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Instituto Brasileiro do Concreto .

CAPÍTULO 4

Materiais de construção e o meio ambiente


Vanderley M. John
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

4.1 Introdução
Os efeitos ambientais das ações do homem, auxiliado por sua tecnologia, são hoje
muito evidentes. Problemas ambientais são hoje parte de nossas discussões diárias: o
aquecimento global, com todas as suas dramáticas conseqüências que já começam a
afetar a vida de todos os seres que habitam o planeta; a poluição do ar e das águas afeta
impactos na saúde e qualidade de vida das populações; a destruição de ecossitemas; o
esgotamento de recursos naturais como água e até areia em regiões densamente
povoadas são alguns destes problemas.
Este capítulo pretende discutir a relação entre o que se pode chamar de crise
ambiental e a produção, o uso e o descarte de materiais de construção. Trata-se de um
tema complexo, e o leitor deve ter em mente que este capítulo é uma tentativa que tem
por objetivo alertar e mostrar tendências detectadas na literatura, mais no sentido de
apresentar as ferramentas que estão sendo utilizadas para analisar os impactos
ambientais dos materiais, do que discutir o impacto de cada um deles. O capítulo inicia
apontando para a principal fonte dos problemas ambientais causados pelos materiais de
construção: a escala de produção, que pode ser adequadamente analisada pela
ferramenta de fluxo de materiais. Assim boa parte do capítulo está dedicada à análise do
ciclo de vida – metodologia que ainda é pouco conhecida no Brasil, particularmente pelos
engenheiros civis – e aos temas lixiviação e teor de compostos voláteis e que permitem
medir impactos ambientais na fase de uso. De todas as maneiras, espera-se um grande
avanço nos próximos anos no entendimento desses problemas.
Como ponto de partida, é desejável reforçar-se um ponto: não existe material de
construção que não cause impacto ambiental. Cabe ao técnico selecionar para cada
situação o material que permita cumprir a função requerida com o mínimo impacto
ambiental e que, simultaneamente, garanta o necessário desempenho técnico adequado
e seja viável economicamente.
Finalmente, os materiais de construção trazem importantes benefícios sociais e
econômicos – no Brasil a produção de materiais para a construção representa 5,4% do
PIB (LCA Consultores, 2005), e a informalidade em muitos setores é importante. Porém,
apesar de importantes para a sustentabilidade, esses aspectos estão fora do escopo
deste capítulo.

4.2 O fluxo dos materiais: a “selva” construída


O mundo em que vivemos, o ambiente construído, é produzido por materiais de
construção. Vivemos cercados por uma selva de produtos como concreto, aço, alumínio,
cal, gesso, rochas naturais, vidro, plásticos, zinco, cobre, cerâmicas, etc. A presença
desses produtos nos é tão natural quanto a da vegetação natural; dificilmente esses
materiais são percebidos.

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De fato, nenhuma atividade humana, do nascimento à morte, é realizada sem o


suporte de um ambiente construído adequado. Cidades, rodovias, barragens, aeroportos,
pontes, vias férreas, edifícios de todas as espécies, sistemas de esgoto, muros que
separam vizinhos e países, etc. E todos os componentes do ambiente construído são
compostos de materiais de construção. Portanto, vivemos em um mundo feito de
materiais de construção.
A percepção da importância do consumo de materiais de construção é recente e
está embasada em estudos do fluxo de materiais (materials flow) na economia, o que
permite um melhor entendimento dos impactos econômicos, sociais e ambientais
associados a esses produtos (National Research Council, 2004). Com base nesses
estudos, estima-se que, dependendo do país e do nível de atividade econômica, entre
40% e 75% das matérias-primas extraídas da natureza são transformados em materiais
de construção (John, 2000). Pelo menos nos Estados Unidos, essa participação da
construção civil no consumo de materiais tem mantido tendência crescente nos últimos
cem anos.
Vamos dar alguns exemplos. Somente para construírem-se as quase 3 milhões de
residências do Município de São Paulo (Figura 1), são necessários cerca de 200 milhões
de toneladas de diferentes materiais de construção. Outro exemplo interessante é o do
concreto de cimento Portland, o material artificial de maior consumo pelo homem. Com
base na produção anual de cimento no Brasil, em 2006, cerca de 40 milhões de toneladas
(SNIC, 2007), é possível estimar-se que são consumidos a cada ano mais 250 milhões de
toneladas de produtos à base de cimento (cerca de 1,4 ton/hab.ano) (Quadro 1). Esse
valor é baixo se comparado com países desenvolvidos. Estima-se que os países
Europeus, que já contam com um ambiente construído muito mais completo do que o
nosso, consomem em média em torno de 3 toneladas de concreto por habitante (ECO-
SERVE, 2004). Comparemos agora o consumo de materiais para fazer concreto com o da
indústria automobilística. Essa indústria produziu, em 2006, 2,1 milhões de automóveis
(ANFAVEA, 2007), com uma massa provavelmente inferior a 2,5 milhões de toneladas,
cerca de 100 vezes menor que o consumo de produtos à base de cimento. Na
verdade, a massa de toda a frota de automóveis do Brasil é inferior à produção de
produtos à base de concreto no ano de 2006.

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Figura 1 – Um simples olhar para uma grande cidade, como São Paulo, revela que nossas vidas
dependem de um enorme fluxo de materiais de construção. O estudo do fluxo dos materiais nos
diz que cada pedaço dessa cidade será resíduo em um futuro próximo.

Quadro 1 – Estimativa do fluxo brasileiro anual de materiais necessários para produzir concreto.

Material Estado fresco Após endurecimento Unidade


Cimento 39 40 106 ton
agregados (1:5) 200 200 106 ton
Água (a/c ~0,6) 24 10 106 ton
Total 264 250 106 ton
População 180 180 106 habitantes
Consumo per/capita 1,5 1,4 Ton/hab

Portanto, nenhum outro setor da economia tem a escala de produção do setor


fabricante de materiais de construção. E essa escala faz muita diferença: mesmo que os
materiais de construção ao longo do seu ciclo de vida tenham menor impacto ambiental
por unidade de massa que o das outras indústrias (o que é, na maioria das vezes,
provável), a enorme quantidade faz com que o impacto ambiental total do setor ou de um
material específico seja muito importante. Por exemplo, a extração, produção, montagem,
manutenção e descarte desses materiais geram uma massa de resíduos muito grande.
Como conseqüência, um dos desafios da construção é diminuir a intensidade de
uso de materiais pela construção. Em outras palavras, é preciso construir mais utilizando
menos materiais, ou “desmaterializar” a construção. A seleção correta do material mais
adequado para cada solicitação (mecânica, ambiental, necessidade do usuário) é uma
forma eficiente de reduzir o consumo de materiais.

