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GLICEMIA, LACTATO E ESCALA SUBJETIVA DE ESFORÇO DE BORG: INSTRUMENTOS

PARA A PREDIÇÃO DA INTENSIDADE E PAGAMENTO DO DÉBITO DE OXIGÊNIO


IMPOSTOS PELA PRÁTICA DO JOGO EM ATLETAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL

POR LUIZ CESAR MARTINS

CONSULTOR EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO – ROMANO E MARTINS ESPORTES

O objetivo deste texto é demonstrar que, por meio dos


conceitos da literatura especializada, é possível
desenvolver instrumentos de grande valia para a
monitoração da sobrecarga imposta pelo jogo ao atleta
de futebol e, dessa forma, utilizar estes parâmetros,
mesmo que sejam valores preditos, como um recurso a
mais para o controle de qualidade da performance física
dos mesmos.

Os dados abaixo são oriundos das coletas realizadas


nos últimos cinco anos em serviços prestados as
diversas equipes do futebol brasileiro, para as quais
tínhamos o compromisso de gerar informações que visavam resultados em curto prazo e, que
nos aproximasse do único fator que importa no esporte de alto rendimento – a vitória.

Assim, buscamos transformar o conceito em um produto de fácil interpretação e utilização por


parte das comissões técnicas, levando o mesmo para dentro de cada sessão de treinamento.
Se, por um lado ainda faltam estudos mais aprofundados sobre o tema e que comprovem
efetivamente a teoria citada, por outro, temos um grande banco de dados que analisados pela
bioestatística nos permite, no mínimo, estabelecer uma freqüência de ocorrências, uma zona
de normalidade, dando-nos base para concluir se o atleta, ao final do jogo, se enquadra ou não
nesta zona e, a partir daí investirmos mais tempo e atenção aos atletas que não se
enquadram na mesma.

Ao considerar o fator resultado, dentro de campo esta monitoração tem nos sido extremamente
útil em nosso dia a dia.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS

Glicemia, Lactato e Débito de Oxigênio

No decorrer do jogo, o atleta realiza entre 100 a 150 ações de curta duração e alta intensidade,
com um período indeterminado para recuperação entre elas, o que nem sempre proporciona a
recuperação completa.

Dessa forma, o atleta acumula uma dívida de oxigênio que deve ser paga pelo aumento do
consumo de oxigênio após a ação realizada (EPOC).

O “EPOC” apresenta uma fase rápida (débito alático), que serve para restaurar a creatina no
músculo e os estoques de oxigênio no sangue e tecido, o que leva aproximadamente 2 a 3
minutos, após exercício de curta duração.

Porém, segundo Arcelli (1999), os estoques de creatina diminuem e a utilização da glicólise


anaeróbia aumenta, aumentando a dívida de oxigênio, que então é paga pela fase lenta (débito
láctico), que irá ressintetizar o ácido láctico, normalizar o pH sangüíneo, temperatura corporal,
freqüência cardíaca e respiratória, o que no atleta de futebol pode levar de 7 a 10 minutos para
o pagamento completo.

Portanto, ao monitorarmos os níveis de níveis de glicemia torna-se possível projetar a eficiência


do mecanismo de pagamento do débito de oxigênio, tanto aláctico quanto láctico mesmo que
de forma indireta.

O comportamento da glicemia é determinado pelo controle da liberação da glicose no músculo


A (Glicogenólise) e no fígado B (Glicogenese) via estimulação hormonal.

Os exercícios de curta duração e alta intensidade, tais como o jogo, estimulam a secreção de
cortisol, glucagon, adrenalina e noradrenalina, aumentando o nível de glicose no sangue (via A
e B).

Quando o estoque de glicogênio no músculo é suficiente o nível de glicose é alto e, então a


porção do glicogênio liberado pelo fígado auxilia no pagamento do débito de oxigênio. Porém,
quando após o jogo os níveis de glicemia estão abaixo do ideal, significa que os estoques de
glicogênio no músculo podem estar baixos e, portanto, o glicogênio do fígado foi utilizado para
a manutenção da glicemia, acelerando, assim, o surgimento da fadiga pela hipoglicemia.

Segundo Ekblon (1996), níveis de glicemia abaixo de 3 mmol/L comprometem o funcionamento


do sistema nervoso, diminuindo não só a performance física, mas também, a técnica e tática
devido principalmente à diminuição dos níveis de concentração e acuidade visual.
Valores de referência

Glicemia após jogo

Fonte: Romano & Martins Esportes

Ao determinarmos os níveis de lactato após o jogo, indiretamente predizemos a capacidade do


atleta em tolerar o ácido láctico, bem como a capacidade de ressísteze do mesmo e,
paralelamente, com a monitoração dos níveis de glicemia torna-se possível projetar a eficiência
do mecanismo de pagamento do débito de oxigênio, tanto aláctico quanto láctico.

Valores de referência

Lactato após jogo

Fonte

Fonte: Science and Soccer, Thomas Reilly, 1998.

