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EDIÇÃO ESPECIAL
001596/2004-DR/BSB
AMB
CORREIOS
Julho de 2006
Conheça a
Justiça Militar
Neste AMB Informa Especial,
mostramos o que é e como funciona
esse segmento do Judiciário.
A
magistratura não sabe para que a Justiça Militar seja
como funciona e atua a mais conhecida e, sempre que
Justiça Militar. Essa alar- somos chamados, estamos pre-
mante situação foi descoberta sentes”, afirma Max Hoertel.
pela AMB em 2005, por meio A presidente da Associação
de uma ampla pesquisa realiza- dos Magistrados das Justiças
da com seus juízes filiados. Militares Estaduais (Amajme),
Nos quesitos relativos a agili- juíza Marilza Lúcia Fortes, tem
dade, custas e imparcialidade uma visão diferente da do
da Justiça Militar, mais da presidente do STM sobre o des-
metade daqueles que se debru- conhecimento da magistratura
çaram sobre o questionário da em relação à Justiça Militar.
pesquisa não respondeu ou não Para ela, a situação é ges-
emitiu opinião (59,3%, 67,6% e tada ainda nas faculdades
50,7%, respectivamente). de Direito e nas escolas de
Diante desse fato, a AMB magistratura, que não inse-
decidiu realizar uma ampla rem o Direito Penal Militar nas
e perene campanha de divul- suas grades curriculares. Em
gação da Justiça Militar. Ela contrapartida, ela garante que
começou ano passado, por meio de matérias publicadas no AMB sempre busca oportunidades para falar sobre a Justiça Militar para
Informa, e continua com este especial. a sociedade, para a imprensa e para os próprios juízes.
Nas páginas seguintes, explicamos de forma clara e objetiva Já o coordenador da AMB para a Justiça Militar, juiz James Ma-
os ramos e o funcionamento da Justiça Militar. Também falamos galhães de Medeiros, credita à atuação “competente e discreta”
com alguns de seus representantes institucionais e do meio as- o fato de esse segmento do Judiciário ser desconhecido. “Cabe
sociativo para entender o motivo do desconhecimento por parte aos órgãos da Justiça Militar, em suas respectivas esferas, divulgar
dos magistrados. com maior intensidade o seu funcionamento e competência.”
Segundo o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), minis- O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça Militar
tro-general Max Hoertel, a principal causa do desconhecimento da União (Amajum), juiz Carlos Augusto de Moraes Rego, lembra
em relação à Justiça Militar é a inexistência de casos e crimes que que, em um passado recente, quando tinha competência para
despertem a atenção dos meios de comunicação. julgar os crimes contra a segurança nacional, a Justiça Militar
Ainda segundo o ministro, esse segmento costuma ser ignorado pelo da União ganhou uma projeção enorme, merecendo elogios por
próprio Poder Judiciário em ocasiões importantes. E ele cita um exemplo parte da sociedade brasileira. “E isso especialmente por parte dos
contundente: o fato de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não possuir advogados, que constataram a seriedade e imparcialidade dos
conselheiro que represente a Justiça Militar. “Nós estamos trabalhando julgamentos então realizados”, conta Carlos Augusto.
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Competência Processa e julga os integrantes das Forças Armadas Processa e julga os crimes militares e as ações
(Marinha, Exército e Aeronáutica) acusados de judiciais contra atos disciplinares praticados pelos
crime militar, definido no Código Penal Militar. oficiais e praças da Polícia Militar e do Corpo de
Diferentemente da Justiça Militar Estadual, a Justiça Bombeiros Militar, bem como os crimes cometidos
Militar da União pode julgar civis em casos espe- por militares da reserva e reformados, nos casos
cíficos (ver abaixo). especificados na legislação penal militar.
Composição O Superior Tribunal Militar, a mais alta corte da Juízes de Direito, com exercício nas varas da Justiça
Justiça Militar, compõe-se de 15 ministros vitalícios, Militar e nos Conselhos de Justiça (primeiro grau de
nomeados pelo presidente da República, depois de jurisdição). Na segunda instância, é composto pelos
aprovada a indicação pelo Senado Federal. Três dos Tribunais de Justiça Estaduais ou pelos Tribunais de
indicados devem ser oficiais-generais da Marinha, Justiça Militar, no caso dos estados em que o efetivo
quatro, do Exército, e três, da Aeronáutica, todos militar seja superior a 20 mil.
da ativa e do posto mais elevado da carreira. Os
outros cinco indicados devem ser civis*.
