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Dissertação apresentada ao
Mestrado de História da Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas
da UFBA, como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre.
SALVADOR-BAHIA
2006
2
A d o n a Da lva ( in m emo r ia n ),
p a ra q u e m fu i a fi lh a q u e n ã o te ve.
A o s meu s p a i s, co m a fe t o e g ra tid ã o .
3
AGRADECIMENTOS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ..................................................................... 3
LISTA DE TABELAS ..................................................................... 5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................. 6
SUMÁR IO....................................................................................... 7
RESUMO ........................................................................................ 8
ABSTRACT .................................................................................... 9
INTRODUÇÃO ............................................................................... 11
CAPÍTULO I .................................................................................. 24
1 – OS CENÁRIOS: A FÁBR ICA E A CIDADE ................................. 24
CAPÍTULO II ................................................................................ 44
2 - O ESPAÇO FABRIL: A TRAMA SOCIAL NO INTERIOR
DA FÁBR ICA ................................................................................ 44
2.1 - CONSTRUINDO PERFIS ........................................................ 47
2.2 - CONHECENDO AS RELAÇÕES .............................................. 58
CAPÍTULO III ........................................................................... 74
3 - PARA ALÉM DAS PAREDES DA FÁBRICA ............................. 74
CONS IDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 98
BIBLIOGRAFIA ........................................................................... 102
FONTES ........................................................................................ 106
ANEXO ....................................................................................... 111
8
RESUMO
ABSTRACT
This stud y is aimed at discussing the textile workers’ everyd ay life and
social relations built both inside and outside their factory (Companhia
Valença Industrial), located in the Cit y of Valença (Bahia, Brazil) and dating
back to the 19 t h century. As revealed b y the importance assigned b y that
cit y’s societ y, the factory and its workers represent significant historical
elements to understand the cit y’s d ynamics, socioeconomic course and
cultural specificities. By drawing basicall y on oral sources and also written
records from the factory files and the local newspapers then in print, the
discussion herein proposed builds a profile of those workers from 1950 to
1980, shows where they stand within the cit y’s societ y and highlights the
importance of the female workers’ labor for the factory, the working
conditions, the factory’s hierarch y, the social relations, the everyday life in
the household and the kinds of socialization and leisure.
“ Na q u el e t emp o , d a m in h a ép o ca , a Co mp a n h ia ta va co m d o is
mil e ta n to s o p e rá rio s t r a b a lh a n d o . Qu a n d o la rg a va o s en h o r
to ma va med o , p a r ec ia u ma p ro ci s sã o , e ra a s si m em to d o s o s
h o rá rio s d e t ra b a lh o ”.
“T in h a g en te q u e só en t ra va n o t ra b a lh o . ..
q u e a fá b r ica a p ita va n a q u ela ép o ca ...
p o rq u e a fá b ri ca a p i ta v a ! ”
(S ra . A mé r ica d a Co n c ei çã o , ex- o p e rá r ia )
11
INTRODUÇÃO
“T r at a - se d e d e s ve nd ar ho j e a s co mp le xa s r e laç õ es
en tr e a mu l h er , a so c i ed ad e e o fa to , mo s tr a nd o
co mo o ser so c ia l q ue e la é ar t ic u la - se co m o f ato
so c ial q u e ela me s ma fab r ic a e d o q u al é p a r te
in te gr a nt e”.
Mar y Del P r io r e
1
Entre outros, SCOTT, Joan . “História das Mulheres”. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da História: novas
perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992.; SOIHET, Rachel. “História das Mulheres”. In: CARDOSO, Ciro
Flamarion. e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História: ensaios de teoria e de metodologia. Rio de Janeiro:
Campos, 1997.; MATOS, Maia Izilda Santos de. Estudos de gênero: percursos e possibilidades na historiografia
contemporânea. Campinas, Cadernos Pagu, nº 11, 1998.
12
2
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1993.
3
Arquivo da Companhia Valença Industrial. “Registro de Empregados e Funcionários”, caixa nº 1, letra A,
1970.
4
Depoimento da sra. Dalza Sarmento. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em 1998, aos
63 anos.
14
5
BRAUDEL, Fernand apud DOSSE, François. História em migalhas: dos Annales à Nova História. São Paulo:
Ensaio, 1992. p. 253.
15
6
OLIVEIRA, Nelson. Notas sobre a Recente Expansão Industrial na Bahia. Caderno do CEAS, nº 112. Nov/Dez.
1987. p. 45.
7
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, XX Volume, Rio de Janeiro, 1958. p. 409.
16
8
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária: a árvore da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p.
12-13.
9
DECCA, Edgard Salvadori de. O silêncio dos vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1984.
10
THOMPSON, E. P. op. cit.
17
11
O “Registro de Empregados” em fichas padronizadas passou a ser uma exigência legal a partir de 1935.
12
Apesar de diversas tentativas anteriores, o acesso às fichas funcionais da C.V.I. só foi autorizado no final do
ano de 2005, quando o curso já estava em andamento.
18
Fo nt e: Co mp a n hi a Va l en ça I nd us tr i al. Re g is t r o d e T r ab alhad o r es e Op er ár io s,
1 9 5 0 -1 9 8 0 .
13
SANTANA, Charles d’Almeida. Fartura e ventura camponesas: trabalho, cotidiano e migrações: Bahia 1950-
1980. São Paulo: Annablume, 1998, pp. 21-22.
14
SANTANA, Charles D’Almeida. “Lugares e Memória de Luzes na Cidade de Salvador”. Anais do Encontro
de História Oral do Nordeste. Salvador: 2000. p. 322.
15
CALDEIRA, Teresa. Memória e Relato. “A Escuta do Outro”. Revista do Arquivo Municipal Memória e Ação
Cultural. São Paulo: nº 200. p. 65.
21
16
PORTELLI, Alessandro. “Forma e Significado da História Oral. A pesquisa como experimento em
igualdade.” In “Projeto História”. São Paulo: nº 14, Fev/97. p. 26.
17
MONTENEGRO, Antônio Torres. História Oral e Memória. A Cultura Popular Revisitada São Paulo:
Contexto, 1994.
22
CAPÍTULO I
OS CENÁRIOS: A FÁBRICA E A CIDADE
18
Situada entre as Capitanias da Bahia e Porto Seguro, a Capitania de São Jorge dos Ilhéus “tinha 50 léguas de
largura e iniciava-se na foz do Rio Jaguaripe até a barra do Rio Coxim”. Extraído de
www.escolavesper.com.br/historia/costa_do_pau_brasil_capitanias_hereditarias.htm em 06/07/2006. De acordo
com Carta de Doação assinada por D. João III, Rei de Portugal, em 26 de Junho de 1534, a Capitania, com as
suas “50 léguas de costa” e entrando “na mesma largura pelo sertão adentro, quanto puder entrar”, foi doada a
Jorge Figueiredo Correia, escrivão da Fazenda Real, sob o sistema de donataria.
19
AGUIAR, Durval Vieira de. Descrições práticas da Província da Bahia: com declaração de todas as
distâncias intermediárias das cidades, vilas e povoações. Rio de Janeiro: Cátedra; Brasília: INL, 1979.
