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Ministério da Educação

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul


Escola de Gestores

MARIA ROSA PEREIRA DE ANDRADE

EVASÃO NA ESCOLA CEEJA/DOURADOS/MS E OS DESAFIOS DA


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA FRENTE ÀS DIFICULDADES DOS ALUNOS
DA EJA EM CONCLUIR SEUS ESTUDOS

DOURADOS/MS, DEZEMBRO
2014
MARIA ROSA PEREIRA DE ANDRADE

EVASÃO NA ESCOLA CEEJA/DOURADOS/MS E OS DESAFIOS DA


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA FRENTE ÀS DIFICULDADES DOS ALUNOS
DA EJA EM CONCLUIR SEUS ESTUDOS

Monografia apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Coordenação Pedagógica, à
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
como requisito para obtenção do título de
Especialista em Coordenação Pedagógica, sob
orientação do Prof. Dr. Alcimar Queiroz.

DOURADOS/MS, DEZEMBRO
2014
DEDICATÓRIA

Dedico as minhas filhas Vitória e Ana Luiza e ao meu esposo Adão, pelo apoio
e a compreensão, pois em muitos momentos deixei de acompanhá-los, para que pudesse
concluir, este trabalho, com êxito.
RESUMO

O presente trabalho aborda a atuação do coordenador pedagógico como agente


formador e articulador no processo ensino aprendizagem, na modalidade educacional:
Educação de Jovens e Adultos (EJA), e as dificuldades dos educadores em trabalhar com
este público. O tema foi pensado mediante às dificuldades enfrentadas pelos professores e
alunos do Centro Estadual de Jovens e Adultos de Dourados/MS. Através de questionário
aplicado a 20 alunos do ensino fundamental e médio constatou-se que o maior índice de
evasão escolar está relacionado às necessidades dessas pessoas em ter que trabalhar para
sustentar a família e isso faz com que aumente cada vez mais o número de alunos que deixam
as salas de aula. A pesquisa realizada foi pautada principalmente nas ideias de (Freire
1983/2010), (Gadotti e Romão, 2004), (Moll 2004), (Arroyo 2011), (Soares 2011),
(Schwartz 2012) (V Conferência Internacional de Amburgo sobre a educação de adultos
1997) (LDB 9394/96) e (Projeto CEEJA 2009/14). Com este estudo pretende contribuir para
a reflexão acerca de práticas pedagógicas que atendam as especificidades dos estudantes de
EJA.

Palavras-chaves: Coordenador Pedagógico – EJA – CEEJA – Evasão


SUMÁRIO

Introdução.......................................................................................................................6

1. Coordenador Pedagógico na EJA e sua Importância no Processo Ensino-


Aprendizagem ...........................................................................................................08

2. O Professor da EJA....................................................................................................13

3. EJA no Brasil e a Questão da Evasão .......................................................................16

4. Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos - CEEJA/Dourados/MS – uma


Abordagem da Evasão em 2014.......................................................26

4.1. Perfil dos Alunos do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos -


Ceeja/Dourados/MS.....................................................................................27

4.2. Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos - Ceeja/Dourados/MS, no


Primeiro Semestre de 2014...........................................................................28

Considerações Finais.......................................................................................................36

Referências.....................................................................................................................39
INTRODUÇÃO

A pesquisa em questão traz como tema O Coordenador Pedagógico como


articulador no processo ensino aprendizagem para alunos da Educação de Jovens e Adultos
(EJA) visando diminuir a evasão escolar que, em qualquer nível de ensino tem sido um
desafio para os profissionais da educação.

O objetivo principal deste trabalho será desvendar as principais causas da Evasão


Escolar no Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos de Dourados\MS e a
importância do Coordenador Pedagógico no processo de aprendizagem, na conclusão da
etapa/fundamental ou médio com êxito e assim tentar contribuir com a temática da evasão.

Para isso, a pesquisa será organizada em cinco capítulos, onde demonstraremos a


evolução histórica do que hoje denominamos Coordenador Pedagógico ou Professor
Coordenador; o perfil do aluno da EJA; a importância da forma de atuação do professor da
EJA; uma pesquisa apresentada pelo MEC/SECADI e pela Secretaria de Educação do Estado
de Mato Grosso do Sul, sobre os números de evasão escolar entre os anos de 2006 a 2011.
Na sequência demonstraremos uma pesquisa realizada no Centro Estadual de Jovens e
Adultos onde será aplicada um questionário aos alunos com o propósito de detectar o que
para eles seriam os principais motivos de interromperem seus estudos.

Considerando que uma Educação de qualidade deve ser uma busca constante das
instituições de ensino e para que isso se torne realidade são necessárias ações que sustentem
o trabalho em equipe. As instituições de ensino precisam cada vez mais de profissionais
responsáveis, inteligentes, dinâmicos e com habilidades para resolver problemas e tomar
decisões. Assim, pretendemos desvendar as atribuições necessárias para a efetividade do
trabalho de toda equipe escolar, principalmente daqueles que estão na linha de frente deste
trabalho, ou seja, os professores e o coordenador pedagógico, pois como afirma Freire (1983,
p16) “A primeira condição para que um ser possa assumir um ato comprometido está em ser
capaz de agir e refletir”.

O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do


profissional. Citando Freire (1983):
Referimo-nos ao diálogo. Trata-se de uma atitude dialogal à qual os coordenadores
devem converter-se para que façam realmente educação e não domesticação.
Precisamente porque, sendo o diálogo uma relação eu_tu, é necessariamente uma
relação de dois sujeitos. Toda vez que se converte o “tu” desta relação em mero
objeto, ter-se-á pervertido já não se estará educando, mas deformando. (FREIRE
1983, p.32)

O coordenador pedagógico é o elemento mediador entre currículo e professores.


Dessa forma é ele quem deverá auxiliar o professor a fazer as devidas articulações
curriculares, considerando suas áreas específicas de conhecimento, os alunos com quem
trabalha, a realidade sociocultural em que a escola se situa e os demais aspectos das relações
pedagógicas e interpessoais que se desenvolvem na sala de aula e na escola.
Assim, intenta-se apontar como deve ser o trabalho do coordenador pedagógico
associado ao processo de formação em serviço dos professores e o papel destes como agentes
ativos na transmissão do conhecimento com o propósito de atender as demandas da
sociedade
CAPITULO 1

O COORDENADOR PEDAGÓGICO NA EJA E SUA


IMPORTÂNCIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

O cargo de coordenador pedagógico, regulamentado pela LDB n. 9394/1996,


surgiu na década de 90, com a função de materializar o projeto pedagógico e passou-se então,
a substituir o de supervisor escolar, que até a década de 80/90 era visto como um fiscalizador,
um inspetor das práticas escolares e não alguém que contribuía com a aprendizagem. Havia
uma conotação negativa ao termo “supervisor pedagógico” que era fortemente criticada
como sendo uma atividade controladora da prática pedagógica dos professores, relegados à
condição de executores, então o termo coordenador pedagógico constituiu-se em um
atenuante a esse repúdio.

Apesar das mudanças a profissão de coordenador pedagógico (CP) ainda é muito


complexa e polêmica. Espera-se que este seja especialista em diversas didáticas, mas, na
maioria dos casos ele acaba assumindo funções administrativas e repetindo a atuação do
supervisor e o apoio que deveria dar aos professores fica em segundo plano ou não acontece.

