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CURSO – Delegado da Polícia Federal Nº 33

DATA – 03/10/16

DISCIPLINA – Direito Penal (parte especial)

PROFESSOR – Christiano Gonzaga

MONITOR – Bruna Ribeiro Guimarães

AULA - 04

Sumário:

2. Roubo (continuação)
2.3. Roubo majorado (art. 157, §2º, CP)
2.4 Roubo qualificado (art. 157, §3º, CP)
3. Extorsão (art. 158, CP)
4. Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP)
5. Dano (art. 163, CP)
5.1. Dano qualificado (art. 163, § único, CP)
6. Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP)

2. Roubo (continuação)

2.3. Roubo majorado (art. 157, §2º, CP)

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:


I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

Arma é qualquer instrumento que possui potencialidade lesiva, sendo arma própria ou
imprópria.

Arma própria é criada com finalidade bélica. Arma imprópria não foi criada para utilização
bélica.

Prevalece na jurisprudência que é necessário o efetivo uso da arma na violência ou grave


ameaça, não bastando a mera posse. Nesse sentido, o agente deve demonstrar estar armado.

Para constatar que a arma tem potencialidade lesiva deve ser realizada perícia. A
potencialidade lesiva é indispensável. Dessa forma, a arma apreendida deve ser periciada (art.
158, CPP).

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
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Prevalece que a arma de brinquedo, o simulacro, a arma estragada ou desmuniciada não
podem majorar a pena do crime, pois o fundamento desta majorante é o maior potencial lesivo da
conduta. Nestas hipóteses, o agente incorrerá em roubo simples. Se não há potencialidade lesiva,
não pode ser aplicada a majorante do §2º, I.

A ausência de perícia devido a não apreensão da arma não afasta automaticamente a


majorante quando o emprego do instrumento puder ser comprovado por outros meios. Cabe ao
réu provar o contrário, sob pena de ser a arma considerada de verdade. Esse é o entendimento
consubstanciado no HC 172303/SP e possui embasamento no artigo 167 do CPP.

HC 172303/SP:
PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. (1) EMPREGO DE ARMA
DE FOGO. APREENSAO E PERÍCIA. DESNECESSIDADE. UTILIZAÇAO DE OUTROS
MEIOS DE PROVA. COMPREENSAO FIRMADA NA TERCEIRA SEÇAO (ERESP
Nº 961.863/RS). RESSALVA DO ENTENDIMENTO DA RELATORA. (2)PROVA ORAL
QUE DEMONSTRA A UTILIZAÇAO DO INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. (3) REGIME
INICIAL FECHADO. PENA DE 6 (SEIS) ANOS, 2 (DOIS) MESES e 20 (VINTE) DIAS
DE RECLUSAO, MAIS 15 (QUINZE) DIAS-MULTA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. (4) ORDEM DENEGADA.
1. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp n.º 961.863/RS, alinhando-se
à posição esposada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, firmou a compreensão de
que é prescindível a apreensão e perícia da arma para a aplicação da causa de aumento
prevista no art. 157, 2º, I, do Código Penal, desde que comprovada a sua utilização por
outros meios de prova. Ressalva do entendimento da Relatora.
2. Hipótese em que o magistrado de primeiro grau e a Corte estadual assentaram a
existência de prova oral suficiente a demonstrar a utilização da arma de fogo pelos réus,
inexistindo constrangimento ilegal a ser reconhecido.
3. Não há irregularidade no estabelecimento do regime inicial fechado para pena superior
a quatro e aquém de oito anos, desde que militem em desfavor do condenado
circunstâncias negativas, como estatui o art. 33, 3.º, do Código Penal.
4. Ordem denegada.

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

Para aplicação da majorante do concurso de pessoas, não é necessário que todos os


agentes atuem diretamente na subtração ou violência/grave ameaça.

Os inimputáveis são levados em conta para configuração do concurso (informativo 669 do


STF).

Informativo 669, STF:


Coatoria e participação de menor: a participação do menor de idade pode ser considerada
com o objetivo de caracterizar concurso de pessoas para fins de aplicação da causa de
aumento de pena no crime de furto (“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: ... § 2º - A pena aumenta-se de um terço
até metade: ... II - se há o concurso de duas ou mais pessoas”). Com esse entendimento, a
1ª Turma denegou habeas corpus em que pretendida a redução da pena definitiva
aplicada. Sustentava a impetração que o escopo da norma somente poderia ser aplicável
quando a atuação conjunta de agentes ocorresse entre imputáveis. Aduziu-se que o
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legislador ordinário teria exigido, tão somente, “o concurso de duas ou mais pessoas” e,
nesse contexto, não haveria nenhum elemento específico quanto à condição pessoal dos
indivíduos. Asseverou-se que o fato de uma delas ser menor inimputável não teria o
condão de excluir a causa de aumento de pena.
HC 110425/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 5.6.2012. (HC-110425)

Para o STJ não há bis in idem em condenar o agente pela prática de roubo em concurso
de agentes c/c associação criminosa (art. 157, §2º, I e II na forma do art. 69 c/c art. 288, § único).
Haverá concurso material de crimes entre o furto qualificado pelo concurso de pessoas e a
associação criminosa, pois o tipo penal de roubo tutela o patrimônio, enquanto o tipo penal de
associação criminosa tutela a paz pública. Haverá concurso material entre os crimes, pois o bem
jurídico tutelado pelas normas é distinto. Ver HC 157862/SP, STJ.

