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:: ADMOESTAÇÕES ::

:: Texto Traduzido ::
CAP. 1 - O CORPO DO SENHOR
1
Diz o Senhor Jesus a seus discípulos: Eu sou caminho, verdade e vida; ninguém vai ao Pai se não por mim.
2
Se conhecesses a mim, também conheceríeis certamente meu Pai; e desde agora o conheceis e o vistes.
3
Diz-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e basta para nós.
4
Diz-lhe Jesus: Tanto tempo estou convosco e não me conhecestes? Filipe, quem me vê, vê também meu Pai (cf. Jo
14,6-9).
5
O Pai habita a luz inacessível (cf. 1Tm 6,16), e Deus é espírito (Jo 4,24), e a Deus nunca ninguém viu (Jo 1,18).
6
Por isso não pode ser visto senão em espírito, porque é o espírito que vivifica; a carne não adianta nada (Jo 6,64).
7
Mas nem o Filho, no que é igual ao Pai, é visto por alguém diferentemente do Pai, diferentemente do Espírito Santo.
8
Por isso todos os que viram o Senhor Jesus segundo a humanidade e não viram e creram segundo o espírito e a di-
vindade que ele era o verdadeiro Filho de Deus, foram condenados; 9assim também agora todos os que vêm o
sacramento que se consagra pelas palavras do Senhor sobre o altar por mão do sacerdote na forma de pão e vinho, e não
vêem e crêem segundo o espírito e a divindade, que é verdadeiramente o santíssimo corpo e sangue de nosso Senhor
Jesus Cristo, foram condenados, 10pelo testemunho do próprio Altíssimo, que diz: Este é meu corpo e meu sangue do
Novo Testamento [que será derramado por muitos] (Mc 14,22,24) e:
11
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna (cf. Jo 6,55).
12
Por isso o espírito do Senhor, que mora em seus fiéis, é quem recebe o santíssimo corpo e sangue do Senhor.

Todos os outros, que não têm o mesmo espírito e presumem recebê-lo, comem e bebem a própria condenação (cfr.
13

1Cor 11,29).
14
Por isso: Filhos dos homens, até quando tereis um coração pesado? (Sl 4,3).
15
Por que não conheceis a verdade e credes no Filho de Deus? (cfr. Jo 9,35).
16
Eis que se humilha diariamente, como quando veio do trono real (Sb 18, 15) ao útero da Virgem; 17 vem
diariamente a nós ele mesmo aparecendo humilde; 18desce todos os dias do seio do Pai (cfr. Jo 6,38; 1,18) sobre o altar
nas mãos do sacerdote.
19
E como se mostrou aos santos apóstolos em carne verdadeira, assim também a nós agora no pão sagrado.
20
E como eles com a visão de sua carne só viam a carne dele, mas criam que era Deus contemplando com olhos
espirituais; 21assim também nós, vendo o pão e o vinho com os olhos corporais, vejamos e creiamos firmemente que é
seu santíssimo corpo e sangue vivo e verdadeiro.

E desse modo o Senhor está sempre com os seus fiéis, como ele mesmo diz: Eis que estou convosco até a
22

consumação do século (cf. Mt 28,20).

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CAP. 2 - O MAL DA VONTADE PRÓPRIA
1
Disse o Senhor a Adão: Come de toda árvore, mas da árvore do bem e do mal não comas (cf. Gn 2,16-17).
2
Podia comer de toda árvore do paraíso porque, enquanto não foi contra a obediência, não pecou.
3
Pois come da árvore da ciência do bem aquele que se apropria de sua vontade e se exalta pelos bens que o Senhor
diz e opera nele; 4e assim, por sugestão do diabo e por transgressão do mandamento, tornou-se pomo da ciência do mal.
5
Por isso precisa sofrer a pena.

CAP. 3 - A OBEDIÊNCIA PERFEITA


1
Diz o Senhor no Evangelho: Quem não renunciar a tudo que possui, não pode ser meu discípulo (Lc 14,33); e:
2
Quem quiser salvar sua alma, vai perdê-la (Lc 9,24).
3
Deixa tudo que possui e perde seu corpo o homem que se entrega inteiro à obediência, nas mãos de seu prelado.
4
E tudo que faz e diz, que saiba que não é contra sua vontade, se é bom o que faz, é verdadeira obediência.
5
E se alguma vez o súdito vê coisas melhores e mais úteis para sua alma que as que lhe ordena o prelado, sacrifique
as suas voluntariamente a Deus, e trate de cumprir com obras as coisas que são do prelado.
6
Pois essa é a obediência caritativa (cf. 1Pd 1,22), que satisfaz a Deus e ao próximo.
7
Mas se o prelado ordenar alguma coisa contra a sua alma, ainda que não lhe obedeça, todavia não se separe dele.
8
E se por isso sofrer perseguição de alguns, ame-os mais por Deus.
9
Pois o que prefere sofrer perseguição a separar-se de seus irmãos, permanece de verdade na obediência perfeita,
porque dá sua vida (cf. Jo 15, 13) por seus irmãos.
10
Pois há muitos religiosos que, com a desculpa de que vêem coisas melhores do que as mandadas por seus prelados,
olham para trás (cf. Lc 9,62) e voltam ao vômito (cf. Pr 26,11; 2Pd 2,22) da própria vontade; 11estes são homicidas e,
por seus maus exemplos, põem a perder muitas almas.

CAP. 4 - QUE NINGUÉM SE APROPRIE DA PRELATURA


1
Não vim para ser servido mas para servir (cf. Mt 20,28), diz o Senhor.
2
Os que estão constituídos sobre os outros, gloriem-se dessa prelatura como se tivessem sido encarregados do ofício
de lavar os pés dos irmãos.
3
E quanto mais se perturbam por lhes tirarem a prelatura do que por lhes tirarem o ofício de lavar pés, tanto mais

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acumulam bolsas para o perigo da alma.

CAP. 5 - QUE NINGUÉM SE ENSOBERBEÇA MAS SE GLORIE NA CRUZ DO SENHOR


1
Considera, ó homem, em que grande excelência te pôs o Senhor Deus, porque te criou e formou à imagem de seu
dileto Filho segundo o corpo e à sua semelhança segundo o espírito (cf. Gn 1,26).
2
E todas as criaturas que há sob o céu, a seu modo servem, conhecem e obedecem seu Criador melhor do que tu.
3
E mesmo os demônios não o crucificaram mas tu com eles o crucificaste e ainda crucificas, deleitando-te em vícios
e pecados.
4
De quê, então, podes gloriar-te?
5
Pois se fosses tão sutil e sábio que tivesses toda a ciência (cf. 1Cor 13,2) e soubesses interpretar toda espécie de lín-
guas (cf. 1Cor 12,28) e investigar subtilmente sobre as coisas celestes, não podes gloriar-te em todas essas coisas;
6
porque um só demônio sabia as coisas do céu e ainda sabe as da terra mais que todos os homens, ainda que houvesse
algum que tivesse recebido do Senhor um conhecimento especial de suma sabedoria.
7
Do mesmo jeito, se fosses mais bonito e mais rico do que todos e mesmo que fizesses maravilhas, espantando
demônios, tudo isso te é contrário, e nada te pertence e de nada podes gloriar-te; 8 mas disto podemos gloriar-nos: de
nossas fraquezas (cf. 2Cor 12,5) e de carregar todos os dias a santa cruz de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Lc 14,27).

CAP. 6 - SOBRE A IMITAÇÃO SO SENHOR


1
Consideremos, irmãos todos, o bom pastor, que para salvar suas ovelhas sofreu a paixão da cruz.
2
As ovelhas do Senhor seguiram-no na tribulação e perseguição, na vergonha e na fome, na enfermidade e na
tentação e tudo o mais; e por isso receberam do Senhor a vida sempiterna.
3
Por isso é grande vergonha para nós, servos de Deus, que os santos fizeram as obras e nós, lendo-as, queremos
receber glória e honra.

CAP. 7 - QUE A BOA OPERAÇÃO SIGA À CIÊNCIA


1
Diz o apóstolo: A letra mata, mas o espírito vivifica (2Cor 3,6).
2
São mortos pela letra os que só desejam conhecer as palavras, para serem tidos como mais sábios entre os outros e
poderem adquirir grandes riquezas e dá-las aos parentes e amigos.
3
E são mortos pela letra os religiosos que não querem seguir o espírito da letra divina mas só desejam saber mais as
palavras e interpretá-las para os outros.
4
E vivificados pelo espírito da letra divina são aqueles que não atribuem ao corpo toda letra que sabem e desejam
saber mas por palavra e exemplo devolvem-nas ao altíssimo Senhor Deus, de quem é todo bem.

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CAP. 8 - QUE O PECADO DA INVEJA DEVE SER EVITADO
1
Diz o Apóstolo: Ninguém pode dizer: Senhor Jesus, a não ser no Espírito Santo (1Cor 12,3); e:
2
Não há quem faça o bem, não há um sequer (Rm 3,12).
3
Portanto, todo aquele que inveja seu irmão pelo bem que o Senhor diz e faz nele, incorre no pecado de blasfêmia,
porque inveja o próprio Altíssimo, que diz e faz todo bem.

CAP. 9. SOBRE O AFETO


1
Diz o Senhor: Amai os vossos inimigos [fazei o bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e
caluniam] (Mt 5,44). 2 Pois ama de verdade seu inimigo quem não se dói pela injúria, que o outro lhe faz, 3 mas se
abrasa pelo amor de Deus por causa do pecado de sua alma. 4 E lhe demonstre afeto por obras.

CAP. 10. SOBRE O CASTIGO DO CORPO


1
Há muitos que quando pecam ou recebem uma injúria, muitas vezes acusam o inimigo ou o próximo. 2 Mas não é
assim: porque cada um tem em seu poder o inimigo, isto é, o corpo, pelo qual peca. 3 Por isso, bem-aventurado é o servo
(Mt 24,46) que sempre mantiver preso em seu poder tal inimigo e sabiamente guardar-se dele; 4 porque, enquanto fizer
isso, nenhum outro inimigo visível ou invisível poderá prejudicá-lo.

CAP. 11. QUE NINGUÉM SE CORROMPA PELO MAL DE OUTRO


1
Nada deve desagradar ao servo de Deus senão o pecado. 2 E se alguma pessoa pecar de qualquer modo, e por isso, e
não por caridade, o servo de Deus se perturbar e encolerizar, entesoura para si a culpa (cf Rm 2, 5). 3 O servo de Deus
que não se ira nem se perturba por coisa alguma vive retamente sem próprio. 4 E bem aventurado é aquele que não
guarda nada para si, dando o que é de César a César e o que é de Deus a Deus (Mt 22,21).

CAP. 12. ESPÍRITO DO SENHOR QUE DEVE SER CONHECIDO


1
Assim pode conhecer o servo de Deus se tem o espírito do Senhor: 2 quando o Senhor fizer através dele algum bem,
se sua carne não se exaltar por isso, porque é sempre contrária a todo bem, 3 mas se se tiver ainda mais diante dos olhos
por mais vil e se estimar como menor do que os outros homens.

CAP. 13. SOBRE A PACIÊNCIA


1
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). O servo de Deus não pode saber
quanta paciência e humildade tem em si, enquanto tudo acontece como ele quer. 2 Mas quando vier o tempo em que os
que lhe deveriam dar prazer fizerem o contrário, a paciência e humidlade que tiver nessa ocasião é tudo que tem e nada
mais.

CAP. 14. SOBRE A POBREZA DE ESPÍRITO


1
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3). 2 Há muitos que perseveram nas
suas orações e trabalhos, fazendo muitas abstinências e suportando aflições em seus corpos. 3 Mas por uma só palavra
que parecer injúria para o seu próprio eu, ou por alguma coisa que tirarem deles, logo se perturbam, escandalizados. 4
Esses não são pobres de espírito; porque o verdadeiro pobre de espírito odeia a si mesmo e ama os que batem no seu
rosto (cfr. Mt 5,39).

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CAP. 15. SOBRE A PAZ
1
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,6). 2 Verdadeiramente pacíficos são
aqueles que, com todas as coisas que sofrem neste mundo, por amor de nosso Senhor Jesus Cristo guardam a paz na
alma e no corpo.

CAP. 16. SOBRE A LIMPEZA DO CORAÇÃO


1
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus (Mt 5,8). 2 São verdadeiramente limpos de
coração os que desprezam as coisas terrenas, buscam as celestiais e não deixam de adorar e ver sempre o Senhor Deus
vivo e verdadeiro, com coração e alma limpa.

CAP. 17. SOBRE O SERVO DE DEUS HUMILDE


1
Bem-aventurado o servo (Mt 24,46) que não se exalta mais por causa do bem que o Senhor diz e faz através dele do
que pelo que diz e faz através de outro. 2 Peca o homem que mais quer receber do seu próximo o que não quer dar de si
ao Senhor Deus.

CAP. 18. SOBRE A COMPAIXÃO DO PRÓXIMO


1
Bem-aventurado o homem que su-porta o próximo segundo a sua fragilidade naquilo em que gostaria de ser
suportado por ele, se o seu caso fosse parecido. 2 Bem-aventurado o servo que devolve todos os bens ao Senhor, porque
quem guarda alguma coisa para si esconde em si o dinheiro do Senhor seu Deus (Mt 25,18) e o que julgava ter, vai ser
tirado dele (Lc 8,18).

