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Delegado de Polícia Federal - DGP/DPF/2013

DIREITO CONSTITUCIONAL

No que se refere à CF e ao poder constituinte originário, julgue os itens subse-

quentes.

1. A CF contempla hipótese configuradora do denominado fenômeno da recepção

material das normas constitucionais, que consiste na possibilidade de a norma de

uma constituição anterior ser recepcionada pela nova constituição, com status de

norma constitucional.

2. No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em

uma sociedade.

Considerando o controle de constitucionalidade no ordenamento jurídico pátrio,

julgue os itens subsecutivos.

3. Na ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o STF, apesar de lhe ser

aplicável o princípio da congruência ou da adstrição ao pedido, admite-se a decla-

ração de inconstitucionalidade de uma norma que não tenha sido objeto do pedido,

na hipótese configuradora da denominada inconstitucionalidade por arrastamento.

4. De acordo com entendimento do STF, no controle difuso de constitucionalidade,

os tribunais não podem aplicar a denominada interpretação conforme a CF sem a

observância da cláusula de reserva de plenário.

No que diz respeito aos direitos fundamentais, julgue os itens que se seguem.

5. Segundo o STF, caso o interessado alegue que a sentença condenatória tenha

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sido prolatada exclusivamente com fundamento em prova emprestada, é possível


a arguição de nulidade dessa decisão em sede de habeas corpus.

6. O exercício do direito de associação e a incidência da tutela constitucional relati-


va à liberdade de associação estão condicionados à prévia existência de associação
dotada de personalidade jurídica.

Acerca das atribuições da Polícia Federal, julgue os itens a seguir.

7. A Polícia Federal dispõe de competência para proceder à investigação de infra-


ções penais cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional, exigin-
do-se repressão uniforme.

8. De acordo com a norma constitucional, cabe exclusivamente à Polícia Federal


prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, portanto a atua-
ção da polícia militar de determinado estado da Federação no flagrante e apreensão
de drogas implica a ilicitude da prova e a nulidade do auto de prisão.

Considerando o disposto na CF acerca na ordem social, julgue os itens subse-


quentes.

9. A floresta amazônica brasileira, assim como a mata atlântica, é considerada


bem da União, devendo sua utilização ocorrer na forma da lei, em condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive no que concerne ao uso dos
recursos naturais.

10. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, incluídas no domínio consti-


tucional da União Federal, são inalienáveis, indisponíveis e insuscetíveis de prescri-

ção aquisitiva.

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Em relação ao processo legislativo e ao sistema de governo adotado no Brasil,

julgue o seguinte item.

11. A iniciativa das leis ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Câ-

mara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, bem como ao

presidente da República, ao STF, aos tribunais superiores, ao procurador-geral da

República e aos cidadãos. No que tange às leis complementares, a CF não autoriza

a iniciativa popular de lei.

Com base nas disposições da CF acerca das competências dos juízes federais,

julgue o item a seguir.

12. Aos juízes federais compete processar e julgar, entre outros crimes, os que

atentem contra a organização do trabalho e os de ingresso ou permanência irregular

de estrangeiro no território nacional, bem como as disputas sobre direitos indígenas.

DIREITO ADMINISTRATIVO

No que se refere à classificação do órgão público e à atuação do servidor, julgue


os itens seguintes.

13. O dispositivo constitucional que admite o afastamento do servidor do cargo, do


emprego ou da função para o exercício de mandato é aplicável ao servidor contra-
tado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, já
que exerce função pública.

Julgue o item que se segue, relativo à administração indireta e aos serviços so-

ciais autônomos.

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14. Os ministérios e as secretarias de Estado são considerados, quanto à estrutura,

órgãos públicos compostos.

15. A sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado que pode

tanto executar atividade econômica própria da iniciativa privada quanto prestar

serviço público.

Com relação a atos administrativos, serviços públicos e procedimentos licitató-

rios, julgue os itens subsequentes.

16. O pregão, modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns,

independentemente do valor estimado da contratação, aplica-se tanto aos órgãos

da administração direta quanto às entidades integrantes da administração indireta,

inclusive aos fundos especiais.

17. Quando um ministério pratica ato administrativo de competência de outro, fica

configurado vício de incompetência em razão da matéria, que pode ser convalidado

por meio da ratificação.

18. Em se tratando de permissão de serviço público, o serviço é executado em

nome do Estado por conta e risco do permissionário, e é atribuído exclusivamente

à pessoa jurídica.

Julgue os itens a seguir, relativos a contratos administrativos, controle da admi-

nistração, bens públicos e processos administrativos.

19. De acordo com a Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no

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âmbito da administração pública federal, um órgão administrativo e seu titular

poderão, se não houver impedimento legal e quando conveniente, em razão de

circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial, delegar

parte da sua competência a outros órgãos, ainda que estes não lhe sejam hierar-

quicamente subordinados.

20. Considere que uma empresa vencedora de certame licitatório subcontrate, com

terceiro, o objeto do contrato firmado com a administração pública, apesar de não

haver previsão expressa para tanto no edital ou no contrato. Nessa situação, caso

o contrato seja prestado dentro do prazo estipulado e com estrita observância aos

critérios de qualidade impostos contratualmente, não poderá a administração res-

cindir o contrato unilateralmente, visto que não se configura hipótese de prejuízo

ou descumprimento de cláusulas contratuais.

21. O controle prévio dos atos administrativos é de competência exclusiva da pró-

pria administração pública, ao passo que o controle dos atos administrativos após

sua entrada em vigor é exercido pelos Poderes Legislativo e Judiciário.

Um servidor público federal dispensou licitação fora das hipóteses previstas em

lei, o que motivou o MP a ajuizar ação de improbidade administrativa, imputando

ao servidor a conduta prevista no art. 10, inc. VIII, da Lei n. 8.429/1993, segundo

o qual constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão, dolo-

sa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento

ou dilapidação dos bens públicos, notadamente o ato que frustrar a licitude de pro-

cesso licitatório ou dispensá-lo indevidamente.

Com base nessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem.

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22. Caso o MP também ajuíze ação penal contra o servidor, pelo mesmo fato, a

ação de improbidade ficará sobrestada até a prolação da sentença penal a fim de

se evitar bis in idem.

23. Na hipótese de sentença condenatória, o juiz poderá, de acordo com a gravi-

dade do fato, aplicar ao servidor pena de multa e deixar de aplicar-lhe a suspensão

de direitos políticos, ambas previstas em lei.

24. Caso o MP não tivesse ajuizado a referida ação, qualquer cidadão poderia ter

ajuizado ação de improbidade subsidiária.

DIREITO PENAL

Considerando a distinção doutrinária entre culpabilidade de ato e culpabilidade

de autor, julgue o item seguinte.

25. Tratando-se de culpabilidade pelo fato individual, o juízo de culpabilidade se

amplia à total personalidade do autor e a seu desenvolvimento.

A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.

26. A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada

em face do espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, res-
peitando-se o limite das forças da herança.

27. No arrependimento eficaz, é irrelevante que o agente proceda virtutis amore


ou formidine poence, ou por motivos subalternos, egoísticos, desde que não tenha

sido obstado por causas exteriores independentes de sua vontade.

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28. O indivíduo, maior e capaz, condenado, definitivamente, por diversos crimes, a


pena unificada que perfaça, por exemplo, noventa anos de reclusão, fará jus ao livra-
mento condicional somente após o cumprimento de um terço ou metade de noventa.

29. De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o erro sobre os pressupos-

tos fáticos das causas descriminantes consiste em erro de tipo permissivo.

30. Configura autoria por convicção o fato de uma mãe, por convicção religiosa,

não permitir a realização de transfusão de sangue indicada por equipe médica para

salvar a vida de sua filha, mesmo ciente da imprescindibilidade desse procedimento.

31. Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo,

pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cogniti-

vos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial

consciência sobre a ilicitude do fato).

32. Considere que uma mulher, maior e capaz, chegue a casa, logo após ter sido

demitida, e, nervosa, agrida, injustificada e intencionalmente, seu filho de dois

anos de idade, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Nessa situação

hipotética, caso essa mulher seja condenada pela referida agressão após o devido

processo legal, não caberá, como efeito da condenação, a decretação de sua inca-

pacidade para o exercício do poder familiar, nos termos do CP.

33. Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por um des-

conhecido, também maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do

agressor com um guarda-chuva e continue desferindo nele vários golpes, mesmo

estando o desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre em

excesso intensivo.

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34. Suponha que determinada sentença condenatória, com pena de dez anos de

reclusão, imposta ao réu, tenha sido recebida em termo próprio, em cartório, pelo

escrivão, em 13/8/2011 e publicada no órgão oficial em 17/8/2011, e que tenha

sido o réu intimado, pessoalmente, em 20/8/2011, e a defensoria pública e o MP

intimados, pessoalmente, em 19/8/2011. Nessa situação hipotética, a interrupção

do curso da prescrição ocorreu em 17/8/2011.

35. Considere que Jorge, Carlos e Antônio sejam condenados, definitivamente, a uma

mesma pena, por terem praticado, em coautoria, o crime de roubo. Nessa situação, in-

cidindo a interrupção da prescrição da pretensão executória da referida pena em rela-

ção a Jorge, essa interrupção não produzirá efeitos em relação aos demais coautores.

36. A detração é considerada para efeito da prescrição da pretensão punitiva, não

se estendendo aos cálculos relativos à prescrição da pretensão executória.

37. Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real contra

legítima defesa putativa.

Com relação aos crimes previstos no CP, julgue os itens que se seguem.

38. No estelionato perpetrado em detrimento de entidade de direito público, admi-

te-se a incidência da figura privilegiada (pequeno valor do prejuízo) por ser circuns-

tância de natureza objetiva.

39. A inserção, em documento público, de informações relativas à pessoa que não

possua a qualidade de segurado obrigatório, com o objetivo de constituir prova pe-

rante a previdência social, configura falsidade ideológica, delito que se consuma no

momento da inserção dos dados inverídicos, independentemente do uso posterior

dessas informações.

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40. A falsa atribuição de identidade só é caracterizada como delito de falsa identi-

dade se feita oralmente, com o poder de ludibriar; quando formulada por escrito,

constitui crime de falsificação de documento público.

41. Os delitos de inserção de dados falsos e de modificação ou alteração de dados

não autorizada em sistema de informações só se configuram se praticados por fun-

cionário público autorizado, com o fim específico de obter vantagem indevida para

si ou para outrem, ou para causar dano, sendo as penas aumentadas de um terço

até a metade se da modificação ou alteração resultar dano para a administração

pública ou para o administrado.

42. O delito de sequestro e cárcere privado, inserido entre os crimes contra a pes-

soa, constitui infração penal de ação múltipla, e a circunstância de ter sido pratica-

do contra menor de dezoito anos de idade qualifica o crime.

No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, jul-

gue os itens subsequentes.

43. O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o

antecedam, não está inserido no rol dos crimes hediondos.

44. O crime de lavagem de capitais, consoante entendimento consolidado na dou-

trina e na jurisprudência, divide-se em três etapas independentes: colocação (pla-

cement), dissimulação (layering) e integração (integration), não se exigindo, para

a consumação do delito, a ocorrência dessas três fases.

45. Se os crimes funcionais, previstos no art. 3º da Lei n. 8.137/1990, forem pra-

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ticados por servidor contra a administração tributária, a pena imposta aumentará

de um terço até a metade.

46. Na Lei de Drogas, é prevista como crime a conduta do agente que oferte dro-

gas, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa do seu relacionamento, para

juntos a consumirem, não sendo estabelecida distinção entre a oferta dirigida a

pessoa imputável ou inimputável.

Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma

assertiva a ser julgada com base no direito penal.

47. Um homem foi flagrado com arma de fogo de uso restrito, tendo a perícia téc-

nica posteriormente atestado a cabal impossibilidade de o instrumento produzir

disparos. Nessa situação, configura-se atípica a conduta de porte de arma, não po-

dendo ser considerado o uso desse artefato para a prática de outra infração como

majorante da pena pelo uso de arma.

48. O presidente de uma comissão parlamentar mista de inquérito, após as devidas

formalidades, ordenou, de forma sigilosa e reservada, a interceptação telefônica e

a quebra do sigilo de dados telefônicos de testemunha que se reservara o direito

de permanecer calada perante a comissão. Nessa situação, a primeira medida é

ilegal, visto que a interceptação telefônica se restringe à chamada reserva jurisdi-

cional, sendo permitida, por outro lado, a quebra do sigilo de dados telefônicos da

testemunha, medida que não se submete ao mesmo rigor da primeira, consoante

entendimento da doutrina majoritária.

49. Três criminosos interceptaram um carro forte e dominaram os seguranças, re-

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duzindo-lhes por completo qualquer possibilidade de resistência, mediante grave

ameaça e emprego de armamento de elevado calibre. O grupo, entretanto, encon-

trou vazio o cofre do veículo, pois, por erro de estratégia, efetuara a abordagem

depois que os valores e documentos já haviam sido deixados na agência bancária.

Por fim, os criminosos acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa situação, ante a

inexistência de valores no veículo e ante a ausência de subtração de bens, elemen-

tos constitutivos dos delitos patrimoniais, ficou descaracterizado o delito de roubo,

subsistindo apenas o crime de constrangimento ilegal qualificado pelo concurso de

pessoas e emprego de armas.

50. O prefeito de um município dispensou licitação, fora das hipóteses previstas na

legislação de regência, para a contratação de pessoal e bens atinentes aos festejos

de São João na cidade. Nessa situação, o delito abstratamente previsto é uma in-

fração penal em branco, homogênea ou de complementação homóloga, para cuja

caracterização é imprescindível a demonstração de prejuízo ou de dolo específico,

por não ser delito de mera conduta.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Acerca da custódia cautelar e suas modalidades, dos atos processuais e seus

sujeitos, bem como da ação penal, julgue os itens que se seguem.

51. As intimações e os comunicados de atos processuais, no âmbito dos juizados

especiais criminais, podem ser feitos, de forma válida, por meio de correspondên-

cia ou qualquer outro meio idôneo de comunicação para cientificar seus destinatá-

rios, como por exemplo, por telegrama, por fax ou por telefonema.

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52. Em se tratando de ações penais privadas, prevalece, no processo penal, a com-

petência de foro, com preponderância do interesse do queixoso no que diz respeito

à distribuição territorial da competência.

53. Considere que, no curso de inquérito policial em que se apure crime de ação

pública incondicionada, quando da primeira remessa dos autos ao Poder Judiciário

com solicitação de retorno para novas diligências, a vítima do delito requeira a sua

habilitação nos autos como assistente de acusação. Nessa situação, o pedido deve

ser negado, visto que a figura do assistente é admitida no processo somente após

o recebimento da denúncia e antes do trânsito em julgado da sentença.

54. Suponha que um agente penalmente capaz pratique um roubo e, perseguido

ininterruptamente pela polícia, seja preso em circunscrição diversa da do cometi-

mento do delito. Nessa situação, a autoridade policial competente para a lavratura

do auto de prisão em flagrante é a do local de execução do delito, sob pena de nu-

lidade do ato administrativo.

Em cada um dos itens de 55 a 60, é apresentada uma situação hipotética, se-

guida de uma assertiva a ser julgada em relação ao inquérito policial e suas pe-

culiaridades, às atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório no processo

penal brasileiro.

55. No curso de inquérito policial presidido por delegado federal, foi deferida a in-

terceptação telefônica dos indiciados, tendo sido a transcrição dos dados em laudo

pericial juntada em apenso aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. Enca-

minhado o procedimento policial ao Poder Judiciário, o juiz permitiu o acesso da

imprensa ao conteúdo dos dados da interceptação e a sua divulgação, sob o funda-

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mento de interesse público à informação. Nessa situação hipotética, independen-

temente da autorização judicial de acesso da imprensa aos dados da interceptação

telefônica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a prova colhida, uma vez

que o procedimento em questão, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é

sigiloso, por expressa regra constitucional.

56. Um homem penalmente capaz foi preso e autuado em flagrante pela prática de

tráfico ilícito de entorpecentes. Ao final do processo-crime, o juiz da causa determi-

nou a juntada do laudo toxicológico definitivo, o que não ocorreu. Nessa situação,

de acordo com a jurisprudência do STJ, não poderá o juiz proferir sentença conde-

natória valendo-se apenas do laudo preliminar da substância entorpecente.

57. Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações bancárias na moda-

lidade de saques e transferências eletrônicas em contas de inúmeros clientes de

determinada agência do Banco do Brasil. A instituição financeira ressarciu todos os

clientes lesados e arcou integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes

perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia Federal a instau-

ração do inquérito policial, porquanto a ela compete, com exclusividade, a apura-

ção de crimes praticados contra bens e serviços da União.

58. Um delegado da Polícia Federal instaurou inquérito policial, mediante portaria,

para investigar a conduta de deputado federal suspeito da prática de crimes contra

a administração pública. Intimado para oitiva nos autos, o parlamentar impetrou

habeas corpus contra o ato da autoridade policial, sob o argumento de usurpação

de competência originária do STF. Nessa situação hipotética, assiste razão ao impe-

trante, visto que, para a instauração do procedimento policial, é necessário que a

autoridade policial obtenha prévia autorização da Câmara dos Deputados ou do STF.

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59. José foi indiciado em inquérito policial por crime de contrabando e, devidamen-

te intimado, compareceu perante a autoridade policial para interrogatório. Ao ser

indagado a respeito de seus dados qualificativos para o preenchimento da primeira

parte do interrogatório, José arguiu o direito ao silêncio, nada respondendo. Nessa

situação hipotética, cabe à autoridade policial alertar José de que a sua recusa em

prestar as informações solicitadas acarreta responsabilidade penal, porque a lei é

taxativa quanto à obrigatoriedade da qualificação do acusado.

60. Uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou, em larga escala,

diversos roubos de cargas e valores transportados por empresas privadas em inú-

meras operações interestaduais, o que ensejou a atuação da Polícia Federal na co-

ordenação das investigações e a instauração do competente inquérito policial.

Nessa situação hipotética, findo o procedimento policial, os autos deverão ser re-

metidos à justiça estadual, pois a atuação da Polícia Federal não transfere à justiça

federal a competência para processar e julgar o crime.

A respeito dos processos em espécie, dos princípios que orientam o processo

penal e da sentença criminal, julgue os próximos itens.

61. Nos casos de crimes afiançáveis de responsabilidade do funcionário público, a

legislação processual antecipa o contraditório antes de inaugurada a ação penal,

com a apresentação da defesa preliminar.

62. Suponha que a instrução criminal de um processo tenha sido presidida pelo juiz

titular de determinada vara e que, na fase decisória, a sentença condenatória tenha

sido proferida por juiz substituto, diverso do que tenha colhido as provas e acompa-

nhado a instrução processual. Suponha, ainda, que a defesa, no prazo legal, tenha

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apelado da decisão sob a argumentação de nulidade absoluta da sentença conde-

natória em face de ter sido proferida por juiz que não presidira à instrução. Nessa

situação hipotética, não assiste razão à defesa, visto que não vigora, no processo

penal, o princípio da identidade física do juiz.

63. Considere a seguinte situação hipotética.

João, penalmente capaz, no decorrer de uma discussão de trânsito, agrediu Manuel,

tendo a agressão causado ferimentos de natureza leve na vítima. Apresentadas as

partes à autoridade policial, Manuel representou criminalmente contra o autor do

fato, tendo sido lavrado o competente termo circunstanciado.

Na fase judicial, o MP propôs ao autor a transação penal com a aplicação imediata

de pena de multa, o que foi aceito por João, com a consequente homologação do

acordo pelo juiz da causa. Transitada em julgado a decisão homologatória, João

deixou de efetuar o pagamento da multa.

Nessa situação hipotética, ao MP cabem o oferecimento da denúncia em detrimento

de João e a instauração da competente ação penal.

Julgue os itens seguintes com base na Lei n. 11.343/2006

64. A autoridade de polícia judiciária deve comunicar ao juiz competente a prisão

em flagrante no prazo improrrogável de cinco dias, remetendo-lhe cópia do auto

lavrado, do qual será dada vista ao MP em até vinte e quatro horas.

65. Conforme entendimento pacificado do STJ, a eventual ilegalidade da prisão

cautelar por excesso de prazo para conclusão da instrução criminal deve ser ana-

lisada à luz do princípio da razoabilidade, sendo permitida ao juízo, em hipóteses

excepcionais, a extrapolação dos prazos previstos na lei processual penal.

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66. O crime de tráfico de drogas é inafiançável e o acusado desse crime, insuscetí-

vel de sursis, graça, indulto ou anistia, não podendo as penas a que eventualmente

seja condenado ser convertidas em penas restritivas de direitos.

67. É legal a manutenção da custódia cautelar sob o único fundamento da vedação

da liberdade provisória a acusados de delito de tráfico de drogas, consoante a ju-

risprudência STF.

No que se refere aos crimes de lavagem de dinheiro, julgue os itens subsecuti-

vos com base no direito processual penal.

68. Compete à justiça federal processar e julgar os acusados da prática de crimes

de lavagem de dinheiro, uma vez que a repressão a esses crimes é imposta por

tratado internacional.

69. A simples existência de indícios da prática de um dos crimes que antecedem o

delito de lavagem de dinheiro, conforme previsão legal, autoriza a instauração de

inquérito policial para apurar a ocorrência do referido delito, não sendo necessária

a prévia punição dos acusados do ilícito antecedente.

70. Conforme a jurisprudência do STJ, não impede o prosseguimento da apuração

de cometimento do crime de lavagem de dinheiro a extinção da punibilidade dos

delitos antecedentes.

71. No que se refere à legitimidade para o polo passivo da ação penal por lavagem

de capitais, é dispensável a participação do acusado do crime de lavagem de di-

nheiro nos delitos a ele antecedentes, sendo suficiente que ele tenha conhecimento

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da ilicitude dos valores, dos bens ou de direitos cuja origem, localização, disposi-

ção, movimentação ou propriedade tenha sido ocultada ou dissimulada.

Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados

eram acusados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de

substâncias entorpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu

a interceptação das comunicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente

autorizada pela justiça estadual, foi executada pela polícia militar. No decorrer das

investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações telefônicas,

verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças

Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da

substância entorpecente para o exterior. O inquérito passou a tramitar na justiça

federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período de interceptação. Com a

denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção foram repro-

duzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas

aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do

procedimento relativo às interceptações telefônicas, julgue os itens de 72 a 76.

72. Ao instaurar imediatamente inquérito policial e requerer as interceptações tele-

fônicas para averiguar as acusações contra seus comandados, o delegado em ques-

tão agiu corretamente, em obediência ao princípio da moralidade administrativa.

73. Apesar de a lei prever o prazo máximo de quinze dias para a interceptação te-

lefônica, renovável por mais quinze, não há qualquer restrição ao número de pror-

rogações, desde que haja decisão fundamentando a dilatação do período.

74. Segundo o entendimento do STF, é permitido, em caráter excepcional, à polícia mi-

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litar, mediante autorização judicial e sob supervisão do MP, executar interceptações te-

lefônicas, sobretudo quando houver suspeita de envolvimento de autoridades policiais

civis nos delitos investigados, não sendo a execução dessa medida exclusiva da autori-

dade policial, visto que são autorizados, por lei, o emprego de serviços e a atuação de

técnicos das concessionárias de serviços públicos de telefonia nas interceptações.

75. Autorizadas por juízo absolutamente incompetente, as interceptações telefôni-

cas conduzidas pela autoridade policial são ilegais, por violação ao princípio consti-

tucional do devido processo legal.

76. Na situação considerada, ainda que o CD-ROM com o conteúdo das conversas

telefônicas tenha sido juntado aos autos da ação penal, houve violação aos princí-

pios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, dada a ausência de trans-

crição integral do conteúdo interceptado.

CRIMINOLOGIA

Julgue os itens a seguir, relacionados aos modelos teóricos da criminologia.

77. O surgimento das teorias sociológicas em criminologia marca o fim da pesquisa

etiológica, própria da escola ou do modelo positivista.

78. De acordo com o interacionismo simbólico, ou simplesmente interacionismo,

cuja perspectiva é macrossociológica, deve-se indagar como se define o criminoso,

e não quem é o criminoso.

79. O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros aspectos, pela nega-

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ção do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método empí-

rico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quan-

titativo, embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do

conteúdo antropológico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade

axiológica da ciência.

80. As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e

Parsons obedecem ao modelo da denominada sociologia do conflito.

81. A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile

Durkheim no século XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime como patolo-

gia a noção da normalidade do desvio como fenômeno social, podendo ser situada

no contexto da guinada sociológica da criminologia, em que se origina uma concep-

ção alternativa às teorias de orientação biológica e caracterológica do delinquente.

No que se refere à prevenção da infração penal, julgue os próximos itens.

82. Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orien-

tadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da

chamada prevenção secundária do delito.

83. As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamen-

to orientado à solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como

outros programas de aproximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas

na categoria de prevenção primária.

84. Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada

prevenção primária.

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85. A prevenção terciária, considerada intervenção tardia e parcial, destina-se ex-

clusivamente à população carcerária, objetivando evitar a reincidência, mas não

atua nas condições gerais que favorecem a ocorrência de episódios violentos.