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Divulgação/STM
Justiça Militar da União (JMU)
situa-se em posição de destaque
no organograma dos Poderes da
República, representada pelo Superior
Tribunal Militar (STM). Atuante em todo
o território nacional, ela está dividida em
12 circunscrições judiciárias militares.
Cada circunscrição abriga uma ou mais
auditorias militares, que são os órgãos res-
ponsáveis pela aplicação das leis militares
nas 27 unidades da federação.
As auditorias militares são os órgãos de
primeira instância da Justiça Militar da
União. Elas têm jurisdição mista, ou seja,
cada uma julga os processos relativos à
Marinha, ao Exército e à Aeronáutica. A
Justiça Militar também conta com uma
Plenário do STM: 2ª instância da JMU.
Auditoria de Correição, sediada em Brasí-
lia (DF), que fiscaliza e orienta, jurídica e
administrativamente, as ações das demais
auditorias. Em cada uma das 18 auditorias,
exceto a Auditoria de Correição, atuam um defesa do réu que não pode constituir ad- marcante exemplo desse tipo de pedido é o
juiz-auditor e um juiz-auditor substituto, ne- vogado. Na área administrativa, a Justiça caso Riocentro, quando o pedido de correi-
cessariamente civis. Os cargos são providos Militar da União dispõe de cerca de 700 ção parcial não foi provido pelo tribunal.
por meio de concursos públicos. servidores civis especializados em questões Ao dar início ao processo, o juiz-auditor
técnicas do Poder Judiciário. convoca o Conselho Permanente de Justi-
Primeira instância ça, constituído pelo juiz e por quatro oficiais
A primeira instância da Justiça Militar da Rito do julgamento da mesma Força do acusado, desde que o
União é composta pelos juízes-auditores Diante da evidência do cometimento de réu seja civil ou praça.
e juízes-auditores substitutos. Em cada algum crime de natureza militar, a primeira No caso de julgamento de oficiais, como
auditoria, há dois juízes. Atuam com os providência de uma autoridade militar é tenentes, capitães e coronéis, é instalado
juízes militares, promotores e procuradores instaurar um Inquérito Policial Militar, o o Conselho Especial de Justiça, formado
do Ministério Público Militar e defensores IPM, a fim de que o fato seja apurado. por quatro oficiais da mesma Força e
públicos da União. de patente superior à do acusado ou do
Auditoria de Correição - A Justiça Mi- Depois de encerradas as investigações, o mesmo posto, desde que mais antigo.
litar dispõe, ainda, de um juiz-auditor IPM é remetido ao juiz-auditor, que, por sua Ao lado do juiz-auditor, eles promoverão
corregedor, que trabalha com o objetivo vez, o envia ao representante do Ministério o julgamento.
de uniformizar procedimentos e corrigir Público Militar. Convencido das evidências Se o réu ou o promotor não concordar
eventuais equívocos cometidos nas audi- do crime e de sua autoria, o promotor com o resultado do julgamento, há possi-
torias militares. oferece a denúncia ao juiz. Recebida a bilidade de apresentar um recurso. Nesse
denúncia, é instaurado o processo e tem caso, quem julgará o recurso é o STM,
Segunda instância início a instrução criminal. Se a denúncia a segunda e última instância da Justiça
É o STM. Durante os julgamentos nas cor- for rejeitada, o IPM é arquivado. Militar da União.
tes militares, atua sempre um representan- Nesse caso, o processo é enviado à Audi- Mas se o acusado de um crime for um
te do Ministério Público Militar da União, toria de Correição. O corregedor que não oficial-general da Marinha, do Exército ou
na condição de fiscal da lei. Quando ne- concordar com a decisão de arquivamento da Aeronáutica, somente os ministros do
cessário, atua também um representante pode argüir correição parcial da decisão STM, por competência originária, poderão
da Defensoria Pública Geral da União na ao Superior Tribunal Militar (STM). O mais realizar o julgamento.
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