CAP 19. SOBRE O SERVO DE DEUS HUMILDE


1
Bem-aventurado o servo que não se tem por melhor quando é engrandecido e exaltado pelos homens, do que
quando é tido por vil, simples e desprezado, 2 porque quanto é o homem diante de Deus, tanto é e não mais. 3 Ai do
religioso que foi posto no alto pelos outros e por sua vontade não quer descer! 4 E bem-aventurado o servo (Mt 24,4)
que não é posto no alto por sua vontade e sempre deseja estar aos pés dos outros.

CAP. 20. SOBRE O RELIGIOSO BOM E O VÃO


1
Bem-aventurado é aquele religioso que não tem prazer e alegria a não ser nas santíssimas palavras e obras do
Senhor 2 e com elas leva o homem ao amor de Deus com gozo e alegria (cfr. Sl 50,10). 3 Ai do religioso que se deleita
em palavras ociosas e vãs e com elas leva o homem ao riso.

CAP. 21. SOBRE O RELIGIOSO VAZIO E FALADOR


1
Bem-aventurado o servo que, quando fala, não manifesta tudo a seu respeito procurando recompensa, nem é
precipitado para falar (Pr 29,20), mas prevê sabiamente o que tem que falar e responder. 2 Ai do religioso que não sabe
guardar em seu coração os bens que o Senhor lhe mostra (Lc 2,19-51) e em vez de mostrá-los aos outros por obras, quer
mostrá-los às pessoas com palavras, visando recompensa! 3 Ele recebe sua recompensa (cf Mt 6,2;6,16) e os ouvintes
obtêm pouco fruto.

CAP. 22. SOBRE A CORREÇÃO

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1
Bem-aventurado o servo que recebe repreensão, acusação e castigo tão pacientemente de outro co-mo se fosse de si
mesmo. 2 Bem-aventurado o servo que, repreendido, aceita com bondade, obedece confuso, confessa-se humildemente e
satisfaz de boa vontade. 3 Bem-aventurado o servo que não é rápido para se desculpar e suporta humildemente a
vergonha e a repreensão pelo pecado, quando não cometeu culpa.

CAP. 23. SOBRE A HUMILDADE


1
Bem-aventurado o servo que é tão humilde entre os seus súditos como se estivesse entre os seus senhores. 2 Bem-
aventurado o servo que permanece sempre sob a vara da correção. 3 Fiel e prudente é o servo (cfr. Mt 24, 45), que em
toda culpa que comete não demora para punir-se interiorrnente pela contrição e exteriormente pela confissão,
satisfazendo com obras.

CAP. 24. SOBRE O AFETO VERDADEIRO


1
Bem-aventurado o servo que ama o seu irmão tanto quando está doente, e não lhe pode dar satisfação, como quando
está com saúde, e pode ajudá-lo.

CAP. 25. OUTRA VEZ SOBRE O MESMO ASSUNTO


1
Bem-aventurado o servo que ama e respeita seu irmão quando ele está longe do mesmo jeito que quando ele está
perto, e não diz nada por trás dele, que não possa dizer com caridade na sua frente.

CAP. 26. QUE OS SERVOS DE DEUS HONREM OS CLÉRIGOS


1
Bem-aventurado o servo que tem fé nos clérigos que vivem retamente segundo a forma da Igreja Romana. 2 E ai
daqueles que os desprezam pois, mesmo que sejam pecadores, ninguém deve julgá-los, porque só o próprio Senhor
reser-vou o direito de os julgar. 3 Pois como é maior o ministério a eles confiado do santíssimo corpo e sangue do
Senhor nosso Jesus Cristo, que eles recebem e só eles administram aos outros, tanto maior pecado têm os que pecam
contra eles, mais do que contra todas as outras pessoas deste mundo.

CAP. 27. SOBRE A VIRTUDE QUE AFUGENTE OS VÍCIOS


1
Onde há caridade e sabedoria, aí não há temor nem ignorância. 2 Onde há paciência e humildade, aí não há ira nem
perturbação. 3 Onde há pobreza com alegria, aí não há cobiça nem avareza. 4 Onde há quietude e meditação, aí não há
solicitude nem distração. 5 Onde há temor do Senhor guardando a porta, aí o inimigo não acha jeito de entrar. 6 Onde há
misericórdia e discrição, aí não há superficialidade nem endurecimento.

CAP. 28. QUE SE DEVE ESCONDER O BEM PARA NÃO O PERDER


1
Bem-aventurado o servo que entesoura no céu (Mt 6,20) os bens que o Senhor lhe mostra e que não quer manifestá-
los aos homens para receber recompensa, 2 porque o próprio Altíssimo manifestará suas obras a quem lhe agradar. 3
Bem-aventurado o servo que guarda os segredos do Senhor em seu coração (cfr. Lc 2,19. 51).

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:: TESTAMENTO ::

1 O Senhor assim deu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: porque, como estava em pecados, parecia-me
por demais amargo ver os leprosos.

2 E o próprio Senhor me levou para o meio deles, e fiz misericórdia com eles.
3 E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo; e depois
parei um pouco e saí do século.
4 E o Senhor me deu tal fé nas igrejas, que assim simplesmente orava e dizia:
5 Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, também em todas as tuas igrejas, que estão em todo o mundo, e te bendizemos,
porque por tua santa cruz remiste o mundo.
6 Depois o Senhor me deu e dá tanta fé nos sacerdotes, que vivem segundo a forma da santa Igreja Romana, por causa
de sua ordem, que, se me fizerem perseguição, quero recorrer a eles mesmos.
7 E se tivesse tanta sabedoria, quanta teve Salomão (cfr. 3Rs 4,30-31), e encontrasse sacerdotes pobrezinhos deste
século, nas paróquias onde moram não quero pregar além da sua vontade.
8 E a eles e todos os outros quero temer, amar e honrar como a meus senhores.
9 E não quero considerar pecado neles, porque enxergo neles o Filho de Deus, e são meus senhores.
10 E o faço por isto: porque nada vejo corporalmente neste século do mesmo Filho de Deus, senão o santíssimo Corpo e
o seu santíssimo Sangue, que eles recebem e só eles administram aos outros.
11 E esses santíssimos mistérios sobre todas as coisas quero que sejam honrados, venerados e colocados em lugares
preciosos.
12 Os santíssimos nomes e suas palavras escritas, onde quer que os encontre em lugares ilícitos, quero recolher e rogo
que sejam recolhidos e colocados em lugar honroso.
13 Também a todos os teólogos e aos que nos administram as santíssimas palavras divinas devemos honrar e venerar
como a quem nos administra espírito e vida (cfr. Jo 6, 64).
14 E depois que o Senhor me deu frades, ninguém me ensinava o que deveria fazer, mas o próprio Altíssimo me revelou
que deveria viver segundo a forma do santo Evangelho.
15 E eu o fiz escrever em poucas palavras e simplesmente, e o senhor papa confirmou para mim.
16 E os que vinham tomar a vida davam aos pobres tudo que podiam ter (Tob 1,3), e estavam contentes com uma única
túnica, remendada por dentro e por fora, com o cíngulo e as bragas.
17 E não queríamos ter mais.
18 Os clérigos dizíamos o Ofício segundo os outros clérigos, os leigos diziam: Pai-nosso (Mt 6,9-13); e ficávamos nas
igrejas muito de boa vontade.
19 E éramos iletrados e súditos de todos.
20 E eu trabalhava com minhas mãos (cfr. At 20,34), e quero firmemente que todos os outros frades trabalhem em
trabalho que convém à decência.
21 Os que não sabem, aprendam, não pela cobiça de receber o preço do trabalho mas pelo exemplo e para repelir a
ociosidade.
22 E quando não nos derem o preço do trabalho, recorramos à mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta.
23 Uma saudação me revelou o Senhor, que disséssemos: O Senhor te dê a paz (cfr. 2Ts 3,16).
24 Cuidem os frades que de nenhum modo recebam as igrejas, habitações pobrezinhas e tudo que para eles se constrói,
se não forem como convém à santa pobreza, que na Regra prometemos, sempre aí se hospedando como forasteiros e
peregrinos (cfr. 1Pd 2, 11).
25 Mando firmemente por obediência a todos os frades que, onde quer que estejam, não se atrevam a pedir letra alguma

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na Cúria Romana, por si ou por pessoa intermediária, nem para alguma igreja ou algum outro lugar, nem por aparência
de pregação nem por perseguição de seus corpos;
26 mas onde quer que não forem recebidos, fujam para outra terra, para fazer penitência com a bênção de Deus.
27 E firmemente quero obedecer ao ministro geral desta fraternidade e ao outro guardião que lhe aprouver dar-me.
28 E de tal modo quero estar preso em suas mãos que não possa ir ou fazer mais do que a obediência e a sua vontade,
porque é meu senhor.
29 E embora seja simples e enfermo, contudo sempre quero ter um clérigo que me faça o ofício como está contido na
Regra.
30 E todos os outros frades tenham que obedecer assim aos seus guardiães e a fazer o ofício segundo a Regra.
31 E os que se descobrisse que não fazem o ofício segundo a Regra, e quisessem variar de outro modo, ou não fossem
católicos, todos os frades, onde quer que estejam, sejam por obediência obrigados a, onde quer que encontrem algum
desses, apresentá-lo ao custódio mais próximo desse lugar onde o tiverem encontrado.
32 E o custódio seja firmemente obrigado por obediência a guardá-lo fortemente, como um homem em prisão de dia e
de noite, de modo que não possa ser arrancado de suas mãos, até que em sua própria pessoa o apresente nas mãos de seu
ministro.
33 E o ministro firmemente esteja obrigado, por obediência a enviá-lo por meio de tais frades, que o guardem de dia e de
noite como homem em prisão, até que o apresentem diante do senhor de Óstia, que é o senhor, protetor e corretor de
toda a fraternidade.
34 E não digam os frades: "Esta é outra Regra", porque esta é uma recordação, admoestação, exortação e meu
testamento, que eu, Frei Francisco, pequenino, faço a vós, meus irmãos benditos, para isto: para que mais catolicamente
observemos a Regra que prometemos ao Senhor.
35 E o ministro geral e todos os outros ministros sejam obrigados por obediência a não acrescentar ou diminuir (cfr. Dt
4,2; 12,32) nestas palavras.
36 E tenham sempre este escrito consigo junto da Regra.
37 E em todos os capítulos que fazem, quando lêem a regra, leiam também estas palavras.
38 E a todos os meus frades, clérigos e leigos, mando firmemente por obediência que não ponham glosas na regra em
nestas palavras, dizendo: "Assim devem entender-se".
39 Mas assim como o Senhor me deu de dizer e escrever simples e puramente a regra e estas palavras, assim
simplesmente e sem glosa as entendais e com santas obras as guardeis até o fim.
40 E todo aquele que observar estas coisas, no céu seja repleto da bênção do altíssimo Pai e na terra seja repleto da
bênção do seu dileto Filho com o santíssimo Espírito Paráclito e todas as virtudes do céu e todos os santos.
41 E eu, Frei Francisco, pequenino servo vosso, tanto quanto posso vos confirmo por dentro e por fora esta santíssima
bênção.

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:: REGRA NÃO BULADA ::
PRÓLOGO

1 Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!