DIREITO CIVIL

Com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o item a

seguir.

86. A revogação de uma norma pela superveniência de outra que disponha sobre

a mesma matéria poderá atingir as situações já consumadas sob a égide da lei

antiga, afetando os efeitos pretéritos produzidos ou incidindo sobre os efeitos pre-

sentes ou futuros de situações passadas ocorridas na vigência da norma revogada.

A respeito da pessoa natural e da propriedade, julgue os itens que se seguem.

87. Como causa de perda de propriedade de bem móvel, o abandono pode ser pre-

sumido, desde que presente a intenção do proprietário; como causa de perda de

propriedade de imóvel, será o abandono absolutamente presumido ante o inadim-

plemento de ônus fiscais, depois de cessados os atos de posse.

88. Se o beneficiário de ato jurídico praticado por incapaz provar ter agido de bo-

a-fé, o ato será anulado somente em caso de o incapaz ser interditado por ocasião

de sua prática

DIREITO EMPRESARIAL

No que concerne ao empresário e às sociedades empresárias, julgue o próximo item.

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89. Ao empresário individual não é permitida a realização da atividade-fim intuitu

personae, uma vez que ele é o organizador da atividade empresarial. Por isso, ele

deve contratar pessoas para desempenhar esse tipo de atividade.

Com relação aos títulos de crédito, julgue o item abaixo.

90. O devedor que, como forma de pagamento de um negócio celebrado, transfere

ao credor, por simples tradição, títulos de crédito emitidos por terceiros, sem en-

dossá-los, não possui responsabilidade solidária pelo pagamento da cártula.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

 Obs.: O Código de Processo Civil vigente à época era o CPC/73.

No que se refere ao habeas data e ao habeas corpus, julgue os itens seguintes.

91. De acordo com o STJ, o habeas data é instrumento idôneo para a obtenção de

acesso aos critérios utilizados em correção de prova discursiva aplicada em concur-

sos públicos.

92. habeas corpus constitui a via adequada para o devedor de pensão alimentícia

pedir o afastamento de sua prisão, alegando incapacidade de arcar com o paga-

mento dos valores executados.

A respeito de competência, julgue os itens subsecutivos.

93. No que se refere ao processamento e ao julgamento de guarda e alimentos de

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menor de idade residente no Brasil, a competência será concorrente entre a jurisdição

brasileira e a estrangeira se o pai do menor, réu no processo, residir em outro país.

94. Em regra, a competência da justiça federal decorre da identidade das partes

envolvidas na relação processual, de modo que a natureza da lide pode não ser

fator determinante para a fixação da competência.

95. Julgue o item a seguir, relativo às tutelas de urgência.

A antecipação dos efeitos da tutela, por ser medida voltada ao procedimento co-

mum ordinário ou sumário, não se apresenta viável em ações sob procedimento

especial.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

José abriu uma pequena padaria no bairro onde reside e contratou dez fun-

cionários. Durante os primeiros seis meses de funcionamento do estabelecimento

comercial, José arrecadou as contribuições previdenciárias de seus empregados,

descontando-as das respectivas remunerações, mas não recolheu esses valores

aos cofres da previdência social. Com base nessa situação hipotética e na legislação

relativa aos crimes contra a previdência social, julgue os itens subsequentes.

96. Nesse caso, mesmo que o valor não recolhido por José seja pequeno, não é

possível, considerando-se a jurisprudência do STJ, a aplicação do princípio da insig-

nificância, dado o bem jurídico tutelado (patrimônio da previdência social).

97. Se, até antes do início da ação fiscal, José confessar a dívida e efetuar es-

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pontaneamente o pagamento integral dos valores devidos, prestando as devidas

informações ao órgão da previdência social, a punibilidade de sua conduta poderá

ser extinta.

98. Ainda que não tivesse descontado das remunerações de seus empregados os

valores relativos às contribuições previdenciárias, José responderia pela prática do

delito de apropriação indébita previdenciária.

Em virtude de agravamento de doença, Maria, que exerceu por vinte anos,

como empregada de uma fábrica de roupas, a função de costureira, foi considerada

incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de qualquer

atividade que lhe garantisse a subsistência, tendo sido aposentada por invalidez.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

99. Caso Maria comprove necessitar de assistência permanente de outra pessoa, ela

fará jus ao valor da aposentadoria por ela recebida acrescido de 25%, ainda que ul-

trapasse o teto de pagamento de benefícios do RGPS, acréscimo que cessará com sua

morte, visto que não é incorporável ao valor da pensão a ser paga a seus dependentes.

Julgue o seguinte item, relativo à decadência dos benefícios previdenciários.

100. O direito de requerer pensão por morte decai após dez anos da morte do se-

gurado.

De acordo com as normas constitucionais e legais acerca do financiamento da

seguridade social, julgue os itens seguintes.

101. Integram o salário de contribuição que equivale à remuneração auferida pelo

empregado, as parcelas referentes ao salário e às férias, ainda que indenizadas.

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102. Para o custeio da seguridade social, a União, no exercício da competência resi-


dual, pode instituir, por meio de lei complementar, contribuições sociais não previstas
na CF e cuja base de cálculo ou fato gerador sejam idênticos ao de outros impostos.

Acerca das normas que regem os segurados da previdência social, julgue o item

abaixo.

103. Caso um delegado da Polícia Federal eleito deputado no estado onde atue

como delegado opte pelo exercício do mandato eletivo, ele não poderá se filiar ao

RGPS dada a sua vinculação a regime próprio.

DIREITO TRIBUTÁRIO

Com a finalidade de gerar créditos fictícios para sua empresa, determinado

empresário formalmente constituído criou outra sociedade comercial em nome de

dois empregados seus, analfabetos. No contrato social dessa sociedade, um dos

empregados consta como sócio administrador e o outro, como sócio. A confecção

do contrato social e a utilização dos créditos fictícios ficaram a cargo do contador da

empresa, que tinha consciência dos fatos. Considerando essa situação hipotética,

julgue os itens que se seguem com base na legislação tributária vigente.

104. Se o uso do crédito fictício só for constatado pela autoridade tributária após

cinco anos da data do fato gerador, o lançamento será considerado homologado e

o crédito, definitivamente extinto.

105. A administração tributária poderá requisitar o auxílio da força policial para


garantir, em caso de oposição, o direito de fiscalizar todos os livros e documentos
das referidas empresas.

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Com base na legislação tributária, julgue o item a seguir.

106. É legalmente aceito que, aberto regular processo administrativo, a autorida-


de administrativa busque junto à autoridade administrativa tributária, informações
fiscais para apurar infração administrativa.

DIREITO FINANCEIRO

No que concerne ao direito financeiro, julgue os seguintes itens.

107. Exige-se, para a aprovação de emendas que acrescentem despesas a projeto de lei

orçamentária anual, além da compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de dire-

trizes orçamentárias, a indicação dos recursos necessários para custeá-las, que podem

provir, por exemplo, da anulação de despesas, independentemente de sua natureza.

108. Cabe à comissão mista permanente de senadores e deputados federais exa-

minar e emitir parecer sobre as contas apresentadas pelo presidente da República

DIREITO INTERNACIONAL

Julgue os itens de 109 a 112, relativos às relações consulares, aos tratados in-

ternacionais, ao direito do mar e às cortes internacionais.

109. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que o Estado

que tenha assinado um tratado, ainda que não o tenha ratificado, está obrigado a

não frustrar seu objeto e finalidade antes de sua entrada em vigor.

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110. Diferentemente dos arquivos diplomáticos, os arquivos consulares podem

ser violados em caso de fundada suspeita de atentado contra a incolumidade do

Estado receptor.

111. Após o reconhecimento de pleito formulado perante a Comissão de Delimita-

ção de Plataformas Continentais da Organização das Nações Unidas, o Brasil passou

a exercer, na plataforma continental que excede as 200 milhas náuticas, até o limite

de 350 milhas náuticas, competências equivalentes às exercidas no mar territorial.

112. Somente Estados podem figurar como parte em procedimentos contenciosos

perante a Corte Internacional de Justiça.

No que se refere ao Estatuto da Igualdade, às fontes do direito internacional e


à extradição, julgue os itens subsequentes.

113. É fonte de direito internacional reconhecida a doutrina dos juristas mais qua-
lificados das diferentes nações.

114. A extradição poderá ser concedida pelo Estado brasileiro quando o pedido do
governo estrangeiro for fundado em tratado ou em promessa de reciprocidade.

115. Consoante as normas referentes à igualdade entre brasileiros e portugueses,

o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exer-

cício dos mesmos direitos no Estado de nacionalidade.

DIREITO EMPRESARIAL

Julgue os itens seguintes, relativos ao direito empresarial.

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116. O delegado, no desempenho de sua função institucional de investigação de

infração legal, deve diferenciar se o ato ilegal foi praticado por pessoa jurídica em-

presa ou por pessoa física ou jurídica empresário, pois a empresa não se confunde

com a pessoa que a compõe, tendo personalidade jurídica distinta da de seus sócios.

117. Apesar de os gregos e os fenícios serem historicamente associados a ativi-

dades de compra e troca, o surgimento do direito comercial de forma organizada

corresponde à ascensão da classe burguesa na Idade Média. À medida que artesãos

e comerciantes europeus se reuniam em corporações de ofícios, surgiam normas

destinadas a disciplinar os usos e costumes comerciais da época.

118. Uma sociedade estrangeira não pode funcionar no Brasil sem autorização do

governo do estado onde será instalada e sem certidão de nada consta emitida pela

Polícia Federal, por meio de sua superintendência local. De acordo com a legislação

empresarial vigente, julgue os itens a seguir.

119. O denominado cheque pré-datado, apesar de usual no comércio brasileiro,

não está previsto na legislação, segundo a qual o cheque é uma ordem de paga-

mento à vista, estando a instituição bancária obrigada a pagá-lo no ato de sua

apresentação, de modo que a instituição não pode ser responsabilizada pelo paga-

mento imediato de cheques datados com lembrete de desconto para data futura.

120. Em caso de falência de sociedades, diretor e gerente equiparam-se ao falido

para todos os efeitos penais, na medida da culpabilidade de cada um dos envolvi-

dos, estando sujeitos, em caso de condenação, à inabilitação para o exercício da

atividade empresarial, que deve ser certificada pelo delegado que tenha acompa-

nhado o inquérito.

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PROVA DISCURSIVA

1. A assembleia legislativa de determinado estado da Federação aprovou propos-

ta de emenda à Constituição estadual que incluía no rol de órgãos encarregados

pela segurança pública – de responsabilidade, até então, da polícia civil, da polícia

militar e do corpo de bombeiros militar – o departamento de trânsito, a polícia

penitenciária e o instituto geral de perícias. A proposta, de iniciativa conjunta de

deputados de várias legendas, foi aprovada pela unanimidade dos membros do Po-

der Legislativo, que consideraram tais órgãos imprescindíveis à segurança pública,

cujos objetivos são a vigilância intramuros nos estabelecimentos penais, a defesa

da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Aponte, de forma fundamentada, os preceitos constitucionais ofendidos quando da

aprovação da proposta acima referida que ensejariam sua inconstitucionalidade.

[valor: 3,60 pontos]

2. A fim de proporcionar maior conforto a seus clientes, o dono de determinado


restaurante realizou uma ampliação em seu estabelecimento, tendo a construção
avançado sobre área pública, razão por que o órgão responsável pela fiscalização
urbana da prefeitura autuou o comerciante, fixando prazo para que a situação fosse
regularizada. Sob a alegação de que a área pública invadida estava abandonada e
suja e de que ele havia realizado melhorias no espaço, o comerciante recusou-se
a cumprir a determinação da prefeitura para que desfizesse a obra. Dada a recal-
citrância do comerciante, os fiscais, com base no disposto no código municipal de
edificações, demoliram a área irregular e multaram-no. O dono do restaurante,
então, ajuizou a ação judicial contra a prefeitura, sob a alegação de que o ato
praticado pela prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação demolitória anterior, e

causou-lhe danos materiais e morais.

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Com base na situação hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade

dos atos praticados pela prefeitura [valor: 1,00], abordando os poderes administra-

tivos [valor: 1,00] e o atributo do ato administrativo [valor: 1,60].

3. Discorra sobre a tentativa inidônea e suas espécies [valor: 1,20]. Explicite, ain-

da, as três diferentes teorias relativas à punibilidade da tentativa inidônea, apon-

tando a adotada pelo Código Penal brasileiro [valor: 2,40].

PEÇA PROFISSIONAL

Almir foi preso em flagrante no aeroporto Antônio Carlos Jobim, na cidade do Rio

de Janeiro – RJ, após adentrar em território nacional com duas malas repletas de

roupas, relógios e eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e

cujo imposto de importação não fora devidamente recolhido. Os produtos foram

apreendidos e Almir, encaminhado à delegacia da Polícia Federal. Na posse do

conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: i) diversas passagens aéreas

Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel; ii) caderno de notas com nome de

diversos funcionários do aeroporto; e iii)inúmeras notas fiscais de produtos adquiri-

dos no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. Durante seu depoimento

extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir afirmou que as roupas e

joias não haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos realmente

eram importados, mas estariam dentro da cota de isenção de imposto de importa-

ção e que Geraldo e Gabriel eram apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada

pela autoridade policial, Almir foi solto e, dentro do prazo legal, recorreu adminis-

trativamente do auto de infração de apreensão das mercadorias e de arbitramento

do imposto devido, recurso ainda pendente de julgamento pelo órgão Fazendário.

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Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente indiciado. Dando continuidade

às investigações, o delegado de polícia requereu ao juiz criminal competente a in-

terceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias.

O conteúdo das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que

viajariam aos Estados Unidos da América para comprar mercadorias, que seriam

revendidas no Brasil por preços inferiores aos de mercado, sendo o preço das pas-

sagens aéreas e os lucros das vendas repartidos por todos. Constatou-se que as

viagens ocorreram durante os últimos três anos e que os envolvidos não pagavam o

respectivo imposto, dissimulando a importação das mercadorias. Com a venda das

mercadorias, o trio teria arrecadado mais de R$ 12.000.000,00, e Geraldo adquiri-

do um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de Janei-

ro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado

do instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em

conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os docu-

mentos e arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do

causídico, onde seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda,

que o pagamento dos honorários de João era realizado mediante a entrega de par-

te das mercadorias importadas. Apurou-se, também, que os indiciados contavam

com a colaboração de Paulo, que, na qualidade de funcionário da Receita Federal

do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, como retribuição,

participava no lucro do grupo com a venda das mercadorias, sendo o pagamento da

propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, ainda, da participação de

outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem como de utiliza-

ção de empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do prazo

das interceptações telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. Em seguida,

os autos do inquérito policial foram conclusos ao delegado da Polícia Federal para

análise.

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Em face da situação hipotética acima apresentada, redija, na condição de delegado

responsável pela investigação do caso concreto, a peça profissional a ele adequada,

direcionando-a à autoridade competente. Exponha a fundamentação jurídica per-

tinente, tipifique os crimes cometidos e requeira o que entender de direito, no que

se refere às investigações.

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GABARITO

1. C 26. E 51. Questão anulada

2. C 27. C 52. E

3. C 28. Questão anulada 53. C

4. E 29. E 54. E

5. E 30. C 55. E

6. E 31. C 56. C

7. C 32. C 57. E

8. E 33. E 58. E

9. E 34. E 59. C

10. C 35. C 60. C

11. E 36. E 61. C

12. C 37. E 62. Questão anulada

13. E 38. Questão anulada 63. Questão anulada

14. C 39. Questão anulada 64. E

15. C 40. E 65. C

16. C 41. E 66. E

17. E 42. E 67. E

18. E 43. C 68. E

19. C 44. C 69. C

20. E 45. E 70. C

21. E 46. C 71. C

22. E 47. Questão anulada 72. E

23. C 48. C 73. C

24. E 49. E 74. C

25. E 50. Questão anulada 75. E

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76. Questão anulada 103. C

77. E 104. E

78. E 105. C

79. C 106. C

80. E 107. E

81. C 108. C

82. C 109. C

83. E 110. E

84. E 111. E

85. C 112. C

86. C 113. C

87. C 114. C

88. E 115. C

89. Questão anulada 116. Questão anulada

90. C 117. C

91. E 118. E

92. E 119. C

93. C 120. E

94. C

95. E

96. E

97. C

98. E

99. C

100. E

101. E

102. Questão anulada

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DIREITO CONSTITUCIONAL

No que se refere à CF e ao poder constituinte originário, julgue os itens subse-

quentes.

1. A CF contempla hipótese configuradora do denominado fenômeno da recepção

material das normas constitucionais, que consiste na possibilidade de a norma de

uma constituição anterior ser recepcionada pela nova constituição, com status de

norma constitucional.

Certo

Diferentemente do que ocorre na desconstitucionalização, na recepção material, as

disposições da Constituição anterior são recebidas com status de norma constitucional.

Preste muita atenção, pois esse mecanismo é bem mais explorado nas provas, por-

que foi utilizado no art. 34 do ADCT, que trouxe a seguinte previsão:

Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quin-
to mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Consti-
tuição de 1967, com a redação dada pela Emenda n. 1, de 1969, e pelas posteriores.
§ 1º Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os arts. 148, 149, 150, 154,
I, 156, III, e 159, I, "c", revogadas as disposições em contrário da Constituição de 1967
e das Emendas que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.

Conforme adverte Pedro Lenza, “as referidas normas são recebidas por prazo certo,

em razão de seu caráter precário, características marcantes no fenômeno da recep-

ção material das normas constitucionais”.

Assim como a desconstitucionalização, a recepção material só será possível caso

haja a previsão expressa na nova Constituição. Do contrário, volta-se à regra da

revogação total (ab-rogação).

Dito isso, fica claro que o item está correto.

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Referência Bibliográfica: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado.

12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, pág. 169.

2. No sentido sociológico, a CF reflete a somatória dos fatores reais do poder em

uma sociedade.

Certo

Dentro do SENTIDO SOCIOLÓGICO, o professor Ferdinand Lassalle defende que

uma Constituição só seria legítima se representasse a vontade popular, refletindo a

somatória dos fatores reais de poder em uma sociedade. Caso isso não aconteça,

a Constituição não passaria de uma ‘folha de papel’.

Exemplo: Para se ter uma ideia, certa vez em uma aula de especialização, o pro-

fessor mostrou-nos um livro, no qual a capa trazia uma daquelas Constituições

brasileiras clássicas, no modelo em que é divulgada pela Câmara e pelo Senado.

Então, ele perguntou a nós, alunos: “O que é isso?” Claro que todos respondemos que

era uma Constituição. Foi daí que ele folheou, e não havia nada escrito nas páginas do

“recheio”. Em outras palavras, ele colou a capa da Constituição em folhas em branco.

De novo ele perguntou: “O que é isso?”. Ele seguiu respondendo que a nossa respos-

ta, no sentido de aquilo ser a Constituição, decorreria do fato de aceitarmos a Cons-

tituição como resultado da somatória dos fatores reais de poder numa sociedade.

Se isso não ocorresse, ou seja, se não entendêssemos a legitimidade daquele livro,

ele não passaria de uma ‘folha de papel’ como tantas outras.

Por sua vez, o SENTIDO POLÍTICO de Constituição é ainda mais fácil: no sentido

político, Carl Schmitt conceitua Constituição como a decisão política fundamental.

Segundo o autor, a validade de uma Constituição não se apoia na justiça de suas

normas, mas na decisão política que lhe dá existência.

Um ponto importante: Carl Schitt diferencia Constituição de leis constitucionais. A

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Constituição disporia somente sobre as matérias de grande relevância jurídica, so-

bre as decisões políticas fundamentais, tais como organização do Estado, princípio

democrático e os direitos fundamentais. As outras normas presentes na Constitui-

ção seriam somente leis constitucionais.

Em outras palavras, Constituição seria aquilo que realmente merece estar na nor-

ma mais importante. O resto, que lá está, mas não tem a mesma importância, seria

apenas uma lei constitucional.

 Obs.: Parece muito com a classificação das constituições segundo o conteúdo.

Isso porque as ‘leis constitucionais’ seriam Constituição em aspecto formal,

enquanto a Constituição seria apenas o filé mignon, o aspecto material.

Fechando a trinca dos conceitos mais cobrados nas provas, no SENTIDO JURÍDICO,

Hans Kelsen diz que a Constituição estaria no mundo do dever ser (como as coisas

deveriam ser), e não no mundo do ser (mundo real, como as coisas são), caracte-

rizada como fruto da vontade racional do homem, e não das leis naturais.

Ela seria uma norma pura, sem qualquer consideração de cunho sociológico, políti-

co ou filosófico. Não é por outra razão que uma grande obra de Kelsen é chamada

de Teoria Pura do Direito.

Voltando à questão, a afirmativa está correta, pois contempla o sentido sociológico

de Lassale.

Considerando o controle de constitucionalidade no ordenamento jurídico pátrio,

julgue os itens subsecutivos.

3. Na ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o STF, apesar de lhe ser

aplicável o princípio da congruência ou da adstrição ao pedido, admite-se a decla-

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ração de inconstitucionalidade de uma norma que não tenha sido objeto do pedido,

na hipótese configuradora da denominada inconstitucionalidade por arrastamento.

Certo

O item está correto e traz a chamada inconstitucionalidade por arrastamento. Fique

de olho para os outros nomes, que querem abordar a mesma coisa: inconstitucio-

nalidade por reverberação; por decorrência; por consequência; e por ricochete.

Um exemplo de aplicação: o STF declarou a inconstitucionalidade de lei comple-

mentar federal, na parte em que delegou ao TSE a tarefa de fixar o número de

Deputados Federais em cada Estado, proporcionalmente à população.

O problema é que essa missão foi atribuída ao Congresso Nacional, que não deveria

ter “passado a bola” para o TSE.

Então, além de declarar a inconstitucionalidade do dispositivo que operou a delega-

ção, também foi para o brejo a Resolução que o TSE havia editado, promovendo a

reorganização do número de cadeiras por UF (STF, ADI 4.963).

4. De acordo com entendimento do STF, no controle difuso de constitucionalidade,

os tribunais não podem aplicar a denominada interpretação conforme a CF sem a

observância da cláusula de reserva de plenário.

Errado

No controle difuso, somente será necessário submeter a questão ao Plenário – ou ao

órgão especial – quando se entender que a norma é inconstitucional, pois todas as

normas nascem com presunção (relativa) de constitucionalidade. Ou seja, para se

afirmar a constitucionalidade da norma, não há necessidade de uma Turma mandar

o caso para o Plenário, pois estará confirmando a regra, “chovendo no molhado”.

Foi exatamente dentro dessa diferença que trabalhou o examinador de recente

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concurso para a Magistratura no DF. Na ocasião, perguntou-se a diferença entre a

interpretação conforme a Constituição e a Declaração de Inconstitucionalidade Par-

cial sem redução de texto.

Antes mesmo de dar a resposta, vai uma dica: todas as vezes que for indagada a

diferença entre institutos, deve-se encontrar inicialmente a semelhança.

Isso porque as perguntas giram em torno de temas com vários pontos de inter-

seção. Exemplificando, não será perguntada a diferença entre caneta e relógio. A

pergunta recairia sobre a diferença entre tênis e sapato. Em casos assim, o can-

didato responderia: “embora ambos sejam calçados, masculino e feminino (seme-

lhança), o tênis é utilizado para ocasiões mais casuais, enquanto o sapato para

eventos formais” (diferença).

Voltando à questão feita no concurso do TJDFT, tanto a interpretação conforme a

Constituição quanto a declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de

texto são técnicas de manipulação situadas entre os limites constitucionalidade/

inconstitucionalidade (elas estariam dentro do grande gênero “sentenças interme-

diárias”, na subdivisão “decisões normativas interpretativas”). Além disso, as duas

atuam em palavras plurissignificativas – até aqui, as semelhanças.

Avançando sobre a distinção, tem-se que na interpretação conforme a Constituição

se faz um juízo positivo de constitucionalidade. Em outras palavras, afirma-se a

constitucionalidade, o que conduz à desnecessidade de remeter o caso ao Plenário

(ou órgão especial, se houver).

Já na declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, o juízo é

negativo. Nesse caso, como se profere um juízo de inconstitucionalidade (negati-

vo), será necessária a observância da regra do artigo 97 da CF, ora em estudo.

Por fim, atenção! Não há necessidade de observância da cláusula de reserva de ple-

nário por juízes de primeira instância, por Turmas Recursais de Juizados Especiais

(embora colegiadas, são compostas por juízes de primeiro grau) e também pelas

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Turmas do STF (STF, AI 607.616).

Voltando à questão, tendo em vista tratar-se da interpretação conforme a Constituição,

juízo positivo, não se faz necessário levar a questão ao Plenário ou ao órgão especial.

No que diz respeito aos direitos fundamentais, julgue os itens que se seguem.

5. Segundo o STF, caso o interessado alegue que a sentença condenatória tenha

sido prolatada exclusivamente com fundamento em prova emprestada, é possível

a arguição de nulidade dessa decisão em sede de habeas corpus.

Errado

Muito cuidado com questões acerca do cabimento – ou não – do HC, pois elas são

visita frequente nas provas do CESPE.

