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Disciplina

Introdução à Análise
Coordenador da Disciplina

Prof. Hudson de Souza Felix


Felix
8º Edição
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada
por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.

Créditos desta disciplina

Realização

Autor

Prof. Marcos Ferreira de Melo


Sumário
Aula 01: Conjuntos Finitos e Infinitos .................................................................................................... 01
Tópico 01: Conjuntos Finitos e Infinitos ............................................................................................... 01
Tópico 02: Conjuntos Enumeráveis ....................................................................................................... 05

Aula 02: Números Reais ........................................................................................................................... 08


Tópico 01: R é um corpo ....................................................................................................................... 08
Tópico 02: R é um corpo ordenado ........................................................................................................ 11

Aula 03: Completeza de R ........................................................................................................................ 14


Tópico 01: Supremo e Ínfimo ................................................................................................................ 14
Tópico 02: R é um Corpo Ordenado Completo ..................................................................................... 18

Aula 04: Sequências de Números Reais .................................................................................................. 21


Tópico 01: Sequências Numéricas ......................................................................................................... 21
Tópico 02: Limite de uma Sequência .................................................................................................... 24
Tópico 03: Operações com Limites ....................................................................................................... 28

Aula 05: Séries de Números Reais .......................................................................................................... 32


Tópico 01: Séries Numéricas ................................................................................................................. 32
Tópico 02: Critérios de Convergência de Séries ................................................................................... 35

Aula 06: Algumas Noções de Topologia – Parte I ................................................................................. 40


Tópico 01: Conjuntos Abertos ............................................................................................................... 40
Tópico 02: Conjuntos Fechados ............................................................................................................ 43

Aula 07: Algumas Noções de Topologia – Parte II ................................................................................ 46


Tópico 01: Pontos de Acumulação ........................................................................................................ 46
Tópico 02: Conjuntos Compactos ......................................................................................................... 49

Aula 08: Funções Contínuas .................................................................................................................... 53


Tópico 01: Definição e Primeiras Propriedades .................................................................................... 53
Tópico 02: Funções Contínuas num Intervalo ....................................................................................... 56
Tópico 03: Funções Contínuas em Conjuntos Compactos .................................................................... 59
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 01: CONJUNTOS FINITOS E INFINITOS

TÓPICO 01: CONJUNTOS FINITOS E INFINITOS

Neste tópico, será estabelecido com precisão o conceito de


conjunto finito e conjunto infinito. O ponto de partida é o
conjunto dos números naturais.

O conjunto N dos números naturais é caracterizado pelos seguintes


fatos:

1º FATO
Existe uma função injetiva . A imagem s(n) de cada número
natural chama-se o sucessor de n .

2º FATO
Existe um único número natural tal que 1 ≠ s(n) para todo .

3º FATO
Se um conjunto é tal que 1 ∈ X e s(X) ⊂ X (isto é, n ∈ X ⇒ s(n) ∈
X) então .

Essas afirmações podem ser reformuladas assim:

I. Todo número natural tem um sucessor, que ainda é um número


natural; números diferentes têm sucessores diferentes.

II. Existe um único número natural 1 que não é sucessor de nenhum


outro.

III. Se um conjunto de números naturais contém o número 1 e contém o


sucessor de cada um dos seus elementos, então esse conjunto contém
todos os números naturais.

As propriedades 1, 2 e 3 acima chama-se os axiomas de Peano. O axioma


3 é conhecido como o princípio da indução.

No conjunto N dos números naturais são definidas duas operações


fundamentais: a adição, que associa a cada par de números (m, n) sua soma
m+n, e a multiplicação, que faz corresponder ao par (m, n)seu produto m.n.
Essas operações são caracterizadas pelas seguintes igualdades, que lhes
servem de definição:

m + 1 = s(m);
m + s(n) = s(m + n), isto é, m + (n + 1) = (m + n) + 1;
m . 1 = m;
m . (n + 1) = m . n + m

A demonstração da existência das operações e com as propriedades


acima, bem como sua unicidade, se faz por indução. As seguintes
propriedades da adição e da multiplicação são bem conhecidas:

1
Associatividade: (m+n) + p = m + (n+p), m · (n · p) = (m · n) · p;

Distributividade: m · (n+p) = m · n + m · p;

Comutatividade: m+n = n+m, m · n = n · m;

Lei do Corte: m+n = m+p ⇒ n = p, m · n = m · p ⇒ n = p.

Dados os números naturais m,n, escreve-se m < n quando existe tal


que n=m+p. Diz-se então que m é menor do que n. A notação m ≤ n significa
m < n ou m=n. Prova-se que (transitividade) e que, dados
quaisquer, vale uma, e somente uma, das seguintes três alternativas:
m = n, m < n ou n < m (tricotomia).

Uma das mais importantes propriedades da relação de ordem m x n


entre os números naturais é o chamado princípio da boa-ordenação, abaixo
enunciado.

Todo subconjunto não vazio possui um menor elemento, isto é,


um elemento n0 ∈ A tal que n0 ≤ n para todo n ∈ A.

Com esses conceitos em mente podemos introduzir e apresentar


algumas propriedades básicas dos conjuntos finitos e dos conjuntos infinitos.

Indiquemos pelo símbolo In o conjunto{1, ..., n} dos números naturais


desde 1 até n . Mais precisamente, dado , temos

Um conjunto X diz-se finito quando é vazio ou então existem e uma


bijeção . Escrevendo temos então
. A bijeção chama-se uma contagem dos elementos de X e o
número natural n chama-se o número de elementos, ou número cardinal do
conjunto X. Uma pergunta natural é a seguinte.

DÚVIDA
O número de elementos de um conjunto finito é uma noção ambígua?
Em outras palavras, se e são bijeções, então
necessariamente?

Para responder à pergunta acima consideremos os seguintes resultados:

TEOREMA 1: Se é um subconjunto próprio de , não pode


existir uma bijeção .

DEMONSTRAÇÃO

Considere o conjunto X = { n ∈ N existe um subconjunto próprio A ⊂


In e uma bijeção f: A → In. Demonstrar o teorema é mostrar que X = ∅
(conjunto vazio). Suponha, por absurdo, que X ≠ ∅ e considere n0 ∈ N o

2
menor elemento de X. Isto significa que existe um subconjunto próprio A ⊂
Ino e uma bijeção f: A → Ino . Se n ∉ A , então tomamos a ∈ A com f(a) = n0 e
a restrição f|A-{a}: A - {a} → In -1 será uma bijeção do subconjunto próprio A
- {a} ∩ In - 1 sobre o que contradiz a minimalidade de n0. Por outro
lado, se tivermos n0 ∈ A, então escrevemos f(n0) = a e consideramos a
bijeção g : A → In dada por e, consequentemente, a

restrição será uma bijeção do subconjunto próprio


sobre o que novamente vai contrariar a minimalidade de

COROLÁRIO 1: Se e são bijeções, então .

Com efeito, se fosse então Im seria um subconjunto próprio de In , o


que violaria o Teorema 1, pois é uma bijeção. Analogamente se
mostra que não é possível . Logo m=n.

COROLÁRIO 2: Não pode existir uma bijeção entre um conjunto


finito e sua parte própria.

O corolário 2 é uma mera reformulação do Teorema 1.

EXEMPLO 1. Prove que se X é um conjunto finito e é


finito.

SOLUÇÃO

Com efeito, existe uma bijeção tal que


então é finito. Se a restrição é uma
bijeção, logo é finito e tem elementos.

Teorema 2: Todo subconjunto de um conjunto finito é


finito.

DEMONSTRAÇÃO

Sabemos (veja o exemplo 1 acima) que se X é um conjunto finito e a ∈


X então X - {a} é finito. O caso geral se mostra por indução sobre o número
de elementos de . Ele é evidente quando X = ∅ ou n = 1. Supondo o
Teorema verdadeiro para conjuntos com n elementos, sejam X um
conjunto com n + 1 elementos e Y um subconjunto de X. Se Y = X, nada há
o que provar. Caso contrário, existe a ∈ X com a ∉ Y. Então, na realidade, Y
⊂ X = {a}. Como X - {a} tem n elementos, segue-se que Y é finito.

COROLÁRIO 1: Dada , se é finito e é injetiva então é


finito; se é finito e é sobrejetiva então é finito.

Com efeito, se f é injetiva então ela é uma bijeção de X sobre um


subconjunto f(x) do conjunto finito Y. Por outro lado, sef é sobrejetiva, então

3
existe uma função injetiva . Pelo que acabamos de provar, se X for
finito, então Y também será finito.

Um subconjunto diz-se limitado quando existe


.

COROLÁRIO 2: Um subconjunto é finito se, e somente se, é


limitado.

Com efeito, se é finito, pondo vemos que


logo X é limitado. Reciprocamente, se é limitado então
para algum . Daí, X é finito em virtude do Teorema 2.

Diz-se que um conjunto é infinito quando não é finito. Assim, X é


infinito quando não é vazio nem existe, seja qual for , uma bijeção
.

EXEMPLO 2. Verifique que os seguintes conjuntos são infinitos:

i:
ii. Ρ={2,4,6,…} (conjunto dos números pares);

iii. Ι={1,3,5,…} (conjunto dos números ímpares);

iv. = {…,-2,-1,0,1,2,…} (conjunto dos números inteiros);

v. ={m⁄n;m,n ∈ ,n ≠0}(conjunto dos números racionais);

vi. =(conjunto dos números reais);

vii. ={a + bi; a, b ∈ ,i2 )= -1}

SOLUÇÃO

i. Sendo um conjunto ilimitado, segue-se do Corolário 2 do Teorema 2


que é infinito;

ii. Visto que a função , é bijetora e é infinito, segue-se


que P é infinito;

iii. Basta observar que a função , é bijetora;

Os conjuntos e são infinitos, pois ambos contêm o conjunto


infinito . Note que, de acordo com o Teorema 2, todo conjunto que
contém um conjunto infinito deve ser infinito.

FONTES DAS IMAGENS


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Responsável: Hudson de Souza Felix


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INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 01: CONJUNTOS FINITOS E INFINITOS

TÓPICO 02: CONJUNTOS ENUMERÁVEIS

Neste tópico estudaremos o conceito de conjunto


enumerável.