Apesar das dificuldades enfrentadas por este profissional, com


comprometimento, consciência do seu papel perante a sociedade, como coadjuvante para a
transformação social através da educação, é possível realizar um trabalho eficiente,
democrático e com qualidade social, como aponta Pereira e Lima (Org. 2011, p. 8):

A organização do trabalho do coordenador pedagógico é fundamental para o


desenvolvimento das atividades-fim da escola e essas centradas no
desenvolvimento do estudante em sua totalidade: dimensão social cognitiva,
cultural, etc.; o que requer sistematização e visão de conjunto. (PEREIRA; LIMA,
2011, p. 8):

O coordenador pedagógico tem como função principal auxiliar o trabalho do


professor visando a melhoraria da qualidade do ensino, deixando de ser fiscalizador para ser
parceiro.

É muito importante que este profissional organize momentos de atendimento ao


professor nas horas atividades, para que juntos possam refletir sobre o desenvolvimento das
aulas e sobre o processo ensino-aprendizagem. Esses momentos são enriquecedores pois o
professor terá oportunidade para falar sobre suas dificuldades, pretensões, necessidades e
assim, o coordenador poderá sugerir atividades que possam contribuir a prática e diminuir
as dificuldades enfrentadas no cotidiano em sala de aula.

A tomada de consciência para uma prática pedagógica ressignificada na e pela


convivência é um exercício de aprendizagem que aprimora o reconhecimento de
que os conhecimentos, os valores, os sentidos das ações docentes são construídos
por múltiplas vozes que solicitam encontros dialéticos permanentes, mas que em
si estão sempre em estado de “novidade de encaminhamentos e propósitos”, não
pela inediticidade de temáticas da escola em seu entorno, mas pelo acuramento do
olhar sobre os fundamentos, consequências e implicações que tais objetos
demandam frente a interesses identificados que inquietam os interlocutores por
seu ocultamento, desta maneira, a prática pedagógica ressignificada na
convivência possibilita outra forma de aprendizagem para os alunos, para o
professor e para toda a comunidade escolar. (PEREIRA; LIMA, 2011, p. 10)

Em se tratando de (EJA), podemos perceber que as circunstâncias são


desfavoráveis, uma vez que os profissionais que trabalham com esta modalidade de ensino
não são formados para atender este público. Sendo assim, fica a cargo do coordenador
pedagógico pensar e atuar com mais afinco contribuindo de forma significativa na
interlocução entre o saber prático e o saber teórico e, principalmente, ajudar o professor a
entender que adultos aprendem de forma diferente da criança e do adolescente e têm uma
vida mais complexa, com emprego, família para sustentar, preocupações e estresse, fatores
que influenciam na aprendizagem.

Ao pensar em EJA, que por vários motivos, ficou à margem do processo


educacional, destaca-se o valor da educação para a construção de uma cidadania
ativa, podendo ser a EJA um espaço de direito de desenvolvimento humano.
(SOEK, 2009, p. 6)

O grande desafio do coordenador pedagógico é de como ele pode estar


interagindo com a comunidade docente e escolar para alcançar êxito na melhoria da
qualidade do ensino-aprendizagem, desta modalidade, tornando o ambiente escolar propício
ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico, respeitador as diversidades que se
apresentam na escola.

Assim, julgamos ser de fundamental importância que os docentes possam atuar


com a diversidade existente entre os educandos da EJA, levando em consideração
os conhecimentos prévios, as histórias de vida, a experiência social desses
educandos, como fonte de investigação e como meio para uma aprendizagem
significativa. (SOEK, 2009, p. 7)
A educação de qualidade dever ser uma busca constante das instituições de
ensino e para que isso se torne realidade são necessárias ações que sustentem o trabalho em
equipe de gestores, coordenadores pedagógicos, conselheiros, administrativos, em pareceria
com pais e alunos.

As instituições de ensino precisam cada vez mais de profissionais responsáveis,


dinâmicos e inteligentes, com habilidades para resolver problemas e tomar decisões. Um
desses profissionais é o coordenador pedagógico, que tem que ir além do conhecimento
teórico, uma vez que, para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é
necessário percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e
professores, manter-se sempre atualizado, buscando fontes de informações e refletindo sobre
sua atuação.

É importante ressaltar que a coordenação pedagógica é desempenhada por um


educador, e como tal deve estar no combate a tudo que desumaniza a escola: a reprodução
da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento dissociado da realidade, a evasão,
a discriminação social na e através da escola.

Desta forma, o papel do coordenador pedagógico é fundamental diante as


dificuldades enfrentadas pelos educadores no seu cotidiano, com o processo de
aprendizagem para EJA.

A parceria aos professores não deve restringir-se em conferir planos, auxiliar


em digitação de atividades, mas de incentivá-los a melhorar suas práticas, promovendo uma
continuidade e aperfeiçoamento da aprendizagem desses profissionais. Freire entende que
o coordenador pedagógico é:

[...] primeiramente, um educador e como tal deve estar atento ao caráter


pedagógico das relações de aprendizagem no interior da escola. Ele deve levar os
professores a ressignificarem suas práticas, resgatando a autonomia sobre o seu
trabalho sem, no entanto, se distanciar do trabalho coletivo da escola.
(FREIRE, 1982, p.04)

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino e se


caracteriza como educação pública para pessoas com experiências diferenciadas de vida e
de trabalho e que não tiveram acesso, por algum motivo, ao ensino regular na idade
apropriada. LDB 9.394/1996.
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram
acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade
própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que
não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições
de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
(LDB, 9.394/96, Seção V)

A maioria dos estudantes da EJA traz consigo resquícios de um processo


histórico marcado pela exclusão e má qualidade na disseminação do ensino, como afirma
Soares, (2011):

O que é fato, no entanto, é que à EJA têm-se dedicado insignificantes


olhares e recursos públicos, deixando desatendida grande parta da
população que não conseguiu realizar sua escolaridade nos níveis mais
elementares. Movem-se os governantes pensando apenas em construir o
futuro, esquecendo-se do passado. Soares (Org. 2011, p. 8-9):

Dessa forma, os estudantes da EJA compõem um grupo social de jovens e


adultos excluído ou que não tiveram acesso à escola, mas que não se mantiveram assim ao
buscar, mesmo que tardiamente, a retomada dos seus estudos.

O sistema educacional, por sua vez, deve apresentar um ensino de qualidade


mediante esforço de formação docente para essa modalidade, de modo a suprir as
necessidades apresentadas por esse público. Os alunos da EJA são na maioria trabalhadores
assalariados, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, portadores de deficiências
especiais. São alunos com diferenças culturais, étnicas, religiosas e crenças.

3. A educação de adultos pode modelar a identidade do cidadão e dar um


significado à sua vida. A educação ao longo da vida implica repensar o conteúdo
que reflita certos fatores, como idade, igualdade entre os sexos, necessidades
especiais, idioma, cultura e disparidades econômicas. Engloba todo o processo de
aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas “adultas” pela
sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e
aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a
satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade. A educação não-formal e o
espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade
multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser
reconhecidos. (Declaração de Hamburgo: agenda para o futuro, 1999, p 19)

Para esses alunos, a escola deve ser um espaço de transformação social e


construção de conhecimentos e para isto, é necessário tornar a aprendizagem significativa
para todos, pois sabemos que muitas vezes este aluno vem cansado do trabalho, são mães e
precisam sair mais cedo porque têm que buscar a criança na escola, enfim, buscam o que
acham necessário ao acréscimo do seu aprendizado. Dessa faz-se necessário um currículo
que atenda às necessidades desses estudantes. Nesse sentido Oliveira (2007) afirma que:

Alguns dos problemas que enfrentamos nas escolas e classes decorrem exatamente
dessa organização curricular que separa a pessoa que vive e aprende no mundo
daquela que deve aprender e apreender os conteúdos escolares. No caso da EJA,
um outro agravante se interpõe e se relaciona com o fato de que a idade e vivências
social e cultural dos educandos são ignoradas, mantendo-se nestas propostas a
lógica infantil dos currículos destinados às crianças que freqüentam a escola
regular. (Oliveira, 2007)

A Educação de Jovens e Adultos tem as suas especificidades. Portanto, os


profissionais, dessa modalidade, representam uma figura importante na permanência ou não
desses alunos na escola, pois essas especifidades exigem uma prática pedagógica específica.
Sobre esse assunto, Schwartz (2012) faz uma reflexão muito importante.