A regra de ouro é lembrar que o HC e o MS (os mais cobrados nas provas) exigem

prova pré-constituída meramente documental. Ou seja, não há a possibilidade de

dilação probatória. Assim, por exemplo, caso seja impetrado um HC para buscar a

absolvição do acusado, tendo como fundamento a insuficiência de provas para a con-

denação, o remédio será incabível. Isso porque para abordar se as provas eram ou

não suficientes seria necessário analisar todas as provas, o que não é possível no HC.

Por outro lado, se o pedido de absolvição (ou de trancamento da ação penal ou do

inquérito) for fundamentado na aplicação do princípio da insignificância, o HC pode

ser usado exatamente por não ser necessário o revolvimento de provas, por ser

uma análise objetiva.

Dito isso, voltando à questão, não seria cabível, pois para se afirmar que a condena-

ção foi baseada exclusivamente em provas emprestadas, seria imprescindível analisar

todo o processo, revisitando as provas nele constantes. Assim, o item está errado.

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6. O exercício do direito de associação e a incidência da tutela constitucional relati-

va à liberdade de associação estão condicionados à prévia existência de associação

dotada de personalidade jurídica.

Errado

Ao contrário do que consta na questão, é plena a liberdade de associação, bem

assim do direito de reunião. Desse modo, não há condicionamentos ali descritos.

Aproveito o tema para cuidar de um assunto que muito provavelmente será cobra-

do, seja na prova objetiva de Delta, seja nos demais cargos.

É o seguinte: em regra, as associações REPRESENTAM os associados, sendo neces-

sário que haja a autorização específica, não bastando previsão genérica no Estatuto.

Avançando, só podem ser beneficiados nas ações ajuizadas pelas associações as

pessoas que estivessem na entidade ao tempo da propositura da demanda.

Por outro lado, no MS Coletivo as associações atuarão como SUBSTITUTOS pro-

cessuais. Nessa situação, não será necessária a autorização dos associados (STF,

Súmula 629).

Acerca das atribuições da Polícia Federal, julgue os itens a seguir.

7. A Polícia Federal dispõe de competência para proceder à investigação de infra-

ções penais cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional, exigin-

do-se repressão uniforme.

Correto

O item está correto. A propósito, veja as atribuições da PF, previstas no artigo 144

da Constituição, acompanhadas de alguns comentários relevantes para sua prova:

As atribuições da PF são as seguintes:

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I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de

bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas

públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual

ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

Essa primeira atribuição parece “conversar” com as competências da Justiça Fede-

ral – artigo 109 da Constituição –, que julga as infrações penais contra bens, servi-

ços e interesses da União, de suas Autarquias e das Empresas Públicas (sociedade

de economia mista está de fora).

Recomenda-se a leitura da Lei 10.446/02 que cita alguns exemplos de crimes com

repercussão interestadual ou internacional, como é o caso da formação de cartel

ou do roubo de carga.

II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contra-

bando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públi-

cos nas respectivas áreas de competência;

Na Constituição, a prevenção e repressão do tráfico de drogas parecem competir

apenas à PF. Entretanto, na vida real a tarefa é realizada pelas Polícias Civil e Mili-

tar, principalmente. Isso se explica pelos trechos sublinhados, os quais autorizam a

atuação de outros órgãos de segurança.

No final das contas, a atuação da PF acaba se restringindo a situações mais pontu-

ais, de tráfico internacional de drogas, por exemplo.

III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União;

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Aqui é o ponto mais polêmico, pois a discussão gira em torno do poder de investi-

gação do Ministério Público. A discussão decorre do fato de a Constituição prever

que as funções de polícia judiciária – responsável pelas investigações – serem ex-

clusivas da Polícia Federal e da Polícia Civil.

Mesmo havendo essa previsão – de atribuição exclusiva –, prevalece no STF e no

STJ a ideia de que o MP também pode investigar.

Aliás, ao julgar um recurso extraordinário com repercussão geral, o STF firmou a

seguinte tese: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por au-

toridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que

respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer

pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipó-

teses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissio-

nais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados” (STF, RE 593.727).

Essa prerrogativa decorreria da adoção da chamada teoria dos poderes implícitos, origi-

nada no direito norte-americano. A ideia é simples: quem pode o mais, pode o menos.

Ou seja, quando a Constituição dá uma atribuição a determinado órgão, ela impli-

citamente daria também os meios para executar aquela tarefa.

Dentro dessa premissa, tem-se que lá no artigo 129, I, da Constituição consta ser fun-

ção institucional do Ministério Público promover privativamente a ação penal pública.

Em outras palavras, o MP é o titular da ação penal pública, atuando como órgão

acusador.

Só que para acusar é necessário ter provas. Estas normalmente são colhidas pelos

órgãos de polícia judiciária (PF e PC) por meio do inquérito policial. Normalmente,

porque por vezes sequer há necessidade de instauração de inquérito policial, uma

vez que o próprio MP poderia investigar. Essa possibilidade se justifica principal-

mente em algumas situações, como os crimes cometidos pelos próprios policiais.

Sendo ainda mais explícito, para viabilizar a tarefa de acusar (oferecimento de denún-

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cia), o MP pode requisitar as provas à autoridade policial ou ainda coletá-las direta-

mente. Afinal, quem pode o mais (acusar), pode o menos (coletar provas para acusar).

Mas não vá escorregar em casca de banana: a presidência do inquérito policial é

atividade privativa do Delegado de Polícia, não podendo ser exercida pelo Ministério

Público (STF, RHC 81.326).

8. De acordo com a norma constitucional, cabe exclusivamente à Polícia Federal

prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, portanto a atua-

ção da polícia militar de determinado estado da Federação no flagrante e apreensão

de drogas implica a ilicitude da prova e a nulidade do auto de prisão.

Errado

Como nos comentários ao item anterior, a atuação da PF na prevenção e repressão

do tráfico de drogas se dá sem prejuízo da atuação de outros órgãos. É por essa

razão que se verifica na prática a grande atuação da Polícia Civil e também da Po-

lícia Militar na repressão ao tráfico de drogas.

Portanto, o item está errado.

Considerando o disposto na CF acerca na ordem social, julgue os itens subse-

quentes.

9. A floresta amazônica brasileira, assim como a mata atlântica, é considerada

bem da União, devendo sua utilização ocorrer na forma da lei, em condições que

assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive no que concerne ao uso dos

recursos naturais.

Errado

Ponto que é fácil e vive sendo cobrado em prova, mas se é fácil, por que cai tanto?

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Porque os alunos não leem e vão pelo “achômetro”. É tudo o que o Examinador

queria. Ou seja, para o aluno é muito mais natural enxergar a caatinga ou o cerrado

como ecossistemas nacionais, do que alguns outros que estão no rol constitucional,

como a Serra do Mar, por exemplo.

Então o negócio é conhecer para não ser feito de bobo, perdendo ponto em um

tema tranquilo.

Anote: os ecossistemas considerados patrimônio nacional previstos na Constituição

são cinco: Floresta Amazônica; Pantanal Mato-Grossense; Mata Atlântica; Zona

Costeira e Serra do Mar.

Em relação ao cerrado, há uma PEC tramitando para incluí-lo como ecossistema

nacional, mas por ora, o rol aí de cima não o inclui.

Avançando, o fato de o imóvel estar situado dentro de um ecossistema nacional não

o transforma em bem público.

Voltando para a questão, a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica são ecossistemas

nacionais, não se enquadrando propriamente em bens da União. Portanto, item errado.

10. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, incluídas no domínio consti-

tucional da União Federal, são inalienáveis, indisponíveis e insuscetíveis de prescri-

ção aquisitiva.

Certo

O artigo 231, § 4º, prevê que as terras ocupadas pelos índios são inalienáveis e

indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. Isso torna o item correto.

O conceito de terras tradicionalmente ocupadas pelos índios não abrange os aldeamen-

tos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto (STF, Súmula 650).

Em relação ao processo legislativo e ao sistema de governo adotado no Brasil,

julgue o seguinte item.

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11. A iniciativa das leis ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Câ-

mara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, bem como ao

presidente da República, ao STF, aos tribunais superiores, ao procurador-geral da

República e aos cidadãos. No que tange às leis complementares, a CF não autoriza

a iniciativa popular de lei.

Errado

A possibilidade de o povo apresentar projeto de lei é uma das formas de exercício

do poder, de forma direta, ao lado do plebiscito ou do referendo, conforme prevê o

artigo 14 da Constituição.

Aborda o art. 61, § 2º, da Constituição, que a iniciativa popular pode ser exercida

pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no míni-

mo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados,

com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

A Lei n. 9.709/1998, em seu artigo 13, prevê que o projeto de lei de iniciativa po-

pular deverá circunscrever-se a apenas um assunto.

Ademais, ele não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos

Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais im-

propriedades de técnica legislativa ou de redação.

Contudo, perceba que a Constituição faz referência a “projeto de lei”, o que abran-

ge as leis ordinárias (LO) e complementares (LC). Não há, na esfera federal, per-

missão para a iniciativa popular na propositura de emenda à Constituição (PEC).

Só isso já seria suficiente para apontar que o item está errado. De todo modo, tem-

-se também outras coisas.

A Lei Complementar n. 135/2010, chamada Lei da Ficha Limpa, é fruto da iniciativa

popular. No âmbito estadual, o art. 27, § 4º, da Constituição aponta que “a lei dis-

porá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual”.

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Acresça-se que a Constituição Estadual pode prever a propositura de emenda à Consti-

tuição por iniciativa popular. Também no Distrito Federal, que é regido por Lei Orgânica

(artigo 76 da LODF), há a previsão de participação popular na iniciativa de proposta de

emendas à Lei Orgânica (PELO), além de projetos de lei (ordinária e complementar).

Por fim, na esfera municipal, vale a exigência prevista no art. 29, XIII, da Consti-

tuição, segundo o qual a iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico

do Município, da cidade ou de bairro, por meio de manifestação de, pelo menos 5%

do eleitorado.

A explicação para o percentual maior seria o fato de a maioria dos Municípios bra-

sileiros não ser tão grande. Assim, 1% de pouca coisa daria quase nada.

Destaca-se que igualmente na esfera municipal poderia haver a iniciativa popular para

a elaboração de leis ordinárias, leis complementares e emendas à Lei Orgânica (PELO).

Sistematizando as informações:

ESPÉCIES
ESFERA PREVISÃO REQUISITOS EXIGIDOS
NORMATIVAS
1% do eleitorado, dividido
em pelo menos 5 estados,
Federal Artigo 61, § 2º LC e LO
com no mínimo 0,3% de
votos em cada um
Artigos 32, § 1º, c/c A ser definido na legislação
Estadual PEC, LC e LO
27, § 4º local
A ser definido na legislação
Distrital Artigo 27, § 4º PELO, LC e LO
local
Municipal Artigo 29, XIII PELO, LC e LO 5% do eleitorado

Com base nas disposições da CF acerca das competências dos juízes federais,

julgue o item a seguir.

12. Aos juízes federais compete processar e julgar, entre outros crimes, os que

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atentem contra a organização do trabalho e os de ingresso ou permanência irregular

de estrangeiro no território nacional, bem como as disputas sobre direitos indígenas.

Correto

O item está correto. Decorre da aplicação direta dos incisos VI e X do artigo 109 da

Constituição.

DIREITO ADMINISTRATIVO

No que se refere à classificação do órgão público e à atuação do servidor, julgue

os itens seguintes.

13. O dispositivo constitucional que admite o afastamento do servidor do cargo, do

emprego ou da função para o exercício de mandato é aplicável ao servidor contra-

tado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, já

que exerce função pública.

Errado

A jurisprudência é pacífica no sentido de que a natureza do vínculo estabelecido

mediante contrato emergencial com a administração pública é precária e não ga-

rante o direito à licença remunerada para concorrer a cargo eletivo.

Na mesma linha, a Lei Complementar n. 64/1990 estabelece que o direito de afas-

tamento de servidores públicos para concorrem a cargo eletivo aplica-se apenas

aos servidores estatutários ou celetistas, ocupantes de cargos ou empregos com

caráter de permanência no serviço público. RMS N. 13.804 – RS

Julgue o item que se segue, relativo à administração indireta e aos serviços so-

ciais autônomos.

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14. Os ministérios e as secretarias de Estado são considerados, quanto à estrutura,

órgãos públicos compostos.

Certo

Os órgãos compostos reúnem, em sua estrutura, diversos órgãos, como resultado da

desconcentração administrativa. É o que ocorre com os Ministérios e as Secretarias.

15. A sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado que pode

tanto executar atividade econômica própria da iniciativa privada quanto prestar

serviço público.

Certo

As sociedades de economia mista (assim como as empresas públicas) são pessoas

jurídicas de direito privado, criadas por autorização legal, nos termos do art. 37, XIX

da CF. Segundo expressa disposição constitucional, ambas podem ter como objeto

exercer atividade econômica de natureza empresarial ou prestar serviço público.

Com relação a atos administrativos, serviços públicos e procedimentos licitató-

rios, julgue os itens subsequentes.

16. O pregão, modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns,

independentemente do valor estimado da contratação, aplica-se tanto aos órgãos

da administração direta quanto às entidades integrantes da administração indireta,

inclusive aos fundos especiais.

Certo

A Lei n. 10.520, de 17 de julho de 2002 institui, no âmbito da União, Estados, Dis-

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trito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Fede-

ral, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços

comuns, e dá outras providências. Segundo estabelece o art. 1º da referida lei,

tem-se que para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licita-

ção na modalidade de pregão.

17. Quando um ministério pratica ato administrativo de competência de outro, fica

configurado vício de incompetência em razão da matéria, que pode ser convalidado

por meio da ratificação.

Errado

Quando um ministério pratica ato administrativo de competência de outro realmen-

te fica configurado vício de incompetência em razão da matéria. Contudo, o apro-

veitamento do ato (convalidação) se daria por meio da confirmação que pode ser

considerada o saneamento do ato por autoridade diferente. Já a ratificação deve

ser realizada pela própria autoridade que emanou o ato viciado.

18. Em se tratando de permissão de serviço público, o serviço é executado em

nome do Estado por conta e risco do permissionário, e é atribuído exclusivamente

à pessoa jurídica.

Errado

A permissão de serviços públicos pode ser atribuída tanto para pessoas físicas

como para pessoas jurídicas. Além disso, a titularidade do serviço público continua

nas mãos da Administração, mas o serviço, nesses casos, será prestado em nome

da permissionária. Neste sentido, o art. 2º, IV, da Lei n. 8.987 conceitua permissão

de serviço público como a delegação, a título precário, mediante licitação, da pres-

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tação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica

que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Julgue os itens a seguir, relativos a contratos administrativos, controle da admi-

nistração, bens públicos e processos administrativos.

19. De acordo com a Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no

âmbito da administração pública federal, um órgão administrativo e seu titular

poderão, se não houver impedimento legal e quando conveniente, em razão de

circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial, delegar

parte da sua competência a outros órgãos, ainda que estes não lhe sejam hierar-

quicamente subordinados.

Correta

De acordo com o art. 12 da Lei n. 9.784/1999, que regula o processo administrativo

no âmbito da administração pública federal, um órgão administrativo e seu titular

poderão, se não houver impedimento legal e quando conveniente, em razão de

circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial, delegar

parte da sua competência a outros órgãos, ainda que estes não lhe sejam hierar-

quicamente subordinados.

20. Considere que uma empresa vencedora de certame licitatório subcontrate, com
terceiro, o objeto do contrato firmado com a administração pública, apesar de não
haver previsão expressa para tanto no edital ou no contrato. Nessa situação, caso
o contrato seja prestado dentro do prazo estipulado e com estrita observância aos
critérios de qualidade impostos contratualmente, não poderá a administração res-
cindir o contrato unilateralmente, visto que não se configura hipótese de prejuízo

ou descumprimento de cláusulas contratuais.

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Errado

De início, tem-se que a subcontratação (sempre parcial) só é permitida se houver

previsão expressa no edital e no contrato. Com relação à rescisão contratual, o art.

78 estabelece que constituem motivo para rescisão do contrato: VI – a subcon-

tratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a

cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação,

não admitidas no edital e no contrato.

21. O controle prévio dos atos administrativos é de competência exclusiva da pró-

pria administração pública, ao passo que o controle dos atos administrativos após

sua entrada em vigor é exercido pelos Poderes Legislativo e Judiciário.

Errado

O controle prévio dos atos administrativos pode ser realizado por todos os poderes.

Exemplo: O poder executivo pode realizar controle prévio dos atos administrativos,

através do poder de autotutela. Do mesmo modo, o poder legislativo realiza con-

trole prévio ao aprovar os nomes indicados pelo Presidente da República para o STF

e o poder judiciário também realiza controle prévio dos atos administrativos nas

hipóteses de mandado de segurança preventivo etc.

Um servidor público federal dispensou licitação fora das hipóteses previstas em

lei, o que motivou o MP a ajuizar ação de improbidade administrativa, imputando

ao servidor a conduta prevista no art. 10, inc. VIII, da Lei n. 8.429/1993, segundo

o qual constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão, dolo-

sa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento

ou dilapidação dos bens públicos, notadamente o ato que frustrar a licitude de pro-

cesso licitatório ou dispensá-lo indevidamente.

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Com base nessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem.

22. Caso o MP também ajuíze ação penal contra o servidor, pelo mesmo fato, a

ação de improbidade ficará sobrestada até a prolação da sentença penal a fim de

se evitar bis in idem.

Errado

Uma vez que a responsabilização por improbidade é independente da responsabi-

lização na esfera penal (art. 12, caput, da Lei n. 8.429/1992) e a Lei n. 8.429/92

tem natureza jurídica de ilícito civil.

23. Na hipótese de sentença condenatória, o juiz poderá, de acordo com a gravi-

dade do fato, aplicar ao servidor pena de multa e deixar de aplicar-lhe a suspensão

de direitos políticos, ambas previstas em lei.

Certo

Segundo estabelece o art. 12 da Lei n. 8.429/92, independentemente das sanções

penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável

pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas

isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.

24. Caso o MP não tivesse ajuizado a referida ação, qualquer cidadão poderia ter

ajuizado ação de improbidade subsidiária.

Errado

A Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992 estabelece, em seu art. 17, que a ação

principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela

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pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

Do mesmo modo, o art. 14 da referida lei estabelece que qualquer pessoa poderá

representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada in-

vestigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.

DIREITO PENAL

Considerando a distinção doutrinária entre culpabilidade de ato e culpabilidade

de autor, julgue o item seguinte.

25. Tratando-se de culpabilidade pelo fato individual, o juízo de culpabilidade se

amplia à total personalidade do autor e a seu desenvolvimento.

Errado

O item mistura a culpabilidade do fato com a culpabilidade do autor, por isso o erro.

A respeito da pena pecuniária, julgue o item abaixo.

26. A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada

em face do espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, res-
peitando-se o limite das forças da herança.

Errado
Nos termos do artigo 5º, XLV, da CF: “nenhuma pena passará da pessoa do conde-
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
limite do valor do patrimônio transferido”. Destarte, tendo o agente sido condenado

a pena de multa e sobrevindo falecimento, deverá ser extinta a punibilidade.

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27. No arrependimento eficaz, é irrelevante que o agente proceda virtutis amore

ou formidine poence, ou por motivos subalternos, egoísticos, desde que não tenha

sido obstado por causas exteriores independentes de sua vontade.

Certo

Não importa, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz (artigo 15 do

CP), os motivos que fizeram o agente não prosseguir na prática delitiva ou evitar o

resultado depois da prática dos atos executórios. Basta que exista voluntariedade.

28. O indivíduo, maior e capaz, condenado, definitivamente, por diversos crimes, a

pena unificada que perfaça, por exemplo, noventa anos de reclusão, fará jus ao livra-

mento condicional somente após o cumprimento de um terço ou metade de noventa.

QUESTÃO ANULADA.

29. De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o erro sobre os pressupos-

tos fáticos das causas descriminantes consiste em erro de tipo permissivo.

Errado

A teoria extremada da culpabilidade considera o erro sobre os pressupostos fáticos

de causas descriminantes erro de proibição.

30. Configura autoria por convicção o fato de uma mãe, por convicção religiosa,

não permitir a realização de transfusão de sangue indicada por equipe médica para

salvar a vida de sua filha, mesmo ciente da imprescindibilidade desse procedimento.

Certo

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Autoria por convicção é quando o indivíduo conhece da lei incriminadora, mas por

convicção resolve não a cumprir.

31. Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo,

pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cogniti-

vos, considerados psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial

consciência sobre a ilicitude do fato).

Certo

O dolo, para teoria causalista, era normativo porque era impregnado de elementos

valorativos que, com a teoria finalista, transmudaram-se em elementos da culpa-

bilidade (tendo o dolo, na teoria finalista, migrado para o fato típico, sem nenhum

elemento normativo).

32. Considere que uma mulher, maior e capaz, chegue a casa, logo após ter sido

demitida, e, nervosa, agrida, injustificada e intencionalmente, seu filho de dois

anos de idade, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Nessa situação

hipotética, caso essa mulher seja condenada pela referida agressão após o devido

processo legal, não caberá, como efeito da condenação, a decretação de sua inca-

pacidade para o exercício do poder familiar, nos termos do CP.

Certo

Só é possível, nos termos do artigo 92, II, do CP, decretar a incapacidade para

exercício do poder familiar quando o réu é condenado por crime doloso praticado

contra filho sob a pena de reclusão, e o crime de lesão corporal de natureza leve é

punido com pena de detenção.

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33. Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fisicamente por um des-

conhecido, também maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na cabeça do

agressor com um guarda-chuva e continue desferindo nele vários golpes, mesmo

estando o desconhecido desacordado. Nessa situação hipotética, João incorre em

excesso intensivo.

Errado

O excesso pode ser intensivo ou extensivo. Intensivo é relacionado com os meios

utilizados; extensivo relacionado ao tempo de reação (o agente continua atacando

o outrora agressor, mesmo depois de cessada a agressão injusta). O item está er-

rado porque narrou hipótese de excesso extensivo e não intensivo.

34. Suponha que determinada sentença condenatória, com pena de dez anos de

reclusão, imposta ao réu, tenha sido recebida em termo próprio, em cartório, pelo

escrivão, em 13/8/2011 e publicada no órgão oficial em 17/8/2011, e que tenha

sido o réu intimado, pessoalmente, em 20/8/2011, e a defensoria pública e o MP

intimados, pessoalmente, em 19/8/2011. Nessa situação hipotética, a interrupção

do curso da prescrição ocorreu em 17/8/2011.

Errado

A sentença se considera publicada quando é entregue pelo juiz ao escrivão, portanto

a data de publicação (e consequente interrupção da prescrição) é 13/08/2011 (vide

artigo 389 do CPP – “A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos

autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim”).

35. Considere que Jorge, Carlos e Antônio sejam condenados, definitivamente, a uma

mesma pena, por terem praticado, em coautoria, o crime de roubo. Nessa situação, in-

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cidindo a interrupção da prescrição da pretensão executória da referida pena em rela-

ção a Jorge, essa interrupção não produzirá efeitos em relação aos demais coautores.

Certo

Nos termos do § 1º, do artigo 117, do CP, a prescrição não resta interrompida para

todos os autores do crime na hipótese do inciso V (que trata da prescrição da pre-

tensão executória).

36. A detração é considerada para efeito da prescrição da pretensão punitiva, não

se estendendo aos cálculos relativos à prescrição da pretensão executória.

Errado

A detração não deve ser considerada na análise de nenhuma das hipóteses de prescrição.

 Obs.: O STJ entende, pacificamente, que não cabe interpretação extensiva ou

analogia em relação ao artigo 113 do Código Penal – a pena a ser conside-

rada para fins de prescrição é a aplicada na sentença – ; a detração só é

observada em relação à quantidade de pena a cumprir efetivamente.

37. Ocorre legítima defesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real contra

legítima defesa putativa.

Errado

Legítima defesa sucessiva ocorre quando há legítima defesa contra excesso de le-

gítima defesa.

Com relação aos crimes previstos no CP, julgue os itens que se seguem.

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38. No estelionato perpetrado em detrimento de entidade de direito público, admi-

te-se a incidência da figura privilegiada (pequeno valor do prejuízo) por ser circuns-

tância de natureza objetiva.

QUESTÃO ANULADA

O gabarito original dava como errada a questão. Talvez por considerar, àquela época,

decisões do STJ (5ª Turma, HC 142569/RS, julgado em 17/06/2010; HC 180771/

SP, julgado em 16/10/2012) no sentido de não ser possível, em se tratando de es-

telionato cometido contra entidade de direito público, a incidência do princípio da in-

significância, independentemente dos valores obtidos indevidamente pelo acusado.

Todavia, o STF (Pleno, AP 481/PA, julgado em 08/09/2011) firmou entendimento

de que o prejuízo de pequeno valor possibilita o reconhecimento do estelionato

privilegiado (CP, art. 171, § 1º), ainda que se cuide de delito qualificado cometido

contra entidade de direito público (CP, art. 171 § 3º), em analogia com o privilégio

aplicável ao crime de furto de bem de pequeno valor (CP, art. 155, § 2º).