20
CAMPOS, João da Silva. Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Rio de Janeiro: Conselho Federal de
Cultura, 1981.
25
21
Série Desenvolvimento Regional – 16. Diagnóstico de Municípios. Tabuleiros de Valença. Salvador: agosto de
1995. p. 27.
22
Idem. p. 28.
23
Revista dos Municípios, 1924.
27
TABELA 01
Percentual produtivo agrícola na Bahia e no Brasil.
PRODUTO AGR ÍCOLA BAHIA BRASIL
Cravo-da-índia 94,8% 94,2%
Dendê 72,9% 60%
Piaçava 62,5% 56%
Seringueira 51% 39,5%
Fo nt e: S ér i e De se n vo l v i me nto Re g io na l – 1 6 . Dia g nó s tico d e M u ni cíp io s. T ab ul eir o s d e
Val e nça. S al vad o r : a go s to d e 1 9 9 5 . p . 2 8 .
24
OLIVEIRA, Waldir Freitas. A Industrial Cidade de Valença: Um surto de industrialização na Bahia do século
XIX. Salvador: UFBA, 1985.
28
25
IPAC- BA. Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Vol. 05. Monumentos e Sítios do Litoral Sul,
Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo, Salvador, 1988. Ver também AGUIAR, Durval Vieira de. Op. cit.
p. 251.
26
Revista dos Municípios, 1924.
27
SAMPAIO, José Luiz Pomponet (Coord.) . A Inserção da Bahia na evolução nacional – 1850-1889.
Atividades Produtivas, Vol 2. Salvador : Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia / Fundação de
Pesquisas – CPE, 1978. pp. 207-8.
28
SAMPAIO, José Luiz Pomponet. Op cit. p. 229.
29
29
OLIVEIRA, Waldir Freitas. Op. cit. p. 5.
30
SAMPAIO, José Luiz Pamponet. Op. cit. p. 199.
30
31
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 11 ed., São Paulo: Fundo de Cultura, 1964. p. 106-107.
Apud SAMPAIO, José Luiz Pamponet. Op. cit. pp. 199-200.
32
SAMPAIO, José Luiz Pamponet. Op. cit. pp. 203-204.
33
VERSIANI, Flávio Rabelo & VERSIANI, Maria Tereza R. O. A industrialização brasileira antes de 1930:
uma contribuição. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 125-6. Apud SAMPAIO, José Luiz Pamponet. Op. cit. pp. 199-
200.
31
40
AZEVEDO. Thales de. & LINS, Edilberto Quintela Vieira. História do Banco da Bahia, 1858-1958. Rio de
Janeiro: Livraria José Olympia Editora, 1969. pp. 192.
41
Esfarrapadeira: Equipamento utilizado para abrir o algodão prensado em fardos.
42
Cardadeira: Equipamento utilizado para o destrinçamento das fibras de algodão e, posteriormente, sua
limpeza.Desfazendo-se nós e limpando as fibras, a cardação permite que se forme uma fita própria para ser
fiada.
43
Maçaroqueira: Equipamento onde se processa a mudança de embalagem do material de fita para pavio,
adequado ao melhor uso nos filatórios e possibilitando a fabricação do fio desejado.
44
SAMPAIO, José Luiz Pomponet. Op. cit.
33
45
Fala que recitou o presidente da província da Bahia, o dezembargador João José de Moura Magalhães, na
abertura da Assembléia Legislativa da mesma província em 25 de março de 1848, Typ. De João Alves Portella,
1848. Extraído de www.crl.edu/content/brazil/BAH.htm . Grifo meu.
46
Idem. p. 205.
34
47
Idem. p. 206.
48
BETENCOURT, José de Sá. Memoria sobre a plantação dos algodões e sua exportação; sobre a decadência da
lavoura de mandiocas, no Termo da Vila de Camamú, Comarca dos Ilhéos, Governo da Bahia. [Lisboa]: Officina
de Simão Thaddeo Ferreira, 1798. Apud NEVES, Erivaldo Fagundes. Uma Comunidade Sertaneja: da Sesmaria
ao Minifúndio (um estudo de História Regional e Local). Salvador: EDUFBA/UEFS, 1998.
49
Refere-se à fala do Presidente da Província da Bahia, o Conselheiro Antônio Ignácio d’Azevedo, de 02 de
fevereiro de 1847.
50
SAMPAIO, José Luís Pamponet. Op. cit. p. 197.
35
51
OLIVEIRA,Waldir Freitas.op.cit., p. 36.
52
SAMPAIO, José Luís Pamponet. Op. cit. p. 202.
53
OLIVEIRA,Waldir Freitas.Op. cit. p. 38.
54
SAMPAIO, José Luís Pamponet. Op. cit.
36
despesas com que tem lutado (...) e ainda lutam vão muito além de todos os
cálculos e previsão que em seu começo haviam imaginado 55”.
“A ca sa e m q ue e sto u é mu ito b o a e b e m ar r a nj ad a. P er te nc e ao s
Mad ur e ir a ( C as i mi r o e B er nar d i no ) e sô b r e a p o r ta te m – Do is
ir mã o s – 1 8 5 0 .
55
OLIVEIRA,Waldir Freitas.Op. cit. p. 38.
56
Idem. p. 40-41.
37
57
Diário de D. Pedro II. In: LIMA, Joaquim Manoel Rodrigues. (org). Memória sobre o estado da Bahia.
Salvador: 1893. pp. 189-191.
58
CALMON, Francisco Marques de Góes. “Ensaio de retrospecto sobre o comércio e a vida econômica e
comercial da Bahia, de 1823 a 1900”. In: Diário Oficial do Estado da Bahia. Edição especial do Centenário.
Bahia: 1923. pp. 384 e 388. Apud OLIVEIRA,Waldir Freitas.Op. cit. p. 84.
59
SAMPAIO, José Luís Pamponet. Op. cit. p. 210-211.
60
OLIVEIRA,Waldir Freitas.Op. cit. p. 42
38
Em 1869, sem ver superada a crise que assolava a fábrica desde o seu
nascedouro, a Madureira e Dultra vendeu a Nossa Senhora do Amparo a
Antônio Francisco de Lacerda, antigo sócio da Todos os Santos, que a
registrou como pertencente à firma Lacerda e Irmãos, constituída por filhos
de Antônio Francisco.
“O a u me n to d e cap it al d a N. S . d o A mp a r o p r o ces so u - se a p ar t ir
d o s só cio s j á e x i ste n t es e m 1 8 7 7 : Mo r ei r a, I r mão & C., co m
2 0 0 :0 0 0 $ 0 0 0 ( d u ze nto s co n to s d e r éi s) , e Do mi n go s Go nç al ve s d e
Oli v eir a, co m 1 0 0 :0 0 0 $ 0 0 0 ( ce m co n to s d e r éi s ) , u ti li za nd o - se es se
cap i tal p ar a e xp a n são d a cap ac id ad e p r o d ut i va 64”.
61
CUNHA, Silvio Humberto dos Passos. Um Retrato Fiel da Bahia: Sociedade-Racismo-Economia na Transição
para o Trabalho Livre no Recôncavo Açucareiro, 1871-1902. Tese de doutorado. UNICAMP, 2004.