Outra questão importante que se faz necessária explicitar, como consequência de


todo esse processo de exclusão e marginalização, é o perfil do aluno de EJA: os
alunos desta modalidade encontram-se já em idade de pertencer ao mundo do
trabalho, não dispondo de tempo fixo disponível, o que os faz abandonar repetidas
vezes, a escola. As classes de EJA também acolhem (talvez o termo mais
adequado, segundo a autora, seja “recebem”) sujeitos com nível cultural e
educacional diferenciado, o que faz do espaço da sala de aula um ambiente rico e
marcado pela diversidade. Além disso, os alunos de EJA em função de fracassos
anteriores possuam muitas vezes, uma baixa autoestima; portanto, precisam ser
motivados, e o educador deverá buscar diferentes maneiras de promover e
despertar o interesse e o entusiasmo e acima de tudo mostrar a esses alunos que é
possível aprender. (Schwartz, 2012, p 13)

Dessa forma, o papel do professor é de fundamental importância para este aluno


que está retornando à sala de aula. Portanto, o professor de Educação de Jovens e Adultos
deve ser especial, capaz de identificar o potencial de cada aluno, motivá-los, buscar
diferentes maneiras de promover e despertar o interesse, o entusiasmo e o prazer em
aprender. Como diz Freire (1983):

Quanto mais for levado a refletir sobre sua situacionalidade, sobre seu
enraizamento espaço-temporal, mais “emergerá” dela conscientemente
“carregado” de compromisso com sua realidade, da qual, porque é sujeito, não
deve ser simples espectador, mas deve intervir cada vez mais. (Freire 1983. 61)

Tendo em vista as particularidades que cada um apresenta, em função de suas


experiências e saberes já vivenciados e, também, a complexidade de relações possíveis, não
faz sentido prever um trajeto único e obrigatório para todos os sujeitos no processo de
aprendizagem. Cada um tem uma forma própria e única de tecer conhecimentos através dos
modos como atribui sentido às informações recebidas, estabelecendo conexões entre o
conhecimento adquirido anteriormente e os novos.

O formalismo e a fragmentação dos saberes que vêm caracterizando a grande


maioria das propostas curriculares que conhecemos poderiam, ser superados se os
envolvidos com o processo educacional repensassem e reconstruíssem a educação de acordo
com a evolução e as necessidades atuais, como diz Romão e Gadotti (2004):

Neste novo cenário da educação será preciso reconstruir o saber da escola e a


formação do educador. Não haver um papel cristalizado tanto para a escola quanto
para o educador. Em vez da arrogância de quem se julga dono do saber, o professor
deverá ser mais criativo e aprender com o aluno e com o mundo. Numa época de
violência, de agressividade, o professor deverá promover o entendimento com os
diferentes e a escola deverá ser um espaço de convivência, onde os conflitos são
trabalhados e não camuflados. (Romão e Gadotti, 2004, p. 117):

Portanto, restringir o entendimento da ação pedagógica aos conteúdos formais


de ensino constitui uma mutilação não só dos saberes que se fazem presentes nas
escolas/classes, mas dos próprios sujeitos, à medida que fragmenta suas existências em
pequenas "unidades analíticas" operacionais incompatíveis com a complexidade humana.
Oliveira (2007).

CAPÍTULO 2

O PROFESSOR DA EJA

A forma de atuação do professor de EJA é muito importante para o sucesso da


aprendizagem do aluno adulto que o vê como um modelo a seguir. Não é preciso uma
metodologia revolucionária, mas que este tenha a sensibilidade de perceber as necessidades,
os anseios desse público que já vivenciou problemas como preconceito, vergonha,
discriminação, críticas, dentre tantos outros e que essas questões são vivenciadas tanto no
cotidiano familiar como na vida em comunidade. Schwartz (2012) coloca muito bem sobre
a importância do educador para esse público.
O educador de hoje é o aluno de ontem que não esqueceu sua professora, sua
escola e lugar que isso representa na sua família e em seus projetos futuros. Pode
ser que, nas sua forma de atuar em sala de aula, o professor repita padrões ou
ressentimentos que nunca puderam ser elaborados, analisados ou ouvidos em
contexto apropriado para isso. (...) As representações mentais dos docentes estão
influenciadas/influenciam o seu saber, o seu fazer e o seu pensar, incidindo sobre
o êxito ou o fracasso dos aprendizes. (Schwartz 2012, p. 8)

Paulo Freire, na década de 60, já apresentava uma nova perspectiva para ensino
de jovens e adultos. Seu trabalho, na época, teve grande repercussão, não só no sentido do
ler e escrever, mas dando maior ênfase à conscientização política de organização das
camadas populares; foi reprimido diante de seu ato formador conseguindo em 40 dias
alfabetizar grupos de trabalhadores dentro dos princípios humanos e democráticos. De
acordo com a visão de Paulo Freire:

Em todo homem existe um ímpeto criador. O ímpeto de criar nasce da inconclusão


do homem. A educação é mais autêntica quanto mais desenvolve este ímpeto
ontológico de criar. A educação deve ser desinibidora e não restritiva. É necessário
darmos oportunidades para que os educadores sejam eles mesmos. (Freire 1983,
p.32)

A escola atual precisa estar preparada para receber e formar estes jovens e
adultos que são frutos de uma sociedade injusta, mas para isso é necessário, professores
dinâmicos, responsáveis, criativos, que tenha a capacidade de inovar e transformar sua sala
de aula em um lugar atrativo e estimulador e que acima de tudo respeitem as condições
culturais desses alunos.

Para tanto é de suma importância que este, apoiado pelo coordenador


pedagógico, selecione conteúdos que estejam direcionados aos interesses sociais, culturais e
históricos do aluno jovem e adulto, tornando as aulas atraentes e significativas. Desta forma
como coloca Moll (Org., 2004):

Fazer-se professor ou professora de adultos implica empreender trajetórias que se


enveredem pela razão sensível que, compreendendo e explicando o mundo com
seus condicionantes históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais, permita
que as singularidades das histórias humanas se explicitam no espaço da sala de
aula para que cada um, se dizendo, possa dizer de seu mundo. E dizendo suas
novas palavras possa encantar-se com o universo de conhecimento que vem
através delas. (Moll Org., 2004):

O fato de retornar à escola, para um jovem ou adulto é, antes de tudo, um desafio,


um projeto de vida. E esse aluno traz, de acordo com suas experiências e vivências, um
conhecimento adquirido através da sua relação com o mundo, do seu cotidiano e esse
conhecimento não pode ser dispensado, ou seja, deve ser considerado, valorizado pelo
professor. Freire (1983) enfatiza a importância da educação para o ser humano e a
importância do educador que educa-se ao educar.

