Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
COLEGIADO DE MEDICINA
BIOQUÍMICA II
PETROLINA
2018
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Resumo
No que diz respeito às vitaminas, podemos identificar dois grupos distintos: as vitaminas
hidrossolúveis e as lipossolúveis. Em suma, as vitaminas lipossolúveis são caracterizadas pelas
vitaminas A, D, E e K e estabelecem um grupo de sustâncias químicas e de estrutura variada. Já as
vitaminas hidrossolúveis incluem, além da vitamina C, as vitaminas do complexo B (B1, B2, B6,
B12, ácido fólico, ácido pantotênico, niacina e biotina).
As vitaminas exercem uma ampla funcionalidade no nosso organismo, como: ser co-fatores
em funções enzimáticas e ter ações antioxidantes (ajudam a proteger o corpo dos danos adjuvantes
da presença do oxigênio). Cada uma das vitaminas realiza uma função própria, apesar de diversas
vezes as suas ações se complementarem. Ainda, podem envolver-se com outros nutrientes, como os
minerais, os hidratos de carbono e as proteínas. Assim, e sucintamente, as vitaminas possibilitam o
desempenho apropriado do organismo, em todos os aspectos. Por isso, é fundamental para a saúde
as quantidades de vitaminas adequadas que o organismo necessita, variando de acordo com cada
vitamina específica. Sabendo que as necessidades vitamínicas também diversificam de pessoa para
pessoa, considerando as características de cada indivíduo e o seu estado de saúde.
Por conseguinte, de acordo com Arruda (2009), as vitaminas do complexo B não são
normalmente armazenadas em quantidades significativas no organismo, o que leva à necessidade de
um fornecimento diário dessas vitaminas. O maior número de vitaminas do complexo B opera como
coenzimas de reações de catabolismo dos macronutrientes, os quais elaboram energia para o nosso
organismo. Ademais, este grupo de vitaminas é fundamental em pequenas quantidades e precisam
ser adquiridas por meio da alimentação, pois não são sintetizadas pelo organismo.
A tiamina é encontrada comumente nos alimentos, porém na maioria dos casos em poucas
quantidades. São consideradas boas fontes a carne, seja ela de porco, vaca ou cordeiro. Os
alimentos de origem vegetal também são importantes fontes de vitaminas, por isso é de extrema
importância que façam parte da nossa dieta alimentar. Pois, a falta sistemática de vitaminas na dieta
ocasiona, comumente, um desenvolvimento orgânico deficiente, e inúmeros distúrbios, que podem
caracterizar um quadro sintomatológico de carência nutricional.
Contudo, a partir do que discorrido, destaco que o vigente trabalho de revisão tem como
intuito o enfoque da vitamina do complexo B, a vitamina B1, também chamada de tiamina, uma
síndrome causada pela sua carência, a síndrome de Wernicke Korsakoff, bem como os benefícios
da tiamina à saúde.
A vitamina B1 (tiamina)
De modo sucinto, trazendo algumas expressões históricas, é importante abordar como se deu
a descoberta da vitamina B1 (tiamina). Em tempos remotos, a partir da inclusão do arroz polido na
nutrição, ocorreram diversos questionamentos sobre a causa de uma polineuropatia, chamada de
“beribéri e diversas pesquisas e estudos foram realizados ao redor dessa doença. Com isso, o
químico polonês Casimir Funk, em 1912, foi o responsável por isolar a vitamina B1 no arroz e isso
revelou que ela era uma das vitaminas que prevenia o Beribéri, doença deficitária caracterizada por
inflamações, lesões degenerativas dos nervos, sistema digestivo e coração. Então, a tiamina foi a
primeira vitamina a ter sua estrutura química demarcada, razão pela qual é chamada de vitamina
B1. Assim, em 1926, sua forma cristalina foi isolada e, posteriormente, a estrutura química da
tiamina foi elucidada.
Atualmente, sabe-se que a simples classificação das vitaminas, resulta sua
biodisponibilidade e como a solubilidade interfere na absorção intestinal e pelos tecidos. Sabe-se
também que o teor de vitaminas dos alimentos é bastante heterogêneo, pois estes compostos
orgânicos, embora sejam primordiais em pequenas quantidades, executam uma grande sucessão de
funções e um amplo número de reações metabólicas controladas por enzimas e coenzimas.
No que compete à vitamina B1, esta é formada pela ligação de metileno entre uma molécula
de pirimidina substituída e um anel tiazol, caracterizando-se por ser uma vitamina hidrossolúvel
primordial para o bem-estar dos seres humanos. A tiamina traz necessidades adicionais em diversos
estágios da vida, como durante o nosso crescimento, gravidez e lactação. Ela está associada à
utilização do alimento e à produção ou interconversão de energias no organismo (ROSA et.al,
2009).