Um conjunto X diz-se enumerável quando é finito ou quando existe uma


bijeção . Neste caso, chama-se uma enumeração dos elementos de
X . Escrevendo

EXEMPLO 1. Prove que se é enumerável.

SOLUÇÃO

Com efeito, uma bijeção pode ser definida pondo


para ímpar e para par.

TEOREMA 1: Todo subconjunto é enumerável.

DEMONSTRAÇÃO

Se X é finito, nada há para demonstrar. Caso contrário, enumeremos


os elementos de X pondo x1 = menor elemento de X, e supondo definidos x1
< x2 , ... xn escrevemos An = X - {x1, x2,...,xn}. Observando que An ≠ ∅, pois
X é infinito, definimos Xn+1 = menor elemento de An. Então X = {x1,
x2,...,xn,...}. Com efeito, se existisse algum elemento x ∈ X diferente de
todos os xn, teríamos x ∈ An para todo n ∈ N, logo seria um número
natural maior do que todos os elementos do conjunto infinito {x1,
x2,...,xn,...}, contrariando o Corolário 2 do Teorema 2 visto no Tópico 1
desta aula.

EXEMPLO 2. Prove que se é uma função injetiva, então X é


enumerável.

SOLUÇÃO

Com efeito, o Teorema 1 nos garante que é um conjunto


enumerável. Como é injetiva, segue-se que é uma
bijeção. Portanto, é enumerável.

COROLÁRIO 1: Seja injetiva. Se Y é enumerável então X


também é. Em particular, todo subconjunto de um conjunto enumerável é
enumerável.

Com efeito, existe uma bijeção e, consequentemente,


é injetiva. Assim, o resultado segue do Exemplo 2 acima.

5
COROLÁRIO 2: Seja sobrejetiva. Se X é enumerável então Y
também é.

Com efeito, existe uma aplicação injetiva e, consequentemente,


este corolário é uma consequência direta do Corolário 1.

EXEMPLO 3. Prove que é enumerável.

SOLUÇÃO

Com efeito, considere a função , dada por .


Como

segue-se que é injetiva e, consequentemente, é enumerável, em


virtude do Corolário 2.

COROLÁRIO 3: O produto cartesiano de dois conjuntos enumeráveis


é um conjunto enumerável.

Com efeito, se X e Y são enumeráveis, então existem bijeções e


, logo a função , dada por é
sobrejetiva. Visto que é enumerável (veja o Exemplo 3 acima), segue-se
que XxY é enumerável, em virtude do Corolário 2.

EXEMPLO 4. Prove que o conjunto dos números racionais é


enumerável.

SOLUÇÃO

Ora, vimos no Exemplo 1 que é enumerável e, em particular,


também é enumerável. O Corolário 3 nos garante que é
enumerável. Como a função , dada por é sobrejetiva,

segue-se que é enumerável, em virtude do Corolário 2.

COROLÁRIO 4: A reunião de uma família enumerável de conjuntos


enumeráveis é enumerável.

Com efeito, dados enumeráveis, existem bijeções


Considerando a função
sobrejetora conclui-se que
é enumerável. O caso de uma reunião finita reduz-se ao
anterior tendo em vista a identidade
.

EXEMPLO 5. (Um conjunto não enumerável) Seja o


conjunto das partes de N. Mostre que não existe função sobrejetiva
. Conclua que é um conjunto não enumerável.

SOLUÇÃO

Com efeito, suponha por absurdo, que existe uma função sobrejetiva
. Considere o conjunto . Visto que é
sobrejetiva, existe tal que . Ora, se valer então, pela

6
definição do conjunto , deve-se ter , o que é uma contradição.
Por outro lado, se ocorrer , então deve-se ter , o que também
é uma contradição. Portanto não pode existir uma função sobrejetiva
. Em particular, nenhuma função é bijetora e,
consequentemente, é um conjunto não enumerável.

Na próxima aula mostraremos que o conjunto dos números reais não é


enumerável.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Vá para a seção Material de Apoio do ambiente SOLAR e baixe o
arquivo (lista1_analise.doc) ou clique aqui (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.) para abrir a Lista de Exercícios desta
aula. Resolva a quantidade máxima de exercícios que puder,
individualmente ou em grupo. Os exercícios 3, 6, 7, 10, 11 correspondem
ao trabalho dessa aula que deve ser postado no PORTFÓLIO
INDIVIDUAL no período marcado na AGENDA do ambiente SOLAR, num
único documento de texto (doc, docx ou pdf) ou manuscrito e escaneado.

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INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 02: NÚMEROS REAIS

TÓPICO 01: R É UM CORPO

Neste tópico faremos uma descrição das propriedades


aritméticas do conjunto dos números reais.

Dizer que é um corpo significa que estão definidas em duas


operações, chamadas adição e multiplicação, que cumprem certas condições,
abaixo especificadas.

A adição faz corresponder a cada par de elementos , sua soma


, enquanto a multiplicação associa a esses elementos o seu produto
.

Os axiomas a que essas operações obedecem são:

Para quaisquer x,y,z ∈ R tem-se ( x + y) + z = x + (y +


Associatividade
z) e (x .y).z = x (y.z).

Comutatividade Para quaisquer x,y ∈ R tem-se x + y = y + x e x.y = y.x.

Elementos Existem em R dois elementos distintos 0 e 1 tais que x


neutros + 0 = x e x.1 = x para qualquer x ∈ R.

Todo x ∈ R possui um inverso aditivo -x ∈ R tal que x


Inversos + (-x) = 0 e, se x ≠ 0, existe também um inverso
multiplicativo x-1 ∈ R tal que x . x-1 = 1

Distributividade Para x,y,z ∈ R quaisquer, tem-se x.(y + z ) = x .y + x.z.

Dos axiomas acima resultam todas as regras familiares de manipulação


com os números reais. A título de exemplo, estabeleceremos algumas delas.

EXEMPLO 1. Prove que os elementos neutros são únicos.

SOLUÇÃO

Inicialmente, mostremos que 0 é o único elemento neutro aditivo.


Com efeito, se existisse outro elemento neutro aditivo, digamos 0', então
teríamos

0 = 0' + 0 = 0 + 0' = 0'.

De modo similar, se existisse outro elemento neutro multiplicativo,


digamos 1', teríamos

1 = 1'· 1 = 1·1' = 1'.

A soma x+(-y) será indicada por x-y e chamada diferença entre x e y. Se


, o produto x.y-1 será representado também por e chamado o quociente

de x por y. As operações chamam-se,

respectivamente, subtração e divisão.

8
EXEMPLO 2. Prove que x+y=0 então y=-x. Conclua que o inverso
aditivo de um número real é único e, em particular, vale a identidade -(-x)
para todo x ∈ .

SOLUÇÃO

Com efeito, somando a ambos os membros da igualdade


obtemos

Isto conclui a prova da primeira parte desta proposição.

Sabemos que é o inverso aditivo de um número real . A equação


acima nos diz que se um número for um inverso aditivo de então ele
deve ser necessariamente . Isto significa que o inverso aditivo de um
número real é único. Finalmente, usando a comutatividade da adição
temos que para cada x ∈ vale

ou seja, é o inverso aditivo de , ou ainda,

EXEMPLO 3. Prove que x.0=0, para todo x ∈ .

SOLUÇÃO

EXEMPLO 4. Prove que se x.y=0 , então x=0 ou y=0.

SOLUÇÃO

Uma consequência interessante do Exemplo 4 é que se dois números


reais x,y têm quadrados iguais, então . Com efeito,

EXEMPLO 5. Prove que x.y=1 então . Conclua que o


inverso aditivo de um número real é único e, em particular, vale a identidade
(x-1)-1 para todo x ∈ - {0}.

SOLUÇÃO

Com efeito, o Exemplo 3 acima nos garante que x ≠ 0 e y ≠ 0.


Multiplicando ambos os membros da igualdade obtemos

Agora a conclusão é análoga à discutida no Exemplo 2.

EXEMPLO 6. Prove que, em , são verdadeiras as seguintes “regras de


sinais”:

9
SOLUÇÃO

a) Com efeito, . Somando a ambos


os membros da igualdade vem . Analogamente,
tem-se .

b) Usando o item (a) temos

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INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 02: NÚMEROS REAIS

TÓPICO 02: R É UM CORPO ORDENADO

Neste tópico faremos uma descrição da relação de ordem


usualmente destacada no corpo .

Dizer que é um corpo ordenado significa que existe um subconjunto +


⊂ , chamado o conjunto dos números reais positivos, que cumpre as
seguintes condições:

1ª CONDIÇÃO

P1 - A soma e o produto de números reais positivos são positivos. Ou


seja, e .

2ª CONDIÇÃO

P2 - Dado x ∈ , exatamente uma das três alternativas seguintes


+ +
ocorre: ou x = 0 ou x ∈ ou -x ∈ .

- +
Se indicarmos com o conjunto dos números -x onde x ∈ , a condição
P2. diz que e os conjuntos são dois a dois
-
disjuntos. Os elementos de chamam-se números reais negativos.

Exemplo 1. Prove que todo número real x ≠ 0 tem quadrado positivo e


conclua que 1 é positivo.

SOLUÇÃO
+
Com efeito, se x ∈ então x2 = x . x ∈ +
por P1. Se x ∈ +
então (como
+ 2 +
x ≠ 0) -x ∈ logo, ainda por causa de , temos x = (-x).(-x) ∈ . Em

particular, 1 é um número positivo porque 12 = 1 .

Escreve-se x < y e diz-se que x é menor do que y quando , isto é,


y=x+z onde z é positivo. Neste caso, escreve-se também y > x e diz-se que y é
+
maior do que x. Em particular x > 0 significa que .

Exemplo 2. Valem as seguintes propriedades da relação de ordem x < y


em :

O1. Transitividade: se x < y e y < z então x < z.

O2. Tricotomia: dados , ocorre exatamente uma das alternativas:


x = y, x < y ou y < x.

O3. Monotonicidade da adição: se x < y então, para todo , tem-se x


+ z < y + z.

O4. Monotonicidade da multiplicação: se x < y então, para todo z > 0


tem-se xz < yz. Se, porém, z < 0 então x < y implica yz < xz.

DEMONSTRAÇÃO

11
O1. e significam que existem tais que .
Daí, e, consequentemente, visto que
.

O2. O resultado é uma consequência direta da relação .

O3. significa que existe tal que . Somando a esta última


equação obtemos o que indica .