(...) A educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-


se inacabado. Isto leva-o à sua perfeição. A educação, portanto, implica
uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o
sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso,
ninguém educa ninguém. (...) Por isso, não podemos nos colocar na posição
de um ser superior que ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posição
de humilde daquele que comunica um saber relativo a outros que possuem
outro saber relativo. (FREIRE 1983 p. 27-29)

O papel do professor é determinante para evitar situações de novo fracasso


escolar, ajudando-os a reconhecer o valor e a necessidade do estudo para sua vida. Para isso
as aulas devem ser elaboradas de forma que os alunos possam relacioná-las ao seu cotidiano
valorizando os saberes que eles trazem para a sala de aula, a bagagem cultural que trazem
consigo, suas habilidades profissionais, pois isso, ampliará sua autoestima e fortalecerá sua
confiança e consequentemente diminuirá o sentimento de insegurança. Nesse sentido, Pierre
Faure (1993):

Propõe às escolas que se ponham pedagógica e socialmente em condições


de respeitar: o ritmo de desenvolvimento de cada aluno. Preveem-se e
organizam-se não só pedagogias de base para uns e de desenvolvimento
para os demais, mas também opções que permitam proporcionar a cada um
a sua oportunidade – o que significa realizar a verdadeira igualdade de
oportunidade. (Faure, Pierre,1993, p16)

Sendo assim, os educadores, tem a responsabilidade de criar uma dinâmica


metodológica que atinja o interesse do educando, de maneira que a escola recupere seu
objetivo social e supere o fracasso escolar e consequentemente a evasão.

Portanto, entende-se que os educadores precisam doar-se para que o processo de


educação de jovens e adultos aconteça de maneira apropriada e com qualidade, como afirma
Freire a educação é um processo que deve acontecer de forma natural, dando oportunidade
para o conhecimento.
CAPÍTULO 3

EJA NO BRASIL E A QUESTÃO DA EVASÃO

A história da EJA no Brasil está muito ligada a Paulo Freire. O Sistema Paulo
Freire, desenvolvido na década de 60, teve sua primeira aplicação na cidade de Angicos, no
Rio Grande do Norte. E, com o sucesso da experiência, passou a ser conhecido em todo País,
sendo praticado por diversos grupos de cultura popular. A Constituição de 1934 estabeleceu
a criação de um Plano Nacional de Educação, que indicava pela primeira vez a educação de
adultos como dever do Estado, incluindo em suas normas a oferta do ensino primário.

A década de 40 foi marcada por algumas iniciativas políticas e pedagógicas que


ampliaram a educação de jovens e adultos: a criação e a regulamentação do Fundo Nacional
do Ensino Primário (FNEP); a criação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP);
o surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino supletivo; o lançamento da Campanha
de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), e outros.

Em 1946, com a instalação do Estado Nacional Desenvolvimentista, houve um


deslocamento do projeto político do Brasil, passando do modelo agrícola e rural para um
modelo industrial e urbano, que gerou a necessidade de mão-de-obra qualificada
e alfabetizada.

A Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), realizada


anos 50, marcou uma nova etapa nas discussões sobre a educação de adultos. Seus
organizadores compreendiam que a simples ação alfabetizadora era insuficiente, devendo
dar prioridade à educação de crianças e jovens, aos quais a educação ainda poderia significar
alteração em suas condições de vida. Em 1963 foi extinta, juntamente com as
outras campanhas até então existentes.

Na década de 60, com o Estado associado à Igreja Católica, novo impulso foi
dado às campanhas de alfabetização de adultos. No entanto, em 1964, com o golpe
militar, todos os movimentos de alfabetização que se vinculavam à ideia de fortalecimento
de uma cultura popular foram reprimidos. O Movimento de Educação de Bases (MEB)
sobreviveu por estar ligado ao MEC e à igreja Católica. Todavia, devido às pressões e à
escassez de recursos financeiros, grande parte do sistema encerrou suas atividades em 1966.

Na década de 70, ainda sob a ditadura militar, marca o início das ações
do Movimento Brasileiro de Alfabetização o MOBRAL, que era um projeto para se acabar
com o analfabetismo em apenas dez anos.

Em 1971, houve a implantação do ensino supletivo, foi um marco importante


na história da educação de jovens e adultos do Brasil. Foram criados os Centros de Estudos
Supletivos em todo o País, com a proposta de ser um modelo de educação do futuro,
atendendo às necessidades de uma sociedade em processo de modernização. O objetivo era
escolarizar um grande número de pessoas, mediante um baixo custo operacional,
satisfazendo às necessidades de um mercado de trabalho competitivo, com exigência de
escolarização cada vez maior.

Em 1985, o MOBRAL foi extinto, sendo substituído pela Fundação EDUCAR.


O contexto da redemocratização possibilitou a ampliação das atividades da EJA. Estudantes,
educadores e políticos organizaram-se em defesa da escola pública e gratuita para todos.

A nova Constituição de 1988 trouxe importantes avanços para a EJA: o ensino


fundamental, obrigatório e gratuito, passou a ser garantia constitucional também para os que
a ele não tiveram acesso na idade apropriada.

Contudo, a partir dos anos 90, a EJA começou a perder espaço nas
ações governamentais. Em março de 1990, com o início do governo Collor, a Fundação
EDUCAR foi extinta e todos os seus funcionários colocados em disponibilidade. Em nome
do enxugamento da máquina administrativa, a União foi se afastando das atividades da EJA
e transferindo a responsabilidade para os Estados e Municípios. Neste mesmo ano, acontece
na Tailândia/Jomtiem, a Conferência Mundial de Educação para Todos, onde foram
estabelecidas diretrizes planetárias para a educação de crianças, jovens e adultos.

Em 1996 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9.394/96 dedica dois


artigos (art. 37 e 38), no Capítulo da Educação Básica, Seção V, para reafirmar a
obrigatoriedade e a gratuidade da oferta da educação para todos que não tiveram acesso na
idade própria.
Ano de 1997 Realizou-se na Alemanha/Hamburgo, a V Conferência
Internacional de Educação de Jovens, promovida pela UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura). Essa conferência representou um importante
marco, na medida em que estabeleceu a vinculação da educação de adultos
ao desenvolvimento sustentável e equitativo da humanidade.

O Art. 3º da Declaração de Hamburgo, sobre Educação de Jovens e Adultos,


refere-se a esta modalidade como a chave para o século XXI e reafirma que apenas o
desenvolvimento centrado no ser humano e a existência de uma sociedade justa e
participativa levará a participação de homens e mulheres a cada esfera da vida o que é um
requisito fundamental para sobreviver e enfrentar os desafios do futuro. Neste contexto, a
educação de adultos é condição para o exercício da cidadania e a plena participação na
sociedade, além de ser um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a
violência ceda lugar ao diálogo e à cultura da paz baseada na justiça.

No ano de 2000 Sob a coordenação do Conselheiro Carlos Roberto Jamil Cury,


é aprovado o Parecer CEB/CNE nº. 11/2000, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação de Jovens e Adultos. Também foi homologada a Resolução CNE/CEB nº.
01/2000.

De uma educação com caráter compensatório, visão consagrada na Lei 5692/71,


que a define como educação supletiva ou suplência, para a EJA enquanto modalidade da
educação básica nas etapas do Ensino Fundamental e Médio, com especificidade própria,
conforme estabelece a Lei 9394/96. O atendimento aos jovens e adultos ainda está
impregnado pela compensação às pessoas, jovens e adultas, sem ou com pouca escolaridade,
de um tempo que teria se perdido no passado, bem como uma escolarização de má qualidade
vivenciada pelos educandos na infância e na adolescência, relevando processos que não se
distanciam dos tradicionais da escola e que por isso mesmo, não respondem à realidade dos
alunos.

Para transformar currículos, tempos, espaços e métodos são necessários o


envolvimento coletivo e a busca de articulação entre instituições que formam a esfera
política.
Em janeiro de 2003, o MEC anunciou que a alfabetização de jovens e adultos
seria uma prioridade do novo governo federal. Para isso, foi criada a Secretaria
Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo, cuja meta é erradicar o
analfabetismo durante o mandato de quatro anos do governo Lula.