HC 157862/SP, STJ:
BIS IN IDEM. CONDENAÇÃO PELOS CRIMES DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO
CONCURSO DE PESSOAS E FORMAÇÃO DE QUADRILHA ARMADA.
DELITOSAUTÔNOMOS. NATUREZA DISTINTAS. EIVA NÃO CONFIGURADA.
1. É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça acercada independência dos
delitos de quadrilha ou bando qualificado e roubo circunstanciado pelo concurso de
pessoas e emprego de arma de fogo, em face da existência de objetos jurídicos distintos.
Constituem, ademais, crimes de natureza diversas, pois o tipo penal do art. 288 do CP é
delito de perigo abstrato, enquanto que o do art. 157, § 2º, I e II, do CP é de perigo
concreto.
2. No caso em comento, o édito condenatório, nos moldes em que proferido em desfavor
do paciente, não implica bis in idem, pois o crime de quadrilha ou bando, de consumação
antecipada (ou formal), é autônomo e não tem o condão de obstar o reconhecimento da
causa especial de aumento de pena consistente no concurso de pessoas.

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal


circunstância.

A majorante se aplica quando o agente está transportando os valores a serviço. O


transporte de valores deve ser profissional. Ex: roubo ao carro dos correios.

Segundo o STJ a expressão “valores” refere-se a qualquer item que possua valor
econômico, não se limitando à dinheiro.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;

O §2º, IV, exige efetivo transporte, não sendo aplicada a majorante quando o veículo não
cruza as fronteiras do Estado, mesmo que provada a intenção do agente de efetivamente fazê-lo.

Atenção: no crime de furto, a subtração de veículo automotor para fora do Estado ou país é uma
qualificadora. Se tratando do crime de roubo, é causa majorante da pena.

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)

O agente privará a vítima de sua liberdade para facilitar a subtração, entretanto a


colaboração do sujeito passivo é desnecessária para a obtenção da vantagem.
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Roubo majorado pela restrição da liberdade X extorsão (art. 158, CP):

No roubo majorado pela restrição da liberdade, a colaboração da vítima para a obtenção


da vantagem indevida é desnecessária. Já na extorsão, para o agente aufira a vantagem a
colaboração da vítima é indispensável. Havendo a necessidade de colaboração da vítima o crime
será extorsão (art. 158, §3º, CP).

2.4 Roubo qualificado (art. 157, §3º, CP)

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze


anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
multa.

O parágrafo 3º abarca duas qualificadoras: o roubo qualificado pela lesão grave e o


latrocínio.

O latrocínio consiste em matar para roubar. A morte da vítima é meio para consumar o
crime de roubo.

Hipóteses de consumação e tentativa do crime de latrocínio:

a) subtração + morte: o latrocínio será consumado.

b) morte da vítima sem o roubo do patrimônio: o STF entende que o crime de latrocínio
consiste em matar com o intuito de roubar. Se o agente mata a vítima, mas não rouba, o crime
será de latrocínio consumado, conforme a súmula 610 do STF.

Súmula 610: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima.

c) havendo somente a subtração do patrimônio o crime será de latrocínio tentado: ex: o


agente dispara várias vezes contra a vítima, ela não morre, mas o agente se apropria do
patrimônio. Nesta hipótese haverá tentativa de latrocínio.

d) agente tenta roubar o patrimônio e tenta matar a vítima, mas apesar de alvejá-la, a
vítima não morre e o agente também não consegue efetuar a apropriação do patrimônio: nesta
hipótese também haverá tentativa de latrocínio.

Para configuração do crime de latrocínio deve ser observado o animus necandi + animus
furandi.

O latrocínio é crime qualificado pelo resultado. Desta forma, ele pode ser cometido com
dolo ou culpa. Ex: durante um roubo, o agente, por imperícia, dispara a arma de fogo. O disparo
foi culposo, entretanto, o crime será de latrocínio consumado. HC 37583, SP, STJ.

CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO E LATROCÍNIO. CONCURSO DE AGENTES.


PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA. INAPLICABILIDADE. CONTINUIDADE
DELITIVA. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA. ATENUANTES. MENORIDADE E
CONFISSÃO. PENA ABAIXO DO MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO À
PROGRESSÃO DE REGIME. CONSTITUCIONALIDADE. ORDEM DENEGADA.
I. Tendo o acórdão transitado em julgado, a via estreita do habeas corpus não é própria
para a sua desconstituição, salvo nos casos de flagrante e inequívoca ilegalidade, hipótese
não verificada no caso.

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II. O latrocínio é delito qualificado pelo resultado, sendo que o evento de maior gravidade
(morte) pode ser imputado na forma de dolo ou de culpa.
III. Em se tratando de crime de roubo, praticado com arma de fogo, todos que contribuíram
para a execução do tipo fundamental respondem pelo resultado morte, mesmo não agindo
diretamente na execução desta, pois assumiram o risco pelo evento mais grave.
Precedentes.
IV. A incidência de circunstância atenuante genérica não reduz a pena abaixo do mínimo
legal. Incidência da Súmula 231/STJ.
V. Acórdão que obedeceu o critério trifásico de aplicação da pena, pautando-se pelos
ditames do art. 68 do Código Penal, não se podendo falar, nesse aspecto, em
constrangimento ilegal.
VI. Não se aplica a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e latrocínio, eis que,
apesar de serem do mesmo gênero, não são da mesma espécie, pois possuem elementos
objetivos e subjetivos distintos, não havendo, portanto, homogeneidade de execução.
VII. No delito de roubo, a objetividade jurídica do tipo penal é o patrimônio, ao passo que,
no delito de latrocínio, por sua vez, buscar-se proteger, além do patrimônio, a vida da
vítima, incidindo a regra do concurso material.
VIII. Ordem denegada.

Segundo o informativo 705 do STF, o agente que mata mais de uma vítima para consumar
apenas um roubo, comete um único crime de latrocínio. Ex: agente entra em uma residência para
roubá-la e durante o roubo, mata toda a família. Nesta hipótese aplicar-se-á o artigo 71, § único do
CP – continuidade delitiva. A pena será aumentada de 1/6 até o triplo. Obs: é permitida
continuidade delitiva nos crimes contra a vida. Ver informativo 705, STF.

Informativo 705, STF:


Latrocínio contra casal: concurso formal ou crime único - 2
A 2ª Turma concedeu, em parte, habeas corpus para afastar concurso de crimes e
determinar ao juízo de primeiro grau que considere a circunstância de pluralidade de
vítimas na fixação da pena-base, respeitado o limite do ne reformatio in pejus. Na espécie,
alegava-se que o paciente teria cometido o delito em detrimento de patrimônio comum,
indivisível do casal. Assim, insurgia-se de condenação por dois latrocínios: um tentado e o
outro consumado em concurso formal — v. Informativo 699. Reconheceu-se a prática de
crime único de latrocínio. Destacou-se que, ainda que se aceitasse a tese de patrimônio
diferenciado das vítimas, em função das alianças matrimoniais subtraídas, o agente teria
perpetrado um único latrocínio. Pontuou-se que o reconhecimento de crime único não
significaria o integral acolhimento do pedido. Frisou-se que afastar-se o aumento de 1/6 da
pena, relativo ao concurso de crimes, poderia levar à injustificável desconsideração do
número de vítimas atingidas. HC 109539/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.5.2013. (HC-
109539)

A competência para processar e julgar tanto o roubo qualificado pela lesão grave quanto o
latrocínio é da justiça comum, vez que se tratam de crimes contra o patrimônio. O procedimento é
comum ordinário.

3. Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
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§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a
12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de
2009)

Como já estudado, no crime de extorsão, para o agente aufira a vantagem a colaboração


da vítima é indispensável. Ela é quem irá entregar o bem ao agente.

Nos termos da súmula 96 do STJ o crime de extorção se consuma independente da


obtenção da vantagem, ou seja, é crime formal.

Súmula 96, STJ: o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da


vantagem indevida.

4. Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP)

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Sequestro relâmpago (art. 158, §3º) X extorção mediante sequestro (art. 159): no crime no
artigo 158, §3º a vantagem é paga pela própria vítima. Já no crime do artigo 159 a vítima é
indispensável, mas quem paga o resgate é um terceiro (pai, mãe, etc).

O tempo da restrição da liberdade da vítima não importa para a distinção desses crimes.

Também aplica-se a súmula 96 do STJ ao crime de extorção mediante sequestro. Desta


forma se trata de crime formal.

Súmula 96, STJ: o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da


vantagem indevida.

Entende-se que a vantagem obtida neste crime pode ser de qualquer natureza.

Este é o crime mais grave do CP. Possui pena de mínima de 24 e pena máxima de 30
anos.

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O §4º deste artigo prevê uma hipótese de delação premiada.