O4. Se então , por P1. Somando a


desigualdade obtemos , em virtude de O3. De modo similar
se trata do caso .

Como 1 é positivo, segue-se que 1 < 1 + 1 < 1 + 1 + 1 < ... Podemos então
considerar ⊂ . Segue-se que ⊂ , pois 0 ∈ e n ∈ ⇒ -n ∈ . Além disso,

se m,n ∈ com n ≠ 0 então m;n = m .n-1 ∈ , o que nos permite concluir que
⊂ . Assim, temos ⊂ ⊂ ⊂ .

Veremos na próxima aula que a inclusão é própria, ou seja, tem-se


.

Exemplo 3. (Desigualdade de Bernoulli.) Para todo número real


.

DEMONSTRAÇÃO

Vamos usar indução sobre n . Para n = 1 a desigualdade é óbvia.


Supondo que a desigualdade vale para , multiplicando ambos os
membros pelo número 1 + x ≥ 0 obtemos

A relação de ordem em permite definir o valor absoluto (ou módulo)


de um número real do seguinte modo:

Noutras palavras, é o maior dos números reais x e -x.

Tem-se para todo . Com efeito, a desigualdade é


óbvia, enquanto resulta de multiplicarmos por -1 ambos os membros
da desigualdade .

Teorema 1: Sejam x , δ ∈ . Tem-se |x| ≤ δ se, e somente se,


- δ ≤ x ≤ δ.

DEMONSTRAÇÃO

De modo similar prova-se que

12
Teorema 2: Se

DEMONSTRAÇÃO

Somando membro a membro as desigualdades


obtemos Segue-se do Teorema 1 que .
Para provar que , basta mostrar que estes dois números têm o
mesmo quadrado, já que ambos são não-negativos. Ora,

A desigualdade é conhecida como desigualdade triangular.

Usaremos as seguintes notações para representar tipos especiais de


conjuntos reais, chamados intervalos.

Em termos de intervalos, o Teorema 1 diz que

OBSERVAÇÃO
Nada do que foi dito até agora sobre permite distinguir de , pois
os números racionais também constituem um corpo ordenado. Na
próxima aula trataremos deste assunto.

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13
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 03: COMPLETEZA DE

TÓPICO 01: SUPREMO E ÍNFIMO

VERSÃO TEXTUAL

Nesta aula destacaremos o fato de ser um corpo ordenado


completo. Na aula anterior falamos sobre as propriedades de corpo e a
ordem natural de . Para apresentarmos a completeza de ,
iniciaremos esta aula com os conceitos de conjuntos limitados,
supremo e ínfimo.

Um conjunto X ⊂ diz-se limitado superiormente quando existe algum


b ∈ tal que x ≤b para todo x ∈ X. Neste caso diz-se que b é uma cota
superior de X. Analogamente, diz-se que o conjunto X ⊂ é limitado
inferiormente quando existe a ∈ tal que a ≤ x para todo x ∈ X. O número
a chama-se então uma cota inferior de X. Se X é limitado superior e
inferiormente, diz-se que X é um conjunto limitado. Isto significa que X está
contido em algum intervalo [a,b] ou, equivalentemente, que existe k > 0 tal
que x ∈ X ⇒|x| ≤ k.

EXEMPLO 1. Verifique que o conjunto é


limitado e exiba algumas cotas inferiores e superiores de .

SOLUÇÃO

Inicialmente, observemos que se , então ,


e, consequentemente, . Isto significa que . Por outro
lado, se então , e, deste modo,
. Finalmente, para tem-se , e,
portanto, . Assim, conclui-se que
e, obviamente, é limitato. É claro que todo número é cota superior
de e todo número é cota inferior de .

Seja um conjunto limitado superiormente e não-vazio. Um


número chama-se o supremo do conjunto quando é a menor de suas
cotas superiores de . Mais explicitamente, é o supremo de quando
cumpre as duas condições:

S1. Para todo , tem-se ;

S2. Se é tal que para todo então .

A condição S2 admite a seguinte reformulação:

S2’. Se então existe com .

14
Com efeito, S2’ diz que nenhum número real menor do que pode ser
cota superior de . Às vezes se exprime S2’ assim: para todo existe
tal que .

Escreveremos b=SUPX para indicar que é o supremos do conjunto .

Analogamente, se X ⊂ é um conjunto não vazio, limitado


inferiormente, um número real a chama-se o ínfimo do conjunto X , e
escreve-se a = inf X, quando é a maior das cotas inferiores de X. Isto equivale
às duas afirmações:

I1. Para todo , tem-se ;

I2. Se para todo então .

A condição I2 pode também ser formulada assim:

I2’. Se então existe tal que .

De fato, I2’ diz que nenhum número maior do que é cota inferior de
. Equivalentemente: para todo existe tal que .

Diz-se que um número é o maior elemento (ou elemento


máximo) do conjunto quando para todo . Isto quer dizer que
é uma cota superior de , pertencente a . De forma análoga define-se
o menor elemento (ou elemento mínimo) de um conjunto .

EXEMPLO 2. Se possuir um elemento máximo, este será o seu


supremo, se possuir um elemento mínimo, ele será seu ínfimo.
Reciprocamente, se SUPX pertence a então é o maior elemento de ; se
pertencer a , será o seu menor elemento. Em particular, se
e , temos e SUPX=b.

EXEMPLO 3. Dados em , seja . Verifique que e


SUPX=b.

SOLUÇÃO

É claro que é uma cota inferior de . Vamos verificar que nenhum


com é cota inferior de . Isto é claro se . Por outro lado, se
for então é um elemento de , com , o que prova

que não é cota inferior. Assim INF X=a. De modo análogo se mostra que
SUPX=b.

É interessante observar que no Exemplo 3 acima se tem que


. Isto ilustra bem que as noções de supremo e ínfimo
servem, respectivamente, para substituir, de modo preciso, a ideia de maior e
menor elemento de um conjunto quando esses não necessariamente existem.

EXEMPLO 4. Dados com , tome tais que ,


e .

15
1. Prove que e ;

2. Conclua do item (a) que o conjunto e não


possui elemento máximo e que o conjunto e não
possui elemento mínimo;

3. Prove que se e , então .

4. Conclua dos itens anteriores que entre os números racionais, não


existem SUPX e INFX.

SOLUÇÃO

1. Com efeito, . Visto que , temos e,


consequentemente, . A desigualdade implica

e, portanto, . Logo, . Por outro lado,


. A desigualdade nos dá , ou seja,

. Daí, . Resta mostrar que . Ora,


.

2. Pelo que foi visto no item (a), concluímos que não tem elemento
máximo, pois para cada existe tal que . De modo
semelhante conclui-se que não tem elemento mínimo.

3. Com efeito, tem-se e, portanto, . Daí,


e, consequentemente, .

4. Suponhamos, inicialmente, que existe a=SUPX. É claro que .


Não pode ser , pois isto obrigaria e, então seria o maior
elemento de , que não existe, pelo item (b). Tampouco poderia ser ,
pois, neste caso, teríamos e, pelo item (b), existiria tal que ,
o que implicaria, em virtude do item (c), que para todo . Isto
contradiz o fato . Assim, se existir a=SUPX, deverá ser e ,
isto é, . Um raciocínio inteiramente análogo mostraria que o número
b=INFX, se existir, deve ser . A conclusão agora é uma consequência
de o número não ser racional. Isto será discutido a seguir.

O Exemplo 4 acima apontou para uma insuficiência grave dos números


racionais, para efeitos de Análise Matemática: alguns conjuntos limitados de
números racionais não possuem supremo (ou ínfimo). Este fato está ligado à
inexistência de raízes quadradas racionais de certos números racionais.

Pitágoras e seus discípulos descobriram o seguinte:

LEMA: Não existe um número racional cujo quadrado seja igual a 2.


Em outras palavras, não é racional.

DEMONSTRAÇÃO

16
Suponhamos por absurdo, que se tenha , ou seja, , com

e inteiros. É claro que não há perda de generalidade em supor que é

uma fração irredutível, ou seja, o maior divisor comum entre eles é 1. Pois
bem, a equação nos diz que é um número par e,
consequentemente, deve ser da forma , para algum inteiro .
Substituindo o valor na equação obtemos . Assim é
um número par e, portanto, deve ser da forma para algum inteiro .
Isto significa que 2 é um divisor comum de e , o que é uma contradição.

No próximo tópico acabaremos nossa caracterização de ,


descrevendo-o como um corpo ordenado completo, isto é, um corpo
ordenado tal que todo subconjunto não vazio, limitado superiormente (resp.
inferiormente) possuir supremo (resp. ínfimo), propriedade que não tem.

FONTES DAS IMAGENS


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17
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 03: COMPLETEZA DE

TÓPICO 02: É UM CORPO ORDENADO COMPLETO

A afirmação de que o corpo ordenado R é completo significa que todo


conjunto não vazio, limitado superiormente, X ⊂ R possui supremo b =
sup X ∈ R.

Não é necessário estipular também que todo conjunto não vazio,


limitado inferiormente, possui ínfimo. Com efeito, neste caso o
conjunto é não vazio, limitado superiormente, logo possui
supremo . Então, como se vê sem dificuldade, o número a =-b é o ínfimo
de X.

Em seguida veremos algumas consequências da completeza de R.

Teorema 1:

i. O conjunto dos números naturais não é limitado


superiormente;

ii. O ínfimo do conjunto é igual a 0;

iii. Dados , existe tal que .

DEMONSTRAÇÃO

i Se fosse limitado superiormente, existiria . Então


não seria cota superior de , isto é, existiria com . Daí
resultaria , logo não seria cota superior de . Esta contradição
prova (i).

ii É evidente que 0 é uma cota inferior de . Basta provar que


nenhum é cota inferior de . Ora, dado , existe, por (i), um
número natural , donde , o que prova (ii).

iii Finalmente, dados usamos (i) para obter tal que


. Então , o que demonstra (iii).

As propriedades (i), (ii) e (iii) do teorema acima são equivalentes e


significam que é um corpo arquimediano.

Teorema 2: (Intervalos encaixados.) Dada uma


sequência decrescente de intervalos limitados e
fechados , existe pelo menos um número real tal que
para todo .