2 Esta é a vida do Evangelho de Jesus Cristo, que Frei Francisco pediu que lhe fosse concedida e confirmada pelo
senhor Papa. E ele o concedeu e confirmou para si e seus frades, presentes e futuros.
3 Frei Francisco e todo o que for cabeça desta religião, prometa obediência e reverência ao senhor Papa Inocêncio e a
seus sucessores.
4 E todos os outros frades estejam obrigados a obedecer a Frei Francisco e a seus sucessores.
CAP. I. QUE OS FRADES DEVEM VIVER SEM PRÓPRIO E EM CASTIDADE E OBEDIÊNCIA

1 A regra e vida destes frades é esta, a saber, viver em obediência, em castidade e sem próprio, e seguir a dou-trina e os
vestígios de nosso Senhor Jesus Cristo, que diz:
2 "Se queres ser perfeito, vai e vende tudo (cfr. Lc 18,22) que tens, e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem,
segue-me" (Mt 19,21).
3 E: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo e tome a sua cruz e me siga" (Mt 16,24).
4 Do mesmo modo: "Se alguém quer vir a mim e não odeia pai e mãe e mulher e filhos e irmãos e irmãs, e também sua
própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lc 14, 26).
5 E: "Todo aquele que deixar pai ou mãe, irmãos ou irmãs, esposa ou filhos, casas ou campos por causa de mim, re-
ceberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna" (Mt 19,29; Mc 10,29; Lc 18,29).
CAP. II. DA RECEPÇÃO E VESTES DOS FRADES

1 Se alguém, querendo por inspiração divina receber esta vida, vier aos nossos frades, seja benignamente recebido por
eles.
2 E se estiver firme para receber nossa vida, guardem-se muito os frades de intro-meter-se em seus negócios temporais,
mas o reapresentem logo que puderem ao seu ministro.
3 O ministro, porém, receba-o benigna-mente e o conforte, e lhe exponha diligen-temente o teor de nossa vida.
4 Feito isso, o predito, se quiser e puder espiritualmen-te sem impedimento, venda tudo que é seu e procure dar tudo aos
pobres.
5 Guardem-se os frades e o ministro dos frades de se intrometer de modo algum em seus negócios
6 e não recebam pecúnia alguma nem por si nem por pessoa inter-mediária.
7 Mas, se precisarem, podem os frades receber outras coisas necessárias para o corpo, menos dinheiro, por causa da
necessidade, como os outros pobres.
8 E quando tiver voltado, o ministro conceda-lhe os panos da provação para um ano, isto é, duas túnicas sem capuz e o
cíngulo e as bragas e um caparão até o cíngulo.
9 Mas acabado o ano e término da provação, seja recebido na obediência.
10 Depois não lhe será lícito entrar em outra religião nem "vagar fora da obediência" de acordo com o mandato do
senhor papa e segundo o evangelho; porque "ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de
Deus" (Lc 9,62).
11 Mas se vier algum que não pode dar seus bens sem impedimento e tem vontade espiritual, deixe-os e lhe baste.
12 Ninguém seja recebido contra a forma e a instituição da santa Igreja.
13 Mas os outros frades que promete-ram obediência tenham uma túnica com capuz e outra sem capuz, se for
necessário, e o cíngulo e as bragas.
14 E todos os frades vistam-se de rou-pas vis e possam remendá-las com sacos e outros retalhos com a bênção de Deus,
porque diz o Senhor no evangelho: "Os que estão em vestes preciosas também es-tão em delícias" (Lc 7,25) e "os que se
vestem de moles estão nas casas dos reis" (Mt 11,8).
15 E mesmo que os chamem de hipócritas, todavia não deixem de fazer o bem nem procurem roupas caras neste século,

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para poderem ter um vestimento no reino dos céus.
CAP. III. DO OFÍCIO DIVINO E DO JEJUM

1 Diz o Senhor: Este tipo de demônios não pode sair senão com jejum e oração (cfr. Mc 9,28);
2 e ainda: "Quando jejuardes não vos façais tristes, como os hipócritas" (Mt 6,16).
3 Por isso todos os frades, tanto clérigos como leigos, façam o ofício divi-no, os louvores e as orações, conforme o que
devem fazer.
4 Os clérigos façam o ofício e rezem pelos vivos e pelos mortos segundo o cos-tume dos clérigos.
5 E pelos defeitos e ne-gligências dos frades digam todo dia Mi-serere mei Deus (Sl 50) com o Pai nosso;
6 e pelos frades defuntos digam De pro-fundis (Sl 129) com o Pai nosso.
7 E só podem ter os livros necessários para cumprir seu ofício.
8 E também aos leigos que sabem ler o saltério seja permi-tido tê-lo.
9 Mas aos outros que não sabem letras não seja permitido ter livro.
10 Os leigos digam o Credo in Deum e vinte e quatro Pater noster com Gloria Patri pelas matinas; e por laudes, cinco;
por prima Credo in Deum e sete Pater noster com Gloria Patri; por sexta e noa e cada hora sete, por vésperas doze; por
completas Credo in Deum e sete Pater noster com Gloria Patri; pelos mortos sete Pater noster com requiem aeternam;
e pelos defeitos e negligências dos frades três Pater noster todos os dias.
11 E igualmente todos os frades jejuem da festa de Todos os Santos até o Na-tal e da Epifania, quando nosso Se-nhor
Jesus Cristo começou a jejuar até a Páscoa.
12 Mas em outros tempos não se-jam obriga-dos a jejuar segundo esta vida a não ser na sexta-feira.
13 E seja-lhes licito comer de todos os alimentos que lhes são servi-dos, segundo o evangelho (cfr. Lc 10,8).
CAP. IV. DOS MINISTROS E DOS OUTROS FRADES, COMO SE ORGANIZAM

1 Em nome do Senhor!
2 Todos os fra-des que são constituídos ministros e servos dos outros frades, coloquem seus frades nas províncias e
lugares em que estiverem, e sempre os visitem e admoestem espiritualmente e confortem.
3 E todos os meus outros frades benditos obedeçam-lhes dili-gentemente no que diz respeito à salvação da alma e não é
contrário à nossa vida.
4 E ajam entre si como diz o Senhor: "Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o para eles": (Mt 7,12;
5 e "o que não queres que te façam, não faças ao outro" (Tb 4,16).
6 E lembrem os ministros e servos que diz o Senhor: "Não vim para ser servido mas para servir" (Mt 20,28) e que lhes
foi confiada a solicitude pelas almas dos frades, dos quais, se algo se perder por sua culpa e mau exemplo, no dia do
juízo terão que dar contas (cfr. Mt 12,36), diante do Senhor Jesus Cristo.
CAP. V. DA CORREÇÃO DOS FRADES EM PECADO

1 Portanto guardai vossas almas e as dos vossos frades; porque "é horrível cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10,31.
2 Por isso se algum dos ministros desse ordem a algum dos frades contra nossa vida ou contra sua alma, não terá que
obedecer-lhe; porque não é obediência essa em que se comete delito ou pecado.
3 Entretanto, todos os frades que estão sob os ministros e servos, considerem os feitos dos ministros e servos racional e
diligentemente,
4 e se virem que algum deles caminha carnal e não espiritualmen-te, em vez da retitude de nossa vida, se não se emendar
depois da terceira admo-estação, denunciem-no no capítulo de Pentecostes ao ministro e servo de toda a fraternidade,
sem que o impeça nenhuma contradição.
5 Mas se entre os frades, onde quer que seja, houver algum frade que queira andar carnal e não espiritualmente, os
frades, com os quais está, avisem-no, instruam e corrijam humilde e diligentemente.
6 E se ele, depois da terceira admoes-tação, não quiser se emendar, mandem-no o mais depressa que puderem ou avi-

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sem seu ministro e servo, o qual ministro e servo faça dele como, segundo Deus, melhor lhe parecer conveniente.
7 E guardem-se todos os frades, tanto ministros e servos como os outros, de per-turbar-se ou irar-se pelo pecado ou mal
do outro, porque o diabo quer corromper muitos pelo delito de um;
8 mas, espiritualmente, como melhor puderem, ajudem o que pecou, porque não precisam de médico os sãos mas os que
estão mal (cfr. Mt 9,12 com Mc 2,17).
9 Semelhantemente, todos os frades não tenham nisso poder ou domínio entre si.
10 Pois, como diz o Senhor no evan-gelho: "Os príncipes dos povos os dominam, e os que são maiores exercem poder
sobre eles", (Mt 20,25), mas não será assim entre os irmãos (cfr. Mt 20,26);
11 e todo que quiser entre eles ser o maior seja seu ministro (cfr. Mt 20,26) e servo;
12 e quem é o maior entre eles faça-se como o menor (Lc 22,26).
13 E nenhum frade faça mal ou fale mal ao outro;
14 antes, pela caridade do espírito, sirvam e obedeçam uns aos outros (cfr. Gl 5,13).
15 E esta é a verdadeira e santa obe-diência de nosso Senhor Jesus Cristo.
16 E todos os frades, quantas vezes se desviarem dos mandatos do Senhor e va-garem fora da obediência, como diz o
pro-feta (Sl 118,21), saibam que são malditos fora da obediência enquanto esti-verem em tal pecado cientemente.
17 E quan-do perse-verarem nos mandatos do Senhor, que prometeram pelo santo evan-gelho e por sua vida, saibam que
estão na verda-deira obediência, e são abençoados pelo Senhor.
CAP. VI: DO RECURSO DOS FRADES AOS MINISTROS E QUE NENHUM FRADE SE CHAME PRIOR

1 Os frades, em qualquer lugar que estão, se não podem observar nossa vida, logo que puderem, recorram a seu mi-
nistro, manifestando isso.
2 Mas o ministro procure provê-los de tal maneira, como ele mesmo quisera que se lhe fizesse, se estivesse em caso
semelhante.
3 E nenhum se chame prior, mas em geral todos se chamem frades meno-res.
4 E um lave os pés do outro (cfr. Jo 13,14).
CAP. VII: DO MODO DE SERVIR E DE TRABALHAR

1 Todos os frades, em qualquer lugar em que estiverem em casa de outros para servir ou trabalhar, não sejam mordomos
nem chanceleres nem estejam à frente das casas em que servem; nem recebam algum emprego que cause escândalo ou
produza detrimento para sua alma (cfr. Mc 8,36);
2 mas sejam menores e submissos a todos que estão na mesma casa.
3 E os frades, que sabem trabalhar, tra-balhem e exerçam o mesmo ofício que sa-bem, se não for contra a salvação da
alma e puder ser feito honradamente.
4 Pois diz o profeta: "Comerás os trabalhos dos teus frutos; és feliz e estarás bem" (Sl 127,2);
5 e o apóstolo: "Quem não quer trabalhar, não coma" (cfr. 2Ts 3,10);
6 e: Cada um fique na arte e ofício em que foi chamado (cfr. 1Cor 7,24).
7 E pelo traba-lho possam receber tudo que for neces-sário, menos dinheiro.
8 E quando for necessário, vão pela esmola como os outros pobres.
9 E possam ter ferramentas e instru-mentos convenientes para seus ofícios.
10 Todos os frades esforcem-se por suar em boas obras (S Greg M Hom 13 in Ev.), porque está escrito: Faz sempre
alguma coisa boa, para que o diabo te encontre ocupado (S Jeron Ep 125,11).
11 E ainda: "A ociosidade é inimiga da alma" (S Bern Reg 48,1).
12 Por isso os servos de Deus devem insistir sempre na oração ou em alguma obra boa.
13 Guardem-se os frades, onde quer que estejam, em eremitérios ou outros lugares, de apropriar-se de lugar algum ou de
im-pedi-lo a alguém.
14 E quem quer que ve-nha a eles, amigo ou adversário, ladrão ou assaltante, receba-se benignamente.
15 E onde quer que estejam os frades e onde quer que se encontrem, devem voltar a ver-se e honrar-se espiritual e
diligente-mente "mutuamente sem murmuração" (1Pd 4,9).

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16 E cuidem de não se mostrar tristes por fora e sombrios hipócritas; mas se mostrem alegres no Senhor (cfr. Fl 4,4) e
bem humorados e convenientemente amáveis.
CAP. VIII. QUE OS FRADES NÃO RECEBAM PECÚNIA

1 Manda o Senhor no evangelho: Olhai, guardai-vos de toda malícia e avareza (cfr. Lc 12,15);
2 e: Guardai-vos da solicitude deste século e dos cuidados desta vida (cfr. Lc 21,34).
3 Por isso nenhum dos frades, onde quer que esteja e onde quer que vá, de modo algum tome, nem receba nem faça
receber pecúnia ou dinheiro nem por pre-texto de roupas nem de livros nem pelo preço de algum trabalho, mesmo em
ne-nhuma ocasião, a não ser por manifesta necessidade dos frades doentes; porque não devemos ter e calcular maior uti-
lidade na pecúnia e no dinheiro que nas pedras.
4 E o diabo quer cegar os que a cobi-çam ou a calculam melhor do que as pe-dras.
5 Guardemo-nos, portanto, os que dei-xamos tudo (cfr. Mt 19,27), para não perder por tão pouco o reino dos céus.
6 E se em algum lugar encontrarmos dinheiro, não nos preocupemos com ele, como do pó que calcamos com os pés,
por-que "vaidade das vaidades e tudo vaida-de" (Eclo 1,2).
7 E se por acaso, longe disso, acontecer de algum frade recolher ou ter dinheiro, excetuando apenas a predita ne-
cessidade dos doentes, todos os frades o tenhamos como falso frade e apóstata e ladrão e assaltante, e que tem a bolsa
(cfr. Jo 12,8), a não ser que se penitencie de verdade.
8 E de nenhum modo os frades rece-bam ou façam receber pecúnia como es-mola nem dinheiro para algumas casas ou
lugares; nem vão com pessoa que pede pecúnia ou dinheiro para tais lugares;
9 mas os frades podem fazer nos lugares ou-tros serviços que não são contrários a nos-sa vida, com a bênção de Deus.
10 Entretanto, em manifesta necessi-dade dos leprosos, os frades podem pedir esmola para eles.
11 Mas guardem-se muito do dinheiro.
12 Do mesmo modo guardem-se os frades de circular pelas terras por algum lucro torpe.
CAP. IX: DO PEDIR ESMOLAS

1 Todos os frades se empenhem em seguir a humildade e a pobreza de nosso Senhor Jesus Cristo e lembrem que não
convém termos mais nada do mundo intei-ro, senão, como diz o apóstolo, tendo ali-mentos e com que nos cobrir, com
isso estamos contentes (cfr. 1Tm 6,8).
2 E devem alegrar-se quando convivem com pessoas vis e desprezadas, com po-bres e fracos e doentes e leprosos e os
que mendigam à beira da estrada.
3 E quando for necessário vão pela es-mola.
4 E não se envergonhem, antes lem-brem que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo (Jo 11,27) onipotente, pôs
sua face como uma pedra duríssima (Is 50,7), e não se envergonhou;
5 e foi pobre e hóspede e viveu de esmolas, ele e a bem-aventurada Virgem e os seus discípulos.
6 E quando as pessoas os envergonha-rem e não quiserem dar-lhes esmola, dêem por tudo isso graças a Deus; porque
pela vergonha vão receber grande honra diante do tribunal de nosso Senhor Jesus Cristo.
7 E saibam que a vergonha não se imputa aos que a sofrem mas aos que a causam.
8 E a esmola é a herança e justiça que se deve aos pobres, e foi adquirida para nós por nosso Senhor Jesus Cristo.
9 E os frades que trabalham para adquiri-la terão uma grande recompensa e fazem ganhá-la e adquiri-la os que a dão;
porque tudo que os homens vão deixar no mundo vai perecer, mas pela caridade e as esmolas que fizeram terão prêmio
da parte do Se-nhor.
10 E com segurança manifeste um ao outro sua necessidade, para que encontre o que lhe é necessário e o sirva.
11 E cada um ame e nutra seu irmão, como a mãe ama e nutre seu filho (cfr. 1Ts 2,7), naquilo em que Deus lhe der a
graça.
12 E "o que não come, não julgue o que come" (Rm 14,3).
13 E quando quer que sobrevenha a necessidade, seja lícito a todos os frades, onde quer que estejam, usar todos os
alimentos que as pessoas po-dem comer, como diz o Senhor de Daví, que comeu os pães da proposição (cfr. Mt 12,4),
que não era lícito comer senão aos sacerdotes (Mc 2,26).