Referida divergência de entendimento findou por anular a questão, que, todavia,

tinha o certo como resposta a ser marcada corretamente.

39. A inserção, em documento público, de informações relativas à pessoa que não

possua a qualidade de segurado obrigatório, com o objetivo de constituir prova pe-

rante a previdência social, configura falsidade ideológica, delito que se consuma no

momento da inserção dos dados inverídicos, independentemente do uso posterior

dessas informações.

QUESTÃO ANULADA

O gabarito original dava como certa a questão. É o que se infere da redação do art.

299 do Código Penal, que traz um crime formal e incrimina, entre outras condutas:

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“em documento público ou particular, [...] inserir ou fazer inserir declaração falsa

ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação

ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.

No entanto, a questão foi anulada pela banca examinadora sob o argumento de

que, “ao não esclarecer se a análise da assertiva deveria se dar com espeque no

Código Penal ou na doutrina, gerou dúvida juridicamente relevante, uma vez que

há interpretações divergentes entre esses”.

Para Cleber Masson, todavia, o delito de falsidade ideológica (CP, art. 299), quanto

ao núcleo inserir, consuma-se justamente no momento da inserção, no documento

público ou particular, da declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com

o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridica-

mente relevante, sendo, contudo, irrelevante o efetivo uso do aludido documento

ou a obtenção de qualquer vantagem pelo agente.

40. A falsa atribuição de identidade só é caracterizada como delito de falsa identi-

dade se feita oralmente, com o poder de ludibriar; quando formulada por escrito,

constitui crime de falsificação de documento público.

Errado

O crime de falsa identidade (CP, art. 307) consiste em “atribuir-se ou atribuir a ter-

ceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para

causar dano a outrem”. É um delito de forma livre, que pode ser praticado de diver-

sas maneiras. Embora comumente praticado oralmente, entre pessoas presentes,

também pode ser cometido por escrito ou mesmo gestos. Basta que o autor, com

sua conduta, atribua-se a si mesmo ou à terceira pessoa identidade que não lhes

pertence, com o dolo específico previsto penalmente.

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41. Os delitos de inserção de dados falsos e de modificação ou alteração de dados

não autorizada em sistema de informações só se configuram se praticados por fun-

cionário público autorizado, com o fim específico de obter vantagem indevida para

si ou para outrem, ou para causar dano, sendo as penas aumentadas de um terço

até a metade se da modificação ou alteração resultar dano para a administração

pública ou para o administrado.

Errado

O erro da questão decorre da confusão de dois tipos penais: a inserção de dados

falsos em sistema de informações (CP, art. 313-A) e a modificação ou alteração não

autorizada de sistema de informações (CP, art. 313-B).

O primeiro exige do autor a condição de “funcionário autorizado”; para o segundo,

basta ser “funcionário”, que pode ou não estar autorizado a acessar e trabalhar no

sistema de informações ou programa de informática objeto do delito. Ainda, a cau-

sa de aumento de pena “de um terço até a metade se da modificação ou alteração

resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado” só incide no

crime do art. 313-B, e não no art. 313-A.

42. O delito de sequestro e cárcere privado, inserido entre os crimes contra a pes-

soa, constitui infração penal de ação múltipla, e a circunstância de ter sido pratica-

do contra menor de dezoito anos de idade qualifica o crime.

Errado

O nome jurídico do crime do art. 148 do Código Penal induz ao erro: “sequestro e

cárcere privado”. Ao contrário do que pode parecer, há, no dispositivo penal, uma só

conduta reprimida, qual seja “privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou

cárcere privado”. O núcleo do tipo, portanto, consiste em privar a liberdade da vítima,

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o que significa tolher ou diminuir seu direito de locomoção. Esta conduta, todavia,

pode ser praticada de forma livre, seja por intermédio do cárcere privado, que implica

confinamento em ambiente fechado, seja do sequestro propriamente dito, que signi-

fica restrição da liberdade não necessariamente delimitada a espaços herméticos. E

nada obsta, inclusive, que ambas as figuras ocorram em um mesmo fato criminoso.

Assim, no caso do art. 148 do CP, não se pode mencionar delito de ação múltipla,

o que remete aos crimes que preveem, no mesmo tipo penal, distintas condutas

(art. 33 da Lei de Drogas e seus 18 núcleos distintos, por exemplo). A diferenciação

entre sequestro e cárcere privado é somente doutrinária e penalmente irrelevante.

No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, jul-

gue os itens subsequentes.

43. O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o

antecedam, não está inserido no rol dos crimes hediondos.

Certo

Os crimes hediondos constam de expresso rol inserido no art. 1º da Lei n. 8.072/1990,

atualmente, o qual abrange: homicídio (Código Penal, art. 121), quando praticado

em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agen-

te, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); lesão

corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de

morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos

arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força

Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou

contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em

razão dessa condição; latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); extorsão qualificada pela

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morte (art. 158, § 2º); extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art.

159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); estupro de

vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); epidemia com resultado morte

(art. 267, § 1º); falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto desti-

nado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com

a redação dada pela Lei n. 9.677/1998); favorecimento da prostituição ou de outra

forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B,

caput, e §§ 1º e 2º); genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889/1956,

e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei

n. 10.826/2003, todos tentados ou consumados.

Assim, não se inclui no referido elenco o delito de lavagem de capitais, por sua vez

previsto na Lei n. 9.613/1998.

44. O crime de lavagem de capitais, consoante entendimento consolidado na dou-

trina e na jurisprudência, divide-se em três etapas independentes: colocação (pla-

cement), dissimulação (layering) e integração (integration), não se exigindo, para

a consumação do delito, a ocorrência dessas três fases.

Certo

Tanto a doutrina, quanto a jurisprudência brasileiras acataram os ensinamentos

norte-americanos a respeito da lavagem de capitais, que prega a existência do de-

lito em fases distintas e bem identificadas.

O próprio STF (Pleno, AP 470 EI/MG, julgado em 13/03/2014) ratificou o entendi-

mento: “4) O delito de lavagem de dinheiro, consoante assente na doutrina norte-

-americana (money laundering), caracteriza-se em três fases, a saber: a primeira é

a da ‘colocação’ (placement) dos recursos derivados de uma atividade ilegal em um

mecanismo de dissimulação da sua origem, que pode ser realizado por instituições

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financeiras, casas de câmbio, leilões de obras de arte, dentre outros negócios apa-

rentemente lícitos. Após, inicia-se a segunda fase, de ‘encobrimento’, ‘circulação’ ou

‘transformação’ (layering), cujo objetivo é tornar mais difícil a detecção da manobra

dissimuladora e o descobrimento da lavagem. Por fim, dá-se a ‘integração’ (inte-

gration) dos recursos a uma economia onde pareçam legítimos. [...] 6) In casu, as

condições materiais em que praticado o delito encerram motivos suficientes para se

concluir que o agente desejava ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza-

ção, disposição, movimentação ou propriedade do numerário, em relação ao qual,

também pelas circunstâncias objetivas dos fatos provados, revelaram que o réu sa-

bia que o numerário era proveniente, direta ou indiretamente, de crime.”

Ademais, o tipo do art. 1º da Lei 9.613/1998 é misto alternativo, o que significa

que, embora preveja mais de um núcleo (“ocultar ou dissimular”), responde seu

autor por somente uma infração caso pratique todos os verbos incriminados ou

somente um deles.

45. Se os crimes funcionais, previstos no art. 3º da Lei n. 8.137/1990, forem pra-

ticados por servidor contra a administração tributária, a pena imposta aumentará

de um terço até a metade.

Errado

A Lei n. 8.137/1990 prevê, em seu art. 12, causas de aumento de pena de 1/3 até

a metade, se o delito tributário: ocasionar grave dano à coletividade; for cometido

por servidor público no exercício de suas funções; for praticado em relação à pres-

tação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. Todavia,

referidas causa de aumento somente incidem em relação aos delitos dos arts. 1º,

2º e 4º ao 7º da mesma lei, o que exclui, portanto, os crimes funcionais especifi-

camente destacados no art. 3º daquele ato.

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46. Na Lei de Drogas, é prevista como crime a conduta do agente que oferte dro-

gas, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa do seu relacionamento, para

juntos a consumirem, não sendo estabelecida distinção entre a oferta dirigida a

pessoa imputável ou inimputável.

Certo

Assim como proposto na questão, o art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006 incrimina a

conduta de quem oferece “droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa

de seu relacionamento, para juntos a consumirem”. Não há, na redação do tipo penal,

qualquer exclusão de incidência do delito quando oferecida a substância entorpecente

a imputáveis ou inimputáveis. Desse modo, não havendo distinção legal quanto ao

destinatário da oferta da droga para consumo, incide o tipo em qualquer hipótese.

Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma

assertiva a ser julgada com base no direito penal.

47. Um homem foi flagrado com arma de fogo de uso restrito, tendo a perícia téc-

nica posteriormente atestado a cabal impossibilidade de o instrumento produzir

disparos. Nessa situação, configura-se atípica a conduta de porte de arma, não po-

dendo ser considerado o uso desse artefato para a prática de outra infração como

majorante da pena pelo uso de arma.

QUESTÃO ANULADA

Originalmente, o gabarito do item era errado. Após a análise dos recursos, a asserti-

va foi anulada sob o argumento de que, “na situação hipotética, há laudo pericial es-

pecífico a demonstrar a idoneidade do instrumento a produzir disparos e a impres-

tabilidade do artefato para servir como majorante por uso de arma em outro delito,

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configurando-se atípica a conduta de porte de arma. Dessa forma, optar-se-ia pela

alteração do gabarito. Porém, conforme previsto em edital, no tópico 18.6.1, existe

a possibilidade apenas de anulação dos itens. Diante disso, opta-se pela anulação.”

A decisão da banca examinadora foi, realmente, a mais acertada. Isto porque, na

esteira do entendimento do STF, a aplicação de causas de aumento de pena pelo em-

prego de arma de fogo (como, atualmente, no art. 157, § 2º-A, inciso I, do CP) “so-

mente é possível com a comprovação, por laudo pericial, da potencialidade lesiva da

arma de fogo” (2ª Turma, HC 102790/RS, HC 99653/MS, julgados em 20/04/2010;

HC 94023/RJ, julgado em 10/11/2009; HC 94827/RS, julgado em 02/06/2009; entre

outros), sendo que “o abandono da formalidade legal implica a impossibilidade de

ter-se como configurado o tipo” (1ª Turma, HC 97209/SC, julgado em 16/03/2010).

Desse modo, alternativa certa, pois o laudo pericial que atesta a impossibilidade de

o instrumento produzir disparos torna atípica a conduta de porte de arma (Lei n.

10.826/2003, arts. 14 ou 16), bem como desautoriza o uso de majorante de outra

infração pelo uso do instrumento desprovido de efetiva lesividade.

48. O presidente de uma comissão parlamentar mista de inquérito, após as devidas

formalidades, ordenou, de forma sigilosa e reservada, a interceptação telefônica e

a quebra do sigilo de dados telefônicos de testemunha que se reservara o direito

de permanecer calada perante a comissão. Nessa situação, a primeira medida é

ilegal, visto que a interceptação telefônica se restringe à chamada reserva jurisdi-

cional, sendo permitida, por outro lado, a quebra do sigilo de dados telefônicos da

testemunha, medida que não se submete ao mesmo rigor da primeira, consoante

entendimento da doutrina majoritária.

Certo

O tema é constitucional e também de Processo Penal. Assim, embora a Constituição

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Federal preveja, em seu art. 58, § 3º, que as comissões parlamentares de inquérito

“terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros

previstos nos regimentos das respectivas Casas”, é antigo e pacífico no STF o en-

tendimento sobre a “impossibilidade jurídica de CPI praticar atos sobre os quais

incida a cláusula constitucional da reserva de jurisdição” (MS 33.663 MC, julgado

em 19/06/2015), entre as quais se inclui, por expressa disposição constitucional,

a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, somente violadas “por ordem

judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação

criminal ou instrução processual penal” (CF, art. 5º, inciso XII).

Sem embargo, é também do STF o posicionamento de que “o princípio constitu-

cional da reserva de jurisdição – que incide sobre as hipóteses de busca domiciliar

(CF, art. 5º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e de decretação da

prisão, ressalvada a situação de flagrância penal (CF, art. 5º, LXI) – não se es-

tende ao tema da quebra de sigilo, pois, em tal matéria, e por efeito de expressa

autorização dada pela própria Constituição da República (CF, art. 58, § 3º), assiste

competência à CPI, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a

excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas” (MS 23.652, julgado

em 22/11/2000; HC 100.341, julgado em 04/11/2010).

Isto posto, correta a questão proposta, não se havendo de invocar a cláusula da

reserva de jurisdição a impedir que CPI decrete a quebra do sigilo de dados telefô-

nicos, e não propriamente das comunicações telefônicas.

49. Três criminosos interceptaram um carro forte e dominaram os seguranças, re-

duzindo-lhes por completo qualquer possibilidade de resistência, mediante grave

ameaça e emprego de armamento de elevado calibre. O grupo, entretanto, encon-

trou vazio o cofre do veículo, pois, por erro de estratégia, efetuara a abordagem

depois que os valores e documentos já haviam sido deixados na agência bancária.

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Por fim, os criminosos acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa situação, ante a

inexistência de valores no veículo e ante a ausência de subtração de bens, elemen-

tos constitutivos dos delitos patrimoniais, ficou descaracterizado o delito de roubo,

subsistindo apenas o crime de constrangimento ilegal qualificado pelo concurso de

pessoas e emprego de armas.

Errado

Na hipótese, tem-se roubo (Código Penal, art. 157), qualificado, na forma tentada

(CP, art. 14, inciso II). Conforme Nelson Hungria, “o roubo é um crime complexo,

isto é, crime que, embora juridicamente uno, apresenta na sua estrutura, como

essentialia ou circunstâncias qualificativas, em relação de meio a fim, fatos vários,

que, em si mesmos, constituem crimes”. Assim, embora isoladamente possam

se apresentar como furto (CP, art. 155), constrangimento ilegal (CP, art. 146)

ou lesão corporal (CP, art. 129), quando praticadas em conjunto, tais condutas

amoldam-se ao delito do art. 157 do CP, que será consumado ou tentado caso

se consiga, ou não, retirar da esfera de disponibilidade e vigilância da vítima seu

bem, subtraído após o emprego de grave ameaça, violência à pessoa ou redução

da possibilidade de resistência.

No caso em apreço, iniciada a execução do delito, este apenas não se consumou

por impropriedade relativa do objeto (o dinheiro não estava no carro forte tomado

de assalto) – cabendo lembrar que somente não se pune a tentativa por absoluta

impropriedade do objeto (CP, art. 17), o que não é o caso, aqui.

Portanto, a conduta que descreve o constrangimento ilegal pode ser absorvida pelo

delito de roubo, não se desconfigurando este em caso de consumação incompleta. É

dizer que, o roubo permanece caracterizado, ainda que praticado na forma tentada.

50. O prefeito de um município dispensou licitação, fora das hipóteses previstas na

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legislação de regência, para a contratação de pessoal e bens atinentes aos festejos

de São João na cidade. Nessa situação, o delito abstratamente previsto é uma in-

fração penal em branco, homogênea ou de complementação homóloga, para cuja

caracterização é imprescindível a demonstração de prejuízo ou de dolo específico,

por não ser delito de mera conduta.

QUESTÃO ANULADA

O gabarito original dava como certa a questão, posteriormente anulada pelos mo-

tivos abaixo.

A primeira afirmação do dispositivo está correta, ao referir que o delito de dispensa

irregular de licitação (Lei n. 8.666/1990, art. 89) constitui uma infração penal em

branco, homogênea ou de complementação homóloga. Recordando, norma penal

em branco é a de conteúdo incompleto, que depende de outro ato normativo para

ter sentido. Será heterogênea quando o complemento proibitivo da lei penal estiver

contido em outro ato normativo diferente de lei (decreto, resolução, portaria, ins-

trução, etc.); e homogênea, quando o complemento proibitivo da lei penal estiver

contido em outra disposição de lei.

Ainda, a norma penal em branco homogênea será: homóloga, quando se tratar de

remissão interna (dentro da própria lei penal); ou heteróloga, quando for o caso de

remissão externa (a outra lei, diferente da própria lei penal).

Na hipótese em apreço, o complemento proibitivo do art. 89 da Lei de Licitações é

encontrado na própria Lei n. 8.666/1990, mais precisamente no art. 24 (casos de

dispensa de licitação), o que implica remissão interna e, portanto, remete a uma

norma penal em branco homogênea homóloga.

Sobre a segunda parte da questão, há uma séria controvérsia. A afirmação propos-

ta pela banca foi no sentido de que, para a caracterização da dispensa irregular de

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licitação, é “imprescindível a demonstração de prejuízo ou de dolo específico, por

não ser delito de mera conduta”. Sugeriu-se, portanto, a existência de um ou de

outro elemento (a demonstração de prejuízo ou de dolo específico).

No STF, contudo, há julgamentos em vários sentidos. Exigindo sempre a finalidade

especial de causar prejuízo aos cofres públicos:

– “2. Não restou demonstrada a vontade livre e conscientemente dirigida a superar

a necessidade de realização da licitação. Pressupõe o tipo, além do necessário dolo

simples (vontade consciente e livre de contratar independentemente da realização

de prévio procedimento licitatório), a intenção de produzir um prejuízo aos cofres

públicos por meio do afastamento indevido da licitação.” (Pleno, AP 527/PR, julga-

mento em 16/12/2010);

– “4. Não restou, igualmente, demonstrada a vontade livre e conscientemente diri-

gida, por parte dos réus, a superar a necessidade de realização da licitação. Pressu-

põe o tipo, além do necessário dolo simples (vontade consciente e livre de contratar

independentemente da realização de prévio procedimento licitatório), a intenção

de produzir um prejuízo aos cofres públicos por meio do afastamento indevido da

licitação.” (Pleno, Inq 3077/AL, julgamento em 29/03/2012);

– “3. Não se verifica a existência de indícios de vontade livre e conscientemente

dirigida por parte dos denunciados de superarem a necessidade de realização da

licitação. Pressupõe o tipo, além do necessário dolo simples (vontade consciente

e livre de contratar independentemente da realização de prévio procedimento lici-

tatório), a intenção de produzir um prejuízo aos cofres públicos por meio do afas-

tamento indevido da licitação. 4. A incidência da norma que se extrai do art. 89,

caput, da Lei n. 8.666/93 depende da presença de um claro elemento subjetivo do

agente político: a vontade livre e consciente (dolo) de lesar o Erário, pois é assim

que se garante a necessária distinção entre atos próprios do cotidiano político-ad-

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ministrativo e atos que revelam o cometimento de ilícitos penais. A ausência de

indícios da presença do dolo específico do delito, com o reconhecimento de atipici-

dade da conduta dos agentes denunciados, já foi reconhecida pela Suprema Corte

(Inq. n. 2.646/RN, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 7/5/10).”

(Pleno, Inq 2616/SP, julgamento em 29/05/2014);

– “1. O tipo penal do art. 89 da Lei n. 8.666/93 pressupõe, além do necessário dolo

simples (vontade consciente e livre de contratar independentemente da realização

de prévio procedimento licitatório), a intenção de produzir um prejuízo aos cofres

públicos por meio do afastamento indevido da licitação.” (2ª Turma, AP 700/MA,

julgamento em 23/02/2016).

Por outro lado, na Corte Suprema, reclamando somente o fim especial de agir e

dispensando o efetivo prejuízo da conduta, pode-se destacar:

– “4. O crime do art. 89 da Lei 8.666/90 é formal, consumando-se tão somente

com a dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses legais. Não se

exige, para sua configuração, prova de prejuízo financeiro ao erário, uma vez que

o bem jurídico tutelado não se resume ao patrimônio público, mas coincide com

os fins buscados pela Constituição da República, ao exigir em seu art. 37, XXI,

“licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes”.

Tutela-se, igualmente, a moralidade administrativa, a probidade, a impessoalidade

e a isonomia. 5. Para a configuração da tipicidade subjetiva do crime previsto no

art. 89 da Lei 8.666/93, o Supremo Tribunal Federal exige o especial fim de agir,

consistente na intenção específica de lesar o erário. Assim, distinguem-se as meras

irregularidades administrativas do ato criminoso e deliberado de dispensar licitação

quando à toda evidência era ela obrigatória. Destarte, não se confunde o admi-

nistrador inapto com o administrador ímprobo. Sendo flagrante a ilegalidade da

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dispensa, mostra-se configurada a intenção específica de lesar o erário, mormente

quando outros elementos probatórios apontam nessa direção.” (1ª Turma, AP 971/

RJ, julgado em 28/06/2016); e

– “2. O delito do artigo 89 da Lei 8.666/93 exige, além do dolo genérico – represen-

tado pela vontade consciente de dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses

legais –, a configuração do especial fim de agir, consistente no dolo específico de

causar dano ao erário. Desnecessário o efetivo prejuízo patrimonial à administra-

ção pública.” (1ª Turma, AP 580/SP, julgamento em 13/12/2016).

Contudo, há, também, decisões do STF, demandando a presença de ambos os re-

quisitos:

– “3. Art. 89 da Lei 8.666/93. A jurisprudência interpreta o dispositivo no sentido de

exigir o prejuízo ao erário e a finalidade específica de favorecimento indevido como

necessários à adequação típica – INQ 2.616, relator min. Dias Toffoli, Tribunal Ple-

no, julgado em 29.5.2014.” (2ª Turma, AP 683/MA, julgamento em 09/08/2016).

Por tais motivos, a questão foi anulada acertadamente, já que mais seguro seria

afirmar que, atualmente, segundo STF, imprescindível é o dolo específico do agente

para a caracterização do crime do art. 89 da Lei 8.666/1990.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Acerca da custódia cautelar e suas modalidades, dos atos processuais e seus

sujeitos, bem como da ação penal, julgue os itens que se seguem.

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51. As intimações e os comunicados de atos processuais, no âmbito dos juizados

especiais criminais, podem ser feitos, de forma válida, por meio de correspondên-

cia ou qualquer outro meio idôneo de comunicação para cientificar seus destinatá-

rios, como por exemplo, por telegrama, por fax ou por telefonema.

QUESTÃO ANULADA

O art. 66 da Lei 9.099/95 não se permite concluir que qualquer ato possa ser realizado

e por qualquer meio idôneo, consoante redação do próprio dispositivo. A comunicação

processual do poder judiciário no exercício da jurisdição é realizada por atos proces-

suais através das intimações, notificações ou citação. A citação será pessoal e far-se-á

no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Esta questão foi anulada

porque asseverou de forma confusa terminologias válidas, porém ineficientes, não se

incluindo nos comunicados a citação, que por sua vez não poderia ser realizada por

qualquer meio. Optou a banca por anular a questão ao revés de considerá-la errada.

52. Em se tratando de ações penais privadas, prevalece, no processo penal, a com-

petência de foro, com preponderância do interesse do queixoso no que diz respeito

à distribuição territorial da competência.

Errado

Conforme apregoa o art. 73, do CPP, a competência territorial nas ações penais

privadas é concorrente entre o foro do domicílio ou residência do réu, ainda que

conhecido o lugar da infração. Em outras palavras, a demanda poderá ser distribuí-

da no foro do domicílio do réu ou lugar da infração (regra geral do art. 70 do CPP),

à escolha do querelante ou queixoso. A competência, seja ela concorrente, como a

do caso em tela, seja ela exclusiva, como em regra geral, é sempre uma imposição

do legislador. Quando a questão se refere à competência de foro, está se referindo

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à regra geral do art. 70 do CPP, qual seja competência do lugar onde se consumou

a infração, adotando-se como regra geral de competência territorial a teoria do re-

sultado da infração penal. Assim, lugar da infração para efeitos de determinação ou

fixação de competência é no local onde a infração se consumou. Em se tratando de

ação penal privada, local da consumação (lugar da infração), domicílio ou residên-

cia do réu, conforme art. 73, do CPP.

53. Considere que, no curso de inquérito policial em que se apure crime de ação

pública incondicionada, quando da primeira remessa dos autos ao Poder Judiciário

com solicitação de retorno para novas diligências, a vítima do delito requeira a sua

habilitação nos autos como assistente de acusação. Nessa situação, o pedido deve

ser negado, visto que a figura do assistente é admitida no processo somente após

o recebimento da denúncia e antes do trânsito em julgado da sentença.

Certo

Conforme se depreende do art. 268, “Em todos os termos da ação pública, poderá

intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante

legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31.” e do art. 269.

“O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e rece-

berá a causa no estado em que se achar.”. Segundo o entendimento doutrinário

amplamente majoritário, a redação dos dispositivos enseja interpretação de que

a assistência se dê somente durante o processo, tendo em vista que o art. 268 se

refira à expressão “em todos os termos da ação pública” e o art. 269, à expressão

“enquanto não passar em julgado”, que significa até seu trânsito em julgado. Como

a natureza jurídica do inquérito policial é de procedimento administrativo, deduz-se

que o instituto é inerente ao processo após oferecimento da denúncia.