62
Inventário de Antônio Francisco de Lacerda. Arquivo do Estado da Bahia. Apud OLIVEIRA,Waldir
Freitas.Op. cit. p. 44.
63
Quando da aquisição da Todos os Santos, a firma compradora estava sob nova razão social: Moreira, Oliveira
e Cia. OLIVEIRA,Waldir Freitas.Op. cit. p. 45.
64
SAMPAIO, José Luís Pamponet. Op. cit. p. 221.
39
65
Companhia Valença Industrial. Livro de Actas das Assembléias da Companhia Valença Industrial. Acta da
Assembléia de 24 de julho de 1899. p. 01.
66
SAMPAIO, José Luís Pamponet. Op. cit. p. 202.
67
Idem, ibidem. p. 223.
40
“A As se mb lé ia, co n s id er a nd o o p r o gr a ma d e in v es ti me nto s d a
e mp r e sa na aq ui s ição d e maq u i nar ia p ar a m o d er n iz ação d e s e u
p ar q u e i nd u s tr i al es t i mad o e m ap r o x i mad a me nt e e m Cr $
1 0 .0 0 0 .0 0 0 ,0 0 0 ( d e z mi l hõ e s d e c r uze ir o s) , d e li b er o u a d i str ib ui ção
ao s ac io ni st as d e u m d iv id e nd o d e 3 % ( tr ês p o r ce n to ) , se nd o o
r es ta nt e l e vad o a co nt a d e r es er va p ar a a r e no vaç ão d o
eq u ip a me n to , ap ó s d ed u zid a a p r o v is ão p ar a p a ga me n to d o i mp o s to
d e r e nd a 70”.
“M ui to o b r i g ad o mi n h a q uer id a C. V.I ., vo cê fa z p ar te d o no s so
co r ação , vo cê é a g e nte , vo cê é p o et a, vo c ê é vi v a e vo cê e x i st e,
vo c ê no s a co r d a p ar a o d ia a d i a d e to d o s o s d ia s, vo cê é p r o f uso e m
P r o gr e s so 71”.
Ou ainda:
68
Telhas de fibrocimento: Telhas constituídas por fibras de amianto e cimento, fabricadas em diversos modelos,
tamanhos e espessuras, segundo www.escolher-e-construir.eng.br , consultado em julho de 2006.
69
IPAC- BA. Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Vol. 05. Monumentos e Sítios do Litoral Sul,
Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo, Salvador, 1988.
70
Companhia Valença Industrial. Livro de Actas das Assembléias da Companhia Valença Industrial. Assembléia
Ordinária de 30/04/1975. p. 98.
71
Acervo da Câmara Municipal de Valença. Jornal “O Manacá” – Ano IV – 31/03/1979. nº 090 – Valença-
Bahia. Capa.
72
Acervo da Câmara Municipal de Valença. Jornal “Folha da Cidade” – Ano V I – 10/11/1970. Nova Fase nº
154 – Valença-Bahia, capa. O texto figurava como legenda de uma fotografia da fachada da Fábrica Nossa
41
“Q ue m f ez o me r cad o d e Va le nç a fo i a fá b r ica, q u e m fe z a
r ecr ea ti v a fo i a fáb r ica, q ue m f ez aq u el as d u as c asa s d a e ntr ad a fo i
a fáb r i ca. Fo i a v il a e f o r a a s p r o p r ied ad es q u e ti n ha p o r aq u i, q ue
er a d a f áb r i ca. Q ue m ma nt i n ha o ho sp it al er a a f áb r ic a 73”.
Senhora do Amparo e fora produzido por Albino Farias de Sousa, aluno da Escola Técnica de Comércio da
cidade de Valença.
73
Depoimento do senhor Nelson Palma aos 85 anos. Trabalhador aposentado.
74
Depoimento do senhor Arlindo Paes da Fonseca aos 75 anos. Trabalhador aposentado e ex-sindicalista.
75
Revista dos Municípios, 1924.
42
76
SILVA FILHO, Basílio Machado da. Notas geográficas sobre a cidade de Valença. Valença-Bahia:
Tipografia Tupy, 1958.
77
SANTOS, Marilécia Oliveira. A “cidade do bem”: uma escola de disciplina. Extraído de
http://www.anpuh.uepg.br/xxiii-simposio/anais/textos em outubro de 2006.
78
SINGER, Paul. A formação da classe operária. São Paulo: Atual; Campinas: UNICAMP, 1988. p. 73.
79
Para discussão acerca do papel disciplinador das vilas operárias, ver: SINGER, Paul. A Formação da Classe
Operária. São Paulo: Atual; Campinas: UNICAMP, 1988. SANTOS, Marilécia Oliveira. Empório da Utopia: o
43
projeto industrial de Luís Tarquínio. Dissertação de Mestrado, PPGH-FFCH-UFBA, 2000. LOPES, José Sérgio
Leite. A Tecelagem dos Conflitos de Classe na Cidade das Chaminés. São Paulo: Marco Zero, 1988.
80
PASSOS, Carlos Henrique Ferreira dos. Histórico da Igreja do Amparo.Valença: exemplar digitado, 1988. De
acordo com este autor, o culto a Nossa Senhora do Amparo data de 1757, embora a capela que deu origem a
Igreja do Amparo date de 1597, nesta ocasião dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte. Segundo Passos, a data
original da Festa do Amparo era o 15 de fevereiro, transferida para 8 de novembro por Bernardino de Sena
Madureira, proprietário da fábrica Todos os Santos. Entre 1912 e 1941, por causa de um sinistro que destruiu
parte da Igreja, a festa teria sido celebrada no interior da fábrica têxtil e estendida às ruas da vila operária.
81
Associação Baiana de Imprensa. Jornal Tribuna Litorânea. Ano II – 15/11/1977 - nº 19 – Cidade Industrial
de Valença.
44
CAPÍTULO II
O ESPAÇO FABRIL: A TRAMA SOCIAL NO INTERIOR DA
FÁBRICA
82
LOPES, José Sérgio Leite. A Tecelagem dos Conflitos de Classe na Cidade das Chaminés. São Paulo: Marco
Zero, 1988.
45
TABELA 02
Escolaridade do(a) trabalhador(a) X Sexo
Sexo do (a) Alfabetizado(a) Não- Total de
trabalhador(a) alfabetizado(a) indicações
quanto à
escolaridade
FEMININO 198 10 208
MASCULINO 340 8 348
TOTAL 538 18 556
Fo nt e: Co mp a n hia Va le n ça I nd u str ia l. Re g is tr o d e T r ab al had o r es e Op er á r io s , 1 9 5 0 -1 9 8 0 .
83
MACHADO, Lia Zanotta. Introdução. In: COSTA, Albertina de Oliveira. e BRUSCHINI, Cristina (org). Uma
Questão de Gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992, p. 9.
84
SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil para análise histórica”. In: Revista Educação e Realidade. Porto
Alegre: v. 16, nº 2, jul/dez, 1990.
