Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Aula 06
Administração holística
Nas últimas décadas, (res)surgiu dentro das ciências o chamado "movimento holístico". De
origem grega, a palavra hólos = todo, vem crescentemente penetrando nas abordagens cada
vez mais complexas de todos os ramos do conhecimento humano.
A questão parece ser facilmente explicável; as ciências, de forma geral, foram construídas com
base em paradigmas mecanicistas, suportados numa visão cartesiana-newtoniana do mundo:
todos os fenômenos eram possíveis de serem divididos em partes e cada uma destas seria
estudada profundamente, constituindo um ramo específico do saber humano; assim foi com a
química e seus elementos individualizados; com a física e sua estrutura orientada para as
partes do material; com a medicina, que "retalhou" o organismo humano, perdendo a visão do
sistema biológico que comanda a vida humana; e, na administração, o mesmo processo
ocorreu, a partir da visão da "administração científica" de Taylor e Fayol, reduzindo o trabalho
humano ao nível da visão da tarefa.
a crise é de percepção. Dada a sua complexidade, os assuntos foram sendo fragmentados para
serem estudados por especialistas. Cada fragmento foi sendo aprofundado ao longo dos anos,
tornando-se ainda mais complexo, incontrolável e distante da realidade em rápida mudança.
Perdemos a visão simplificada do todo e, simultaneamente, os conceitos econômicos e
administrativos tornaram-se obsoletos, deixando de funcionar.
E o autor volta ao ponto inicial: "É a crise de percepção, que chamo também de crise de perda
da visão global e simplificada, ou a crise da visão complexa e fragmentada dos fatos".
Capra (1989) tem sido um dos maiores influenciadores da visão holística: ele mostra as
grandes mutações pelas quais passa a sociedade - na tecnologia, na educação, na economia,
na medicina, na psicologia, na ecologia, entre outras grandes áreas - e a mudança de valores
que afetam aspectos como a individuação, a criatividade, a flexibilidade, a informação, a
autonomia, entre outros valores, cuja mudança afeta tanto organizações como as pessoas.
Assim, são estabelecidos valores comuns a todos os membros da equipe e prevalece uma
comunicação lateral intensa, ou seja, relacionamento em rede integrada, o que permite uma
fluidez contínua das informações e uma grande flexibilidade.
Por não existir mais tarefa indívidualizada, os membros da equipe trabalham em regime de
rodízio de funções, o que lhes propicia uma visão holística do trabalho e exige dos mesmos a
polivalência ou a multifuncionalidade, ou seja, devem estar preparados para executar diversos
tipos de tarefas dentro da equipe.
Esta característica da empresa holística exige uma integração da equipe, o que garantirá a
satisfação no trabalho de cada um dos membros e sua realização pessoal e profissional. Com
isto, ocorre uma estabilidade funcional tácita dos membros da equipe, embora as equipes
multifuncionais passam ser transitórias.
Administração virtual
A adoção pelas organizações de novos modelos gerenciais, bem como de novas tecnologias de
trabalho, está levando a um modelo organizacional visto atualmente como a "empresa do
futuro". Tal visão é decorrente de dois aspectos:
Segundo o Novo Dicionário Aurélio, a palavra "virtual" tem os seguintes significados, enquanto
adjetivo:
No mês de setembro de 1994, surge na França o Banque Directe (Gazeta Mercantil - 17.03.94):
um banco com 50.000 clientes e nenhuma agência. Todos os serviços são prestados através de
uma rede interconectada de computadores, aparelhos de fax, telefone e televisão interativa. O
único contato físico do cliente com o banco é receber o talonário de cheques pelo correio.
Portanto, com um pequeno "staff'' e a tecnologia de informação, o "banco virtual" certamente
é mais competitivo do que o seu concorrente que utiliza os serviços convencionais, baseados
numa estrutura física (agência) e organizacional (atendimento).
Davidow & Mallone (1989) perguntam "Como será uma corporação virtual?"
E eles mesmos tentam responder:
Não existe uma resposta única. Para o observador externo, uma corporação virtual parecerá
quase sem contornos, com a interface entre empresa, fornecedores e clientes permeável e
mudando continuamente. Do lado de dentro da empresa, a visão não será menos amorfa, com
os tradicionais escritórios, departamentos e divisões operacionais sendo constantemente
reformados de acordo com as necessidades. As responsabilidades dos cargos mudarão
regulamente, bem como as linhas de autoridade - até mesmo a própria definição de
funcionário irá mudar, à medida em que alguns clientes e fornecedores começarem a passar
mais tempo na empresa do que alguns dos seus próprios empregados.
• capacidade para se entregar, rápida e globalmente, uma grande variedade de produtos sob
medida;
• serviços "incluídos" nos produtos;
• envolvimento dos clientes no desenvolvimento dos produtos (engenharia simultânea);
• bancos de dados atualizados sobre os clientes, produtos, fornecedores, metodologia de
projeto e produção, visando atender o cliente em tempo real;
• sistemas de informações integradas à rede de clientes e fornecedores, levando as empresas
a operarem em "networkings";
• cargos desvinculados do poder: funções gerenciais e operacionais serão intercambiáveis;
• empresa em contínua transmutação;
• acumulação de práticas gerenciais desenvolvidas em outras abordagens inovadoras de
gestão, como fornecimento Just-inTime, equipes de trabalho, fabricação flexível, qualidade
total, entre outros;
• acordos de cooperação possíveis com concorrentes, visando compartilhar investimentos em
tecnologia ou de custos operacionais (compras conjuntas, infra-estrutura de transporte,
armazenagem e comunicação, entre outros).
Segundo Paulin et al (1994), estes acordos de cooperação podem ser de vários tipos, incluindo
redes de clientes, fornecedores e até concorrentes. Os principais tipos são:
Estas várias formas de aliança vão se estabelecendo de acordo com a necessidade que cada
empresa tem para buscar a sua sobrevivência e tornar competitiva e inovadora no mercado
em que atua.
Referência
PEREIRA, Heitor José. Os novos modelos de gestão: análise e algumas práticas em empresas
brasileiras. Tese de doutorado em Administração. Fundação Getúlio Vargas- Escola de
Administração de Empresas de São Paulo, 1995.