Para cumprir essa meta foi lançado o Programa Brasil Alfabetizado, por meio do
qual o MEC contribuirá com os órgãos públicos estaduais e municipais, instituições de
ensino superior e organizações sem fins lucrativos que desenvolvam ações de alfabetização.
No Programa Brasil Alfabetizado, a assistência será direcionada ao desenvolvimento de
projetos com as seguintes ações: Alfabetização de jovens e adultos e formação de
alfabetizadores.

Oferecer ensino de qualidade para jovens e adultos é indispensável às pessoas


que buscam a escola para completar a trajetória escolar, motivados pela demanda crescente
de um nível de escolaridade cada vez maior. Assim, a EJA compõe um campo estratégico
para fazer frente à exclusão e à desigualdade social, e se orienta para a inclusão de milhões
de pessoas jovens e adultas.

Apesar da grande procura por cursos de Educação de Jovens e Adultos, como


uma forma de acelerar os estudos, a evasão escolar na EJA é um problema que cresce cada
vez mais e afeta principalmente as escolas públicas. Este tema merece atenção especial por
ser um problema de ordem nacional que afeta principalmente as classes menos favorecidas
da sociedade. O maior índice de evasão escolar está relacionado às necessidades dos jovens
trabalharem para ajudar na renda familiar.

O Censo escolar da educação básica 2012, resumo técnico, informa que a educação
de jovens e adultos apresentou queda de 3,4% (139.292), totalizando 3.906.877 matrículas
em 2012, desse total, 2.561.013 (65,6%) estão no ensino fundamental (inclui EJA integrada
à educação profissional e Projovem – Urbano) e 1.309.871 (34,4%) no ensino médio (inclui
EJA integrada à educação profissional). Segundo dados da Pnad/IBGE 2011, o Brasil tem
uma população de 56,2 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola
e não têm o ensino fundamental completo.
Os números são incontestáveis, ou seja, o atendimento à EJA está muito abaixo
do que deveria ser. O Censo Escolar 2012 mostra que os alunos que frequentam os anos
iniciais do ensino fundamental da EJA têm perfil etário superior aos que frequentam os anos
finais e o ensino médio. Esse fato mostra que os anos iniciais não estão produzindo demanda
para os anos finais do ensino fundamental de EJA.
Considerando as idades dos alunos nos anos finais do ensino fundamental e no
ensino médio de EJA, há evidências de que essa modalidade está recebendo alunos
provenientes do ensino regular, por iniciativa do aluno ou da escola.
Em Mato Grosso do Sul a Secretaria de Estado de Educação oferece também
Cursos de Educação de Jovens e Adultos para as etapas do ensino fundamental e do ensino
médio. A Tabela abaixo, mostra o Número de matrículas da Educação de Jovens e Adultos,
na Rede Estadual de Ensino.

Matrículas Ensino Matrícula Total –


Matrículas Ensino Médio – EM
Fundamental- EF EF e EM -

2006
34.380 2006 24.748 2006 59.128

2007 34.041 2007 28.384 2007 62.425

2008 33.354 2008 28.904 2008 62.345

2009 32.556 2009 27.569 2009 60.238

2010 17.678 2010 20.610 2010 38.351

2011 17.189 2011 20.923 2011 38.167

Fonte: Ministério da Educação - MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e Inclusão –


SECADI

Observa-se, no quadro acima, que houve uma queda de aproximadamente 50%


de matrículas no ensino fundamental no ensino médio, de aproximadamente 15,4%. Quanto
números de matrículas, nota-se queda de 35,4% no ano de 2011 em relação a 2006. Alguns
indicadores que contribuíram para a redução do número de matrículas na Educação de
Jovens e Adultos, na Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul foram: a aprovação
da Deliberação CEE/MS n. 9090, de 15 de maio de 2009, que estabelece a idade de 18 anos
para o ingresso no ensino fundamental, o Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos - ENCCEJA e o Exame Nacional do Ensino Médio -
ENEM.
MOVIMENTO E RENDIMENTO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
MATO GROSSO DO SUL
REDE ESTADUAL DE ENSINO
2011
Localização
2011

Mato Grosso do Sul Aprovado Reprovado


% % Abandono %
Total urbano 14.220 7,1 5.318 7,6 10.657 5,3
Anos iniciais 1.247 2,9 1.188 1,3 1.359 5,8
Anos finais 3.992 1,4 1.753 8,1 3.915 0,5
Ensino médio 8.946 3,6 2.375 4,2 5.365 2,2
Proeja 35 3,7 2 3,6 18 2,7
Total rural 937 9,0 416 1,7 561 9,3
Anos iniciais 232 8,3 211 4,9 162 6,8
Anos finais 412 2,8 118 5,1 251 2,1
Ensino médio 293 5,5 87 6,5 148 8,0
Proeja 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Total geral 15.157 7,2 5.734 7,9 11.218 4,9
Anos iniciais 1.479 3,6 1.399 1,8 1.521 4,6
Anos finais 4.404 2,2 1.871 7,9 4.166 9,9
Ensino médio 9.239 3,7 2.462 4,3 5.513 2,0
PROEJA 35 3,7 2 3,6 18 2,7
Fonte: Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul

O quadro acima apresenta os resultados do rendimento escolar, no ano de 2011,


dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos da etapa do ensino fundamental e do ensino
médio, na Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul e indica a necessidade de
desenvolver projetos que minimizem o alto índice de abandono escolar e que contribuam
para o aumento do índice de aprovação.

Alunos da EJA apresentam maiores dificuldades em realizar os trabalhos


escolares devido a seus afazeres diários e responsabilidades como chefes de família, donas
do lar, etc. Por isso, é de suma importância refletir sobre a necessidade do desenvolvimento
de um plano pedagógico voltado especificamente ao ensino do EJA, valorizando as
experiências do aluno e levando em consideração o aprendizado anteriormente adquirido,
observando as peculiaridades. É necessário a realização de uma adequação aos interesses
deste público, visando uma efetiva busca pelo crescimento e desenvolvimento intelectual,
profissional e pessoal. Sendo assim, trabalhar com a EJA, assim como em qualquer outra
modalidade de ensino, requer preparação, o professor precisa refletir sobre sua prática
educativa e buscar por novas perspectivas de ensino e aprendizagens, para tanto é necessário
investimento em formações continuadas.

No entanto, as evasões escolares, nesta modalidade, que não é um problema


restrito apenas a algumas unidades escolares, mas é uma questão nacional que vem ocupando
relevante papel nas discussões e pesquisas educacionais no cenário brasileiro, é um grande
desafio aos envolvidos e comprometidos com a educação. Este desafio não deve ficar a
cargo, somente das instituições de ensino, gestores, professores, coordenação e demais
funcionários, mas de todos os órgãos responsáveis pela educação.

Na opinião de Charlot (2000), a problemática da evasão escolar deve ser vista


sob vários ângulos tais como:

(...)sobre o aprendizado... sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço público,


sobre a igualdade das chances, sobre os recursos que o país deve investir em seu
sistema educativo, sobre a crise, sobre os modos de vida e o trabalho na sociedade
de amanhã, sobre as formas de cidadania. (CHARLOT, 2000, p. 18)

Estes alunos possuem uma gama de conhecimento que deve ser levada em conta
no processo de aprendizagem para que, realmente, este novo conhecimento possa fazer
sentido a esse aluno. Isso significa que alguns conteúdos formais devem ser abandonados
em prol de outros que sejam funcionais, ou seja, que possam contribuir para capacitação dos
alunos.