47
CONSTRUINDO PERFIS
TABELA 03
Sexo do(a) trabalhador(a)
Sexo do(a) Freqüência Percentual válido
trabalhador(a) numérica
FEMININO 1 464 31,3%
MASCULINO 3 218 68,7%
TOTAL 4 682 100%
Fo nt e: Co mp a n hia Va le n ça I nd u str ia l. Re g is tr o d e T r ab al had o r es e Op er á r io s . 1 9 5 0 -1 9 8 0 .
85
Ver referências à presença eminentemente feminina nas tecelagens em LOPES, José Sérgio Leite. A tecelagem
dos conflitos de classe na Cidade das Chaminés. São Paulo: Marco Zero, 1988, p. 317; DECCA, Maria
Auxiliadora Guzzo, A vida fora das fábricas: cotidiano operário em São Paulo (1920-1934). Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1987, p. 23; BLAY, Eva Alterman. Trabalho domesticado: a mulher na indústria paulista. São Paulo:
Ática, 1978. pp. 137-138, entre outros.
86
O Diário da visita de D. Pedro II (1860) faz referência “à maioria feminina de trabalhadores na Fábrica
Amparo”.
48
TABELA 04
Sexo do(a) trabalhador(a) X Número de meses trabalhados 87
Sexo do Número de meses de trabalho (inferior a um ano)
trabalhador
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Total
FEMININO 44 25 30 33 27 28 23 16 15 18 17 276
MASCULINO 356 209 170 135 131 112 77 71 62 53 59 1 435
TOTAL 400 234 200 168 158 140 100 87 77 71 76 1 711
Fo nt e: Co mp a n hia Va le n ça I nd u str ia l. Re g is tr o d e T r ab al had o r es e Op er á r io s . 1 9 5 0 -1 9 8 0 .
87
O número de meses trabalhados na tabela restringe-se a períodos inferiores a um ano de serviço.
88
De acordo com a Lei 3 807, de 26 de agosto de 1960 da Lei Orgânica da Previdência Social, em seu artigo 32:
“A aposentadoria por tempo de serviço será concedida ao segurado que completar 30 (trinta) e 35 (trinta e cinco)
anos de serviço, respectivamente, com 80% (oitenta por cento) do “salário do benefício” no primeiro caso, e,
integralmente, no segundo”. Esta informação está disponível no site www.previdenciasocial.gov.br/sislex,
acessado em novembro de 2006.
49
como tempo de serviço para aposentadoria, não enveredei por estes cálculos.
Em outros casos, a ausência dessa informação pode estar ligada às condições
de conservação de muitos dos documentos, que, entre desaparecidos 89 e
deteriorados, não nos permitiram inferir se outros(as) tantos(as)
trabalhadores(as) alcançaram, através do trabalho na fábrica, a sua
aposentadoria.
Com o foco apenas no que estava explicitamente registrado nas fichas
da fábrica, os dados da Tabela 03 e as informações possíveis sobre o alcance
da aposentadoria sinalizam que, em alguma medida, muitas trabalhadoras da
fábrica conseguiram, para além da contratação, uma permanência no emprego,
que pode ser reveladora de certos mecanismos de luta e autodefesa, de
estratégias de sobrevivência ou, por outra, de garantia da preservação dos
meios de sobrevivência conquistados.
A política do “fazer por viver”, a astúcia presente em certas atitudes –
dissimuladas, em alguns momentos; “indisciplinadas”, em outros –, frente aos
superiores hierárquicos, a dedicação obstinada ao trabalho e ao máximo
possível de produção eram elementos presentes nas ações de mulheres
operárias para fazer frente ao complexo de relações existentes no espaço
fabril em cujas relações elas estavam inseridas.
De acordo com Carla Beozzo Bassanezi, “o ‘jeitinho [feminino]’
reproduz o sistema desigual, mas, por outro lado, ameaça, e até contribui para
subverter este sistema.” 90 Trata-se de uma maneira própria de conduzir os
relacionamentos que pode admitir uma diversidade de leituras e
interpretações. Submissão ou estratégia? As falas das operárias entrevistadas
– que logo trarei à discussão –, e mesmo, as fichas funcionais, nas anotações
registradas pelos chefes de seção, revelam a mescla de um e outro elemento,
em diferentes dosagens, a depender das circunstâncias. O fato é que,
entremeando uma e outra, um número significativo de mulheres operárias
trabalharam durante décadas na fábrica, conquistando, ao final desse período,
a sua aposentadoria.
89
Saliento aqui o fato de não ter localizado fichas de trabalhadores conhecidos, inclusive, alguns dos
entrevistados, nas caixas correspondentes ao seu período de emprego na fábrica.
90
BASSANEZI, Carla Beozzo. Virando as páginas, revendo as mulheres: revistas femininas e relações homem-
mulher, 1945-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. p. 344.
50
TABELA 05
Sexo X Recomendação quanto à readmissão
Sexo do(a) Recomendação Total
trabalhador(a)
POSITIVA NEGATIVA
FEMININO 14 29 43
MASCULINO 86 315 401
TOTAL 100 344 444
Fo nt e: Co mp a n hia Va le n ça I nd u str ia l. Re g is tr o d e T r ab al had o r es e Op er á r io s . 1 9 5 0 -1 9 8 0 .
91
A advertência consistia em uma repreensão verbal, cujo registro era assinado pelo(a) trabalhador(a) para efeito
de arquivamento. A suspensão implicava em ausência compulsória ao trabalho, por um período estabelecido
pela administração da empresa, com descontos sobre o salário referentes ao período deste afastamento.
52
92
Depoimento da sra. Maria Almeida Baião (D.Mariinha). Ex-operária aposentada, residente em Valença.
Entrevistada em 1999, aos 84 anos.
93
Depoimento da sra. Zélia Pereira Paixão. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em 199,
aos 84 anos.
54
TABELA 06
Funções na produção têxtil
FUNÇÃO NÚMERO
FEMININOS MASCULINOS
Tecelã 94(o) 448 149
Fiandeira 95(o) 151 102
Massaroqueira(o) 135 16
Verificador(a) de tecidos 46 15
Op. de Conicaleira 96 31 3
Op. de Liçadeira 97 25 0
Op. de Espuladeira 98 14 4
TOTAL 850 199
Fo nt e: Co mp a n hia Va le n ça I nd u str ia l. Re g is tr o d e E mp r e g ad o s e Op er ár i o s. 1 9 5 0 -1 9 8 0 .
94
Operário(a) responsável por um grupo de teares na operação de tecimento.
95
Profissional responsável pelo patrulhamento de máquinas cujas funções são manter todos os fusos emendados,
substituir maçarocas vazias por cheias, limpar constantemente as máquinas e observar a regularidade da
produção de fios.
96
Profissional responsável por rebobinar toda a sobra de fio para serem reaproveitados na urdideira.
97
Profissional que prepara os quadros de liços (armações que contêm lâminas de aço com furos por onde passam
os fios de urdume)
98
Profissional cuja função é encher as espulas, que são recipientes para condicionar o fio que é usado na
lançadeira.
55
99
Conforme formulário da previdência de “informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos
para fins de instrução de processos de aposentadoria especial”, anexado a algumas fichas.