DEMONSTRAÇÃO

As inclusões significam que

18
.
O conjunto é, portanto, limitado superiormente. Seja
. Evidentemente, para todo . Além disso, como cada é
cota superior de , temos para todo . Portanto qualquer
que seja, .

Teorema 3: O conjunto dos números reais não é


enumerável.

DEMONSTRAÇÃO

Mostraremos que nenhuma função é sobrejetora. Para isto,


supondo dada, escolhemos um intervalo tal que .
Supondo obtidos intervalos tais que , olhamos para
. Se , podemos simplesmente tomar . Se, porém,
, pelo menos um dos extremos, digamos , é diferente de
, isto é, . Neste caso, tomamos , com e
. Assim construímos uma sequência decrescente

de intervalos fechados e limitados tais que nenhum dos


valores de pode ser igual a um número real .

Um número real chama-se irracional quando não é racional. Como o


conjunto dos números racionais é enumerável, resulta do teorema acima
que existem números irracionais e, mais ainda, sendo , os
irracionais constituem um conjunto não enumerável (portanto formam a
maioria dos reais) por que a reunião de dois conjunto enumeráveis seria
enumerável.

Corolário 1: Todo intervalo não degenerado é não enumerável.

DEMONSTRAÇÃO

Visto que a função , dada por , é uma bijeção

cuja inversa é , definida por , segue-se que o

intervalo é não enumerável. Como a função , definida


por é uma bijeção, segue-se que todo intervalo aberto

é não enumerável. Isto completa a demonstração, uma vez que todo


intervalo não degenerado contém um intervalo aberto.

Teorema 4: Todo intervalo não degenerado contém


números racionais e irracionais.

DEMONSTRAÇÃO

19
Certamente contém números irracionais, pois do contrário seria
enumerável. Para provar que contém números racionais, tomamos
, onde podem ser supostos irracionais. Fixemos tal que
. Os intervalos , , cobrem a reta, isto é

. Portanto existe tal que . Como é irracional, temos

. Sendo o comprimento do intervalo igual a , segue-se que


. Logo o número racional pertence ao intervalo e,

portanto, ao intervalo .

Um conjunto é dito denso em quando , para


qualquer intervalo aberto da reta. O Teorema 4 acima garante que os
conjuntos e são ambos densos em .

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO

Vá para a seção Material de Apoio do ambiente SOLAR e baixe o


arquivo (LISTA3_ANALIS.DOC) ou CLIQUE AQUI (VISITE A AULA
ONLINE PARA REALIZAR DOWNLOAD DESTE ARQUIVO.) para abrir a
Lista de Exercícios desta aula. Resolva a quantidade máxima de exercícios
que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios 1, 4A, 8, 9,
12 correspondem ao trabalho dessa aula que deve ser postado no
PORTFÓLIO INDIVIDUAL no período marcado na AGENDA do ambiente
SOLAR, num único documento de texto (doc, docx ou pdf) ou manuscrito
e escaneado.

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20
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 04: SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS

TÓPICO 01: SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

Nesta aula faremos uma introdução ao estudo de sequências


de números reais. Veremos como calcular e fazer operações com
limites de sequências.

Uma sequência de números reais é uma função , que associa a


cada número natural um número real , chamado o n-ésimo termo da
sequência.

Escreve-se ou , ou simplesmente , para indicar a


sequência cujo -ésimo termo é .

Não deve ser confundida a sequência com o conjunto


dos seus termos. Por exemplo, a sequência não é o
mesmo que o conjunto . Ou então: as sequências e
são diferentes mas o conjunto dos seus termos é o mesmo, igual a .

Uma sequência diz-se limitada superiormente (respectivamente


inferiormente) quando existe tal que (respectivamente )
para todo . Diz-se que a sequência é limitada quando ela é
limitada superior e inferiormente. Isto equivale a dizer que existe tal
que para todo .

EXEMPLO 1.Se então a sequência é limitada


inferiormente, porém não superiormente.

SOLUÇÃO

Com efeito, multiplicando ambos os membros da desigualdade


po r obtemos . Segue-se que para todo , logo é
limitada inferiormente por . Por outro lado, temos , com .
Pela desigualdade de Bernoulli, para todo vale . Portando,
dado qualquer podemos obter desde que tomemos , isto
é, .

Uma sequência chama-se crescente quando , isto é,


quando para todo . Se vale para todo , a sequência diz-
se não decrescente.

Analogamente, quando , ou seja, para todo ,


a sequência diz-se decrescente. Ela é chamada não crescente quando
para todo .

As sequências crescentes, não decrescentes, decrescentes e não


decrescentes são chamadas sequências monótonas.

21
EXEMPLO 2. A sequência é evidentemente limitada, não
decrescente e não-crescente.

EXEMPLO 3. A sequência é limitada inferiormente,


ilimitada superiormente, monótona crescente.

EXEMPLO 4. Dado , com , seja , para

todo . Verifique que é uma sequência crescente e limitada.

SOLUÇÃO

Com efeito, a sequência é crescente, pois


para todo . Além disso, ela é limitada, pois p ara

todo .

EXEMPLO 5. Mostre que a sequência é crescente e

limitada.

SOLUÇÃO

Com efeito, a sequência é crescente, pois


para todo . Esta sequência é limitada, pois

, para todo .

Observe que na desigualdade acima usam os a

estimativa , para todo , que é obtida do Exemplo 4 para .

EXEMPLO 6. Mostre que a sequência é crescente e limitada.

SOLUÇÃO

Com efeito, a fórmula do binômio de Newton nos dá

,
ou seja,

.
Vemos assim que cada é uma soma de parcelas positivas. Cada uma
dessas parcelas cresce com . Além disso, o número de parcelas também
cresce com . Logo a sequência é crescente. Observamos ainda, pela
última igualdade, que para todo , onde é a sequência
apresentada no Exemplo 5. Logo é uma sequência limitada, com
para arbitrário.

EXEMPLO 7. Analise se a sequência é monótona.

SOLUÇÃO

22
Inicialmente, observemos que ,

o que de fato ocorre para todo , conforme provado no Exemplo 6


acima. Assim concluímos que a sequência é decrescente a partir do seu
terceiro termo. Como , segue-se que esta sequência cresce em
seus três primeiros termos e depois começa a decrescer. Em particular
é limitada.

Dada uma sequência , uma subsequência de é a restrição da


função a um subconjunto infinito de . Escreve-se
ou , ou para indicar a subsequência .
A notação mostra como uma subsequência pode ser considerada com
uma sequência, isto é, uma função cujo domínio é .

Lembre-se que é infinito se, e somente se, é ilimitado,


isto é, para todo existe com .

EXEMPLO 8. Considere a sequência , ou seja, . As


sequências constantes e podem ser vistas,
respectivamente, como as subsequências e .

No próximo tópico estudaremos o conceito de limite de uma sequência.

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23
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 04: SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS

TÓPICO 02: LIMITE DE UMA SEQUÊNCIA

VERSÃO TEXTUAL

Diz-se que o número real é limite da sequência quando,


para todo número real , dado arbitrariamente, pode-se obter
tal que para todos os termos com índice cumprem a
condição . Escreve-se então .

Diz-se que o número real é limite da sequência quando, para todo


número real , dado arbitrariamente, pode-se obter tal que para
todos os termos com índice cumprem a condição . Escreve-
se então .

Esta importante definição significa que, para valores muito grandes de


, os termos tornam-se tão próximos de quanto se deseje. Mais
precisamente, estipulando-se uma margem de erro , existe um índice
tal que todos os termos da sequência com índice são valores
aproximados de com erro menor do que .

Simbolicamente, escreve-se

; .

Acima, o símbolo significa que o que vem depois é a definição do que


vem antes. significa “para todo” ou “qualquer que seja”. significa
“existe”. O ponto-e- vírgula quer dizer “tal que” e a seta significa
“implica”.

Convém lembrar que é o mesmo que , isto é,


pertence ao intervalo aberto .

Em vez de , escreve-se também , ou


. Esta última expressão lê-se “ tende para ” ou “converge para ”.
Uma sequência que possui limite diz-se convergente. Caso contrário, ela se
chama divergente.

EXEMPLO 1. Verifique a veracidade dos limites:

a)

b)

c)

d)

24
SOLUÇÃO

a) Para cada escolhemos tal que e obtemos:

b) Seja dado. Fixemos tal que . Para cada vale

c) Usando a desigualdade de Bernoulli obtemos, para todo , a


estimativa

donde,

Daí, para cada dado, escolhemos tal que e obtemos

d) Para cada dado, escolhemos tal que e obtemos

TEOREMA 1: (UNICIDADE DO LIMITE) Se e


então .

DEMONSTRAÇÃO

Seja dado. Sendo existe tal que .

Por outro lado, como existe tal que .

Escolhendo obtemos , para .

Isto significa que , para cada ,


ou seja, .

TEOREMA 2: Se então toda subsequência de


converge para o limite .

DEMONSTRAÇÃO

Seja uma subsequência de . Dado , existe


tal que . Como os índices da subsequência formam um

25
subconjunto infinito, existe entre eles um . Então
. Logo .

EXEMPLO 2. A sequência é divergente pois possui


subsequências e convergindo para limites distintos.

TEOREMA 3: Toda sequência convergente é limitada.

DEMONSTRAÇÃO

Seja . Para , obtemos tal que .


Consideremos o conjunto finito . Sejam o menor e
o maior elemento de . Então todos os termos da sequência estão
contidos no intervalo ; logo a sequência é limitada.

EXEMPLO 3. A sequência é divergente, pois não é limitada.

A recíproca do Teorema 3 é falsa, em geral. Com efeito, no Exemplo 2


temos uma sequência limitada que é divergente.

TEOREMA 4: Toda sequência monótona e limitada é


convergente.

DEMONSTRAÇÃO

Para fixar as ideias, seja uma sequência não


decrescente limitada. Tomemos . Afirmamos que
. Com efeito, dado qualquer , como , o número
não é cota inferior do conjunto dos Xn. Logo existe algum tal que
. Como a sequência é não crescente, .
Assim, concluímos que .

OBSERVAÇÃO
Se fosse não-crescente, teríamos .

EXEMPLO 4. Vimos no Exemplo 5 do tópico anterior que a sequência


é crescente e limitada. O Teorema 4 acima garante que

esta sequência é convergente. Escreve-se (número de Euler). No


Exemplo 6 daquele tópico vimos também que a sequência é

crescente e limitada. Veremos mais adiante que , ou seja,

COROLÁRIO 1: (TEOREMA DE BOLZANO-WEIERSTRASS) Toda


sequência limitada possui uma subsequência convergente.

