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DATA – 03/10/16
AULA - 04
Sumário:
2. Roubo (continuação)
2.3. Roubo majorado (art. 157, §2º, CP)
2.4 Roubo qualificado (art. 157, §3º, CP)
3. Extorsão (art. 158, CP)
4. Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP)
5. Dano (art. 163, CP)
5.1. Dano qualificado (art. 163, § único, CP)
6. Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP)
2. Roubo (continuação)
Arma é qualquer instrumento que possui potencialidade lesiva, sendo arma própria ou
imprópria.
Arma própria é criada com finalidade bélica. Arma imprópria não foi criada para utilização
bélica.
Para constatar que a arma tem potencialidade lesiva deve ser realizada perícia. A
potencialidade lesiva é indispensável. Dessa forma, a arma apreendida deve ser periciada (art.
158, CPP).
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
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Prevalece que a arma de brinquedo, o simulacro, a arma estragada ou desmuniciada não
podem majorar a pena do crime, pois o fundamento desta majorante é o maior potencial lesivo da
conduta. Nestas hipóteses, o agente incorrerá em roubo simples. Se não há potencialidade lesiva,
não pode ser aplicada a majorante do §2º, I.
HC 172303/SP:
PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. (1) EMPREGO DE ARMA
DE FOGO. APREENSAO E PERÍCIA. DESNECESSIDADE. UTILIZAÇAO DE OUTROS
MEIOS DE PROVA. COMPREENSAO FIRMADA NA TERCEIRA SEÇAO (ERESP
Nº 961.863/RS). RESSALVA DO ENTENDIMENTO DA RELATORA. (2)PROVA ORAL
QUE DEMONSTRA A UTILIZAÇAO DO INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. (3) REGIME
INICIAL FECHADO. PENA DE 6 (SEIS) ANOS, 2 (DOIS) MESES e 20 (VINTE) DIAS
DE RECLUSAO, MAIS 15 (QUINZE) DIAS-MULTA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. (4) ORDEM DENEGADA.
1. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp n.º 961.863/RS, alinhando-se
à posição esposada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, firmou a compreensão de
que é prescindível a apreensão e perícia da arma para a aplicação da causa de aumento
prevista no art. 157, 2º, I, do Código Penal, desde que comprovada a sua utilização por
outros meios de prova. Ressalva do entendimento da Relatora.
2. Hipótese em que o magistrado de primeiro grau e a Corte estadual assentaram a
existência de prova oral suficiente a demonstrar a utilização da arma de fogo pelos réus,
inexistindo constrangimento ilegal a ser reconhecido.
3. Não há irregularidade no estabelecimento do regime inicial fechado para pena superior
a quatro e aquém de oito anos, desde que militem em desfavor do condenado
circunstâncias negativas, como estatui o art. 33, 3.º, do Código Penal.
4. Ordem denegada.
Para o STJ não há bis in idem em condenar o agente pela prática de roubo em concurso
de agentes c/c associação criminosa (art. 157, §2º, I e II na forma do art. 69 c/c art. 288, § único).
Haverá concurso material de crimes entre o furto qualificado pelo concurso de pessoas e a
associação criminosa, pois o tipo penal de roubo tutela o patrimônio, enquanto o tipo penal de
associação criminosa tutela a paz pública. Haverá concurso material entre os crimes, pois o bem
jurídico tutelado pelas normas é distinto. Ver HC 157862/SP, STJ.
HC 157862/SP, STJ:
BIS IN IDEM. CONDENAÇÃO PELOS CRIMES DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO
CONCURSO DE PESSOAS E FORMAÇÃO DE QUADRILHA ARMADA.
DELITOSAUTÔNOMOS. NATUREZA DISTINTAS. EIVA NÃO CONFIGURADA.
1. É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça acercada independência dos
delitos de quadrilha ou bando qualificado e roubo circunstanciado pelo concurso de
pessoas e emprego de arma de fogo, em face da existência de objetos jurídicos distintos.
Constituem, ademais, crimes de natureza diversas, pois o tipo penal do art. 288 do CP é
delito de perigo abstrato, enquanto que o do art. 157, § 2º, I e II, do CP é de perigo
concreto.
2. No caso em comento, o édito condenatório, nos moldes em que proferido em desfavor
do paciente, não implica bis in idem, pois o crime de quadrilha ou bando, de consumação
antecipada (ou formal), é autônomo e não tem o condão de obstar o reconhecimento da
causa especial de aumento de pena consistente no concurso de pessoas.
Segundo o STJ a expressão “valores” refere-se a qualquer item que possua valor
econômico, não se limitando à dinheiro.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
O §2º, IV, exige efetivo transporte, não sendo aplicada a majorante quando o veículo não
cruza as fronteiras do Estado, mesmo que provada a intenção do agente de efetivamente fazê-lo.
Atenção: no crime de furto, a subtração de veículo automotor para fora do Estado ou país é uma
qualificadora. Se tratando do crime de roubo, é causa majorante da pena.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)
O latrocínio consiste em matar para roubar. A morte da vítima é meio para consumar o
crime de roubo.
b) morte da vítima sem o roubo do patrimônio: o STF entende que o crime de latrocínio
consiste em matar com o intuito de roubar. Se o agente mata a vítima, mas não rouba, o crime
será de latrocínio consumado, conforme a súmula 610 do STF.
Súmula 610: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima.
d) agente tenta roubar o patrimônio e tenta matar a vítima, mas apesar de alvejá-la, a
vítima não morre e o agente também não consegue efetuar a apropriação do patrimônio: nesta
hipótese também haverá tentativa de latrocínio.