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14 E lembrem o que diz o Senhor: Guardai-vos de que por acaso se sobre-carreguem os vossos corações na crápula e
na bebedeira e nos cuidados desta vida e sobrevenha de repente para vós aquele dia;
15 pois sobrevirá como um laço para todos os que habitam sobre a face do orbe da terra (cfr. Lc 21,34-35).
16 Semelhantemente, também em tem-po de manifesta necessidade façam todos os frades o que lhes for necessário,
como Deus lhes der a graça, porque a necessi-dade não tem lei.
CAP. X: DOS FRADES DOENTES

1 Se algum dos frades cair em enfermi-dade, onde quer que esteja, os outros fra-des não o deixem, mas se designe um
frade, ou mais, se for necessário, que o sirvam, como quereriam ser servidos;
2 mas em necessidade extrema podem en-tregá-lo a alguma pessoa que deva satis-fazer por sua enfermidade.
3 E rogo ao frade doente que dê graças por tudo ao Criador; e que deseje estar tal qual o Senhor o quer, são ou doente,
por-que todos os que Deus predestinou para a vida eterna (cfr. At 13,48), instrui-os com os flagelos e aguilhões das
doenças com espírito de compunção, como diz o Se-nhor: "Eu corrijo e castigo os que amo" (Ap 3,19).
4 E se alguém se perturbar ou irritar, seja contra Deus, seja contra dos frades, ou se acaso pedir solicitamente remédios
desejando demais libertar a carne que logo vai morrer, que é inimiga da alma, isso lhe vem do mau e é um carnal, e não
pa-rece ser um dos frades, porque ama mais o corpo do que a alma.
CAP. XI: QUE OS FRADES NÃO BLASFEMEM NEM DETRAIAM, MAS SE AMEM MUTUAMENTE

1 E todos os frades guardem-se de ca-luniar e de contender com palavras (cfr. 2Tm 2, 14),
2 antes esforcem-se por guardar silêncio, sempre que Deus lhes conceder a graça.
3 Nem litiguem entre si nem com ou-tros, mas procurem responder humilde-mente dizendo: Sou um servo inútil (cfr. Lc
17,10).
4 E não se irritem, porque todo que se irrita com seu irmão será réu de juízo; o que disser a seu irmão: raca, será réu
do conselho; o que disser: louco, será réu da geena de fogo (Mt 5,22).
5 E amem-se mutuamente como diz o Senhor: "Este é o meu preceito, que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei"
(Jo 15,12).
6 E mostrem pelas obras (cfr. Tg 2,18) o amor que têm mutuamente, como diz o apóstolo: "Não amemos de palavra nem
de língua, mas por obra e de verdade" (1Jo 3,18).
7 E não blasfemem contra nin-guém (cfr. Tt 3,2);
8 não murmurem, não detraiam os outros, porque está escrito: Os murmu-radores e detratores são odiosos para Deus
(cfr. Rm 1,29).
9 E sejam modestos, demonstrando toda mansidão para com todos os homens (cfr. Tit 3,2);
10 não julguem, não condenem.
11 E, como diz o Senhor, não considerem os pequeninos pecados dos outros (cfr. Mt 7,3; Lc 6,41),
12 antes repensem mais os seus na amargura de sua alma (Is 38,15).
13 E lutem para entrar pela porta estreita (Lc 13,24) porque diz o Senhor: “Estreita é a porta e áspero o caminho que
leva à vida; e são poucos os que o encontram (Mt 7,14).
CAP. XII: DOS MAUS OLHARES E DO TRATO COM AS MULHERES

1 Todos os frades, onde quer que estão ou vão, guardem-se dos maus olhares e da freqüência das mulheres.
2 E ninguém se aconselhe com elas ou vá sozinho pelo caminho ou coma à mesa no mesmo prato.
3 Os sacerdotes falem honestamente com elas ao dar a penitência outro conse-lho espiritual.
4 E nenhuma mulher, abso-lutamente, seja recebida à obediência por um frade, mas, dado o conselho espiritual, faça
penitência onde quiser.
5 E todos guardemo-nos muito e te-nhamos puros todos os nossos membros, porque diz o Senhor: "Quem olhar uma
mulher para desejá-la, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5,28).
6 E o apóstolo: Será que ignorais que vossos membros são templo do Espírito Santo? (cfr. 1Cor 6,19); portanto, quem

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violar o templo de Deus, Deus o destruirá (1Cor 3,17).
CAP. XIII. DE EVITAR A FORNICAÇÃO

1 Se algum dos frades, instigando-o o diabo, fornicar, seja despojado do hábito, que perdeu por sua torpe iniqüidade, e o
deixe totalmente e seja absolutamente ex-pulso de nossa religião.
2 E depois faça penitência dos pecados (cfr. 1Cor 5,4-5).
CAP. XIV: COMO OS FRADES DEVEM IR PELO MUNDO

1 Quando os frades vão pelo mundo, nada levem pelo caminho, nem (cfr. Lc 9,3) bolsa (cfr. Lc 10,4) nem alforje, nem
pão, nem pecúnia (cfr. Lc 9,3), nem bastão (cfr. Mt 10,10).
2 E em cada casa em que entrarem, digam primeiro: Paz a esta casa (cfr. Lc 10,5).
3 E permanecendo na mesma casa, comam e bebam o que há lá com eles (cfr. Lc 10,7).
4 Não resistam ao malvado (cfr. Mt 5,39), mas ao que lhes bater em uma face, ofereçam também a outra (cfr. Mt 5,39 e
Lc 6,29).
5 E ao que lhes tira o manto, não lhe proíbam também a túnica (cfr. Lc 6,29).
6 Dêem a todo que lhes peça; e ao que lhes toma o que é seu, não o reclamem (cfr. Lc 6,30).
CAP. XV: QUE OS FRADES NÃO ANDEM A CAVALO

1 Imponho a todos os meus frades, tanto clérigos como leigos, que vão pelo mundo ou que moram nos lugares, que de
nenhum modo tenham consigo algum animal.
2 Nem lhes seja permitido caval-gar, a menos que sejam obrigados por en-fermidade ou grande necessidade.
CAP. XVI: DOS QUE VÃO ENTRE OS SARRACENOS E OUTROS INFIÉIS

1 Diz o Senhor: "Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos.
2 Sede portanto prudentes como as serpentes e simples como as pombas" (Mt 10,16).
3 Por isso qualquer frade que quiser ir entre sarracenos e outros infiéis, vá com a licença de seu ministro e servo.
4 O mi-nistro dê-lhes a licença e não contradiga, se os vir idôneos para serem mandados; pois deverá prestar contas a
Deus (cfr. Lc 18,2) se nisso ou em outras coisas proce-der indiscretamente.
5 Mas os frades que vão, podem com-portar-se espiritualmente entre eles de dois modos.
6 Um modo é que não façam nem litígios nem contendas, mas estejam submetidos a toda criatura humana por Deus
(1Pd 2,13) e confessem que são cristãos.
7 Outro modo é que, quando virem que agrada ao Senhor, anunciem a palavra de Deus, para que creiam em Deus
onipoten-te, Pai e Filho e Espírito Santo, criador de tudo, no Filho redentor e salvador, e que sejam batizados e se
tornem cristãos, por-que quem não renascer da água e do Espí-rito Santo não pode entrar no reino de Deus (cfr. Jo 3,5).
8 Estas e outras coisas, que agradarem ao Senhor, podem dizer a eles e a outros, porque diz o Senhor no evangelho:
"Todo que me confessar diante dos homens, tam-bém eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus" (Mt 10,32).
9 E "Quem se envergonhar de mim e de minhas pala-vras, também o Filho do homem o enver-gonhará quando vier na
majestade sua e do Pai e dos anjos" (cfr. Lc 9,26).
10 E todos os frades, onde quer que es-tão, lembrem que se deram e cederam seus corpos ao Senhor Jesus Cristo.
11 E por seu amor devem se expor aos inimigos tanto visíveis como invisíveis; porque diz o Senhor: "Quem perder a
sua alma por mim, vai salvá-la (cfr. Lc 9,24) para a vida eterna" (Mt 25,46).
12 "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus" (Mt 5,10).
13 "Se me perseguiram, perse-guirão também a vós" (Jo 15,20).
14 E Se vos perseguirem em uma cidade, fugi para outra (cfr. Mt 10,23).
15 Bem-aventurados sois (Mt 5,11) quando os homens vos odiarem (Lc 6,22) e vos amaldiçoarem (Mt 5,11) e vos

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perseguirem (cfr. l.c.) e vos separarem e e exprobarem e lançarem vosso nome como mau (Lc 6,22) e quando disserem
todo mal contra vós, mentindo, por minha causa (Mt 5,11).
16 Alegrai-vos nesse dia e exultai (Lc 6,23), porque muita é a vossa recompensa no céu (cfr. Mt 5,12).
17 E eu vos digo, a vós meus amigos, não vos aterrorizeis por eles (cfr. Lc 12,4),
18 e não temais os que matam o corpo (Mt 10,28) e depois não têm mais o que fazer (Lc 12,4).
19 Vêde de não vos perturbar (Mt 24,6).
20 Pois em vossa paciência pos-suireis vossas almas (Lc 21,19),
21 e quem perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22; 24,13).
CAP. XVII: DOS PREGADORES

1 Nenhum frade pregue contra a forma e a instituição da santa igreja e se não lhe for concedido pelo seu ministro.
2 E guar-de-se o ministro de concedê-lo indiscreta-mente a alguém.
3 Mas todos os frades pre-guem com as obras.
4 E nenhum ministro ou pregador se aproprie do ministério dos frades ou do ofício da pregação, mas, em qualquer hora
que lhe for mandado, sem nenhuma con-tradição deixe o seu ofício.
5 Por isso peço na caridade, que é Deus (cfr. 1Jo 4,16), a todos os meus frades pregadores, oradores, trabalhadores, tanto
clérigos como leigos, que tratem de se humilhar em tudo,
6 não gloriar-se nem gozar em si mesmos nem se exaltar interiormente por boas palavras e obras, mesmo por nenhum
bem, que Deus faz ou diz ou opera neles alguma vez e por eles, segundo o que diz o Senhor: "Mas não vos alegreis
nisso que os espíritos se vos submetem" (Lc 10,20).
7 E saibamos firmemente que a nós não pertencem senão os vícios e pecados.
8 E mais devemos nos alegrar quando cairmos em várias tentações (cfr. Tg 1,2) e quando suportarmos quaisquer
angústias da alma ou do corpo ou tribulações neste mundo por causa da vida eterna.
9 Guardemo-nos, pois, todos os frades, de toda soberba e vanglória;
10 e guarde-mo-nos da sabedoria deste mundo e da prudência da carne (Rm 8,6);
11 pois o espírito da carne quer e se esforça muito por ter palavras, mas pouco pelas obras,
12 e busca não a religião e a santidade no espírito interior, mas quer e deseja ter religião e santidade que apareçam fora
para os homens.
13 E estes são aqueles de quem diz o Senhor: "Em verdade vos digo, receberam sua recompensa" (Mt 6,2).
14 Mas o espí-rito do Senhor quer que a carne seja morti-ficada e desprezada, vil e abjeta.
15 E se esforça pela humildade e paciência e pura e simples e verdadeira paz de espírito.
16 E sempre sobre todas as coisas deseja o di-vino temor e a divina sabedoria e o divino amor do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
17 E devolvamos todos os bens ao Senhor Deus Altíssimo e sumo e reconhe-çamos que todos os bens são dele e demos
graças por tudo a ele, de quem todos os bens procedem.
18 E o mesmo altíssimo e sumo, o único verdadeiro Deus tenha e lhe sejam tributadas todas as honras e reverências,
todos os louvores e bênçãos, todas as gra-ças e glória, de quem é todo bem, o único que é bom (cfr. Lc 18,19).
19 E quando vemos ou ouvimos dizer ou fazer o mal ou blasfemar a Deus, nós bendigamos e façamos o bem, e louve-
mos a Deus (cfr. Rm 12,21), que é bendito pelos séculos (Rm 1,25).
CAP. XVIII: COMO OS MINISTROS DEVEM REUNIR-SE

