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Texto: Dias, Maria Odila leite da Silva. “A interiorização da revolução burguesa na Europa.

(Como aconteceu na Europa,


metrópole”, In: A interiorização da metrópole. São Paulo: vira uma matriz interpretativa, sem levar em conta
Alameda, 2005, pp.7-37 especificidades do caso brasileiro).

Texto originalmente publicado em 1972, como capítulo do AUTORA: Defende entender as especificidades do processo
livro 1822- Dimensões, organizado por Carlos Guilherme brasileiro. Independente de modelos – americano,
Mota. [150 anos da Independência] revoluções burguesas na Europa, etc. Condições da
sociedade colonial não eram aptas a fomentar movimentos
Balizas já fundamentadas na historiografia: de liberação de cunho nacionalista no sentido burguês do
XIX.
1) traço da primeira metade do XIX → transição da colônia
para império A insistência em tirar de 1822 sua importância. SBH –
processo foi “guerra civil entre portugueses” desencadeada
2) Fato do processo de Independência não ter coincidido pela Revolução do Porto. Já era fato consumado desde
com o da consolidação da unidade nacional (1840-1850), 1808.
nem ter sido marcada por um movimento propriamente
nacionalista ou revolucionário. O que faz que com a Crítica: preocupação em vincular demais o processo de
tendência seja desvincular o estudo do processo de independência ao cenário internacional, APEGO À IMAGEM:
formação da nacionalidade brasileira no correr das colônia em luta contra metrópole, deixando de lado
primeiras décadas do XIX da imagem tradicional da colônia processo interno de ajustamento às mesmas pressões.
em luta com a metrópole.
TESE: observar processo de enraizamento dos interesses
As diretrizes fundamentais da atual (1972) historiografia da portugueses e sobretudo o processo de interiorização da
emancipação foram lançadas por Caio Prado, na Formação metrópole no centro-sul da colônia. Fato é que a separação
do Brasil Contemporâneo – finalidade mercantil da formal foi provocada por dissidências internas de Portugal,
colonização produziram fragmentação e dispersão do expressas na Revolução do Porto e não afetaria processo
poder. brasileiro já em curso desde 1808.

Caio Prado - resultad: sociedade colonial era incapaz de Vinda da Corte já foi ruptura. Divergências entre
fornecer a base, os fundamentos para constituir-se em portugueses do Reino e os da “Nova Corte”. Não confundir
nacionalidade orgânica. essa luta com uma luta brasileira nativista, contra
metrópole.
Sérgio Buarque de Holanda: continuidade da transição no
plano das instituições e da estrutura social e econômica Tratados de 1810 acirram ânimos – Reino empobrecido se
(“herança colonial”) – compromissos com a estrutura vê muito prejudicado. No momento da crise, Brasil era visto
colonial na formação do império. como possível solução para o Reino de Portugal.