4.3 Análise do ciclo de vida dos materiais de construção


A Análise do Ciclo de Vida (ACV) ou Life Cycle Analysis ou Life Cycle Assessment
(LCA) é a ferramenta utilizada para analisar-se o impacto ambiental de produto e a
tomada de decisões baseada na eco-eficiencia. Essa ferramenta integra o conjunto de
normas ISO 14000 – normas entre 14040 a 14049. A análise do ciclo de vida possui
muitas deficiências, mas é certamente a ferramenta adequada para a análise dos
impactos ambientais associados a qualquer produto, inclusive materiais de construção
civil.
O ciclo de vida de um material de construção ou de qualquer produto inclui a
extração das matérias-primas, processamento industrial, atividades de transporte,
montagem, uso, limpeza e manutenção, até que sua vida útil chegue ao fim e o produto
seja retirado de serviço (
Figura 2). Os resíduos gerados em cada fase do ciclo de vida, incluindo a demolição,
podem tanto ser depositados ilegalmente, encaminhados para aterros ou para a
reciclagem, onde serão utilizados como matéria-prima do mesmo ou outro processo.
Outra opção é a reutilização do material tal como removido na montagem de outro
edifício, sem que ocorra qualquer transformação ambiental importante.

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Outros industrias

Materia prima Aterro


reciclada

Extração de
Processamento Uso, limpeza,
Matérias primas montagem demolição
industrial manutenção
natural

Figura 2 – Ciclo de vida simplificado de materiais de construção. Os fluxos de resíduos estão em


linhas pontilhadas.

A etapa de uso e manutenção compreende toda a vida útil do produto. No caso dos
materiais de construção, ela é muito mais longa que as etapas de produção. Os impactos
ambientais associados vão depender de fatores como hábitos ou atividades
desenvolvidas pelos usuários, condições ambientais, detalhes de projeto, entre outros
fatores. A vida útil influencia a eco-eficiência de um determinado produto: quanto maior a
vida útil, maiores os benefícios obtidos pela sociedade para um determinado impacto
associado à produção, demolição e disposição dos resíduos. A vida útil é afetada por
decisões simples de projeto, e é possível aumentar-se a vida útil significativamente sem
que seja necessário aumentarem-se os impactos ambientais de um determinado produto
(John, Sjöström e Agopyan, 2002).
Cada uma dessas etapas do ciclo de vida causa impactos ambientais positivos ou
negativos. Alguns exemplos de impactos negativos: a fase de transporte usa recursos
naturais não renováveis (derivados de petróleo) e emite poluentes (CO 2, SOx, partículas
respiráveis, etc..); o processamento industrial requer energia e água, emite poluentes para
o ar e para a água, gera resíduos, etc Alguns exemplos de impactos positivos: durante
seu uso um determinado produto pode fixar poluentes (como o CO 2 atmosférico fixado
pelo concreto ao se carbonatar); caso possa ser reciclado ao final de sua vida útil, o
produto ajudará a preservar recursos naturais. A criação da infra-estrutura e produção de
outros insumos, como energia e água necessárias à produção do material, também geram
impactos. Portanto, a análise do desempenho ambiental ou eco-eficiência de um material
deve incluir um balanço de todos os efeitos observados em todas as etapas do seu ciclo
de vida, incluindo os associados à produção de insumos e à infra-estrutura necessária.
Este é conceito é o fundamento da análise do ciclo de vida, ferramenta que faz
parte do sistema de gestão ambiental da série ISO 14.000. A análise do ciclo de vida é
uma metodologia que busca quantificar os impactos ambientais relevantes de um
determinado produto ao longo de todo o seu ciclo de vida, do berço ao túmulo. A sua
base é o inventário de todas as trocas de massa e energia associadas a cada etapa do
ciclo de vida do produto.
Dessa forma, a análise do ciclo de vida é, atualmente, a única ferramenta que
permite a tomada de decisões com base em um entendimento sistêmico da questão
ambiental. Muitas definições de materiais eco-eficientes são baseadas somente em um ou
dois aspectos, por exemplo, feitos de material reciclado, não uso de pigmentos de metais
pesados, etc.
Uma das práticas mais comuns de classificação de material, particularmente entre
arquitetos, é o da energia incorporada, definida como a energia total necessária para
produzir-se determinado material. Trata-se de uma abordagem insuficiente, pois o
importante não é a quantidade de energia, mas, sim, os impactos ambientais que foram
produzidos em conseqüência da geração da energia. Em outras palavras, diferentes
fontes de energia têm diferentes impactos ambientais. Fontes de energia renovável, como
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a eólica e a hidroelétrica, têm menores impactos no consumo de materiais não renováveis


e na geração de poluentes, inclusive os do efeito estufa.
O uso dessa ferramenta para melhorias ambientais de processos de produção,
seleção de materiais, estabelecimento de políticas publicas, etc. está consolidado nos
países desenvolvidos. Existem muitas bases de dados comerciais em diferentes países
do mundo, como o software denominado SIMAPRO. No entanto, uma aplicação
interessante é o software gratuito1 BEES (Building for Environmental and Economic
Sustainability), desenvolvido pelo centro de pesquisa norte-americano National Institute of
Standards and Technology. Esse software contém uma base de dados do impacto de um
conjunto de materiais de construção do mercado norte-americano (Lipiatti, 2007). Embora
os conceitos sejam válidos, os dados numéricos não se aplicam ao mercado brasileiro.
Tanto o conhecimento dessa ferramenta, quanto o seu uso ainda são pequenos no Brasil.
Por essa razão, suas principais etapas estão a seguir apresentadas.

