidades históricas mineiras como Congonhas do Campo,
Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e tantas outras.
Evidentemente que a força da religião, principalmente a religião católica
fez prevalecer os santos ora entalhados na madeira, ora com a talha dourada nas
igrejas e praças públicas, ora o mobiliário também entalhado na madeira que
ainda era abundante, sendo que dois eventos marcaram esse período: a
transferência da corte portuguesa para o Brasil e a atuação da Missão Artística
Francesa, trazendo a corrente Neoclássica, a metodologia acadêmica, mas ainda
assim a pintura, “grande arte” daquela época prevalecia sobre a escultura.
Com a chegada do século XX e o modernismo, tudo que fosse tradição
pulverizou-se em nome da individualidade criativa.
O conceito de cultura baseado no entalhe dá lugar a aspectos
relacionados à tridimensionalidade, espacialidade e temporalidade e vimos
crescer a produção de novos discursos e enquadramentos sócio-político-
econômico, o que nos levou a reconhecimento internacional.
O número de escultores brasileiros que vieram se construindo ao longo do
século XX e XXI é enorme. Vamos nos centrar em dois apenas: Victor Brecheret e
Franz Weissmann.
Antes, porém, precisamos falar da escultura popular, representada aqui
pelas famosas carrancas.
As carrancas são grandes cabeças de animais, às vezes seres híbridos
de animais e homens, colocadas na proa de barcos que trafegam há séculos os
rios do Nordeste, ou são algumas vezes instaladas na entrada das casas
populares. Em ambos os casos, sua função é mágica e propiciatória, destinam-se
a afastar as forças maléficas e atrair as benfazejas. Sua existência é atestada
desde a antiguidade em várias culturas do mundo, sempre com as mesmas
funções e características. Mostravam sempre expressões furiosas, para que os
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imaginados monstros existentes nos ermos assim fossem afugentados. No caso


do vale do rio São Francisco, onde este gênero foi mais comum, julgava-se que
sob seu leito vivia um grande monstro em forma de serpente, chamado de
Minhocão, e os bancos de areia seriam habitados pelo Cão d'Água, e as
carrancas com fauces escancaradas e dentes enormes deveriam ter o poder de
intimidá-los.

Figura 21: Carranca.

Nenhum barco ali navegava sem uma carranca protetora, e esta tradição
só começou a desaparecer com a chegada dos navios a vapor e com a fundação
de uma ermida às margens do rio dedicada ao Senhor Bom Jesus da Lapa, sendo
que o último artesão a produzir carrancas ainda dentro do espírito tradicional foi

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Francisco Bicuíba de Lafuente Guarany, ativo até cerca de 1972. Atualmente, o


gênero conhece um renascimento, mas agora desprovido de conotações místicas
e inserido no mercado de arte e decoração (SILVA, 1995).
Ainda temos as esculturas em cerâmica produzidas principalmente no
nordeste brasileiro tendo no Mestre Vitalino, um dos maiores mestres.
Parte de sua obra pode ser contemplada em importantes museus, alguns
dedicados à arte popular, como o Museu de Arte Popular do Recife (Recife),
Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro) e o Museu do Folclore Edison Carneiro
(Rio de Janeiro). Vitalino possui ainda obras expostas no Museu do Homem do
Nordeste (Recife), Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro) e no Museu
do Louvre (Paris, França). Entretanto, a maior parte de suas obras faz parte de
coleções particulares. As obras de Vitalino alcançou ao longo dos anos um
elevado valor econômico e ainda são comercializadas em alguns leilões de arte
pelo Brasil.

Figura 22: Retirantes (cerâmica), de Mestre Vitalino.

Quanto a Victor Brecheret nascido na Itália veio para o Brasil na infância.


Brecheret sem dúvida pode ser nomeado como um dos maiores escultores
brasileiros, se não o mais importante do século XX. Desde criança, já praticava a

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modelagem de barro criando esculturas de pequenos animais. E isso o levou a


estudar desenho e escultura no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
Conforme Pellegrini (2006), em 1913, Brecheret foi para Roma para
aprofundar seus estudos e trabalhou com mestre Auturo Dazzi. Em 1919, voltou
ao Brasil e sua obra apresentava as características da escultura moderna pelas
formas e volumes geometrizados. A influência de vários movimentos artísticos
modernistas, somada à agitação do ambiente cultural que dominava a Paris de
então, foram marcantes para sua formação artística.
A semana de Arte Moderna foi uma manifestação artística que
impulsionou muita força aos artistas modernistas do Brasil.
Conforme Farthing (2009, p. 358),

Brecheret teve seus trabalhos divulgados por modernistas como Di


Cavalcanti, Menotti dei Picchia e Mario de Andrade. Na semana de Arte
Moderna de 1992, o artista apresentou 12 esculturas.

