Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Trabalhando em dois turnos, é comum poder lançar pelo menos cerca de 30.000
m3 de CCR por mês em estruturas medianas, como exemplo em barragens de 30
a 50 metros de altura. Em barragens maiores, com altura superior a 100 m de
altura e projeto descomplicado, com baixa interferência de elementos embutidos,
as produções podem atingir 115.000 m3 por mês (como em Miel I) ou muito mais.
41
5.1 - PRODUÇÃO DE AGREGADOS
O segundo caso geralmente ocorre quando as obras para desvio do rio demoram
de 6 a 14 meses após a mobilização do canteiro de obras. Nestas condições,
dispõe-se de um certo prazo para produzir e estocar os agregados com meses de
antecedência ao início da barragem, permitindo então mobilizar um sistema de
britagem de menor capacidade e mais econômico.
Equipamentos de Britagem:
Primário:
Britador mandíbulas Faço 120 x 90 1 un
Britador mandíbulas Telsmith 44”x48” 1 un
Secundário:
Britador mandíbulas Faço 120 x 40 2 un
Britador mandíbulas Parker 110 x 60 2 un
Britador cônico Telsmith 6614S 1 un
Terciário:
Britador cônico Telsmith 52FC 3 un
Britador cônico Faço 120 RAS 1 un
Quaternário (areia):
Britador de impacto Barmac 9100 2 un
Capacidade Instalada (ton/h): 950
42
Outro aspecto importante a considerar no dimensionamento dos equipamentos de
britagem é a dureza da rocha a ser empregada, referenciada pelo seu work index
- wi. Em média, basaltos apresentam 20wi, granitos 16wi e calcários 9wi.
Usualmente os manuais e catálogos dos fabricantes indicam as produtividades
dos equipamentos em função deste índice. Quando não são indicados os wi,
referem-se a granitos e calcários, que são rochas relativamente brandas. Em
rochas de elevada dureza e abrasividade, como quartzito e meta -arenito, tais
produtividades podem reduzir-se a metade. Para a barragem de Miel I, foi
necessária a mobilização extemporânea de uma terceira linha de britagem devido
a dificuldades com este tipo de rocha .
Deve-se ter adotar uma segurança extra com os britadores primários, via de regra
de mandíbulas, cuja escolha nem sempre é apenas em função do
dimensionamento para a produtividade necessária. Determinadas vezes o
dimensionamento teórico determina, por exemplo, uma maquina com 60 x 40 cm
de boca. Entretanto, as características das escavações obrigatórias para outras
estruturas poderão requer planos de fogo que nem sempre produzirão blocos com
dimensões compatíveis com a sua alimentação.
Infelizmente não existem regras gerais, e esta tendência pode também ser maior
ou menor dentro de uma mesma litologia. Alguns anfibolitos, diabásios e basaltos
produzem ótima fragmentação mesmo com planos de fogo de grandes
dimensões, tornando desnecessário sobre-dimensionar os primários.
43
Mesmo em obras menores ou de cronograma extenso, britadores primários de
grandes dimensões podem ser vantajosos, caindo-se numa condição particular do
terceiro caso do item anterior, onde o primário trabalharia apenas em no turno
diurno, produzindo pulmão suficiente para o turno seguinte. Isto permite eliminar a
frota noturna para abastecimento, com caminhões, carregadeiras e respectiva
manutenção agregada.
Por esta razão deve-se dar preferência aos equipamentos com câmara de
britagem cônica em detrimento aos britadores de mandíbulas. Quanto à forma dos
grãos, os melhores produtos são obtidos nos cônicos de câmara móvel sob
pressão (também chamados de “hidrocones” - Figura 30), onde o material é
reduzido por compressão mecânica e grão contra grão, quebrando arestas e
conduzindo a produtos ainda mais cúbicos do que aqueles obtidos com os
cônicos comuns de câmara fixa.
44
Figura 30: Rebritadores cônicos com câmara sob pressão.
Naquela época, os britadores de impacto do tipo Barmac (Figura 31D) ainda não
eram disponíveis no Brasil, e decidiu-se por britadores com câmara de britagem
sob pressão, do tipo Hydrofine - na realidade um pequeno hidrocone - que
atenderam plenamente ao objetivo. Todos os concretos da obra foram fabricados
com a areia artificial de elevado teor de finos, sem lavagem. A Figura 31E mostra
as instalações para britagem fina de Capanda. Alimentado com excedentes do
sistema secundário, principalmente com o agregado 19 a 64 mm, e
eventualmente com brita 2 (38 mm), resultava uma areia de granulometria
bastante uniforme. O circuito fechado na peneira de 6,4 mm propiciava certo
retorno das pedras maiores, obtendo grãos de excelente cubicidade.