26
Com efeito, basta mostrar que toda sequência possui uma
subsequência monótona. Digamos que um termo é destacado quando
para todo . Seja o conjunto dos índices tais que é um
termo destacado. Se for um conjunto infinito, , então
a subsequência será monótona não crescente. Se, entretanto, for
finito seja maior do que todos os . Então não é destacado, logo
existe com . Por sua vez, não é destacado, logo existe
com . Prosseguindo, obtemos uma subsequência crescente
.

No próximo tópico veremos algumas propriedades básicas dos limites.


Essas propriedades nos permitirão fazer operações com limites.

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27
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 04: SEQUÊNCIAS DE NÚMEROS REAIS

TÓPICO 03: OPERAÇÕES COM LIMITES

Veremos agora como se comportam os limites de sequências


relativamente às operações (soma, multiplicação, divisão, etc.) e às
desigualdades.

Teorema 1: Se e é uma sequência limitada,


então (mesmo que não exista ).

DEMONSTRAÇÃO

Existe tal que para todo . Dado , como ,


podemos encontrar tal que . Logo,

Isto mostra que .

Exemplo 1. Tem-se que , para qualquer . Com efeito

, com e .

Exemplo 2. Mostre que se , então, salvo um número finito


de índices , tem-se que .

SOLUÇÃO

Ora, escolhendo obtemos tal que .

Como , o resultado está provado.

Tendo em vista o Exemplo 2 acima, no Item 3 do teorema abaixo, para


formar a sequência , limitamo-nos aos índices suficientemente grandes

de modo que .

Teorema 2: Se e , então,

1. ; ;

2. ;

3. se .

DEMONSTRAÇÃO

28
1. Dado existem e em tais que e

. Seja . Então implica:

Isto prova que . O caso da diferença se trata do


mesmo modo.

2. Temos . Ora é uma


sequência limitada (Teorema 3 do Tópico 2) e . Logo, pelo
Teorema 1 acima . Por motivo semelhante, .
Assim, pela parte 1 já demonstrada, temos

donde .

3. Inicialmente observemos que , e, pela

partes 1 e 2 já demonstradas, . Portanto, é suficiente mostrar


que a sequência é limitada. Ora, como , para obtemos

tal que , donde

, ou seja, . Logo é limitada e o resultado está provado.

Exemplo 3. Para cada considere a sequência .


Verifique que .

SOLUÇÃO

Ora, sabemos que é decrescente se e crescente se ,


sendo limitada em qualquer hipótese. Existe, portanto . É claro
que , pois se , então e se for , então
. Para provar que , consideramos a subsequência
. Como esta subsequência converge para , temos,
em virtude do Item 3 do Teorema 2,

Exemplo 4. Mostre que .

SOLUÇÃO

Ora, sabemos que existe , pois a sequência é monótona


decrescente a partir do seu terceiro termo. É claro que .
Considerando a subsequência , temos

Como , de concluímos que .

29
Teorema 3: (Conservação do sinal) Se ,
existe tal que . (Se uma sequência tem limite
positivo, a partir de uma certa ordem todos os seus termos são
positivos.)

DEMONSTRAÇÃO

Seja . Então existe tal que .

Assim .

Da mesma forma prova-se que se então, a partir de uma


certa ordem, todos os termos são negativos.

Corolário 1: Sejam e sequências convergentes. Se


para todo então .

Com efeito, se fosse , então teríamos e, daí,


teríamos para todo suficientemente grande.

Teorema 4: (Teorema do Confronto) Sejam


para todo . Se então .

DEMONSTRAÇÃO

Dado arbitrariamente, existem e em tais que


e . Pondo , vemos
que implica , donde .

Exemplo 5. Considere as sequências e .

Mostre que .

SOLUÇÃO

Ora, já vimos que , para todo . O Corolário 1 acima nos


garante que . Por outro lado, fixando arbitrariamente ,
temos, para todo ,

Fazendo (e mantendo fixo) na desigualdade acima, o segundo


membro tende para o limite . Usando o Corolário 1 novamente obtemos
para todo . Novamente a mesma proposição nos permite
concluir que . Enfim, obtemos

30
Dada uma sequência , diz-se que “o limite de é mais infinito” e
escreve-se , para significar que, dado arbitrariamente , existe
tal que implica .

Analogamente, significa que, para todo , existe tal


que implica .

Exemplo 6. É fácil ver que , e .

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Vá para a seção Material de Apoio do ambiente SOLAR e baixe o
arquivo (LISTA4_ANALISE.DOC) ou CLIQUE AQUI (VISITE A AULA
ONLINE PARA REALIZAR DOWNLOAD DESTE ARQUIVO.) para abrir a
Lista de Exercícios desta aula. Resolva a quantidade máxima de exercícios
que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios 2, 7A, 9, 12A, 15
correspondem ao trabalho dessa aula que deve ser postado no PORTFÓLIO
INDIVIDUAL no período marcado na AGENDA do ambiente SOLAR, num
único documento de texto (doc, docx ou pdf) ou manuscrito e escaneado.

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31
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 05: SÉRIES DE NÚMEROS REAIS

TÓPICO 01: SÉRIES NUMÉRICAS

Nesta aula estenderemos a operação de adição (até agora


definida para um número finito de números reais) de modo a
atribuir significado a uma soma com um
número infinito de parcelas.

Dada uma sequência de números reais, a partir dela formaremos


uma nova sequência onde

, , ... , , etc.

Os números chamam-se as reduzidas ou somas parciais da série


. A parcela é o -ésimo termo ou termo geral da série.

Se existir o limite , diremos que a série é convergente e


será chamado a soma da série. Se não

existir, diremos que é uma série divergente.

Às vezes é conveniente considerar séries do tipo , que começam

com em vez de .

EXEMPLO 1. Já vimos na aula passada que a série é

convergente, com soma igual a .

EXEMPLO 2. Verifique que quando a série geométrica


é convergente, e determine seu valor.

SOLUÇÃO

Com efeito, sabemos que, para todo , vale


, ou seja, .

Como , segue-se que e, consequentemente, .

EXEMPLO 3. A série , cujo termo geral é ,

tem -ésima soma parcial

.
Portanto , isto é, .

32
EXEMPLO 4. Verifique que a série é convergente e

calcule seu valor.

SOLUÇÃO

Inicialmente, encontremos tais que

.
Ora, como , devemos ter

, ou seja, . Assim o termo geral da série é

dado por e, consequentemente, a

-ésima soma parcial é dada por

Portanto, a série é convergente e seu valor é dado pelo

limite .

EXEMPLO 5. Verifique se a série , de termo geral é


convergente.

SOLUÇÃO

Ora, a soma parcial é igual a zero quando é par, e igual a 1 quando


é ímpar. Portanto não existe , ou seja, é divergente.

EXEMPLO 6. A série harmônica é divergente.

SOLUÇÃO

Com efeito, temos

Segue-se que e, por conseguinte, .

Uma condição necessária para a convergência de uma série é que seu


termo geral tenda para zero.

TEOREMA 1: Se é uma série convergente então


.

DEMONSTRAÇÃO

Seja sn = a1 + a1+ ... an . Então existe s = LIMsn. Evidentemente, tem-se


também s = LIMsn - 1. Logo

33
0 = s - s = LIMsn - LIMsn - 1 = LIM(sn - sn - 1) = LIM an

OBSERVAÇÃO
A recíproca do Teorema 2 é falsa. Um contraexemplo é dado pela série
harmônica . Seu termo geral tende para zero, mas a série é

divergente, conforme o Exemplo 6 acima.

EXEMPLO 7. Use o Teorema 1 para mostrar que as séries a seguir são


divergentes.

1.

2.

3.

SOLUÇÃO

1. Se a série fosse convergente, então seu termo geral

tenderia a zero. Como , segue-se que é

divergente.

2. Basta observar que LIM2n = + ∞.

3. É suficiente observar que e > 0.

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34
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 05: SÉRIES DE NÚMEROS REAIS

TÓPICO 02: CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA DE SÉRIES

Nem sempre é fácil calcular a soma de uma série! Entretanto, há


critérios que nos permitem concluir que certas somas infinitas são
convergentes sem que haja necessidade de calculá-las. Este será o objetivo
deste tópico.

Teorema 1: (Critério de comparação) Sejam e


séries de termos não-negativos. Se existem e tais
que para todo então a convergência de implica
a de enquanto a divergência de implica a de .

DEMONSTRAÇÃO

Sem perda de generalidade, podemos supor que para todo


. Então as reduzidas e , de e respectivamente, formam
sequências não decrescentes tais que para todo . Como ,
limitada implica limitada e ilimitada implica ilimitada, pois
. O resultado agora é uma consequência do fato de que uma
sequência monótona é convergente se, e somente se, é limitada.

Exemplo 1. Como a série harmônica é divergente, resulta do

critério de comparação que é divergente quando pois, neste caso,

Exemplo 2. Mostre que se , então converge.

SOLUÇÃO

Com efeito, seja a soma da série geométrica . Mostraremos

que toda reduzida da série é . Seja tal que . Então

.
Portanto, é uma sequência crescente e limitada, logo convergente.

Uma série diz-se absolutamente convergente quando é


convergente.

35
Teorema 2: Toda série absolutamente convergente é
convergente.

DEMONSTRAÇÃO

Seja uma série absolutamente convergente. Se ,


então para todo vale,

,
onde . Como é uma sequência de Cauchy, segue-se
que é de Cauchy e, portanto, convergente.

A recíproca do Teorema 2 é falsa. Um contraexemplo é dado pela série


. Esta série não é absolutamente convergente, pois quando

tomamos a soma dos valores absolutos, obtemos a série harmônica, que


diverge. A convergência da série dada segue-se do Teorema 3 abaixo.

Teorema 3: (Leibniz.) Se é uma sequência monótona


decrescente que tende para zero então é uma série
convergente.

DEMONSTRAÇÃO

Seja . Então e
. Logo as reduzidas de ordem par formam uma
sequência não decrescente (pois ) e as de ordem ímpar formam
uma sequência não crescente (pois ). Além disso, como
, temos . Isto mostra que

e . Logo converge e o teorema está


provado.