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54. Suponha que um agente penalmente capaz pratique um roubo e, perseguido

ininterruptamente pela polícia, seja preso em circunscrição diversa da do cometi-

mento do delito. Nessa situação, a autoridade policial competente para a lavratura

do auto de prisão em flagrante é a do local de execução do delito, sob pena de nu-

lidade do ato administrativo.

Errada

Conforme o art. 290, do CPP, se o réu (rectius, réu, indiciado ou infrator, pois

estamos falando de situação anterior à ação penal, por se tratar de hipótese de

flagrante delito e não de captura de réu somente), sendo perseguido, passar ao

território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão

no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que,

depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção

do preso. Assim, tanto a captura do réu fugitivo, indiciado ou aquele infrator que

cometeu um crime e está diante das circunstâncias do art. 302, III do CPP, sua

captura após perseguição ensejará sua apresentação ao delegado de polícia com

atribuição na circunscrição respectivamente onde aquela captura ocorreu e não no

local da execução do delito.

Em cada um dos itens de 55 a 60, é apresentada uma situação hipotética, se-

guida de uma assertiva a ser julgada em relação ao inquérito policial e suas pe-

culiaridades, às atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório no processo

penal brasileiro.

55. No curso de inquérito policial presidido por delegado federal, foi deferida a in-

terceptação telefônica dos indiciados, tendo sido a transcrição dos dados em laudo

pericial juntada em apenso aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. Enca-

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minhado o procedimento policial ao Poder Judiciário, o juiz permitiu o acesso da

imprensa ao conteúdo dos dados da interceptação e a sua divulgação, sob o funda-

mento de interesse público à informação. Nessa situação hipotética, independen-

temente da autorização judicial de acesso da imprensa aos dados da interceptação

telefônica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a prova colhida, uma vez

que o procedimento em questão, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é

sigiloso, por expressa regra constitucional.

Errada

O art. 1º, da Lei n. 9.296/96, que dispõe sobre interceptação, assevera que este

procedimento será sigiloso, in verbis: “A interceptação de comunicações telefô-

nicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução

processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz

competente da ação principal, sob segredo de justiça.”

Porém, por uma interpretação a contrassenso é plenamente possível que o sigilo

seja desvelado por ordem judicial, conforme art. 10, do mesmo diploma: “Constitui

crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou tele-

mática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos

não autorizados em lei.”

56. Um homem penalmente capaz foi preso e autuado em flagrante pela prática de

tráfico ilícito de entorpecentes. Ao final do processo-crime, o juiz da causa determi-

nou a juntada do laudo toxicológico definitivo, o que não ocorreu. Nessa situação,

de acordo com a jurisprudência do STJ, não poderá o juiz proferir sentença conde-

natória valendo-se apenas do laudo preliminar da substância entorpecente.

Certo

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A assertiva pelo gabarito oficial está correta em 2013, porém, em 2016 o candidato

deve se atentar, quanto a esta questão, sobre o laudo prévio ser ou não capaz de

ser preciso, tanto quanto o laudo definitivo.

As questões sobre este assunto, a partir de 26/10/2016 precisarão trazer esta dis-

tinção sob pena de serem contestadas. Esta discussão decorre da redação do art.

50, §§1º e 2º da Lei 11.343/06: “Art. 50 – Ocorrendo prisão em flagrante, a auto-

ridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,

remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministé-

rio Público, em 24 (vinte e quatro) horas.

§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da

materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quanti-

dade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará

impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.”

§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez)

dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a

destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização

do laudo definitivo.”

Neste sentido, trazemos à colação alguns precedentes do STJ com este viés inter-

pretativo, inclusive a decisão da Terceira Seção que pacificou este entendimento:

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça firmou a orientação de que a au-

sência do laudo toxicológico definitivo não pode ser suprida pela juntada do laudo

provisório, impondo-se a absolvição do réu da imputação do crime de tráfico ilícito

de entorpecentes, por ausência de comprovação da materialidade delitiva. Prece-

dentes no mesmo sentido “HC 228.928/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DE-

SEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), Rel. p/ Acórdão Ministro CAMPOS MAR-

QUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PR), QUINTA TURMA, julgado em

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27/08/2013, DJe 16/09/2013); (HC 287.879/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS

JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 19/8/2014, DJe 2/9/2014).”

Contudo, no âmbito do STJ, havia entendimento no sentido oposto, na qual se asse-

verava que o laudo preliminar poderia em situações excepcionais, servir como com-

provação do crime através do próprio laudo provisório, desde que permita grau de

certeza idêntico ao do laudo definitivo, conforme os precedentes REsp 1.009.380/

MS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 12/05/2009,

DJe 15/06/2009; AgRg no RHC 35.540/PA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZ-

ZE, QUINTA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 26/02/2014; HC 312.888/AL, Rel.

Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe 25/08/2015

A decisão da Terceira Seção, no AgRg no AgRg no REsp 1544057/RJ, Rel. Ministro

NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 24/05/2016, DJe 06/06/2016, po-

rém é necessário muito cuidado com esta questão, foi oposto embargos de diver-

gência desta decisão (EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP N. 1.544.057 – RJ

(2015/0173496-7) julgado em 26/10/2016, o Ministro asseverou que se o laudo

definitivo somente seria necessário se o laudo prévio não pudesse constatar a na-

tureza da droga com a mesma certeza que o laudo definitivo.

57. Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações bancárias na moda-

lidade de saques e transferências eletrônicas em contas de inúmeros clientes de

determinada agência do Banco do Brasil. A instituição financeira ressarciu todos os

clientes lesados e arcou integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes

perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia Federal a instau-

ração do inquérito policial, porquanto a ela compete, com exclusividade, a apura-

ção de crimes praticados contra bens e serviços da União.

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Errado

O Banco do Brasil pertence à administração pública indireta da União, contudo é uma

pessoa jurídica de direito privado, sociedade anônima de capital aberto, de economia

mista. Apesar de seu vínculo indireto com a União, não se coaduna com as infrações

penais que devem ser apuradas pela polícia federal. A principal fonte normativa so-

bre atribuições da polícia federal é a Constituição. Dispõe seu art. 144, §1º, I, CR:

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de to-

dos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pesso-

as e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e man-

tido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de

bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas

públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual

ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;”

A interpretação das atribuições da polícia federal é restritiva, entendendo-se União,

pessoa jurídica de direito público da administração direta. Quanto às pessoas jurí-

dicas pertencentes à administração pública indireta a Constituição somente cita as

autarquias, como por exemplo o INSS, e empresas públicas, como a Petrobras, a

Caixa Econômica Federal, ECT, BNDES etc.

Veja, portanto, que não se inclui as sociedades de economia mista.

58. Um delegado da Polícia Federal instaurou inquérito policial, mediante portaria,

para investigar a conduta de deputado federal suspeito da prática de crimes contra

a administração pública. Intimado para oitiva nos autos, o parlamentar impetrou

habeas corpus contra o ato da autoridade policial, sob o argumento de usurpação

de competência originária do STF. Nessa situação hipotética, assiste razão ao impe-

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trante, visto que, para a instauração do procedimento policial, é necessário que a

autoridade policial obtenha prévia autorização da Câmara dos Deputados ou do STF.

Errado

Segundo entendimento predominante do STF, veiculado no informativo 483 no bojo

do inquérito 2.411/MT e do HC 94.705/RJ: “A inobservância da prerrogativa de foro

conferida a Deputado Estadual, ainda que na fase pré-processual, torna ilícitos os

atos investigatórios praticados após sua diplomação (HC 94.705/RJ, relator Minis-

tro Ricardo Lewandowski). A partir da diplomação, o Deputado Estadual passa a ter

foro privativo no Tribunal de Justiça, inclusive para o controle dos procedimentos

investigatórios, desde o seu nascedouro até o eventual oferecimento da denúncia

(Inq 2.411/MT, Relator Gilmar Mendes).” Assim, não se insere neste contexto a

autorização da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, no caso de um inves-

tigado parlamentar, mas somente a do Tribunal ao qual o mesmo possui o foro por

prerrogativa, qual seja, o STF.

59. José foi indiciado em inquérito policial por crime de contrabando e, devidamen-

te intimado, compareceu perante a autoridade policial para interrogatório. Ao ser

indagado a respeito de seus dados qualificativos para o preenchimento da primeira

parte do interrogatório, José arguiu o direito ao silêncio, nada respondendo. Nessa

situação hipotética, cabe à autoridade policial alertar José de que a sua recusa em

prestar as informações solicitadas acarreta responsabilidade penal, porque a lei é

taxativa quanto à obrigatoriedade da qualificação do acusado.

Certo

Segundo o art. 68 da LCP, “Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamen-

te solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade,

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estado, profissão, domicílio e residência:”

Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e multa,

de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o fato não constitui infração penal

mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações inverídicas a res-

peito de sua identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.

É possível, ainda, dependendo do caso concreto a responsabilidade penal prevista

no o art. 307 ou 308, ambos do Código Penal.

60. Uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou, em larga escala,

diversos roubos de cargas e valores transportados por empresas privadas em inú-

meras operações interestaduais, o que ensejou a atuação da Polícia Federal na co-

ordenação das investigações e a instauração do competente inquérito policial.

Nessa situação hipotética, findo o procedimento policial, os autos deverão ser re-

metidos à justiça estadual, pois a atuação da Polícia Federal não transfere à justiça

federal a competência para processar e julgar o crime.

Certo

Segundo a Lei 10.446/02, que trata das atribuições da polícia federal, ao qual é

aludida na parte final do art. 144, §1º, I da CR/88, o candidato deve lembrar que

a atribuição não se confunde com competência de justiças. É importante notar que

algumas infrações penais, como furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive

bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando

houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Fede-

ração, apesar de se inserirem como atribuições da polícia federal, a competência

de justiça, ou seja, a legitimidade para o exercício da jurisdição, onde o processo

criminal tramitará, com o oferecimento da denúncia, deve atender ao rol taxativo

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do art. 109, CR, onde fica estabelecido a competência da justiça federal.

Como os crimes da questão não estão inseridos neste rol, resta, por competência

residual, a justiça estadual. Assim, ao fim da investigação da polícia federal, o órgão

competente será uma vara criminal de alguma comarca conforme dispuser o código

de organização e divisão judiciária de cada estado, conforme as regras de fixação de

competência previstas no Código de Processo Penal em seu art. 69, do CPP.

É a orientação preconizada pela 5ª e 6ª T do STJ: RHC 62436/SC. QUINTA TURMA,

Min. Rel. RIBEIRO DANTAS, DJe 27/09/2017 e RHC 50.011/PE, Rel. Ministro SE-

BASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 16/12/2014

A respeito dos processos em espécie, dos princípios que orientam o processo

penal e da sentença criminal, julgue os próximos itens.

61. Nos casos de crimes afiançáveis de responsabilidade do funcionário público, a

legislação processual antecipa o contraditório antes de inaugurada a ação penal,

com a apresentação da defesa preliminar.

Certo

Conforme o art. 514 do CPP, que dispõe sobre os procedimentos especiais por cri-

mes praticados por funcionários públicos, assevera o dispositivo que: “Nos crimes

afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará au-

tuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do

prazo de quinze dias.”

Como se percebe, tratava-se de previsão de um juízo de admissibilidade da acusa-

ção nos crimes praticados por funcionários públicos, desde a vigência do código em

1º de janeiro de 1942. Na época, o procedimento ordinário e sumário eram total-

mente distintos do que se apresenta atualmente, após a alteração trazida pela Lei

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n. 11.719/08, na qual prevê como regra este mesmo juízo de admissibilidade para

os procedimentos comuns, assemelhando-se ao procedimento especial, conforme

preceitua a atual redação do art. 394, §4º do CPP.

Quanto à expressão “nos crimes afiançáveis”, o art. 323, do CPP, com a redação

introduzida pela Lei n. 12.403/11, fez com que a mesma perdesse o sentido haja

vista que os crimes inafiançáveis são outros ali elencados, não fazendo mais dife-

rença esta distinção, pois, atualmente, todos os crimes praticados por funcionários

públicos são afiançáveis.

62. Suponha que a instrução criminal de um processo tenha sido presidida pelo juiz

titular de determinada vara e que, na fase decisória, a sentença condenatória tenha

sido proferida por juiz substituto, diverso do que tenha colhido as provas e acompa-

nhado a instrução processual. Suponha, ainda, que a defesa, no prazo legal, tenha

apelado da decisão sob a argumentação de nulidade absoluta da sentença conde-

natória em face de ter sido proferida por juiz que não presidira à instrução. Nessa

situação hipotética, não assiste razão à defesa, visto que não vigora, no processo

penal, o princípio da identidade física do juiz.

QUESTÃO ANULADA

Segundo o Art. 399, §2º, CPP, introduzido pela Lei n. 11.719/08, instituiu-se o

princípio da identidade física do juiz no processo penal brasileiro, corolário lógico

do princípio da oralidade. Princípio este que somente estava instituído no art. 132

do CPC de 1973, na qual não possui redação correspondente ao novo CPC instituído

pela Lei n. 13.105/15.

Assim dispõe o art. 399: “Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e

hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Mi-

nistério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.

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§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.”

A questão é do ano de 2013 e, neste contexto, segundo o entendimento do STJ,

o art. 399, §2º do CPP, não dispôs de exceção ao princípio como teria feito o art.

132 do CPC/73, que deveria ser aplicado por analogia: “Art. 132. O juiz, titular ou

substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, li-

cenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que

passará os autos ao seu sucessor.”

Como se pode verificar, a questão trata de decisão proferida pelo juiz substituto,

contudo, não elenca qual a hipótese motivadora de troca do juiz titular, o que en-

sejou anulação da questão pela banca organizadora.

63. Considere a seguinte situação hipotética.

João, penalmente capaz, no decorrer de uma discussão de trânsito, agrediu Manuel,

tendo a agressão causado ferimentos de natureza leve na vítima. Apresentadas as

partes à autoridade policial, Manuel representou criminalmente contra o autor do

fato, tendo sido lavrado o competente termo circunstanciado.

Na fase judicial, o MP propôs ao autor a transação penal com a aplicação imediata

de pena de multa, o que foi aceito por João, com a consequente homologação do

acordo pelo juiz da causa. Transitada em julgado a decisão homologatória, João

deixou de efetuar o pagamento da multa.

Nessa situação hipotética, ao MP cabem o oferecimento da denúncia em detrimento

de João e a instauração da competente ação penal.

QUESTÃO ANULADA

A transação penal é acordo celebrado entre o Ministério Público e o autor do fato,

no bojo da moderna visão do processo penal, qual seja, justiça penal consensual,

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por meio do qual há proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direito ou

multa, dispensando-se a instauração de processo criminal.

Segundo o art. 76 da Lei 9.099/95, “Havendo representação ou tratando-se de

crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o

Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos

ou multas, a ser especificada na proposta.”

Com isso, é possível que a transação estipule multa ou pena restritiva de direitos.

No caso de multa há controvérsias cobre o tema. Há quem entenda que se deva

aplicar por analogia o art. 51 do Código Penal e não o art. 85 da Lei n. 9.099/95,

por ser a redação daquele artigo do CP alterado pela Lei 9.268/96, teria revogado

o da Lei 9.099/95.

Em outras palavras, quando a transação for imposição de multa, a mesma deve

ser executada por meio de inscrição do valor em dívida ativa pela Fazenda Pública,

iniciando-se uma execução fiscal. O outro entendimento deveria ser a propositura

da ação penal respectiva, como preleciona a súmula vinculante 35 do STF.

Há ainda os enunciados do FONAJE, número 8, os quais dispõem que “A multa deve

ser fixada em dias-multa, tendo em vista o art. 92 da Lei 9.099/95, que determina

a aplicação subsidiária dos Códigos Penal e de Processo Penal.”

Além disso, o Enunciado 15 orientava a execução da multa pela Fazenda, posterior-

mente este enunciado foi substituído pelo 87, que fixava a competência do próprio

juizado para a execução da multa.

Julgue os itens seguintes com base na Lei n. 11.343/2006

64. A autoridade de polícia judiciária deve comunicar ao juiz competente a prisão

em flagrante no prazo improrrogável de cinco dias, remetendo-lhe cópia do auto

lavrado, do qual será dada vista ao MP em até vinte e quatro horas.

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Errado

Seja pelo prazo estabelecido no art. 10 do CPP, cujo prazo é de 10 (dez) dias para

indiciado preso, ou pelo prazo previsto no art. 66 da Lei 5.010/66 que trata da Lei

Orgânica da Justiça Federal, segundo o qual o inquérito policial no âmbito da polícia

federal deve seguir.

65. Conforme entendimento pacificado do STJ, a eventual ilegalidade da prisão

cautelar por excesso de prazo para conclusão da instrução criminal deve ser ana-

lisada à luz do princípio da razoabilidade, sendo permitida ao juízo, em hipóteses

excepcionais, a extrapolação dos prazos previstos na lei processual penal.

Certo

Inicialmente, esta questão possui algumas súmulas do STJ que o candidato deve

ter em mente: a) Súm. 21 do STJ: “Com a pronúncia resta superado o alegado

constrangimento ilegal por excesso de prazo na instrução”; b) Súmula n. 52 do

STJ: "Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento

ilegal por excesso de prazo; e c) "Súmula n. 64 do STJ: “Não há constrangimento

ilegal por excesso de prazo se a demora, em feito complexo, decorre de requeri-

mentos da própria defesa”.

Antes da Lei 11.719/90, a doutrina apontava um prazo de 81 dias como base para

compreender o tempo de duração do processo, somando-se os prazos previstos no

procedimento ordinário, cujos entendimentos jurisprudenciais passaram a admitir

exceções a essa regra, tornando-se os oitenta e um dias apenas um prazo referen-

cial, tendo em vista, em razão da complexidade do caso, ser estendido.

Segundo a doutrina, após o advento da referida lei o prazo passou a ser considera-

do em casos simples no procedimento sumário de 62 dias e 92 dias, no ordinário,

porém, em se tratando de casos complexos, o prazo passou a ser, respectivamente,

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de 157 dias e 187 dias.

Tanto o STJ, quanto o STF adotam alguns critérios para analisar a razoabilidade da

duração processual, quais sejam a complexidade do caso, a conduta das partes,

notadamente a parte ré e conduta das autoridades judiciárias. Ver informativo 525,

STJ (STJ – RHC – Rel. Vicente Cernicchiaro – DJU, 16.12.1991, p. 18.553; STJ –

RHC – Rel. Vicente Cernicchiaro – DJU, 07.06.1993, p. 11.275.

Salientamos, por oportuno o prazo previsto no art. 22 da Lei 12.850/13 é de 120 dias

prorrogável por mais 120, e em caso de interposição de recurso em sentido estrito,

soma-se a isso mais 68 dias, e em caso de recurso de apelação um prazo de 108 dias.

66. O crime de tráfico de drogas é inafiançável e o acusado desse crime, insuscetí-

vel de sursis, graça, indulto ou anistia, não podendo as penas a que eventualmente

seja condenado ser convertidas em penas restritivas de direitos.

Errado

Apesar de os arts. 33, § 4º e 44, ambos da Lei 11.343/06, vedarem a conversão

das penas previstas na lei em restritivas de direitos, o STF no HC 97.256/RS, decla-

rou incidenter tantum a inconstitucionalidade da expressão, que, posteriormente,

tornou-se erga omnes com a Resolução do Senado Federal n. 5 de 2012, que não

obstante se referir apenas o §4º do art. 33, o STF e a doutrina entenderam que se

estende ao art. 44 também.

67. É legal a manutenção da custódia cautelar sob o único fundamento da vedação

da liberdade provisória a acusados de delito de tráfico de drogas, consoante a ju-

risprudência STF.

Errado

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O STF no HC 104.339/SP considerou inconstitucional, incidenter tantum, esta parte

do dispositivo que proíbe a liberdade provisória por entender que a proibição de

liberdade provisória ex lege atribui a uma medida cautelar o mesmo efeito de uma

pena antecipada. Contudo para se atribuir efeito erga omnes, submeteu-se o RE

1.038.925 à repercussão geral, que no mérito, reafirmaram esse entendimento.

No que se refere aos crimes de lavagem de dinheiro, julgue os itens subsecuti-

vos com base no direito processual penal.

68. Compete à justiça federal processar e julgar os acusados da prática de crimes

de lavagem de dinheiro, uma vez que a repressão a esses crimes é imposta por

tratado internacional.

Errado

A questão está errada porque a competência da justiça federal não é atraída pelo

simples fato do Brasil ser signatário de tratados em que se compromete ao enfren-

tamento daqueles delitos previstos no documento ratificado, mas sim quando há o

critério da internacionalidade, ou seja, o delito terá que produzir efeitos em outro

país, seja do estrangeiro para o Brasil ou daqui para lá.

69. A simples existência de indícios da prática de um dos crimes que antecedem o

delito de lavagem de dinheiro, conforme previsão legal, autoriza a instauração de

inquérito policial para apurar a ocorrência do referido delito, não sendo necessária

a prévia punição dos acusados do ilícito antecedente.

Certo

Tendo em vista que a redação do art. 1º da Lei 9.613/98 em sua redação originária

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ou na redação após a Lei 12.683/12 possui a exegese, segundo a doutrina e a ju-

risprudência, de autonomia ao delito antecedente, bastando para a configuração do

delito de lavagem indícios de autoria e prova do delito antecedente, permitindo-se,

consequentemente, a instauração de inquérito policial. Ademais, os arts. 2º, II e

§1º do mesmo diploma deixam este entendimento bem evidenciado.

70. Conforme a jurisprudência do STJ, não impede o prosseguimento da apuração

de cometimento do crime de lavagem de dinheiro a extinção da punibilidade dos

delitos antecedentes.

Certo

A questão está correta, sendo este entendimento da 5ª Turma do STJ no Habeas

Corpus 207.936/MG, j. em 27.03.12, Rel. Min. Jorge Mussi. A própria lei de lavagem

em seu art. 2º, II e §1º da Lei 9.613/98. Neste sentido foi o informativo 494, do STJ:

PRESCRIÇÃO. CRIME ANTECEDENTE. LAVAGEM DE DINHEIRO

A extinção da punibilidade pela prescrição quanto aos crimes antecedentes não im-

plica o reconhecimento da atipicidade do delito de lavagem de dinheiro (art. 1º da

Lei n. 9.613/1998) imputado ao paciente. Nos termos do art. 2º, II, § 1º da lei men-

cionada, para a configuração do delito de lavagem de dinheiro, não há necessidade

de prova cabal do crime anterior, mas apenas a demonstração de indícios suficientes

de sua existência. Assim, o crime de lavagem de dinheiro é delito autônomo, inde-

pendente de condenação ou da existência de processo por crime antecedente. Prece-

dentes citados do STF: HC 93.368-PR, DJe 25/8/2011; HC 94.958-SP, DJe 6/2/2009;

do STJ: HC 137.628-RJ, DJe 17/12/2010; REsp 1.133.944-PR, DJe 17/5/2010; HC

87.843-MS, DJe 19/12/2008; APn 458-SP, DJe 18/12/2009, e HC 88.791-SP, DJe

10/11/2008. HC 207.936-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 27/3/2012.

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71. No que se refere à legitimidade para o polo passivo da ação penal por lavagem

de capitais, é dispensável a participação do acusado do crime de lavagem de di-

nheiro nos delitos a ele antecedentes, sendo suficiente que ele tenha conhecimento

da ilicitude dos valores, dos bens ou de direitos cuja origem, localização, disposi-

ção, movimentação ou propriedade tenha sido ocultada ou dissimulada.

Certo

A questão está correta tendo em vista que o crime é classificado como comum, não

havendo no art. 1º, §1º da Lei 9.613/98 a exigência que o sujeito ativo do crime,

consequentemente aquele que figurará como réu em futura ação penal, qualquer

qualidade especial, razão pela qual, não precisa o sujeito ativo do crime de lava-

gem, autor ou partícipe do delito anterior, basta que tenha consciência e vontade

de praticar quaisquer das condutas do referido dispositivo sabendo que os valores,

bens ou direitos, cuja origem, localização, disposição, movimentação ou proprieda-

de sejam provenientes de infração penal.

Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados

eram acusados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de

substâncias entorpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu

a interceptação das comunicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente

autorizada pela justiça estadual, foi executada pela polícia militar. No decorrer das

investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações telefônicas,

verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças

Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da

substância entorpecente para o exterior. O inquérito passou a tramitar na justiça

federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período de interceptação. Com a

denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção foram repro-

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duzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas

aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do

procedimento relativo às interceptações telefônicas, julgue os itens de 72 a 76.

72. Ao instaurar imediatamente inquérito policial e requerer as interceptações tele-

fônicas para averiguar as acusações contra seus comandados, o delegado em ques-

tão agiu corretamente, em obediência ao princípio da moralidade administrativa.