Nesse período, Brecheret estava ausente, pois estava estudando em Paris


com uma bolsa do governo de São Paulo, lá trabalhou e conviveu com outros
artistas.

[...] seu trabalho passou por um processo de simplificação nas formas e


tem influência com o contato que teve principalmente com as obras de
Brancusi, pela característica das obras terem superfície uniforme e à
concisão dos volumes (FARTHING, 2009, p. 358).

No entendimento de Pellegrini (2003, p. 23), sua maior escultura, obra-


prima de Brecheret foi o Monumento às Bandeiras que levou 33 anos para ficar
pronta. Ela foi iniciada em uma maquete feita em 1920 e quando Brecheret
retorna a São Paulo, em 1936, encara como seu maior desafio, concluir a obra
para inaugurá-la nas comemorações do IV centenário da cidade de São Paulo.
Brecheret fez primeiramente essa obra na escala de 1 x 1 metro, para uma
exposição de maquetes, aumentando-a depois para o tamanho atual esculpidas
em pedra Mauá por artesãos, os quais copiaram fielmente o modelo em gesso
feito por Brecheret.

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Outros dados do Monumento às Bandeiras: mede 50 metros de


comprimento, 16 metros de largura e 10 metros de altura. Apresenta 37 figuras
das quais retrata a mistura étnica de que somos herdeiros, ou seja, as etnias que
compõem nossa formação cultural: a branca europeia, a Indígena e a negra
(PELLEGRINI, 2006).
Além do grandioso Monumento às bandeiras, o artista Brecheret realizou
outra obra, em homenagem a Duque de Caxias, um importante personagem de
nossa história e que no dia de seu aniversário dia 25 de agosto é comemorado o
dia do soldado. Nessa escultura Brecheret utilizou o bronze para a figura do
Duque de Caxias. E em granito fez um trabalho ornamental que retrata vários
momentos da vida de Caxias.
Em bronze patinado, foi realizada a figura do Duque de Caxias, com
espada levantada sobre seu cavalo. Com aproximadamente 18 toneladas, ela foi
fundida no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde Brecheret iniciou os seus
estudos em 1912, um ano antes de ir para Roma (PELLEGRINI, 2006).
Esses dois monumentos de proporções gigantescas comprovam porque
Victor Brecheret é considerado um dos maiores representante da escultura
moderna brasileira.

Figura 23: Monumento às Bandeiras, de


Brecheret.
Figura 24: Monumento à Duque de Caxias, de Brecheret.

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Vindo da Áustria, sua terra natal, Franz Joseph Weissmann chegou ao


Brasil com 10 anos de idade. Com 27 anos, matriculou-se na Escola Nacional de
Belas Artes, no Rio de Janeiro (COUTINHO e ORLOSKI, 2006).
Segundo Coutinho e Orloski (2006), inicialmente Weissmann tinha grande
preferência pela pintura, mas sentindo a necessidade do espaço tridimensional,
Weissmann procura o caminho da escultura.
Em 1933, faz suas primeiras viagens a Belo Horizonte e, em 1937, monta
seu primeiro atelier em BH quando recebe várias encomendas para executar
bustos e mausoléus de personalidades públicas. Em 1950 inicia seu percurso
pelas esculturas, trabalhando com bronze, argila e fios de aço, explorando a
forma do cubo no espaço vazio.
Em 1959, assina junto com Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Lygia
Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, o Manifesto Neoconcreto.
Parte em viagem para a Europa com a família. Viaja pela Espanha, França, Itália,
Áustria, Alemanha, Bélgica Holanda e Suíça. Participa da Konkrete Kunst,
Remontagem da Exposição Internacional de Arte Concreta organizada por Max
Bill.
A tridimensionalidade é a essência do sou trabalho, que prefere
denominar de construção e não de escultura, já que não são obras que surgem
através do ato de esculpir, mas sim planos que se transformam através de cortes,
dobras e torções em que a Geometria desenha o espaço vazio e o espaço
ocupado. É interessante como o artista se autointitula de “construtor de planos” e
não um escultor. O trabalho que realiza de cortar, dobrar e torcer chapas do ferro
buscando a tridimensionalidade resulta em esculturas geométricas que o próprio
artista as nomeia de minimal figuras dentro do conceito minimal arte. Ele está em
busca da tridimensionalidade com preocupação mais em ajustá-la com o vazio do
que ao volume (COUTINHO; ORLOSKI, 2006, p. 2).
Segundo Farthing (2008, p. 423), em 1951, Cubo varado, uma das
primeiras esculturas construtivas brasileiras, foi recusada na I Bienal de São
Paulo. Durante os anos 1950, participou dos movimentos Concreto e
Neoconcreto. Toda a sua produção remete ao que o artista denominou Vazio
Ativo, o espaço vazio dentro das formas da escultura.