Teorema 4: (Teste da razão.) Seja para todo


e suponha que exista o limite . Tem-se que:

i. Se então é absolutamente convergente.

ii. Se então não converge absolutamente.

iii. Se o teste é inconclusivo.

DEMONSTRAÇÃO

36
i. Fixe tal que . Então existe tal que

, ou seja, é uma sequência limitada.

Daí existe uma constante positiva tal que , isto é, , para

todo . Como é convergente (pois ) o resultado é uma


consequência do critério de comparação.

ii. Se então a série diverge, pois se tem , donde

para todo suficientemente grande e daí resulta que o termo


geral de não tende para zero.

iii. Se , o teste é inconclusivo pois a série pode convergir (como no


caso ) ou divergir (como no caso ).

Exemplo 3. Analise a convergência das séries.

a) ,

b)

SOLUÇÃO

a) É claro que para a série é trivialmente convergente. Para


escrevemos e observamos que

,
donde . Pelo teste da razão, é convergente.

b) Escrevendo obtemos:

.
Daí, e a série é divergente.

Teorema 5: (Teste da raiz.) Suponha que exista o limite


. Tem-se que:

i. Se então converge absolutamente.

ii. Se então não converge absolutamente.

37
iii. Se o teste é inconclusivo.

DEMONSTRAÇÃO

i. Fixe tal que . Então existe tal que


. Como é convergente (pois ) o
resultado é uma consequência do critério de comparação.

ii. Se então a série diverge, pois se tem , donde


para todo suficientemente grande e daí resulta que o termo geral
de não tende para zero.

iii. Se , o teste é inconclusivo, pois considerando as séries e

temos em ambos os casos . Sabemos que a primeira séria é

divergente e a segunda é convergente.

Exemplo 4. Consideremos a série , onde é um número real


tomado arbitrariamente. Temos . Logo esta série
converge (absolutamente) quando e diverge para .

Exemplo 5. Mostre que

i.

ii.

SOLUÇÃO

i. Escrevendo tem-se que:

.
Daí e, pelo teste da razão, a série é convergente. Em

particular (termos geral desta série) tendo a zero.

ii. Fazendo temos . Portanto, o teste

da raiz nos garante que a série é convergente e, em particular, seu

termo geral tende a zero.

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39
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 06: ALGUMAS NOÇÕES DE TOPOLOGIA – PARTE I

TÓPICO 01: CONJUNTO ABERTOS

Nesta aula faremos uma introdução à topologia da reta.


Estudaremos os conceitos de conjuntos abertos e conjuntos
fechados.

Diz-se que o ponto a é interior ao conjunto quando existe um número δ


> 0 tal que o intervalo aberto (a - δ, a + δ) está contido em X. O X ⊂ R
conjunto dos pontos interiores a X chama-se o interior do conjunto X e
representa-se pela notação int X. Quando a ∈ int X diz-se que o conjunto X é
uma vizinhança do ponto a. Um conjunto A ⊂ R chama-se aberto quando A
= int A, isto é, quando todos os pontos de A são interiores a A.

EXEMPLO 1. Todo ponto do intervalo aberto é um ponto interior


a . Os pontos e , extremos do intervalo fechado não são
interiores a . O interior do conjunto dos números racionais é vazio.
Por outro lado, INT{a,b} = (a,b) . Um intervalo aberto é um conjunto aberto.
O conjunto vazio é aberto. Todo intervalo aberto (limitado ou não) é um
conjunto aberto.

TEOREMA 1:

a) Se e são conjuntos abertos então a interseção


é um conjunto aberto.

b) Se é uma família qualquer de conjuntos abertos, a


reunião é um conjunto aberto.

DEMONSTRAÇÃO

a) Se então e . Como e são abertos, existem


e tais que e . Seja .
Então e logo . Assim, o
ponto é um ponto interior, ou seja, o conjunto é aberto.

b) Se então existe tal que . Como é aberto, existe


tal que , logo todo ponto é interior, isto é, é
aberto.

EXEMPLO 2. Resulta imediatamente de a) no Teorema 1 que a


interseção de um número finito de conjuntos abertos é um
conjunto aberto. Mas, embora por b) a reunião de uma infinidade de
conjuntos abertos seja ainda aberta, a interseção de um número infinito de
abertos pode não ser aberta. Por exemplo, se
então .

40
Diz-se que um ponto é aderente ao conjunto quando é limite
de alguma sequência de pontos . Evidentemente, todo ponto é
aderente a : basta tomar todos os .

Chama-se fecho de um conjunto ao conjunto formado por todos os


pontos aderentes a . Tem-se . Se então . Um conjunto
diz-se fechado quando , isto é, quando todo ponto aderente a
pertence a . Seja . Diz-se que é denso em quando , isto é,
quando todo é aderente a . Por exemplo, é denso em .

TEOREMA 2: Um ponto é aderente a um conjunto


se, e somente se, para todo tem-se .
Em outras palavras, um ponto é aderente ao conjunto se, e
somente se, toda vizinhança de contém algum ponto de .

DEMONSTRAÇÃO

Se é aderente a então com para todo . Dado


arbitrariamente , temos para todo suficientemente
grande. Logo . Respectivamente, supondo satisfeita esta
condição, para cada podemos encontrar tal que .

Isto define uma sequência de pontos tais que . Logo

e então é aderente a .

COROLÁRIO 1: (Equivalente ao teorema.) Um ponto é aderente


a um conjunto se, e somente se, para todo intervalo aberto
contendo tem-se .

Com efeito, todo intervalo aberto contendo contém um intervalo do


tipo .

COROLÁRIO 2: Sejam limitado inferiormente e limitado


superiormente. Então é aderente a e é aderente a .

Com efeito, para todo existem e tais que e


. Isto nos dá e .

EXEMPLO 3. Mostre que o fecho do intervalo aberto é o intervalo


fechado , isto é, .

SOLUÇÃO

Com efeito, os pontos e são aderentes ao intervalo aberto ,


pois e . Logo o fecho de inclui pelo menos o

intervalo fechado . Por outro lado, se e , então


. Logo todo ponto aderente ao intervalo aberto pertence ao intervalo
fechado .

41
EXEMPLO 4. O fecho do conjunto dos números racionais é a reta .
Também o fecho do conjunto dos números irracionais é . Em
particular e não são conjuntos fechados.

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42
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 06: ALGUMAS NOÇÕES DE TOPOLOGIA – PARTE I

TÓPICO 02: CONJUNTOS FECHADOS

Neste tópico destacaremos mais algumas propriedades dos conjuntos


fechados.

Teorema 1: Um conjunto é fechado se, e somente se,


seu complementar é aberto.

DEMONSTRAÇÃO

Sejam fechado e , isto é, . Pelo Teorema 2 do Tópico 1,


existe tal que , ou seja, . Assim, todo
ponto é interior a . Reciprocamente, se o conjunto é aberto e o
ponto é aderente a , então toda vizinhança de contém pontos
de , logo não é interior a . Sendo aberto, temos , ou seja, .
Assim, todo ponto aderente a pertence a , logo é fechado.

Corolário:

a) e o conjunto vazio são fechados.

b) Se são fechados então é fechado.

c) Se é uma família qualquer de conjuntos fechados então a


interseção é um conjunto fechado.

Com efeito, é o complementar do aberto ,e é o complementar do


aberto . Agora, fechados abertos
aberto fechado. Finalmente,
cada fechado cada aberto aberto

fechado. (Veja o Teorema 1 do Tópico 1.)

OBSERVAÇÃO
Cabe aqui uma observação análoga à que foi feita no Exemplo 2 do
Tópico 1: a reunião de uma família arbitrária de conjuntos fechados pode
não ser um conjunto fechado. Isto se vê facilmente: basta tomar um
conjunto qualquer que não seja fechado. Tem-se . (Como

todo conjunto, é a reunião dos seus pontos; cada ponto forma um


conjunto fechado , mas a reunião não é um fechado.)

Teorema 2: O fecho de todo conjunto é um conjunto


fechado, isto é, .

DEMONSTRAÇÃO

43
Tomemos um ponto qualquer . Pelo Corolário 1 do Teorema 2 do
Tópico 1 concluímos que existe um intervalo aberto com e
e que, para todo vale . Isto mostra que todo ponto de é
um ponto de i nterior, ou seja, que é fechado. Pelo Teorema
3, é fechado.

Exemplo 1.

a) Todo conjunto finito é fechado, pois seu


complementar é aberto.

b) O conjunto dos inteiros é fechado, pois seu complementar


é aberto.

c) Existem conjuntos que não são fechados nem abertos, como , ,


ou um intervalo do tipo ou .

d) Os conjuntos e são ambos ao mesmo tempo abertos e fechados.


Estes são de fato os únicos subconjuntos de que são simultaneamente
abertos e fechados, conforme veremos no Corolário do Teorema 5 abaixo.

Uma cisão de um conjunto é uma decomposição tal que


e , isto é, nenhum ponto de é aderente a e nenhum
ponto de é aderente a . (Em particular, e são disjuntos.) A
decomposição chama-se cisão trivial.

Exemplo 2. Se , então é uma cisão. Dado um


número irracional , sejam e . A decomposição
é uma cisão do conjunto dos racionais. Por outro lado, se ,
então não é uma cisão.

Teorema 3: Um intervalo da reta só admite a cisão trivial.

DEMONSTRAÇÃO

Suponhamos, por absurdo, que o intervalo admita a cisão não trivial


. Tomemos , , digamos com , logo . Seja o
ponto médio do intervalo . Então ou . Se , poremos
e . Se , escreveremos e . Em qualquer caso, obtemos
um intervalo , com e , . Por sua vez, o ponto médio
de o decompõe em dois intervalos fechados justapostos de
comprimento . Prosseguindo analogamente, obteremos uma sequência

de intervalos encaixados com ,

e para todo . Pelo Teorema dos Intervalos

Encaixados (Teorema 2 do Tópico 2 da Aula 3), existe tal que


para todo . O ponto não pode estar em pois
, nem em pois . Contradição.

44
Corolário: Os únicos subconjuntos de que são simultaneamente
abertos e fechados são e .

Com efeito, se é aberto e fechado, então é uma cisão,


logo e ou então e .

