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RESUMO
Este trabalho é um estudo inicial sobre a solução numérica de equações diferenciais ordinárias
rı́gidas. Investigou-se, dentre alguns métodos numéricos de passo simples e de passo múltiplo,
explı́citos e implı́citos, aqueles que fornecem as melhores aproximações para a solução de uma
equação diferencial ordinária rı́gida.
Uma equação diferencial é dita rı́gida quando a sua solução exata tem um termo da forma
e−ct , onde c >> 0 e t > 0. Este termo, que decai rapidamente para zero à medida que t aumenta,
é a parte transiente da solução. A rigidez é caracterizada pela existência de duas ou mais escalas
distintas para a variável independente [1, 2, 3]. Problemas de valor inicial com equações rı́gidas
são relativamente comuns, particularmente no estudo de vibrações, reações quı́micas e circuitos
elétricos.
Palavras-chave: Equações diferenciais ordinárias rı́gidas, métodos de passo simples, métodos
de passo múltiplo, métodos explı́citos, métodos implı́citos.
1 Problema de Cauchy
Selecionou-se o seguinte problema de valor inicial (p.v.i.) rı́gido [1]:
d 5 2 1
y(t) = t + t − 10y(t), t ∈ [0, 5]; (1)
dt 2 2
y(0) = 4;
5 1
fn = f (tn , yn ) = t2n + tn − 10yn ; (2)
2 2
1
y(t) = 4e−10t + t2 . (3)
4
Para solucionar numericamente o p.v.i. (1), cria-se uma malha de n + 1 pontos do domı́nio
da função y(t), t0 < t1 < ... < tn , e em cada ponto tk dessa malha usa-se o valor aproximado
de y(t) em um ou mais pontos para calcular o valor aproximado de y(t) em tk , denotado por
yk . A diferença tk − tk−1 = h, k = 1, 2, ..., n, é o passo de integração, o qual, neste trabalho, é
constante.
2 Métodos numéricos
Método de Euler
h
yn+1 = yn + (fn + fn+1 ) , n = 0, 1, 2, ... (6)
2
Método de Runge-Kutta 44
h
yn+1 = yn + (kn1 + 2kn2 + 2kn3 + kn4 ) , n = 0, 1, 2, ...
6
1 1
kn1 = f (tn , yn ) , kn2 = f tn + h, yn + hkn1
2 2
1 1
kn3 = f tn + h, yn + hkn2 , kn4 = f (tn + h, yn + hkn3 ) (7)
2 2
Método de Adams-Bashforth
h
yn+1 = yn +(55fn − 59fn−1 + 37fn−2 − 9fn−3 ) , n = 0, 1, 2, ... (8)
24
Método de Adams-Moulton
h
yn+1 = yn + (9fn+1 + 19fn − 5fn−1 + fn−2 ) , n = 0, 1, 2, ... (9)
24
Os métodos (5),(6) e (9) são implı́citos, pois torna-se necessário solucionar uma equação
algébrica para determinar yn+1 ; os demais métodos são explı́citos. Além disso, os métodos (8)
e (9) são ditos de passo múltiplo, pois dependem de mais de um ponto anterior para calcular
yn+1 , ao contrário dos métodos (4)-(7), de passo simples ou passo único, que dependem do
ponto imediatamente anterior. Nos métodos (8) e (9), empregou-se o método (7) para calcular
y1 , y2 e y3 . Implementou-se os métodos (4)-(9) em linguagem C [4] e utilizou-se o Matlab para
visualizar os resultados (Figura 1).
3 Resultados numéricos
A Tabela (1) e a Figura (1) mostram a norma do máximo do erro absoluto cometido (k e k∞ )
e o tempo médio de processamento (tCP U ) dos métodos (4)-(9). Como a função que mede o
tempo de processamento em C é imprecisa, para cada método e passo de integração repetiu-se
o processo 1000 vezes e considerou-se a média aritmética como tempo médio.
4 Conclusões
Através da análise dos resultados obtidos, conclui-se que os métodos implı́citos fornecem,
em geral, aproximações melhores do que os explı́citos para passos de integração maiores, o que
evidencia maior região de estabilidade [1, 2, 3].
Referências
[1] W.E. Boyce; R.C. Diprima, “Equações diferenciais elementares e problemas de valores de
contorno”, 9 ed., LTC, Rio de Janeiro, 2006.
10
Euler
10 Euler Implícito 0
10
Euler Aprimorado
8
10 Runge−Kutta 4x4 −1
Adams−Bashforth 10
6 Adams−Moulton
10
−2
10
4
10
−3
10
2
10
−4
0 10
10
−5
10
−2 10
−4 −6
10 10
0 −2 −1 0 1
10 10 10 10 10
(a) (b)
Figura 1: Norma do máximo do erro absoluto cometido na solução numérica do p.v.i. (1)
empregando-se os métodos (4)-(9) com os seguintes passos de integração: (a) 0, 5; (b) 0, 015625.
[2] R.L. Burden; J.D. Faires, “Numerical analysis”, 9th ed., Brooks/Cole, Boston, 2011.
[3] A.M. Roma, R.L. Nós, “Tratamento numérico de equações diferenciais - Notas de aula”,
IME-USP, São Paulo, 2012.