Emília Viotti da Costa: “Introdução ao estudo da Dom João VI pretenderá reformas econômicas
emancipação política”, analisa contradições da política “modernizadoras” (“reformas moderadas de liberalização”)
liberal de D. João VI e a pressão dos comerciantes para restabelecimento da crise, mas setores conservadores
portugueses. Germens da separação no conflito de em Portugal queriam manter antigas estruturas econômicas
interesses entre classes agrárias, nativistas de tendência – medidas protecionistas, mercantilistas.
liberal e comerciantes portugueses (monopólio).
Ou seja: tensões internas e inerentes ao processo de
Constatação: período de amadurecimento do capitalismo modernização de Portugal.
industrial na Inglaterra entre 1815-1846, luta entre
interesses mercantilistas e liberalismo econômico. Tema de TESE CENTRAL: “A história da emancipação política do Brasil
Eric Williams (1946). Foi o pretexto para a fundação de um tem a ver, no que se refere estritamente à separação política
novo império português. Forças externas para da Mãe Pátria, com os conflitos internos e domésticos do
transformação no Brasil do período. reino, provocados pelo impacto da Revolução Francesa,
tendo mesmo ficado associado à luta civil que se trava então
Comerciantes portugueses: ao perceber a perda do papel entre as novas tendências liberais e a resistência de uma
de intermediários do comércio, unem-se às famílias rurais e estrutura arcaica e feudal contra as inovações que a Corte
aos interesses da produção. Rivalidade com Inglaterra por do Rio tentaria impor ao Reino”. (13)
conta das iniciativas de proibição do tráfico.
Feita a independência: políticos sabiam da insegurança das
Crítica à historiografia: “vícios de interpretação” – enfoques tensões internas, sociais, raciais, de fragmentação, dos
europeizantes, distorcem o processo brasileiro ao associa-lo regionalismos e falta de unidade que não dera margem ao
com o liberalismo e o nacionalismo próprios da grande aparecimento de uma consciência nacional capaz de dar
força a um movimento revolucionário.
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Conclusão: ENRAIZAMENTO DE NOVOS CAPITAIS E
CONSCIÊNCIA NACIONAL – viria pela integração das diversas INTERESSES PORTUGUESES, associados às classes
províncias e seria uma imposição da nova Corte no Rio de dominantes nativas e também polarizadas em torno da luta
Janeiro (1840-1850), conseguida a duras penas por meio da pela afirmação de um poder central.
luta pela centralização do poder e da “vontade de ser
brasileiros”. Vontade de se constituir e de sobreviver como Lusofobia: o que corrobora esse argumento é que conflitos
nação civilizada europeia nos trópicos – missão de e pressões sociais e raciais contra português, rico,
reorganizar um novo império português. monopolizador do comércio e de cargos, não seriam
resolvidos nem pela independência, nem pela abdicação,
Em resposta à dispersão e fragmentação do poder, a nova pois não estava ligado só a questão de separação da
Corte oferecia unidade. metrópole. Era um conflito interno, inerente à sociedade
colonial e que mesmo o império não solucionaria.
Argumento: “A vinda da Corte com o enraizamento do
Estado português no Centro Sul daria início à transformação Defende: que a historiografia olhe mais para as
da colônia em metrópole interiorizada. Seria esta a última PECULIARIDADES da sociedade colonial, para compreender
solução aceitável para as classes dominantes em meio à esse processo de interiorização da metrópole, que parece
insegurança que lhes inspiravam as contradições da ser a CHAVE PARA ESTUDO DA FORMAÇÃO DA
sociedade colonial”. 19 NACIONALIDADE BRASILEIRA. Semente da nacionalidade
nada teria de revolucionário.
Argumento: Como metrópole interiorizada, a corte do Rio
de Janeiro lançou os fundamentos do novo império “As tradições da colonização portuguesa e o afã de
português chamando a si o controle e a exploração de integração e conquista dos recursos naturais delineavam a
“outras” colônias do continente, como o Nordeste. (22) imagem do governo central forte, necessário para
neutralizar os conflitos da sociedade e as forças de
Haitianismo: força política catalisadora e tiveram papel desagregação internas”. (37)
decisivo no momento em que regionalismos e diversidades
de interesses poderiam ter dividido as classes dominantes
da colônia. (23)

Medo das classes dominantes com retorno de Dom João,


falta de segurança das classes dominantes em qualquer
ponto da colônia; preocupação com proporção entre
brancos e negros, escravos, pobres, mestiços. Monarquia e
poder real pareciam a alguns âncora de segurança. (26)

Catalizadores: o príncipe regente e a Corte


Massa: atraída pelo príncipe por serem “incapazes de se
afirmarem, sem meios de expressão política, tomados de
descontentamento, presos ao condicionamento paternalista,
revoltam-se contra monopolizadores do comércio. Corte e
poder real fascinavam – “atração messiânica”, esperança do
socorro de um bom pai. Não se atingiam pela “febre do
constitucionalismo”.

Classes dominantes: falta de perspectiva política, desejo de


afirmação diante de facções rivais, atraídos por títulos,
ansiosos por assegurar sua autonomia local sob sanção e
proteção do poder central que viria a afirmar sua posição
em meio à população escrava ou turbulência dos mestiços. E
precisavam dos capitais dos portugueses adventícios.

ARGUMENTO: “mecanismos de defesa e coesão do


elitismo” - Superar suposta dicotomia ou oposição entre
interesses urbanos e rurais. (28-29)

Ponto: a vinda da Corte realça traços já bem aparentes na


segunda metade do XVIII e que tendiam a acentuar o
predomínio do comerciante.

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