Para configuração do crime de latrocínio deve ser observado o animus necandi + animus
furandi.
O latrocínio é crime qualificado pelo resultado. Desta forma, ele pode ser cometido com
dolo ou culpa. Ex: durante um roubo, o agente, por imperícia, dispara a arma de fogo. O disparo
foi culposo, entretanto, o crime será de latrocínio consumado. HC 37583, SP, STJ.
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II. O latrocínio é delito qualificado pelo resultado, sendo que o evento de maior gravidade
(morte) pode ser imputado na forma de dolo ou de culpa.
III. Em se tratando de crime de roubo, praticado com arma de fogo, todos que contribuíram
para a execução do tipo fundamental respondem pelo resultado morte, mesmo não agindo
diretamente na execução desta, pois assumiram o risco pelo evento mais grave.
Precedentes.
IV. A incidência de circunstância atenuante genérica não reduz a pena abaixo do mínimo
legal. Incidência da Súmula 231/STJ.
V. Acórdão que obedeceu o critério trifásico de aplicação da pena, pautando-se pelos
ditames do art. 68 do Código Penal, não se podendo falar, nesse aspecto, em
constrangimento ilegal.
VI. Não se aplica a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e latrocínio, eis que,
apesar de serem do mesmo gênero, não são da mesma espécie, pois possuem elementos
objetivos e subjetivos distintos, não havendo, portanto, homogeneidade de execução.
VII. No delito de roubo, a objetividade jurídica do tipo penal é o patrimônio, ao passo que,
no delito de latrocínio, por sua vez, buscar-se proteger, além do patrimônio, a vida da
vítima, incidindo a regra do concurso material.
VIII. Ordem denegada.
Segundo o informativo 705 do STF, o agente que mata mais de uma vítima para consumar
apenas um roubo, comete um único crime de latrocínio. Ex: agente entra em uma residência para
roubá-la e durante o roubo, mata toda a família. Nesta hipótese aplicar-se-á o artigo 71, § único do
CP – continuidade delitiva. A pena será aumentada de 1/6 até o triplo. Obs: é permitida
continuidade delitiva nos crimes contra a vida. Ver informativo 705, STF.
A competência para processar e julgar tanto o roubo qualificado pela lesão grave quanto o
latrocínio é da justiça comum, vez que se tratam de crimes contra o patrimônio. O procedimento é
comum ordinário.
3. Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
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§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a
12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de
2009)
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Sequestro relâmpago (art. 158, §3º) X extorção mediante sequestro (art. 159): no crime no
artigo 158, §3º a vantagem é paga pela própria vítima. Já no crime do artigo 159 a vítima é
indispensável, mas quem paga o resgate é um terceiro (pai, mãe, etc).
O tempo da restrição da liberdade da vítima não importa para a distinção desses crimes.
Entende-se que a vantagem obtida neste crime pode ser de qualquer natureza.
Este é o crime mais grave do CP. Possui pena de mínima de 24 e pena máxima de 30
anos.
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O §4º deste artigo prevê uma hipótese de delação premiada.
Será aplicado este benefício quando o crime for praticado em concurso de pessoas e um
dos concorrentes delatar o outro havendo facilitação da libertação do sequestrado.
Nesta hipótese somente pode ser aplicada a redução de pena. Não se aplica a lei de
colaboração (perdão ministerial, perdão judicial, etc).
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
É possível a cumulação do crime de dano qualificado pela violência com o crime de lesão
corporal, pois a redação do § único, inciso I do artigo 163 assim dispõe: detenção, de seis meses
a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave.
Nesta hipótese, se no iter criminis, houver cometimento de crime mais grave, aplicar-se-á
somente o crime mais grave.
Nos termos da súmula 712 do STF, mesmo que o bem público seja de valor ínfimo, não é
possível aplicar o princípio da insignificância, por se tratar de bem público. Este entendimento não
se limita ao crime de dano. Aplica-se a todos os crimes contra o patrimônio.
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corpus em que requerida a incidência do mencionado princípio em favor de acusado pela
suposta prática do crime de dano qualificado (CP, art. 163, parágrafo único, III). Na
espécie, o paciente danificara protetor de fibra de aparelho telefônico público pertencente à
concessionária de serviço público, cujo prejuízo fora avaliado em R$ 137,00. Salientou-se
a necessidade de se analisar o caso perante o contexto jurídico, examinados os elementos
caracterizadores da insignificância, na medida em que o valor da coisa danificada seria
somente um dos pressupostos para escorreita aplicação do postulado. Asseverou-se que,
em face da coisa pública atingida, não haveria como reconhecer a mínima ofensividade da
conduta, tampouco o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. Destacou-se
que as consequências do ato perpetrado transcenderiam a esfera patrimonial, em face da
privação da coletividade, impossibilitada de se valer de um telefone público.
HC 115383/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.6.2013. (HC-115383)
Em todas essas hipóteses, a pena prevista é de detenção, de seis meses a três anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.
Aos crimes tributários, a regra é a de que não serão ajuizadas execuções fiscais de débitos
com a Fazenda Nacional cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (Lei 10.522 e
Portaria 75/12). Entretanto, tal entendimento não se aplica ao crime do artigo 168-A, pois é crime
patrimonial e não tributário (informativo 641 do STF).
Em que pese não ser crime tributário, conforme informativo 370 do STF, não possível
indiciar o sujeito ativo deste crime antes do lançamento definitivo do tributo. O lançamento
definitivo deve preceder o ato investigativo pois é por meio dele que será verificado o quantum
debeatur. Desta forma, exige-se o lançamento definitivo para o delegado indiciar e para o
promotor denunciar.