Assim sendo, a principal preocupação do trabalho pedagógico, bem como dos


processos de avaliação, não deve ser o ensino decorado, sem nenhuma ligação com a
realidade deste público, mas saberes que contribuam para o desenvolvimento da consciência
crítica e para capacitação, sem que isso signifique uma opção por qualquer tipo de
minimização, como foi e ainda é preconizado por alguns. Não se trata de reduzir conteúdos,
ou facilitar, mas de adequar conteúdos a objetivos mais consistentes do que o da mera
repetição de supostas verdades universais desvinculadas do mundo destes.
As mudanças sociais trouxeram novas exigências de formação, ampliando o
espaço de educação formal. Exemplo disso é o grande número de pessoas jovens e adultas,
que estavam fora da educação básica e retornam à escola e na maioria dos casos, aos
programas de EJA. Acredita-se que o fato de não concluírem as etapas da educação básica
estejam ligadas há fatores de diferentes naturezas: sociais, culturais, políticas, econômicas,
pedagógicas, consideradas determinantes para a não democratização da educação.

Vivemos em um mundo vastamente globalizado onde as mudanças ocorrem de


forma muito rápida e em meio a tantas transformações estão inseridas estas pessoas que por
uma série de fatores não tiveram a oportunidade de iniciar ou dar continuidade aos seus
estudos ou ainda tiveram seus estudos interrompidos bruscamente.

Na maioria dos casos esta problemática ocorreu devido a sua condição


socioeconômica, pois tiveram muitas vezes que realizar a difícil escolha entre a escola ou o
trabalho, ou seja, não estarão mais no sistema educativo devido ao fato de terem de trabalhar
para garantir o seu sustento e o de sua família. Muitos destes Jovens e Adultos são frutos de
uma exclusão histórica, como afirma Sampaio e Almeida (2009):

A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil é uma história que se


produz à margem do sistema de educação, impulsionada pela luta dos movimentos
sociais, marcada pelo domínio e pela exclusão estabelecidos historicamente entre
a elite e as classes populares neste país. (SAMPAIO E ALMEIDA 2009. p. 13)

Uma das hipóteses que se levanta para motivação da evasão escolar é a postura
do professor em transmitir “seu conhecimento”, em que o faz verticalmente, não levando em
conta a singularidade deste aluno, que possui um conhecimento prévio de acordo com suas
vivências, tornando-se um entrave à apreensão do que é visto em ambiente escolar e
realmente aplicado no seu dia-a-dia. Percebe-se a dificuldade na construção de um novo
conhecimento, pois não há espaço no contexto escolar para que consigam fazer a
transposição de suas experiências (ABRANTES 1992).

Os alunos fazem a matrícula na EJA, acreditando que participar de uma


escolaridade mais prolongada e consequentemente, adquirir um conhecimento formal, irá
ajudá-los a superar suas precárias condições de vida, pois, responderá às exigências impostas
pelo “mundo do trabalho”. Desta forma, consequentemente, os formará usuários da
linguagem escrita, capacitando-os a fazer dela múltiplos usos, com a finalidade buscar
informação, planejar e controlar processos e aprender novos conhecimentos. Sendo assim,
entende-se que os jovens e os adultos estão sendo colocados diante do desafio de aprender e
de se instruir para o mercado de trabalho, caso contrário, correm sérios riscos de ficarem
fora desse processo de formação social.

CAPÍTULO 4

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E


ADULTOS - CEEJA/DOURADOS/MS – UMA ABORDAGEM
DA EVASÃO EM 2014.

O Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos de Mato Grosso do Sul –


CEEJA/Dourados está localizado à Rua Benjamin Constant, nº 1745, Jardim Faculdade,
Dourados/MS.

A Escola possui uma área pequena, com aproximadamente seis salas de aula,
diretoria, secretaria, saguão, cozinha, vinte e quatro cabines, para o atendimento
personalizado e área de estacionamento.

De acordo com Rauber, (2014) e com as informações obtidas em documentos


fornecidos pela direção da referida escola, este Centro foi criado pelo Decreto nº 2.563, de
14 de junho de 1984, publicado no Diário Oficial nº 1343, de 15 de junho de 1984, como
Centro de Estudos Supletivos; e, em 1999, passou a ser denominado Centro de Educação de
Jovens e Adultos de Dourados. Atualmente, a escola é denominada Centro Estadual de
Educação de Jovens e Adultos de Mato Grosso do Sul. Desde o ano de sua criação, em 1984,
até 1999, a escola ofereceu cursos supletivos de 1º e de 2º graus, porém, com a nova realidade
gerada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394/96, os cursos
supletivos foram suspensos em Mato Grosso do Sul, através da Resolução CEE-MS, nº
6220/1999. Foi elaborado, através da escola, o “Curso de Educação de Jovens e Adultos nas
Etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio – Projeto Experimental”, de acordo com
a Resolução do CNE/CEB nº 1/2000, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais.

O projeto foi aprovado pelo Decreto nº 10.504, de 02 de outubro de 2001, mas a


nova realidade gerada pela Deliberação CEE/MS nº 9090, de 15 de maio de 2009, exigiu a
elaboração de um novo projeto de cursos de Educação de Jovens e Adultos. Com o novo
projeto, intitulado “Cursos de Educação de Jovens e Adultos nas etapas do ensino
fundamental e do ensino médio”, com aprovação e autorização para funcionamento através
da Resolução/SED nº 2.314, de 14 de dezembro de 2009, publicação DO nº 7.604, de 15 de
dezembro de 2009, com prazo de cinco anos.

O Projeto – Cursos Educação de Jovens e Adultos nas Etapas do Ensino


Fundamental e Ensino Médio - Deliberação CEE/MS Nº 9090, de 15 de maio de 2009, está
organizado visando atender as especificidades e características próprias dos seus estudantes.

Os Cursos de Educação de Jovens e Adultos nas Etapas do Ensino Fundamental e


do Ensino Médio constituir-se-ão de uma especificidade curricular que considere
as características próprias dos Jovens e Adultos, tais como: seus interesses, suas
condições de vida, de trabalho e suas motivações para apreender os conhecimentos
sistematizados e ressignificar os conhecimentos que já têm.
Na concepção de curso que o CEEJA/MS propõe, o aluno é responsável por sua
trajetória escolar que pode ser mais longa ou mais curta, pois o ritmo é próprio,
variando de aluno para aluno, uns vencendo os conteúdos mais rapidamente do
que outros. (PPP CEEJA, 2010. p 18)

Na forma de organização, é importante ressaltar que a Escola, disponibiliza


matrículas durante o ano todo e o estudante cursa a etapa, por disciplina e pode cursar quantas
desejar, de acordo com suas disponibilidades e com seu ritmo de aprendizagem. Neste projeto
não há falta, nem reprovação; o aluno precisa cumprir a carga horária da disciplina, que é
distribuída em provas e no caso de não conseguir nota, a recuperação é imediata, ou seja, ele
passará por um processo de reavaliação, onde são retomados os conteúdos, sob a orientação
do professor e fará nova avaliação até obter a nota exigida para aprovação.
4.1 SUBTÍTULO DO TÍTULO 4

PERFIL DOS ALUNOS DO CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE


JOVENS E ADULTOS - CEEJA/DOURADOS/MS

Ao analisar o perfil dos estudantes do CEEJA e, considerando o que já foi


observado, neste trabalho, fica evidente que as caraterísticas são muito específicas.