4.3.1 Etapas da análise do ciclo de vida

A definição dos objetivos e da abrangência do trabalho: por que o trabalho está


sendo realizado e a profundidade e extensão do trabalho. A parte central é o inventário,
que identifica e quantifica os fluxos de insumos e emissões de cada etapa do ciclo de vida
do produto. Essa etapa gera uma base de dados contendo tudo o que foi consumido pelo
produto, bem como as emissões para ar, terra e água. O inventário, isoladamente, tem
pouca utilidade prática para tomada de decisão. A seguir, os resultados do inventário são
transformados em impactos ambientais, ou seja, nos efeitos que o ciclo de vida do
produto causa no meio ambiente. Finalmente, para cada situação específica, esses dados
necessitam ser interpretados, visando à tomada de decisão.

4.3.1.1 Objetivo e abrangência2

A análise do ciclo de vida pode ter diferentes objetivos. Por exemplo, reunir dados
para selecionar a solução construtiva com menor impacto ambiental em determinada
obra; comparar duas opções de processos de produção para um determinado material,
etc. Para cada objetivo, podem ser adotadas estratégias e simplificações no processo.
Fabricantes de materiais não controlam as distâncias e os meios de transporte,
nem as condições de uso de seus produtos. Freqüentemente, fornecem análises do berço
até a porta da fábrica – cradle-to-gate. Os consumidores, portanto, deverão complementar
o estudo para o restante do ciclo de vida, para que seja possível tomar uma decisão
adequada. Esse tipo de análise, freqüentemente, fornece base para as “declarações
ambientais de produto” normalizadas pela ISO 14025 (2006). Esses documentos, cuja
adoção cresce principalmente em países europeus, informam aos consumidores os
impactos ambientais da fabricação e, eventualmente, os esperados na fase de uso,
permitindo escolhas de produtos com base em critérios ambientais. A generalização
dessa prática facilitará decisões baseadas em análises do ciclo de vida cada vez mais
completas.
Em qualquer processo de produção e consumo, as quantidades de substâncias3
consumidas e emitidas – consumo de matérias-primas e emissões variam ao longo do
tempo. Os impactos da fase de uso dependem da vida útil do produto, cuja estimativa não
é simples (John e Sato, 2006). É recomendável estabelecer-se um período de tempo para

1 Disponível no site http://www.bfrl.nist.gov.


2
Muitos textos em português, como o de Carvalho (2002), utilizam o termo “escopo”, traduzido literalmente
do inglês scope, cuja melhor tradução para o português é abrangência.
3
Na maioria dos textos em português, utiliza-se o termo “aspecto” para se referir às substâncias cujo fluxo é
medido, uma vez que o termo adotado em inglês é aspect, que é melhor traduzido por substância.
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a coleta dos materiais. A realização da análise do ciclo de vida pode ter diferentes
objetivos, como produzir um inventário representativo de um país ou região (onde será
fundamental discutir critérios de amostragem ) de uma empresa ou de uma fábrica
específica.
A seguir, o fundamental dessa fase é a determinação da abrangência ou alcance
do estudo, em termos de limites de medida (fronteiras) e quais fluxos serão incluídos. A
maioria dos processos industriais, envolve fluxos de um grande número de substâncias.
Por exemplo, uma simples emissão de compostos químicos durante a queima de madeira
revela uma mistura de vapor, partículas, monóxido de carbono e quase 50 espécies
químicas, inclusive mutagênicas (Environment Australia, 2002). É, portanto, necessário
priorizar-se quais as espécies químicas de interesse.
A próxima decisão é estabelecer as fronteiras do estudo. Elas são necessárias por
motivos práticos, uma vez que a cadeia de aspectos ambientais associados a um
determinado produto é quase infinita. Explica-se: uma argamassa colante utiliza na sua
formulação 0,5% de MHEC4, produto de outra cadeia industrial. A inclusão de todos os
aspectos ambientais ligados à fabricação desse componente aumenta significativamente
a quantidade de informações; caso o fornecedor não disponha delas, o estudo pode até
ser inviabilizado. Na verdade, toda a cadeia de produção é infinita; a produção do metil-
etil celulose exigiu a construção de um edifício e de equipamentos, que, por sua vez,
foram gerados em outras plantas industriais, e assim por diante. Dessa forma, é
necessário limitar-se o estudo, priorizando os aspectos mais relevantes para o objetivo
em questão, sob pena de tornar-se o processo inviável.
A definição das fronteiras do sistema é, obviamente, um fator crítico, pois afeta os
resultados, uma vez que implica em ignorar (truncar) etapas que de fato consumiram
recursos e emitiram poluentes. Em alguns casos, tem-se demonstrado que tais erros são
de até 50% (Suh, Huppes, 2005) e que métodos baseados em informações de fluxos
econômicos entre setores podem evitar esses erros.
A prática mais comum utiliza critérios como participação do insumo na massa ou
energia total consumida pelo produto ou, ainda, no custo de produção. Lipiatt (2007)
propõe que somente sejam eliminados aqueles produtos que tenham simultaneamente
pequena contribuição em massa e em consumo de energia e não possuam grande
participação em custo. A definição de fronteiras potencialmente altera os resultados de
uma análise do ciclo de vida e precisa ser considerada quando da interpretação dos
resultados de uma análise do ciclo de vida.
É necessário, também, definir-se qual a unidade em que os impactos serão
medidos. Via de regra, é necessário buscar uma unidade funcional que permita comparar
alternativas com diferentes composições para oferecer a mesma função. Por exemplo,
janela de 100 x 100 cm, 1m² de piso, etc. Somente para matérias-primas, como o
cimento, justifica-se a adoção de unidades de massa e volume.