Errado

Tendo em vista que no âmbito do STF assentou-se o entendimento de que não é

possível a instauração de inquérito policial com base exclusivamente em denúncia

anônima, consequentemente, a interceptação também não é lícita. O fundamento,

outrossim, não perpassa pela moralidade administrativa, mas sim pelos requisitos

exigidos pela Lei 9.296/96, que exige para a interceptação que esta seja a última

medida investigativa. (STF, MC em HC/RO 100.042-0)

73. Apesar de a lei prever o prazo máximo de quinze dias para a interceptação te-

lefônica, renovável por mais quinze, não há qualquer restrição ao número de pror-

rogações, desde que haja decisão fundamentando a dilatação do período.

Certo

Tendo em vista que vem sendo esse o entendimento no âmbito dos Tribunais Su-

periores. (STJ, HC/RJ 129.064, p. 15.06.09; HC/DF 25.268)

“(...) 2. É possível a renovação sucessiva de interceptações telefônicas, já que o

prazo de 15 dias, previsto no art. 5º da Lei n. 9.296/96, é prorrogável por igual pe-

ríodo, quantas vezes for necessário, devendo-se observar, contudo, o princípio da

razoabilidade e a necessidade da medida para a atividade investigatória, compro-

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vada concretamente em decisão fundamentada. Precedentes do STJ e do STF. (...)”

74. Segundo o entendimento do STF, é permitido, em caráter excepcional, à polícia mi-

litar, mediante autorização judicial e sob supervisão do MP, executar interceptações te-

lefônicas, sobretudo quando houver suspeita de envolvimento de autoridades policiais

civis nos delitos investigados, não sendo a execução dessa medida exclusiva da autori-

dade policial, visto que são autorizados, por lei, o emprego de serviços e a atuação de

técnicos das concessionárias de serviços públicos de telefonia nas interceptações.

Certo

A questão baseou-se em um entendimento do STF de maio de 2012, pelo qual

a 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que se alegava nulidade de intercepta-

ção telefônica realizada pela polícia militar em suposta ofensa ao art. 6º da Lei

9.296/96 (“Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de

interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua

realização”). Na espécie, diante de ofício da polícia militar, dando conta de suposta

prática dos crimes de rufianismo, manutenção de casa de prostituição e submissão

de menor à exploração sexual, a promotoria de justiça requererá autorização para

interceptação telefônica e filmagens da área externa do estabelecimento da pacien-

te, o que fora deferida pelo juízo.

Asseverou-se que o texto constitucional autorizaria interceptação telefônica para

fins de investigação criminal ou de instrução processual penal, por ordem judicial,

nas hipóteses e na forma da lei (CF, art. 5º, XII). Sublinhou-se que seria típica

reserva legal qualificada, na qual a autorização para intervenção legal estaria sub-

metida à condição de destinar-se à investigação criminal ou à instrução processual

penal. Reconheceu-se a possibilidade excepcional de a polícia militar, mediante

autorização judicial, sob supervisão do parquet, efetuar a mera execução das inter-

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ceptações, na circunstância de haver singularidades que justificassem esse deslo-

camento, especialmente quando, como no caso, houvesse suspeita de envolvimen-

to de autoridades policiais da delegacia local. Consignou-se não haver ilicitude, já

que a execução da medida não seria exclusiva de autoridade policial, pois a própria

lei autorizaria o uso de serviços e técnicos das concessionárias (Lei 9.296/96, art.

7º) e que, além de sujeitar-se ao controle judicial durante a execução, tratar-se-ia

apenas de meio de obtenção da prova (instrumento), com ela não se confundindo.

(STF, informativo 666, HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2012)

75. Autorizadas por juízo absolutamente incompetente, as interceptações telefôni-

cas conduzidas pela autoridade policial são ilegais, por violação ao princípio consti-

tucional do devido processo legal.

Errado

A questão está errada tendo em vista o entendimento dos Tribunais Superiores em

diversos casos como de declínio de competência da justiça estadual para a fede-

ral ou da justiça militar para a justiça estadual, que seriam juízos absolutamente

incompetentes em razão da matéria ou em razão da denominada competência de

justiça constitucional, contudo, entendeu que não haveria invalidação da prova

porquanto ao tempo do deferimento se consideravam competentes, sobrevindo

declínio posterior a decisão.

Nos casos julgados, semelhante ao caso concreto da prova, não havia, no início da

investigação, indícios de que o juízo já seria absolutamente incompetente, tendo

surgido informação neste sentido, posteriormente a medida em andamento. (HC

148.908/MS, Rel. Ministra Laurita Vaz, DJ de 4.5.2011; HC 129.064/RJ, Rel. Minis-

tro Felix Fischer, DJe de 15.6.2009; HC/DF 25.268, j. 27.03.12):

“(...)1. Segundo jurisprudência pacífica desta Corte Superior, a posterior declinação

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de competência do Juízo não tem o condão de, só por si, invalidar a prova colhida

mediante interceptação telefônica, em procedimento cautelar pré-processual, or-

denado na fase investigatória por decisão devidamente fundamentada e em respei-

to às exigências legais, ainda mais se os fatos desenrolavam-se em diversos locais,

de sorte que, até então, aquele Juízo era o competente para tal ato. (...)”

76. Na situação considerada, ainda que o CD-ROM com o conteúdo das conversas

telefônicas tenha sido juntado aos autos da ação penal, houve violação aos princí-

pios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, dada a ausência de trans-

crição integral do conteúdo interceptado.

QUESTÃO ANULADA

A questão foi anulada porque admitia duas respostas, tendo em vista os posiciona-

mentos divergentes entre o STJ e o STF à época da prova.

O informativo 404 do STJ de 2009, entendeu a Sexta Turma que não haveria viola-

ção aos princípios mencionados:

“Não há ofensa ao princípio da ampla defesa no fato de o juiz de primeiro grau não

realizar a transcrição dos diálogos decorrentes de interceptação telefônica, pois se

disponibilizou para os defensores a mídia na qual todas as conversas encontram-se

gravadas. Logo, a Turma, por maioria, negou provimento ao recurso. Precedentes

citados: HC 101.808-MT, DJe 4/8/2008, e HC 86.255-DF, DJ 17/12/2007. RHC

20.472-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/8/2009.”

Contudo, por maioria, o Plenário do STF entendeu, no bojo da AP/AM 508, em feve-

reiro de 2013, que faz parte da formalidade da Lei 9.296/96 a transcrição integral

das conversas gravadas:

“INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA – MÍDIA – DEGRAVAÇÃO. A degravação consubs-

tancia formalidade essencial a que os dados alvo da interceptação sejam conside-

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rados como prova – artigo 6º, § 1º, da Lei n. 9.296/96.”

Em razão da ausência de orientação da questão, acabou por admitir duas respostas

possíveis, acarretando sua anulação.

CRIMINOLOGIA

Julgue os itens a seguir, relacionados aos modelos teóricos da criminologia.

77. O surgimento das teorias sociológicas em criminologia marca o fim da pesquisa

etiológica, própria da escola ou do modelo positivista.

Errado

Com a Escola Moderna da criminologia rompeu-se com uma visão das causas da

criminalidade voltada apenas para teorias individualistas, voltadas apenas para o

ser humano. Houve um direcionamento para as razões sociológicas ou ambientais,

fazendo surgir, assim, as diversas teorias sociológicas, dentre elas as teorias do

conflito e as teorias do consenso. A criação das teorias sociológicas marcou uma

ampliação dos conhecimentos sobre as causas e concausas da criminalidade. An-

tes, existia um determinismo marcado pela Escola Positiva, voltada para um viés

apenas biológico. Com as teorias sociológicas, passou-se a adotar na Criminologia

moderna um foco de análise multifatorial, baseado em um viés bioantropológico,

sociológico e psicológico, ou seja, não houve um rompimento das pesquisas etioló-

gicas do crime, a gênese do delito.

78. De acordo com o interacionismo simbólico, ou simplesmente interacionismo,

cuja perspectiva é macrossociológica, deve-se indagar como se define o criminoso,

e não quem é o criminoso.

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Errado

Como foi abordado, a Escola Moderna rompeu com as concepções da Escola Positi-

va e Clássica, que se voltavam para a análise da criminalidade apenas sob o perfil

individual, ou seja, focadas apenas no delinquente. Ampliou-se o foco de análise,

passando-se a se considerar, também, as razões sociológicas ou ambientais, para

explicar as causas da criminalidade, surgindo, assim, as diversas teorias sociológi-

cas, dentre elas as teorias do conflito e as teorias do consenso.

As teorias do consenso partem da concepção de que não existe um dissenso quanto

às regras estabelecidas dentro de uma sociedade, apenas existem pessoas que não

conseguem ou não querem seguir tais regras, sendo este o fundamento para a ocor-

rência dos crimes, pois as pessoas não estariam seguindo as regras apresentadas.

Já as teorias do conflito partem do pressuposto em que a criminalidade é fruto em

si do próprio sistema de regras estabelecidos dentro de uma sociedade, sendo que,

uma minoria dominante, para manter a realidade social como se encontra, utiliza

da imposição de normas contra uma maioria, que não concorda, fazendo surgir

desse conflito a postura desviante e a constituição daquilo que seria desviante e

daqueles que seriam os desviados (teoria do conflito). A mencionada classe domi-

nante vale-se da criminalização primária (criação das normas de forma desigual)

e da criminalização secundária (execução das normas – sistema penal de forma

direcionada) para manter a realidade social e, quem não se adapta a tais normas é

marginalizado e rotulado, cada vez mais. Nesse sentido, o CRIME NÃO SE IDENTI-

FICA, MAS SE CONSTITUI dentro da sociedade.

Dentro da concepção das teorias do conflito, surge a Teoria do labelling approach

ou teoria do etiquetamento; também conhecida como Teoria da rotulação, Teoria

Definitorial (INTERACIONISMO SIMBÓLICO) ou Teoria da Reação Social, segundo a

qual o crime é um subproduto do controle social. O indivíduo é um criminoso por-

que instituições enquadram (etiquetaram) sua conduta como crime, de forma se-

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letiva e discriminatória. Por isso, não seria teoria da criminalidade, senão teoria da

criminalização (potencia a desviação secundária). Teoria do consenso faz-se surgir

a conduta tida como desviante, ou seja, seriam as pessoas que não estão seguindo

as regras dentro de uma sociedade.

Nesse sentido, a teoria do laberling approuach tem uma visão voltada para a ideia

de que as noções de crime e criminoso são construídas socialmente a partir da de-

finição legal e das ações de instâncias oficiais de controle social a respeito do com-

portamento de determinados indivíduos. Não se procura identificar o criminoso, ele

é constituído a partir do momento que as instâncias formais “julgam”, “selecionam”,

“rotulam”, que uma conduta é desviante e tem aquela pessoa como criminosa.

A questão está incorreta porque o interacionismo simbólico que se refere a teria

do labeling approach ou rotulação ou etiquetação ou reação social e, como já dito,

parte suas análises dos fatos concretos e pontuais da sociedade. Ou seja, os pro-

cessos de criminalização secundária, conforme explicado, (rotulação) de determi-

nadas pessoas ou grupos na sociedade, portanto possui uma visão microssociológi-

ca, ocorre em momentos fáticos pontuais de atuação da Polícia, Ministério Público,

Poder Judiciário e Sistema Carcerário, não se baseiam em dicotomias de classes ou

poder, fundamentos das análises macrossociológicas.

79. O positivismo criminológico caracteriza-se, entre outros aspectos, pela nega-

ção do livre arbítrio, pela crença no determinismo e pela adoção do método empí-

rico-indutivo, ou indutivo-experimental, também apresentado como indutivo-quan-

titativo, embasado na observação dos fatos e dos dados, independentemente do

conteúdo antropológico, psicológico ou sociológico, como também a neutralidade

axiológica da ciência.

Certo

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A Escola Positiva inicia um período científico do estudo da criminologia, rompendo

com a concepção de livre-arbítrio oriunda da Escola Clássica, segundo a qual o cri-

minoso comete o crime por opção. A Escola Positiva passa a realizar suas análises

através de um método indutivo, experimental e empírico, adotando como pressu-

posto que o criminoso é um ser pré-determinado, ou seja, já possui as caracte-

rísticas determinantes de um ser criminoso. O foco de análise da Escola Positiva,

inaugurado com os estudos de Cesare Lombroso, é voltado para as causas indivi-

duais, ou seja, inerentes ao ser humano apenas. As causas da criminalidade são

bioantropológicas. Não obstante, ainda, no período da Escola Positiva, observa-se

um embrião das análises da criminalidade voltado para fatores sociais e psicoló-

gicos, diante dos estudos realizados por Enrico Ferri e Rafaelle Garófalo, também

representantes deste período positivista.

80. As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e

Parsons obedecem ao modelo da denominada sociologia do conflito.

Errado

As teorias do consenso são: Teoria Multifatorial; Teoria ecológica ou Escola de Chi-

cago; Teoria estrutural-funcionalista ou da anomia; Teoria das subculturas delin-

quentes e Teorias da Aprendizagem (associação diferencial, oportunidade diferen-

cial, neutralização). Já as teorias do conflito são: Teoria do Labeling Approach;

Criminologia Radical; Nova Criminologia, Criminologia Crítica, Criminologia Femi-

nista, Criminologia Cultural, Criminologia Queer.

Dessa forma, a questão está incorreta, pois a Teoria estrutural-funcionalista de

Durkhein e Merton faz parte das teorias do consenso e não do conflito.

81. A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile

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Durkheim no século XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime como patolo-

gia a noção da normalidade do desvio como fenômeno social, podendo ser situada

no contexto da guinada sociológica da criminologia, em que se origina uma concep-

ção alternativa às teorias de orientação biológica e caracterológica do delinquente.

Certo

A Teoria estrutural-funcionalista ou Teoria da “anomia” de Durkheim e Merton parte

do pressuposto que o crime é algo normal (não necessariamente ligado à conduta

da pessoa), existiria por conta do sistema social instaurado, diante do avassala-

dor desenvolvimento social-econômico, impondo pressões aos indivíduos, como o

estabelecimento de metas e padrões, nos quais se veem obrigados a assumir. Se

existem regras e deve-se atingir o padrão, as pessoas violam as regras.

O crime também é funcional, necessário para o desenvolvimento da sociedade. A

conduta “anômica” é o resultado da violação de regras impostas por determinada

sociedade. Rompimento, quebra, desmoronamento das normas e valores vigentes

em decorrência do crescimento acelerado e rápido imposto.

Além disso, tal teoria surgiu como as demais teorias sociológicas: teoria multifatorial,

ecológica, subculturas delinquentes, aprendizagem, labeling approach, criminologia

radical, nova e crítica, a partir de uma ótica de ampliação da investigação criminoló-

gica que, até então, estava concentrada no determinismo da escola positivista.

No que se refere à prevenção da infração penal, julgue os próximos itens.

82. Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação urbana, orien-

tadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, estão inseridas no âmbito da

chamada prevenção secundária do delito.

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Certo

A questão aborda o assunto Prevenção da Infração Penal. Nesse sentido, a doutrina

reconhece três formas de prevenção:

PREVENÇÃO PRIMÁRIA: objeto é a raiz do conflito criminal, para neutralizar antes

que o problema se manifeste. Viés preventivo. Socializar, evitando o crime. Escola,

trabalho, casa, qualidade de vida. Genuína prevenção, opera etiologicamente, mas

atua a médio e longo prazo, e reclama ações sociais e não mera dissuasão;

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: atua quando o delito se manifesta ou se exterioriza,

opera a curto e médio prazo, de forma seletiva, em setores da sociedade tidos por

problemáticos pela política criminal e legislativa. Exemplos: programas de preven-

ção policial, controle dos meios de comunicação etc.

PREVENÇÃO TERCIÁRIA: destinatário é a população reclusa (o preso). Objetivo é

evitar a reincidência, possui o mais acentuado caráter punitivo. Foco na ressociali-

zação e reabilitação do preso, afasta-se do caráter etiológico da prevenção.

A questão está correta, ações sobre os meios de comunicação e ordenação urbana

em determinado grupo, visam a resultados imediatos a curto prazo, portanto são

ações de prevenção secundária.

83. As modalidades preventivas nas quais se inserem os programas de policiamen-

to orientado à solução de problemas e de policiamento comunitário, assim como

outros programas de aproximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas

na categoria de prevenção primária.

Errado

Programas de policiamento comunitário, voltados à solução de problemas, são

ações imediatas, resultados a curto prazo, portanto dizem respeito à prevenção

secundária. Perceba que o crime/problema já aconteceu, o foco então é repressivo.

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84. Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada

prevenção primária.

Errado

Prevenção primária: ação que visa ao combate da criminalidade a longo prazo, com

o viés preventivo, enquanto criminalização primária é o processo de elaboração e

criação das normas penais pelo Poder Legislativo.

85. A prevenção terciária, considerada intervenção tardia e parcial, destina-se ex-

clusivamente à população carcerária, objetivando evitar a reincidência, mas não

atua nas condições gerais que favorecem a ocorrência de episódios violentos.

Certo

Prevenção terciária está voltada à população carcerária.

DIREITO CIVIL

Com base na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o item a

seguir.

86. A revogação de uma norma pela superveniência de outra que disponha sobre

a mesma matéria poderá atingir as situações já consumadas sob a égide da lei

antiga, afetando os efeitos pretéritos produzidos ou incidindo sobre os efeitos pre-

sentes ou futuros de situações passadas ocorridas na vigência da norma revogada.

Certo

A despeito de todas as críticas por conta do artigo 6º da LINDB, o CESPE conside-

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rou como certa, sob o seguinte argumento: o gabarito está de acordo com a aba-

lizada doutrina. A permanência da norma indica que a lei, uma vez promulgada e

publicada, obrigará indefinidamente até que venha a ser revogada por outra lei. A

revogação de uma norma pela superveniência de outra, regendo a mesma matéria,

causa tríplice repercussão na antiga lei, pois poderá atingir as situações já consu-

madas sob sua égide, afetar os efeitos pretéritos produzidos ou incidir sobre os

efeitos presentes ou futuros de situações passadas ocorridas na vigência da norma

revogada. Apesar das argumentações trazidas nas razões recursais, a assertiva faz

menção a situações e, não, a ato jurídico e também traz a expressão "poderá".

A respeito da pessoa natural e da propriedade, julgue os itens que se seguem.

87. Como causa de perda de propriedade de bem móvel, o abandono pode ser pre-

sumido, desde que presente a intenção do proprietário; como causa de perda de

propriedade de imóvel, será o abandono absolutamente presumido ante o inadim-

plemento de ônus fiscais, depois de cessados os atos de posse.

Certo

Consoante artigos 1.275 e 1.276 do Código Civil:

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I – por alienação;
II – pela renúncia;
III – por abandono;
IV – por perecimento da coisa;
V – por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel
serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro
de Imóveis.
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais
o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou

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à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.


§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá
ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União,
onde quer que ele se localize.
§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,
cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

88. Se o beneficiário de ato jurídico praticado por incapaz provar ter agido de bo-

a-fé, o ato será anulado somente em caso de o incapaz ser interditado por ocasião

de sua prática

Errado

O erro está na palavra somente. Se a pessoa capaz sabia da incapacidade relativa

da outra parte, o vício não pode ser alegado em benefício próprio, conforme artigo

105 do Código Civil. Se a pessoa capaz não sabia de tal incapacidade, o vício pode

ser alegado. Se o incapaz oculta dolosamente sua incapacidade, não poderá depois

alegar incapacidade para esquivar-se da obrigação.

A banca também teve que responder a recursos acerca dessa questão e assim res-

pondeu:

"O STJ já tem posicionamento firme no sentido de que a anulação do ato não de-

pende de interdição anterior a sua prática. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FUNDA-

MENTAÇÃO. PROVA. INTERDIÇÃO. Somente a ausência de fundamentação, não

ocorrente na espécie, é que enseja a decretação de nulidade da sentença com base

no art. 458, II, não a fundamentação sucinta. Sendo o processo anulado por motivo

não referente à prova, esta pode ser utilizada, no mesmo feito, desde que ratifica-

da, em respeito ao princípio da economia processual. Os atos praticados pelo inter-

ditado anteriores à interdição podem ser anulados, desde que provada a existência

de anomalia psíquica – causa da incapacidade – já no momento em que se praticou

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o ato que se quer anular. Recurso não conhecido.(REsp 255271/GO, Rel. Ministro

CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 28/11/2000, DJ

05/03/2001, p. 171)"

DIREITO EMPRESARIAL

No que concerne ao empresário e às sociedades empresárias, julgue o próximo item.

89. Ao empresário individual não é permitida a realização da atividade-fim intuitu

personae, uma vez que ele é o organizador da atividade empresarial. Por isso, ele

deve contratar pessoas para desempenhar esse tipo de atividade.

QUESTÃO ANULADA

O fator da anulação da questão decorre da divergência de interpretação doutrinária

acerca da necessidade de o empresário exercer atividade com ou sem empregados.

Isto ocorre por causa da pessoalidade do exercício da atividade: vejamos a posição

da doutrina:

Da definição legal de empresário, extraem-se alguns requisitos necessários para a

caracterização do exercício da atividade empresarial. São eles: profissionalidade,

atividade econômica, atividade organizada, produção e circulação de bens e servi-

ços. Leonardo Gomes de Aquino pondera que a “pessoalidade se traduz na necessi-

dade de o empresário exercer pessoalmente a atividade empresarial. A pessoalida-

de não requer que o empresário exerça sozinho a atividade, já que pode contratar

empregados (prepostos), mão de obra necessária à consecução da atividade”. Por

outro lado, Fábio Ulhoa Coelho disciplina que é fundamental para a caracterização

do empresário a contratação de mão de obra.

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Referência Bibliográfica: AQUINO, Leonardo Gomes de. Curso de direito empresa-

rial: teoria da empresa e direito societário. 2ª ed. Brasília: Editora Kiron, 2018, p.

157. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. Direito de empresa. Empre-

sa e estabelecimentos. Títulos de crédito. 7º ed. São Paulo: Saraiva, 2005. V. 1.

Com relação aos títulos de crédito, julgue o item abaixo.

90. O devedor que, como forma de pagamento de um negócio celebrado, transfere

ao credor, por simples tradição, títulos de crédito emitidos por terceiros, sem en-

dossá-los, não possui responsabilidade solidária pelo pagamento da cártula.

Certo

Se a transferência da posse do título ao novo credor (simples tradição) transfere

só o documento, o endosso transfere o direito ao valor contido no documento. Com

certeza, o devedor que, como forma de solução obrigacional, entrega ao credor,

por simples tradição, sem endosso, um título de crédito emitido por terceiros, não

se responsabiliza solidariamente pelo pagamento da cártula. A legislação (Código

Civil) expõe no art. 919 que a aquisição de título à ordem, por meio diverso do en-

dosso, tem efeito de cessão civil, e no art. 296 que salvo estipulação em contrário,

o cedente não responde pela solvência do devedor.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

 Obs.: O Código de Processo Civil vigente à época era o CPC/73.

No que se refere ao habeas data e ao habeas corpus, julgue os itens seguintes.

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91. De acordo com o STJ, o habeas data é instrumento idôneo para a obtenção de

acesso aos critérios utilizados em correção de prova discursiva aplicada em concur-

sos públicos.

Errado

Conforme jurisprudência à época. Não se utiliza o habeas data, por ausência de

fundamento e previsibilidade. Os critérios da prova e não a informação sobre o im-

petrante são aspectos diferentes e separados.

HABEAS DATA. CONCURSO PÚBLICO. ACESSO A INFORMAÇÕES SOBRE OS CRI-

TÉRIOS UTILIZADOS NA CORREÇÃO DE PROVA DISCURSIVA. IMPROPRIEDADE DA

VIA ELEITA.

1. A Lei n. 9.507/97 é suficientemente clara ao expor, no art. 7º, as hipóteses em

que se justifica o manuseio do habeas data, não estando ali prevista, nem sequer

implicitamente, a possibilidade de utilização da via com o propósito de resolver os

critérios utilizados por instituição de ensino na correção de prova discursiva reali-

zada com vista ao preenchimento de cargos na Administração Pública.

2. Agravo regimental não-provido.

(AgRg no HD. 127/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, PRIMEIRA SEÇÃO,

julgado em 14/06/2006, DJ 14/08/2006, p. 250)

92. habeas corpus constitui a via adequada para o devedor de pensão alimentícia

pedir o afastamento de sua prisão, alegando incapacidade de arcar com o paga-

mento dos valores executados.

Errado

Conforme vasta jurisprudência: “a prisão civil pelo não pagamento de pensão alimen-

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tícia não consubstancia pena ou represália, mas meio processual de coerção ao paga-

mento da dívida reconhecida em juízo”. Dessa forma, não cabe o HC para o devedor de

pensão alimentícia pedir o afastamento de sua prisão, até mesmo porque o HC não se

presta à dilação probatória, sobre fatos que demandariam profundo reexame do qua-

dro fático-probatório relacionados à capacidade econômico-financeira do executado.

A respeito de competência, julgue os itens subsecutivos.

93. No que se refere ao processamento e ao julgamento de guarda e alimentos de

menor de idade residente no Brasil, a competência será concorrente entre a jurisdição

brasileira e a estrangeira se o pai do menor, réu no processo, residir em outro país.