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Franz Weissmann é um dos artistas brasileiros que tem o maior número


de obras expostas em locais públicos. Outro ponto importante de suas obras é o
encontro dela com o espectador, sendo denominada arte púbica a qual busca
diálogo e contato com o ambiente onde está exposta e também com o público que
o frequenta.
Para Weissmann, a comunicação com o público é a função primordial de
sua obra tanto é que faz até a escolha de espaço, dimensão e escala das obras
para cada exposição, sempre expondo em espaços abertos, públicos, locais de
passagem em ruas e praças. São esses os lugares preferidos por Weissmann.
Ele faz trabalhos para se comunicar com o povo. E isso só é possível se colocar
suas obras na rua. “O povo não entra em museus”, já dizia ele e é a arte pública
quem oferece uma possibilidade de contato direto, físico, afetual, com o público
(COUTINHO; ORIOSKI, 2006).

Figura 25: Cantoneiras, de Weissmann (1975).

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Figura 26: Torres, de Weissmann.

As obras ilustradas e outras fazem parte dos muitos monumentos ou


esculturas que estão presentes nas nossas cidades. Algumas dessas obras
servem para enaltecer acontecimentos históricos que homenageiam personagens
importantes da história, datas comemorativas, o povo e outras que servem para
provocar o olhar das pessoas que ali passam. A arte é grandiosa e através dela
que o artista se expressa e busca conhecer e revelar o mundo de sua criatividade.
A imaginação criadora é a essência do artista.
E fechamos nosso módulo com algumas reflexões encontradas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais:
A imaginação criadora permite ao ser humano conhecer situações, fatos,
ideias e sentimentos que se realizam como imagens internas, a partir da
manipulação da linguagem. E essa capacidade de formar imagens que torna
possível a evolução do homem e o desenvolvimento da criança; visualizar
situações que não existem, mas que podem vir a existir (BRASIL, 1997).

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O artista é o criador, é aquele que pensa, produz, modifica, constrói,


executa, realiza a obra de arte que surge de sua criatividade através da pergunta:
“Já pensou se fosse possível?” E é ele que torna o impossível em real, pois arte é
a atividade criadora, que expressa de forma estética, sensações ou ideias.

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UNIDADE 6 – FREEDOM, A ESCULTURA DE ZENOS


FRUDAKIS – HINO À LIBERDADE

Não queremos falar muito nesse momento, porque muitas vezes o que os
olhos veem vale mais que mil palavras ou algo nesse sentido.
Portanto, observem, sintam, reflitam a importância da liberdade e se não
é essa nossa busca por toda nossa existência terrena...

Figura 27: Freedom, de Zenos Frudakis.

A escultura Freedom, do artista Zenos Frudakis, localizada na sede


mundial da GSK (GlaxoSmithKline), na Filadélfia, Pensilvânia, é um hino à luta
pela liberdade. De acordo com o artista, em seu site pessoal,

a composição se desenvolve da esquerda para a direita, começando


com uma espécie de múmia/morte como figura cativa. No segundo
quadro, a figura, que lembra Rebellious Slave, de Michelângelo, começa
a se agitar e luta para escapar. A figura no terceiro quadro rasgou-se do
muro que o mantinha cativo e está saindo, chegando para a liberdade.
No quarto quadro, a figura é inteiramente livre, vitoriosa, os braços
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estendidos, completamente afastada da parede. Ele evoca uma fuga da


sua própria mortalidade.

Frudakis realizou essa escultura em grande escala, buscando preencher


as paredes vazias do edifício e proporcionando, aos visitantes, sempre um novo
olhar para a obra. Além disso, pensou na possibilidade de interação do público
com a escultura. Não apenas a partir de uma reflexão intelectual, e mesmo
emotiva, acerca da luta pela liberdade, mas também fisicamente. Na escultura há
um espaço no qual está escrito “Estou aqui”, para que as pessoas possam
colocar-se dentro e passar a fazer parte da obra.
De modo criativo, a escultura propõe o libertar-se das limitações da
mortalidade. Caso tenha acesso fácil à Internet pode conhecer melhor algumas
das imagens da obra acessando o site do artista para conhecer um pouco mais
de seu trabalho: Zenos Frudakis.
De todo modo vejam os detalhes nos quadros abaixo:

Figura 28: Freedom, de Zenos Frudakis.