56
100
www.fazendogenero7.ufsc.br/artigos
57
TABELA 07
Funções fabris X Sexo
FUNÇÕES SEXO
FEMININO MASCULINO
Chefe de setor 0 18
Contra-mestre 0 53
Fiscal 1 5
Mecânico(a) 0 38
Mestre 0 8
Motorista 0 28
Supervisor(a) 0 4
Técnico 2 11
Costureira(o) 4 0
Encruzadeira(o) 31 7
Fiandeira(o) 151 102
Massaroqueira(o) 135 16
Tecelã(o) 448 149
Fo nt e: C. V.I . - R e gi st r o d e E mp r e g ad o s e Op er ár io s.1 9 5 0 - 1 9 8 0 .
CONHECENDO AS RELAÇÕES
“E u f ui p r a f áb r i ca co m 1 1 a no s d e id ad e. Me u p ai mo r r e u. Dep o is
d o fal eci me nto d e le e u co mp le te i 1 1 a no s, Aí ma mãe d i s se : ‘ vo c ê
va i p r a fáb r i ca p o r q ue eu t e n ho q u e p a gar o f u ner al d o s e u p ai e
não te n ho d i n he ir o e a g en te v ai p as sa r mu i ta f al ta. ’ ” 102
101
D. Mariinha. Depoimento citado.
102
D. Zélia Pereira Paixão. Depoimento citado.
61
“E u ti v e u ma ve z u m d iac ho d e u ma gr ip e c o mo e s sa, vo cê t a
en te nd e nd o ? ... e u d ei so r te p o r q u e a f áb r ic a ta v a p ar ad a, não ti n h a
r o lo p á b o tar na s máq u in a e fi ca va p ar ad a. N ã o vi n h a p á ca sa p á
não p er d er o d ia, e u c ur ti a mi n h a, d e itad a no c i me nto , no a v e nt al,
tr ê s d i as ” 105.
103
Candengo é uma cachoeira do município, cuja força hidrádulica fornecia energia para as turbinas da fábrica
Todos os Santos, a primeira fábrica têxtil de Valença, e energia elétrica para a cidade.
104
Depoimento da sra. . Vitalina Oliveira de Sousa. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada
em 1999, aos 72 anos.
105
Idem.
62
“O no me d a p e s so a q ue ma i s p r o d u z naq u el a se ç ão a í ia p r a p ed r a,
u ma li s ta né? Aí c ha m av a p ed r a . Aí d a va p r o d uç ão . T i n ha ge n te
q ue fico u i n i mi g a mi n h a p o r q u e e u p r o d u zi a ma i .” 108 .
106
Depoimento da sra. Maria dos Anjos Ramos. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em
1998, aos 71 anos.
107
D. Mariinha. Depoimento citado. O grifo é meu.
63
108
D. Dalza Sarmento Ribeiro. Depoimento citado.
109
Depoimento da sra. Rita Reis Vidal. Ex-operária demitida em 1986, residente em Valença. Entrevistada em
1999, aos 54 anos.
110
LOPES, José Sergio Leite. Op. cit. p. 32.
64
D. Rita, por sua fala, deixa transparecer uma certa concordância com o
papel vigilante e, por vezes, punidor exercido pelo contramestre.
“E u d i s se a ss i m a u ma vi zi n h a a s si m: a máq u i na tá d e sc e no p a no ,
s u sp e nd e nd o p a no , q ue m d i s se q ue el e v eio co n ser tar ? Aí el a f alo u
as si m: a mi n h a tá so l ta n o a la nç ad ei r a 113, aí el e p a s so u p r a l á e p r a
cá e não co n s er ta , ma s e u n ão d o u me r e nd a a ele . Aí e u f al ei as s i m:
111
SANTANA, Charles D’Almeida. Fartura e ventura camponeses. Trabalho, cotidiano e migrações. Bahia:
1950-1980. São Paulo: Annablume, 1998, p. 21.
112
D. Mariinha. Depoimento citado.
113
Acessório do tear que recebe uma espula com fio. A lançadeira leva a trama (fio transversal) de um lado para
outro do tear, formando – juntamente com o urdume (fio longitudinal) – o tecido.
65
Q ue hi s tó r i a d e me r e nd a é e ss a? E la d i ss e a s si m : A s ua v iz i n ha d á
me r e nd a a e le to d o d i a, r ep ar e se a má q ui na d el a d á d e f ei to .”
“E u e nt e nd o as s i m: a g e nt e tr ab al h a aq ui , p o d e b o tar u m ca c ho r r o ,
a ge nt e t i n ha q ue r esp eit ar , é o me s tr e d a g en te, né? T e m q u e
r esp eit ar . E p o r i s so e u me d ei b e m. ” 116
114
SANTANA, Charles D’Almeida. op.cit, p. 43.
115
Depoimento da sra. Beatriz Silva Sousa. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em
1999, aos 72 anos.
116
Depoimento da sra. Adalzuíta Almeida (D. Naninha). Ex-operária aposentada, residente em Valença.
Entrevistada em 2000, aos 74 anos.
66
“Mar ti n ia no Ca r q uej a m el ho r o u a i nd a, b o m me s tr e aq u el e, go st a va
mu i to d e mi m ta mb é m, p o r q u e gr aç a s a De u s e u não f azi a
b alb úr d i a n e m nad a , el e q ua nd o p as sa v a al i e u t a va no tr ab al ho ,
n u nc a f ui c ha ma d a no es cr itó r io ” 122.
117
Depoimento da sra. Maria Celidalva (D. Dalva). Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada
em 2000, aos 75 anos.
118
D. Maria dos Anjos. Depoimento citado.
119
Idem.
120
FENELON, Déa Ribeiro. “O Historiador e a cultura popular: história de classe ou história do povo?” In:
História e Perspectiva, Revista do Curso de História da Universidade Federal de Uberlândia, nº 6, jan/jun/1992.
121
D. Dalva. Depoimento citado.
122
Depoimento da sra. Julieta Pereira Santos. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em
1998, aos 88 anos.
123
Idem.
67
“. .. q ua nd o t i n ha n ece s s id ad e d e f alar a s si m al g u ma co is a, a ge n te
q uer ia f al ar a l g u ma co i sa d e tr ab a l ho ... al iá s, não fal a va b e m co m
ele não , f al a va co m o s me s tr e p r a e n v iar as co i sa q ue a ge n te
q uer ia p r a e le” 124.
124
D. Naninha. Depoimento citado.
125
D. Dalza. Depoimento citado.
126
D. Dalza. Depoimento citado.
68
“E u f ui u m d ia d aq ui, c o r r e no , e sb a f u r id a , mã e d e fa mí l ia né? Sa í
d o id a. Q ua nd o ap it a va aq u el e tr eco tr ê s ve z es q u e a ge n te n ão
co mp ar e ce u, p o r tão na car a. L á va i e u co r r e n o , co r r e no , q u a nd o
ch e go u a li, j us to o nd e J o sé Au g u s to mo r o u, mai s p r a lá u m p o u co ,
eu ca n sa no co mo o q u ê, f u i co r r e no , co mo é q ue p o d e n é? Fec ho u o
127
D. Beatriz. Depoimento citado.
128
Depoimento do sr. Claudionor Gomes de Sousa. Ex-operário aposentado, residente em Valença. Entrevistado
em 1998, aos 75 anos.