45
um terciário hidrocone, e finalmente para o sistema quaternário. Este último era
constituído por três equipamentos distintos: um Hydrofine de câmara sob pressão,
um cônico VFC (very fine crusher), e de um britador de impacto tipo Barmac.
Figura 32: Imagens em microscópio do formato dos grãos de areias artificiais produzidas por
britadores do tipo Barmac (E) e VFC (D).
46
Em regiões chuvosas a quantidade de finos da areia artificial pode criar
problemas no seu manuseio devido ao aumento de sua coesão quando
saturadas. Em outras palavras, a mesma propriedade que confere menor
segregação ao concreto, pode ser causa de selagem das peneiras e paralisações
no sistema de transferência da areia.
Figura 33: Cobertura da pilha de areia artificial com finos na Barragem de Miel I.
Uma solução muito eficaz para reduzir a segregação dos agregados graúdos nas
pilhas são as “cascatas de pedras”, uma espécie de chicana vertical que reduz a
velocidade de queda do material. Para os agregados miúdos é preferível utilizar
um tubo dotado de portinholas escamoteáveis, conforme Figura 34.
47
Figura 34: Duto na pilha de areia reduz a segregação e perda de finos pelo vento. UHE Lajeado.
Na UHE Itá foi instalada uma peneira vibratória ao lado da britagem primária,
alimentada por material “grizlado” em 75 mm, que permitia a recuperação dos
grãos superiores a 19 mm. O material passante em 19 mm era aproveitado como
fôrro de pista. Outra possibilidade é adotar um peneiramento por via úmida, com
rosca desidratadora (ou classificador helicoidal) para recuperação da areia
artificial lavada, que pode ser aproveitada em concreto projetado ou em filtros e
drenos de obras de terra.
48
Quando tais aproveitamentos alternativos não são possíveis, a decisão deverá ser
meramente técnica. Deve-se então amostrar os finos e realizar os ensaios de
plasticidade de Atterberg com o material passante na peneira no 40, e em função
dos índices LL e IP verificar a quantidade máxima admitidas para CCR pela
recomendação do American Concrete Institute - ACI 207, transcrita na tabela da
Figura 35.
Limite de Índice de % máxima material
Liquidez Plasticidade < 0,075mm
0–5 0–5 10
0 – 25 5 – 10 9
0 – 25 10 -15 4
0 – 25 15 – 20 3
0 – 25 20 – 25 1,5
23 – 25 0–5 9
25 – 35 5 – 10 8
25 – 35 10 – 15 6,5
25 – 35 15 – 20 5
25 – 35 20 – 25 1,5
35 – 45 0–5 8,5
35 – 45 5 – 10 5,5
35 – 45 10 – 15 4
35 – 45 15 – 20 2
35 – 45 20 – 25 1,5
45 – 55 0–5 5,5
45 – 55 5 – 10 5
45 – 55 10 – 15 3,5
45 – 55 15 – 20 3
45 – 55 20 – 25 1,5
49
balanceamento da produção, alertando para excedentes de determinadas frações
e escassez de outras.
Tamanho dos grãos: 4,8 (mm) 2,4 (mm) 1,2 mm 0,6 mm 0,3 mm 0,15 mm 0,075mm
Ensaio via seca (%) 8 39 58 69 78 87 94
Ensaio via úmida (%) 8 39 58 68 76 84 89
Faixa ABNT (CCV) 0-5 0-20 15-50 40-75 70-90 90-98 100
Figura 36: Comparativo de granulometria com areia artificial lavada e não lavada.
50
5.2 - PRODUÇÃO DE CONCRETO
Na maioria das experiências pioneiras com CCR no Brasil, como Tucuruí e Itaipu,
o concreto rolado foi produzido nas mesmas centrais intermitentes com betoneiras
de tambor basculante então utilizadas para concreto convencional.
51
Figura 37: Central de CCV de Capanda, onde também foi produzido CCR.
O tamanho máximo do agregado pode atingir 150 mm, o que não significa
vantagem no caso específico do CCR. O gasto energético é superior ao das
centrais com betoneiras basculantes.