4.3.1.2 Inventário

O inventário tem por objetivo quantificar todos os fluxos, dentro da abrangência


previamente definida, para cada unidade de processo (Figura 3). O produto do inventário
é uma base de dados, chamada de Inventário do Ciclo de Vida (ICV) ou Life Cycle
Inventory (LCI).
Por razões práticas, esses fluxos são classificados em categorias que facilitam a
análise dos dados. As fontes dos inventários podem ser várias. No caso de análise de
uma unidade fabril, os dados são tipicamente medidos (por exemplo, emissões de gases
na chaminé do forno) e, a seguir, convertidos para a mesma unidade funcional. O

4Metil-hidroxi-etil-celulose
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inventário dos fluxos associados às matérias-primas e à energia utilizada no processo


pode ser obtido diretamente dos fornecedores que tenham, eventualmente, realizado uma
análise do ciclo de vida e emitido uma declaração ambiental dos produtos, ou a partir de
dados médios dos setores industriais em estatísticas de emissão de poluentes disponíveis
em órgãos ambientais.
Lipiatti (2007) utilizou questionários enviados a fabricantes, que foram validados e
complementados com os fluxos associados aos fornecedores dos fabricantes. A validação
e consistência de dados é sempre uma necessidade. Um dos aspectos mais difíceis é a
alocação de impactos no caso de processos que geram mais de um produto. Este é o
caso, por exemplo, do processamento de petróleo, que gera produtos do asfalto, diesel,
gasolina, matéria-prima para a indústria petroquímica, etc.

Matérias-prima

Ar
Energia
Processo Solo
Água
Água
Gases Outros

Produtos

Figura 3 – Categorias de fluxos de materiais de um inventário típico (Lipiatti, 2007).

4.3.1.3 Avaliação dos impactos ambientais

A base de dados do Inventário do Ciclo de Vida quantifica os fluxos de diferentes


substâncias medidos durante o inventário. A massa de dados costuma ser extensa, não
sendo prática para análise. Para facilitar a tomada de decisão com base nessas
informações, é necessário associarem-se esses fluxos aos impactos ambientais
decorrentes do produto (Carvalho, 2002).
Qualquer produto causa impactos ambientais relacionados à ecologia, à saúde
humana, ao uso de recursos naturais e até em aspectos culturais da sociedade (Carvalho,
2002). A decisão sobre quais impactos devem ser analisados depende da abrangência e
da agenda ambiental de cada região ou mesmo de cada setor industrial. Existem muitas
formas de se analisarem os impactos, seja em nível global (como o aquecimento global e
a degradação da camada de ozônio), regional ou local. Dentre as mais comuns, podem
ser destacadas as que seguem:
Potencial de aquecimento global;
degradação da camada de ozônio;
acidificação;
consumo de combustíveis fósseis;
toxicidade ecológica;
eutrofização (poluição de corpos-de-água por excesso de nutrientes);

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degradação de ambientes e paisagem;


poluição do ar;
impacto na saúde humana;
smog ou névoa seca;
consumo de água.
A maioria desses impactos é facilmente compreendida. A eutrofização é a poluição
de corpos-de-água por excesso de nutrientes O smog ou névoa seca é uma poluição
tipicamente urbana, produto da reação de compostos orgânicos voláteis com NO x que
ocorre em presença de radiação solar. A névoa seca contém produtos nocivos à saúde,
inclusive o ozônio. Discussão concisa sobre os diferentes impactos pode ser encontrada
em Joillet et al. (2004).
Outras categorias podem ser propostas, como geração de resíduos, impacto na
qualidade do ar interno dos edifícios (Lipiatti, 2007), ruído, etc. Para uma discussão
sistemática sobre categorias de impacto, ver Bare e Gloria (2005) e Joillet et al. (2004).
Uma mesma espécie química pode apresentar mais de um impacto. Por exemplo,
o dióxido de enxofre pode provocar chuva ácida, que, por sua vez, acidifica os rios e
provoca mortandade de peixes. Pode também causar degradação de patrimônios
históricos. Mais de um aspecto ou fluxo contribui para um determinado impacto. A
acidificação dos rios, por exemplo, é produto não apenas do dióxido de enxofre, mas
também de todos os ácidos, como o clorídrico e o nítrico.
Muitas substâncias têm potencial de impacto diferente. Elas também permanecem
ativas no ambiente por diferentes períodos de tempo. O Quadro 2 apresenta a
ponderação de impactos esperados para diferentes gases que contribuem para o efeito
estufa para um horizonte de 100 anos, usualmente utilizados para a análise do ciclo de
vida (Lippiatt, 2007). Como pode ser observado, para um horizonte de 100 anos, um
grama de metano tem o mesmo impacto de aquecimento global do que 21 g de CO 2,
apesar de apresentar vida útil significativamente menor que o dióxido de carbono. Esses
pesos relativos permitem calcular o impacto ambiental ponderado, expresso em uma
unidade selecionada, no caso, g CO2 equivalente.

Quadro 2 – Exemplos de equivalências entre diferentes gases que contribuem para o


Aquecimento Global, considerando um horizonte de 100 anos (dados do IPCC publicados pela
EPA, 2002).

g CO2 equivalente para diferentes horizontes de


Vida útil
Gás tempo
(anos)
100 anos 20 anos 500 anos
Dióxido de Carbono (CO2) 50 - 200 1 1 1
Metano (CH4) 12 3 21 56 6,5
Óxido Nitrico (N2O) 120 310 280 170
HFC-23 264 11.700 9.100 9.800
HFC-152 1,5 140 460 42
HFC-236f 209 6.300 5.100 4.700
CF4 50.000 6.500 4.400 10.000
C2F6 10.000 9.200 6.200 14.000
C6 F14 3.200 7.400 5.000 10.700
SF6 3.200 23.900 16.300 34.900

Existem critérios semelhantes aos apresentados para o CO2 para diferentes


impactos (Lipiatti, 2007), como acidificação, poluição por nutrientes, etc. Para cada
impacto, é definida uma unidade equivalente. O potencial de acidificação é calculado em
g de hidrogênio equivalente, eutrofização expressa em g de Nitrogênio equivalentes, por
exemplo.
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É usual que os resultados dos impactos sejam normalizados a seguir, de forma a


expressar o impacto relativo em relação a alguma unidade de referência, de forma a
facilitar a percepção das conseqüências. Um critério bastante comum é expressarem-se
os impactos como sendo uma fração (ou porcentagem) do impacto causado por um país
ou região em um determinado período de tempo. Essa forma de análise mostra
claramente a contribuição do produto em análise para o impacto da sociedade.