De acordo com o PPP-CEEJA (2010) a escola atende um público com


características diversificadas e ao mesmo tempo distintas. São trabalhadores/as que
participam concretamente da luta pela sobrevivência do grupo familiar ao qual pertencem e
dependendo do tipo de serviço que realizam, não podem frequentar a escola todos os dias e
trazem consigo especificidades sociais, culturais e etárias que os diferenciam dos sujeitos
do ensino fundamental e médio regular, tais como: motoristas interestaduais, albergados (do
sistema penitenciário), indivíduos oriundos da zona rural, indígenas, alunos especiais,
membros da comunidade LGBTTT, donas de casa, trabalhadores de usinas, militares e
estudantes de outros municípios. Normalmente os alunos dessa modalidade de ensino são
pessoas com baixo poder aquisitivo, que consomem, de modo geral, apenas o básico à sua
sobrevivência. O lazer fica por conta dos encontros com as famílias ou dos eventos da
comunidade. A televisão é apontada como principal fonte de lazer e informação. Quase
sempre seus pais têm ou tiveram uma escolarização inferior à sua.

É importante destacar, também, que a escola recebe, muitos alunos do ensino


regular e a maioria são do ensino médio. Esse fato ocorre, devido à forma de organização
curricular, como já foi dito, onde o aluno faz por disciplina, logo, se este reprovou em apenas
uma disciplina no ensino regular, no CEEJA, ele poderá cursar apenas a disciplina reprovada
e obtém a conclusão do ano reprovado. Mas este tema, não é o foco deste trabalho, não será
aprofundado o assunto.

Para Arroyo:

Essas diferenças podem ser uma riqueza para o fazer educativo. Quando os
interlocutores falam de coisas diferentes, o diálogo é possível. Quando só os
mestres têm o que falar não passa de um monólogo. Os jovens e adultos carregam
as condições de pensar sua educação como diálogo. Se toda educação exige uma
diferença pelos interlocutores, mestres e alunos (as), quando esses interlocutores
são jovens e adultos carregados de tensas vivências, essa diferença deverá ter um
significado educativo especial. (ARROYO, 2006, p. 35).

Portanto, a eficácia da aprendizagem do estudante da EJA, depende muito da


metodologia aplicada, pois são um público que retornam à escola, cheio de vontade de
aprender novos saberes, viver novas experiências, mas se a escola não for um ambiente
receptivo e se as aulas não forem interativas, fáceis e participativas, ou seja, se o educador
não permitir a colaboração destes, com o conhecimento e as experiências que trazem,
dificilmente este aluno, permanecerá na escola.

4.2 SUBTÍTULO DO TÍTULO 4

EVASÃO NO CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E


ADULTOS - CEEJA/DOURADOS/MS, NO PRIMEIRO SEMESTRE DE
2014.

No período entre janeiro a maio de 2014 o CEEJA recebeu 2.608 matrículas.


Sendo que, 1.771 matrículas são para o ensino médio e 837 são para o ensino fundamental.
Deste número de matrículas, no final de maio de 2014 haviam evadidos, ou deixados de
frequentar a escola 937 alunos, 496 do ensino fundamental e 596 do ensino médio. Essas
informações foram obtidas na secretaria da escola, com a autorização da direção.
Evasão Ensino Médio 1º
Semestre-2014

25%
MATRIC. E.M
EVADIDOS
75%

Evasão Ensino Fundametal, 1º


semestre/2014

29%
Matric. E. F.
Evadidos E.F.
71%

Os gráficos acima mostram que houve 25%, de evasão no ensino médio e 29%
no ensino fundamental. Mas é importante esclarecer que esse parte deste número de
evadidos, se faz por conta dos exames nacionais de certificação. Com a exigência de maior
escolarização para ocupar os novos postos de trabalho, na busca por melhores condições de
trabalho, por novos cargos a população procura por uma formação rápida.

Conforme aponta Silva (2012), com esse novo paradigma em torno das
exigências do mundo do trabalho é que surgiu a lógica dos exames de certificação e estes
estão assegurados pela Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a qual os define como uma modalidade a distância
da Educação de Jovens e Adultos. Esses exames são reconhecidos como um direito dos
jovens e adultos, e se configuram como uma política de expansão dos níveis de
escolarização, sendo possível certificar e institucionalizar os conhecimentos dos muitos
sujeitos que se afastaram do contexto escolar.

Normalmente este público são os que fizeram o exame de certificação ENEM;


matriculam-se na escola porque ainda não sabem o resultado do exame, quando sai o
resultado, os aprovados automaticamente deixam de ser estudantes na escola.

Temos também um outro fato que eleva a evasão no CEEJA/Dourados/MS e que


é de suma importância o esclarecimento. Como a matrícula, nesta escola, é ofertada durante
o ano todo, muitos adultos procuram a escola para matricular-se e assim obtém-se a
declaração de matrícula. Isso se dá devido a exigência das empresas, para contratarem um
funcionário, mesmo em cargos menos elevados, que tenham a certificação ou estejam
estudando. Como estas empresas não exigem a frequência, os matriculados pegam a
declaração de matrícula e não voltam mais.

Portanto o principal não é matrícula mas sim, a permanência desse jovem e


adulto na escola, para que produza conhecimentos e se torne sujeito mais ativo, participativo
e cresça cultural, social e economicamente no meio social em que vive.

A pesquisa de campo, foi realizada através de questionário aplicado há 20 (vinte)


alunos das etapas do ensino fundamental e do ensino médio da Escola CEEJA. Desses 60%
tinham acima de 45 anos e os outros 40% entre 30 a 45 anos. A escolha desse perfil etário
fez-se necessário, uma vez que a pesquisa é sobre o jovem e adulto que não tiveram a
oportunidade de estudar na idade correta, devido as responsabilidades assumidas muito cedo.

IDADE

21% 20%
HOMESNS
MULHERES
acima de 45

31% entre 30 a 45
28%
O gráfico mostra que, o número de mulheres que responderam o questionário foi
maior que o número de homens, tendo em vista que, nesta faixa etária de idade, há mais
mulheres que homens frequentando a escola.

ESTADO CIVIL
5%
10% HOMENS CASADOS
30%
HOMENS SOLTEIROS

MULHERES VIUVAS
20%
MULHERES SEPARADAS
10%
MULHERES CASADAS
25% MULHERS SOLTEIRAS

Quanto ao estado civil a maioria das mulheres se declararam sozinhas, viúvas ou


separadas enquanto que os homens a maioria são casados. Talvez por força ainda de uma
cultura machista, as mulheres se acomodem em casa, preocupam-se mais em cuidar dos
filhos, do marido e acabam deixando os estudos em último plano e quando se vê sozinha,
porque se separa ou fica viúva, resolve procurar a escola como uma esperança para conseguir
um emprego, ou até mesmo para sair da rotina, da solidão.

Grau de estudo dos pais


0%

20%
25% nunca estudou
Só alfabetização
4ª série
fund. Completo

55%
Quanto ao grau de estudo dos pais, percebe-se que de todos os pesquisados o
grau máximo de estudo dos pais foi a conclusão da 4ª série, estes também não tiveram a
oportunidade para estudar o que se pode afirmar que a negação a esse direito é histórica e
coletiva como afirma Arroyo (2007):

Trata-se de trajetórias coletivas de negações de direitos, de exclusão de


marginalização; consequentemente a EJA tem de se caracterizar como uma
política afirmativa de direitos de coletivos sociais, historicamente negados.
Afirmações genéricas ocultam e ignoram que EJA é, de fato, uma política
afirmativa e, como tal, tem de ser equacionada. (ARROYO, 2007, p.29)

Nesse sentido, deve-se oferecer a esses alunos jovens e adultos, uma educação
de qualidade, visando atender às necessidades de aprendizagem e que os conhecimentos
adquiridos na escola possam propiciar uma visão libertadora, objetivando vencer tudo aquilo
que os impede de crescer, pois a falta do estudo não permite novas oportunidades no
trabalho, novas expectativas de mudanças de vida.