Certo

À época da prova, segundo a banca examinadora, a assertiva estaria correta pelo

seguinte fundamento:

O gabarito está de acordo com jurisprudência do STJ: PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO

DE PROVIMENTO ADMINISTRATIVO QUE ASSENTOU ACORDO DE GUARDA COMPAR-

TILHADA NA ALEMANHA. EFICÁCIA SENTENCIAL. EQUIVALÊNCIA. PRECEDENTES DO

STF. MÃE E FILHO RESIDENTES, HOJE, NO BRASIL. CONCORRÊNCIA DA JURISDIÇÃO

BRASILEIRA. DECISÃO DESTA, CONFERINDO A GUARDA PROVISÓRIA DO FILHO À

MÃE E FIXANDO ALIMENTOS PROVISÓRIOS. NOVO TÍTULO, A PARTIR DA MODIFI-

CAÇÃO DOS FATOS. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DO PROVIMENTO ALIENÍGENA. IM-

POSSIBILIDADE. RESGUARDO DA SOBERANIA DA JURISDIÇÃO BRASILEIRA.

1. O provimento extrajudicial – acordo sobre guarda de menor homologado por órgão

administrativo alemão –, quando, em conformidade com o ordenamento jurídico es-

trangeiro, possuir a mesma eficácia de decisão judicial, pode perfeitamente subsidiar

a pretensão de se estender os seus efeitos para o território brasileiro. Precedentes do

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STF. 2. Há competência concorrente entre a jurisdição brasileira e a estrangeira para

processar e julgar ação de guarda e alimentos envolvendo menor que, atualmente,

reside no Brasil com a mãe, enquanto o pai, em outro país. Precedentes do STJ. 3.

As decisões acerca da guarda de menor e respectivos alimentos não se submetem

aos efeitos da coisa julgada, que pode ser relativizada diante da alteração dos fatos,

sempre, sobrelevando o interesse do infante. 4. Hipótese em que a Justiça brasileira,

tendo em conta as circunstâncias atuais da família, deferiu a guarda provisória do fi-

lho à mãe, ora Requerida, bem como fixou alimentos provisórios. 5. Nesse contexto,

homologar o provimento estrangeiro que decidiu sobre a mesma matéria, mas em

circunstâncias outras – já modificadas, e reconsideradas, ainda que em sede provi-

sória, pela Justiça brasileira –, implicaria a coexistência de dois títulos contraditórios,

em manifesta afronta à soberania da jurisdição nacional. Precedentes do STF. 6. Pe-

dido de homologação indeferido. Custas ex lege. Condenação do Requerente".

Hoje, a matéria está disciplinada no artigo 22 do CPC/15 que trata da competência

concorrente e assim diz:

Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I – de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebi-
mento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;

94. Em regra, a competência da justiça federal decorre da identidade das partes

envolvidas na relação processual, de modo que a natureza da lide pode não ser

fator determinante para a fixação da competência.

Certo

Conforme justificativa da banca, a assertiva estaria correta pelo seguinte fundamento:

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“O gabarito está de acordo com jurisprudência do STJ: PROCESSUAL CIVIL. AGRA-

VO REGIMENTAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO

AJUIZADA CONTRA A ELETROBRAS. INTERESSE DA UNIÃO MANIFESTADO. ART.

109, I, DA CF. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.1. O Superior Tribunal de Jus-

tiça orienta-se no sentido de que a competência da Justiça Federal, prevista no art.

109, I, da Constituição Federal, é fixada, em regra, em razão da pessoa (compe-

tência ratione personae), levando-se em conta não a natureza da lide, mas a Iden-

tidade das partes na relação processual. 2. Hipótese em que a ação foi ajuizada por

consumidor tão somente contra a Eletrobrás. Contudo, a União manifestou inte-

resse no feito por meio da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. A competência

para processamento e julgamento do processo é da Justiça Federal.3. A questão

relativa à não existência de litisconsórcio entre a União e a Eletrobrás não foi ana-

lisada pelo Tribunal a quo. Aplicação da Súmula 282/STF.4. Agravo Regimental não

provido. (AgRg no REsp 1291539/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA

TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 15/06/2012)”

Hoje, a questão seria igualmente certa, pois o critério de competência absoluta no caso

da competência da justiça federal se dá em razão da pessoa e não da natureza da lide,

tanto por força do artigo 109 da Constituição, quanto pelos artigos 51 e 52 do CPC/15:

Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a
União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situ-
ação da coisa ou no Distrito Federal.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Es-
tado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

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95. Julgue o item a seguir, relativo às tutelas de urgência.

A antecipação dos efeitos da tutela, por ser medida voltada ao procedimento co-

mum ordinário ou sumário, não se apresenta viável em ações sob procedimento

especial.

Errado

Tendo em vista a efetividade da jurisdição, bem como a inafastabilidade da tutela

jurisdicional, a tutela antecipada, chamada hoje no CPC/15 de tutela provisória de

urgência de natureza antecipada, que pode ser de caráter antecedente ou inciden-

tal, de caráter satisfativo, previstas nos artigos 294 a 311 do CPC, são admissíveis

até mesmo no sistema dos Juizados Especiais, conforme orienta o enunciado 418

do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

José abriu uma pequena padaria no bairro onde reside e contratou dez fun-

cionários. Durante os primeiros seis meses de funcionamento do estabelecimento

comercial, José arrecadou as contribuições previdenciárias de seus empregados,

descontando-as das respectivas remunerações, mas não recolheu esses valores

aos cofres da previdência social. Com base nessa situação hipotética e na legislação

relativa aos crimes contra a previdência social, julgue os itens subsequentes.

96. Nesse caso, mesmo que o valor não recolhido por José seja pequeno, não é

possível, considerando-se a jurisprudência do STJ, a aplicação do princípio da insig-

nificância, dado o bem jurídico tutelado (patrimônio da previdência social).

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Errado

O STF não admite a insignificância na apropriação indébita previdenciária em limi-

tes superiores à lei (artigo 1º, I da Lei n. 9.441/97 – R$ 1 mil). O STJ admite o valor

de R$ 10 mil, e, mais recentemente, em razão da Portaria do MF n. 75 o valor de

R$ 20 mil, cuja decisão discordamos com veemência, pois se trata de valor retido

da remuneração de segurados e não repassado aos cofres públicos, e que causará

desequilíbrio financeiro e atuarial às contas previdenciárias na hora de se pagar o

benefício previdenciário. Apesar de não interferir no direito do segurado na percep-

ção da prestação previdenciária, sendo problema penal e fiscal do empregador.

O STF adota o entendimento restritivo quanto à insignificância para o delito de apro-

priação indébita previdenciária (artigo 168-A do CP). Vide julgado nesse sentido:

“Habeas corpus. 2. Apropriação indébita previdenciária. Princípio da insignificância.

Não aplicabilidade. Valor superior ao fixado no art. 1º, I, da Lei 9.441/97. Alto grau

de reprovabilidade da conduta. 3. Constrangimento ilegal não caracterizado. 4. Or-

dem denegada.” (HC 107331, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma,

julgado em 28/05/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-110 DIVULG 11-06-2013

PUBLIC 12-06-2013).

E como valor limite para a aplicação da insignificância (bagatela), instado na de-

cisão acima, tem-se o apregoado pelo artigo 1º, I, da Lei 9.441/97), que é de R$

1.000,00. No mais, a decisão acima deixa claro o entendimento do STF no sentido

da inviabilidade da insignificância em se tratando de apropriação indébita previden-

ciária. Nesse sentido, julgado da Primeira Turma do STF:

“Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. OMISSÃO NO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUI-

ÇÕES PREVIDENCIÁRIAS (ART. 95, “D”, DA LEI N. 8.212/91, ATUALMENTE PREVIS-

TO NO ART. 168-A DO CÓDIGO PENAL). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. REQUI-

SITOS AUSENTES. REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO. DELITO QUE TUTELA

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A SUBSISTÊNCIA FINANCEIRA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, BEM JURÍDICO DE CA-

RÁTER SUPRAINDIVIDUAL. ORDEM DENEGADA. 1. O princípio da insignificância

incide quando presentes, cumulativamente, as seguintes condições objetivas: (a)

mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma periculosidade social da

ação, (c) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento, e (d) inexpressivi-

dade da lesão jurídica provocada. Precedentes: HC 104403/SP, rel. Min. Cármen

Lúcia, 1ª Turma, DJ de 1/2/2011; HC 104117/MT, rel. Min. Ricardo Lewandowski,

1ª Turma, DJ de 26/10/2010; HC 96757/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJ

de 4/12/2009; HC 97036/RS, rel. Min. Cezar Peluso, 2ª Turma, DJ de 22/5/2009;

HC 93021/PE, rel. Min. Cezar Peluso, 2ª Turma, DJ de 22/5/2009; RHC 96813/RJ,

rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ de 24/4/2009. 2. In casu, os pacientes foram

denunciados pela prática do crime de apropriação indébita de contribuições pre-

videnciárias no valor de R$ 3.110,71 (três mil, cento e dez reais e setenta e um

centavos). 3. Deveras, o bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita

previdenciária é a “subsistência financeira à Previdência Social”, conforme assen-

tado por esta Corte no julgamento do HC 76.978/RS, rel. Min. Maurício Corrêa ou,

como leciona Luiz Regis Prado, “o patrimônio da seguridade social e, reflexamente,

as prestações públicas no âmbito social” (Comentários ao Código Penal, 4. ed. –

São Paulo: RT, 2007, p. 606). 4. Consectariamente, não há como afirmar-se que

a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, porquanto

narra a denúncia que este teria descontado contribuições dos empregados e não

repassado os valores aos cofres do INSS, em prejuízo à arrecadação já deficitária

da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O

reconhecimento da atipicidade material in casu implicaria ignorar esse preocupante

quadro. Precedente: HC 98021/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, DJ de

13/8/2010. 5. Parecer do MPF pela denegação da ordem. 6. Ordem denegada.” (HC

102550, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 20/09/2011, DJe-

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212 DIVULG 07-11-2011 PUBLIC 08-11-2011 EMENT VOL-02621-01 PP-00041)

Por sua vez, o STJ tem reconhecido a aplicação da bagatela, cujo valor era de R$

10 mil reais, e recentemente R$ 20 mil. Seguem, abaixo, duas ementas de julgados

do STJ:

“PENAL. RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. PRINCÍ-

PIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A juris-

prudência do Superior Tribunal de Justiça é uníssona em reconhecer a aplicação do

princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, quando,

na ocasião do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o

montante de R$ 10.000,00, descontados os juros e as multas. Precedentes. Ressalva

do Relator. 2. Recurso especial não provido”. (REsp 1419836/RS, Rel. Ministro RO-

GERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 23/06/2017)

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO

ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFI-

CÂNCIA. VALOR DO DÉBITO. JUROS E MULTAS. EXCLUSÃO. IMPROVIMENTO. 1. A

jurisprudência desta Corte pacificou-se no sentido da possibilidade de aplicação do

princípio da insignificância aos delitos de apropriação indébita previdenciária, nos

casos em que o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o mon-

tante de R$ 10.000,00, descontados os juros e as multas. Precedentes. 2. Agravo

regimental improvido”. (AgRg no AREsp 627.904/CE, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO,

SEXTA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 23/10/2017)

Como dito, o STJ, em novo posicionamento, em sede de recursos especiais, decidiu

que o limite a ser adotado é o valor de R$ 20.000,00, semelhante ao reconheci-

mento da insignificância no crime do artigo 334, do Código Penal, conforme Porta-

rias do MF n. 75 e 130.

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PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRA-

RIEDADE AO ART. 168-A DO CP. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. RESP

REPETITIVO N. 1.112.748/TO. DÉBITO NÃO SUPERIOR A R$ 10.000,00 (DEZ MIL

REAIS). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO.

LEI 11.457/07. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA

CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A

Lei 11.457/07 considerou como dívida ativa da União também os débitos decorren-

tes das contribuições previdenciárias, dando-lhes tratamento semelhante ao que é

dado aos créditos tributários. Assim, não há porque fazer distinção, na seara penal,

entre os crimes de descaminho e de apropriação ou sonegação de contribuição pre-

videnciária, razão pela qual deve se estender a aplicação do princípio da insignificân-

cia a estes últimos delitos, quando o valor do débito não for superior R$ 10.000,00

(dez mil reais). 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp

1.389.169/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe

de 4/11/2013 – Grifo Nosso). No caso dos autos, constata-se que o valor da sonega-

ção da contribuição previdenciária não alcança a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil

reais). Assim, o aresto hostilizado merece reforma para incidir o princípio da insig-

nificância. Ante o exposto, com fundamento na Súmula n. 568/STJ, dou provimen-

to ao recurso especial para restabelecer a sentença de primeiro grau. Publique-se.

Intimem-se. Brasília, 19 de abril de 2018. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK Relator.

Aliás, essa divergência entre os Tribunais gerou decisão interessante por parte do

Ministro Edson Fachin, do STF, em discussão sobre apropriação indébita previden-

ciária. No HC 139446, de forma monocrática (não é pacífico), o Ministro relator

concedeu a ordem entendendo que (publicado no DJe de 06/11/2017):

“De tal modo, o ato coator, inclusive considerando os precedentes nele menciona-

dos, não afasta a incidência da referida causa de atipia aos delitos de apropriação

previdenciária.

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Mas, no caso concreto, não a aplica em razão de considerar critério que contraria a

jurisprudência desta Corte.

Em outras palavras, o tema central da impetração reside na possibilidade de que a Por-

taria MF 75/2012 repercuta na tipicidade material da conduta lesiva à ordem tributária.

Sob essa ótica, o ato coator não se amolda à jurisprudência da Corte, que estabe-

lece, para tal finalidade, o valor de 20 mil reais. Nesse sentido: HC 126191, Rela-

tor(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 03/03/2015; HC 123861,

Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 07/10/2014 e HC

118067, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 25/03/2014.”

Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor

do crédito tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento, sendo

que os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre

o crédito tributário quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser consi-

derados para fins de cálculo do princípio da insignificância.

E esse limite das Portarias (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa para

fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica

(STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, jul-

gado em 27/05/2014).

Esse limite é válido para crimes decorrentes de tributos federais, em face do artigo

20 da Lei n. 10.522/2002. Trata-se do que a União considera como insignificante.

No caso da sonegação fiscal estadual ou municipal, há que ser analisada a legisla-

ção local e se nela há limite para a dispensa de execução fiscal abaixo de determi-

nado parâmetro (bagatela). STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis

Júnior, julgado em 20/03/2014 (Info 540).

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97. Se, até antes do início da ação fiscal, José confessar a dívida e efetuar es-

pontaneamente o pagamento integral dos valores devidos, prestando as devidas

informações ao órgão da previdência social, a punibilidade de sua conduta poderá

ser extinta.

Certo

É o que trata expressamente o § 2º do artigo 168-A do CP:

§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua


o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações de-
vidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal. (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)

98. Ainda que não tivesse descontado das remunerações de seus empregados os

valores relativos às contribuições previdenciárias, José responderia pela prática do

delito de apropriação indébita previdenciária.

Errado

Segundo o STF, não há a necessidade da prova de animus rem sibe habendi no ato do

desconto e não repasse. Não se necessita da prova da vontade de se assenhorar dos

valores descontados e não repassados, sendo que para a configuração do delito tem-se

como elementar do tipo a figura do desconto. Não havendo o desconto, não há o delito.

Veja-se:

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contri-
buintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 9.983, de
2000)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência
social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou
arrecadada do público; (Incluído pela Lei n. 9.983, de 2000)

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II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas


contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído
pela Lei n. 9.983, de 2000)
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tive-
rem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei n. 9.983,
de 2000)

No caput, há a figura das instituições financeiras que, depois de receber as contri-

buições previdenciárias descontadas pelos empregadores e repassadas por meio de

guia bancária, não as repassam aos cofres públicos. Ou seja, o desconto é elemen-

tar do tipo aqui também.

Inciso I – “descontada” como elementar;

Inciso II – aqui essa despesa faz parte, por exemplo, na sub-rogação de contribui-

ção previdenciária descontada pela empresa adquirente de produção rural de segu-

rado especial, que faz a retenção em face do resultado bruto da comercialização da

produção rural e não repassa esses valores aos cofres públicos. Ou seja, o desconto

aqui também é elementar do tipo.

Inciso III – naqueles antigos casos de salário-maternidade que eram depositados

em contas correntes de empresas pelo INSS (depois da Lei n. 9.876/99 até a Lei

n. 10.666/03) e essas deveriam repassar aos segurados no gozo do benefício, ob-

viamente descontando a contribuição previdenciária que incide legalmente sobre

o salário-maternidade. Tais retenções (descontos) indevidos caracterizam o delito.

Ou seja, também caso em que o desconto é elementar do tipo.

Em virtude de agravamento de doença, Maria, que exerceu por vinte anos,

como empregada de uma fábrica de roupas, a função de costureira, foi considerada

incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de qualquer

atividade que lhe garantisse a subsistência, tendo sido aposentada por invalidez.

Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

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99. Caso Maria comprove necessitar de assistência permanente de outra pessoa, ela

fará jus ao valor da aposentadoria por ela recebida acrescido de 25%, ainda que ul-

trapasse o teto de pagamento de benefícios do RGPS, acréscimo que cessará com sua

morte, visto que não é incorporável ao valor da pensão a ser paga a seus dependentes.

Certo

A Lei 8.213/91 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social esta-

belece, em seu art. 45, que todo segurado aposentado por invalidez que necessitar

de ajuda da assistência permanente de outra pessoa terá direito a um acréscimo de

25% (vinte e cinco por cento) no valor de seu benefício. A alínea "a" do parágrafo

único do mesmo dispositivo legal dispõe ainda que o valor do acréscimo será devi-

do mesmo que o valor da aposentadoria supere o valor máximo legal estabelecido

pela Previdência Social. Isto significa que todo aposentado por invalidez, e somente

este, que for declarado dependente do auxílio de terceiros na realização das ativi-

dades do dia a dia, terá direito ao acréscimo, ou seja, os demais segurados aposen-

tados (seja por tempo de contribuição, por idade, especial entre outros) não terão

direito a este aumento (STJ e STF ainda assim entendem – há RE de RG e Resp em

Repetitivo em análise para expandir ou não o direito), ainda que os mesmos sejam

declarados dependentes de terceiros.

Julgue o seguinte item, relativo à decadência dos benefícios previdenciários.

100. O direito de requerer pensão por morte decai após dez anos da morte do se-

gurado.

Errado

Segundo STF e STJ, o direito a REQUERER é imprescritível. O que decai em 10 anos

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a partir da data do recebimento do benefício é o direito de revisão dos valores,

conforme artigo 103 da Lei n. 8.213/91.

De acordo com as normas constitucionais e legais acerca do financiamento da

seguridade social, julgue os itens seguintes.

101. Integram o salário de contribuição que equivale à remuneração auferida pelo

empregado, as parcelas referentes ao salário e às férias, ainda que indenizadas.

Errado

Conforme artigos 22 e 28 da Lei n. 8.212/91, salário e férias integram o salário de

contribuição. Entretanto, as férias indenizadas, pela sua própria natureza indeniza-

tória, não compõem o salário de contribuição.

102. Para o custeio da seguridade social, a União, no exercício da competência resi-

dual, pode instituir, por meio de lei complementar, contribuições sociais não previstas

na CF e cuja base de cálculo ou fato gerador sejam idênticos ao de outros impostos.

QUESTÃO ANULADA

Certo (em termos), apesar de ter sido anulada pela Banca. O artigo 154, I da CF,

que é referido pelo artigo 195, § 4º da CF (quando da criação de novas fontes de

financiamento da Seguridade Social) diz que:

I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde

que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios

dos discriminados nesta Constituição.

O artigo 153 da CF (anterior conforme acima) é o que lista os impostos de compe-

tência da União. E, mediante lei complementar, a União de forma residual poderá

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instituir novos impostos – leia-se pelo § 4º do artigo 195 da CF – novas contribui-

ções para a Seguridade Social, desde que por lei complementar.

O STF entende que essa parte formal do inciso I do artigo 154 da CF deve ser obede-

cida quando da criação de novas fontes de financiamento da Seguridade Social. Mas

entende, outrossim, que os critérios materiais (não cumulatividade e não tenham

fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos discriminados na CF) não ne-

cessitam ser observados. Portanto, uma contribuição social nova para a Seguridade

Social, segundo o STF, pode ter, sim, fato gerador ou base de cálculo próprios dos im-

postos já existentes. E isso é pacífico. Por isso existem o IRPJ e CSLL, PIS e COFINS,

Imposto de Importação e PIS Importação e COFINS Importação. Como menciona o

STF: “são bis in idem autorizados, pois vieram com a própria Constituição Federal”.

Cremos que a questão está correta se no comando da questão viesse escrito: “à luz

do entendimento do STF” e não “de acordo com as normas constitucionais e legais”,

pois o comando do inciso I manda não haver fato gerador ou base de cálculo iguais

aos de impostos já existentes.

Desta forma, na ausência de detalhamento no caput da questão, houve por bem a

Banca anular a assertiva.

Acerca das normas que regem os segurados da previdência social, julgue o item

abaixo.

103. Caso um delegado da Polícia Federal eleito deputado no estado onde atue

como delegado opte pelo exercício do mandato eletivo, ele não poderá se filiar ao

RGPS dada a sua vinculação a regime próprio.

Certo

Conforme a alínea “j” do artigo 11 da Lei n. 8.213/91:

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Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I – como empregado:
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vincu-
lado a regime próprio de previdência social.

DIREITO TRIBUTÁRIO

Com a finalidade de gerar créditos fictícios para sua empresa, determinado

empresário formalmente constituído criou outra sociedade comercial em nome de

dois empregados seus, analfabetos. No contrato social dessa sociedade, um dos

empregados consta como sócio administrador e o outro, como sócio. A confecção

do contrato social e a utilização dos créditos fictícios ficaram a cargo do contador da

empresa, que tinha consciência dos fatos. Considerando essa situação hipotética,

julgue os itens que se seguem com base na legislação tributária vigente.

104. Se o uso do crédito fictício só for constatado pela autoridade tributária após

cinco anos da data do fato gerador, o lançamento será considerado homologado e

o crédito, definitivamente extinto.

Errado

Pela aplicação do § 4º do artigo 150 do CTN, não se aplica a contagem de prazo a

partir do fato gerador.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocor-
rência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pro-
nunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Desta feita, em face da fraude, conta-se o prazo de 5 anos a partir dos parâmetros

do artigo 173 do CTN, que são para lançamentos por declaração/misto ou direto/de

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ofício. Também para os de lançamento por homologação em face de dolo, fraude ou

simulação (caso em questão).

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos, contados:
I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal,
o lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com
o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a cons-
tituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao lançamento.

105. A administração tributária poderá requisitar o auxílio da força policial para


garantir, em caso de oposição, o direito de fiscalizar todos os livros e documentos
das referidas empresas.

Certo
O artigo 200 do CTN prevê que: “As autoridades administrativas federais poderão
requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciproca-
mente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou
quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda
que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção”.
Quando a questão aborda “em caso de oposição”, presume-se facilmente que a auto-
ridade administrativa tenha sido “vítima de embaraço no exercício de suas funções”
e foi necessário o procedimento para a efetivação da fiscalização – medida prevista
na legislação tributária, e, desta forma, permissível o auxílio de força policial.

Com base na legislação tributária, julgue o item a seguir.

106. É legalmente aceito que, aberto regular processo administrativo, a autorida-

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de administrativa busque junto à autoridade administrativa tributária, informações

fiscais para apurar infração administrativa.

Certo

Tal medida não configura afetação ao sigilo fiscal, posto que as solicitações devem

ser no interesse da Administração Fiscal e desde que comprovado, conforme dispõe

o artigo 198, § 1º, inciso II do CTN, que houve a instauração regular de processo

administrativo fiscal anterior, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo

de investigar o sujeito passivo pela prática de infração tributária (descumprimento

de obrigação acessória).

DIREITO FINANCEIRO

No que concerne ao direito financeiro, julgue os seguintes itens.

107. Exige-se, para a aprovação de emendas que acrescentem despesas a projeto de lei

orçamentária anual, além da compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de dire-

trizes orçamentárias, a indicação dos recursos necessários para custeá-las, que podem

provir, por exemplo, da anulação de despesas, independentemente de sua natureza.

Errado

O item trata das emendas parlamentares ao projeto do executivo.

Nos termos dos arts. 165 e 166 da CF, essas emendas serão apreciadas pela co-

missão mista (CMP), que emitirá parecer e, por fim, serão analisadas pelo plenário

de ambas as casas, conjuntamente. Ressalta-se que, nos termos do regimento co-

mum, a CMP ficará incumbida da redação final do projeto.

Para responder o item basta ter conhecimento do art. 166, §3, II, que prevê algu-

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mas restrições materiais, dispondo que as emendas devem ser compatíveis i) com

o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias, bem como ii) indicar os

recursos necessários, que somente poderão ser provenientes de anulação de des-

pesa, excluídas as dotações para pessoal e seus encargos, o serviço da dívida e

transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal.

Percebam que o item está incorreto ao afirmar que “a indicação dos recursos neces-

sários para custeá-las, que podem provir, por exemplo, da anulação de despesas”.