4.3.1.4 Interpretação

A interpretação de uma análise do ciclo de vida não é tarefa direta. Quando se


comparam produtos, por exemplo, uma das alternativas pode apresentar menor impacto
para o aquecimento global, enquanto outra gera menor quantidade de resíduos e, logo,
menor contribuição para a destruição da camada de ozônio.
Assim, a decisão somente pode ser tomada se forem atribuídas importâncias
relativas entre os diferentes impactos, permitindo, dessa forma, calcular-se o impacto total
ponderado para cada produto. Essa ponderação é produto das prioridades ou da agenda
de desenvolvimento sustentável de uma determinada região, país, indústria ou até
empresa (Quadro 3).

Quadro 3 – Importâncias relativas de diferentes impactos produzidas por diferentes instituições


norte-americanas (Lipiatti, 2007). Embora a importância relativa dependa de decisões políticas e
das prioridades ambientais de diferentes grupos, é comum que o aquecimento global apareça
como o mais importante impacto.

Impacto EPA5 BEES


Aquecimento global 16 29
Acidificação 5 3
Eutrofização 5 6
Consumo de combustíveis fósseis 5 10
Qualidade do ar interno 11 3
Alteração de habitat 16 6
Consumo de água 3 8
Poluição do ar 6 9
Smog 6 4
Toxicidade ecológica 11 7
Destruição da camada de ozônio 5 3
Saúde humana 11 8

Assim, embora seja uma ferramenta para quantificar os impactos ambientais de


forma objetiva, a análise do ciclo de vida exige do usuário uma decisão sobre quais são
as prioridades ambientais.

4.3.2 Vida útil e análise do ciclo de vida

A seleção de materiais com base em análise do ciclo de vida depende da


estimativa da vida útil dos materiais, porque produtos diferentes apresentam vidas úteis
diferentes, que fazem com que o número de substituições realizadas durante a vida útil
de projeto da obra em questão possa ser diferente para cada produto (Lipiatti, 2007). Por
exemplo, busca-se selecionar a melhor alternativa ambiental para janelas de um edifício

5Environmental Protection Agency, a agencia norte-americana encarregada de controle ambiental.


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com vida útil de projeto de 50 anos. A alternativa A, em janelas de madeira, possui vida
útil, na situação do projeto, estimada em 20 anos, e a alternativa B, em PVC, de 30 anos.
Caso a opção seja pela janela A, serão necessárias três substituições, enquanto a janela
B exigirá somente duas6. Dessa maneira, justifica-se a seleção da alternativa produto de
maior impacto ambiental caso a vida útil estimada na situação específica do projeto em
análise for suficientemente superior para compensar.
Vidas úteis longas, na prática, diluem os impactos ambientais da produção (John,
Sjöström, Agopyan, 2002). Porém, a vida útil não é uma propriedade do material: depende
da interação deste com o meio ambiente em nível de micro e macroclimas, de detalhes de
projeto e de atividades de manutenção. Em conseqüência, existe a necessidade de
realizar uma estimativa da vida útil nas condições de uso. A previsão da vida útil é tarefa
complexa, e o grau de conhecimento acumulado é, para a maioria dos materiais,
pequeno. John e Sato (2006) apresentam a metodologia para previsão da vida útil de
componentes de edifícios.

4.4 Materiais de construção e a mudança climática


O aquecimento do planeta é talvez o mais importante problema da agenda
ambiental atual. O problema é simples de entender. A temperatura média do planeta é
produto do balanço energético: a energia recebida do sol aquece; aquecida, a Terra se
resfria emitindo radiação para espaço. O crescimento do teor de alguns gases da
atmosfera, principalmente o CO2, o metano (CH4), o NO2 e outros, vêm provocando a
diminuição progressiva da quantidade de energia emitida para o espaço.
Como pode ser visto na Figura 4, nos cerca de 8000 AC que precederam a
revolução industrial, a concentração de CO2 permaneceu estável 250 ppm e 280 ppm. No
entanto, desde do ano 1750, quando iniciou a revolução industrial, esse teor subiu
de 280 ppm para 375 ppm, valor recorde nos últimos 400 mil anos. Portanto, não existe
dúvida de que o ser humano tem contribuído para esse fenômeno. A emissão desses
gases pela atividade humana está se acelerando: aumentou em 70% entre 1970 e 2004.

6
Nesse caso, deveriam também ser consideradas diferenças de necessidade de manutenção, pois as
janelas de madeira exigem repinturas periódicas, dispensadas nas janelas de PVC.
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Figura 4 –Evolução da concentração de CO2 na atmosfera (IPCC, 2007).

O aquecimento global tem conseqüências práticas muito além da elevação do


oceano pelo degelo dos pólos. Eventos climáticos extremos, como ciclones, chuvas
torrenciais, enchentes, ondas de calor vão ficar mais freqüentes; secas, inundações
passarão a atingir regiões pouco suscetíveis no passado. Algumas regiões ficarão mais
secas, em outras choverá mais.
Os materiais de construção são importantes contribuintes para a mudança
climática, principalmente porque combustíveis fósseis são consumidos na produção e no
transporte desses materiais, e muitos deles utilizam o calcário como matéria-prima.
Materiais como cerâmicas, cimento, aço, alumínio, zinco, gesso, cobre são produzidos por
calcinação. O aquecimento é, na maioria das vezes, conseguido pela queima de
derivados de petróleo, gás ou carvão, combustíveis que são obtidos extraindo carbono
estocado na crosta terrestre.
O tipo de combustível influencia na quantidade de CO2 emitido por unidade de
energia (Figura 5). No caso de energia derivada de fontes renováveis, como cinza de
casca de arroz, bagaço de cana e madeira, o impacto pode ser muito reduzido, uma vez
que o CO2 liberado foi previamente retirado da atmosfera pelo crescimento da biomassa.
No entanto, quando a energia é produzida pela queima de madeira extraída ilegalmente
ou que não é replantada em esquema de manejo sustentável, além de a emissão de CO2
não ser compensada pela reposição da floresta, ocorre a destruição de biomas.

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Figura 5 – Quantidade de CO2 liberada para produzir um GJ de energia para diferentes


combustíveis (Sathaye et al., 2001). O bagaço de cana, material residual renovável, é considerado
neutro em relação à emissão de CO2.

A quantidade de energia necessária para a calcinação do material depende muito


de detalhes que controlam a eficiência energética do processo, como na calcinação do
cimento (Figura 6). Este não é um privilégio da indústria cimenteira, mas um problema
generalizado: variações ainda mais acentuadas ocorrem na produção nacional de gesso
(Peres et al., 2001) da cerâmica vermelha (Manfredini, Sattler, 2004) de outros materiais
(Sperb, 2000). Mesmo em uma dada categoria de forno, ocorrem variações significativas
devido a diferenças na eficiência energética dos processos.

