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“Vós sereis na minha mão como a argila na

mão do oleiro” (Jr 18,6)


Confesso que quando escolhi esse tema para orientar minha ordenação sacerdotal,
não sabia das implicações práticas acerca do compromisso que isso tinha para a minha
pessoa, a partir daquele dia, padre, e como isso poderia ir se confirmando ao longo de
minha vida como homem de Deus, moldando minha nova identidade e fazendo-me, com
toda certeza, acreditar que não foi por acaso a escolha deste versículo bíblico – aliás, nada
é por acaso em nossa vida, mas ação da providência divina –, assim, acredito firmemente
que a escolha desse versículo foi obra e inspiração do Deus Altíssimo, Aquele que sonda e
perscruta com seu Espírito o interior de cada ser humano.
Hoje, estou certo de que Aquele que me escolheu, pronunciou meu nome, me
chamou e enviou, conhecendo-me profundamente, sabendo o que em mim ainda precisava
ser mudado, inspirou-me para essa rota a fim de que eu pudesse me tornar realmente um
homem de Deus do jeito que o povo espera desse mesmo homem.
Não foi fácil para eu compreender tudo isso. Muitas vezes tive diante de mim a
situação do barro na mão do oleiro – meu pai possuía uma olaria de onde tirávamos nosso
sustento – mas escapava-me o alcance e o significado bíblico-teológico daquela realidade
para mim tão corriqueira na vida do povo e do homem de Deus. Eu era muito garoto para
entender e ainda não compreendia muito bem as Escrituras Sagradas.
Como o barro sofre na mão do oleiro até tornar-se aquela bela peça de cerâmica,
uma verdadeira obra de arte, encantando a todos que passam por ela! É impressionante
como o oleiro bate por várias vezes o barro contra um estrado sólido, uma mesa feita com
madeira ou em concreto, joga-o pra lá e pra cá, amassa-o de muitas maneiras e de diversos
modos até está preparado para ser colocado no torno, onde desenhará, à sua criatividade, a
obra de suas mãos.
Muitas vezes, por causa das ciladas da vida às quais estamos continuamente
expostos, pela vivência e pelo trabalho com o povo de Deus nas várias situações e desafios
que enfrentamos ou em virtude de minha personalidade um tanto intolerante para com
Deus e sua Igreja, esquecendo-me muitas vezes de que sou um ministro de Deus e
deixando-me identificar, de diversos modos, com palavras e atitudes, aos novos padrões
culturais propostos pelo mundo de hoje, que me afastavam do caminho de Deus e da
fidelidade ao ministério assumido, senti-me como um barro na mão do oleiro, exposto às
mais diversas e sérias batidas da vida que me renderam muitas dores e sofrimentos. Por
que quis eu escolher, justamente, esse norte para orientar a minha vida como ministro
presbiteral? Creio que a resposta só posso encontrá-la nos planos de Deus, o oleiro desse
barro que ainda deseja abandona-se muito em suas mãos para torna-se um bela e preciosa
peça de tal modo que o povo de Deus possa se encantar com sua beleza e formosura.
Não guardo comigo nenhum ressentimento de nada e de ninguém. Deus provou-me,
concedeu-me a graça de ser provado, alegro-me por isso. Tenho consciência de que sou e
sempre serei como o barro nas mãos do oleiro. Sou feliz como padre e realizo-me no
exercício desse ministério como pessoa e como homem. Continuo acreditando que como
Maria, irmã de Lázaro, “escolhi a melhor parte e que esta não me será tirada”.

Pe. George Jenner França

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