52
Figura 38: Centrais de concreto de mistura forçada em Miel I (E-Betomac) e Cana Brava (D-Shwing)
Devido sua grande simplicidade e baixo custo, um sistema similar foi utilizado
atender obras auxiliares em CCR na UHE Itá e também no AHE Itapebi.
Por trabalhar com materiais mais abrasivos do que solos, as pás metálicas dos
misturadores para CCR requerem ligas especiais para reduzir os intervalos de
manutenção.
53
Figura 39: Centrais de concreto de mistura contínua, em Nova Olinda (E) e Capanda (D)
54
peneirada na malha de 19mm. Os ensaios na fração peneirada em 19 mm
demonstraram maior comodidade, precisão e eficácia comparativamente aos
ensaios na fração integral, visto que contemplam cerca de 75% da massa da
mistura e contém a matriz fina (pasta), principal responsável pela trabalhabilidade
do CCR.
55
5.3 - TRANSPORTE
Figura 40: Transporte de CCR com caminhões caçamba comuns, em Nova Olinda (E) e Picada (D).
56
Figura 41: Limpeza dos pneus dos caminhões antes de entrar na praça de lançamento, em Cana
Brava (E) e Peixe (D).
Figura 43: Barragem de Olivenhain - EUA, utilizado transporte misto, com correias e caminhões.
57
Em grandes barragens situadas em locais de difícil acesso como vales estreitos,
nem sempre é possível prover continuamente acessos para caminhões, e as
correias tornam-se praticamente a única opção viável.
Este foi o caso da barragem Miel I, implantada numa profunda garganta (vide
Figura 04), onde foi contratado um sistema de lançamento contínuo junto a Rotec
Industries, constituído por:
§ Sete correias transportadoras com comprimento total da ordem de 1 km;
§ Um tower crane 2500 adaptado para 3300 tm de capacidade; e
§ Um crawler placer para 600 m3 /h.
Figura 44: Sistema de transporte de CCR por correias para a barragem Miel I.
58
Somente para a primeira etapa o concreto foi transportado por caminhões, tendo
em vista as irregularidades da fundação, tratadas com concreto dental. Foram
adotados caminhões articulados Volvo A-25 com um dispositivo composto de
aletas metálicas em angulo, soldadas na parte inferior da caçamba e em suas
laterais, para reduzir a segregação do CCR no momento de descarga.
A instalação do sistema Rotec teve inicio com a montagem do Tower Crane 3000,
e para tal foi necessário construir uma fundação em concreto onde foi ancorada a
sua base. As fotos da Figura 45 ilustram o sistema desde a central de concreto
até a praça de lançamento, esta em duas situações distintas.
Figura 45: Sistema de correias e Tower Crane para transporte de CCR na barragem Miel I.
59
Na segunda etapa utilizou-se o sistema Rotec pleno, com Tower Crane e correias
acopladas ao Crawler Placer, conforme ilustrado na seqüência de fotos da Figura
46. Foram obtidas produtividades medias mensais de 268 m3/h, com máximo
mensal médio de 293 m3/h, onde foi obtido o pico de 111.000 m3/mês.
Figura 46: Transporte de CCR com Tower Crane e Crawler Placer na barragem Miel I.
60
produtividade média inicial foi de 196 m3/h, reduzindo-se na crista para 66 m3/h,
com media geral de 113 m3/h.
Figura 47: Transporte de CCR com Tower Crane e caminhões na barragem Miel I.
Figura 48: Transporte de argamassa de ligação com guindaste (E) e correias (D) em Miel I.
61
O emprego deste sistema fez necessário instalar um guindaste Peiner VTN 1401
em determinada altura (vide Figura 47E), para desmontagem e retirada do Tower
Crane, que também foi empregado para apoio na construção do vertedouro.
62
Figura 49: Transporte de CCR por gravidade, com chutes livres e dissipadores
63
Por esta razão foram instaladas duas linhas de chutes, de modo que enquanto
uma linha fornecia concreto outra recebia manutenção. Foi realizado um único
teste de alimentação de concreto convencional pelos chutes, que se mostrou
factível. Entretanto, devido ao planejamento em etapas, durante o uso dos chutes
a barragem sempre contou com rampa de acesso por jusante, não sendo
necessário insistir neste processo já que os caminhões-betoneira ingressavam
diretamente na praça de lançamento.
A bibliografia relata que nesta barragem a altura do chute atingiu 100m, obtendo
produções da ordem de 170 m3/h, isenta de segregação.
Figura 50: Transporte de CCR por gravidade, com vacum chutes – China.
64