Figura 6 – Influência do processo no consumo de energia para calcinação do cimento (dados


internacionais típicos, a partir de Sathaye et al., 2001).

Além da contribuição para o aquecimento global, os processos de calcinação


possuem outros impactos ambientais importantes e que dependem dos combustíveis e de
processos, como chuvas ácidas, emissão de dioxinas, etc.
O calcário é importante matéria-prima para a produção de vários materiais de
construção, em especial na produção do cimento, da cal hidratada e do aço. Cada
tonelada de calcário calcinado libera 440 kg de CO2 para a atmosfera, de acordo com a
Equação 1:

CaCO3 + E  CaO + CO2. Equação 1


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Para a produção de uma tonelada de clínquer é necessária mais de uma tonelada


de calcário. Aos mais de 500 kg de CO2 emitidos pela calcinação do calcário deve ser
somado o CO2 emitido pela queima de combustíveis fósseis. Conseqüentemente, mantido
o processo constante, a emissão de CO2 por tonelada de cimento é reduzida
proporcionalmente à substituição do clínquer por outras materiais-primas (Figura 7),
como adições minerais ativas.

Figura 7 – Efeito da substituição do clínquer por escória e cinzas volantes na emissão de CO 2 de


cimentos, estimado por análise do ciclo de vida. Foram admitidos teores máximos de substituição
permitidos na normalização nacional produzidos por uma fábrica hipotética utilizando pet-coke7
como combustível (Carvalho, 2001).

Como conseqüência, a indústria cimenteira brasileira é responsável por mais de


10% do CO2 emitido no Brasil (John, 2002). A estimativa do impacto ambiental de
materiais como cerâmica e gesso é mais difícil devido à carência de dados estatísticos
confiáveis. A estimativa do impacto ambiental de materiais como aço, alumínio e plásticos
é dificultada porque suas indústrias fornecem para outras cadeias produtivas, e sendo
difícil identificar o impacto da parcela consumida pela construção civil.
Além do cimento, materiais como cerâmica, aço e alumínio são responsáveis por
importantes emissões de CO2. As emissões do aço variam entre 200 e 2200 kg CO2/t,
dependendo da matéria-prima e fonte energética do processo (Sandberg et al., 2001). Os
valores mais baixos correspondem a aço reciclado processado com energia renovável.
Assim, em materiais como o aço, cimento e alumínio, o uso de matéria-prima reciclada é
uma fonte eficaz para a redução do impacto ambiental.

4.5 Compostos orgânicos voláteis


Compostos orgânicos voláteis são aqueles que possuem ponto de início de
ebulição abaixo de 250ºC (a 101,3kPa) e, portanto, evaporam dos materiais à
temperatura ambiente. O teor de voláteis é normalmente expresso em g/L para líquidos.
Outra medida possível é a taxa de emissão expressa em (g/m².h).

7Pet-coke é um co-produto da refinação catalítica do petróleo (Noldin Jr. Et al. 2005)


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Esses compostos, além de colaborarem para a formação de smog e o aquecimento


global, quando emitidos no interior dos edifícios, particularmente os com baixa ventilação,
podem causar problemas de saúde dos usuários, colaborando para a síndrome dos
edifícios doentes.
Além de tintas, os voláteis podem ser encontrados em adesivos, carpetes,
revestimentos de pisos poliméricos, chapas de madeira, incluindo os pisos de madeira,
etc. (Kim e Kim, 2005). O Quadro 4 apresenta exemplos da taxa de emissão de
compostos voláteis para diferentes materiais. Observa-se que as emissões não vêm
apenas de materiais de construção, mas também de outros componentes dos edifícios.
Também é possível observar-se que a taxa de emissão diminui rapidamente com o
envelhecimento do produto.

Quadro 4 – Exemplo de taxas de emissão total de voláteis (TVOC) em vários produtos a


diferentes idades (Hanson, 2003).

Produto TVOC [μg/m2·h] Idade do produto


Carpete 83 Novo
Carpete grosso 3360 Novo
Piso vinilico 7034 1-3 anos, edifício com problemas
Piso vinilico 2192 0,5 ano, rolo sem uso
Piso vinilico 1629 1 ano, rolo sem uso
Piso de linóleo 220 Novo
Piso de linóleo 22 Novo
Pinho natural 216 Novo
Cola a base de água para piso 271000 Úmida
Selante de silicone 13000 Media de 0 a 10h
Selante de silicone <2000 Media de 0 a 100h
Tinta látex acrílica 430 -
Tinta látex 249 7 dias
Tingimento de madeira 10000 média 0-10 h após aplicação
Tingimento de madeira <100 Media de 0 a 100h
Cera de piso 80000 Media de 0 a 10h
Cera de piso <5000 Media de 0 a 10h
Placa de gesso acartonado 12mm 26 Nova
Madeira aglomerada 2000 Nova
Madeira aglomerada 200 2 anos de idade
Pesticida 14000000 -
Roupa lavada a seco 100 Media de 0-1 dia após lavagem
Roupa lavada a seco 50 Média de 1-2 dias depois da lavagem
Cadeira de escritório 1060 1h
Cadeira de escritório 100 981 h

Como o resultado dessas emissões, a concentração de poluentes dentro dos


edifícios tende a ser sempre maior que o poluente externo.
Estudo realizado por Uemoto e Agopyan (2007) em tintas imobiliárias brasileiras
detectou presença de compostos orgânicos voláteis mesmo em tintas à base de água.
Foram encontradas substâncias como solventes clorados, compostos aromáticos,
formaldeído, etc. No entanto, as tintas à base de água apresentaram emissões de voláteis
totais inferiores a 20g/L, limite máximo especificado pela Comunidade Européia para
esses produtos somente a partir do ano 2010 (Quadro 5). A limitação da emissão de
voláteis totais é uma simplificação, pois diferentes voláteis possuem diferentes
toxicidades.