1 Cada ministro pode reunir-se cada ano com seus frades, onde quer que lhes aprouver, na festa de São Miguel arcanjo,
para tratar das coisas que pertencem a Deus.
2 Mas s todos os ministros que estão nas regiões ultramarinas e ultramontanas, uma vez cada três anos, e os outros
minis-tros uma vez por ano, venham ao capítulo de Pentecostes junto à igreja de Santa Ma-ria da Porciúncula, a não ser
que pelo ministro e servo de toda a fraternidade te-nha sido determinado diferentemente.
CAP. XIX: QUE OS FRADES VIVAM CATOLICAMENTE

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1 Todos os frades sejam católicos, vi-vam e falem catolicamente.
2 Mas se al-guém se desviar da fé e vida católica de palavra ou fato e não se emendar, seja absolutamente expulso de
nossa fraternida-de.
3 Tenhamos todos os clérigos e todos os religiosos como senhores nas coisas que dizem respeito à salvação da alma e
não desviarem da nossa religião; e veneremos no Senhor sua ordem e ofício e ministério.
CAP. XX: DA PENITÊNCIA E DA RECEPÇÃO DO CORPO E DO SANGUE
DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

1 E meus frades benditos, tanto clérigos como leigos, confessem seus pecados a sacerdotes de nossa religião.
2 E se não puderem, confessem-nos a outros sacerdotes discretos e católicos, sabendo firme-mente e pensando que, de
quaisquer sacer-dotes católicos receberem penitência e absolvição, serão sem dúvida absolvidos desses pecados se
procurarem cumprir hu-milde e devotamente a penitência que lhes for imposta.
3 Mas, se então não puderem ter sacer-dote, confessem-se com um irmão seu, como diz o apóstolo Tiago: "Confessai
um ao outro vossos pecados" (Tg 5,16).
4 Mas nem por isso deixem de recorrer ao sacer-dote, porque o poder de ligar e desligar só aos sacerdotes foi concedido.
5 E assim contritos e confessados rece-bam o corpo e o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo com grande humildade e
ve-neração, lembrando que o Senhor diz: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna (cfr. Jo
6,54);
6 e "Fazei isso para minha comemoração" (Lc 22,19).
CAP. XXI: DO LOUVOR E EXORTAÇÃO QUE TODOS OS FRADES PODEM FAZER

1 E todos os meus frades podem anun-ciar esta ou semelhante exortação e lou-vor, quando lhes aprouver, entre
quaisquer pessoas, com a bênção de Deus:
2 Temei e honrai, louvai e bendizei, dai graças (1Ts 5,18) e adorai o Senhor Deus onipotente na trindade e na unidade,
Pai e Filho e Espírito Santo, criador de tudo.
3 Fazei penitência (cfr. Mt 3,2), fazei frutos dignos de penitência (cfr. Lc 3,8), porque logo morreremos.
4 “Dai e vos será dado" (Lc 6,38).
5 Perdoai e vos será perdoado (cfr. Lc 6,37).
6 E se não perdoardes aos homens os seus pecados (Mt 6,14), o Senhor não perdoará os vossos pecados (Mc 11,25);
confessai todos os vossos pecados (cfr. Tg 5,16).
7 Bem-aventurados os que morrem em penitência, porque estarão no reino dos céus.
8 Ai dos que não morrem em peni-tência, porque serão filhos do diabo (1Jo 3,10), cujas obras fazem (cfr. Jo 8,41) e irão
para o fogo eterno (Mt 18,8; 25,41).
9 Guardai-vos e abstei-vos de todo mal e perseverai até o fim no bem.
CAP. XXII: DA ADMOESTAÇÃO DOS FRADES

1 Atendamos todos os frades, porque diz o Senhor: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam (cfr. Mt
5,44 par.),
2 porque nosso Senhor Jesus Cristo, cujos vestígios devemos seguir (cfr. 1Pd 2,21), chamou seu traidor de amigo (cfr.
Mt 26,50) e se ofereceu espontanea-mente aos que o crucificaram.
3 São, portanto, amigos nossos todos aqueles que injustamente nos causam tri-bulações e angústias, vergonhas e
injúrias, dores e tormentos, martírio e morte;
4 aos quais devemos amar muito, porque temos a vida eterna por aquilo que nos causam.
5 E tenhamos ódio a nosso corpo com seus vícios e pecados; porque, vivendo carnalmente, quer o diabo arrebatar-nos o

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amor de Jesus Cristo e a vida eterna e perder a si mesmo com todos no inferno;
6 porque nós por nossa culpa somos fe-didos, miseráveis e contrários ao bem, mas prontos para o mal e voluntariosos,
por-que, como diz o Senhor no evangelho:
7 Do coração procedem e saem os maus pensamentos, adultérios, fornicações, homicídios, furtos, avareza, maldade,
dolo, impudicícia, inveja, falsos testemu-nhos, blasfêmias, insensatez (cfr. Mc 7,21-23; Mt 15,19).
8 Todos estes males procedem de dentro, do coração do homem (cfr. Mc 7,73) e "são essas coisas que mancham o
homem" (Mt 15,20).
9 Mas agora, depois que deixamos o mundo, nada temos que fazer senão seguir a vontade do Senhor e agradar-lhe.
10 Guardemo-nos muito de não ser terra junto do caminho, empedrada e espinhosa, conforme diz o Senhor no
evangelho:
11 A semente é a palavra de Deus (Lc 8,11).
12 Mas a que caiu junto do caminho e foi pisada (cfr. Lc 8,5), estes são os que ouvem (Lc 8,12) a palavra e não
entendem (cfr. Mt 13,19);
13 e logo (Mt 4,15) vem o diabo (Lc 8,12) e arrebata (Mt 13,19), o que foi semeado no coração deles (Mc 4,15) e tira a
palavra dos seus corações, para que, crendo, não se salvem (Lc 8,12).
14 A que caiu em terra pedregosa (cfr. Mt 13,20) são aqueles que, quando ouvem a palavra, logo com alegria (Mc
4,16) a recebem (Lc 8,13),
15 Mas quando vem a tribulação e perseguição por causa da palavra, imediatamente se escandalizam (Mt 13,21) e
estes não têm raiz em si mes-mos, mas são temporários (cfr. Mc 4,17), porque crêem por um tempo e no tempo da
tentação retrocedem (Lc 8,13).
16 Mas a que caiu entre espinhos, estes são (Lc 8,14) os que ouvem a palavra de Deus (cfr. Mc 4,18), e a preocupação
(Mt 13,22) e as fadigas (Mc 4,19) deste século e o engano das riquezas (Mt 13,22) e as concupiscências acerca das
outras coisas, entrando sufocam a palavra e tornam-se sem fruto (Mc 4,19).
17 Mas a que em terra boa (Lc 8,15) foi semeada (Mt 13,23), são aqueles que, ouvindo a palavra com coração bom e
ótimo (Lc 8,15) a entendem e (cfr. Mt 13, 23) retêm e produzem fruto na paciência (Lc 8,15).
18 E por isso nós, frades, como diz o Senhor, deixemos os mortos enterrarem os seus mortos (Mt 8,22).
19 E guardemo-nos muito da malícia e sutileza de satanás, que quer que o homem não tenha sua men-te e coração
voltados para Deus.
20 E dan-do voltas deseja levar o coração do homem sob aparência de alguma mercê ou ajuda e sufocar da memória a
palavra e os pre-ceitos do Senhor e quer cegar o coração do homem por meio dos negó-cios secula-res e dos cuidados e
aí habitar, como diz o Senhor:
21 Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos e se-cos (Mt 12,43) buscando des-canso; e não
achando diz:
22 Voltarei para minha casa, de onde saí (Lc 11,24).
23 E vindo encon-tra-a vazia, varrida e enfei-tada (Mt 12,44).
24 E vai e toma outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, moram aí, e o fim daquele homem fica pior do que o
começo (cfr. Lc 11,26).
25 Por isso, irmãos todos, guardemo-nos muito, para que sob a aparência de alguma mercê, ou obra ou ajuda, não per-
camos ou tiremos do Senhor nossa mente e coração.
26 Mas na santa caridade, que é Deus (cfr. 1Jo 4,17), rogo todos os frades, tanto ministros como os outros, afastado todo
impedimento e posposto todo cuida-do e solicitude, no melhor modo que pude-rem, façam servir, amar, honrar e adorar
o Senhor Deus de coração limpo e mente pura, que ele busca acima de tudo,
27 e sempre façamos aí habitação e morada (cfr. Jo 14,23) para aquele que é o Senhor Deus onipotente, Pai e Filho e
Espírito Santo, que diz: Vigiai, pois, orando todo o tempo, para serdes tidos como dignos de escapar de todos os males
que virão e estar diante do Filho do homem (Lc 21,39).
28 E quando estais em pé para orar (Mc 11,25) dizei (Lc 11,2): Pai nosso que estás nos céus (Mt 6,9).
29 E adoremo-lo de cora-ção puro, porque é preciso orar sempre e não desfalecer (Lc 18,1);
30 pois o Pai bus-ca tais adoradores.
31 Deus é espírito e os que o adoram é preciso que o adorem em espírito e verdade (cfr. Jo 4,23-24).
32 E recorramos a ele como ao pastor e bispo de nossas almas (1Pd 2,25), que diz: Eu sou o bom pastor, que apascento

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minhas ovelhas e por minhas ovelhas ex-ponho minha alma.
33 Todos vós sois irmãos;
34 e não cha-meis pai entre vós sobre a terra, pois um só é o vosso Pai, que está nos céus.
35 Nem chameis mestres; pois um é o vosso mestre, que está nos céus (cfr. Mt 23,8-10).
36 Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, tudo que quiserdes, pedi e vos será feito (Jo
15,7).
37 Onde quer que haja dois ou três congregados no meu nome, aí estou no meio deles (Mt 18,20).
38 Eis que eu estou convosco até a consumação dos séculos (Mt 28,20).
39 As palavras que vos disse são espírito e vida (Jo 14,6).
40 Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6).
41 Mantenhamos portanto as palavras, a vida e a doutrina e o seu santo evangelho, que dignou-se rogar por nós ao seu
Pai e manifestar-nos seu nome dizendo: Pai, clarifica o teu nome (Jo 12,28) e clarifica o teu Filho, para que o Filho te
clarifique (Jo 17,1).
42 Pai, manifestei o teu nome aos ho-mens, que me deste (Jo 17,6); porque as palavras que me deste, dei a eles; e eles te
aceitaram e conheceram, porque de ti saí e creram que tu me enviaste.
43 Eu rogo por eles, não pelo mundo,
44 mas por aqueles que me deste, porte são teus e tudo que é meu é teu (Jo 17,8-10).
45 Pai santo, guarda-os no teu nome, os que me deste, para que eles sejam um as-sim como nós (Jo 17,11).
46 Falo estas coi-sas no mundo, para que tenham gozo em si mesmos.
47 Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, como eu também não sou do mundo.
48 Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do mal (Jo 17,13-15).
49 Glorifica- os na verdade.
50 Tua palavra é verdade.
51 Como tu me enviaste ao mun-do, também eu os enviei ao mundo.
52 E por eles santifico a mim mesmo, para que eles sejam santificados na verdade.
53 Não rogo por eles somente, mas também por aqueles que vão crer em mim por causa da palavra deles (cfr. Jo 17, 17-
20), para que sejam consumados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como me
amaste (Jo 17,23).
54 E os farei conhecer teu nome, para que o amor com que me amaste esteja ne-les e eu neles (cfr. Jo 17,26).
55 Pai, os que me deste, quero que onde eu estou também eles estejam comigo, para verem a tua claridade (Jo 17,24)
no teu reino. Amém.
CAP. XXIII: ORAÇÃO E AÇÃO DE GRAÇAS

1 Onipotente, santíssimo, altíssimo e sumo Deus, Pai santo (Jo 17,11) e justo, Senhor rei do céu e da terra (cfr. Mt
11,25), por ti mesmo te damos graças, porque por tua santa vontade e por teu único Filho com o Espírito Santo criaste
todas as coi-sas espirituais e corporais e nós, feitos à tua imagem e semelhança, colocaste no paraíso (cfr. Gn 1,26).
2 E nós caímos por nossa culpa.
3 E te damos graças porque, assim co-mo por teu Filho nos criaste, assim por teu santo amor, com que nos amaste (cfr.
Jo 17,26), fizeste que ele, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nascesse da gloriosa sempre virgem beatíssima Santa
Maria, e quiseste que nós, cativos, fôssemos redi-midos por sua cruz e sangue e morte.
4 E te damos graças porque o teu pró-prio Filho virá na glória de sua majestade para colocar no fogo eterno os malditos
que não fizeram penitência e não te co-nheceram, e dizer a todos que te conhe-ceram e adoraram e te serviram na peni-
tência: Vinde, benditos de meu Pai, recebei o reino, que está preparado para vós desde a origem do mundo (cfr. Mt
25,34).
5 E porque todos nós, miseráveis e pe-cadores, não somos dignos de te nomear, imploramos suplicantes que nosso
Senhor Jesus Cristo, teu Filho dileto, em quem bem te comprazeste (cfr. Mt 17,5), junto com o Espírito Santo Paráclito
te dê graças, como agrada a ti e a ele, por todos, ele que sempre te basta para tudo, por quem tantas coisas nos fizeste.
Alelúia.
6 E a gloriosa mãe beatíssima Maria sempre Virgem, o bem-aventurado Mi-guel, Gabriel e Rafael e todos os coros dos