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Vá para a seção Material de Apoio do ambiente SOLAR e baixe o
arquivo (lista6_analise.doc) ou clique aqui (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.) para abrir a Lista de Exercícios desta
aula. Resolva a quantidade máxima de exercícios que puder,
individualmente ou em grupo. Os exercícios 2, 4, 6, 10 e 12
correspondem ao trabalho dessa aula que deve ser postado no Portfólio
Individual no período marcado na Agenda do ambiente SOLAR, num
único documento de texto (doc, docx ou pdf) ou manuscrito e escaneado.

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45
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 07: ALGUMAS NOÇÕES DE TOPOLOGIA – PARTE II

TÓPICO 01: PONTOS DE ACUMULAÇÃO

Nesta aula daremos continuidade ao nosso estudo


introdutório sobre topologia da reta. Estudaremos os conceitos de
pontos de acumulação e conjuntos compactos.

Seja . Um número chama-se ponto de acumulação do


conjunto quando todo intervalo aberto , de centro , contém
algum ponto diferente de .

O conjunto dos pontos de acumulação de será representado pela


notação (e, às vezes, chamado o derivado de ).

A condição ( é ponto de acumulação de ) exprime-se


simbolicamente do seguinte modo:

Se não é ponto de acumulação de , diz-se que é ponto isolado


de . Isto significa que existe tal que é o único ponto de no
intervalo . Quando todos os pontos do conjunto são isolados,
chama-se conjunto discreto.

TEOREMA 1: Dados e as seguintes afirmações


são equivalentes:

1. é um ponto de acumulação de ;

2. , onde é uma sequência de elementos de ,


dois a dois distintos;

3. Todo intervalo aberto contendo possui um infinidade de


elementos de .

DEMONSTRAÇÃO

Mostraremos que . Para provar a primeira


implicação, seja . Existe tal que . Tomando
, vemos que existe tal que . Seja
. Existe tal que . Prosseguindo desta
forma, obteremos uma sequência de elementos com e

46
. Assim os são dois a dois distintos, pertencem a e .

As implicações são óbvias.

COROLÁRIO: Se então é infinito.

EXEMPLO1.

Seja . Então .

TEOREMA 2: Para todo , tem-se . Ou seja, o


fecho de um conjunto é obtido acrescentando-se a os seus
pontos de acumulação.

DEMONSTRAÇÃO

É claro que e . Logo . Reciprocamente, se


, todo intervalo aberto contendo deve conter algum . Se não
pertencer a então , donde . Assim implica que ou
, isto é, .

Recorde-se que um conjunto é denso em quando , isto é,


quando todo é aderente a .

É claro que as seguintes afirmações são equivalentes a dizer que é


denso em . (Em todas elas supõe-se que .)

a) Todo ponto de é limite de uma sequência de pontos de .

b) Para todo e todo tem-se .

c) Todo intervalo aberto que contenha um ponto de deve conter


também algum ponto de .

TEOREMA 3: Todo conjunto contém um subconjunto


enumerável , denso em .

DEMONSTRAÇÃO

Com efeito, a coleção dos intervalos abertos


com centro e raio racionais, é enumerável (pois a função , dada
por , é sobrejetiva e é enumerável): .
Para cada , escolhamos um ponto , se não for vazio.

47
Caso seja , não existirá. O conjunto dos pontos assim
obtidos é um subconjunto enumerável de . Para mostrar que é denso
em , tomemos arbitrariamente e . Existe racional com
. Como é denso em , encontramos tal que . Logo
, para algum . Assim . Existe, portanto .
Como e pertencem ao intervalo , temos .
Ficou provado que todo intervalo com centro em algum ponto
de contém um ponto . Então é denso em .

COROLÁRIO: Se todos os pontos de um conjunto são isolados


então é enumerável.

Com efeito, seja um conjunto enumerável denso em . Dado


qualquer , temos , mas, como , tampouco pode ser
ponto de acumulação de . Logo . Segue-se que . Concluímos que
é enumerável.

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48
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 07: ALGUMAS NOÇÕES DE TOPOLOGIA – PARTE II

TÓPICO 02: CONJUNTOS COMPACTOS

Uma cobertura de um conjunto é uma família de


conjunto , tais que , isto é, para todo existe algum

tal que .

Uma subcobertura de é uma subfamília , , tal que


ainda se tem .

Exemplo1.

Os intervalos , e constituem uma


cobertura do intervalo . Aqui . Tomando
temos a subfamília , a qual é uma subcobertura de , pois
ainda vale .

A família , onde , é uma cobertura de , pois


. É interessante observar que não possui subcobertura finita.

Teorema 1: (Borel-Lebesgue) Seja um intervalo


limitado e fechado. Dada uma família de intervalos
abertos tais que , existe um número finito deles,

, tais que . Em outras palavras: toda


cobertura de por meio de intervalos abertos admite uma
subcobertura finita.

DEMONSTRAÇÃO

Seja o conjunto dos pontos tais que o intervalo pode


ser coberto por um número finito dos , isto é, . Temos
: por exemplo, . Seja . Evidentemente .
Afirmamos que . Com efeito, existe algum tal que .
Sendo , deve existir tal que . Logo . Mas como ,
temos e daí, , o que prova que .
Mostraremos que . Se fosse , existiria algum com .
Então donde , o que é absurdo, pois e éo
sup de . Vemos, portanto, que o intervalo está contido numa
reunião finita dos , o que prova o teorema.

49
OBSERVAÇÃO 1
(Extensão do teorema acima.) Em vez de intervalos , podemos
supor que , uma cobertura de por conjuntos abertos

quaisquer , e ainda existirá uma cobertura finita:

Com efeito, cada ponto pertence a um aberto . Logo, para


cada em podemos escolher um intervalo aberto tal que .
Isto nos fornece uma cobertura de pelos intervalos , da qual
extraímos uma subcobertura finita . Para cada
existe tal que : assim .

OBSERVAÇÃO 2
(Forma definitiva do Teorema de Borel-Lebesgue.) Seja um
conjunto limitado e fechado. Toda cobertura de por meio de

abertos admite uma subcobertura finita

Demonstração: Seja fechado, é aberto. E sendo


limitado, existe um intervalo limitado que contém . Temos
. Daí se extrai uma subcobertura finita

. Como nenhum ponto de está em , obtemos


, como queríamos demonstrar.

Chama-se compacto a um conjunto que é limitado e fechado.


Assim, o Teorema de Borel-Lebesgue nos diz que toda cobertura aberta de
um compacto admite uma subcobertura finita.

Uma pergunta natural é a seguinte:

Se um conjunto é tal que toda cobertura aberta

admite uma subcobertura finita , tem-se,


necessariamente, que é um compacto?

A resposta à pergunta acima é afirmativa e está incluída no seguinte


resultado geral:

Teorema 2: As seguintes afirmações a respeito de um


conjunto são equivalentes:

1. é compacto;

2. Toda cobertura aberta de possui subcobertura finita;

3. Todo subconjunto infinito de possui ponto de


acumulação pertencente a ;

4. Toda sequência de pontos de possui uma subsequência


que converge para um ponto de .

50
DEMONSTRAÇÃO

A forma definitiva do Teorema de Borel-Lebesgue dá . Para


provar , seja um conjunto sem ponto de acumulação em .
Então para cada , podemos achar um intervalo aberto , de centro ,
que não contém ponto algum de . Em outras palavras, temos
se e se . Isto nos fornece uma cobertura
aberta , da qual podemos extrair uma subcobertura finita

. Em particular, esta reunião finita contém . Ora, para cada


, o único intervalo da cobertura original que continha era o próprio
. Segue-se que, para cada , o intervalo aparece na coleção .
Logo é finito. Assim, quando se supõe que cumpre a condição (2), os
únicos subconjuntos de que não possuem ponto de acumulação em
são os finitos. Segue-se que .

Mostremos agora que . Dada uma sequência de pontos ,


há duas possibilidades: ou o conjunto é finito ou infinito.
No primeiro caso, algum valor deve repetir-se uma
infinidade de vezes, o que nos dá uma subsequência constante – e,
portanto convergente – de . No segundo caso, a hipótese (3) nos dá
, um ponto de acumulação de . Todo intervalo aberto
contém uma infinidade de pontos de e, portanto, contém temos com
índices arbitrariamente grandes. Portanto é, trivialmente, um valor de
aderência de .

Finalmente, mostremos que . De fato, se fosse ilimitado


(digamos superiormente), existiria uma sequência de ponto
de com . Toda subsequência de seria ilimitada e, portanto,
não-convergente. Por outro lado, se não fosse fechado, existiria uma
sequência de pontos com . Qualquer subsequência de
convergiria para , portanto, estaria violando a condição (4). Isto
conclui a demonstração.

Corolário: (Bolzano-Weierstrass) Todo conjunto infinito


limitado possui algum ponto de acumulação.

Com efeito, se é limitado, então existe um intervalo tal que


. Como é um conjunto compacto e é infinito, a parte (3) do
Teorema 2 acima garante que tem um ponto de acumulação em .

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Vá para a seção Material de Apoio do ambiente SOLAR e baixe o
arquivo (lista7_analise.doc) ou clique aqui (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.) para abrir a Lista de
Exercícios desta aula. Resolva a quantidade máxima de exercícios que
puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios exercícios 1, 2, 6a, 9
e 10a correspondem ao trabalho dessa aula que deve ser postado no
Portfólio Individual no período marcado na Agenda do ambiente

51
SOLAR, num único documento de texto (doc, docx ou pdf) ou manuscrito
e escaneado.

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52
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 08: FUNÇÕES CONTÍNUAS

TÓPICO 01: DEFINIÇÃO E PRIMEIRAS PROPRIEDADES

A noção de função contínua é um dos pontos centrais da


Topologia. Ela será estudada nesta aula em seus aspectos mais
básicos.

Uma função , definida no conjunto , diz-se contínua no


ponto quando, para todo dado arbitrariamente, pode-se obter
tal que e impliquem . Em símbolos,
contínua no ponto significa:

; , .

Chama-se descontínua no ponto uma função que não é


contínua nesse ponto. Isto que dizer que existe com a seguinte
propriedade: para todo pode-se achar tal que e
.

Se é um ponto isolado de então toda função é contínua no


ponto .

Com efeito, para qualquer dado, basta tomar tal que


. Então com implica e, portanto
.

Diremos, simplesmente, que uma função é contínua quando


for contínua em todos os pontos de .