69
p o r tão , n e m p r a r esp ei t ar u ma p e s so a id o sa c o r r e nd o . O p ão e u
b o ta va d e ntr o d o , d o , d o , b o l so d o a ve n ta l p r a co mer lá e sco nd id o
q ue não co mia cá p o r q u e não d a v a t e mp o , aí q u and o a ge n te j á ta v a
sa i no , ele j á t a va co m a mã o no p o r tão p r a f ec har e a g e nte
o lh a nd o aq u el e r e ló gio gr a nd e q ue te m al i fo r a . Me n i na, o q ue é
is so ? ! Aí e u b o t a va o p ão , ia p r a d e nt r o d a sa la, e me n d a va a
máq u i na, tir a va o p ão , o lh a va p r o s q u atr o c a nt o s, t ir a va o p ed a ço .
I s so é v id a? ” 129
Esse acidente, especificamente, foi um dos fatores que fizeram com que
D. Mariinha se tornasse operária aos 12 anos de idade, abrindo mão dos já tão
parcos estudos a que tinha acesso.
129
D. Beatriz. Depoimento citado.
130
D. Naninha. Depoimento citado.
131
D. Mariinha. Depoimento citado.
70
“Q ua nd o fo i u m d ia , n ã o sei se fo i se u I sa ur o o u se u Al me id a, q u e
d is se : b o m, nó s fa ze mo s a i nd e n iza ção , ma s só se q ua nd o el a fi car
b o a não q ue ir a vo lt ar m ai s ao tr ab a l ho .” 133
Mas esta realidade sofreu alterações a partir dos anos 30, segundo Leite
Lopes, ao analisar o que chamou de “sistema fábrica e vila operária” na
Companhia de Tecidos Paulista, em Recife:
132
Quando da entrada de D. Mariinha na fábrica (1927), ainda não havia o Sindicato dos Trabalhadores de
Fiação e Tecelagem de Valença, fundado em 1934. Apud FONSECA, Arlindo Paes da. História de Valença,
exemplar datilografado.
133
D. Mariinha. Depoimento citado.
134
LOPES, José Sérgio Leite. Op. Cit., p. 60-61.
135
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários, criado através da Lei nº 367, de 31 de dezembro de
1936, durante o Estado Novo, de Getúlio Vargas.
71
136
D. Dalva.Depoimento citado.
137
D. Mariinha. Depoimento citado.
72
Dona Mariinha entremeava sua fala com risos, como que a não
considerar graves tais desavenças. Ao contrário, a expressão séria, quase
aborrecida de D. Benedita testemunha uma maior freqüência nos
desentendimentos internos entre colegas: “... era o que não faltava.” E quando
foi questionada se lembrava de algum caso desse tipo, ela foi tax ativa: “Me
lembro, mas... tô fora.” E simplesmente silenciou a respeito. O silêncio, tão
significativo quanto a fala, foi capaz de informar o desagrado da operária com
tais lembranças. Observe-se que ela não nega a existência das desavenças,
mas assume a postura de limitar-se a esta informação, impondo a construção
de um novo rumo para a entrevista. O silêncio quase aborrecido de D.
Benedita contrasta com o riso de D. Mariinha, o mesmo riso que entremeou a
fala de D. América a este respeito: “Agora... porque existia também muita
briga, viu? As vezes existia tapa, tudo dentro da fábrica, e brigava com a
outra e tal”.
138
Depoimento da sra. Benedita do Rosário. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em
1999, aos 84 anos.
139
D. Mariinha. Depoimento citado.
73
“E r a ó t i mo . Mi n h as co l eg a d e tr ab a l ho er a mar av il ho sa . São t ud o
b o a, mi n ha fi l ha, mi n ha s co le g ui n h a d e t r ab al ho , er a t ud o
ca mar ad i n ha , ge n te b o a. N ão t e n ho o q ue d izer d a s mi n h a s
co le ga .” 140
“Q ua nd o le va v a u ma f r u ta, a í er a u m p ed ac in h o p r a u m, u m
p ed aci n ho p r a o u tr a. ” 141
140
D. Naninha. Depoimento citado.
141
D. Mariinha. Depoimento citado.
142
D. Rita Vidal. Depoimento citado.
74
CAPÍTULO III
PARA ALÉM DAS PAREDES DA FÁBRICA
143
“A memória, para prolongar essa definição lapidar, é uma reconstrução psíquica e intelectual que acarreta de
fato uma representação seletiva do passado, um passado que nunca é aquele do indivíduo somente, mas de um
indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional.” ROUSSO, Henry. “A memória não é mais o que
era”. In: AMADO, Janaína. e FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da História oral. Rio de Janeiro:
Ed. FGV, 2002. Para outras discussões sobre memória, consultar BOSI, Ecléa. Memória e sociedade:
lembranças de velhos. São Paulo: Cia. das Letras, 1994; MONTENEGRO, Antônio Torres. História oral e
memória. A cultura popular revisitada. São Paulo: Contexto, 1994; HALBWACHS, Maurice. A memória
coletiva. São Paulo: Editora Vértice, 1990, entre outros.
75
144
A respeito dos debates sobre o termo “história oral” ver AMADO, Janaína. e FERREIRA, Marieta de Moraes.
Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2002. Ver também ALCÁZAR I GARRIDO, Joan
del. “As fontes orais na pesquisa histórica: uma Contribuição ao Debate”. Revista Brasileira de História, vol. 13,
nº 25/6. São Paulo: ANPUH/Marco Zero, set. 92/ago. 93, pp. 33-54.
145
SANTANA, Charles d’Almeida. Fartura e ventura camponesas: trabalho, cotidiano e migrações. Bahia
1950-1980. São Paulo: Annablume, 1998, pp. 21-22.
76
146
SANTANA, Charles d’Almeida. Op. cit. P. 21.
147
SARDENBERG. Cecília Maria Bacellar. “O Gênero da memória”. In: PASSOS, Elizete. ALVES, Ívia.
MACEDO, Márcia (orgs). Metamorfoses: gênero na perspectiva interdisciplinar. Salvador: NEIM/UFBA, 1998.
p. 159.
77
148
Depoimento do sr. Gerci Januário da Costa. Ex-operário aposentado residente em Valença. Entrevistado em
2001, aos 75 anos.
149
Depoimento da sra. América da Conceição. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em
2006, aos 82 anos.
150
D. Naninha. Depoimento citado.
78
151
D. Mariinha. Depoimento citado.
152
D. Benedita do Rosário. Depoimento citado.
153
SARDENBERG. Cecília Maria Barcellar. Op. cit. p. 159.
79
154
Idem, ibidem.
155
Os senhores Raul Malbouisson e Jesus Moral eram gerentes da Companhia Valença Industrial.
156
D. Benedita do Rosário. Depoimento citado.
157
D. Mariinha. Depoimento citado.
80
158
LOZANO, Jorge Eduardo Aceves. “Prática e estilos de pesquisa na história oral contemporânea”. In:
AMADO, Janaína. e FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da História oral. Rio de Janeiro: Ed. FGV,
2002. pp. 15-25.