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Quadro 5 – Limites de emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC) para diferentes tintas
estabelecido pela Comunidade Européia (European Union, 2004; Uemoto e Agopyan, 2007).
Determinação de acordo com a ISO 11890 (2002).

Limites Máximos (g/L)


Produtos Tipo
Até 01/01/2007 Até 01/01/2010
Base água 75 30
Interior/fosco (brilho<25@60°)
Base solvente 400 30
Base água 150 100
Interior/brilhante (Brilho<25@60°)
Base solvente 400 100
Base água 75 40
Exterior (substrato mineral)
Base solvente 450 430
Interior e exterior (madeira e Base água 150 130
metal) Base solvente 400 300
Interior e exterior (vernizes e Base água 150 130
stains) Base solvente 500 400
Base água 50 30
Fundo anticorrosivo Primers
Base solvente 450 350
Base água 50 30
Fundo preparador
Base solvente 750 750
Revestimento de alto desempenho Base água 140 140
monocomponente Base solvente 600 500
Revestimento de alto desempenho Base água 140 140
bicomponente Base solvente 550 500
Base água 150 100
Revestimento multicolorido
Base solvente 400 100
Revestimento com efeito Base água 300 200
decorativo Base solvente 500 200

Salthammer (2004) apresenta uma excelente visão geral sobre o problema de


compostos orgânicos voláteis. A série de normas européias EN 13419 (CEN, 2002)
estabelece procedimentos para determinação de compostos orgânicos voláteis em
materiais de construção, exceto painéis de madeira. Chang (2001) é boa referência de
consulta para medidas de emissões de tintas e pinturas, que também podem ser medidas
com as norma da série ISO 11890 ((ISO, 2006). A série de normas NBR 15316 (ABNT,
2006) que especifica chapas de fibras de madeira de média densidade (MDF), é a
pioneira ao tratar de emissões de voláteis em materiais de construção brasileiros. É
provável que em curto espaço de tempo seja desenvolvida normalização nacional para
tintas e adesivos.

Os efeitos que a emissão de voláteis tem na mudança climática e smog podem ser
analisados por similaridade com os resultados de análise do ciclo de vida. Já os impactos
dos voláteis na qualidade do ambiente interno são ligados ao risco que elas oferecem à
saúde dos usuários. Esse risco depende, dentre outros fatores, do tempo de exposição e
da concentração no ambiente (C), que pode ser estimada pela Equação 2:
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(µg/m³) Equação 2

onde:
Ea – a taxa de emissão do volátil (µg/m².h);
A – área superficial (m²);
n – quantidade de trocas de ar por hora (h-1);
V – volume do ambiente.

O risco do usuário, portanto, depende não da concentração total do volátil no


material, mas da taxa de emissão para o meio ambiente, medida que é significativamente
mais complexa, pois varia no tempo.
Além disso, outros fatores ambientais influenciam na emissão e concentração de
voláteis no ambiente, como a temperatura (Kim e Kim, 2005), a taxa de eliminação do
poluente (reação, adsorção, filtração pelos materiais em contato) e a concentração
externa (Hanson, 2003).
A influência da taxa de ventilação (número de trocas de ar por hora) mostra que
para ambientes altamente ventilados, como os ambientes não condicionados
artificialmente, o problema perde relevância. Observa-se tendência de crescimento do uso
de ar-condicionados no Brasil, em especial os equipamentos split, onde não existe
qualquer troca de ar com o ambiente, de forma que a importância desse fator deverá
aumentar.
Na Europa, existem vários sistemas de certificação de materiais em termos de sua
emissão de compostos orgânicos voláteis (Kephalopoulos, 2005). Esse requisito também
é parte integrante de todo o sistema de avaliação ambiental de edifícios.

4.6 Contaminação do ambiente por lixiviação


A água, em contato com os materiais, pode lixiviar compostos tóxicos, contaminado
o solo e o lençol freático. Esse fato também ocorre com produtos naturais, como as
rochas. A abordagem de estudo de lixiviação de espécies químicas muito provavelmente
se iniciou pela análise do risco de contaminação de aterros de resíduos industriais e,
posteriormente, foi ampliado para análise dos riscos ambientais associados ao uso de
resíduos como matérias-primas. Trata-se de tema de conhecimento ainda incipiente,
embora venha ganhando importância e está em rápido desenvolvimento.
Sabe-se, atualmente, que a lixiviação de espécies perigosas não é exclusividade
de materiais produzidos com resíduos. Materiais que contenham biocidas potenciais
também são problemas. Torgero (2004) demonstrou que o chumbo e o biocida
carbendazina são lixiviados pela chuva (Figura 8). A autora também analisou a lixiviação
de metais pesados de concretos contendo aditivos e adições e concluiu que os aditivos
orgânicos podem ser rapidamente lixiviados e que o uso de escórias de alto-forno, por
exemplo, pode reduzir as quantidades lixiviadas para o ambiente. A investigação
combinou dados de experimentos de campo com ensaios de laboratório e dados
estatísticos, o que permitiu estimar-se a massa de contaminantes lixiviados anualmente
em toda a Suécia e Inglaterra.

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Lixiviação (mg/m)²

Lixiviação (mg/m)²
Precipitação acumulada (mm) Precipitação acumulada (mm)

Figura 8 – Lixiviação acumulada de chumbo (esquerda) e carbendazina (direita) de pinturas


expostas às intempéries durante 33 dias. Valores expressos em mg/m² de superfície de painel
(Torgero, 2004).