Fonte: Romano & Martins, 1999 à 2005

ANÁLISE DA RELAÇÃO LACTATO-GLICEMIA APÓS JOGO

 Lactato acima de 4 mmol/L e glicemia abaixo de 3 mmol/L

Grande parte da dívida do débito de oxigênio pode ter sido paga pela fase lenta (láctico),
indicando que ocorreu uma maior solicitação das reservas de glicogênio (a estratégia a ser
utilizada é o aumento dos estoques via suplementação e aporte nutricional).

 Lactato acima de 4 mmol/L e glicemia acima de 3 mmol/L

Grande parte da dívida de oxigênio pode ter sido paga pela fase lenta (láctica), porém as
reservas de glicogênio foram compatíveis com as necessidades.

 Lactato abaixo de 4 mmol/L e glicemia abaixo de 3 mmol/L


Pode indicar baixa tolerância ao ácido láctico e/ou reservas de glicogênio insuficientes.
Possivelmente esse fato poderia ocorrer quando o nível de aptidão física estiver abaixo dos
valores de referência.

 Lactato entre 2 e 2,5 mmol/L e glicemia acima de 3 mmol/l

Pode indicar que grande parte da dívida de oxigênio tenha sido paga
pela fase rápida (aláctica). Pode ocorrer, mas não temos observado
esta situação com muita freqüência, é raro na prática do futebol.

ESCALA DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO DE BORG

Quanto maior a intensidade do exercício, mais elevado os níveis de


glicemia e percepção de esforço e, dessa forma, mais rápido é
depletado o estoque de glicogênio, havendo uma queda na glicemia
e, conseqüentemente, surgindo precocemente a fadiga, diminuindo assim, a capacidade de
trabalho.

A Escala Subjetiva de Borg possibilita ao atleta, indicar a intensidade do esforço realizado através da tabela
abaixo:

6–7-8 Muito, muito leve


9 – 10 Muito leve
11 – 12 Moderadamente leve
13 – 14 Um pouco pesado
15 – 16 Pesado
17 – 18 Muito pesado
19 – 20 Muito, muito pesado

A literatura e a prática mostram a possibilidade de unir a monitoração da glicemia à Escala de


Percepção Subjetiva de Esforço de Borg, a fim de projetar uma carga solicitada pelo jogo.

Nestes últimos cinco anos, por meio da monitoração realizada por nossos profissionais nas
diversas divisões do futebol brasileiro, tornou-se possível estabelecer um padrão de
comportamento das duas variáveis após jogos, como vemos abaixo:

 Zona de normalidade: glicemia entre 90 a 135 mg/dl e Borg pesado, um pouco pesado.
 Valores acima da zona de normalidade: glicemia superior a 140 mg/dl, o quê indicaria
que o jogo apresentou uma alta intensidade e o atleta não conseguiu manter um ritmo
intenso por muito tempo, tendendo diminuir para níveis mais estáveis. Devido os valores
de percepção de esforço elevados, este atleta poderia, em poucos minutos, apresentar uma
queda considerável dos níveis de glicemia, inclusive abaixo dos valores de repouso, com
uma diminuição da performance. Nestes casos, a Escala de Borg estaria indicando o valor
correspondente a muito, muito pesado.

 Abaixo da zona de normalidade: para valores de glicemia abaixo de 90 mg/dl temos


duas possibilidades. A primeira seria em conseqüência da alta intensidade que levaria a
depleção dos estoques de glicogênio (muscular e fígado) e, a segunda, pela pouca
participação no jogo, ou seja, baixa intensidade sem alta estimulação dos hormônios
catabólicos.

A fim de diferenciarmos as duas situações,


utilizamos a Escala de Percepção Subjetiva de
Esforço. No primeiro caso, a indicação do
atleta é igual ou superior a 17 (muito pesado
ou muito, muito pesado). No segundo caso, a
indicação do atleta seria abaixo de 13
(moderadamente leve).

Assim, concluímos que:

Análise do lactato

 Indica a dívida paga pelo débito de oxigênio e intensidade do jogo;

Análise da glicemia

 Determinação indireta dos estoques de glicogênio e capacidade para a manutenção dos


níveis glicêmicos adequados às necessidades do jogo.

 Escala de Percepção de Esforço de Borg

Projeção da intensidade de esforço percebida.


Espero que o texto possa estimular uma reflexão mais profunda sobre o assunto, já que foi
fruto de uma necessidade que surgiu mediante a uma necessidade pessoal e, por isso, tive que
lançar mão desta estratégia.

Até então, esta abordagem tem trazido resultados positivos, mas acredito não ser esta a única
estratégia ou a definitiva. Quem sabe por meio dela, juntos, possamos gerar uma discussão
que nos leve a criar muitas outras ferramentas de controles da performance, melhorando em
curto prazo, a qualidade dos serviços que prestamos aos nossos atletas e clubes nesta longa
batalha que é à busca do resultado no Futebol.

Outro fator a ser considerado, é que a Ciência só cumpre seu papel quando sai do laboratório
e vai para o campo tentar dar resposta aos nossos problemas. Muitas vezes isto nos leva a
inúmeras tentativas que incluem muitos erros e também acertos.

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