81
“A d is cip li na e a o r d e m er a m f u n d a me n ta is p ar a a s eq üê nc ia d a
p r o d uç ão no si s te ma f ab r il e a s si m o co n tr o le s e fe z p r e se nt e e fo i
ut il iz ad o so b d i ve r s as f o r mas , d en tr o e fo r a d o a mb ie n te p r o d ut i vo .
As v il as o p er ár ia s i n ser e m- s e no s q u ad r o s d e m ud a n ça d a es tr a té g ia
p atr o na l e m r el ação à d isc ip l i na d o o p er ar i ad o , q u e p as sa a
e mp r e gar méto d o s p u n it ivo s d i fer e nt es d o s u ti li zad o s at é e n tão 159.”
“E u vi ú v a, fiq u ei v i ú va, eu fo r me i tr ê s fi l ho s e ai nd a co ns tr uí u ma
cas i n ha p o r q ue e u t i n h a med o d a Co mp a n h ia, q ue a Co mp a n hi a
q ua nd o a p e s so a sa ía d a f áb r ic a, q ue el a b o t a va a p e s so a p ar a fo r a ,
p er d ia a ca sa , e n tão e u ti n ha med o d e p a gar al u g ue l, d e ne gó c io d e
co n tr a to p r a d ep o i s sa ir . Aí e u d is se : vo u co ns tr uir u ma c as a p r a
q ua nd o me b o tar p r a fo r a e u t er o nd e b o tar a c ab eça 161.”
159
SANTOS, Marilécia Oliveira. A “cidade do bem”: uma escola de disciplina. Extraído de
http://www.anpuh.uepg.br/xxiii-simposio/anais/textos em outubro de 2006.
160
SINGER, Paul. A formação da classe operária no Brasil. São Paulo: Atual; Campinas: UNICAMP, 1988. p.
73.
161
D. Dalza Sarmento Ribeiro. Depoimento citado.
162
D. Vitalina. Depoimento citado.
82
“P o is q ue o f ato d e c er ta s i nd ú s tr i as fo r n ec er e m ca sa s a se u s
o p er ár io s, e m co n tr ap ar tid a sej a d e u m a lu g u el ger al me n te
d esco n tad o d o sa lár io , s ej a d a s o b r i ga çõ e s eco nô mi ca s e não
eco nô mi ca s g er a l me n t e não e xp li ci tad a s e m co ntr a to , ma s
in co r p o r ad as ao co mp o r ta me n to d o s o p er á r i o s co mo p ar t e d as
r eg r a s d o j o go , s i g ni f ic a d e fa to u ma i nt er fer ê nc ia d ir e ta e v i sí ve l
d a ad mi n is tr a ção d a f á b r ica so b r e a v id a so c ial e xtr a - f ab r il d o s
tr ab a l had o r e s 163.”
Porém, o teor dos depoimentos não permite afirmar que a maioria das
operárias compreendesse a vila como um prolongamento do universo fabril 164 ,
instrumento de controle e pressão, inclusive, pressão política em época de
eleições para favorecer com o voto dos operários a este ou àquele candidato,
como testemunha D. Benedita:
163
LOPES, José Sérgio Leite. A tecelagem dos conflitos de classe na “Cidade das Chaminés”. São Paulo: Marco
Zero / Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1988. p. 17.
164
DECCA, Maria Auxiliadora Guzzo de. Cotidiano de trabalhadores na República – São Paulo 1889/1940.
São Paulo: Brasiliense, 1989.
83
“P a g a va d o is mi r éi s... p ag a va p o r se ma na. .. E r a p o r s e ma n a o u p o r
mê s? E r a p o r se ma na. Q ua nd o d e sco nt a... q ua nd o ga n ha v a, n ão
sab e? O d i n he ir o d a ca s a vi n h a d es co nt ad o . Ma s p aga v a a ca sa co m
ág u a, l uz, t ud o . P a ga va u ma c as a, co m á g ua, co m l uz ... d o i s mi r éi s
( ...) [ a ca sa] er a d a fáb r i ca” 165.
“E r a só feij ão e f ar i n ha , mi n h a fi a. Ar r o z n ão t i n ha ... er a só fe ij ão
e f ar i n h a. M e us f i l ho , o p ão d e ma n h ã er a d o n ze lo , o p ão n ão t i n ha
ma n te i ga” 167.
165
D. Benedita. Depoimento citado.
166
Idem.
167
D. Vitalina. Depoimento citado.
168
Pipira e massambê são peixes marítimos, muito comuns no comércio de pescados da cidade. Geralmente
vendidos a preços módicos por se tratarem de “peixes miúdos”, como popularmente são adjetivados.
84
ficava reservada para os dias de festa, como São João e Natal. Diante das
dificuldades, o acesso aos pescados que a cidade oferecia constituía uma boa
opção alimentar, como relata D. Zélia: “Eu tenho que dar graças a Deus que
inda tenho pipira pra dá a meus filho, que eles não vão ficar comeno feijão
puro” 169.
169
D. Zélia Paixão. Depoimento citado.
170
Depoimento da sra. Leonor Gomes Negrão. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada
em1999, aos 80 anos.
85
“E r a ó ti mo . Mi n h as co l eg a d e tr ab a l ho er a ma r av il ho sa . S ão t ud o
b o a, mi n h a f il ha , mi n ha s co l e g ui n ha d e t r ab al ho , er a t ud o
ca mar ad i n ha , g e nte b o a. Não t e n ho o q ue d izer d a s mi n ha s
co le ga ”. 171
“E u e o s vi zi n ho n u nc a ti ve d i s i nte nd i me n to , g r aça s a De u s. Aq ui
to d o mu nd o é u nid o , aq ui na v ila . T e m ta n ta ge nt e q u e q u er mo r ar
na Vi la. T e m mu i ta g e nt e q u e q uer mo r ar aq u i n a v il a. P o r q ue aq u i
não s e... q ua nd o gr i ta u ma a c as a fi ca a s si m ó . Q ua nd o me u fi l ho
mo r r e u a cas a f ico u a s si m ó d e ge n te. M e u f il ho tr ab al ho u t a mb é m
na f áb r i ca. ”
171
D. Naninha. Depoimento citado.
172
Depoimento da sra. Aída Santos Barbosa. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em
1999, aos 72 anos.
86
173
HELLER, Agnes. O cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1985, p. 20.
87
174
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Edições Vértice, 1990.
175
D. Mariinha. Depoimento citado.
176
ROUSSO, Henry. “A memória não é mais o que era”. In: AMADO, Janaína. e FERREIRA, Marieta de
Moraes (orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001.
88
“A ge n te não t i n ha te mp o ne m d e s e e nco st ar p o r q ue é p r a o l h ar a s
máq u i na na fr e nte , a tr ás. Al i é u m tr ab a l ho d e r o d ar me s mo .
Q ua nd o e u c he g a va e m casa e u j á não d a v a ma i s p r a nad a. ( . ..)