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bem-aventurados serafins, querubins, tronos, dominações, principados, potesta-des, virtudes, anjos, arcanjos, o bem-
aven-turado João Batista, João Evangelista, Pe-dro, Paulo e os bem-aventurados patriar-cas, profetas, Inocentes,
apóstolos, evan-gelistas, discípulos, mártires, confessores, virgens, bem-aventurados Elias e Eno-que, e todos os santos,
que foram e serão e são, por teu amor humildemente pedi-mos, que, como te agrada, por essas coisas te dêem graças,
sumo Deus verdadeiro, eterno e vivo, com teu Filho caríssimo nosso Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo Paráclito nos
séculos dos séculos (Ap 19,3). Amém. Alelúia (Ap 19,4).
7 E a todos os que querem servir ao Senhor Deus dentro da santa Igreja cató-lica e apostólica, e a todas as ordens se-
guintes: sacerdotes, diáconos, subdiáco-nos, acólitos, exorcistas, leitores, ostiários e a todos os clérigos; e a todos os
religio-sos e religiosas; a todos os conversos e postulantes, pobres e necessitados, reis e príncipes, trabalhadores e
agricultores, servos e senhores; todas as virgens e con-tinentes, e casadas; leigos, homens e mu-lheres, todas as crianças,
adolescentes, jo-vens e velhos, sãos e enfermos, todos os pequenos e grandes, e todos os povos, gentes, tribos e línguas
(cfr. Ap 7,9), to-das as nações e todos os homens de qual-quer lugar da terra, que são e serão, pedi-mos humildemente e
suplicamos, nós, to-dos os frades menores, servos inúteis (Lc 17,10), que todos perseveremos na verda-deira fé e
penitência, porque de outra ma-neira ninguém pode salvar-se.
8 Amemos todos com todo coração, com toda alma, com toda mente, com toda força (cfr. Mc 12,30) e fortaleza (cfr.
Mc 12, 33), com todo entendimento, com todas as forças (cfr. Lc 10,27), todo esforço, todo afeto, todas as entranhas,
todos os desejos e vontades o Senhor Deus (Mc 12,30 par.), que nos deu e nos dá a nós todos todo o corpo, toda a alma e
toda a vida, que nos criou, remiu e só por sua misericórdia vai salvar (cfr. Tb 13,5), que a nós miseráveis e míseros,
pútridos e fétidos, ingratos e maus, fez e faz todo bem.
9 Nada mais, portanto, desejemos, na-da mais queiramos, nada mais nos agrade e deleite a não ser o Criador e Redentor
e Salvador nosso, único verdadeiro Deus, que é o pleno bem, todo bem, o bem intei-ro, verdadeiro e sumo bem, que só
ele é bom (cfr. Lc 18,19), manso, suave e doce, que só ele é santo, justo, verdadeiro, santo e reto, que só ele é benigno,
inocente, puro; de quem e por quem e em quem (cfr. Rm 11,36) é todo perdão, toda graça, toda glória de todos os
penitentes e justos, de todos os bem-aventurados que gozam juntos no céu.
10 Nada, pois, impeça, nada se inter-ponha;
11 em toda parte nós todos em todo lugar, em toda hora e em todo tempo, to-dos os dias e continuamente creiamos ve-
raz e humildemente e tenhamos no cora-ção e amemos, honremos, adoremos, sir-vamos, louvemos e bendigamos,
glorifi-quemos, e sobre-exaltemos, magnifique-mos e demos graças ao altíssimo e sumo Deus eterno, trindade e
unidade, Pai e Fi-lho e Espírito Santo, criador de tudo e sal-vador de todos que nele crêem e esperam e o amam, que sem
início e sem fim imutável, invisível, inenarrável, inefável, incompreensível, inescrutável (cfr. Rm 11,33), bendito,
louvável, glorioso, sobre-exaltado (cfr. Dn 3,52), sublime, excelso, suave, amável, deleitável e todo mais de-sejável do
que todas as coisas pelos sécu-los. Amém.
CONCLUSÃO

1 Em nome do Senhor! Rogo a todos os meus frades que aprendam o teor e o sentido das coisas que estão escritas nesta
vida para salvação de nossa alma e que freqüentemente as tragam à memória.
2 E imploro a Deus que ele, que é onipotente, trino e uno, abençoe todos os que ensinam, aprendem, conservam, re-
cordam e praticam estas coisas todas as ve-zes que repetem e fazem o que aí está es-crito para salvação de nossa alma,
3 e rogo a todos com o ósculo dos pés, que as amem muito, guardem e conservem.
4 E da parte de Deus onipotente e do senhor papa e por obediência, eu, Frei Francisco, mando firmemente e imponho
que das coisas que estão escritas nesta vi-da, ninguém suprima ou lhes acrescente al-gum escrito nela mesma (cfr. Dt
4,2; 12, 32) nem os frades tenham outra regra.
5 Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio e agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Amém.

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:: REGRA BULADA ::
Cap. I Em nome do Senhor! Começa a vida dos Frades Menores

1 A Regra e vida dos Frades Menores é esta, a saber: observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo vivendo
em obediência, sem próprio e em castidade.
2 Frei Francisco promete obediência e reverência ao senhor papa Honório e a seus sucessores canonicamente eleitos e à
Igreja Romana.
3 E os outros frades estejam obrigados a obedecer a Frei Francisco e a seus sucessores.
Cap. II Sobre os que querem receber esta vida e como devem ser recebidos

1 Se alguns quiserem receber esta vida e vierem aos nosso frades, mandem-nos aos seus ministros provinciais, aos quais
somente e não a outros se conceda a licença de receber frades.
2 Mas os ministros examinem-nos diligentemente sobre a fé católica e os sacra-mentos da Igreja.
3 E se crerem em todas essas coisas e as quiserem confessar fielmente e observar firmemente até o fim
4 e não têm mulheres ou, se as têm, e já entraram as mulheres em um mosteiro ou lhes deram licença com autorização
do bispo dioce-sano, emitido já o voto de continência, e que sejam as mulheres daquela idade que delas não possa
originar-se suspeita,
5 di-gam-lhes a palavra do santo Evangelho (cfr. Mt 19,21, pa-r.) que vão e vendam todas suas coisas e procurem
distribuí-las aos pobres.
6 O que, se não puderem fazer, basta-lhes a boa vontade.
7 E guardem-se os frades e seus minis-tros de serem solícitos por suas coisas tem-porais, para que façam livremente de
suas coisas tudo que o Senhor lhes inspirar.
8 Contudo, se se precisar de conselho, te-nham licença os ministros de enviá-los a alguns temerosos de Deus, com cujo
con-se-lho seus bens sejam dados aos po-bres.
9 Depois concedam-lhes os panos da provação, a saber, duas túnicas sem capuz e o cíngulo, e bragas e um caparão até o
cíngulo,
10 a não ser que aos mesmos mi-nis-tros alguma vez pareça melhor outra coisa, segundo Deus.
11 Mas, acabado o ano da provação, se-jam recebidos na obediência, prometendo observar sempre esta vida e regra.
12 E de nenhum modo lhes será lícito sair desta religião, conforme o mandato do senhor Papa,
13 porque, segundo o santo Evangelho, ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de
Deus (Lc 9,62).
14 E os que já prometeram obediência tenham uma túnica com capuz e outra sem capuz, os que quiserem ter.
15 E os que são forçados por necessida-de possam levar calçado.
16 E todos os frades vistam-se de rou-pas vis e possam remendá-las com sacos e outros retalhos com a bênção de Deus.
17 Os quais admoesto e exorto a que não desprezem nem julguem os homens que virem vestidos com roupas finas e
coloridas, usando comidas e bebidas deli-cadas, mas antes julgue e despreze cada um a si mesmo.
Cap. III Do ofício divino e do jejum, e como os frades devem ir pelo mundo

1 Os clérigos rezem o ofício divino se-gundo a ordenação da Igreja Romana, exceto o saltério,
2 pelo que poderão ter breviários.
3 Os leigos digam vinte e quatro Pai-nosso por matinas, por laudes cinco, por prima, terça, sexta, noa, por cada uma
destas sete, pelas vésperas porém doze, pelas completas sete;
4 e rezem pelos de-funtos.
5 E jejuem desde a festa de Todos os Santos até o Natal do Senhor.
6 Mas a santa quaresma que começa na Epifania até os quarenta dias contínuos, que o Senhor consagrou por seu santo
jejum (cfr. Mt 4,2), os que voluntariamente a jejuam sejam abençoados pelo Senhor, e os que não qui-serem não sejam
obrigados.
7 Mas jejuem a outra, até a Ressurreição do Senhor.
8 Mas em outros tempos não tenham que jejuar, senão na sexta-feira.

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9 Mas em tempo de manifesta necessidade não este-jam obrigados os frades ao jejum cor-poral.
10 Aconselho, porém, admoesto e exor-to meus frades no Senhor Jesus Cristo que, quando vão pelo mundo, não
litiguem nem contendam com palavras (cfr. 2Tm 2,14), nem julguem os outros;
11 mas se-jam amáveis, pacíficos e modestos, man-sos e humildes, falando a todos honesta-mente, como convém.
12 E não devem cavalgar, senão obriga-dos por manifesta necessidade ou doença.
13 Em qualquer casa em que entrem, digam primeiro: Paz a esta casa (cfr. Lc 10,5).
14 E segundo o santo Evangelho, seja licito comer de todos os alimentos que lhes servirem (cfr. Lc 10,8).
Cap. IV Que os frades não recebam pecúnia

1 Mando firmemente a todos os frades que de nenhum modo recebam dinheiro ou pecúnia por si ou por intermediário.
2 Mas, para as necessidades dos enfermos e para vestir os outros frades, os ministros apenas e os custódios, por meio de
amigos espirituais, tenham solícito cuidado, se-gundo os lugares e tempos e frias regiões, como lhes parecer servir à
necessidade;
3 sempre salvo, como foi dito, que não rece-bam dinheiro ou pecúnia.
Cap. V Do modo de trabalhar

1 Os frades a quem o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem fiel e devo-tamente,


2 de modo que, afastando o ócio inimigo da alma, não extingam o espírito da santa oração e devoção, ao qual as ou-tras
coisas temporais devem servir.
3 Como mercê do trabalho recebam para si e seus irmãos o necessário para o corpo, menos dinheiro ou pecúnia, e isso
humildemente,
4 como convém a servos de Deus e seguidores da santíssima po-breza.
Cap. VI Que de nada se apropriem os frades, do pedir esmolas e dos frades enfermos

1Os frades de nada se apropriem, nem casa, nem lugar, nem coisa alguma.
2 E como peregrinos e forasteiros (cfr. 1Pd 2,11) neste século, servindo ao Se-nhor em pobreza e humildade, vão por es-
mola confiadamente,
3 e não devem enver-gonhar-se, porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo (cfr. 2Cor 8,9).
4 Esta é aquela eminência da altíssima pobreza que vos constituiu, caríssimos irmãos meus, herdeiros e reis do reino dos
céus, vos fez pobres de coisas e sublimou em virtudes (cfr. Tg 2,5).
5 Seja esta a vossa porção, que leva à terra dos viventes (cfr. Sl 141,6).
6 À qual, prendendo-vos totalmente, nada mais queirais possuir para sempre embaixo do céu, pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo.
7 E, onde quer que estão e se encon-trarem os frades, mostrem-se familiares mutuamente entre si.
8 E com segurança manifeste um ao outro sua necessidade, porque, se a mãe ama e nutre o seu filho (cfr. 1Ts 2,7)
carnal, quanto mais diligen-temente deve cada um amar e nutrir seu irmão espiritual?
9 E se algum deles cair na doença, os outros frades devem servi-lo como quere-riam ser servidos (cfr. Mt 7,12).
Cap. VII Da penitência a impor-se aos frades que pecam

1 Se alguns dos frades, instigando o inimigo, pecarem mortalmente, naqueles pecados dos quais foi ordenado entre os
frades que se recorra só aos ministros pro-vinciais, tenham os preditos frades que re-correr a eles, o mais depressa que
pude-rem, sem demora.
2 Os próprios ministros, se são presbí-teros, imponham-lhes penitência com mi-sericórdia; mas, se não forem presbí-
teros, façam que se lhes imponha por ou-tros sacerdotes da Ordem, como lhes pa-recer melhor segundo Deus.
3 E devem cuidar de não se irar nem perturbar pelo pecado de alguém, porque a ira e a conturbação impedem a caridade
em si e nos outros.
Cap. VIII Da eleição do ministro geral desta fraternidade e do capítulo de Pentecostes

