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A
lenda de Carlos Magno é uma das histórias mais intensas e interessantes de
Ítalo Calvino. Este escritor maravilhoso nasceu em Cuba, de pais italianos,
deixou um testemunho impressionante de sua imensa sensibilidade e
inteligência clara nesse conto.
Calvino sempre transitou entre o realismo radical e a imaginação sem limites. A lenda de
Carlos Magno é um bom exemplo disso. Partindo de uma história fantástica e quase implausível,
ele conseguiu colocar em prática uma visão profunda e analítica do amor apaixonado.
Boa parte das obras de Calvino tem um toque de fábula. A lenda de Carlos Magno pode
ser categorizada dentro desse grupo. No entanto, nesse caso o propósito vai muito mais além de
uma moral. O conto faz uma impressionante revelação sobre o amor de um casal. Nesse tema, a
postura de Ítalo Calvino está muito próxima da posição da psicanálise contemporânea.
“Amamos a pessoa que protege ou uma imagem narcisista de nós mesmo.
Jacques Alain Miller-
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Curso de Informática Básica
A história continua destacando que “o Arcebispo Turpin, assustado com essa paixão
macabra, suspeitava de um encantamento e queria examinar os restos mortais. Escondido sob a
língua do cadáver, ele encontrou um anel com uma pedra preciosa.
Descobriu-se que tal amor estava realmente escondendo um feitiço. Finalmente, Carlos
Magno não estava tão apaixonado pela jovem alemã. O que aconteceu foi mais o resultado de
magia do que de um sentimento real.
Italo Calvino começou a revelar a verdadeira natureza do amor. Há algo que o amado usa,
mas que não faz parte dele. O amante se apaixona pelo que o outro usa e não pelo outro. Em termos
psíquicos, poderíamos dizer que o amor é a ativação de um elemento mágico; não no sentido
poético, mas no sentido literal. Ao amar, cedemos às regras da lógica e começamos a fazer cócegas
no impossível, com a ilusão de torná-lo realidade.
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decifra-o-amor/
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