Madeiras tratadas com biocida CCA (Arseniato de Cobre Cromatado) liberam por
lixiviação as espécies químicas perigosas que compõe o produto (Figura 9) utilizados no
tratamento realizado para protege-la da biodeterioração. A água lixiviada madeira tratada
com creosoto, hidrocarbonetos poliaromáticos e compostos heterocícliclos contendo
nitrogênio (Becker et al. 2002).
Lixiviação (µg/cm²)

1 Setembro

Precipitação acumulada (mm)

Figura 9 – Quantidade acumulada de lixiviação de arsênico (As), cobre (Cu) e cromo (Cr) de
madeira (Jack pine) tratada com 1% CCA exposta a intempéries em Ontário Canadá (Taylor e
Cooper, 2005)

A Holanda é pioneira nesse tipo de abordagem e estruturou uma legislação


específica que se aplica a todos os materiais pétreos a serem usados externamente: o
Building Materials Decree (Commissioned by the Soil Directorate, 1999). Esse decreto
tem por objetivo preservar o solo e a água superficial de contaminação e se aplica tanto a
materiais que contêm resíduos como àqueles produzidos com matérias-primas virgens.
A imissão de cada uma das espécies químicas inorgânicas importantes (por
exemplo, os metais As, Ba, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, Mo, Ni, Pb, Sb, Sn, e os ânions, como Br,
Cl, F, SO4, cianetos) é estimada de forma simplificada, a partir de ensaios de lixiviação de
curta duração. A seguir, é analisada a alteração esperada na composição de uma
camada de solo padrão de 1 m de espessura pela lixiviação do produto por um período de

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100 anos, causada para cada espécie lixiviada. A contaminação por espécies químicas
orgânicas é controlada pelo estabelecimento de uma concentração máxima.
Existe uma variedade enorme de testes para analisarem-se fenômenos de
lixiviação, inclusive os testes presentes na normalização brasileira de resíduos. No
entanto, a maioria dos testes oferece resultados comparativos, não permitindo estimarem-
se os impactos ambientais. Por essa razão, a metodologia Holandesa tem ganhado
espaço. Ela trabalha com dois métodos básicos de lixiviação: o método da coluna (NEN
7343, 1995), utilizado para materiais granulares, como agregados e mesmo solos, que
ficam confinados dentro de uma coluna pela qual passa água desmineralizada em
velocidade controlada; e o método de difusão, também conhecido como ensaio do tanque
(NEN 7345 ou NEN 7375, 2004), em que um corpo-de-prova, preferencialmente cubo com
aresta maior que 40 mm, é imerso em água desmineralizada por um período de 64 dias.
Em ambos os casos, a água é coletada periodicamente e submetida a análises químicas,
visando-se medir a concentração de espécies de interesse. Com os resultados
experimentais, é possível produzirem-se parâmetros que caracterizam a lixiviação de
cada espécie química. No ensaio de difusão, aplica-se a lei de Fick, sendo gerado o
coeficiente de difusão de cada espécie química. Uma abordagem simplificada é também
possível analisando o conteúdo total de material lixiviável, através do ensaio de
disponibilidade .
Com os parâmetros aplicados a modelos matemáticos simplificados, é possivel
extrapolar o comportamento no longo prazo. Esses modelos levam em conta a geometria
do material em condições de uso (por exemplo, espessura da camada), diferenças de
temperatura entre o ensaio e o ambiente de uso e também a fração de tempo durante a
qual se espera que o material permaneça molhado, pois a lixiviação materiais expostos
permanentemente à água é mais rapida se expostos esporadicamente. Assim, é possível
projetar-se o uso de maneira a controlar a imissão do meio ambiente, seja mudando a
geometria da construção, seja protegendo a construção da água da chuva. Como todo
modelo, o resultado é uma aproximação. Está também fartamente documentada a
influência do pH na lixiviação de diferentes espécies química (van der Sloot et al., 2001).
Em conseqüência, nos materiais cimentícios, a carbonatação, que altera o pH e até
precipita novas fases, modifica significativamente a cinética de lixiviação (Garrabrants,
Sanchez e Kosson, 2004).
A metodologia holandesa é, no momento, a mais adequada para se analisarem os
riscos de contaminação do ambiente quando se utilizam resíduos como matérias-primas.
Um excelente guia para o método Holandês é Schreurs (2003).

4.7 Outros impactos


Além dos aspectos aqui abordados, muitos outros seriam merecedores de
destaque. Alguns serão comentados a seguir.
A produção e o transporte dos materiais de construção são responsáveis por parte
importante da poluição emitida pela indústria, dada a variedade de produtos empregados
na construção. Mesmo jazidas de extração de argilas e rochas, centrais de produção de
asfalto usinado, centrais de concreto são fontes de poluentes, sejam compostos orgânicos
ou partículas inorgânicas respiráveis. Em muitos setores industriais, existe um grande
número de empresas que trabalham na informalidade, desrespeitando, inclusive, a
legislação ambiental, o que agrava a situação. Esse tipo de informação, por sua
amplitude, somente pode ser tratado de forma sistemática pela ferramenta de análise do
ciclo de vida.
Não se pode deixar de mencionar o impacto da indústria de materiais de
construção no meio ambiente natural: a extração das matérias-primas necessárias à
produção dos materiais de construção necessariamente significa impacto importante.
Livro Materiais de Construção Civil 18
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Mesmo atividades relativamente simples do ponto de vista de engenharia, como a


extração de areia, dada a sua escala e a elevada informalidade do setor, estão
associadas a importantes degradações ambientais. Um caso particular de destaque no
pais é a extração da madeira nativa, realizada predominantemente de maneira ilegal,
provocando desmatamento da Amazônia, corrupção policial e de fiscalização.
O caso da madeira é um aspecto particular de um problema sócio-ambiental da maior
importância no Brasil: a economia informal. Via-de-regra as atividades informais, além
de não recolherem os necessários impostos, são realizadas de maneira descontrolada
gerando produtos de baixa qualidade (desperdício de matéria prima) e maior impacto ao
ambiente.
A geração de resíduos, tanto na fase de produção dos materiais, como na de
construção, manutenção e demolição das construções, é também um problema ambiental
sério. Parte destes resíduos é devida a perdas na construção, em parte associadas aos
problemas de qualidade e modulação dos materiais empregados. Os resíduos da
construção civil causam importantes problemas ambientais, como o assoreamento de
sistemas de drenagem urbana e também importantes problemas sociais, pois apresentam
custo elevado para a sociedade. Recentemente, a resolução n. 307 do CONAMA (2002)
(alterada pela resolução CONAMA Nº 348 de 2004) estabeleceu referências importantes para
a gestão desses resíduos e que já começam a gerar demandas para os fabricantes de
diferentes materiais. Recentemente foi construída normalização importante que permite o
uso da fração mineral (excetuado o gesso) destes resíduos em pavimentos e até
fabricação de produtos de concreto, que ainda não tem escala de produção. Permanecem
sem regulamentação adequada resíduos de construção problemáticos, como o das
madeiras tratadas.

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Livro Materiais de Construção Civil 21

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