T r ab alh a va na fáb r ic a, tr ab a l ha va e m ca sa e er a u ma vid a d e
co r r er i a. ( ...) E u me a ca b av a me s mo p r a p o d er .. . p o r q u e no d ia, n a
se ma n a q ue e u ga n h a va p o u co me u s f il ho n ão ti n ha d i n he ir o ne m
p r a co mp r a r u ma mer e nd a ( ...) ” . 181
“Gr a ça s a De u s, lá cr ie i me u s f il ho ! ” 183
181
D. Dalza Sarmento Ribeiro. Depoimento citado.
182
D. Mariinha. Depoimento citado.
183
D. Júlia Brasília Conceição, 82 anos. Ex-operária aposentada, residente em Valença. Entrevistada em 2002,
aos 80 anos.
90
184
D. América da Conceição. Depoimento citado.
185
O relatório da Direção, apresentado à Assembléia de acionistas em 15 de março de 1940, confirma a
existência da creche, argumentando ser “Motivo de attenção e especial cuidado tem sido sempre para nós a fiel
observância das leis sociaes, e assim vimos, dentro das nossas possibilidades, contribuindo com a assistência
devida no (...) amparo e carinho aos filhos dos que trabalham, e que são entregues aos desvelos de pessoal
habilitado em nossa Creche.”
186
D. Naninha. Depoimento citado.
91
“À no i te me s mo , e u b o ta va e le s t ud o [ o s fi l h o s] p r a e st ud ar p r o
o ut r o d i a...” 187
“Di a d e d o mi n go la va v a r o up a. E r a ! L a va va r o up a d e ma n h ã, q u e
eu ti n ha fo n te no q ui n t al, a í la v a va r o up a d e ma n h ã. As p e ça q ue
p r eci sa v a fic ar no s ab ão aí d e i xa va q u ar a nd o , p o r q u e s e u s a va
q uar ar r o up a, aí d ei xa v a q u ar a nd o s e ti n h a u ma ma n c ha d e
azei te, u ma co i sa q ua lq u er ti n ha q ue q uar ar p r a o so l co mer aq u ilo
ali. Aí d e i xa va j á no s eg u nd o s ab ão p r a no o ut r o d i a d e ma n h ã,
aco r d a va ced o , ti n ha fo nt e no q ui n tal , e n x a g ua va, j á d ei x a va t ud o
na s co r d a 190”.
187
D. Mariinha. Depoimento citado.
188
MARTINS, Ana Paula Vosne. “Memórias maternas: experiências da maternidade na transição do parto
doméstico para o parto hospitalar”. In: Revista de História Oral. Rio de Janeiro: v. 8, p. 61-76, 2006.
189
D. Dalza. Depoimento citado.
190
D. América da Conceição. Depoimento citado.
92
Além das tarefas de casa – limpar, cozinhar, arrumar – cuidar dos filhos
era uma outra atividade atribuída à mulher operária, com a qual ela lidava
com alguns embaraços. Em alguns casos, contava-se com parentes, geralmente
as avós ou filhas mais velhas, com vizinhas, ou, mais raramente, com o pai
da(s) criança(s).
“. .. q ue er a p á q ua nd o e u tá e m ca s a, e le [ o mar id o ] t á tr ab al h a nd o ,
q ua nd o e u ta v a t r ab a l h and o , e le ta v a e m ca s a. Me u s f il ho s n u nca
f icar a m so z i n ho não . ” 191.
[ o s f il ho s] a h, d ei x a va e nt r e g ue a De u s e ao p o v o . E u sa ía, d ei x a va,
p o r q ue se mp r e ti n h a aq ue la s p e sso as q ue a ge n te d ei x a va o s fi l ho s
p r a to ma r co nt a. E a g en te p a ga va to d a se ma na, q ue e u n ão me
le mb r o ma is t a mb é m q u an to er a q ue e u p a ga va . Aí fo i p as sa nd o o
te mp o , fo i p a ss a nd o o t e mp o , a í u m, o s q u e er a maio r fo i to ma nd o
co n ta d o s me n o r d e n tr o d e ca sa e vi v ia e ntr e g ue a D e us 192”..
Uma outra alternativa era a creche, que acabava por tornar-se mais um
laço que atrelava o(a) trabalhador(a) à fábrica. Mas era a alternativa mais
viável para as operárias, que nem sempre tinham com quem deixar os filhos,
como aconteceu com D. Naninha: “Carregava meus filho tudo pra creche”
191
D. Naninha.Depoimento citado.
192
D. América da Conceição. Depoimento citado.
93
A Recreativa era uma espécie de clube dos operários, cujo prédio fora
inaugurado em 1929 e doado para instalação do Sindicato dos Trabalhadores
de Fiação e Tecelagem no ano de 1953 195 , onde aconteciam atividades de
lazer, como jogos de dominó e os bailes de carnaval e micareta 196 e outras
festividades, recordados com saudade por D. Naninha:
193
D. Mariinha. Depoimento citado.
194
D. América da Conceição. Depoimento citado.
195
FONSECA, Arlindo Paes da. op. cit.
196
A micareta é uma espécie de carnaval fora de época que acontecia anualmente em Valença, geralmente alguns
meses depois do Carnaval oficial.
94
“A ge n te, no te mp o d e car na vá , j o g a va t ar co ne ci ma d e le s [ o s
ger e nt es] , q ue ele s e ntr av a d e n tr o d a f áb r i ca a ge n te e nc h ia e le s
to d o d e tar co .”
197
LOPES, José Sérgio Leite. Op. cit. pp. 82-83.
95
“Eu olhava pra Nossa Senhora do Amparo pedino que ela me ajude que
e u s a i a v i v a d a q u i , c h e g a s s e a h o r a q u e e u m e a p o s e n t a s s e ” 198.
198
D. Beatriz. Depoimento citado.
199
D. América da Conceição. Depoimento citado.
96
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
FONTES
“. .. e s se s d o c u me n to s são r ar o s , p o r q ue as
mu l h er e s f o r a m, so b r et ud o as q ue tr ab al ha m, o s
p er so n a ge n s s ec u nd ár io s d a h is tó r ia e, n ão e sta n d o
no p o d er , d ei xa r a m p o uco s v e st í gio s d e s ua s
p r o va çõ e s”. 200
Fontes Orais
200
SULLEROT, Evelyne. A mulher no trabalho. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1970. p. 12.
107
201
Vale ressaltar que tive acesso a todas as fitas cassete que guardam as entrevistas concedidas a Mariângela
Sousa Ramos, emprestadas a mim gentilmente, oportunizando-me ouvir, transcrever, interpretar e estabelecer
critérios pessoais de uso das informações nelas contidas.
202
D. Mariinha faleceu em agosto de 2005.
203
D. Dalva faleceu em 15 de junho de 2003.
108
Fontes Bibliográficas:
ENC ICLOPÉDIA DOS MUNIC ÍPIOS BRASILEIROS, XX volume, Rio de
Janeiro: IBGE, 1958.
IPAC-BA – Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia, vol. V.
Monumentos e Sítios do Litoral Sul. Salvador: Secretaria da Indústria,
Comércio e Turismo, 1988.
OLIVEIRA, Waldir Freitas. A Industrial Cidade de Valença (Um surto d e
industrialização na Bahia do século XIX). Salvador: UFBA, 1985.
111
ANEXO
FOTOGRAFIAS