EXEMPLO 1. Toda função é contínua porque todo ponto de é


isolado. Pela mesma razão, toda função definida no conjunto
é contínua.

EXEMPLO 2. Mostre que a função , dada por ,é


contínua.

SOLUÇÃO

Inicialmente, mostremos que é contínua em 0. Para cada


dado, podemos escolher e obter: ,
. Isto mostra que é contínua em 0.
Fixemos agora e mostremos que é contínua em . Observemos que
para cada , tem-se que

53
Assim, para cada dado, podemos escolher e obter: ,
. Portanto é contínua em todo ponto

TEOREMA 1: Se é contínua no ponto , então


é limitada numa vizinhança de , isto é, existe tal que,
pondo , o conjunto é limitado.

DEMONSTRAÇÃO

Façamos . Existe tal que e implicam


, ou seja, é limitado.

EXEMPLO 3. A função , dada por , é descontínua

em 0, pois é ilimitada em toda vizinhança de 0.

TEOREMA 2: (CONSERVAÇÃO DO SINAL) Se é


contínua no ponto e , então existe tal que
para todo com .

DEMONSTRAÇÃO

Fixemos . Existe tal que e implicam


.

Um resultado análogo é, obviamente, válido se tivermos no


Teorema 2 acima.

EXEMPLO 4. A função , dada por , é descontínua

em todos os números reais, pois não conserva sinal em nenhuma


vizinhança.

TEOREMA 3: Para que uma função seja contínua


no ponto é necessário e suficiente que se tenha
para toda sequência de pontos com

DEMONSTRAÇÃO

Suponha que contínua em . Seja uma sequência com


. Para cada dado arbitrariamente, pode-se obter tal que
e impliquem . Para esse existe tal
que . Portanto .

Reciprocamente, se não fosse contínua em , existiria tal que


para cada existe com e . Desta forma

54
obteríamos uma sequência com e não converge para
.

Fazendo uso do Teorema 3 e das propriedades operacionais dos limites


(estudadas na Aula 4), obtemos o seguinte resultado.

COROLÁRIO 1: Se são contínuas no ponto , então


, e são contínuas nesse mesmo ponto. Se , então

também é contínua no ponto .

EXEMPLO 5. Todo polinômio é uma função contínua. Toda


função racional (quociente de dois polinômios) é contínua no seu
domínio, o qual é o conjunto dos pontos tais que .

COROLÁRIO 2: A composta de duas funções contínuas é contínua.


Ou seja, se e são contínuas nos pontos e
, respectivamente, e, além disso, , então é
contínua no ponto .

COROLÁRIO 3: Toda restrição de uma função contínua é contínua.


Mais precisamente: seja contínua no ponto . Se e
, então é contínua no ponto .

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55
INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 08: FUNÇÕES CONTÍNUAS

TÓPICO 02: FUNÇÕES CONTÍNUAS NUM INTERVALO

TEOREMA 1: (TEOREMA DO VALOR INTERMEDIÁRIO) Seja


contínua. Se então existe tal que
.

DEMONSTRAÇÃO

Consideremos os conjuntos e .
Observemos, inicialmente, que é fechado. Com efeito,
e, sendo e abertos, é
suficiente mostrar que os pontos do conjunto estão no
interior de . Ora, se então existe, por conservação de sinal
(Teorema 2 do Tópico 1), tal que para todo
. Isto significa que e,
consequentemente, todos os pontos de são de interior, ou seja, é
aberto. De modo análogo, conclui-se que é aberto. Desta forma,
temos que e são fechados e, portanto, . Além disso,
é claro que . Se for então o teorema está demonstrado
porque se tem para qualquer . Se, entretanto, fosse
então seria uma cisão não trivial (por que e
), o que é vedado pelo Teorema 3 do Tópico 2 da Aula 6. Logo deve ser
e o teorema está provado.

OBSERVAÇÃO
O Teorema do Valor Intermediário, evidentemente, vale também no
caso de .

EXEMPLO 1. Mostre que a equação polinomial tem pelo


menos uma raiz no intervalo .

SOLUÇÃO

Consideremos a função contínua , dada por .


Como , segue-se, do Teorema do Valor Intermediário,
que existe tal que , ou seja, .

EXEMPLO 2. Mostre que a equação admite ao menos uma

raiz real.

SOLUÇÃO

Inicialmente, observemos que

.
Assim, estudemos a função polinomial , dada por
. Como , existe tal que e,

56
consequentemente, é uma raiz da equação . Note que aqui

estamos aplicando o Teorema do Valor Intermediário à restrição .

COROLÁRIO 1: Seja contínua num intervalo (que pode ser


fechado ou não, limitado ou ilimitado). Se pertencem a e
então existe tal que .

Basta restringir ao intervalo e aplicar o Teorema 1.

COROLÁRIO 2: Seja contínua num intervalo . Então é


um intervalo.

Com efeito, sejam e . (Esta notação é


simbólica. Podemos ter , no caso de ser ilimitada inferiormente em
, ou , no caso de ser ilimitada superiormente em .) Afirmamos
que é um intervalo, cujos extremos são e . (É importante observar
também que pode ocorrer e, neste caso, seria um intervalo
degenerado, ou seja, se reduziria a um ponto.) No caso , devemos
mostrar que para cada com , deve existir tal que . De
fato, pelas definições de inf e sup (ou pela definição de conjunto ilimitado, no
caso de algum dos extremos ou ser infinito) existem tais que
. Pelo Corolário 1, existe tal que .

OBSERVAÇÃO
No Corolário 2, nada afirmamos sobre os extremos do intervalo
pertencerem ou não ao intervalo. Podemos ter , ou ,
ou ou . Também o intervalo é completamente
arbitrário. Por exemplo, seja dada por . Temos
e .

EXEMPLO 3. Se é um intervalo e é uma função contínua que


só assume valores inteiros, então é constante. Com efeito, deve ser
um intervalo contido em . Logo é degenerado (reduz-se a um ponto).

EXEMPLO 4. Mostre que todo polinômio real ,


de grau ímpar (isto é, e ímpar) possui
uma raiz real, ou seja, existe tal que .

SOLUÇÃO

Para fixar as ideias, suponhamos . Então podemos escrever, para


,

.
Considerando as sequências e , observamos que
e (por ser ímpar e ser positivo). Portanto
é um intervalo ilimitado inferior e superiormente, logo .
Assim, é sobrejetiva e, em particular, existe tal que .

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INTRODUÇÃO À ANÁLISE
AULA 08: FUNÇÕES CONTÍNUAS

TÓPICO 03: FUNÇÕES CONTÍNUAS EM CONJUNTOS COMPACTOS

Teorema 1: Seja contínua. Se é compacto


então é compacto.

DEMONSTRAÇÃO

Dada uma cobertura aberta , podemos, para cada ,

escolher tal que . Em virtude da continuidade de , cada


ponto pode ser posto num intervalo aberto tal que
. Obtemos assim uma cobertura aberta .

Como é compacto, podemos extrair uma subcobertura finita


. Consequentemente, , o que prova a
compacidade de .

SEGUNDA DEMONSTRAÇÃO

Seja uma sequência em . Para cada , existe tal que


. Como é compacto, podemos obter uma subsequência
convergente . Sendo contínua, temos
. Logo é compacto, pois toda sequência
de pontos de tem subsequência convergente em .

Corolário: (Weierstrass) Toda função contínua definida


num compacto é limitada e atinge seus extremos (isto é, existem
tais que para todo .)

Com efeito, , sendo compacto, é limitado e fechado. Logo


e . Portanto existem tais que
e .

Exemplo 1.

a) A função , definida por , não é limitada. Isto

pode ocorrer porque seu domínio é um conjunto limitado, mas não fechado
(e, portanto, não é compacto).

b) A função , definida por é limitada, mas não


assume um valor máximo nem um valor mínimo no seu domínio .

c) A função , definida por , é contínua e limitada.

Assume seu valor máximo no ponto , mas não existe tal que
. Isso é possível porque o domínio de é um
subconjunto fechado, mas não limitado de .

59
d) A função , definida por , está definida no

compacto , mas é ilimitada. Isto pode acontecer porque não é contínua


em .

Exemplo 2. Seja dada por .

a) Prove que é o valor máximo de .

b) Prove que existe tal que é o valor mínimo de .

SOLUÇÃO

a) Para cada tem-se que . Daí, ,

ou seja, é o valor máximo de .

b) Pelo Corolário do Teorema 1 (Weierstrass), existe tal que


é o valor mínimo de . Portanto, resta mostrar que não é o
valor mínimo de . Ora, visto que , segue-se

que não é o valor mínimo de e, consequentemente, existe


tal que é o valor mínimo de .

Teorema 2: Se é compacto então toda bijeção


contínua tem inversa contínua .

DEMONSTRAÇÃO

Tomemos um ponto arbitrário e mostremos que é


contínua no ponto . Se não fosse assim, existiriam um número e uma
sequência de pontos com e , isto é,
para todo . Passando a uma subsequência, se necessário,
podemos supor que , pois é compacto. Tem-se . Em
particular, . Mas, pela continuidade de , .
Como já temos , daí resultaria , contradizendo a
injetividade de .

Exemplo 3. Sejam , e a bijeção contínua


definida por tem por inversa a função , dada por

. É interessante observar que é descontínua em .

Isso é possível porque não é um conjunto compacto.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Vá para a seção Material de Apoio do ambiente SOLAR e baixe o
arquivo (LISTA8_ANALISE.DOC) ou CLIQUE AQUI (VISITE A AULA
ONLINE PARA REALIZAR DOWNLOAD DESTE ARQUIVO.) para abrir a
Lista de Exercícios desta aula. Resolva a quantidade máxima de exercícios
que puder, individualmente ou em grupo. Os exercícios 1, 3, 6, 12 E 13

60
correspondem ao trabalho dessa aula que deve ser postado no PORTFÓLIO
INDIVIDUAL no período marcado na AGENDA do ambiente SOLAR, num
único documento de texto (doc, docx ou pdf) ou manuscrito e escaneado.

REFERÊNCIAS
LIMA, Elon Lages. Análise Real, Volume 1. Coleção Matemática
Universitária, IMPA, 2002.

LIMA, Elon Lages. Curso de Análise, Volume 1. Coleção


Matemática Universitária, IMPA, 2002.

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