A forma fisiologicamente ativa da tiamina é a TPP (tiamina pirofosfato), coenzima que atua
como uma cocarboxilase na descarboxilação oxidativa de alfacetoácidos, como o piruvato e o
alfacetoglutarato. Participa também nas reações da transcetolase na via da pentose fosfato,
fornecendo ribose para a síntese de nucleotídeos e ácidos nucleicos. Tem papel na síntese de ácidos
graxos, por promover a redução da nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH). Há
evidências que a TPP e a tiamina trifosfato (TT) participam da transmissão do impulso nervoso
Helio (VANNUCCHI; CUNHA, 2009).
Os estudiosos, supracitados, ainda pontuam sobre o “status” (condição) da tiamina, em que
se verificou que na diminuição da atividade da enzima piruvato desidrogenase na deficiência de
tiamina, resulta em um aumento da concentração plasmática de lactato e piruvato. E, a sobrecarga
oral de glicose e o exercício físico moderado podem determinar acidose metabólica, que, embora
inespecífico, é um teste indicativo de deficiência de tiamina, sendo algumas vezes utilizado na
prática clínica.
Pensando a deficiência de tiamina, pode-se pontuar que esta leva a uma severa redução da
capacidade celular de produzir energia e com isso o seu requerimento dietético é proporcional a
ingestão calórica e varia de 1,0 a 1,5 mg/dia para adultos normais. Mas, dependendo da taxa de
ingestão de carboidratos, uma maior ingestão de tiamina é solicitada. Enes e Silva (2013) sinalizam
que o ser humano mantém cerca de 30-50mg em reservas de tiamina, que se estima poder terminar
em 2 a 3 semanas.
É necessário ainda lembrar que pessoas com deficiência de vitamina B1 apresentam
inapetência, baixa aceitação da dieta e consequente perda de peso, confusão mental e fraqueza
muscular. Em casos mais grave pode haver comprometimento do coração. Além disso, a tiamina
conserva o sistema circulatório, assim como o sistema nervoso, para desempenhar um
funcionamento adequado. Previne o envelhecimento, melhora a função cerebral, combate a
depressão e a fadiga. É abundante em vegetais de folhas, berinjela, cogumelos, grãos de cereais
integrais, feijão, nozes, atum, carne bovina, aves e etc.
Nas palavras de Enes e Silva (2013), O conceito de deficiência nutricional não pode ser
apenas circunscrito à carência de um ou mais nutrientes essenciais na dieta, mas também abranger
qualquer fator que condicione um aumento das necessidades do nutriente em questão. A vitamina
B1 é uma das vitaminas essenciais do complexo B, possuindo um papel central no catabolismo de
hidratos de carbono e formação de neurotransmissores. Apesar deste co-fator e respectivas enzimas
estarem presentes em todas as células, as cardíacas e nervosas parecem particularmente sensíveis
aos efeitos da deficiência de tiamina. A utilização desta vitamina depende da taxa metabólica do
indivíduo, aumentando com uma maior necessidade energética.
Na sua forma biologicamente ativa (tiamina pirofosfato), os autores ainda citam que é uma
coenzima essencial para várias enzimas do catabolismo da glicose-6-fosfato. Outras enzimas
catalisam reações da glicólise e do ciclo de Krebs, respectivamente. E, destas vias metabólicas
resultam a formação de moléculas de adenosina trifosfato (ATP), essenciais no fornecimento de
energia para o metabolismo celular. Sabendo que níveis reduzidos das referidas enzimas conduzem
a uma menor síntese energética e morte celular.
Por outro lado, no que se relaciona a conduta dos indivíduos, podemos aclarar que as
necessidades de tiamina aumentam, comumente, com o abuso do álcool e aumento da ingestão de
hidratos de carbono, dado que o primeiro é catabolizado de forma análoga a um glícido. Quadros de
deficiência acontecem também com pacientes submetidos à nutrição parenteral, portadores de má
absorção intestinal (incluindo as cirurgias bariátricas disabsortivas) e indivíduos sob tratamento
dialítico. Assim, compreende-se que o arranjo de uma dieta desregular e/ou a absorção
gastrointestinal, o armazenamento hepático e a utilização cerebral de tiamina comprometidos, como
se verifica em casos de alcoolismo crônico, podem resultar também no desenvolvimento de
síndromes.
A partir das ponderações trazidas, podemos pensar a importância de se administrar uma
carga considerável de tiamina no atendimento emergencial a um usuário de álcool, em que esta ação
pode vir a evitar a instalação da síndrome de Wernicke Korsakoff, considerando que o organismo
alcoolista não possui reservas de tiamina. Pois sabemos que a carência tiamínica vai desde uma
fadiga até casos mais severos como a síndrome em questão.
Considerações finais
– RUBERT, Aline et al. Vitaminas do complexo B: uma breve revisão. Revista Jovens
Pesquisadores, Santa Cruz do Sul, v. 7, n. 1, jan. 2017.
Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/jovenspesquisadores/article/view/9332/6112.
Acesso em 30 de agosto de 2018.
– ZUBARAN, C. et al. Síndrome de Wernicke-Korsakoff.. Rev. Saúde Pública, 30 (6): 602-8, Porto
Alegre, 1996.
http://www.revistauniad.com/wp-content/uploads/2015/12/10.pdf