Está trabalhando
atualmente
25%

Sim
não

75%

Quanto à situação profissional 75% estão trabalhando formal ou informalmente


enquanto que os outros 25% não trabalham, ou porque estão desempregados, são
aposentados, são mulheres que cuidam do lar, etc.
Renda mensal
15% 20%
dois a três salários
mínimos
um salário mínimo

menos de um
65% salário

Como se pode notar a maioria dos estudantes analisados 65%, ganham um


salário mínimo e exercem funções menos valorizadas socialmente. Diante esta realidade a
escola e o educador precisam estar atentos às necessidades desses alunos, fazendo da
educação algo que seja realmente importante e útil para suas vidas.

Já iniciou os estudos outras vezes


e desistiu?

44% sim
56%
não
O que o levou a parar de estudar?
10%

20% trabalho
família
outros

70%

Os alunos de EJA, interrompem seus estudos muito cedo por vários motivos,
mas o principal deles é a necessidade de trabalhar para sobreviver, para ajudar os pais, a
família, etc. Os vinte por cento que responderam a família são a maioria mulheres que
precisavam ajudar em casa e não puderam mais estudar e quando se tornaram maiores tinham
o compromisso com a casa os filhos e em alguns casos o esposo não permitia estudar.
Nota-se também que muitos deles já retornaram à escola e desistiram por mais
de uma vez. Acredita-se que não há necessidade de questionar os motivos que os levam a
iniciar e desistir, uma vez que se trata de trabalhadores, adultos, cansados de uma longa
jornada de anos de trabalho duro. Estes veem no estudo uma chance de melhorar de emprego,
crescer na empresa onde trabalha, ganhar um salário melhor e retornam à escola mas nem
sempre conseguem permanecer ou concluir seus estudos o que acaba gerando este grande
número de evasão na EJA.
É importante ressaltar ainda que além destes motivos há outros que somados a
estes, são infalíveis para o desestímulo destes alunos, que é a forma como são recebidos e
como são trabalhados os conteúdos em sala. Muitos profissionais não querem ter a
preocupação, o desgaste de conhecer a vida de cada um, para poder perceber suas
necessidades, suas dificuldades, seus sonhos e estes carentes de atenção, do saber formal,
acabam desistindo de estudar, desistindo dos seus sonhos.
Daí a importância do trabalho pedagógico, em trabalhar junto com o professor,
estimulando-o a valorizar estes alunos para que estes não desistam e possam concluir seus
estudos, pois o sucesso destes é o sucesso profissional e pessoal do professor, do
coordenador, da direção, em fim de toda instituição de ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo primordial deste trabalho foi diagnosticar as principais causas da


Evasão Escolar no Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos de Dourados/MS e o
papel do Coordenador Pedagógico na mediação dos conflitos apresentados. Para isso, fez-se
necessário conhecermos a evolução histórica da coordenação pedagógica, antes com outras
denominações e consequentemente outras funções. Outrora denominava-se Inspetor
Escolar e desenvolvia o papel de inspecionar o trabalho do professor, posteriormente passou
a chamar-se Supervisor Escolar e em ambas as funções não havia nenhuma participação no
processo de ensino-aprendizagem.

Hoje temos nas unidades escolares o Coordenador Pedagógico e o Professor


Coordenador, ambos exercem a mesma função, ou seja, devem estar no combate a tudo que
desumaniza a escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento
dissociado da realidade, a evasão, a discriminação social na e através da escola. Assim, a
atuação do coordenador pedagógico é fundamental diante as dificuldades enfrentadas pelos
educadores no seu cotidiano com o processo de aprendizagem.

No que confere ao perfil do aluno da EJA, constatou-se que este público, na sua
grande maioria, foram excluídos ou não tiveram acesso à escola, sendo eles trabalhadores
assalariados, desempregados, dona de casa, jovens, idosos, portadores de deficiências
especiais. São alunos com diferenças culturais, étnicas, religiosas e crenças, mas que
mudaram sua realidade ao retomarem seus estudos.

No que se refere ao professor da EJA, considerando que o público em questão


são frutos de uma sociedade injusta, é necessário que os educadores sejam dinâmicos,
responsáveis, criativos e inovadores, dispostos a transformar a sala de aula em um ambiente
que impulsione e estimule o aluno a continuar seus estudos respeitando suas culturas,
diferenças sociais e conhecimentos previamente adquiridos.

Sendo assim, cabe aos educadores criar uma dinâmica metodológica que
desperte o interesse do educando e o instigue a concluir seus estudos diminuindo a
evasão escolar, pois observou-se que este fator é significativo haja visto que, o maior índice
de evasão escolar está relacionado às necessidades dos jovens trabalharem para ajudar na
renda familiar.

De acordo com o Censo escolar da educação básica 2012, houve uma queda
3,4% no número de alunos matriculados na EJA; Em Mato Grosso do Sul conforme
estatística apresentada pelo MEC/SECADI (MEC/Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade e Inclusão), nota-se que houve queda de 35,4% no ano de 2011
em relação a 2006 no número de matrículas e em 2011 houve um alto índice de abandono
escolar no MS.

A pesquisa foi realizada no Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos de


Dourados/MS. Esta escola é um projeto onde funciona somente EJA. É importante ressaltar
que a Escola atende quatro períodos diários, disponibiliza matrículas durante o ano todo e o
estudante cursa a etapa, por disciplina e pode frequentar o período que quiser de acordo com
seu tempo e ritmo. O perfil dos estudantes do CEEJA é semelhante aos apresentados na
pesquisa, pois são trabalhadores/as que participam concretamente da luta pela sobrevivência
do grupo familiar ao qual pertencem, normalmente pessoas com baixo poder aquisitivo, que
consomem, de modo geral, apenas o básico à sua sobrevivência.

Quanto a evasão no CEEJA, foi pesquisado o período entre janeiro a maio de


2014 onde o CEEJA recebeu 2.608 matrículas. Sendo que, 1.771 matrículas são para o ensino
médio e 837 são para o ensino fundamental e no final de maio de 2014 haviam evadidos, ou
deixados de frequentar a escola 937 alunos, 496 (29%) do ensino fundamental e 596 (25%)
do ensino médio. Porém, a escola justificou que o alto índice de evasão no início do ano se
faz devido aos exames de certificação nacional, os alunos matriculam-se porque ainda não
sabem o resultado e os que foram aprovados em todas as disciplinas não voltam mais, outro
agravante é fato de a escola disponibilizar matrícula o ano todo, muitos a procuram porque
as empresas, para contratá-los, exigem que estejam estudando, então procuram o centro,
matriculam-se, pegam o atestado de matrícula e não voltam mais.

Para a pesquisa de campo foi aplicado questionário há vinte alunos das etapas
do ensino fundamental e do ensino médio da Escola CEEJA e 60% tinha acima de 45 anos
e os outros 40% entre 30 a 45 anos e destacamos que destes vinte alunos haviam mais
mulheres que homens devido ao fato de que o número de mulheres matriculadas no Centro
é bem maior que o número de homens. Houve também uma disparidade quanto ao estado
civil, a maioria dos homens são casados enquanto que a maioria das mulheres são separadas
ou viúvas; como mostra os gráficos a maioria estão trabalhando e a renda destes é de até um
salário mínimo. Assim, como a maioria dos alunos da EJA, os alunos do CEEJA também já
interromperam seus estudos mais de uma vez por várias razões, sendo a principal, a
necessidade de trabalhar para sobreviver e ajudar a família, etc.

Diante o exposto, averiguou-se que a efetiva atuação do Coordenador


Pedagógico é imprescindível para a manutenção dos discentes na comunidade escolar, pois
este profissional em parceria com os professores e demais membros desta, possibilitam que
a escola exerça seu real compromisso social.
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