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Figura 29: Freedom, de Zenos Frudakis.

Figura 30: Freedom, de Zenos Frudakis.

Figura 31: Freedom, de Zenos Frudakis.

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Figura 32: Freedom, de Zenos Frudakis.

Figura 33: Freedom, de Zenos Frudakis.

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Figura 34: Freedom, de Zenos Frudakis.

Guarde...
Na linguagem visual, sabemos que é necessário um olhar atento para que
possamos “ler” as imagens, porém, a escultura, uma manifestação das artes
visuais, pode ser percebida e entendida até com os olhos fechados.
Contrariamente ao pintor, que trabalha sobre o plano, o escultor utiliza três
dimensões, ou seja, é possível observar e até mesmo tocar todos os lados da
obra. Consequentemente permite à obra ganhar seu espaço (BUENO, 2008).
A essência da escultura consiste no fato de ser construída com materiais
sólidos e existir três dimensões. A maioria das outras formas de arte visual –

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pintura, desenho, artes gráficas, fotografia, cinema – apenas sugere as três


dimensões através de uma utilização extremamente sofisticada da perspectiva e
da luz e sombra do claro-escuro.
A escultura foi utilizada para confeccionar objetos religiosos, como as
estatuetas egípcias deixadas junto aos túmulos. Os egípcios desenvolveram
também um processo de representação estatuária que permitia preservar a
imagem do Faraó ou de nobres importantes após a morte, ou mesmo em
utensílios domésticos feitos de cerâmica, normalmente vasos.
Vasos esculpidos e ornados com motivos geométricos e faixas
decorativas em sua superfície são também característicos da arte na Grécia;
aliás, os deuses gregos e romanos são os grandes exemplos de escultura da
Antiguidade, pois, quando falamos em Grécia e Roma, logo vem a nossa memória
imagens (estátuas) de deuses e heróis.
Podemos ainda dizer que a escultura é a forma de expressão artística (no
sentido humanista) que melhor representa o Renascimento. É o momento em que
a escultura ganha independência, e a obra é colocada sobre uma base, podendo
ser apreciada de todos os ângulos, onde a expressão corporal garante o
equilíbrio, revelando uma figura de músculos torneados e de proporções perfeitas.
Segundo Dondis (2015), mesmo nas tendências mais experimentais, as obras
modernas conservam o caráter essencial dessa forma artística: a dimensão que
pode ser vista e tocada. A escultura tem de existir no espaço.
A escultura, até recentemente, era figurativa e representativa, uma fiel
reprodução da realidade. No século XX, período de ampliação de conquistas
técnicas, devido ao progresso industrial iniciado no século anterior, houve uma
mudança brusca de conceitos, e as esculturas foram criadas sem representar a
forma real, possibilitando o manuseio ou a modificação do trabalho do artista pelo
público. Assim, com essa intenção, alguns artistas escultores fazem trabalhos de
montagens, de maneira maleável, com o propósito de possibilitar a interferência
do observador.
Obviamente, concordamos que a escultura deve ser vista e também
sentida pelo observador, porém devemos ter cuidado, pois ainda existem algumas
esculturas (em museus) que não possibilitam o tato. No entanto, embora não

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possamos classificar conceitos absolutos, é comum o fato de que,


modernamente, as esculturas são mais propensas ao toque e à participação do
público.
Não é só no museu que a escultura Contemporânea ganha espaço,
existem verdadeiras obras de arte expostas em pleno ar livre, sujeitas às
transformações do tempo, como a ferrugem que atinge o metal. Segundo alguns
artistas, o efeito posterior à exposição às variações climáticas e ao decurso de
tempo é inteiramente esperado e proposital. Já outros artistas, como Frans
Krajcberg, tem sua inspiração em galhos e troncos retorcidos ou queimados dos
mangues, ou seja, eles esperam o efeito da natureza acontecer para depois
fazerem a obra (BUENO, 2008).
Frans Krajcberg (1921 - ), nascido na Polônia e naturalizado brasileiro é
pintor, escultor, gravador, fotógrafo e artista plástico.
Sua obra reflete a paisagem brasileira, em particular a floresta amazônica,
e a sua constante preocupação com a preservação do meio-ambiente. Ao longo
de sua carreira vem se mantendo fiel a uma concepção de arte relacionada
diretamente à pesquisa e utilização de elementos da natureza.

Figura 35: Obra de Frans Krajcberg.

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