1 Todos os frades sejam sempre obri-gados a ter um ministro geral e servo de toda a fraternidade e tenham que obede-

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cer-lhe firmemente.
2 Quando ele falecer, faça-se a eleição do sucessor pelos ministros provinciais e custódios no capítulo de Pentecostes,
em que os ministros provinciais tenham sem-pre que se reunir juntos, onde quer que for estabelecido pelo ministro geral;
3 e isso uma vez cada três anos ou em outro termo maior ou menor, como for mandado pelo predito ministro.
4 E se em algum tempo parecer à tota-lidade dos ministros provinciais e dos cus-tódios que o predito ministro não é
sufi-ciente para o serviço e a utilidade comum dos frades, tenham os preditos frades, aos quais foi dada a eleição, em
nome do Se-nhor, a eleger outro pa-ra seu custódio.
5 Mas depois do capítulo de Pentecostes possa cada um dos ministros e custódios, se quiserem e lhes parecer oportuno,
con-vocar uma vez seus frades a capítulo, no mesmo ano e em suas custódias.
Cap. IX Dos pregadores

1 Os frades não preguem na diocese de um bispo quando lhes for proibido por ele.
2 E nenhum dos frades se atreva abso-lutamente a pregar ao povo, se não tiver sido examinado e aprovado pelo ministro
geral desta fraternidade, e por ele lhe tiver sido concedido o ofício da pregação.
3 Admoesto também e exorto os mes-mos frades a que, na pregação que fazem, sejam examinadas e castas suas palavras
(cfr. Sal 11,7; 17,31), para a utilidade e edificação do povo,
4 anunciando-lhes os vícios e as virtudes, a pena e a glória, com brevidade de sermão; porque palavra abre-viada fez o
Senhor sobre a terra (cfr. Rm 9,28).
Cap. X Da admoestação e correção dos frades

1 Os frades que são ministros e servos dos outros frades visitem e admoestem seus frades e os corrijam humilde e cari-
dosamente, não lhes prescrevendo o que for contra sua alma e nossa regra.
2 Mas os frades que são súditos lem-brem que por Deus negaram suas próprias vontades.
3 Por isso lhes prescrevo firme-mente que obedeçam a seus ministros em tudo que prometeram ao Se-nhor ob-servar e
que não é contrário a sua alma e à nossa regra.
4 E onde houver frades que saibam e conheçam que não podem ob-servar a regra espiritualmente, devam e possam
recorrer a seus ministros.
5 Mas os ministros os recebam carita-tiva e benignamente e tenham tanta fami-liaridade com eles que possam falar-lhes
e agir como senhores com seus servos;
6 pois assim deve ser, que os ministros se-jam servos de todos os frades.
7 Mas admoesto e exorto no Senhor Je-sus Cristo que se guardem os frades de toda soberba, vanglória, inveja, avareza
(cfr. Lc 12,15), cuidado e solicitude deste sécu-lo (cfr. Mt 13,22), detração e murmuração, e não cuidem os que não
sabem letras de aprender letras;
8 mas atendam a que sobre todas as coisas devem desejar ter o Espíri-to do Senhor e sua santa operação,
9 orar sempre a ele de coração puro e ter humil-dade, paciência na perseguição e na enfer-midade
10 e amar os que nos perseguem e repreendem e acusam, porque diz o Se-nhor: Amai os vossos inimigos e orai pelos
que vos perseguem e caluniam (cfr. Mt 5,44).
11 Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,10).
12 Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22).
Cap. XI Que os frades não entrem nos mosteiros de monjas

1 Mando firmemente a todos os frades não tenham relações suspeitas ou conselhos de mulheres,
2 e não entrem nos mosteiros de monjas, fora aqueles a quem se concedeu licença especial pela sé apostólica;
3 nem se façam compadres de homens ou mulheres para que, nessa ocasião, não se origine escândalo entre os frades ou
sobre os frades.
Cap. XII Dos que vão entre os sarracenos e outros infiéis

1 Qualquer dos frades que, por divina inspiração, quiser ir entre os sarracenos e outros infiéis, peçam daí licença a seus
ministros provinciais.

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2 Mas os ministros a nenhum concedam licença de ir senão aos que virem ser idôneos para enviar.
3 Para isso imponho por obediência aos ministros que peçam ao senhor papa um dos cardeais da santa Igreja Romana
que seja governador, protetor e corretor desta fraternidade,
4 para que sempre súditos e sujeitos aos pés da mesma santa Igreja, estáveis na fé (cfr. 1Col 1,23) católica, ob-servemos
a pobreza e humildade e o santo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que prometemos firmemente.

:: FRAGMENTOS DA REGRA ANTIGA ::


Fragmentos de outra Regra não bulada

1. Fragmentos do Códice de Worchester


1 Atendamos, todos os frades, que [o Senhor diz]: Amai vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam (cfr. Mc 5,44
par.), porque nosso Senhor Jesus Cristo, cujos vestígios devemos seguir (cfr. Pd 2, 21), chamou seu traidor de amigo e
se en-tregou espontaneamente aos que o crucifi-caram.
2 Pois são amigos nossos todos os que injustamente nos causam tribulações, angústias,] vergonhas, injúrias e dores e
tormentos, martírio e morte; aos quais muito devemos amar, porque a partir dis-so, que nos causam, temos a vida eterna.
3 E castiguemos nosso corpo crucificando-o com os vícios e concupiscências e pe-cados, porque vivendo carnalmente
quer tirar-nos o amor de Jesus Cristo e a vida eterna e a si mesmo com a alma para o inferno;
4 porque nós por nossa culpa fomos fétidos, contrários ao bem, prontos e voluntários para o mal;
5 porque, como diz o Senhor: "Do coração procedem e saem os maus pensamentos" (Mc 7,21) etc...
9 E por isso todos os frades, como diz o Senhor: "Deixemos os mortos... seus" (cfr. Mt 8,22);
10 e muito nos guardemos da malícia e sutileza de satanás, que quer que o homem não tenha sua virtude e seu coração
para o Senhor Deus;
11 e dando voltas deseja tomar o coração do homem sob aparência de alguma mercê ou ajuda, e sufocar a palavra e os
preceitos do Se-nhor da memória e querendo habitar no coração do homem e cegá-lo pelos negó-cios e cuidados
seculares, como diz o Se-nhor:
12 "Quando o espírito imundo" (Mt 12,43) etc até aí:
13 "Torna-se o fim desse homem pior que o começo" (Mt 12,45).
14 Por isso, todos os frades, guardemo-nos muito de que, sob a aparência de alguma obra ou mercê ou ajuda não per-
camos ou tiremos nossa mente e coração do Senhor.
15 Mas na caridade, que é Deus (cfr. 1Jo 4,16), rogo a todos os frades, tanto ministros como outros, que, afastando to-do
impedimento, deixando todo cuidado e solicitude, quanto podem, façam amar, servir e adorar o Senhor Deus de coração
limpo e mente pura, o que ele quer acima de tudo,
16 e sempre façamos uma morada e mansão para ele (cfr. Jo 14,23), que é o Senhor Deus onipotente, Pai e Filho e
Espírito Santo, que disse: "Vigiai portanto rezando todo o tempo, para que sejais dig-nos de escapar de todo mal que
virá e estar diante do Filho do homem" (Lc 21,36); "e quando estiverdes em pé para orar (Mc 11,25), dizei (Lc 11,2): Pai
nosso" (mt 6,9).
17 E o adoremos de coração puro, "porque é preciso orar sempre e não ces-sar" (Lc 18,1); "pois os Pai busca" tais
adoradores (cfr. Jo 4,23).
18 "Deus é espí-rito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade" (Jo 4,24).
19 E re-corramos a ele como "ao pastor e bispo das almas" (1Pd 2,25) nossas, que diz: "Eu sou o bom pastor" (Jo 10,11)
etc até aí: "dou a minha alma pelas minhas ovelhas" (Jo 10,15).
20 "Todos vós sois irmãos e não chameis a ninguém de pai sobre a terra" (Mt 23,8-9) etc.
21 Não "vos chameis de mestres" (Mt 23,10) et-c.
22 "Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, qualquer coisa que queirais, pedi e vos será
feito" (Jo 15,7).
23 "Onde quer que es-tiverem dois ou três congregados no meu nome" (Mt 18,20) etc.
24 "Eis que estou convosco todos os dias" (Mt 28,20) etc.

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25 "As palavras que vos disse são espírito e vida" (Jo 6,64).
26 "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6).
27 Por isso mantenhamos as palavras, a doutrina, a vida e o santo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que se
dignou rogar ao Pai por nós e manifestar seu nome dizendo: Pai, "manifestei teu nome aos homens" (Jo 17,6) etc até aí:
28 "Pai, os que e deste, quero que também eles este-jam comigo onde eu estou, para que vejam minha claridade" (cfr. Jo
17,24) no teu rei-no.
29 Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio e agora e sempre e nos séculos dos séculos.
Amém.
30 E mostrem os frades aos pobres o prazer que têm uns com os outros, como diz o apóstolo: "Não amemos de palavra
nem de língua" (1Jo 3,18) etc.
31 Todos os frades, onde quer que este-jam, guardem-se do mau olhar e da fre-qüência das mulheres e nenhum se acon-
selhe com elas sozinho.
32 Abaixo: E guarde-mos muito limpos nós e nossos membros, porque diz o Senhor: "Todo que olhar uma mulher para
a concupiscência" (Mt 5,28) etc. Abaixo.
33 Quando os frades vão pelo mundo não levem nada pelo caminho, nem sacola (cfr. Lc 10,4) "nem bola nem pão nem
pecúnia (cfr. Lc 9,3) nem bastão nem calçados" (cfr. Mt 10,10. Abaixo:
34 [Não resistam ao mau, mas ao que os bater em uma face, ofereçam-lhe tam-bém a outra ( cfr. Mt 5,39).
35 E o que lhe tira o manto, não lhe impeçam tam-bém a túnica (cfr. Lc 6,29), e o que lhes tira o que é deles, não tomem
de volta (cfr. Lc 6,30).
36 Os frades que com] licença de seu ministro vão entre os infiéis de dois modos p[odem} comportar-se espiritualmente.
37 Um modo é que não façam disputas nem con-tendas, mas sejam submissos "a toda hu-mana criatura por Deus" (1Pd
2,13) e con-fessem que são cristãos.
38 Outro modo é que, quando virem que agrada a Deus, a-nunciem a palavra de Deus, para que crei-am em Deus Pai
onipotente e no Filho e no Espírito Santo. Abaixo:
39 E todos os frades, onde quer que es-tejam, lembrem-se de que deram e aban-donaram eles mesmos e seus corpos ao
Senhor Jesus Cristo.
40 E por seu amor de-vem suportar perseguição e morte dos ini-migos visíveis e invisíveis: etc. Abaixo:
41 Todos os frades preguem com os cos-tumes.
42 Nenhum ministro ou pregador se aproprie do ministério ou ofício da pre-gação, mas de qualquer jeito que lhe tenha
sido mandado, entregue seu ofício.
43 Por isso suplico na caridade, que é Deus (cfr. 1Jo 4,16), todos os meus frades pregado-res, oradores, trabalhadores,
tanto clérigos como leigos, que procurem humilhar-se em tudo,
44 não se gloriar, gozar em si mes-mos ou se exaltar interiormente pelas boas palavras ou obras, e mesmo por nenhum
bem, que Deus faz ou diz ou opera neles alguma vez e através deles, de acordo com o que diz o Senhor: "Mas não vos
alegreis nisto, que os espíritos se vos submetem" (Lc 10,20), etc.
45 E saibamos firmemente que não nos pertencem senão os vícios e pecados;
46 mas mais nos devemos alegrar "quando cairmos em tentações diversas" (cfr. Tg 1,2) e suportarmos quaisquer
angústias e tri-bulações da alma e do corpo neste mun-do pela vida eterna.
47 Por isso, guardemo-nos todos os frades da soberba e vanglória; guardemo-nos muito da sabedoria deste mundo e da
prudência da carne.
48 Pois o espírito da carne quer e busca muito ter palavras, mas pouco a realização;
49 e procura não a reli-gião e a santidade do espírito, mas quer e deseja a religião e a santidade que apare-cem fora para
os homens.
50 E é destes que diz o Senhor: "Em ver-dade vos digo, receberam sua recompen-sa" (Mt 6,2).
51 Mas o espírito de Deus quer a mortifica-ção e que a carne seja des-prezada, vil e abjeta e cheia de opróbrios.
52 E se esforça pela humildade e a paciên-cia, a pura sim-plicidade e a verdadeira paz do espírito.
53 E acima de tudo deseja o divino- temor e a divina sabedoria e o divino amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
54 E entreguemos ao Senhor Deus al-tíssimo todos os bens e reconheçamos que todos os bens são dele.
55 E receba todas as honras e reverências, todos os louvores e bênçãos, todas as graças e glórias ele mesmo, de quem é
todo bem, que só ele é bom (cfr. Lc 18,19).