Ora, as restrições materiais buscam impedir que sejam utilizados recursos novos,

ou seja, a emenda parlamentar será custeada somente por recursos provenientes

da anulação de despesa já prevista pelo executivo, observadas as exceções acima

(que não poderão ser anuladas).

Até mesmo porque o art. 63, I, determina que não será admitido aumento da des-

pesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República.

108. Cabe à comissão mista permanente de senadores e deputados federais exa-

minar e emitir parecer sobre as contas apresentadas pelo presidente da República

Certo

A Banca abordou novamente tema referente ao processo legislativo orçamentário.

O item acima está correto, pois traz uma das atribuições da Comissão mista per-

manente de senadores e deputados. Confiram:

Examinar e emitir parecer sobre os projetos das leis orçamentárias, inclusos os créditos
adicionais e as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
Examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos na Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária;
Emitir parecer sobre as emendas apresentas na Comissão mista;
Solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste
os esclarecimentos necessários, no caso de indícios de despesas não autorizadas, ainda
que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados.

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DIREITO INTERNACIONAL

Julgue os itens de 109 a 112, relativos às relações consulares, aos tratados in-

ternacionais, ao direito do mar e às cortes internacionais.

109. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que o Estado

que tenha assinado um tratado, ainda que não o tenha ratificado, está obrigado a

não frustrar seu objeto e finalidade antes de sua entrada em vigor.

Certo

A alternativa está correta com base no artigo 18 da Convenção de Viena sobre o

Direito dos Tratados de 1969 (Promulgada pelo Dec. N. 7.030 de 14 de dezembro

de 2009): “Obrigação de não frustrar o objeto e finalidade de um tratado antes

de sua entrada em vigor um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que

frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado, quando:

a) tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de

ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção

de não se tornar parte no tratado; ou

b) tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que

precede a entrada em vigor do tratado e com a condição de esta não ser indevida-

mente retardada.”

110. Diferentemente dos arquivos diplomáticos, os arquivos consulares podem

ser violados em caso de fundada suspeita de atentado contra a incolumidade do

Estado receptor.

Errado

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A alternativa está errada, visto que tanto os arquivos diplomáticos quanto os con-

sulares são invioláveis com base no disposto no artigo 24 da Convenção de Viena

sobre Relações Diplomáticas de 1961 (“Os arquivos e documentos da Missão são

invioláveis, em qualquer momento e onde quer que se encontrem.”) e no artigo

61 da Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963 (“Os arquivos e

documentos consulares de uma repartição consular, cujo chefe for um funcionário

consular honorário, serão sempre invioláveis onde quer que se encontrem, desde

que estejam separados de outros papéis e documentos e, especialmente, da cor-

respondência particular de chefe da repartição consular, da de qualquer pessoa que

com ele trabalhe, bem como dos objetos, livros e documentos relacionados com

sua profissão ou negócios.”) Logo, não há previsão de possibilidade de violação por

fundada suspeita de atentado contra a incolumidade do Estado receptor.

111. Após o reconhecimento de pleito formulado perante a Comissão de Delimita-

ção de Plataformas Continentais da Organização das Nações Unidas, o Brasil passou

a exercer, na plataforma continental que excede as 200 milhas náuticas, até o limite

de 350 milhas náuticas, competências equivalentes às exercidas no mar territorial.

Errado

As competências que o Brasil exerce na extensão concedida de até o limite de 350

milhas náuticas não “são equivalentes às exercidas no mar territorial”, visto que o

Estado exercerá soberania para efeitos de exploração e aproveitamento dos recur-

sos naturais, mas não soberania plena como a exercida no mar territorial.

112. Somente Estados podem figurar como parte em procedimentos contenciosos

perante a Corte Internacional de Justiça.

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Certo

De acordo com a literalidade do artigo 34 do Estatuto da Corte Internacional de

Justiça: “só os Estados poderão ser partes em questões perante a Corte.”

No que se refere ao Estatuto da Igualdade, às fontes do direito internacional e

à extradição, julgue os itens subsequentes.

113. É fonte de direito internacional reconhecida a doutrina dos juristas mais qua-

lificados das diferentes nações.

Certo

De acordo com o artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:

“A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias


que lhe forem submetidas, aplicará:
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos ju-
ristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação
das regras de direito.”

114. A extradição poderá ser concedida pelo Estado brasileiro quando o pedido do

governo estrangeiro for fundado em tratado ou em promessa de reciprocidade.

Certo

Vale ressaltar que a exigência de promessa de reciprocidade nas extradições sem

tratado não está expressa na Lei de Migração (Lei 13445/17), mas deve subsistir

por se tratar de um costume internacional relativo à matéria. Vale lembrar que na

Lei anterior, Estatuto do Estrangeiro, havia menção expressa no artigo 76 de con-

cessão de extradição “quando o governo requerente se fundamentar em tratado,

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ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade”.

115. Consoante as normas referentes à igualdade entre brasileiros e portugueses,

o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exer-

cício dos mesmos direitos no Estado de nacionalidade.

Certo

Com base no artigo 7º do Decreto 70.391/72 que Promulga a Convenção sobre

Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses:

“(1)O gozo de direitos políticos por portugueses no Brasil e por brasileiros em Portugal
só será reconhecido aos que tiverem cinco anos de residência permanente e depende
de requerimento à autoridade competente.
(2) A igualdade quanto aos direitos políticos não abrange as pessoas que no Estado da
nacionalidade, houverem sido privadas de direitos equivalentes.
(3) O gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exer-
cício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade.”

DIREITO EMPRESARIAL

Julgue os itens seguintes, relativos ao direito empresarial.

116. O delegado, no desempenho de sua função institucional de investigação de

infração legal, deve diferenciar se o ato ilegal foi praticado por pessoa jurídica em-

presa ou por pessoa física ou jurídica empresário, pois a empresa não se confunde

com a pessoa que a compõe, tendo personalidade jurídica distinta da de seus sócios.

QUESTÃO ANULADA

A questão afirma que empresa não se confunde com a pessoa que a compõe. Em-

presa é uma atividade, não podendo ser confundida com o empresário, este sim

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pode ser pessoa jurídica. A empresa é atividade econômica organizada para a pro-

dução e a circulação de bens ou serviços. A empresa como atividade empresarial

poderá ser exercida por empresário individual (pessoa natural/física), sociedade

empresária (pessoa jurídica) ou Eireli (pessoa jurídica).

Referência Bibliográfica: AQUINO, Leonardo Gomes de. Curso de direito empresarial:

teoria da empresa e direito societário. 2ª ed. Brasília: Editora Kiron, 2018, p. 30 e 34.

117. Apesar de os gregos e os fenícios serem historicamente associados a ativi-

dades de compra e troca, o surgimento do direito comercial de forma organizada

corresponde à ascensão da classe burguesa na Idade Média. À medida que artesãos

e comerciantes europeus se reuniam em corporações de ofícios, surgiam normas

destinadas a disciplinar os usos e costumes comerciais da época.

Certo

O direito empresarial atual passou por diversas fases de existência e regulamenta-

ção, apesar de a doutrina ponderar que a ideia de comércio teve a sua origem nos

fenícios, o surgimento de uma regulamentação do direito mercantil surgiu com as

corporações de ofícios, com a finalidade disciplinar de usos e costumes da época.

Assim, em ordem cronológica podemos afirmar que o atual direito empresarial tem

a seguinte divisão histórica:

Referência Bibliográfica: AQUINO, Leonardo Gomes de. Curso de direito empresarial:

teoria da empresa e direito societário. 2ª ed. Brasília: Editora Kiron, 2018, p. 23.

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118. Uma sociedade estrangeira não pode funcionar no Brasil sem autorização do

governo do estado onde será instalada e sem certidão de nada consta emitida pela

Polícia Federal, por meio de sua superintendência local. De acordo com a legislação

empresarial vigente, julgue os itens a seguir.

Errado

A sociedade nacional é aquela organizada em conformidade com a lei brasileira e

que tenha no país a sede de sua administração. Assim, para ser nacional, pouco

importa a nacionalidade dos sócios ou origem do capital social. Quando não estiver

presente qualquer desses requisitos, a sociedade será considerada estrangeira, e

seu funcionamento, no Brasil, dependerá de autorização do Governo Federal, bem

como juntar ao requerimento de autorização os documentos descritos no art. 1.134

do CC, não incluindo entre os documentos obrigatórios a certidão de nada consta.

Especial atenção deve-se ter com o art. 1.135, do CC, a estipular, genericamente,

a faculdade do Poder Executivo estabelecer condições convenientes à defesa dos

interesses nacionais, quanto à concessão de autorização para o funcionamento das

sociedades estrangeiras em território nacional. Uma vez autorizadas, as sociedades

estrangeiras sujeitam-se ao mesmo procedimento autorizatório do Poder Executivo

para alterar seu ato constitutivo (art. 1.139, do CC); submetem-se às leis e aos tri-

bunais brasileiros, quanto aos atos praticados no Brasil (art. 1.137, do CC); obrigam-

-se a manter, de forma permanente, representantes no território nacional, com po-

deres amplos para resolver quaisquer questões e receber citação judicial (art. 1.138,

do CC), além de poder se nacionalizar, mediante autorização do Poder Executivo,

transferindo sua sede e administração para o Brasil (art. 1.141 c/ art. 1.126, do CC).

Referência Bibliográfica: AQUINO, Leonardo Gomes de. Curso de direito empresarial:

teoria da empresa e direito societário. 2ª ed. Brasília: Editora Kiron, 2018, p. 157.

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119. O denominado cheque pré-datado, apesar de usual no comércio brasileiro,

não está previsto na legislação, segundo a qual o cheque é uma ordem de paga-

mento à vista, estando a instituição bancária obrigada a pagá-lo no ato de sua

apresentação, de modo que a instituição não pode ser responsabilizada pelo paga-

mento imediato de cheques datados com lembrete de desconto para data futura.

Certo

O cheque pré-datado não há previsão na norma jurídica. A súmula 503 do STJ

prevê o prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque

sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão es-

tampada na cártula. Data da Publicação – DJ-e 10-2-2014.

Lei n. 7.357/85 – art. 32 – O cheque é pagável à vista. Considera-se não-escrita qual-


quer menção em contrário.
Parágrafo único – O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como
data de emissão é pagável no dia da apresentação. Nos termos da Súmula n. 370 do
STJ, que responsabiliza o portador.

120. Em caso de falência de sociedades, diretor e gerente equiparam-se ao falido

para todos os efeitos penais, na medida da culpabilidade de cada um dos envolvi-

dos, estando sujeitos, em caso de condenação, à inabilitação para o exercício da

atividade empresarial, que deve ser certificada pelo delegado que tenha acompa-

nhado o inquérito.

Errado

A Lei de Falências (Lei 11.101/2005) equipara à condição de devedor ou falido para

todos os efeitos penais, os sócios, gerentes, administradores e conselheiros.

Art. 179 – Na falência, na recuperação judicial e na recuperação extrajudicial de socie-

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dades, os seus sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros, de fato ou de


direito, bem como o administrador judicial, equiparam-se ao devedor ou falido para todos
os efeitos penais decorrentes desta Lei, na medida de sua culpabilidade.

Também pode ser considerada correta a segunda parte da afirmativa, pois é efeito

da condenação por crime prevista na lei de recuperação e falência de empresas

(art. 181). Contudo, a última parte do item está incorreta. O art. 181, nos seus §§

1º e 2º, afirma que os efeitos não são automáticos, devendo ser motivadamente

declarados na sentença, sendo que, após o trânsito em julgado, o juiz criminal no-

tificará o Registro Público de Empresas (Junta Comercial) para tomar as medidas

necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados.

PROVA DISCURSIVA

1. A assembleia legislativa de determinado estado da Federação aprovou propos-

ta de emenda à Constituição estadual que incluía no rol de órgãos encarregados

pela segurança pública – de responsabilidade, até então, da polícia civil, da polícia

militar e do corpo de bombeiros militar – o departamento de trânsito, a polícia

penitenciária e o instituto geral de perícias. A proposta, de iniciativa conjunta de

deputados de várias legendas, foi aprovada pela unanimidade dos membros do Po-

der Legislativo, que consideraram tais órgãos imprescindíveis à segurança pública,

cujos objetivos são a vigilância intramuros nos estabelecimentos penais, a defesa

da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Aponte, de forma fundamentada, os preceitos constitucionais ofendidos quando da

aprovação da proposta acima referida que ensejariam sua inconstitucionalidade.

[valor: 3,60 pontos]

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O entendimento dominante no âmbito do STF é no sentido de que o rol de órgãos

da Segurança Pública previsto no artigo 144 da CF é taxativo e não comporta am-


pliação. Em virtude disso, foi declarada a inconstitucionalidade de dispositivos de
Constituições Estaduais que ampliavam esse rol, incluindo o Detran, o Instituto
Geral de Perícias e a Polícia Penitenciária.
Com base na fundamentação das decisões acima referidas e também na melhor
doutrina, retira-se uma série de preceitos constitucionais que teriam sido violados
na situação apresentada pela Banca Examinadora.
De saída, é importante destacar que as Constituições Estaduais são expressão
do Poder Constituinte Derivado Decorrente. Em consequência, devem respeitar os
princípios previstos na Constituição Federal – artigo 27 da CF –, os quais represen-
tam limites à atuação do constituinte estadual.
Segundo a doutrina de Uadi Lammego Bulos, os princípios se dividem em sensí-
veis, extensíveis e estabelecidos. Dentro dessa ótica, seguindo-se os ensinamentos
de Raul Machado Horta e de José Afonso da Silva, tem-se a hipótese de princípios
constitucionais estabelecidos ou normas de preordenação, que limitam a autono-
mia organizatória dos Estados-membros. Essa limitação é de natureza mandatória.
Afora isso, pode-se abordar o princípio da unidade de uma Federação, consoante li-
ção de Michel Temer. Isso porque as várias ordens jurídicas parciais deveriam atuar
de modo harmônico, perfazendo uma ordem jurídica unitária.
Voltando os olhos à situação exposta, tem-se verdadeira norma de reprodução
obrigatória. Isso porque a regra do artigo 61 da CF deve ser seguida pelos Esta-
dos-membros. Em outras palavras, caberia ao Chefe do Executivo a iniciativa pri-
vativa para propor projeto de lei tratando sobre organização administrativa. Tudo
em observância à ideia da tripartição dos Poderes e aos princípios constitucionais
extensíveis.
Então, a EC aprovada pela Assembleia Legislativa viola dispositivos variados, entre
os quais o próprio artigo 144, além dos artigos 2º e 61, todos da CF, desrespeitando

ainda limites tidos como princípios estabelecidos e extensíveis.

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2. A fim de proporcionar maior conforto a seus clientes, o dono de determinado

restaurante realizou uma ampliação em seu estabelecimento, tendo a construção

avançado sobre área pública, razão por que o órgão responsável pela fiscalização

urbana da prefeitura autuou o comerciante, fixando prazo para que a situação fosse

regularizada. Sob a alegação de que a área pública invadida estava abandonada e

suja e de que ele havia realizado melhorias no espaço, o comerciante recusou-se

a cumprir a determinação da prefeitura para que desfizesse a obra. Dada a recal-

citrância do comerciante, os fiscais, com base no disposto no código municipal de

edificações, demoliram a área irregular e multaram-no. O dono do restaurante,

então, ajuizou a ação judicial contra a prefeitura, sob a alegação de que o ato

praticado pela prefeitura foi ilegal, dada a ausência de ação demolitória anterior, e

causou-lhe danos materiais e morais.

Com base na situação hipotética acima apresentada, discorra sobre a legalidade

dos atos praticados pela prefeitura [valor: 1,00], abordando os poderes administra-

tivos [valor: 1,00] e o atributo do ato administrativo [valor: 1,60].

Os fiscais da Prefeitura, ao procederem à demolição da oba irregular, agiram alicer-

çados ao poder de polícia, consistente na prerrogativa do Estado de interferir na ór-

bita de interesse particular, delimitando a forma do exercício do direito fundamental

à liberdade e à propriedade, com o objetivo de salvaguardar o interesse público e,

consequentemente, o bem-estar social.

Assim, o ato praticado pela Administração Pública foi legal, pois atuou nos limites

da lei, bem como exteriorizou a manifestação do poder de polícia. Aliás, o princípio

da legalidade, para a Administração Pública, é restritivo, ou seja, cabe ao adminis-

trador atuar conforme a lei e nos termos da lei e, no caso em tela, existe permissivo

no Código Municipal de Edificações sendo, portanto, desnecessário o ajuizamento

de ação demolitória.

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Acrescente-se, ainda, que no âmbito do direito público a autotutela possui contor-

nos diversos dos apresentados no âmbito do direito privado. Assim, se na esfera

privada a autotutela constitui-se como uma exceção, na esfera pública tem-se que

a autotutela administrativa constitui-se como um atributo conferido à Administra-

ção Pública correspondente ao poder-dever de anular ou revogar os seus próprios

atos, quando estes forem, respectivamente, ilegais ou contrários ao interesse pú-

blico. No caso concreto, observa-se que o particular – dono do restaurante – apro-

priou-se de uma área pública, sem qualquer justificativa válida.

Assim, tem-se que, no caso em tela, a fiscalização urbana da prefeitura utilizou

da simples manifestação do poder de polícia – tanto na sua função fiscalizadora,

quanto na sua função repressiva – uma vez que este recaiu sobre uma atividade/

ação do particular que feriu o interesse da coletividade.

Registre-se, ainda, que a doutrina brasileira aponta três atributos característicos

do exercício do poder de polícia, quais sejam: discricionariedade, autoexecutorie-

dade e coercibilidade. No tocante à autoexecutoriedade, esta consiste na faculdade

que possui a Administração Pública de espontaneamente (e sem a necessidade de

autorização prévia do Poder Judiciário) zelar por seus atos administrativos e bens

públicos. É, portanto, a faculdade de a Administração decidir e executar diretamen-

te sua decisão por seus próprios meios, sem a interveniência do Poder Judiciário.

Assim, tem-se que o ato praticado revestiu-se da legalidade necessária, bem como

exteriorizou os poderes da Administração de forma proporcional. Aliás, do texto

constante na Súmula n. 473 do STF conclui-se que, mais que um poder, o exercício

da autotutela afigura-se como um dever para a Administração Pública, no sentido

de rever e anular seus atos administrativos quando ilegais, razão pela qual a utili-

zação da via judicial é prescindível.

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3. Discorra sobre a tentativa inidônea e suas espécies [valor: 1,20]. Explicite, ain-

da, as três diferentes teorias relativas à punibilidade da tentativa inidônea, apon-

tando a adotada pelo Código Penal brasileiro [valor: 2,40].

Tentativa inidônea é o crime impossível – artigo 17 do CP (também chamado de

quase-crime, crime oco, tentativa inadequada ou tentativa inidônea). O crime im-

possível, nos termos definidos pelo Código Penal, pode ocorrer quando é impossí-

vel a consumação do delito em virtude: da absoluta impropriedade do objeto e da

ineficácia absoluta do meio. As teorias que o explica são: sintomática: em face

da periculosidade manifestada, o sujeito ativo deve ser sancionado; subjetiva:

equipara crime impossível ao crime tentado (o agente quis produzir o resultado);

objetiva: como não houve risco ao bem jurídico protegido, o agente não é punido.

Subdivide-se em pura (o agente não é punido seja o meio relativa ou absoluta-

mente ineficaz, seja o objeto relativa ou absolutamente inidôneo) e temperada (a

impunidade só ocorre quando a ineficácia e inidoneidade forem absolutas – esta,

objetiva temperada, foi a teoria adotada pelo nosso Código Penal). Há que

se mencionar ainda o crime impossível por obra do agente provador (ou delito

de ensaio ou de experiência) – quando a polícia induz ou instiga outrem a cometer

crime e, ao mesmo tempo, toma providência para que a consumação seja impos-

sível, nos termos da Súmula 145/STF. Pode-se abordar, ainda, em crime de alu-

cinação (delito putativo por erro de tipo) – mulher que, pensando estar grávida,

ingere substância abortiva, por exemplo – ela imagina que está praticando crime

de aborto, mas em verdade não está grávida (trata-se de crime impossível); e,

também, no delito putativo por erro de proibição (agente que deixa de pagar

dívida, imaginando que se trata de crime).

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PEÇA PROFISSIONAL

Almir foi preso em flagrante no aeroporto Antônio Carlos Jobim, na cidade do Rio

de Janeiro – RJ, após adentrar em território nacional com duas malas repletas de

roupas, relógios e eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e

cujo imposto de importação não fora devidamente recolhido. Os produtos foram

apreendidos e Almir, encaminhado à delegacia da Polícia Federal. Na posse do

conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: i) diversas passagens aéreas

Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel; ii) caderno de notas com nome de

diversos funcionários do aeroporto; e iii)inúmeras notas fiscais de produtos adquiri-

dos no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. Durante seu depoimento

extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir afirmou que as roupas e

joias não haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos realmente

eram importados, mas estariam dentro da cota de isenção de imposto de importa-

ção e que Geraldo e Gabriel eram apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada

pela autoridade policial, Almir foi solto e, dentro do prazo legal, recorreu adminis-

trativamente do auto de infração de apreensão das mercadorias e de arbitramento

do imposto devido, recurso ainda pendente de julgamento pelo órgão Fazendário.

Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente indiciado. Dando continuidade

às investigações, o delegado de polícia requereu ao juiz criminal competente a in-

terceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias.

O conteúdo das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que

viajariam aos Estados Unidos da América para comprar mercadorias, que seriam

revendidas no Brasil por preços inferiores aos de mercado, sendo o preço das pas-

sagens aéreas e os lucros das vendas repartidos por todos. Constatou-se que as

viagens ocorreram durante os últimos três anos e que os envolvidos não pagavam o

respectivo imposto, dissimulando a importação das mercadorias. Com a venda das

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mercadorias, o trio teria arrecadado mais de R$ 12.000.000,00, e Geraldo adquiri-


do um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de Janei-
ro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado
do instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em
conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os docu-
mentos e arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do
causídico, onde seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda,
que o pagamento dos honorários de João era realizado mediante a entrega de par-
te das mercadorias importadas. Apurou-se, também, que os indiciados contavam
com a colaboração de Paulo, que, na qualidade de funcionário da Receita Federal
do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, como retribuição,
participava no lucro do grupo com a venda das mercadorias, sendo o pagamento da
propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, ainda, da participação de
outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem como de utiliza-
ção de empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do prazo
das interceptações telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. Em seguida,
os autos do inquérito policial foram conclusos ao delegado da Polícia Federal para
análise.

Em face da situação hipotética acima apresentada, redija, na condição de delegado


responsável pela investigação do caso concreto, a peça profissional a ele adequada,
direcionando-a à autoridade competente. Exponha a fundamentação jurídica per-
tinente, tipifique os crimes cometidos e requeira o que entender de direito, no que
se refere às investigações.

Espelho de Reposta
Representação endereçada ao juízo prevento pela decretação da interceptação te-
lefônica, qual seja na vara criminal federal da Seção Judiciária do Estado do Rio de

Janeiro.

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Desenvolvimento do Tema (preâmbulo, análise dos fatos e provas), de forma obje-

tiva, com apresentação de ordenação lógica e clareza de ideias.

Demonstração de conhecimento jurídico aplicado

Tipos penais presentes na peça (lembrando que o edital da prova é de 06/2012):

• Quadrilha: art. 288, CP (Almir, Geraldo, Gabriel e Paulo).

• Descaminho: art. 334, CP (Almir, Geraldo e Gabriel).

• Receptação: art. 180, CP (João – recebe mercadorias produto do descaminho).

• Corrupção ativa: art. 333, CP (João – pagamento de propina a Paulo, se ofereceu

ou prometeu. Acaso o pagamento ocorra por conta da solicitação do funcionário,

Paulo responde por corrupção passiva, porém João não por corrupção ativa porque

não há o verbo pagar).

• Corrupção passiva: art. 317, CP (Paulo ao receber a propina de João, ou porque

solicitou, ou porque recebeu em razão do oferecimento).

• Facilitação de descaminho: 318, CP (Paulo, auxiliar na burla da fiscalização e

João, ao instigar ou induzir pagando propina).

• Lavagem de dinheiro: art. 1º da Lei 9.613/1998 – ocultar imóvel colocando em

nome do filho (Almir e Cleber, pressupondo que tenha conhecimento e auxilia for-

necendo seu nome).

• Nos crimes contra a ordem tributária há necessidade do lançamento definitivo do

crédito por meio do procedimento administrativo fiscal, por força da súmula vincu-

lante 24 do STF, o que inviabiliza a investigação de outros crimes contra a ordem

tributária. Contudo, o crime de descaminho é formal, não sendo necessário para

sua consumação a configuração do prejuízo ao erário.

Adequação do pedido.

• Prorrogação das interceptações telefônicas por 15 dias.

• Sequestro de bens – imóvel na Vieira Souto, Ipanema/RJ de Geraldo, em nome

do filho Cleber.

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• Busca e apreensão – domiciliar e profissional de Paulo em busca de evidências

que comprovem sua participação, busca e apreensão no escritório do advogado

João para encontrar documentos contábeis e domiciliar para buscar as mercadorias

recebidas a título de remuneração.

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