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade,


facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

Será aplicado este benefício quando o crime for praticado em concurso de pessoas e um
dos concorrentes delatar o outro havendo facilitação da libertação do sequestrado.

Nesta hipótese somente pode ser aplicada a redução de pena. Não se aplica a lei de
colaboração (perdão ministerial, perdão judicial, etc).

5. Dano (art. 163, CP)

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Não há forma culposa do crime de dano.

Não se aplica o art. 163 do CP à pichação. Em razão do princípio da especialidade, aplica-


se à pichação do artigo 65, Lei 9.605/98, que prevê o crime autônomo para tal conduta.

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

5.1. Dano qualificado (art. 163, § único, CP)

Parágrafo único - Se o crime é cometido:


I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.

É possível a cumulação do crime de dano qualificado pela violência com o crime de lesão
corporal, pois a redação do § único, inciso I do artigo 163 assim dispõe: detenção, de seis meses
a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais
grave.

Nesta hipótese, se no iter criminis, houver cometimento de crime mais grave, aplicar-se-á
somente o crime mais grave.

III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços


públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967)

Nos termos da súmula 712 do STF, mesmo que o bem público seja de valor ínfimo, não é
possível aplicar o princípio da insignificância, por se tratar de bem público. Este entendimento não
se limita ao crime de dano. Aplica-se a todos os crimes contra o patrimônio.

Informativo 712, STF:


Princípio da insignificância e bem de concessionária de serviço público: é inaplicável o
princípio da insignificância quando a lesão produzida pelo paciente atingir bem de grande
relevância para a população. Com base nesse entendimento, a 2ª Turma denegou habeas

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corpus em que requerida a incidência do mencionado princípio em favor de acusado pela
suposta prática do crime de dano qualificado (CP, art. 163, parágrafo único, III). Na
espécie, o paciente danificara protetor de fibra de aparelho telefônico público pertencente à
concessionária de serviço público, cujo prejuízo fora avaliado em R$ 137,00. Salientou-se
a necessidade de se analisar o caso perante o contexto jurídico, examinados os elementos
caracterizadores da insignificância, na medida em que o valor da coisa danificada seria
somente um dos pressupostos para escorreita aplicação do postulado. Asseverou-se que,
em face da coisa pública atingida, não haveria como reconhecer a mínima ofensividade da
conduta, tampouco o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. Destacou-se
que as consequências do ato perpetrado transcenderiam a esfera patrimonial, em face da
privação da coletividade, impossibilitada de se valer de um telefone público.
HC 115383/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.6.2013. (HC-115383)

Se o patrimônio danificado for da União, a atribuição para investigar será da Polícia


Federal e a competência para processar e julgar será da Justiça Federal.

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

Motivo egoístico é o sentimento egoísta.

Em todas essas hipóteses, a pena prevista é de detenção, de seis meses a três anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.

6. Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP)

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

A apropriação indébita previdenciária é crime patrimonial e não crime de sonegação.

É crime omissivo próprio e, portanto, não cabe tentativa.

Neste crime, o patrão recolhe a contribuição previdenciária e não a repassa para a


previdência. O valor da contribuição é descontado da folha de pagamento do empregado,
entretanto, o patrão o embolsa.

Aos crimes tributários, a regra é a de que não serão ajuizadas execuções fiscais de débitos
com a Fazenda Nacional cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (Lei 10.522 e
Portaria 75/12). Entretanto, tal entendimento não se aplica ao crime do artigo 168-A, pois é crime
patrimonial e não tributário (informativo 641 do STF).

Informativo 641, STF:


Apropriação indébita e princípio da insignificância: a 1ª Turma denegou habeas corpus em
que se pleiteava o trancamento de ação penal com base na aplicação do princípio da
insignificância em favor de denunciado pela suposta prática do delito de apropriação
indébita de contribuições previdenciárias (CP: “Art. 168-A. Deixar de repassar à
previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional”), no valor de R$ 3.110,71. Aduziu-se tratar-se de apropriação indébita e não
de débito fiscal, haja vista que houvera o desconto de contribuições não repassadas a
entidade previdenciária. Portanto, o caso seria distinto daquele em que a jurisprudência do
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STF autoriza a incidência do referido postulado por ser dispensada pela administração
tributária a exigibilidade judicial da exação para o crime de sonegação fiscal.
HC 102550/PR, rel. Min. Luiz Fux, 20.9.2011.(HC-102550)

Em que pese não ser crime tributário, conforme informativo 370 do STF, não possível
indiciar o sujeito ativo deste crime antes do lançamento definitivo do tributo. O lançamento
definitivo deve preceder o ato investigativo pois é por meio dele que será verificado o quantum
debeatur. Desta forma, exige-se o lançamento definitivo para o delegado indiciar e para o
promotor denunciar.

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