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56 E quando ouvimos os homens dize-rem mal ou blasfemarem o Senhor, faça-mos nós o bem e bendigamos e
louvemos o Senhor "que é bendito pelos séculos" (Rm 1,25).
57 Tenhamos todos os clérigos e religio-sos como senhores no que diz respeito à salvação da alma, e não desviarem da
mi-nha religião; e veneremos sua ordem e ad-ministração no Senhor e seu ofício. Abaixo:
58 Esta exortação, ou semelhante, ou louvor podem todos os frades anunciar quanto Deus lhes inspirar, entre quaisquer
pessoas com a bênção de Deus e a licença de seu ministro:
59 Temei e honrai, louvai e bendizei, dai graças (1Ts 5,18) e adorai o Senhor nosso Deus, onipotente na Trin-dade e
Unidade, Pai e Filho e Espírito San-to, criador de todas as coisas.
60 Fazei penitência (cfr. Mt 3,2) e fazei frutos dignos de penitência (cfr. Lc 3,8), porque sabei que logo vamos morrer.
61 "Dai e vos será da-do" (Lc 6,38).
62 Perdoai e vos será perdoa-do (cfr. Lc 6,37).
63 E "se não perdoardes" (Mt 6,14), o Senhor não "vos perdoará vossos pecados" (Mc 11,25); confessai todos os vossos
pecados (cfr. Tg 5,16).
64 Bem-aventurados os que morrem em pe-nitência, porque estarão no reino dos céus.
65 Ai daqueles que não morrem em peni-tência, porque serão "fillhos do diabo", cujas obras fazem (Jo 8,412) e irão
para o fogo eterno.
66 Tomai cuidado e abstende-vos de todo mal e perseverai até o fim no bem.
67 Guardem-se todos os frades, onde quer que estejam, em eremitérios ou ou-tros lugares, de não se apropriar nem de-
fender nenhum lugar ou alguma coisa.
68 E qualquer um que venha a eles, amigo ou adversário, não contendam com eles de alguma maneira.
69 E onde quer que os fra-des estejam e em qualquer [lugar se en-contrarem, espiritual e diligentemente de-vem se rever
e honrar "uns aos outros sem murmuração" (1Pd 4,9).
70 E cuidem de não se mostrar tristes, enevoados por fora e hipócritas; mas se mostrem "alegres no Senhor" (cfr. Fl 4,4)
e festivos e agradá-veis] e convenientemente amáveis.
71 Rogo todo frade doente que, prestan-do graças ao Criador por tudo, deseje ser tal qual Deus o quer, seja são seja en-
fermo, porque todos os que o Senhor pre-destinou "à vida eterna" (cfr. At 14,48), en-sina-os com os estímulos dos
flagelos e das enfermidades e com o espírito de com-punção; como: "Eu, os que amo" (Ap 3, 19) etc.
72 Por isso rogo todos os meus frades doentes que em suas enfermidades não se irem nem perturbem contra Deus ou
con-tra os irmãos, nem desejem muito solicita-mente os remédios nem demais livrar a carne que logo vai morrer, que é
inimiga da alma que vai morrer.
73 Todos os frades procurem seguir a humildade e a pobreza de nosso Senhor Jesus Cristo e lembrem que nada mais
convém que tenhamos de todo o mundo a não ser, como diz o apóstolo, ter [alimen-tos] e vestes "com que nos cubramos
com isso estejamos contentes" (1Tm 6,80).
74 E devem alegrar-se quando entre as pessoas vis e desprezadas, entre os pobres e os fra-cos e os doentes e leprosos e
os que mendi-gam à beira do caminho.
75 E quando for preciso vão pedir esmolas.
76 E não se en-vergonhem, porque nosso Senhor Jesus "Cristo, Filho do Deus vivo" (Jo 11,27) onipotente, "fez seu rosto
como uma pedra duríssima" (Is 50,7) e não se envergonhou.
77 E foi pobre e forasteiro e viveu de esmo-las, ele e a bem-aventurada Virgem, sua mãe Maria, e seus discípulos.
78 E quando os homens os envergonharem e não lhes quiserem dar, dêem graças por isso ao Se-nhor, porque pelas
vergonhas receberão grande honra diante do tribunal de nosso Senhor Jesus Cristo.
79 E saibam que a vergonha não será imputada aos que a padecem mas aos que a causam;
80 que a esmola é herança e jus-tiça que se deve aos pobres, que foi adqui-rida por nosso Senhor Jesus Cristo.
81 81 E os frades que trabalham para adquiri-la terão uma grande recompensa e farão lu-crar e ganhar os que a dão;
porque todas as coisas que os homens deixam no mun-do, vão perecer, mas pela caridade as esmolas que fizerem, vão
ter a vida eterna.
Fragmentos da exposição da Regra de Frei Hugo de Digne

1 Pelo que, dizia o santo sobre isso na regra ainda não bulada: Guardem-se os frades e seus ministros de não se
introme-terem de modo algum em seus negócios.

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2 Antes da regra ser bulada, juntava o santo: E mesmo que sejam chamados de hipócritas não deixem de fazer o bem.
3 Por isso, antes da bula, a regra tinha assim: Mas nos outros tempos não sejam obrigados segundo esta vida senão a
jejuar na sexta feira.
4 ...como o santo disse antes na Regra: Lembrem-se - diz - os ministros que lhes foi confiado o cuidado das almas dos
fra-des, das quais, se algum perecesse por sua culpa ou mau exemplo, deveriam eles prestar contas diante do senhor
Jesus Cristo.

5 Assim dizia o santo na Regra origi-nal: Guardem-se os frades, tanto ministros quanto os outros, de por causa do
pecado de outro ou mau exemplo não se pertur-bem nem se irem, porque o diabo quer corromper a muitos por causa do
pecado de um, mas, espiritualmente, como po-dem, ajudem o que pecar, porque não são os sadios que precisam de
médico mas os que estão mal (cfr. Mc 2,17 par.).
6 ...conforme aquela palavra do Se-nhor, que também o bem-aventurado Fran-cisco dizia aos frades: Os príncipes dos
povos os dominam, e os que são maiores exercem poder entre eles; não será assim entre vós (Mt 20,25-26).
7 ...assim o santo os exortava na Regra antes da bula: Pela caridade do espírito sirvam voluntariamente e obedeçam uns
aos outros (cfr. Gl 5,23). Esta é, diz, a ver-dadeira e segura obediência de nosso Se-nhor Jesus Cristo.
8 Por isso antes assim se dizia na Re-gra: Os frades, em quaisquer lugares e en-contrem, que não podem observar
espiri-tualmente nossa vida, comuniquem isso a seu ministro. Mas o ministro busque pro-videnciar de tal forma, como
quereria que fosse feito para ele.
9 ...ou segundo a primeira Regra, como se disse: Em quaisquer lugares estejam os frades.
10 Por isso a Regra tinha antes: Todos os frades em quaisquer lugares em que estejam na casa de outros, não sejam ca-
mareiros ou chanceleres nem presidam às honras daqueles a quem servem; nem re-cebam algum cargo que produza
escân-dalo ou cause detrimento para sua alma (cfr. Mt 8,36); mas sejam menores e sub-missos a todos que estão na
mesma casa.
11 Por isso antes dizia-se na Regra: Os Frades que sabem trabalhar trabalhem e exerçam a arte que aprenderam, se não
for contra a salvação da alma.
12 E depois de um pouco: Cada um permaneça na arte ou ofício em que foi chamado (Cfr. 1Cor 7,24) segundo a dis-
posição do Ministro.
13 Por isso punha assim na Regra antes da bula: Os servos de Deus devem estar sempre ocupados na oração ou em
alguma obra boa.
14 E, antes da bula, estas eram as pala-vras na Regra: Cuidem os frades de não se apropriar de nenhum lugar ou
alguma coi-sa e nem de defender para alguém.
15 Assim dizia o Santo na Regra antes... E ainda: Onde quer que os frades estão e em qualquer lugar que estejam devem
ver-se espiritual e diligentemente e honrar uns aos outros sem murmuração (1 Pd 4,9). E guardem-se os frades de se
mostrar exte-riormente tristes e carrancudos hipócritas, mas mostrem-se alegres no Senhor e festi-vos e agradáveis e
convenientemente amá-veis.
16 Sobre a pecúnia achada, o Santo dizia: Se encontrarmos pecúnia, não cuidemos, como se fosse pó que pisamos com
os pés.
17 Sustinha [Francisco] que em grande necessidade devia pedir esmola para os irmãos leprosos, mas de tal forma que to-
massem muito cuidado com a pecúnia. E embora amassem os lugares piedosos, em que os frades se hospedavam ou
moravam, não suportava que pedissem pecúnia por algum lugar ou fizessem pedir, ou fossem com os que pediam.
18 E a letra da primeira Regra tinha assim: Quando for necessário, os frades vão pela esmola.
19 Isso ele mesmo punha mais difusa-mente na regra original assim: Quando for necessário, vão os frades pela esmola.
E não se envergonhem, mas antes se recor-dem que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo (Jo 11,27) onipotente
pôs sua cara como uma pedra duríssima (Is 50,7) e não se envergonhou. E foi pobre e forasteiro e viveu de esmolas ele e
seus discípulos. E quando os homens lhes cau-sassem vergonha e não lhes quisessem dar, dêem graças a Deus por isso,
porque das vergonhas receberão uma grande honra diante do tribunal de nosso Senhor Jesus Cristo. E saibam que a
vergonha não é imputada aos que a sofrem mas aos que a causam, e que a esmola é herança e justiça que de deve aos
pobres, que foi adquirida por nosso Senhor Jesus Cristo. E os frades que trabalham para adquiri-la terão uma grande
recompensa e farão os que dão lu-crar e ganhar, porque todas as coisas que os homens deixam no mundo vão perecer,
mas pela caridade esmolas que fizerem vão receber o prêmio do Senhor.

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20 Assim dizia o Santo antes na Regra: Manifeste um ao outro com segurança sua necessidade, para que encontre e
sirva o que lhe necessário.
21 ...antes da bula o Santo assim admo-estava na Regra: Rogo o irmão doente que dando graças por tudo ao Criador,
deseje ser tal qual o Senhor o quer, são ou en-fermo.
22 E depois de um pouco: Rogo todos os meus frades, que nas enfermidades não se irem nem perturbem contra Deus ou
contra os frades, nem peçam muito soli-citamente o remédio, nem desejem demais libertar a carne que logo vai morrer,
que é inimiga da alma.
23 Achavam que não podiam dizer raca ou louco a um irmão como ofensa, pois era expresso antes pela regra e por essas
palavras do evangelho (cfr. Mt 5,22).
24 Além disso o evangelho ensina a não fazer contendas, não exigir de volta, não resistir ao mal, coisas essas que a regra
antes expressava especialmente; mas ago-ra resume tudo em palavras concisas e ge-rais.
25 Mas o Santo, apresentando dois mo-dos de comportar-se entre os incrédulos, dizia na primeira Regra: Os frades
podem comportar-se de dois modos entre eles: Um modo é que não façam disputas nem con-tendas, mas sejam
submissos a toda cria-tura por Deus (1Pd 2,13) e confessem que são cristãos. Outro modo é que, quando virem que
agrada a Deus, anunciem a pa-lavra de Deus, para que creiam em Deus Pai onipotente e no seu Filho e no Espírito santo,
criador de tudo, redentor e salvador de todos os fiéis, e que se batizem e se façam cristãos, porque não podem salvar-se
se não forem batizados e não forem cristãos verdadeiros e espirituais, porque "se alguém não renascer pela água e pelo
Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus" (cfr. Jo 3,5).
26 E depois de algumas interposições, dizia: E recordem-se os frades que se de-ram e deixaram sua corpos por Deus Se-
nhor Jesus Cristo. E por seu amor devem suportar tribulação, perseguição e morte, porque diz o Senhor: "Quem perder a
sua alma por mim, vai salvá-la" (cfr. Lc 9,24). "Digo porém a vós meus amigos, não vos aterrorizeis com aqueles que
matam o corpo" (Lc 12,4). "Se vos perseguirem em uma cidade, fugi para outra" (cfr. Mt 10,23).
27 ...como o Santo exortava antes na Regra dizendo: Todos os frades preguem com obras.
28 De modo admirável o santo queria que se respeitasse as pessoas religiosas: Tenhamos todos os clérigos e todos os
reli-giosos como senhores naquelas coisas que não desviam da nossa religião, e venere-mos no Senhor sua ordem e
administra-ção.
29 ...para cuja edificação e maior es-clarecimento do contexto pela origem, re-cordo entretanto a todos os meus frades
o teor e espírito daquelas coisas que es-tavam escritas na própria regra. Orava para que fossem abençoados pelo
Senhor os que ensinavam, aprendiam, olhavam.
Fragmentos em 2 Celano

1 [Os ministros] tenham que prestar contas diante de ti, Senhor, no dia do juízo, se algum dos seus frades perecer por
negligência, pelo exemplo ou por áspera correção.
2 ...para exortação geral, fez escrever estas palavras em um capítulo: Guardem-se os frades de se mostrar por fora car-
rancudos e hipócritas tristes, mas mos-trem-se alegres no Senhor, risonhos e con-venientemente amáveis.
3 ...inculcando temerariamente a pala-vra de regra, pela qual fica bem claro que dinheiro achado deve ser pisado como
pó.
4 Por isso em certa regra fez escrever estas palavras: Rogo a todos os meus fra-des doentes que em suas enfermidades
não se irem ou perturbem contra Deus ou con-tra os frades. Não peçam muito solicita-mente os remédios, nem desejem
demais libertar a carne que logo vai morrer, que é inimiga da alma. Dêem graças a Deus por tudo, para desejarem ser
tais quais Deus quer que sejam. Pois Deus ensina com os estímulos dos flagelos e das doenças a-queles que predestinou
para a vida eterna (cfr. At 13,48), como ele mesmo disse: Eu corrijo e castigo os que amo (Ap 3,19).

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